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ESTRUTURA DAS 
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Ivanildo Viana Moura 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Como está você, tudo bem? Chegamos a nossa quarta aula, em que 
vamos estudar a dinâmica que ocorre com o caixa das empresas, durante um 
determinado exercício, ao apresentarem um relatório financeiro que busca, 
justamente, demonstrar a movimentação da conta-caixa, suas entradas e 
saídas, bem como a segregação dos fluxos de caixa da entidade. 
Diante desse contexto, esta aula tem como objetivos levá-lo(a) a ter um 
primeiro contato com o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC), proporcionar o 
conhecimento acerca de terminologias relacionadas ao tema, propiciar o 
aprendizado sobre a segregação dos fluxos por atividade e facilitar o 
entendimento sobre os métodos de elaboração de relatório. 
Para atingir esses objetivos, iremos estudar os seguintes tópicos: 
 Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC); 
 Segregação dos fluxos por atividade; 
 Métodos de elaboração da DFC: método direto; 
 Métodos de elaboração da DFC: método indireto; 
 Benefícios obtidos com a DFC. 
A partir desse momento, vamos então começar a conhecer esse tipo de 
demonstrativo e, ao terminar a aula, você terá subsídios suficientes para saber 
os objetivos e benefícios da DFC no mundo empresarial, a sua importância 
nesse contexto, bem como as formas de utilização do demonstrativo por parte 
dos usuários tomadores de decisão. 
Aproveite a leitura, faça anotações sempre que tiver dúvidas acerca de 
algum ponto específico sobre o tema e não deixe de assistir às videoaulas. As 
dúvidas podem ser tiradas por meio da tutoria, pois os professores estão sempre 
à disposição para saná-las. É interessante também que se pratiquem os 
conhecimentos adquiridos, resolvendo-se os exercícios propostos. Lembre-se: a 
melhor maneira de aprender é praticando. Bons estudos!!! 
CONTEXTUALIZANDO 
Você, estudante de ciências contábeis, com certeza já viu notícias acerca 
de empresas que fecham suas portas com pouco tempo de vida. Qualquer 
 
 
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pesquisa rápida no Google pode apresentar dezenas de notícias ou artigos 
acerca de empresas que fecham as portas de forma prematura. 
Muitos empreendedores abrem um negócio e acreditam que estão 
fazendo tudo certo para que ele dê certo, mas acabam por falhar em muitos 
aspectos. Um dos pontos fundamentais que muitas vezes não é considerado 
pelo administrador é justamente a questão financeira, o planejamento necessário 
para que se possa identificar a capacidade da empresa de gerar fluxos de caixa, 
bem como todo o caixa que deverá ser consumido por essa empresa em 
decorrência de suas atividades. 
Essas informações, tão necessárias para a tomada de decisão tanto 
interna quanto externa, podem ser evidenciadas por meio de relatórios 
financeiros. Dentre os relatórios obrigatórios, um, em especial, pode fornecer 
subsídios para que se conheça como a empresa gera e consome caixa e, com 
base nisso, se consiga fazer um planejamento que possibilite a perpetuação do 
negócio. 
Diante disso, a partir desse momento, nesta aula, estudaremos a 
demonstração que evidencia os fluxos de caixa da empresa, a DFC. Dada a 
importância desse demonstrativo para o contexto organizacional, é importante 
que se conheçam mais detalhadamente todos os seus aspectos, as informações 
que nele são evidenciadas e os procedimentos necessários para que se chegue 
a elas. Então, não devemos perder mais tempo... 
TEMA 1 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC) 
As alterações na Lei n. 6.404/1976, por meio da Lei n. 11.638/2007, 
determinam que, dentre as demonstrações obrigatórias que devem ser 
elaboradas e publicadas ao fim de cada exercício social de uma organização, 
encontra-se também a DFC (Brasil, 1976, 2007). 
 
 
 
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Figura 1 – Comparação da Lei n. 6.404/1976 com a Lei n. 11.638/2007 
 
Fontes: Adaptado de Adriano, 2018, p. 217; Brasil, 1976. 
A Lei n. 11.638/2007 tornou obrigatória a elaboração da DFC, mas não 
tratou de sua forma de apresentação de maneira detalhada (Brasil, 2007). Diante 
disso, para estabelecer regras de como as entidades devem elaborar e divulgar 
esse demonstrativo, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC, 2010) 
emitiu o Pronunciamento Técnico n. 3/2010, o qual foi elaborado com base na 
norma internacional de contabilidade (Gelbcke et al., 2018) e tem por objetivo: 
“[...] requerer a prestação de informações acerca das alterações históricas de 
caixa e equivalentes de caixa da entidade por meio de demonstração dos fluxos 
de caixa que classifique os fluxos de caixa do período por atividades 
operacionais, de investimento e de financiamento (CPC, 2010)”. 
Dado o exposto, o CPC (2010) norteia as entidades para a elaboração da 
DFC, apresentando a estrutura conceitual para sua elaboração e, entre outros 
aspectos, todas as informações que devem compor o relatório, visando, acima 
de tudo, a que os usuários da informação contábil tenham subsídios para a 
tomada de decisão. 
Antes de falar da DFC, é importante que se tenha conhecimento de alguns 
termos utilizados pelo Pronunciamento Técnico n. 3/2010 (CPC, 2010), cuja 
definição é dada pelo próprio pronunciamento (Figura 2). 
 
Lei n. 6.404/1976, art. 176, § 6º: A companhia fechada com 
patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 
(dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e 
publicação da demonstração dos fluxos de caixa. 
A Lei no 11.638/07 tornou obrigatória a demonstração do fluxo de 
caixa (DFC) para todas as companhias abertas. Para as companhias 
fechadas, é obrigatória apenas para as com patrimônio líquido, na 
data do balanço (encerramento do exercício social), igual ou superior 
a 2.000.000,00 (dois milhões de reais). 
 
 
5 
Figura 2 – Definição de alguns conceitos da DFC, segundo o Pronunciamento 
Técnico n. 3/2010 
 
Fonte: Adaptado de CPC, 2010. 
Agora que já conhecemos esses termos utilizados na elaboração da DFC, 
podemos então iniciar nosso estudo acerca do demonstrativo. Um ponto 
fundamental é saber o que esse relatório evidencia aos seus usuários. De acordo 
com Borinelli e Pimentel (2018), a DFC evidencia as movimentações 
ocorridas em um importante ativo da organização: o caixa. De forma mais 
detalhada, esse demonstrativo evidencia: 
 a geração de caixa, de forma dinâmica; 
 sua origem conforme cada grupo de classificação (atividades 
operacionais, atividades financeiras, atividades de investimento); 
 a utilização do caixa segundo essa classificação; 
 por fim, o resultado financeiro de determinado período (Rios; Marion, 
2019). 
Ao falarmos de resultado, nos lembramos da Demonstração do Resultado 
do Exercício (DRE). Existe uma diferença substancial, que deve ser mencionada, 
entre os dois demonstrativos (Figura 3). 
 
Caixa compreende numerário (dinheiro) em espécie e depósitos bancários 
disponíveis. 
Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, 
que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão 
sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. 
Fluxos de caixa são as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa. 
Atividades operacionais são as principais atividades geradoras de receita da 
entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de 
financiamento. 
Atividades de investimento são as referentes à aquisição e à venda de ativos de 
longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. 
Atividades de financiamento são aquelas que resultam em mudanças no 
tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade. 
 
 
6 
Figura 3 – Diferenciação entre DFC e DRE 
 
Fonte: Adaptado de Silva, 2019, p. 55. 
Percebe a importância do regime de escrituração utilizado para a 
elaboração dos demonstrativos contábeis? Enquanto nos outros demonstrativos 
usa-se o regime
de competência para escrituração de receitas e despesas, na 
DFC é utilizado o regime de caixa, pois não teria lógica elaborar um relatório que 
evidencia fluxos de caixa utilizando o regime de competência. 
Figura 4 – Ilustração da diferença entre DFC e DRE 
 
Fonte: Borinelli; Pimentel, 2018. 
Justamente por utilizar o regime de caixa é que a DFC evidencia para os 
usuários o resultado financeiro da entidade, em um determinado período. O fato 
de evidenciar o resultado financeiro de um determinado período faz com que a 
DFC se torne um dos principais relatórios financeiros elaborados por uma 
entidade. Nesse contexto, apresenta-se então o objetivo da demonstração 
(Figura 5). 
Enquanto na DRE as receitas e despesas são registradas pelo 
regime de competência, ou seja, independentemente do 
recebimento ou desembolso, a base para a elaboração da DFC é 
o regime de caixa, onde são levados em conta os efetivos 
ingressos e desembolsos de recursos na empresa, não apenas 
os decorrentes das receitas e despesas, mas de todas as origens 
e aplicações de recursos (por exemplo: aporte de capital; 
captação e pagamento de empréstimos, aquisição ou alienação 
de bens; recebimentos de duplicatas emitidas em exercício 
anterior, porém recebidas no exercício da elaboração da DFC). 
 
Para ilustrar a diferença entre “receitas e despesas” e “efeitos no 
caixa”, imagine uma venda realizada a prazo. Pelo regime de 
competência, essa venda aparecerá registrada na 
demonstração do resultado no momento em que ocorrer a 
venda, independentemente da forma como o cliente irá pagar o 
valor devido, e será composta por um direito de 
recebimento futuro. Dessa forma, o efeito no caixa 
de uma venda a prazo só ocorrerá em uma data 
futura (no momento do recebimento do dinheiro, quando o 
cliente efetivamente pagar). O mesmo raciocínio é válido para as 
despesas. 
$ 
$ 
$ 
 
 
7 
Figura 5 – Objetivo da DFC 
 
Fonte: Adaptado de Gelbcke et al., 2018, p. 631. 
De forma mais resumida, “o objetivo básico desse demonstrativo [DFC] é 
disponibilizar informações sobre as entradas e as saídas de numerário em um 
determinado período” (Rios; Marion, 2019, p. 311). Esse objetivo faz da DFC um 
demonstrativo que apresenta a situação financeira de uma empresa de forma 
mais precisa, porque o que interessa aos credores e proprietários da empresa é 
sua capacidade de gerar caixa para o pagamento de seus compromissos e 
dividendos (Viceconti; Neves, 2017). 
Para que o objetivo do demonstrativo seja alcançado, na sua elaboração, 
a lei determina que os fluxos de caixa sejam segregados por atividade, assunto 
esse que será tratado a seguir. 
TEMA 2 – SEGREGAÇÃO DOS FLUXOS POR ATIVIDADE 
O inciso I do art. 188 da Lei n. 6.404/1976 (Brasil, 1976) discorre sobre a 
DFC, apontando que as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de 
caixa e equivalentes de caixa serão segregadas em três fluxos: operacional, de 
investimentos e de financiamentos, conforme segue: 
Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do 
art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo: 
I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante 
o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se 
essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: 
a) das operações; 
b) dos financiamentos; e 
c) dos investimentos [...] (Brasil, 1976). 
O entendimento acerca dessa divisão é que as movimentações 
segregadas em atividades possibilitam que os usuários avaliem o impacto de tais 
atividades na posição patrimonial e financeira de uma entidade, ou seja, qual 
área está lhe gerando mais dinheiro. Nesse contexto, a classificação adequada 
O objetivo primário da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) 
é prover informações relevantes sobre os 
pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma 
empresa, ocorridos durante um determinado período, 
e com isso ajudar os usuários das demonstrações contábeis na 
análise da capacidade da entidade de gerar caixa e 
equivalentes de caixa, bem como suas necessidades para 
utilizar esses fluxos de caixa. 
 
 
 
8 
de cada evento de caixa em cada um dos grupos é uma das tarefas mais 
importantes para conferir utilidade à DFC (Borinelli; Pimentel, 2018). 
No mesmo contexto da lei que das sociedades por ações (SA) (Brasil, 
1976), visando atender à legislação brasileira e padronizar o demonstrativo 
conforme normas internacionais, o Pronunciamento Técnico n. 3/2010 dispõe o 
sobre as atividades de uma empresa (Figura 6). 
Figura 6 – DFC, conforme Pronunciamento Técnico CPC n. 3/2010 
 
Fonte: Adaptado de CPC, 2010. 
Diante dessa obrigatoriedade da divisão dos fluxos por atividades, vamos 
então estudar cada uma delas de forma mais detalhada. 
2.1 Atividades operacionais 
“O fluxo de caixa da atividade operacional é constituído pelas entradas e 
saídas em dinheiro ou equivalente relacionadas às atividades de produção e 
venda dos bens e serviços produzidos pela sociedade [...]” (Viceconti; Neves, 
2017, p. 421). Isso implica dizer que o fluxo das operações decorre de atividades 
que estão relacionadas ao objeto de constituição da sociedade, ou seja, com sua 
atividade-fim. Nesse contexto, todos os fluxos de caixa que têm ligação com 
essas atividades devem ser classificados nesse grupo. 
Por ser o órgão responsável por orientações acerca da elaboração do 
demonstrativo, o CPC (2010) define o que seriam os fluxos das atividades 
operacionais. 
 
A entidade deve apresentar seus fluxos de 
caixa advindos das atividades 
operacionais, de investimento e de 
financiamento da forma que seja mais 
apropriada aos seus negócios. A 
classificação por atividade proporciona 
informações que permitem aos usuários 
avaliar o impacto de tais atividades sobre 
a posição financeira da entidade e o 
montante de seu caixa e equivalentes de 
caixa. Essas informações podem ser 
usadas também para avaliar a relação 
entre essas atividades. 
 
Atividades 
Operacionais 
Atividade de 
Investimento 
Atividade de 
Financiamento 
Variação no caixa 
do período 
 
 
9 
Figura 7 – Fluxos das atividades operacionais de uma empresa, segundo o CPC 
Fonte: Adaptado de CPC, 2010; Marion, 2018, p. 115. 
Alguns exemplos de atividades operacionais dadas pelo Pronunciamento 
Técnico n. 3/2010 do CPC (2010) são apresentados de forma segregada por 
Adriano (2017, p. 228) conforme Figura 8. 
Figura 8 – Exemplos de atividades operacionais de uma empresa, segundo o 
CPC 
 
Fonte: Adaptado de Adriano, 2017, p. 228. 
Os fluxos de caixa advindos das atividades operacionais são 
basicamente derivados das principais atividades geradoras de 
receita da entidade. Portanto, eles geralmente resultam de 
transações e de outros eventos que entram na apuração do lucro 
líquido ou prejuízo. 
 
Normalmente, o Caixa é gerado pela venda de bens e serviços, tendo 
como subtração as despesas operacionais, impostos, participações 
etc. São as transações ligadas ao objeto social da empresa. 
Recebimentos de caixa 
a) pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços; 
b) decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras receitas; 
c) por seguradora de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice; 
d) de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura. 
Pagamentos em caixa 
a) a fornecedores de mercadorias e serviços; 
b) a empregados ou por conta de empregados; 
c) por seguradora de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice; 
d) de impostos sobre a renda, a menos que possam ser especificamente identificados 
com as atividades de financiamento ou de investimento; 
e) de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura. 
 
 
10 
Conforme exposto pelo Pronunciamento Técnico n. 3/2010 (CPC, 2010), 
as atividades operacionais de uma empresa estão diretamente relacionadas à 
sua atividade principal da empresa, tornando-se fáceis
de serem identificadas. 
O fluxo de operações basicamente diz respeito a entradas e saídas de caixa 
relacionadas a receitas e despesas da empresa. Conforme exposto por Borinelli 
e Pimentel (2018, p. 258), “as transações dos fluxos de caixa das atividades 
operacionais incluem os aumentos (entradas) de caixa derivados das receitas e 
as respectivas movimentações nas contas do ativo circulante”. Ainda conforme 
os autores supracitados, “[...] por outro lado, as saídas (diminuições) de caixa 
estão relacionadas às despesas e às respectivas movimentações nas contas do 
passivo circulante” (Borinelli; Pimentel, 2018, p. 258). 
Verifica-se, aqui, que as atividades operacionais apresentam basicamente 
contas que também compõem a DRE, ou seja, receitas e despesas advindas das 
principais operações da entidade. No entanto, conforme já dito anteriormente, na 
DRE, utiliza-se o regime de competência para a sua elaboração, já na DFC é 
utilizado o regime de caixa. 
2.2 Atividades de investimentos 
As atividades de investimentos possuem relação com o aumento e a 
diminuição dos Ativos Não Circulantes que são utilizados na produção de bens 
e serviços de uma empresa (Gelbcke et al., 2018). “As aquisições de Ativos 
Permanentes (reposição de Ativos), bem como a venda destes itens, devem ser 
destacadas aqui. As participações em outras empresas também entram neste 
item” (Marion, 2018, p. 115). 
De modo mais abrangente, Adriano (2017, p. 229) caracteriza assim as 
atividades de investimento: 
As atividades de investimentos estão relacionadas com a compra à 
vista e venda à vista de bens do ativo não circulante, investimentos, 
imobilizado, intangível, mais o AÑC realizável a longo prazo que não 
constituam negócios usuais na atividade operacional da companhia, 
como, por exemplo, um empréstimo que a empresa efetue e o 
recebimento desse empréstimo, pois uma empresa que vende peças 
de automóveis tem como atividade operacional a venda de 
mercadorias, e o empréstimo a terceiros não faz parte do seu negócio 
usual. 
Nesse entendimento, as atividades de investimentos estão relacionadas 
tanto com a aquisição e venda de bens do ativo imobilizados da empresa, quanto 
com a participação dessa empresa em outras sociedades. Nesse contexto, as 
 
 
11 
atividades de investimento se diferenciam das operacionais e de financiamento, 
pois cada uma possui suas especificidades. 
Na Figura 9, temos os exemplos de atividades de investimento fornecidos 
pelo Pronunciamento Técnico n. 3/2010 (CPC, 2010), conforme organizados por 
Adriano (2017, p. 229). 
Figura 9 – Exemplos de atividades de investimento de uma empresa, segundo o 
CPC 
 
Fonte: Adaptado de Adriano, 2017, p. 229. 
O CPC (2010) contextualiza que a importância da divulgação em 
separado dos fluxos de caixa de atividades de investimentos se dá em função 
de que tais fluxos representam a extensão com que os dispêndios de recursos 
são feitos pela entidade, com a finalidade de gerar lucros e fluxos de caixa no 
futuro. O CPC (2010) também norteia que “[...] somente desembolsos que 
resultam em ativo reconhecido nas demonstrações contábeis são passíveis de 
classificação como atividades de investimento”. 
Recebimentos de caixa 
a) resultantes da venda de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo; 
b) provenientes da venda de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras 
entidades e participações societárias em joint ventures, exceto aqueles recebimentos 
referentes aos títulos considerados como equivalentes de caixa e aqueles mantidos para 
negociação imediata ou futura; 
c) pela liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos concedidos a terceiros, 
exceto aqueles adiantamentos e empréstimos de instituição financeira; 
d) por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem 
mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou os recebimentos forem classificados 
como atividades de financiamento. 
Pagamentos em caixa 
a) para aquisição de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo. Esses 
pagamentos incluem aqueles relacionados aos custos de desenvolvimento ativados e aos 
ativos imobilizados de construção própria; 
b) para aquisição de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades 
e participações societárias em joint ventures, exceto aqueles pagamentos referentes a títulos 
considerados como equivalentes de caixa ou aqueles mantidos para negociação imediata ou 
futura; 
c) para adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros, exceto aqueles 
adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira; 
d) por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem 
mantidos para negociação imediata ou futura, ou os pagamentos forem classificados como 
atividades de financiamento. 
 
 
12 
2.3 Atividades de financiamentos 
Conforme estudamos na aula sobre Balanço Patrimonial, esse 
demonstrativo é dividido em dois aspectos: origem de recursos e aplicação de 
recursos. O lado da origem de recursos financia todo o lado de aplicação de 
recursos e, por esse motivo, na DFC, as origens de recursos constituem o fluxo 
de atividades de financiamentos. Nesse entendimento, “os fluxos de caixa das 
atividades de financiamento se referem a entradas ou saídas em função de 
obtenção de recursos de terceiros (e sua amortização) e a obtenção de recursos 
dos acionistas (e o respectivo pagamento de dividendos)” (Viceconti; Neves, 
2018, p. 421). 
O CPC (2010) também norteia sobre as atividades de financiamento e 
oferece alguns exemplos dos fluxos de caixa dessas atividades, os quais são 
descritos por Adriano (2017, p. 230), conforme Figura 10. 
Figura 10 – Exemplos de atividades de financiamento de uma empresa, segundo 
o CPC 
 
Fonte: Adaptado de Adriano, 2017, p. 230. 
Conforme destacado anteriormente, o CPC (2010) descreve quais são as 
operações que podem ser classificadas como de financiamento e todas dizem 
respeito a fluxos relativos a fornecedores de capital à entidade. Nesse contexto, 
“as entradas de caixa referem-se à integralização do capital e captação de 
empréstimos; as saídas de caixa derivam da redução do capital e do pagamento 
de empréstimos, dividendos e juros sobre o capital próprio” (Ribeiro, 2017, p. 
369). De um modo geral, “as atividades de financiamento se referem à origem 
dos recursos próprios e de terceiros que serão aplicados no ativo da sociedade 
(Viceconti; Neves, 2017, p. 421). 
Recebimentos de caixa 
a) pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais; 
b) pela emissão de debêntures, empréstimos, notas promissórias, outros títulos de dívida, 
hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos. 
Pagamentos em caixa 
a) a investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade; 
b) para amortização (pagamento) de empréstimos e financiamentos; 
c) pelo arrendatário para redução do passivo relativo a arrendamento mercantil financeiro; 
d) de participações estatutárias. 
 
 
13 
A utilidade dos fluxos de caixa de atividades de financiamento está na 
previsão das exigências de fluxos de caixa futuros pelos fornecedores de capital 
à entidade, bem como pela capacidade que a empresa tem de financiar as 
atividades operacionais e de financiamento com recursos externos (Gelbcke et 
al., 2018). 
As atividades operacionais, de investimentos e financiamentos têm suas 
informações colhidas principalmente no Balanço Patrimonial. Diante disso, é 
possível localizar essas informações no demonstrativo, tornando mais fácil o 
entendimento acerca dessa classificação, conforme demonstrado por Borinelli e 
Pimentel (2018, p. 262) (Figura 11). 
Figura 11 – Integração dos três grupos de fluxos de caixa com o Balanço 
Patrimonial 
 
Fonte: Borinelli; Pimentel, 2018, p. 262. 
A seguir, apresentaremos os métodos de elaboração da DFC, 
principalmente em decorrência das atividades operacionais.
TEMA 3 – MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DA DFC – MÉTODO DIRETO 
Para a elaboração da DFC de um determinado período, deve-se segregar 
os fluxos de caixa em tipos de atividades, no caso, operacionais, de 
 
 
14 
investimentos e de financiamentos, conforme visto no Tema 2. Os fluxos e seus 
efeitos líquidos sobre os saldos de caixa devem ser conciliados com seus 
saldos no início e no final do período ou exercício (Silva, 2019) e a soma 
dos resultados líquidos de cada um dos agrupamentos irá totalizar a 
variação no caixa do período (Gelbcke et al., 2018). 
Mas, a segregação por tipo de atividade não é a única divisão que envolve 
a DFC, pois o CPC (2010) determina dois métodos pelos quais o demonstrativo 
pode ser elaborado, sendo eles método direto e método indireto, 
alternativamente. Vamos, então, iniciar a elaboração do demonstrativo pelo 
método direto. 
Conforme o CPC (2010), o método direto é aquele “[...] segundo o qual as 
principais classes de recebimentos brutos e pagamentos brutos são divulgadas”. 
O método direto explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos 
principais componentes das atividades operacionais, como os 
recebimentos pelas vendas de produtos e serviços e os pagamentos a 
fornecedores e empregados. O saldo final das operações expressa o 
volume líquido de caixa provido ou consumido pelas operações durante 
um período (Gelbcke et al., 2018, p. 638). 
O método direto apresenta os três tipos de fluxos de caixa das atividades, 
evidenciando as entradas e saídas respectivas a cada um deles e, no fim, o saldo 
final de caixa do período de elaboração da DFC. No demonstrativo, os saldos 
dos fluxos das atividades são evidenciados pela confrontação entre 
recebimentos brutos e pagamentos brutos, conforme determinado pelo CPC 
(2010). “No método direto, os recursos derivados das operações são indicados 
a partir dos recebimentos e pagamentos decorrentes das operações normais, 
efetuados durante o período” (Ribeiro, 2017, p. 371). 
Vamos agora estudar a estrutura da DFC pelo método direto, conforme 
modelo dado por Viceconti e Neves (2018, p. 422). A estrutura da DFC, 
elaborada pelo método direto, pode assim ser resumida (o sinal + representa as 
entradas de caixa ou equivalentes-caixa e o sinal –, as saídas): 
1. Fluxo de caixa das atividades operacionais 
(+) Recebimentos 
(–) Pagamentos a fornecedores 
(–) Pagamentos de despesas operacionais 
(–) Pagamentos de despesas antecipadas 
(±) Outros recebimentos e pagamentos relativos à atividade operacional 
 
 
15 
(=) Caixa gerado (+) ou consumido (–) nas atividades operacionais 
2. Fluxo de caixa das atividades de investimento 
(+) Recebimentos de venda de ativos imobilizados 
(+) Recebimentos de vendas de participações societárias 
(+) Amortizações de empréstimos concedidos a acionistas e/ou empresas 
controladas e coligadas 
(–) Pagamentos por aquisição de ativos imobilizados 
(–) Pagamentos por aquisição de participações societárias 
(–) Empréstimos concedidos a acionistas e/ou empresas controladas e 
coligadas 
(±) Outros recebimentos e/ou pagamentos relativos às atividades de 
investimento 
(=) Caixa gerado (+) ou consumido (–) nas atividades de investimento 
3. Fluxo de caixa das atividades de financiamento 
(+) Recebimentos por venda de ações ou integralização de capital 
(+) Recebimentos de debêntures emitidas 
(+) Recebimentos de empréstimos de curto e longo prazo 
(–) Pagamentos de dividendos 
(–) Amortizações de dívidas contraídas 
(–) Resgates de debêntures 
(–) Pagamentos por resgate ou reembolso das próprias ações 
(±) Outros recebimentos ou pagamentos relativos às atividades de 
financiamento 
(=) Caixa gerado (+) ou consumido (–) nas atividades de financiamento 
4. Caixa gerado ou consumido nas atividades – variação do disponível 
(1 + 2 + 3) 
5. Saldo do disponível no início do exercício 
6. Saldo do disponível no final do exercício (4 + 5) 
Essa é a estrutura da DFC pelo método direto, evidenciando-se todos os 
fluxos de caixa das atividades, conforme determinado pela Lei n. 6.404/1976 e 
pelo Pronunciamento Técnico n. 3/2010 (Brasil, 1976; CPC, 2010). A 
evidenciação dos fluxos é obtida por meio de informações extraídas da DRE e 
do Balanço Patrimonial, conforme explica Adriano (2017, p. 232): 
Os saldos iniciais e finais da conta, como, por exemplo, mercadorias, 
adiantamentos de clientes, fornecedores, salários a pagar etc., são 
 
 
16 
obtidos nos balanços patrimoniais do exercício anterior e do exercício 
corrente, enquanto as entradas e saídas são obtidas na demonstração 
do resultado do exercício. 
De acordo com o autor supracitado, “[...] no método direto, para calcular 
os recebimentos e pagamentos, utilizamos a fórmula” (Adriano, 2017, p. 232) da 
Figura 12: 
Figura 12 – Fórmula de cálculo dos recebimentos e pagamentos na DFC de uma 
empresa pelo método direto 
 
Fonte: Adriano, 2017, p. 232. 
Assim, para iniciar a elaboração do relatório, o CPC (2010) apresenta as 
diretrizes acerca das informações necessárias. Pelo método direto, as 
informações sobre as principais classes de recebimentos brutos e de 
pagamentos brutos podem ser obtidas, alternativamente: 
a. dos registros contábeis da entidade; 
b. pelo ajuste das vendas, dos custos dos produtos, mercadorias ou serviços 
vendidos (no caso de instituições financeiras, pela receita de juros e 
similares e despesa de juros e encargos e similares) e outros itens da 
demonstração do resultado ou do resultado abrangente referentes a: 
 variações ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a 
receber e a pagar; 
 outros itens que não envolvem caixa; 
 outros itens tratados como fluxos de caixa advindos das atividades de 
investimento e de financiamento. 
Seguindo então a estrutura disponibilizada anteriormente, bem como a 
fórmula para o saldo final da conta, é possível elaborar uma DFC conforme 
legislação pertinente e diretrizes do CPC (2010). Diante disso, vamos então 
trabalhar com um exemplo prático, o qual foi desenvolvido por Padoveze (2018, 
p. 22), para o aprendizado da elaboração da DFC. Para tanto, apresentam-se os 
demonstrativos que serão base para a elaboração da DFC (Figura 13). 
 
 
 
17 
Figura 13 – Demonstrativos contábeis (Balanço Patrimonial e DRE) para 
elaboração da DFC 
 
 
Fonte: Padoveze, 2018, p. 22. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agora que temos os demonstrativos-base de onde vamos extrair as 
informações, podemos então elaborar nossa DFC pelo método direto. Conforme 
modelo anteriormente demonstrado, vamos iniciar pelo fluxo de caixa das 
atividades operacionais, lembrando que o método direto explicita as entradas 
e saídas brutas de dinheiro. Conforme a estrutura, o primeiro item é: (+) 
recebimentos (sinal positivo, entradas de caixa). 
Para calcular os recebimentos, vamos recorrer à fórmula descrita por 
Padoveze (2018, p. 25) (Quadro 1). 
 
ATIVO INICIAL R$ FINAL R$ PASSIVO INICIAL R$ FINAL R$
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE INICIAL R$ FINAL R$
Caixa/Bancos/Apl. Financeiras 1.440,00R$ 230,00R$ Dupls. a Pagar – Fornecedores 1.070,00R$ 930,00R$ 
Dupls. a Receber – Clientes 3.550,00R$ 2.950,00R$ Salários e Encargos a Pagar 190,00R$ 580,00R$ 
Estoque de Mercadorias 2.100,00R$ 3.845,00R$ Contas a Pagar 80,00R$ 120,00R$ 
Total AC 7.090,00R$ 7.025,00R$ Imp. a Recolher s/ Mercadorias 590,00R$ 440,00R$ 
Total PC 1.930,00R$ 2.070,00R$ 
NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Depósitos Judiciais 100,00R$ 120,00R$ Financiamentos 5.600,00R$ 5.180,00R$ 
INVESTIMENTOS E IMOBILIZADO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Investimentos em Controladas 2.500,00R$ 2.820,00R$ Capital Social 7.000,00R$ 7.800,00R$ 
Imobilizado Bruto 9.000,00R$ 10.500,00R$
Reservas 590,00R$ 590,00R$ 
(-) Depreciações Acumuladas 3.400,00-R$ 4.450,00-R$ Lucros Acumulados 170,00R$ 375,00R$ 
Total ANC 8.100,00R$ 8.870,00R$ PL TOTAL 7.760,00R$ 8.765,00R$ 
ATIVO TOTAL 15.290,00R$ 16.015,00R$ PASSIVO TOTAL 15.290,00R$ 16.015,00R$ 
Balanço Patrimonial (Inicial e Final)
33.800,00R$ 
6.760,00R$ 
27.040,00R$ 
16.224,00R$ 
10.816,00R$ 
4.500,00R$ 
2.900,00R$ 
1.050,00R$ 
2.366,00R$ 
30,00R$ 
600,00R$ 
320,00R$ 
2.116,00R$ 
741,00R$ 
1.375,00R$ 
LUCRO ANTES DOS IMPOSTOS
Impostos sobre o Lucro
LUCRO LÍQUIDO APÓS IMPOSTOS
Despesas Gerais
Depreciações
LUCRO OPERACIONAL
Receitas Financeiras
Despesas Financeiras
Equivalência Patrimonial
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
(-) Custo das Mercadorias Vendidas
LUCRO BRUTO
Despesas Operacionais 
Salários e Encargos Sociais
Demonstração de Resultados do Período
Receita Operacional Bruta
(-) Impostos sobre Vendas
 
 
18 
Quadro 1 – Fórmula de Padoveze para calcular recebimentos, em uma DFC, 
pelo método direto 
Recebimento das Vendas Demonstrativo Valor – $ 
Receita Operacional Bruta Demonstração de Resultados R$ 33.800,00 
(+) Saldo Inicial de Duplicatas a Receber Balanço Patrimonial R$ 3.550,00 
(-) Saldo Final de Duplicatas a Receber Balanço Patrimonial R$ 2.950,00 
Saldo Final de Recebimentos R$ 34.400,00 
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018, p. 25. 
Assim, nosso primeiro item da demonstração de resultados elaborada 
pelo método direto é evidenciado. Perceba a dinâmica utilizada para se chegar 
ao saldo final da conta. Lembramos que o nosso exemplo não contempla todos 
os itens apresentados no modelo apresentado anteriormente, mas a lógica e o 
raciocínio para a sua evidenciação são os mesmos. Vamos continuar, então, 
com o nosso próximo fluxo, conforme dados de Padoveze (2018) de (–) 
pagamentos a fornecedores (saída de caixa, sinal negativo) (Quadro 2). 
Quadro 2 – Fórmula de Padoveze para calcular pagamentos a fornecedores, em 
uma DFC, pelo método direto 
Pagamentos a Fornecedores Demonstrativo Valor – $ 
Custo das Mercadorias Vendidas Demonstração de Resultados R$ 16.224,00 
(+) Saldo Final de Estoque de Mercadorias Balanço Patrimonial R$ 3.845,00 
(-) Saldo Inicial de Estoque de Mercadorias Balanço Patrimonial R$ 2.100,00 
(=) Compras - Líquidas de Impostos R$ 17.969,00 
(+) Saldo Inicial de Fornecedores Balanço Patrimonial R$ 1.070,00 
(-) Saldo Final de Fornecedores Balanço Patrimonial R$ 930,00 
Saldo Final de Fornecedores R$ 18.109,00 
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. 
Para a evidenciação do saldo de fornecedores, tivemos um pouco de 
trabalho, não é mesmo? Pois é, o método direto possui essa complexidade na 
sua utilização; mas, em se seguindo a fórmula, não tem como errar. Vamos 
continuar com a estrutura, agora tratando dos (–) pagamentos de despesas 
operacionais. 
Nas despesas operacionais, é importante lembrarmos quais itens se 
classificam nessa categoria. No nosso exemplo, temos: salários e encargos; e 
despesas gerais (Quadros 3-4). 
 
 
 
19 
Quadro 3 – Despesas operacionais (salários e encargos), em uma DFC, pelo 
método direto 
Pagamento de Salários e Encargos Demonstrativo Valor – $ 
Salários e Encargos Sociais Demonstração de Resultados R$ 4.500,00 
(+) Saldo Inicial de Salários e Encargos a Pagar Balanço Patrimonial R$ 190,00 
(-) Saldo Final de Salários e Encargos a Pagar Balanço Patrimonial R$ 580,00 
Saldo Final de Recebimentos R$ 4.110,00 
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. 
Quadro 4 – Despesas operacionais (despesas gerais), em uma DFC, pelo 
método direto 
Pagamento de Despesas Gerais Demonstrativo Valor – $ 
Despesas Gerais Demonstração de Resultados R$ 2.900,00 
(+) Saldo Inicial de Contas a Pagar Balanço Patrimonial R$ 80,00 
(-) Saldo Final de Contas a Pagar Balanço Patrimonial R$ 120,00 
Saldo Final de Despesas Gerais R$ 2.860,00 
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. 
Após as despesas gerais, outro item que implica um pagamento, logo, 
uma saída de caixa, são os impostos, que, portanto, devem ser evidenciados na 
DFC, como (±) outros recebimentos e pagamentos relativos à atividade 
operacional (Quadro 5). 
Quadro 5 – Outros recebimentos e pagamentos relativos à atividade operacional 
(impostos sobre vendas), em uma DFC, pelo método direto 
Pagamento de Impostos sobre Vendas Demonstrativo Valor – $ 
Impostos sobre Vendas Demonstração de Resultados R$ 6.760,00 
(+) Saldo Inicial de Imp. a Recolher s/ Merc. Balanço Patrimonial R$ 590,00 
(-) Saldo Final de Contas a Pagar Balanço Patrimonial R$ 440,00 
Saldo Final de Impostos sobre Vendas R$ 6.910,00 
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. 
Os impostos sobre o lucro são evidenciados diretamente na 
demonstração de resultados, bastando retirar a informação desse 
demonstrativo. Assim, após evidenciadas essas informações, chega-se ao saldo 
final do demonstrativo: (=) caixa gerado (+) ou consumido (–) nas atividades 
operacionais. Para evidenciar o caixa gerado ou consumido, basta pegar os 
recebimentos e destes subtrair todos os pagamentos. 
Encerrada a primeira parte, agora vamos aos fluxos das atividades de 
investimentos, seguindo a estrutura anterior (somente as contas que constam no 
 
 
20 
nosso exemplo), com o fluxo de caixa das atividades de investimento: (–) 
pagamentos por aquisição de ativos imobilizados. Para saber se houve 
saídas de caixa devido a pagamentos na aquisição de ativos imobilizados, basta 
subtrair do saldo final da conta de imobilizados o seu saldo inicial (Quadro 6). 
Quadro 6 – Pagamentos por aquisição de ativos imobilizados, em uma DFC, pelo 
método direto 
Pagamentos por aquisição de Ativos Imobilizados Demonstrativo Valor – $ 
(+) Saldo final de Imobilizado Bruto Balanço Patrimonial R$ 10.500,00 
(-) Saldo inicial de Imobilizado Bruto Balanço Patrimonial R$ 9.000,00 
Saldo Final de Pagamentos por aquisição de Ativos Imobilizados R$ 1.500,00 
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. 
Quadro 7 – (±) Outros recebimentos e/ou pagamentos relativos às atividades de 
investimento 
Aplicações no Realizável a Longo Prazo Demonstrativo Valor – $ 
(+) Saldo Final Realizável a Longo Prazo Balanço Patrimonial R$ 120,00 
(-) Saldo Inicial Realizável a Longo Prazo Balanço Patrimonial R$ 100,00 
Saldo Final de Realizável a Longo Prazo R$ 20,00 
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. 
Quadro 8 – Fluxo de caixa das atividades de financiamento: (+) recebimentos 
por venda de ações ou integralização de capital 
Aumento de Capital Demonstrativo Valor – $ 
(+) Saldo Final de Capital Social Balanço Patrimonial R$ 7.800,00 
(-) Saldo Inicial de Capital Social Balanço Patrimonial R$ 7.000,00 
Variação no Capital Social R$ 800,00 
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. 
Quadro 9 – Fluxo de caixa das atividades de financiamento: (–) pagamentos de 
dividendos 
Distribuição de Lucros ou Dividendos Demonstrativo Valor – $ 
Lucro Líquido do Exercício Demonstração de Resultados R$ 1.375,00 
(+) Saldo Inicial de Lucros Acumulados Balanço Patrimonial R$ 170,00 
(-) Saldo Final de Lucros Acumulados Balanço Patrimonial R$ 375,00 
Saldo final de Distribuição de Lucros ou Dividendos R$ 1.170,00 
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. 
 
 
 
21 
Quadro 10 – Fluxo de caixa das atividades de financiamento: (–) amortizações 
de dívidas contraídas 
A informação sobre novos empréstimos pode ser encontrada em outras 
informações (abaixo do Balanço Patrimonial) (Quadro 11). 
Quadro 11 – Informações sobre novos empréstimos 
Amortizações e Juros Demonstrativo Valor – $ 
Despesas Financeiras Demonstração de Resultados R$ 600,00 
(+) Saldo Inicial de Financiamentos Balanço Patrimonial R$ 5.600,00
(-) Saldo Final de Financiamentos Balanço Patrimonial R$ 5.180,00 
Saldo final de Amortização de Juros R$ 1.020,00 
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. 
Por fim, temos então o saldo final de atividade de financiamento, ou seja, 
o (=) caixa gerado (+) ou consumido (–) nas atividades de financiamento: 
 caixa gerado ou consumido nas atividades – variação do disponível; 
 saldo do disponível no início do exercício; 
 saldo do disponível no final do exercício. 
Após todos esses passos, temos então o demonstrativo completo, com 
todas as informações evidenciadas anteriormente (Figura 14). 
Figura 14 – Demonstrativo completo 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: adaptado de Padoveze, 2018. 
DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS R$
Recebimentos 34.400,00R$ 
(-) Pagamentos
 Fornecedores 18.109,00R$ 
 Salários e Encargos 4.110,00R$ 
 Despesas Gerais 2.860,00R$ 
 Impostos sobre Vendas 6.910,00R$ 
 Impostos sobre o Lucro 741,00R$ 
Saldo final das atividades operacionais 1.670,00R$ 
ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS
Aquisição de Imobilizados 1.500,00R$ 
Realizável a Longo Prazo 20,00R$ 
Saldo final das atividades de investimentos (negativo) 1.520,00R$ 
ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS
Aumento de Capital 800,00R$ 
(-) Amortizações e Juros 1.020,00R$ 
Lucros Distribuídos 1.170,00R$ 
Saldo final das atividades de financiamentos (negativo) 1.390,00R$ 
SALDO TOTAL (negativo) 1.240,00R$ 
(=+) Receitas Financeiras 30,00R$ 
(+) Saldo Inicial de Caixa 1.440,00R$ 
(= Saldo Final de Caixa 230,00R$ 
Fluxo de Caixa – Méto Direto
 
 
22 
Ufa! Finalmente conseguimos terminar a elaboração da DFC pelo metódo 
direto. Deu um pouco de trabalho, não deu? Pois é, a dinâmica para a elaboração 
do demonstrativo é essa que utilizamos, mas o resultado é um demonstrativo 
financeiro muito utilizado na tomada de decisão, tanto por usuários internos 
quanto externos. 
Em relação a esse método em específico, Padoveze (2018, p. 24) pondera 
que: 
O método direto tem como premissa básica reproduzir fielmente a 
movimentação financeira refletida nos resultados e no balanço 
patrimonial. Nesse sentido, é mais facilmente assimilável por qualquer 
usuário, mesmo que não seja especialista em finanças. Além disso, 
suas movimentações refletem os eventos econômicos normais da 
empresa, permitindo um processo mais adequado para a extrapolação 
dos dados para períodos futuros. 
Padoveze (2018) observa que o método direto tem como finalidade 
reproduzir os fluxos de caixa de forma mais fiel possível aos demonstrativos-
bases, no caso, Balanço Patrimonial e DRE. Um ponto de fundamental 
importância em relação a esse método é que 
[...] o formato direto está baseado no regime de caixa, ou seja, procura 
apresentar todos os pagamentos e os recebimentos ocorridos no 
período considerado, independentemente de os mesmos se referirem 
a operações apropriáveis ao resultado de períodos anteriores ou 
posteriores (Rios; Marion, 2019, p. 319). 
Silva (2019, p. 57) acentua que “[...] esse é o único demonstrativo contábil 
elaborado com base em regime de caixa, enquanto os demais são elaborados 
considerando a competência de exercício”. De acordo com o autor, “essa 
demonstração será obtida de forma direta (a partir da movimentação do caixa e 
equivalentes de caixa) ou de forma indireta (com base no Lucro/Prejuízo do 
Exercício)”, sendo esse o nosso próximo tema. 
TEMA 4 – MÉTODOS DE ELABORAÇÃO – MÉTODO INDIRETO 
Diferentemente do que ocorre no método direto, “[...] no método indireto, 
os recursos derivados das atividades operacionais são indicados a partir do 
lucro líquido do Exercício” (Ribeiro, 2017, p. 371, grifo nosso). Conforme 
Viceconti e Neves (2017), nesse método, é necessário que haja a reconciliação 
do lucro líquido do exercício com o caixa gerado pelas atividades operacionais, 
“[...] mostrando quanto desse lucro se converteu efetivamente em caixa ou 
 
 
23 
equivalentes-caixa, evidenciando as parcelas do lucro que foram aplicadas em 
outros grupos do Ativo ou Passivo Circulante” (Viceconti; Neves, 2017, p. 422). 
Dessa forma, a reconciliação do resultado líquido é realizada por meio de 
adições ou subtrações, para se chegar ao caixa líquido resultante das 
operações; e, nessas operações, devem-se levar em consideração, também, os 
acréscimos ou as diminuições nos ativos e nos passivos circulantes operacionais 
(Rios; Marion, 2019). É importante também observar as características desse 
método, conforme definição do CPC (2010): 
O método indireto, segundo o qual o lucro líquido ou o prejuízo é 
ajustado pelos efeitos de transações que não envolvem caixa, pelos 
efeitos de quaisquer diferimentos ou apropriações por competência 
sobre recebimentos de caixa ou pagamentos em caixa operacionais 
passados ou futuros, e pelos efeitos de itens de receita ou despesa 
associados com fluxos de caixa das atividades de investimento ou de 
financiamento. 
De modo complementar, Viceconti e Neves (2017, p. 422) apontam como 
devem ocorrer os ajustes: 
a) adicionar ao lucro todas as despesas que não representam 
desembolso (depreciação, gastos com constituição de provisões, 
perdas na venda de ativo imobilizado, resultado negativo da 
equivalência patrimonial etc.) e deduzir todas as receitas que não 
impliquem entrada de numerário (reversão de provisões, ganho na 
venda do ativo imobilizado, resultado positivo da equivalência 
patrimonial etc.). 
b) excluir do lucro a parcela que foi aplicada no aumento de outras 
contas operacionais do Ativo Circulante (exceto o Disponível) ou na 
diminuição das outras contas operacionais do Passivo Circulante e 
somar a ele os recursos advindos da diminuição do Ativo Circulante 
(exceto o Disponível) e do aumento do Passivo Circulante. 
Dado o exposto, Viceconti e Neves (2017) apresentam a seguinte 
estrutura da DFC, pelo método indireto: 
1. Fluxo de caixa das atividades operacionais 
 Lucro líquido do exercício 
 (+/-) Receitas e despesas não efetivadas financeiramente 
 (+) Depreciação, amortização ou exaustão 
 (+) Despesas com a constituição de provisões 
 (+) Transferências de despesas antecipadas para o resultado 
 (–) Reversão de provisões 
 (–) Despesas antecipadas pagas no exercício 
 (+/–) Resultado negativo (ou positivo) da equivalência patrimonial 
 (+/–) Perda (ou ganho) de capital 
 
 
24 
 (+/–) Outras receitas e despesas que não envolvam numerário 
 (–/+) Aumento/diminuição em bens e direitos do Ativo Circulante de 
caráter operacional 
 (+/–) Aumento/diminuição em obrigações do Passivo Circulante de caráter 
operacional 
2. Fluxos de caixa das atividades de investimento (como no método 
direto) 
3. Fluxos de caixa das atividades de financiamento (como no método 
direto) 
4. Variação do disponível (1 + 2 + 3) 
5. Saldo inicial do disponível 
6. Saldo final do disponível 
Vamos, agora, elaborar uma DFC pelo método indireto, utilizando como 
base o mesmo exemplo utilizado no método direto. Iniciamos pelo fluxo de caixa 
das atividades operacionais, lembrando que a diferença entre o método direto 
e o método indireto está justamente na forma de evidenciação dos fluxos 
de atividades operacionais e também que só iremos apresentar aqui os itens 
que constam no nosso exemplo, conforme feito anteriormente. 
Conforme estrutura, o primeiro item é: lucro líquido do exercício. Essa 
informação pode ser extraída diretamente da DRE. Com base no lucro líquido, 
vamos então realizar os ajustes para chegar às (+/-) receitas e despesas não 
efetivadas financeiramente. 
Um ponto, aqui, deve ser considerado. Por qual motivo abrangemos, no 
método indireto, os itens que não representam saídas de caixa? Justamente 
porque, pelo método indireto, a DFC inicia-se pelo lucro líquido e, na DRE, o 
lucro líquido é evidenciado após se deduzir as despesas, incluindo as que não 
movimentam
caixa, como é o caso da depreciação, assim como também das 
provisões ou receitas que não tenham sido recebidas. Dessa forma, o que não 
envolve caixa e foi considerado na DRE para apuração do lucro líquido, na DFC 
deverá ser ajustado, quando utilizado o método indireto. 
A informação sobre (+) depreciação, amortização ou exaustão pode ser 
extraída diretamente da DRE, assim como o (+/–) resultado negativo (ou 
positivo) da equivalência patrimonial. Quanto ao(à) (–/+) aumento/diminuição 
em bens e direitos do Ativo Circulante de caráter operacional e ao(à) (+/–) 
aumento/diminuição em obrigações do Passivo Circulante de caráter 
 
 
25 
operacional, todos os itens que impactaram no lucro líquido, mas não 
movimentaram caixa, devem ser considerados. Deve-se verificar se houve 
variação nas seguintes contas do Ativo e do Passivo: 
 Duplicatas a Receber; 
 Estoques; 
 Duplicatas a Pagar; 
 Salários a Pagar; 
 Contas a Pagar; 
 Impostos a Recolher. 
Para se verificar a variação, deve-se usar a seguinte fórmula: saldo final 
– saldo inicial = variação na conta. Variação positiva, em contas do Ativo, 
significa que houve saída de caixa; e variação negativa significa que houve 
entradas de caixa. Por exemplo, vamos verificar a conta Duplicatas a Receber: 
 Saldo final R$ 2.950,00 – saldo inicial R$ 3.550,00 = variação negativa de 
R$600,00. Isso significa que a empresa recebeu esse dinheiro entre os 
dois exercícios, por isso a conta diminuiu, o que implica entrada de caixa 
(diminuem-se as contas a receber, aumenta-se a conta-caixa). 
 Dessa forma, na DFC vamos estabelecer que houve: (+) Diminuição de 
Duplicatas a Receber = R$ 600,00. 
Agora, verificando a conta Estoques, temos: saldo final R$ 3.845,00 – 
saldo inicial R$ 2.100,00 = variação positiva de R$ 1.745,00. Isso significa que a 
empresa adquiriu mais estoques entre os dois exercícios, por isso a conta 
aumentou, o que implica saída de caixa (aumenta-se a conta de estoques, 
diminui-se a conta-caixa). Dessa forma, na DFC vamos discriminar (-) Aumento 
dos Estoques = R$ 1.745,00. 
Não se esqueçam que estamos mexendo com o caixa. Esse é o nosso 
foco aqui. Por esse motivo é que, quando aumentam os bens, isso implica 
saída de dinheiro do caixa, por isso o valor fica negativo. Quando falamos 
em contas do Passivo, a lógica é que, quando aumentam as obrigações, os 
valores ficam positivos, pois isso significa que a variação não saiu do 
caixa, por isso deve ser incluída na DFC. 
Seguindo essa lógica, vamos até finalizar o demonstrativo com os 
seguintes dados: 
 
 
26 
 (-) Diminuição de Duplicatas a Pagar: R$ 140,00 
 (+) Aumento de Salários a Pagar : R$ 390,00 
 (+) Aumento de Contas a Pagar: R$ 40,00 
 (-) Diminuição de Impostos a Recolher: R$ 150,00 
Agora que apuramos todas as contas, vamos então apresentar o 
demonstrativo pelo método indireto (Figura 15). 
Figura 15 – DFC pelo método indireto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. 
Deu um pouco de trabalho, não é verdade? Mas, no fim das contas, é 
possível perceber que, em ambos os métodos, o resultado final foi o mesmo, ou 
seja, o fluxo de caixa evidenciado foi o saldo de caixa do Balanço Patrimonial do 
último período. Consegue perceber a dinâmica por trás da evidenciação do 
caixa? Todo esse trabalho que tivemos foi necessário para que possamos 
entender como e quais as atividades que geram e consomem caixa. 
DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS R$
Lucro Líquido do Período 1.375,00R$ 
(+/-) Receitas e Despesas não Efetivadas Financeiramente
 (+) Depreciações 1.050,00R$ 
 (-) Equivalência Patrimonial 320,00R$ 
(= Lucro Gerado pelas Operações 2.105,00R$ 
(+/-) Aumento/Diminuição em bens e direitos do Ativo Circulante
 (+) Diminuição de Duplicatas a Receber 600,00R$ 
 (-) Aumento dos Estoques 1.745,00R$ 
Saldo 960,00R$ 
 (+/–) Aumento/Diminuição em obrigações do Passivo Circulante 
 (-) Diminuição de Duplicatas a Pagar 140,00R$ 
 (+) Aumento de Salários a Pagar 390,00R$ 
 (+) Aumento de Contas a Pagar 40,00R$ 
 (-) Diminuição de Impostos a Recolher 150,00R$ 
Saldo 1.100,00R$ 
DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO
 (-) Aquisição de Imobilizados 1.500,00R$ 
 (-) Realizável a Longo Prazo 20,00R$ 
Saldo (negtivo) 1.520,00R$ 
DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO
 (-) Redução dos Financiamentos de Longo Prazo 420,00R$ 
 (+) Aumento de Capital em Dinheiro 800,00R$ 
 (-) Distribuição de Lucros ou Dividendos 1.170,00R$ 
Saldo 790,00R$ 
SALDO TOTAL (negativo) 1.210,00R$ 
(+) Saldo Inicial de Caixa 1.440,00R$ 
(= Saldo Final de Caixa 230,00R$ 
Fluxo de Caixa – Méto do Indireto
 
 
27 
Por tudo isso, a DFC é essencial para a tomada de decisão e suas 
informações podem gerar benefícios diversos aos usuários dos relatórios 
contábeis, assunto do nosso próximo tema. 
TEMA 5 – BENEFÍCIOS OBTIDOS COM A DFC 
Depois de conhecermos a DFC, é possível que consigamos enxergar o 
quão importante esse demonstrativo é no contexto empresarial. O fluxo de caixa 
é uma das informações mais importantes em uma empresa e a falta dessas 
informações pode comprometer a saúde financeira da entidade. 
No mundo inteiro, milhares de empresas fecham suas portas anualmente, 
o que implica a existência de uma má gestão que, provavelmente, negligencia 
muitas informações que são de suma importância para o contexto de uma boa 
gestão. A quebra de empresas é algo que pode estar relacionado a vários 
fatores, mas um item que deve ser considerado e tem um impacto muito grande 
em qualquer empreendimento é o planejamento financeiro ou, em muitos casos, 
a sua ausência. 
A falta de planejamento financeiro ou a ausência total de fluxo de caixa e 
da previsão de fluxo de caixa (projeção de receitas e despesas) encontram-se 
entre as principais razões de falências ou insucessos de empresas (Marion, 
2018). Nesse contexto, visando manter os usuários das demonstrações 
contábeis mais informados acerca da saúde financeira das empresa, o CPC 
(2019), por meio do Pronunciamento Técnico n. 0 (R2)/2019 pontua sobre a 
relevância de informações acerca do fluxo de caixa e determina a 
obrigatoriedade da realização da DFC (Figura 16). 
Figura 16 – O Pronunciamento Técnico n. 0 (R2)/2019 
Fonte: Adaptado de CPC, 2019. 
Os usuários das demonstrações 
contábeis de uma entidade estão 
interessados em saber como a entidade 
gera e utiliza caixa e equivalentes de 
caixa. 
Esse é o ponto, independentemente da 
natureza das atividades da entidade, e 
ainda que o caixa seja considerado 
como produto da entidade, como pode 
ser o caso de instituição financeira. 
As entidades necessitam de caixa 
essencialmente pelas mesmas razões, 
por mais diferentes que sejam as suas 
principais atividades geradoras de 
receita. 
Elas precisam de caixa para levar a 
efeito suas operações, pagar suas 
obrigações e proporcionar um retorno 
para seus investidores. 
Assim sendo, este Pronunciamento 
Técnico requer que todas as entidades 
apresentem demonstração dos fluxos de 
caixa.
 
 
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Essa obrigatoriedade pode justificar-se pelo fato de o caixa ser o coração 
da maioria dos aspectos do negócio, o que torna a DFC essencial para a 
empresa, uma vez que a sua prosperidade e a sua sobrevivência dependerão 
de sua capacidade de geração de caixa (Borinelli; Pimentel, 2018). Essa 
capacidade de gerar caixa poderá ser prevista caso a empresa possua 
informações que propiciem projeções futuras desses fluxos. 
Sem que se faça a projeção de fluxos de caixa, não é possível saber com 
antecedência quando se precisará de um financiamento ou quando se tem 
sobras de recursos para fazer investimentos, levando a insucessos financeiros 
empresariais (Marion, 2018). Assim, o CPC (2010) complementa 
contextualizando a relevância do demonstrativo para a tomada de decisões
(Figura 17). 
Figura 17 – O Pronunciamento Técnico n. 3 (R2)/2010 
 
Fonte: Adaptado de CPC, 2010. 
Conforme exposto pelo CPC (2010), os usuários da informação contábil 
(internos e externos) necessitam de informações, para a sua tomada de 
decisões, que evidenciem a capacidade que a empresa tem de gerar caixa, e 
isso é possibilitado pela DFC. Por meio da DFC um usuário pode identificar 
diversas situações, conforme Figura 18. 
 
Informações sobre o fluxo de caixa de 
uma entidade são úteis para 
proporcionar aos usuários das 
demonstrações contábeis uma base 
para avaliar a capacidade de a 
entidade gerar caixa e equivalentes 
de caixa, bem como as necessidades 
da entidade de utilização desses 
fluxos de caixa. 
As decisões econômicas que são 
tomadas pelos usuários exigem 
avaliação da capacidade de a entidade 
gerar caixa e equivalentes de caixa, 
bem como da época de sua ocorrência 
e do grau de certeza de sua geração.
 
 
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Figura 18 – Situações identificadas pela DFC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Borinelli; Pimentel, 2018, p. 88. 
Com suas informações, a DFC “[...] propicia ao administrador financeiro a 
elaboração de um planejamento mais adequado às necessidades reais da 
empresa, evitando, assim, que, eventualmente, possa haver recursos 
monetários inativos” (Rios; Marion, 2018, p. 311). Isso remeteria à existência de 
uma sobra de recursos que possam ser investidos pela empresa para que não 
fiquem parados no seu caixa. 
Por outro lado, também existe a possibilidade de haver falta de dinheiro 
para o capital de giro da entidade e a DFC “[...] pode evitar também que, em 
determinadas circunstâncias, a empresa fique desprovida de recursos para 
enfrentar seus compromissos ou suas despesas correntes” (Rios; Marion, 2018, 
p. 311). 
Perceba que, em decorrência de todas as características da DFC aqui 
apontadas, esse demonstrativo torna-se um relatório financeiro de extrema 
importância no contexto organizacional. A obrigatoriedade do demonstrativo por 
força da lei e do CPC (2019) tem sua fundamentação na relevância e na utilidade 
das informações evidenciadas pelo relatório aos usuários dessas informações. 
Nesse contexto, a DFC torna-se um dos principais relatórios que devem 
ser elaborados e divulgados pelas empresas, pois é uma das principais fontes 
de informações que irão subsidiar a tomada de decisões de diversos usuários. E 
o uso dessas informações deve ser base tanto para a gestão, quanto para 
(i) se a entidade está gerando caixa com as 
suas atividades operacionais;
(ii) se a entidade está consumindo mais caixa ao 
invés de gerar caixa;
(iii) se há indícios de comprometimento de caixa 
no futuro; 
(iv) se a geração de caixa é consistente ao longo 
do tempo, dentre outras coisas.
 
 
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potenciais investidores, credores e demais interessados na entidade que divulga 
a informação. 
TROCANDO IDEIAS 
Considerando o que estudamos sobre a DFC, leia a notícia a seguir: 
Seis em cada dez empresas fecham em cinco anos de atividade, 
aponta IBGE 
Levantamento do instituto mostra que apenas 40% das empresas que 
foram abertas em 2012 continuavam em operação em 2017 
Cerca de 40% das 597.200 empresas criadas em 2012 estavam ativas 
em 2017. Essa proporção, medida pela taxa de sobrevivência, aponta 
que seis em cada dez companhias encerraram suas atividades nesses 
cinco anos, período em que o país esteve por dois anos em recessão 
(2015 e 2016). Os dados são da Demografia das Empresas e 
Estatísticas de Empreendedorismo, divulgada nesta quinta-feira, 17, 
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
Em 2017, a pesquisa mostra que havia cerca de 4,5 milhões de 
empresas no país, 22.900 a menos em relação ao ano anterior. 
Eletricidade e gás foi a atividade com maior proporção de novas 
empresas no ano (23,3%), enquanto o setor de construção registrou o 
maior percentual de empresas que fecharam as portas (20,8%). 
A analista da pesquisa, Denise Guichard, explicou que o saldo de 
empresas no mercado vinha positivo por vários anos até 2013. “Havia 
quase 4,8 milhões de empresas em atividade no país, com um saldo 
de 175.000 em relação a 2012, e o número de empresas crescendo. 
Mas esse número vem se reduzindo, com saldos negativos em todos 
os anos desde 2014, quando teve a maior queda, de quase 218.000 
empresas”. 
A tendência é que a taxa de sobrevivência se reduza com o passar dos 
anos. Por exemplo, das organizações criadas em 2012, 78,9% 
sobreviveram após um ano de funcionamento, 64,5% após dois anos, 
55% após três anos, 47,2% após quatro anos e 39,8% estavam abertas 
em 2017. Já das 558.600 empresas criadas em 2008, 47,8% 
sobreviveram em cinco anos. (Seis, 2019) 
Considere que, entre os fatores que impactam a falência de empresas, 
esteja também o fluxo de caixa. Na sua opinião, considerando o que estudamos, 
qual a importância de informações acerca do fluxo de caixa no contexto 
empresarial? Será que elas realmente são importantes? Entre no fórum e debata 
o assunto com seus colegas. 
NA PRÁTICA 
1. O CPC norteia as entidades para a elaboração da DFC, apresentando 
a estrutura conceitual para essa elaboração, todas as informações 
que devem compor o relatório, visando, acima de tudo, que os 
usuários da informação contábil tenham subsídios para a tomada de 
 
 
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decisão. Considerando os termos utilizados pelo CPC para a elaboração 
da DFC, analise as assertivas a seguir: 
I. O termo caixa representa o conjunto de bens e direitos da empresa, a 
aplicação de recursos. 
II. Fluxos de caixa dizem respeito a entradas e saídas de caixa e 
equivalentes de caixa. 
III. As atividades de investimento são as principais atividades geradoras de 
receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e 
tampouco de financiamento. 
Agora, assinale a alternativa correta: 
a. Apenas I e III estão corretas. 
b. Apenas I e III estão corretas. 
c. Apenas II está correta. 
d. Apenas II e III estão corretas. 
e. Apenas III correta. 
2. As alterações na Lei n. 6.404/1976, por meio da Lei n. 11.638/2007, 
determinam que, entre as demonstrações obrigatórias que devem 
ser elaboradas e publicadas ao fim de cada exercício social das 
empresas, encontra-se também a DFC (Brasil, 1976, 2007). 
Sobre a DFC, assinale a alternativa correta: 
a. A DFC é obrigatória para todas as companhias fechadas. 
b. A DFC é uma demonstração dinâmica. 
c. Utiliza-se o regime de competência na elaboração da DFC. 
d. Na DFC, os fluxos de caixa são segregados em Ativo, Passivo e 
Patrimônio Líquido. 
e. Para as companhias abertas, a DFC é obrigatória para as que possuem 
Patrimônio Líquido, na data do balanço, igual ou superior a 2 milhões de 
reais. 
FINALIZANDO 
Chegamos ao fim de nossa aula, na qual estudamos a DFC. Os temas 
tratados nesta aula foram: 
 Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) 
 Segregação dos fluxos por atividade 
 
 
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 Métodos de elaboração da DFC: método direto 
 Métodos de elaboração da DFC: método indireto 
 Benefícios obtidos com a DFC 
Mais adiante estudaremos outro demonstrativo contábil importante para o 
contexto empresarial. Bons estudos e até a próxima aula! 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas 
e outros profissionais: de acordo com os pronunciamentos do CPC (Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis) e IFRS (Normas Internacionais de Contabilidade. 
12. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 
Brasília, p. 1, 17 dez. 1976. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 19 fev. 
2020. 
_____. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, 
Brasília, p. 2, 28 dez. 2007. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. 
Acesso em: 19 fev. 2020. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis.
Pronunciamento Técnico n. 00 
(R2): estrutura conceitual para relatório financeiro. Brasília, 10 dez. 2019. 
Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/573_CPC00(R2).pdf>. Acesso 
em: 19 fev. 2020. 
_____. Pronunciamento Técnico n. 03 (R2): Demonstração dos Fluxos de 
Caixa. Brasília, 7 out. 2010. Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/183_CPC_03_R2_rev%2014.pdf
>. Acesso em: 19 fev. 2020. 
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas 
as sociedades – de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São 
Paulo: Atlas, 2018. 
MARION, J. C. Contabilidade básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória 
e intermediária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
SEIS em cada dez empresas fecham em cinco anos de atividade, aponta IBGE. 
Veja, 17 out. 2019. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/economia/seis-em-
cada-dez-empresas-fecham-em-cinco-anos-de-atividade-aponta-ibge/>. Acesso 
em: 19 fev. 2020. 
 
 
34 
SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações 
contábeis. 5. ed. ampl. e atual. São Paulo: Atlas, 2019. 
VICECONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade básica. 17. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017. 
 
 
 
35 
GABARITO 
1. c 
2. b

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