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COVID-19: uso seguro de EPI Bruno de Andrade Lima Isabelle Katherinne Fernandes Costa (Orgs.) UNIDADE 1 COVID-19: Desafio para a saúde ocupacional Autores CANDICE ABDON MIRANDA ISABEL KAROLYNE FERNANDES JULLIANA FERNANDES DE SENA LAYS PINHEIRO MEDEIROS PATRÍCIA FERNANDES MEIRELES Olá, cursista! A exposição do profissional de saúde à COVID-19, durante o exercício de sua função, é caracterizada como risco biológico. Nesta unidade vamos contextualizar a pandemia da COVID-19 e o seu impacto na saúde ocupacional. Iremos compreender como se instalou essa epi- demia, conhecer o coronavírus, agente etiológico da COVID-19, e revisar alguns aspectos importantes sobre risco biológico e a obrigatoriedade da utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI), para evitar o dano ao profissional de saúde enquanto agente de enfrentamento à pandemia. Bons estudos! 3 AULA 1 – Contextualizando a pandemia de COVID-19 COVID-19: UMA DOENÇA EMERGENTE E SEU IMPACTO NA SAÚDE GLOBAL De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), autoridades chi- nesas identificaram um novo coronavírus em 2019, que foi responsável por uma epidemia neste país, e que de forma rápida e progressiva, atin- giu outros países em vários continentes. A COVID-19 foi identificada pela primeira vez na cidade de Wuhan, pertencente à província de Hubei, na China, em 1 de dezembro de 2019, porém seu primeiro caso foi reporta- do apenas em 31 de dezembro desse mesmo ano. Devido a essa distribuição mundial sustentada dos casos confirma- dos de infectados pelo novo vírus, que passou a ser reconhecido como SARS-CoV-2, a OMS declarou a COVID-19 como pandemia em 11 de mar- ço de 2020. Em 4 de fevereiro de 2020, o Brasil declarou a COVID-19 uma emergência nacional de saúde pública. Atualmente, observa-se um esforço, de cunho internacional, envolvendo cientistas de várias áreas do conhecimento para entender melhor a transmissibilidade, potencial de infecção e gravidade dessa enfermidade, assim como o tratamento e medidas efetivas de prevenção como uma possível vacina. Confira, na figura a seguir, como a COVID-19 se disseminou por todos os continen- tes e se mantém como pandemia, impactando a saúde global. 4 Figura 1 – Número de novos casos (cases), casos confirmados (confirmed cases) e mortes (deaths) por COVID-19 em 22 de abril de 2020 Fonte: https://covid19.who.int/. Acesso em: 22 abr. 2020. A COVID-19 pode ocasionar desde sintomas de uma gripe leve até com- plicações como Síndrome Respiratória Aguda Grave – SRAG (17-29%), lesão cardíaca aguda (12%) e infecção secundária (10%). Até o dia 22 de abril de 2020, conforme vimos na imagem anterior, a OMS contabilizou 83.596 novos casos, 2.475.723 casos confirmados e 169.151 casos de pacientes que evoluíram para óbito por COVID-19. Para saber mais acerca das estatísticas em tempo real sobre a atual situação da pandemia, acesse o link interativo da OMS: https://covid19.who.int/ Já é passível na comunidade científica que a transmissão de indivíduo a indivíduo ocorre principalmente por meio de gotículas de secreções res- piratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra, de maneira similar à influenza e outras doenças respiratórias já conhecidas. Entretanto, observam-se evidências do risco de transmissão por parte de pessoas infectadas, porém assintomáticas, e ainda a possibilidade de que o indivíduo possa se contaminar ao tocar superfícies ou objetos https://covid19.who.int/ https://covid19.who.int/ 5 contaminados com SARS-CoV-2 e, em seguida, tocar sua boca, nariz ou possivelmente seus olhos. Em várias áreas geográficas afetadas, a COVID-19 tem se disseminado com facilidade e sustentabilidade, configurando uma transmissão comu- nitária, o que significa que pessoas estão sendo infectadas em determi- nadas áreas, porém a transmissão não pode ser rastreada a partir de um único indivíduo infectado, pelo fato de nesse cenário os infectados passarem a não ter certeza de como ou onde contraíram a doença. Diante disso, e em virtude da exposição frequente durante o atendimen- to aos pacientes suspeitos e/ou infectados, os fatores de risco são mais elevados para os trabalhadores da área da saúde. Os riscos de exposição podem aumentar principalmente para os que estão em contato direto com esses pacientes, seja no atendimento ambulatorial ou hospitalar, em ambientes de urgência, emergência e cuidados intensivos, dentre outros. Muitos desses profissionais estão expostos de forma constante a uma aumentada carga viral, principalmente advinda de aerossóis. CARACTERÍSTICAS DO SARS-COV-2 Caro cursista, como você sabe, os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios. Por isso, eles necessitam inserir seu material genético em uma célula hospedeira para conseguirem se reproduzir. Assim, utilizam a maquinaria celular do hospedeiro para conseguir manter suas ativi- dades. A célula infectada lê seu material genético e começa a produzir proteínas para gerar novos vírus. O novo coronavírus, que atualmente vem causando uma pandemia, é conhecido pela abreviação SARS-CoV-2, do inglês Severe Acute Respira- tory Syndrome CoronaVirus 2. Trata-se do agente etiológico da doença COVID-19, que recebeu esse nome como abreviação de Corona Virus Disease – 2019 (ano de início do surto). Ele pertence a uma grande família de vírus denominada coronavírus, do subgênero Sarbecovirus. O SARS-CoV-2 é o único dos coronavírus a incorporar um local de cliva- gem polibásico, sendo essa uma característica que aumenta a patoge- nicidade e ritmo reprodutivo de outros vírus. O vírus SARS-CoV-2, assim como outros coronavírus, tem tamanho de 50-200 nanômetros (nmin) e possui quatro proteínas estruturais, conhe- cidas como S (spike), que é a proteína que primeiro permite a ligação do vírus com a membrana da célula hospedeira, E (envelope), M (membra- na) e N (nucleocapsídeo). A proteína N contém o genoma RNA (ácido nucleico de fita simples) e, em conjunto com as proteínas S, E e M, criam o envelope viral. 6 Glicoproteína da espícula (S) Hemaglutinina esterase dimero (HE) RNA e proteína N Proteína E Proteína M Envelope Figura 2 – Estrutura do SARS-CoV-2 Fonte: Adaptado de https://www.scientificanimations.com/wp-content/uploads/2020/ 01/3D-medical-animation-coronavirus-structure.jpg . Acesso em: 22 abr. 2020. As experiências iniciais sobre modelação de proteínas na proteína S do vírus sugeriram que o SARS-CoV-2 tinha suficiente afinidade com os receptores de Enzima Conversora da Angiotensina 2 (ACE2) nas células humanas, para as usar como mecanismo de penetração celular. Estudos realizados em janeiro de 2020 por grupos de chineses e norte-ameri- canos, de forma independente, conseguiram demonstrar experimental- mente que a ACE2 podia ser o receptor do SARS-CoV-2. Além disso, o SARS-CoV-2 pode também usar a proteína basigina para penetrar nas células do hospedeiro, bem como é fundamental a prepa- ração inicial da proteína S por meio da fusão gênica para penetração. O SARS-CoV-2 produz pelo menos três fatores de virulência que pro- movem a liberação de novos vírus das células hospedeiras, inibindo a resposta imunitária do organismo infectado. Contudo, estudos evidenciam também que as estruturas proteicas que envolvem o RNA do vírus estão revestidas por uma capa de gordura que pode auxiliar ainda na afinidade do vírus pela membrana plasmática da célula humana, que possui estrutura lipoproteica. Com isso, a utiliza- ção de máscara de proteção respiratória pelos profissionais da saúde, bem como a prevenção e o tratamento das lesões causadas por esses materiais, deve considerar as características do vírus para que tenhamos melhores resultados. https://www.scientificanimations.com/wp-content/uploads/2020/01/3D-medical-animation-coronavirus-structure.jpg https://www.scientificanimations.com/wp-content/uploads/2020/01/3D-medical-animation-coronavirus-structure.jpg 7 MECANISMOS DE TRANSMISSÃO DA COVID-19 Caro cursista,como você sabe, a transmissão viral pode ocorrer de várias maneiras. Entre seres humanos, acontece de pessoa para pessoa, ou seja, através de transmissão horizontal, como definido pela área da epi- demiologia. Essa transmissão horizontal se dá por contato direto, quan- do, por exemplo, gotículas de saliva são lançadas por um indivíduo em direção a outro por meio da fala ou de um episódio de tosse ou espirro, e por contato indireto, por meio do contato com veículos contamina- dos por essas gotículas (objetos ou superfícies), ou ainda pela dispersão de aerossóis, que são partículas minúsculas contendo vírus que podem ficar dispersas no ar. As vias de penetração do COVID-19 no organismo humano incluem a mucosa respiratória, orofaríngea e conjuntival, sendo esta última conec- tada com as fossas nasais por meio dos ductos lacrimais. Por se tratar de um novo coronavírus, os estudos em relação às vias de transmissão ain- da estão em fase de conclusão. Mas aqui adotamos o que já temos como verdades consolidadas e comprovadas pela comunidade científica. Os primeiros casos da COVID-19 foram vinculados a um mercado de animais vivos em Wuhan, China, sugerindo que o vírus foi inicialmente transmitido de animais para seres humanos. Ainda não está claro se a infecção pode ser adquirida por via fecal-oral, mas amostras de vírus foram encontradas em fezes de pacientes infectados. No que diz res- peito ao papel dos aerossóis na transmissão, sabe-se que o SARS-CoV-2 consegue se manter vivo por até 3 horas suspenso no ar. Os dados da pandemia causada pela COVID-19 estão sendo colhidos, processados e alterados a cada dia, mas tudo leva a crer, por ora, que uma pessoa infectada por esse vírus pode transmitir o agente infeccioso para outras duas ou três — algumas projeções falam em até seis. Por isso, diz-se que em relação à transmissão a COVID-19 se assemelha ao vírus da gripe, já bastante conhecido por nós. 8 ROMPENDO A CADEIA DE TRANSMISSÃO: LAVAGEM DAS MÃOS A higiene das mãos consiste na primeira ação a ser executada pelo profissional de saúde no contexto da prevenção do con- tágio por COVID-19 no ambiente de trabalho. Vamos revisar esses passos importantes na técnica de lavagem das mãos? Acesse o Infográfico que está no AVASUS. Ele foi retirado do site da ANVISA, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e também está disponível para download aqui. Infográfico 1: Lavagem simples das mãos A CARGA VIRAL E SUA IMPORTÂNCIA NA SEGURANÇA OCUPACIONAL DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE Agora seguimos com um alerta aos que atuam na linha de frente do combate à COVID-19. É importante que cada profissional de saúde esteja atento à carga viral a que está exposto durante o atendimento de pacien- tes suspeitos ou portadores de COVID-19 e quais as implicações práticas disso na sua rotina profissional e na sua própria saúde. Entende-se por carga viral a quantidade de vírus presente num orga- nismo ou a concentração viral em uma determinada quantidade de san- gue. Quanto maior a carga viral, maior o impacto deste vírus sobre o organismo humano, e mais graves os sinais e sintomas da doença e sua capacidade de transmissão entre indivíduos. Assim sendo, observa-se que a carga viral a que está exposto o profis- sional de saúde está diretamente ligada ao potencial de transmissão do vírus e ao grau de exposição deste profissional no exercício de suas ati- vidades, sendo imperiosa a utilização de EPI, principalmente a máscara N95 ou equivalente, em todos os momentos em que ele se encontre exposto à emissão de aerossóis. http://portal.anvisa.gov.br/resultado-de-busca?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_101_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_assetEntryId=450722&_101_type=document 9 Estamos finalizando a nossa primeira aula! Você quer saber mais acer- ca do vírus SARS-CoV-2 e como se iniciou essa pandemia da COVID-19? Então acesse o vídeo a seguir, disponibilizado na Plataforma AVASUS. Vídeo 1: Descubra o quanto você sabe sobre esse novo tipo de coronavírus 10 AULA 2 – Implicações da pandemia pela COVID-19 na segurança do profissional de saúde REVISANDO ASPECTOS IMPORTANTES RELACIONADOS AOS RISCOS BIOLÓGICOS Os riscos fazem parte da rotina de milhões de trabalhadores de saúde em qualquer local onde exerçam as suas atividades, possibilitando a ocorrên- cia de acidentes e doenças ocupacionais, podendo também criar obstá- culos na execução das atividades, devido à necessidade de afastamento temporário para reestabelecimento, ou até mesmo permanente pela impossibilidade física ou mental de reassumir sua rotina de trabalho. A forma como esses riscos atingem o trabalhador é variável, podendo ser a curto, médio e longo prazo, dependendo do agente, sua intensida- de, concentração e do tempo de exposição aos riscos. São considerados riscos ambientais os agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes existentes no ambiente de trabalho. Em face à pandemia pela COVID-19, é de suma importância que o trabalhador da área da saú- de conheça e identifique os riscos a que está exposto, sendo o principal deles o risco biológico, em decorrência da exposição ao SARS-CoV-2. Os agentes biológicos são avaliados em função do poder de patogeni- cidade do agente infeccioso, da sua resistência no meio ambiente, do modo e importância de contaminação, assim como do estado de imuni- dade do trabalhador. Como já falamos antes, o SARS-CoV-2 é um vírus emergente, e seu impacto enquanto risco biológico necessita ser melhor analisado, principalmente no que diz respeito ao padrão de letalidade, mortalidade, infecciosidade e transmissibilidade. Em função disso, faz-se necessário que o profissional de saúde utilize Equipamentos de Prote- ção Individual, de acordo com o grau de exposição ao risco biológico, de forma a evitar ou mitigar a contaminação enquanto desenvolve sua atividade laboral. 11 Você pode aprender mais sobre a segurança do trabalha- dor e os potenciais riscos a que ele está exposto no módulo Introdução à Segurança e Saúde do Trabalho, disponibilizado na Plataforma AVASUS. Acesse no link a seguir: https://avasus.ufrn.br/local/avasplugin/cursos/curso. php?id=223 O PAPEL DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) NA EXPOSIÇÃO À COVID-19 Entendemos como Equipamentos de Proteção Individual – EPI as ves- timentas ou equipamentos especializados para serem utilizados por trabalhadores, durante atividade laboral, como uma proteção contra agentes infecciosos ou materiais e superfícies infectadas. O EPI deve ser de uso exclusivo para cada profissional que vai atuar no enfrentamen- to à COVID-19. As especificidades técnicas de cada EPI devem seguir as normativas nacionais instituídas pelos órgãos reguladores. O processo de desinfecção ou esterilização, armazenamento e descarte deve seguir as normativas do Ministério da Saúde e de cada instituição que provê atendimento ao paciente suspeito ou confirmado com COVID-19. Atenção Não esqueça: o EPI é de uso individual! PRINCIPAIS EPI A SEREM UTILIZADOS NO ENFRENTAMENTO À COVID-19 A MÁSCARA CIRÚRGICA deve ser usada pelo profissional de saúde para evitar a contaminação da boca e nariz do profissional por gotículas https://avasus.ufrn.br/local/avasplugin/cursos/curso.php?id=223 https://avasus.ufrn.br/local/avasplugin/cursos/curso.php?id=223 12 respiratórias em situações nas quais ele precise atuar a uma distân- cia menor que 1 (um) metro de paciente suspeito ou confirmado com COVID-19. A MÁSCARA N95 ou equivalente deve ser usada quando o profissional for realizar procedimentos no paciente suspeito ou confirmado com COVID-19 que impliquem no risco de geração de aerossóis. As carac- terísticas e funcionalidades desse tipo de dispositivo serão detalhadas mais adiante. As LUVAS DE PROCEDIMENTOS são dispositivos não cirúrgicos que devem ser utilizados na iminência do risco de contato das mãos do pro- fissional com sangue,fluidos corporais, secreções, excreções, mucosas e pele não íntegra de paciente suspeito ou confirmado com COVID-19, além de artigos ou equipamentos contaminados pelo SARS-CoV-2. Em caso de o procedimento a ser realizado no paciente exigir a utilização de uma técnica asséptica, LUVAS ESTÉREIS deverão ser utilizadas. O PROTETOR OCULAR ou óculos de proteção protege os olhos do pro- fissional de saúde quando do risco de exposição a secreções corporais, respingos de sangue e excreções de paciente suspeito ou confirmado com COVID-19. O PROTETOR FACIAL ou face shield protege a face do profissional de saúde quando do risco de exposição a secreções corporais, respingos de sangue e excreções de paciente suspeito ou confirmado com COVID-19. O AVENTAL, também conhecido como capote, deve ser utilizado quan- do do risco de exposição a secreções corporais, respingos de sangue e excreções de paciente suspeito ou confirmado com COVID-19, de forma a evitar a contaminação da pele e roupa do profissional. O GORRO protege o cabelo e a cabeça do risco de exposição a aerossóis, secreções corporais, respingos de sangue e excreções de paciente sus- peito ou confirmado com COVID-19. 13 Atenção Todos os profissionais que atendem pacientes suspeitos ou confirmados com COVID-19 devem ser capacitados acerca das medidas de prevenção e das vias de transmissão do SARS-CoV-2, assim como treinados para o uso correto e seguro dos EPI. O QUE É A MÁSCARA N95 OU EQUIVALENTE E COMO ELA PROTEGE CONTRA O CORONAVÍRUS? A máscara conhecida como N95 (ou equivalente) refere-se a uma classi- ficação de filtro para aerossóis adotada nos Estados Unidos da América (EUA). Ela possui eficiência de filtração de 95%, testada com aerossol de NaCl para partículas de até 0,3μ. Portanto, possui filtro eficiente para retenção de contaminantes presentes na atmosfera sob a forma de aerossóis. Aqui no Brasil, este tipo de máscara equivale à PFF2 (Peça Facial Filtrante) ou ao EPR (Equipamento de Proteção Respiratória) do tipo peça semifacial com filtro P2, resistentes à passagem de aerossóis termicamente gerados e/ou agentes biológicos (NBR13697/NBR13698). O coronavírus SARS-CoV-2 tem tamanho aproximado de 50-200 nanô- metros, mas quando expulso dos pacientes geralmente se torna maior porque é envolto em saliva como gotículas (que são maiores que 5 micrô- metros). E mesmo quando presente em partículas de aerossóis, a más- cara N95 tem capacidade de filtrar o vírus. Essas máscaras são feitas de tecido de polipropileno, usando uma tecnologia não tecido que aumenta a densidade e a função de filtragem (CHEE et al., 2003). A máscara N95 ou equivalente deve ser utilizada quando o profissional atuar em procedimentos com risco de geração de aerossol nos pacien- tes com infecção suspeita ou confirmada pelo novo coronavírus, com eficácia mínima na filtração de 95% de partículas de até 0,3μ (tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3). São exemplos de procedimentos com risco de geração de aerossóis: intubação ou aspiração traqueal, ventilação não invasiva, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação manual antes da intubação, coletas de secreções oro e nasotraqueais, sondagens gástri- cas, enterais e broncoscopias. A máscara de proteção respiratória deve- rá estar apropriadamente ajustada à face. A forma de uso, manipulação e armazenamento deve seguir as recomendações do fabricante. 14 Atenção A máscara nunca deve ser compartilhada entre profissionais. Já existe uma alta adesão ao uso da máscara N95 pelos profissionais de saúde que estão atuando na linha de frente no combate ao novo corona- vírus, bem como elevado conhecimento da necessidade do seu uso para o atendimento ao paciente em precauções para aerossol. As máscaras N95 ou equivalentes são componentes essenciais para a segurança do profissional de saúde. REAÇÕES ADVERSAS PROVOCADAS PELO USO DA MÁSCARA N95 OU EQUIVALENTE A máscara N95 contém materiais rígidos tradicionais, que normalmente não correspondem à forma e às propriedades biomecânicas dos teci- dos faciais, podendo levar a danos teciduais rápidos e graves. Já existem alguns estudos que revelaram o desconforto com o uso do equipamento. Estudo realizado em Singapura, entre 2003 e 2004, durante o surto de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), verificou a prevalência de reações adversas da pele aos EPI entre os profissionais de saúde. Entre 307 funcionários que usavam máscaras N95, foram relatados acne (59,6%), prurido facial (51,4%) e lesão cutânea (35,8%). A rigidez e inelasticidade do dispositivo de fixação causam fricção e aumento da pressão nos tecidos. Assim, a inspeção da pele sob os dis- positivos médicos não deve ser negligenciada. UTILIZAÇÃO CORRETA DA MÁSCARA N95 E EQUIVALENTE Caro cursista, observe que após a colocação correta da máscara é neces- sário realizar o teste da vedação, em que se recomenda respirar e colo- car as duas mãos sobre a máscara, verificando se está bem adaptada ao rosto. Em seguida, exale e veja se há algum vazamento na ponta dorsal do nariz ou nas bordas. Se sentir o ar saindo na parte do nariz, reajuste a narigueira. Se estiver saindo pelas bordas da máscara, ajuste a posição das tiras nas laterais da sua cabeça (NIOSH, 2010). Observe o teste de vedação da máscara a seguir. 15 Figura 3 – Teste da vedação da máscara N95 Fonte: NIOSH (2010). Agora que você já viu a forma adequada de colocar a máscara N95, vamos ver o passo a passo para a sua remoção, e dessa forma evitar a contaminação devido ao manuseio inadequado. • Não toque na parte da frente da máscara, pois ela pode estar contaminada. • Retire-a pelos elásticos, iniciando pelo elástico inferior e depois o superior. Não toque no respirador. Pode ser que o tipo de máscara exija a retirada dos dois elásticos ao mesmo tempo. Você deve atentar para que não haja contato entre os elásticos e a parte da frente da máscara. • Descarte no lixo contaminado ou siga as orientações do serviço para arma- zenamento e reutilização. • Se estiver usando um curativo protetor da pele, após a retirada da máscara, higienize suas mãos com água e sabão ou álcool 70%, retire o curativo e o descarte no lixo contaminado. • Ao final, higienize novamente suas mãos com água e sabão ou álcool 70%. 16 Vamos conferir cada momento da retirada da máscara N95 na figura a seguir. Figura 4 – Retirada da máscara N95 Fonte: NIOSH (2010). Atenção A fixação da máscara com fitas ou outro material não é reco- mendada pelo risco de contaminação. _heading=h.1fob9te
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