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ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS AULA 4 Prof. Ivanildo Viana Moura 2 CONVERSA INICIAL Olá! Como está você, tudo bem? Chegamos a nossa quarta aula, em que vamos estudar a dinâmica que ocorre com o caixa das empresas, durante um determinado exercício, ao apresentarem um relatório financeiro que busca, justamente, demonstrar a movimentação da conta-caixa, suas entradas e saídas, bem como a segregação dos fluxos de caixa da entidade. Diante desse contexto, esta aula tem como objetivos levá-lo(a) a ter um primeiro contato com o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC), proporcionar o conhecimento acerca de terminologias relacionadas ao tema, propiciar o aprendizado sobre a segregação dos fluxos por atividade e facilitar o entendimento sobre os métodos de elaboração de relatório. Para atingir esses objetivos, iremos estudar os seguintes tópicos: Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC); Segregação dos fluxos por atividade; Métodos de elaboração da DFC: método direto; Métodos de elaboração da DFC: método indireto; Benefícios obtidos com a DFC. A partir desse momento, vamos então começar a conhecer esse tipo de demonstrativo e, ao terminar a aula, você terá subsídios suficientes para saber os objetivos e benefícios da DFC no mundo empresarial, a sua importância nesse contexto, bem como as formas de utilização do demonstrativo por parte dos usuários tomadores de decisão. Aproveite a leitura, faça anotações sempre que tiver dúvidas acerca de algum ponto específico sobre o tema e não deixe de assistir às videoaulas. As dúvidas podem ser tiradas por meio da tutoria, pois os professores estão sempre à disposição para saná-las. É interessante também que se pratiquem os conhecimentos adquiridos, resolvendo-se os exercícios propostos. Lembre-se: a melhor maneira de aprender é praticando. Bons estudos!!! CONTEXTUALIZANDO Você, estudante de ciências contábeis, com certeza já viu notícias acerca de empresas que fecham suas portas com pouco tempo de vida. Qualquer 3 pesquisa rápida no Google pode apresentar dezenas de notícias ou artigos acerca de empresas que fecham as portas de forma prematura. Muitos empreendedores abrem um negócio e acreditam que estão fazendo tudo certo para que ele dê certo, mas acabam por falhar em muitos aspectos. Um dos pontos fundamentais que muitas vezes não é considerado pelo administrador é justamente a questão financeira, o planejamento necessário para que se possa identificar a capacidade da empresa de gerar fluxos de caixa, bem como todo o caixa que deverá ser consumido por essa empresa em decorrência de suas atividades. Essas informações, tão necessárias para a tomada de decisão tanto interna quanto externa, podem ser evidenciadas por meio de relatórios financeiros. Dentre os relatórios obrigatórios, um, em especial, pode fornecer subsídios para que se conheça como a empresa gera e consome caixa e, com base nisso, se consiga fazer um planejamento que possibilite a perpetuação do negócio. Diante disso, a partir desse momento, nesta aula, estudaremos a demonstração que evidencia os fluxos de caixa da empresa, a DFC. Dada a importância desse demonstrativo para o contexto organizacional, é importante que se conheçam mais detalhadamente todos os seus aspectos, as informações que nele são evidenciadas e os procedimentos necessários para que se chegue a elas. Então, não devemos perder mais tempo... TEMA 1 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC) As alterações na Lei n. 6.404/1976, por meio da Lei n. 11.638/2007, determinam que, dentre as demonstrações obrigatórias que devem ser elaboradas e publicadas ao fim de cada exercício social de uma organização, encontra-se também a DFC (Brasil, 1976, 2007). 4 Figura 1 – Comparação da Lei n. 6.404/1976 com a Lei n. 11.638/2007 Fontes: Adaptado de Adriano, 2018, p. 217; Brasil, 1976. A Lei n. 11.638/2007 tornou obrigatória a elaboração da DFC, mas não tratou de sua forma de apresentação de maneira detalhada (Brasil, 2007). Diante disso, para estabelecer regras de como as entidades devem elaborar e divulgar esse demonstrativo, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC, 2010) emitiu o Pronunciamento Técnico n. 3/2010, o qual foi elaborado com base na norma internacional de contabilidade (Gelbcke et al., 2018) e tem por objetivo: “[...] requerer a prestação de informações acerca das alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa da entidade por meio de demonstração dos fluxos de caixa que classifique os fluxos de caixa do período por atividades operacionais, de investimento e de financiamento (CPC, 2010)”. Dado o exposto, o CPC (2010) norteia as entidades para a elaboração da DFC, apresentando a estrutura conceitual para sua elaboração e, entre outros aspectos, todas as informações que devem compor o relatório, visando, acima de tudo, a que os usuários da informação contábil tenham subsídios para a tomada de decisão. Antes de falar da DFC, é importante que se tenha conhecimento de alguns termos utilizados pelo Pronunciamento Técnico n. 3/2010 (CPC, 2010), cuja definição é dada pelo próprio pronunciamento (Figura 2). Lei n. 6.404/1976, art. 176, § 6º: A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa. A Lei no 11.638/07 tornou obrigatória a demonstração do fluxo de caixa (DFC) para todas as companhias abertas. Para as companhias fechadas, é obrigatória apenas para as com patrimônio líquido, na data do balanço (encerramento do exercício social), igual ou superior a 2.000.000,00 (dois milhões de reais). 5 Figura 2 – Definição de alguns conceitos da DFC, segundo o Pronunciamento Técnico n. 3/2010 Fonte: Adaptado de CPC, 2010. Agora que já conhecemos esses termos utilizados na elaboração da DFC, podemos então iniciar nosso estudo acerca do demonstrativo. Um ponto fundamental é saber o que esse relatório evidencia aos seus usuários. De acordo com Borinelli e Pimentel (2018), a DFC evidencia as movimentações ocorridas em um importante ativo da organização: o caixa. De forma mais detalhada, esse demonstrativo evidencia: a geração de caixa, de forma dinâmica; sua origem conforme cada grupo de classificação (atividades operacionais, atividades financeiras, atividades de investimento); a utilização do caixa segundo essa classificação; por fim, o resultado financeiro de determinado período (Rios; Marion, 2019). Ao falarmos de resultado, nos lembramos da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Existe uma diferença substancial, que deve ser mencionada, entre os dois demonstrativos (Figura 3). Caixa compreende numerário (dinheiro) em espécie e depósitos bancários disponíveis. Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. Fluxos de caixa são as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa. Atividades operacionais são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento. Atividades de investimento são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. Atividades de financiamento são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade. 6 Figura 3 – Diferenciação entre DFC e DRE Fonte: Adaptado de Silva, 2019, p. 55. Percebe a importância do regime de escrituração utilizado para a elaboração dos demonstrativos contábeis? Enquanto nos outros demonstrativos usa-se o regime de competência para escrituração de receitas e despesas, na DFC é utilizado o regime de caixa, pois não teria lógica elaborar um relatório que evidencia fluxos de caixa utilizando o regime de competência. Figura 4 – Ilustração da diferença entre DFC e DRE Fonte: Borinelli; Pimentel, 2018. Justamente por utilizar o regime de caixa é que a DFC evidencia para os usuários o resultado financeiro da entidade, em um determinado período. O fato de evidenciar o resultado financeiro de um determinado período faz com que a DFC se torne um dos principais relatórios financeiros elaborados por uma entidade. Nesse contexto, apresenta-se então o objetivo da demonstração (Figura 5). Enquanto na DRE as receitas e despesas são registradas pelo regime de competência, ou seja, independentemente do recebimento ou desembolso, a base para a elaboração da DFC é o regime de caixa, onde são levados em conta os efetivos ingressos e desembolsos de recursos na empresa, não apenas os decorrentes das receitas e despesas, mas de todas as origens e aplicações de recursos (por exemplo: aporte de capital; captação e pagamento de empréstimos, aquisição ou alienação de bens; recebimentos de duplicatas emitidas em exercício anterior, porém recebidas no exercício da elaboração da DFC). Para ilustrar a diferença entre “receitas e despesas” e “efeitos no caixa”, imagine uma venda realizada a prazo. Pelo regime de competência, essa venda aparecerá registrada na demonstração do resultado no momento em que ocorrer a venda, independentemente da forma como o cliente irá pagar o valor devido, e será composta por um direito de recebimento futuro. Dessa forma, o efeito no caixa de uma venda a prazo só ocorrerá em uma data futura (no momento do recebimento do dinheiro, quando o cliente efetivamente pagar). O mesmo raciocínio é válido para as despesas. $ $ $ 7 Figura 5 – Objetivo da DFC Fonte: Adaptado de Gelbcke et al., 2018, p. 631. De forma mais resumida, “o objetivo básico desse demonstrativo [DFC] é disponibilizar informações sobre as entradas e as saídas de numerário em um determinado período” (Rios; Marion, 2019, p. 311). Esse objetivo faz da DFC um demonstrativo que apresenta a situação financeira de uma empresa de forma mais precisa, porque o que interessa aos credores e proprietários da empresa é sua capacidade de gerar caixa para o pagamento de seus compromissos e dividendos (Viceconti; Neves, 2017). Para que o objetivo do demonstrativo seja alcançado, na sua elaboração, a lei determina que os fluxos de caixa sejam segregados por atividade, assunto esse que será tratado a seguir. TEMA 2 – SEGREGAÇÃO DOS FLUXOS POR ATIVIDADE O inciso I do art. 188 da Lei n. 6.404/1976 (Brasil, 1976) discorre sobre a DFC, apontando que as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa serão segregadas em três fluxos: operacional, de investimentos e de financiamentos, conforme segue: Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo: I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: a) das operações; b) dos financiamentos; e c) dos investimentos [...] (Brasil, 1976). O entendimento acerca dessa divisão é que as movimentações segregadas em atividades possibilitam que os usuários avaliem o impacto de tais atividades na posição patrimonial e financeira de uma entidade, ou seja, qual área está lhe gerando mais dinheiro. Nesse contexto, a classificação adequada O objetivo primário da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é prover informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridos durante um determinado período, e com isso ajudar os usuários das demonstrações contábeis na análise da capacidade da entidade de gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas necessidades para utilizar esses fluxos de caixa. 8 de cada evento de caixa em cada um dos grupos é uma das tarefas mais importantes para conferir utilidade à DFC (Borinelli; Pimentel, 2018). No mesmo contexto da lei que das sociedades por ações (SA) (Brasil, 1976), visando atender à legislação brasileira e padronizar o demonstrativo conforme normas internacionais, o Pronunciamento Técnico n. 3/2010 dispõe o sobre as atividades de uma empresa (Figura 6). Figura 6 – DFC, conforme Pronunciamento Técnico CPC n. 3/2010 Fonte: Adaptado de CPC, 2010. Diante dessa obrigatoriedade da divisão dos fluxos por atividades, vamos então estudar cada uma delas de forma mais detalhada. 2.1 Atividades operacionais “O fluxo de caixa da atividade operacional é constituído pelas entradas e saídas em dinheiro ou equivalente relacionadas às atividades de produção e venda dos bens e serviços produzidos pela sociedade [...]” (Viceconti; Neves, 2017, p. 421). Isso implica dizer que o fluxo das operações decorre de atividades que estão relacionadas ao objeto de constituição da sociedade, ou seja, com sua atividade-fim. Nesse contexto, todos os fluxos de caixa que têm ligação com essas atividades devem ser classificados nesse grupo. Por ser o órgão responsável por orientações acerca da elaboração do demonstrativo, o CPC (2010) define o que seriam os fluxos das atividades operacionais. A entidade deve apresentar seus fluxos de caixa advindos das atividades operacionais, de investimento e de financiamento da forma que seja mais apropriada aos seus negócios. A classificação por atividade proporciona informações que permitem aos usuários avaliar o impacto de tais atividades sobre a posição financeira da entidade e o montante de seu caixa e equivalentes de caixa. Essas informações podem ser usadas também para avaliar a relação entre essas atividades. Atividades Operacionais Atividade de Investimento Atividade de Financiamento Variação no caixa do período 9 Figura 7 – Fluxos das atividades operacionais de uma empresa, segundo o CPC Fonte: Adaptado de CPC, 2010; Marion, 2018, p. 115. Alguns exemplos de atividades operacionais dadas pelo Pronunciamento Técnico n. 3/2010 do CPC (2010) são apresentados de forma segregada por Adriano (2017, p. 228) conforme Figura 8. Figura 8 – Exemplos de atividades operacionais de uma empresa, segundo o CPC Fonte: Adaptado de Adriano, 2017, p. 228. Os fluxos de caixa advindos das atividades operacionais são basicamente derivados das principais atividades geradoras de receita da entidade. Portanto, eles geralmente resultam de transações e de outros eventos que entram na apuração do lucro líquido ou prejuízo. Normalmente, o Caixa é gerado pela venda de bens e serviços, tendo como subtração as despesas operacionais, impostos, participações etc. São as transações ligadas ao objeto social da empresa. Recebimentos de caixa a) pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços; b) decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras receitas; c) por seguradora de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice; d) de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura. Pagamentos em caixa a) a fornecedores de mercadorias e serviços; b) a empregados ou por conta de empregados; c) por seguradora de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice; d) de impostos sobre a renda, a menos que possam ser especificamente identificados com as atividades de financiamento ou de investimento; e) de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura. 10 Conforme exposto pelo Pronunciamento Técnico n. 3/2010 (CPC, 2010), as atividades operacionais de uma empresa estão diretamente relacionadas à sua atividade principal da empresa, tornando-se fáceis de serem identificadas. O fluxo de operações basicamente diz respeito a entradas e saídas de caixa relacionadas a receitas e despesas da empresa. Conforme exposto por Borinelli e Pimentel (2018, p. 258), “as transações dos fluxos de caixa das atividades operacionais incluem os aumentos (entradas) de caixa derivados das receitas e as respectivas movimentações nas contas do ativo circulante”. Ainda conforme os autores supracitados, “[...] por outro lado, as saídas (diminuições) de caixa estão relacionadas às despesas e às respectivas movimentações nas contas do passivo circulante” (Borinelli; Pimentel, 2018, p. 258). Verifica-se, aqui, que as atividades operacionais apresentam basicamente contas que também compõem a DRE, ou seja, receitas e despesas advindas das principais operações da entidade. No entanto, conforme já dito anteriormente, na DRE, utiliza-se o regime de competência para a sua elaboração, já na DFC é utilizado o regime de caixa. 2.2 Atividades de investimentos As atividades de investimentos possuem relação com o aumento e a diminuição dos Ativos Não Circulantes que são utilizados na produção de bens e serviços de uma empresa (Gelbcke et al., 2018). “As aquisições de Ativos Permanentes (reposição de Ativos), bem como a venda destes itens, devem ser destacadas aqui. As participações em outras empresas também entram neste item” (Marion, 2018, p. 115). De modo mais abrangente, Adriano (2017, p. 229) caracteriza assim as atividades de investimento: As atividades de investimentos estão relacionadas com a compra à vista e venda à vista de bens do ativo não circulante, investimentos, imobilizado, intangível, mais o AÑC realizável a longo prazo que não constituam negócios usuais na atividade operacional da companhia, como, por exemplo, um empréstimo que a empresa efetue e o recebimento desse empréstimo, pois uma empresa que vende peças de automóveis tem como atividade operacional a venda de mercadorias, e o empréstimo a terceiros não faz parte do seu negócio usual. Nesse entendimento, as atividades de investimentos estão relacionadas tanto com a aquisição e venda de bens do ativo imobilizados da empresa, quanto com a participação dessa empresa em outras sociedades. Nesse contexto, as 11 atividades de investimento se diferenciam das operacionais e de financiamento, pois cada uma possui suas especificidades. Na Figura 9, temos os exemplos de atividades de investimento fornecidos pelo Pronunciamento Técnico n. 3/2010 (CPC, 2010), conforme organizados por Adriano (2017, p. 229). Figura 9 – Exemplos de atividades de investimento de uma empresa, segundo o CPC Fonte: Adaptado de Adriano, 2017, p. 229. O CPC (2010) contextualiza que a importância da divulgação em separado dos fluxos de caixa de atividades de investimentos se dá em função de que tais fluxos representam a extensão com que os dispêndios de recursos são feitos pela entidade, com a finalidade de gerar lucros e fluxos de caixa no futuro. O CPC (2010) também norteia que “[...] somente desembolsos que resultam em ativo reconhecido nas demonstrações contábeis são passíveis de classificação como atividades de investimento”. Recebimentos de caixa a) resultantes da venda de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo; b) provenientes da venda de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures, exceto aqueles recebimentos referentes aos títulos considerados como equivalentes de caixa e aqueles mantidos para negociação imediata ou futura; c) pela liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos concedidos a terceiros, exceto aqueles adiantamentos e empréstimos de instituição financeira; d) por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou os recebimentos forem classificados como atividades de financiamento. Pagamentos em caixa a) para aquisição de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo. Esses pagamentos incluem aqueles relacionados aos custos de desenvolvimento ativados e aos ativos imobilizados de construção própria; b) para aquisição de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures, exceto aqueles pagamentos referentes a títulos considerados como equivalentes de caixa ou aqueles mantidos para negociação imediata ou futura; c) para adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros, exceto aqueles adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira; d) por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou futura, ou os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento. 12 2.3 Atividades de financiamentos Conforme estudamos na aula sobre Balanço Patrimonial, esse demonstrativo é dividido em dois aspectos: origem de recursos e aplicação de recursos. O lado da origem de recursos financia todo o lado de aplicação de recursos e, por esse motivo, na DFC, as origens de recursos constituem o fluxo de atividades de financiamentos. Nesse entendimento, “os fluxos de caixa das atividades de financiamento se referem a entradas ou saídas em função de obtenção de recursos de terceiros (e sua amortização) e a obtenção de recursos dos acionistas (e o respectivo pagamento de dividendos)” (Viceconti; Neves, 2018, p. 421). O CPC (2010) também norteia sobre as atividades de financiamento e oferece alguns exemplos dos fluxos de caixa dessas atividades, os quais são descritos por Adriano (2017, p. 230), conforme Figura 10. Figura 10 – Exemplos de atividades de financiamento de uma empresa, segundo o CPC Fonte: Adaptado de Adriano, 2017, p. 230. Conforme destacado anteriormente, o CPC (2010) descreve quais são as operações que podem ser classificadas como de financiamento e todas dizem respeito a fluxos relativos a fornecedores de capital à entidade. Nesse contexto, “as entradas de caixa referem-se à integralização do capital e captação de empréstimos; as saídas de caixa derivam da redução do capital e do pagamento de empréstimos, dividendos e juros sobre o capital próprio” (Ribeiro, 2017, p. 369). De um modo geral, “as atividades de financiamento se referem à origem dos recursos próprios e de terceiros que serão aplicados no ativo da sociedade (Viceconti; Neves, 2017, p. 421). Recebimentos de caixa a) pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais; b) pela emissão de debêntures, empréstimos, notas promissórias, outros títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos. Pagamentos em caixa a) a investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade; b) para amortização (pagamento) de empréstimos e financiamentos; c) pelo arrendatário para redução do passivo relativo a arrendamento mercantil financeiro; d) de participações estatutárias. 13 A utilidade dos fluxos de caixa de atividades de financiamento está na previsão das exigências de fluxos de caixa futuros pelos fornecedores de capital à entidade, bem como pela capacidade que a empresa tem de financiar as atividades operacionais e de financiamento com recursos externos (Gelbcke et al., 2018). As atividades operacionais, de investimentos e financiamentos têm suas informações colhidas principalmente no Balanço Patrimonial. Diante disso, é possível localizar essas informações no demonstrativo, tornando mais fácil o entendimento acerca dessa classificação, conforme demonstrado por Borinelli e Pimentel (2018, p. 262) (Figura 11). Figura 11 – Integração dos três grupos de fluxos de caixa com o Balanço Patrimonial Fonte: Borinelli; Pimentel, 2018, p. 262. A seguir, apresentaremos os métodos de elaboração da DFC, principalmente em decorrência das atividades operacionais. TEMA 3 – MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DA DFC – MÉTODO DIRETO Para a elaboração da DFC de um determinado período, deve-se segregar os fluxos de caixa em tipos de atividades, no caso, operacionais, de 14 investimentos e de financiamentos, conforme visto no Tema 2. Os fluxos e seus efeitos líquidos sobre os saldos de caixa devem ser conciliados com seus saldos no início e no final do período ou exercício (Silva, 2019) e a soma dos resultados líquidos de cada um dos agrupamentos irá totalizar a variação no caixa do período (Gelbcke et al., 2018). Mas, a segregação por tipo de atividade não é a única divisão que envolve a DFC, pois o CPC (2010) determina dois métodos pelos quais o demonstrativo pode ser elaborado, sendo eles método direto e método indireto, alternativamente. Vamos, então, iniciar a elaboração do demonstrativo pelo método direto. Conforme o CPC (2010), o método direto é aquele “[...] segundo o qual as principais classes de recebimentos brutos e pagamentos brutos são divulgadas”. O método direto explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes das atividades operacionais, como os recebimentos pelas vendas de produtos e serviços e os pagamentos a fornecedores e empregados. O saldo final das operações expressa o volume líquido de caixa provido ou consumido pelas operações durante um período (Gelbcke et al., 2018, p. 638). O método direto apresenta os três tipos de fluxos de caixa das atividades, evidenciando as entradas e saídas respectivas a cada um deles e, no fim, o saldo final de caixa do período de elaboração da DFC. No demonstrativo, os saldos dos fluxos das atividades são evidenciados pela confrontação entre recebimentos brutos e pagamentos brutos, conforme determinado pelo CPC (2010). “No método direto, os recursos derivados das operações são indicados a partir dos recebimentos e pagamentos decorrentes das operações normais, efetuados durante o período” (Ribeiro, 2017, p. 371). Vamos agora estudar a estrutura da DFC pelo método direto, conforme modelo dado por Viceconti e Neves (2018, p. 422). A estrutura da DFC, elaborada pelo método direto, pode assim ser resumida (o sinal + representa as entradas de caixa ou equivalentes-caixa e o sinal –, as saídas): 1. Fluxo de caixa das atividades operacionais (+) Recebimentos (–) Pagamentos a fornecedores (–) Pagamentos de despesas operacionais (–) Pagamentos de despesas antecipadas (±) Outros recebimentos e pagamentos relativos à atividade operacional 15 (=) Caixa gerado (+) ou consumido (–) nas atividades operacionais 2. Fluxo de caixa das atividades de investimento (+) Recebimentos de venda de ativos imobilizados (+) Recebimentos de vendas de participações societárias (+) Amortizações de empréstimos concedidos a acionistas e/ou empresas controladas e coligadas (–) Pagamentos por aquisição de ativos imobilizados (–) Pagamentos por aquisição de participações societárias (–) Empréstimos concedidos a acionistas e/ou empresas controladas e coligadas (±) Outros recebimentos e/ou pagamentos relativos às atividades de investimento (=) Caixa gerado (+) ou consumido (–) nas atividades de investimento 3. Fluxo de caixa das atividades de financiamento (+) Recebimentos por venda de ações ou integralização de capital (+) Recebimentos de debêntures emitidas (+) Recebimentos de empréstimos de curto e longo prazo (–) Pagamentos de dividendos (–) Amortizações de dívidas contraídas (–) Resgates de debêntures (–) Pagamentos por resgate ou reembolso das próprias ações (±) Outros recebimentos ou pagamentos relativos às atividades de financiamento (=) Caixa gerado (+) ou consumido (–) nas atividades de financiamento 4. Caixa gerado ou consumido nas atividades – variação do disponível (1 + 2 + 3) 5. Saldo do disponível no início do exercício 6. Saldo do disponível no final do exercício (4 + 5) Essa é a estrutura da DFC pelo método direto, evidenciando-se todos os fluxos de caixa das atividades, conforme determinado pela Lei n. 6.404/1976 e pelo Pronunciamento Técnico n. 3/2010 (Brasil, 1976; CPC, 2010). A evidenciação dos fluxos é obtida por meio de informações extraídas da DRE e do Balanço Patrimonial, conforme explica Adriano (2017, p. 232): Os saldos iniciais e finais da conta, como, por exemplo, mercadorias, adiantamentos de clientes, fornecedores, salários a pagar etc., são 16 obtidos nos balanços patrimoniais do exercício anterior e do exercício corrente, enquanto as entradas e saídas são obtidas na demonstração do resultado do exercício. De acordo com o autor supracitado, “[...] no método direto, para calcular os recebimentos e pagamentos, utilizamos a fórmula” (Adriano, 2017, p. 232) da Figura 12: Figura 12 – Fórmula de cálculo dos recebimentos e pagamentos na DFC de uma empresa pelo método direto Fonte: Adriano, 2017, p. 232. Assim, para iniciar a elaboração do relatório, o CPC (2010) apresenta as diretrizes acerca das informações necessárias. Pelo método direto, as informações sobre as principais classes de recebimentos brutos e de pagamentos brutos podem ser obtidas, alternativamente: a. dos registros contábeis da entidade; b. pelo ajuste das vendas, dos custos dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos (no caso de instituições financeiras, pela receita de juros e similares e despesa de juros e encargos e similares) e outros itens da demonstração do resultado ou do resultado abrangente referentes a: variações ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar; outros itens que não envolvem caixa; outros itens tratados como fluxos de caixa advindos das atividades de investimento e de financiamento. Seguindo então a estrutura disponibilizada anteriormente, bem como a fórmula para o saldo final da conta, é possível elaborar uma DFC conforme legislação pertinente e diretrizes do CPC (2010). Diante disso, vamos então trabalhar com um exemplo prático, o qual foi desenvolvido por Padoveze (2018, p. 22), para o aprendizado da elaboração da DFC. Para tanto, apresentam-se os demonstrativos que serão base para a elaboração da DFC (Figura 13). 17 Figura 13 – Demonstrativos contábeis (Balanço Patrimonial e DRE) para elaboração da DFC Fonte: Padoveze, 2018, p. 22. Agora que temos os demonstrativos-base de onde vamos extrair as informações, podemos então elaborar nossa DFC pelo método direto. Conforme modelo anteriormente demonstrado, vamos iniciar pelo fluxo de caixa das atividades operacionais, lembrando que o método direto explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro. Conforme a estrutura, o primeiro item é: (+) recebimentos (sinal positivo, entradas de caixa). Para calcular os recebimentos, vamos recorrer à fórmula descrita por Padoveze (2018, p. 25) (Quadro 1). ATIVO INICIAL R$ FINAL R$ PASSIVO INICIAL R$ FINAL R$ ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE INICIAL R$ FINAL R$ Caixa/Bancos/Apl. Financeiras 1.440,00R$ 230,00R$ Dupls. a Pagar – Fornecedores 1.070,00R$ 930,00R$ Dupls. a Receber – Clientes 3.550,00R$ 2.950,00R$ Salários e Encargos a Pagar 190,00R$ 580,00R$ Estoque de Mercadorias 2.100,00R$ 3.845,00R$ Contas a Pagar 80,00R$ 120,00R$ Total AC 7.090,00R$ 7.025,00R$ Imp. a Recolher s/ Mercadorias 590,00R$ 440,00R$ Total PC 1.930,00R$ 2.070,00R$ NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo Depósitos Judiciais 100,00R$ 120,00R$ Financiamentos 5.600,00R$ 5.180,00R$ INVESTIMENTOS E IMOBILIZADO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Investimentos em Controladas 2.500,00R$ 2.820,00R$ Capital Social 7.000,00R$ 7.800,00R$ Imobilizado Bruto 9.000,00R$ 10.500,00R$ Reservas 590,00R$ 590,00R$ (-) Depreciações Acumuladas 3.400,00-R$ 4.450,00-R$ Lucros Acumulados 170,00R$ 375,00R$ Total ANC 8.100,00R$ 8.870,00R$ PL TOTAL 7.760,00R$ 8.765,00R$ ATIVO TOTAL 15.290,00R$ 16.015,00R$ PASSIVO TOTAL 15.290,00R$ 16.015,00R$ Balanço Patrimonial (Inicial e Final) 33.800,00R$ 6.760,00R$ 27.040,00R$ 16.224,00R$ 10.816,00R$ 4.500,00R$ 2.900,00R$ 1.050,00R$ 2.366,00R$ 30,00R$ 600,00R$ 320,00R$ 2.116,00R$ 741,00R$ 1.375,00R$ LUCRO ANTES DOS IMPOSTOS Impostos sobre o Lucro LUCRO LÍQUIDO APÓS IMPOSTOS Despesas Gerais Depreciações LUCRO OPERACIONAL Receitas Financeiras Despesas Financeiras Equivalência Patrimonial RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (-) Custo das Mercadorias Vendidas LUCRO BRUTO Despesas Operacionais Salários e Encargos Sociais Demonstração de Resultados do Período Receita Operacional Bruta (-) Impostos sobre Vendas 18 Quadro 1 – Fórmula de Padoveze para calcular recebimentos, em uma DFC, pelo método direto Recebimento das Vendas Demonstrativo Valor – $ Receita Operacional Bruta Demonstração de Resultados R$ 33.800,00 (+) Saldo Inicial de Duplicatas a Receber Balanço Patrimonial R$ 3.550,00 (-) Saldo Final de Duplicatas a Receber Balanço Patrimonial R$ 2.950,00 Saldo Final de Recebimentos R$ 34.400,00 Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018, p. 25. Assim, nosso primeiro item da demonstração de resultados elaborada pelo método direto é evidenciado. Perceba a dinâmica utilizada para se chegar ao saldo final da conta. Lembramos que o nosso exemplo não contempla todos os itens apresentados no modelo apresentado anteriormente, mas a lógica e o raciocínio para a sua evidenciação são os mesmos. Vamos continuar, então, com o nosso próximo fluxo, conforme dados de Padoveze (2018) de (–) pagamentos a fornecedores (saída de caixa, sinal negativo) (Quadro 2). Quadro 2 – Fórmula de Padoveze para calcular pagamentos a fornecedores, em uma DFC, pelo método direto Pagamentos a Fornecedores Demonstrativo Valor – $ Custo das Mercadorias Vendidas Demonstração de Resultados R$ 16.224,00 (+) Saldo Final de Estoque de Mercadorias Balanço Patrimonial R$ 3.845,00 (-) Saldo Inicial de Estoque de Mercadorias Balanço Patrimonial R$ 2.100,00 (=) Compras - Líquidas de Impostos R$ 17.969,00 (+) Saldo Inicial de Fornecedores Balanço Patrimonial R$ 1.070,00 (-) Saldo Final de Fornecedores Balanço Patrimonial R$ 930,00 Saldo Final de Fornecedores R$ 18.109,00 Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. Para a evidenciação do saldo de fornecedores, tivemos um pouco de trabalho, não é mesmo? Pois é, o método direto possui essa complexidade na sua utilização; mas, em se seguindo a fórmula, não tem como errar. Vamos continuar com a estrutura, agora tratando dos (–) pagamentos de despesas operacionais. Nas despesas operacionais, é importante lembrarmos quais itens se classificam nessa categoria. No nosso exemplo, temos: salários e encargos; e despesas gerais (Quadros 3-4). 19 Quadro 3 – Despesas operacionais (salários e encargos), em uma DFC, pelo método direto Pagamento de Salários e Encargos Demonstrativo Valor – $ Salários e Encargos Sociais Demonstração de Resultados R$ 4.500,00 (+) Saldo Inicial de Salários e Encargos a Pagar Balanço Patrimonial R$ 190,00 (-) Saldo Final de Salários e Encargos a Pagar Balanço Patrimonial R$ 580,00 Saldo Final de Recebimentos R$ 4.110,00 Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. Quadro 4 – Despesas operacionais (despesas gerais), em uma DFC, pelo método direto Pagamento de Despesas Gerais Demonstrativo Valor – $ Despesas Gerais Demonstração de Resultados R$ 2.900,00 (+) Saldo Inicial de Contas a Pagar Balanço Patrimonial R$ 80,00 (-) Saldo Final de Contas a Pagar Balanço Patrimonial R$ 120,00 Saldo Final de Despesas Gerais R$ 2.860,00 Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. Após as despesas gerais, outro item que implica um pagamento, logo, uma saída de caixa, são os impostos, que, portanto, devem ser evidenciados na DFC, como (±) outros recebimentos e pagamentos relativos à atividade operacional (Quadro 5). Quadro 5 – Outros recebimentos e pagamentos relativos à atividade operacional (impostos sobre vendas), em uma DFC, pelo método direto Pagamento de Impostos sobre Vendas Demonstrativo Valor – $ Impostos sobre Vendas Demonstração de Resultados R$ 6.760,00 (+) Saldo Inicial de Imp. a Recolher s/ Merc. Balanço Patrimonial R$ 590,00 (-) Saldo Final de Contas a Pagar Balanço Patrimonial R$ 440,00 Saldo Final de Impostos sobre Vendas R$ 6.910,00 Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. Os impostos sobre o lucro são evidenciados diretamente na demonstração de resultados, bastando retirar a informação desse demonstrativo. Assim, após evidenciadas essas informações, chega-se ao saldo final do demonstrativo: (=) caixa gerado (+) ou consumido (–) nas atividades operacionais. Para evidenciar o caixa gerado ou consumido, basta pegar os recebimentos e destes subtrair todos os pagamentos. Encerrada a primeira parte, agora vamos aos fluxos das atividades de investimentos, seguindo a estrutura anterior (somente as contas que constam no 20 nosso exemplo), com o fluxo de caixa das atividades de investimento: (–) pagamentos por aquisição de ativos imobilizados. Para saber se houve saídas de caixa devido a pagamentos na aquisição de ativos imobilizados, basta subtrair do saldo final da conta de imobilizados o seu saldo inicial (Quadro 6). Quadro 6 – Pagamentos por aquisição de ativos imobilizados, em uma DFC, pelo método direto Pagamentos por aquisição de Ativos Imobilizados Demonstrativo Valor – $ (+) Saldo final de Imobilizado Bruto Balanço Patrimonial R$ 10.500,00 (-) Saldo inicial de Imobilizado Bruto Balanço Patrimonial R$ 9.000,00 Saldo Final de Pagamentos por aquisição de Ativos Imobilizados R$ 1.500,00 Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. Quadro 7 – (±) Outros recebimentos e/ou pagamentos relativos às atividades de investimento Aplicações no Realizável a Longo Prazo Demonstrativo Valor – $ (+) Saldo Final Realizável a Longo Prazo Balanço Patrimonial R$ 120,00 (-) Saldo Inicial Realizável a Longo Prazo Balanço Patrimonial R$ 100,00 Saldo Final de Realizável a Longo Prazo R$ 20,00 Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. Quadro 8 – Fluxo de caixa das atividades de financiamento: (+) recebimentos por venda de ações ou integralização de capital Aumento de Capital Demonstrativo Valor – $ (+) Saldo Final de Capital Social Balanço Patrimonial R$ 7.800,00 (-) Saldo Inicial de Capital Social Balanço Patrimonial R$ 7.000,00 Variação no Capital Social R$ 800,00 Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. Quadro 9 – Fluxo de caixa das atividades de financiamento: (–) pagamentos de dividendos Distribuição de Lucros ou Dividendos Demonstrativo Valor – $ Lucro Líquido do Exercício Demonstração de Resultados R$ 1.375,00 (+) Saldo Inicial de Lucros Acumulados Balanço Patrimonial R$ 170,00 (-) Saldo Final de Lucros Acumulados Balanço Patrimonial R$ 375,00 Saldo final de Distribuição de Lucros ou Dividendos R$ 1.170,00 Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. 21 Quadro 10 – Fluxo de caixa das atividades de financiamento: (–) amortizações de dívidas contraídas A informação sobre novos empréstimos pode ser encontrada em outras informações (abaixo do Balanço Patrimonial) (Quadro 11). Quadro 11 – Informações sobre novos empréstimos Amortizações e Juros Demonstrativo Valor – $ Despesas Financeiras Demonstração de Resultados R$ 600,00 (+) Saldo Inicial de Financiamentos Balanço Patrimonial R$ 5.600,00 (-) Saldo Final de Financiamentos Balanço Patrimonial R$ 5.180,00 Saldo final de Amortização de Juros R$ 1.020,00 Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. Por fim, temos então o saldo final de atividade de financiamento, ou seja, o (=) caixa gerado (+) ou consumido (–) nas atividades de financiamento: caixa gerado ou consumido nas atividades – variação do disponível; saldo do disponível no início do exercício; saldo do disponível no final do exercício. Após todos esses passos, temos então o demonstrativo completo, com todas as informações evidenciadas anteriormente (Figura 14). Figura 14 – Demonstrativo completo Fonte: adaptado de Padoveze, 2018. DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS R$ Recebimentos 34.400,00R$ (-) Pagamentos Fornecedores 18.109,00R$ Salários e Encargos 4.110,00R$ Despesas Gerais 2.860,00R$ Impostos sobre Vendas 6.910,00R$ Impostos sobre o Lucro 741,00R$ Saldo final das atividades operacionais 1.670,00R$ ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS Aquisição de Imobilizados 1.500,00R$ Realizável a Longo Prazo 20,00R$ Saldo final das atividades de investimentos (negativo) 1.520,00R$ ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS Aumento de Capital 800,00R$ (-) Amortizações e Juros 1.020,00R$ Lucros Distribuídos 1.170,00R$ Saldo final das atividades de financiamentos (negativo) 1.390,00R$ SALDO TOTAL (negativo) 1.240,00R$ (=+) Receitas Financeiras 30,00R$ (+) Saldo Inicial de Caixa 1.440,00R$ (= Saldo Final de Caixa 230,00R$ Fluxo de Caixa – Méto Direto 22 Ufa! Finalmente conseguimos terminar a elaboração da DFC pelo metódo direto. Deu um pouco de trabalho, não deu? Pois é, a dinâmica para a elaboração do demonstrativo é essa que utilizamos, mas o resultado é um demonstrativo financeiro muito utilizado na tomada de decisão, tanto por usuários internos quanto externos. Em relação a esse método em específico, Padoveze (2018, p. 24) pondera que: O método direto tem como premissa básica reproduzir fielmente a movimentação financeira refletida nos resultados e no balanço patrimonial. Nesse sentido, é mais facilmente assimilável por qualquer usuário, mesmo que não seja especialista em finanças. Além disso, suas movimentações refletem os eventos econômicos normais da empresa, permitindo um processo mais adequado para a extrapolação dos dados para períodos futuros. Padoveze (2018) observa que o método direto tem como finalidade reproduzir os fluxos de caixa de forma mais fiel possível aos demonstrativos- bases, no caso, Balanço Patrimonial e DRE. Um ponto de fundamental importância em relação a esse método é que [...] o formato direto está baseado no regime de caixa, ou seja, procura apresentar todos os pagamentos e os recebimentos ocorridos no período considerado, independentemente de os mesmos se referirem a operações apropriáveis ao resultado de períodos anteriores ou posteriores (Rios; Marion, 2019, p. 319). Silva (2019, p. 57) acentua que “[...] esse é o único demonstrativo contábil elaborado com base em regime de caixa, enquanto os demais são elaborados considerando a competência de exercício”. De acordo com o autor, “essa demonstração será obtida de forma direta (a partir da movimentação do caixa e equivalentes de caixa) ou de forma indireta (com base no Lucro/Prejuízo do Exercício)”, sendo esse o nosso próximo tema. TEMA 4 – MÉTODOS DE ELABORAÇÃO – MÉTODO INDIRETO Diferentemente do que ocorre no método direto, “[...] no método indireto, os recursos derivados das atividades operacionais são indicados a partir do lucro líquido do Exercício” (Ribeiro, 2017, p. 371, grifo nosso). Conforme Viceconti e Neves (2017), nesse método, é necessário que haja a reconciliação do lucro líquido do exercício com o caixa gerado pelas atividades operacionais, “[...] mostrando quanto desse lucro se converteu efetivamente em caixa ou 23 equivalentes-caixa, evidenciando as parcelas do lucro que foram aplicadas em outros grupos do Ativo ou Passivo Circulante” (Viceconti; Neves, 2017, p. 422). Dessa forma, a reconciliação do resultado líquido é realizada por meio de adições ou subtrações, para se chegar ao caixa líquido resultante das operações; e, nessas operações, devem-se levar em consideração, também, os acréscimos ou as diminuições nos ativos e nos passivos circulantes operacionais (Rios; Marion, 2019). É importante também observar as características desse método, conforme definição do CPC (2010): O método indireto, segundo o qual o lucro líquido ou o prejuízo é ajustado pelos efeitos de transações que não envolvem caixa, pelos efeitos de quaisquer diferimentos ou apropriações por competência sobre recebimentos de caixa ou pagamentos em caixa operacionais passados ou futuros, e pelos efeitos de itens de receita ou despesa associados com fluxos de caixa das atividades de investimento ou de financiamento. De modo complementar, Viceconti e Neves (2017, p. 422) apontam como devem ocorrer os ajustes: a) adicionar ao lucro todas as despesas que não representam desembolso (depreciação, gastos com constituição de provisões, perdas na venda de ativo imobilizado, resultado negativo da equivalência patrimonial etc.) e deduzir todas as receitas que não impliquem entrada de numerário (reversão de provisões, ganho na venda do ativo imobilizado, resultado positivo da equivalência patrimonial etc.). b) excluir do lucro a parcela que foi aplicada no aumento de outras contas operacionais do Ativo Circulante (exceto o Disponível) ou na diminuição das outras contas operacionais do Passivo Circulante e somar a ele os recursos advindos da diminuição do Ativo Circulante (exceto o Disponível) e do aumento do Passivo Circulante. Dado o exposto, Viceconti e Neves (2017) apresentam a seguinte estrutura da DFC, pelo método indireto: 1. Fluxo de caixa das atividades operacionais Lucro líquido do exercício (+/-) Receitas e despesas não efetivadas financeiramente (+) Depreciação, amortização ou exaustão (+) Despesas com a constituição de provisões (+) Transferências de despesas antecipadas para o resultado (–) Reversão de provisões (–) Despesas antecipadas pagas no exercício (+/–) Resultado negativo (ou positivo) da equivalência patrimonial (+/–) Perda (ou ganho) de capital 24 (+/–) Outras receitas e despesas que não envolvam numerário (–/+) Aumento/diminuição em bens e direitos do Ativo Circulante de caráter operacional (+/–) Aumento/diminuição em obrigações do Passivo Circulante de caráter operacional 2. Fluxos de caixa das atividades de investimento (como no método direto) 3. Fluxos de caixa das atividades de financiamento (como no método direto) 4. Variação do disponível (1 + 2 + 3) 5. Saldo inicial do disponível 6. Saldo final do disponível Vamos, agora, elaborar uma DFC pelo método indireto, utilizando como base o mesmo exemplo utilizado no método direto. Iniciamos pelo fluxo de caixa das atividades operacionais, lembrando que a diferença entre o método direto e o método indireto está justamente na forma de evidenciação dos fluxos de atividades operacionais e também que só iremos apresentar aqui os itens que constam no nosso exemplo, conforme feito anteriormente. Conforme estrutura, o primeiro item é: lucro líquido do exercício. Essa informação pode ser extraída diretamente da DRE. Com base no lucro líquido, vamos então realizar os ajustes para chegar às (+/-) receitas e despesas não efetivadas financeiramente. Um ponto, aqui, deve ser considerado. Por qual motivo abrangemos, no método indireto, os itens que não representam saídas de caixa? Justamente porque, pelo método indireto, a DFC inicia-se pelo lucro líquido e, na DRE, o lucro líquido é evidenciado após se deduzir as despesas, incluindo as que não movimentam caixa, como é o caso da depreciação, assim como também das provisões ou receitas que não tenham sido recebidas. Dessa forma, o que não envolve caixa e foi considerado na DRE para apuração do lucro líquido, na DFC deverá ser ajustado, quando utilizado o método indireto. A informação sobre (+) depreciação, amortização ou exaustão pode ser extraída diretamente da DRE, assim como o (+/–) resultado negativo (ou positivo) da equivalência patrimonial. Quanto ao(à) (–/+) aumento/diminuição em bens e direitos do Ativo Circulante de caráter operacional e ao(à) (+/–) aumento/diminuição em obrigações do Passivo Circulante de caráter 25 operacional, todos os itens que impactaram no lucro líquido, mas não movimentaram caixa, devem ser considerados. Deve-se verificar se houve variação nas seguintes contas do Ativo e do Passivo: Duplicatas a Receber; Estoques; Duplicatas a Pagar; Salários a Pagar; Contas a Pagar; Impostos a Recolher. Para se verificar a variação, deve-se usar a seguinte fórmula: saldo final – saldo inicial = variação na conta. Variação positiva, em contas do Ativo, significa que houve saída de caixa; e variação negativa significa que houve entradas de caixa. Por exemplo, vamos verificar a conta Duplicatas a Receber: Saldo final R$ 2.950,00 – saldo inicial R$ 3.550,00 = variação negativa de R$600,00. Isso significa que a empresa recebeu esse dinheiro entre os dois exercícios, por isso a conta diminuiu, o que implica entrada de caixa (diminuem-se as contas a receber, aumenta-se a conta-caixa). Dessa forma, na DFC vamos estabelecer que houve: (+) Diminuição de Duplicatas a Receber = R$ 600,00. Agora, verificando a conta Estoques, temos: saldo final R$ 3.845,00 – saldo inicial R$ 2.100,00 = variação positiva de R$ 1.745,00. Isso significa que a empresa adquiriu mais estoques entre os dois exercícios, por isso a conta aumentou, o que implica saída de caixa (aumenta-se a conta de estoques, diminui-se a conta-caixa). Dessa forma, na DFC vamos discriminar (-) Aumento dos Estoques = R$ 1.745,00. Não se esqueçam que estamos mexendo com o caixa. Esse é o nosso foco aqui. Por esse motivo é que, quando aumentam os bens, isso implica saída de dinheiro do caixa, por isso o valor fica negativo. Quando falamos em contas do Passivo, a lógica é que, quando aumentam as obrigações, os valores ficam positivos, pois isso significa que a variação não saiu do caixa, por isso deve ser incluída na DFC. Seguindo essa lógica, vamos até finalizar o demonstrativo com os seguintes dados: 26 (-) Diminuição de Duplicatas a Pagar: R$ 140,00 (+) Aumento de Salários a Pagar : R$ 390,00 (+) Aumento de Contas a Pagar: R$ 40,00 (-) Diminuição de Impostos a Recolher: R$ 150,00 Agora que apuramos todas as contas, vamos então apresentar o demonstrativo pelo método indireto (Figura 15). Figura 15 – DFC pelo método indireto Fonte: Adaptado de Padoveze, 2018. Deu um pouco de trabalho, não é verdade? Mas, no fim das contas, é possível perceber que, em ambos os métodos, o resultado final foi o mesmo, ou seja, o fluxo de caixa evidenciado foi o saldo de caixa do Balanço Patrimonial do último período. Consegue perceber a dinâmica por trás da evidenciação do caixa? Todo esse trabalho que tivemos foi necessário para que possamos entender como e quais as atividades que geram e consomem caixa. DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS R$ Lucro Líquido do Período 1.375,00R$ (+/-) Receitas e Despesas não Efetivadas Financeiramente (+) Depreciações 1.050,00R$ (-) Equivalência Patrimonial 320,00R$ (= Lucro Gerado pelas Operações 2.105,00R$ (+/-) Aumento/Diminuição em bens e direitos do Ativo Circulante (+) Diminuição de Duplicatas a Receber 600,00R$ (-) Aumento dos Estoques 1.745,00R$ Saldo 960,00R$ (+/–) Aumento/Diminuição em obrigações do Passivo Circulante (-) Diminuição de Duplicatas a Pagar 140,00R$ (+) Aumento de Salários a Pagar 390,00R$ (+) Aumento de Contas a Pagar 40,00R$ (-) Diminuição de Impostos a Recolher 150,00R$ Saldo 1.100,00R$ DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO (-) Aquisição de Imobilizados 1.500,00R$ (-) Realizável a Longo Prazo 20,00R$ Saldo (negtivo) 1.520,00R$ DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO (-) Redução dos Financiamentos de Longo Prazo 420,00R$ (+) Aumento de Capital em Dinheiro 800,00R$ (-) Distribuição de Lucros ou Dividendos 1.170,00R$ Saldo 790,00R$ SALDO TOTAL (negativo) 1.210,00R$ (+) Saldo Inicial de Caixa 1.440,00R$ (= Saldo Final de Caixa 230,00R$ Fluxo de Caixa – Méto do Indireto 27 Por tudo isso, a DFC é essencial para a tomada de decisão e suas informações podem gerar benefícios diversos aos usuários dos relatórios contábeis, assunto do nosso próximo tema. TEMA 5 – BENEFÍCIOS OBTIDOS COM A DFC Depois de conhecermos a DFC, é possível que consigamos enxergar o quão importante esse demonstrativo é no contexto empresarial. O fluxo de caixa é uma das informações mais importantes em uma empresa e a falta dessas informações pode comprometer a saúde financeira da entidade. No mundo inteiro, milhares de empresas fecham suas portas anualmente, o que implica a existência de uma má gestão que, provavelmente, negligencia muitas informações que são de suma importância para o contexto de uma boa gestão. A quebra de empresas é algo que pode estar relacionado a vários fatores, mas um item que deve ser considerado e tem um impacto muito grande em qualquer empreendimento é o planejamento financeiro ou, em muitos casos, a sua ausência. A falta de planejamento financeiro ou a ausência total de fluxo de caixa e da previsão de fluxo de caixa (projeção de receitas e despesas) encontram-se entre as principais razões de falências ou insucessos de empresas (Marion, 2018). Nesse contexto, visando manter os usuários das demonstrações contábeis mais informados acerca da saúde financeira das empresa, o CPC (2019), por meio do Pronunciamento Técnico n. 0 (R2)/2019 pontua sobre a relevância de informações acerca do fluxo de caixa e determina a obrigatoriedade da realização da DFC (Figura 16). Figura 16 – O Pronunciamento Técnico n. 0 (R2)/2019 Fonte: Adaptado de CPC, 2019. Os usuários das demonstrações contábeis de uma entidade estão interessados em saber como a entidade gera e utiliza caixa e equivalentes de caixa. Esse é o ponto, independentemente da natureza das atividades da entidade, e ainda que o caixa seja considerado como produto da entidade, como pode ser o caso de instituição financeira. As entidades necessitam de caixa essencialmente pelas mesmas razões, por mais diferentes que sejam as suas principais atividades geradoras de receita. Elas precisam de caixa para levar a efeito suas operações, pagar suas obrigações e proporcionar um retorno para seus investidores. Assim sendo, este Pronunciamento Técnico requer que todas as entidades apresentem demonstração dos fluxos de caixa. 28 Essa obrigatoriedade pode justificar-se pelo fato de o caixa ser o coração da maioria dos aspectos do negócio, o que torna a DFC essencial para a empresa, uma vez que a sua prosperidade e a sua sobrevivência dependerão de sua capacidade de geração de caixa (Borinelli; Pimentel, 2018). Essa capacidade de gerar caixa poderá ser prevista caso a empresa possua informações que propiciem projeções futuras desses fluxos. Sem que se faça a projeção de fluxos de caixa, não é possível saber com antecedência quando se precisará de um financiamento ou quando se tem sobras de recursos para fazer investimentos, levando a insucessos financeiros empresariais (Marion, 2018). Assim, o CPC (2010) complementa contextualizando a relevância do demonstrativo para a tomada de decisões (Figura 17). Figura 17 – O Pronunciamento Técnico n. 3 (R2)/2010 Fonte: Adaptado de CPC, 2010. Conforme exposto pelo CPC (2010), os usuários da informação contábil (internos e externos) necessitam de informações, para a sua tomada de decisões, que evidenciem a capacidade que a empresa tem de gerar caixa, e isso é possibilitado pela DFC. Por meio da DFC um usuário pode identificar diversas situações, conforme Figura 18. Informações sobre o fluxo de caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como as necessidades da entidade de utilização desses fluxos de caixa. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da época de sua ocorrência e do grau de certeza de sua geração. 29 Figura 18 – Situações identificadas pela DFC Fonte: Adaptado de Borinelli; Pimentel, 2018, p. 88. Com suas informações, a DFC “[...] propicia ao administrador financeiro a elaboração de um planejamento mais adequado às necessidades reais da empresa, evitando, assim, que, eventualmente, possa haver recursos monetários inativos” (Rios; Marion, 2018, p. 311). Isso remeteria à existência de uma sobra de recursos que possam ser investidos pela empresa para que não fiquem parados no seu caixa. Por outro lado, também existe a possibilidade de haver falta de dinheiro para o capital de giro da entidade e a DFC “[...] pode evitar também que, em determinadas circunstâncias, a empresa fique desprovida de recursos para enfrentar seus compromissos ou suas despesas correntes” (Rios; Marion, 2018, p. 311). Perceba que, em decorrência de todas as características da DFC aqui apontadas, esse demonstrativo torna-se um relatório financeiro de extrema importância no contexto organizacional. A obrigatoriedade do demonstrativo por força da lei e do CPC (2019) tem sua fundamentação na relevância e na utilidade das informações evidenciadas pelo relatório aos usuários dessas informações. Nesse contexto, a DFC torna-se um dos principais relatórios que devem ser elaborados e divulgados pelas empresas, pois é uma das principais fontes de informações que irão subsidiar a tomada de decisões de diversos usuários. E o uso dessas informações deve ser base tanto para a gestão, quanto para (i) se a entidade está gerando caixa com as suas atividades operacionais; (ii) se a entidade está consumindo mais caixa ao invés de gerar caixa; (iii) se há indícios de comprometimento de caixa no futuro; (iv) se a geração de caixa é consistente ao longo do tempo, dentre outras coisas. 30 potenciais investidores, credores e demais interessados na entidade que divulga a informação. TROCANDO IDEIAS Considerando o que estudamos sobre a DFC, leia a notícia a seguir: Seis em cada dez empresas fecham em cinco anos de atividade, aponta IBGE Levantamento do instituto mostra que apenas 40% das empresas que foram abertas em 2012 continuavam em operação em 2017 Cerca de 40% das 597.200 empresas criadas em 2012 estavam ativas em 2017. Essa proporção, medida pela taxa de sobrevivência, aponta que seis em cada dez companhias encerraram suas atividades nesses cinco anos, período em que o país esteve por dois anos em recessão (2015 e 2016). Os dados são da Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo, divulgada nesta quinta-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2017, a pesquisa mostra que havia cerca de 4,5 milhões de empresas no país, 22.900 a menos em relação ao ano anterior. Eletricidade e gás foi a atividade com maior proporção de novas empresas no ano (23,3%), enquanto o setor de construção registrou o maior percentual de empresas que fecharam as portas (20,8%). A analista da pesquisa, Denise Guichard, explicou que o saldo de empresas no mercado vinha positivo por vários anos até 2013. “Havia quase 4,8 milhões de empresas em atividade no país, com um saldo de 175.000 em relação a 2012, e o número de empresas crescendo. Mas esse número vem se reduzindo, com saldos negativos em todos os anos desde 2014, quando teve a maior queda, de quase 218.000 empresas”. A tendência é que a taxa de sobrevivência se reduza com o passar dos anos. Por exemplo, das organizações criadas em 2012, 78,9% sobreviveram após um ano de funcionamento, 64,5% após dois anos, 55% após três anos, 47,2% após quatro anos e 39,8% estavam abertas em 2017. Já das 558.600 empresas criadas em 2008, 47,8% sobreviveram em cinco anos. (Seis, 2019) Considere que, entre os fatores que impactam a falência de empresas, esteja também o fluxo de caixa. Na sua opinião, considerando o que estudamos, qual a importância de informações acerca do fluxo de caixa no contexto empresarial? Será que elas realmente são importantes? Entre no fórum e debata o assunto com seus colegas. NA PRÁTICA 1. O CPC norteia as entidades para a elaboração da DFC, apresentando a estrutura conceitual para essa elaboração, todas as informações que devem compor o relatório, visando, acima de tudo, que os usuários da informação contábil tenham subsídios para a tomada de 31 decisão. Considerando os termos utilizados pelo CPC para a elaboração da DFC, analise as assertivas a seguir: I. O termo caixa representa o conjunto de bens e direitos da empresa, a aplicação de recursos. II. Fluxos de caixa dizem respeito a entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa. III. As atividades de investimento são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento. Agora, assinale a alternativa correta: a. Apenas I e III estão corretas. b. Apenas I e III estão corretas. c. Apenas II está correta. d. Apenas II e III estão corretas. e. Apenas III correta. 2. As alterações na Lei n. 6.404/1976, por meio da Lei n. 11.638/2007, determinam que, entre as demonstrações obrigatórias que devem ser elaboradas e publicadas ao fim de cada exercício social das empresas, encontra-se também a DFC (Brasil, 1976, 2007). Sobre a DFC, assinale a alternativa correta: a. A DFC é obrigatória para todas as companhias fechadas. b. A DFC é uma demonstração dinâmica. c. Utiliza-se o regime de competência na elaboração da DFC. d. Na DFC, os fluxos de caixa são segregados em Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. e. Para as companhias abertas, a DFC é obrigatória para as que possuem Patrimônio Líquido, na data do balanço, igual ou superior a 2 milhões de reais. FINALIZANDO Chegamos ao fim de nossa aula, na qual estudamos a DFC. Os temas tratados nesta aula foram: Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) Segregação dos fluxos por atividade 32 Métodos de elaboração da DFC: método direto Métodos de elaboração da DFC: método indireto Benefícios obtidos com a DFC Mais adiante estudaremos outro demonstrativo contábil importante para o contexto empresarial. Bons estudos e até a próxima aula! 33 REFERÊNCIAS BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas e outros profissionais: de acordo com os pronunciamentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e IFRS (Normas Internacionais de Contabilidade. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018. BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Brasília, p. 1, 17 dez. 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 19 fev. 2020. _____. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, Brasília, p. 2, 28 dez. 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 19 fev. 2020. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico n. 00 (R2): estrutura conceitual para relatório financeiro. Brasília, 10 dez. 2019. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/573_CPC00(R2).pdf>. Acesso em: 19 fev. 2020. _____. Pronunciamento Técnico n. 03 (R2): Demonstração dos Fluxos de Caixa. Brasília, 7 out. 2010. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/183_CPC_03_R2_rev%2014.pdf >. Acesso em: 19 fev. 2020. GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades – de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MARION, J. C. Contabilidade básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e intermediária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2018. SEIS em cada dez empresas fecham em cinco anos de atividade, aponta IBGE. Veja, 17 out. 2019. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/economia/seis-em- cada-dez-empresas-fecham-em-cinco-anos-de-atividade-aponta-ibge/>. Acesso em: 19 fev. 2020. 34 SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5. ed. ampl. e atual. São Paulo: Atlas, 2019. VICECONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade básica. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. 35 GABARITO 1. c 2. b