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Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. Seminário I REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA, OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E SUJEIÇÃO PASSIVA Aluna: Mariana Carla de Araújo Silva IBET Maceió Questões 1. Que é norma jurídica? E regra-matriz de incidência tribu- tária (RMIT)? Qual a função do consequente normativo? Norma jurídica, em sentido amplo, corresponde a enunciados prescritivos, proposições jurídicas e textos de lei. Contudo, em sentido estrito, norma jurídica corresponde à significação que atribuímos aos textos jurídicos, estruturadas na forma hipoté- tico-condicional, capaz de orientar condutas intersubjetivas. RMIT é a norma tributária em sentido estrito, com sentido completo. Ela estipula a incidência do tributo. Ademais, o con- sequente normativo é composto pelo critério pessoal e pelo critério quantitativo e prevê a relação jurídica de cunho patri- monial. 2. Distinguir: obrigação tributária e deveres instrumentais. Multa pelo não pagamento caracteriza-se como obrigação tributária? Justifique analisando criticamente o art. 113 do CTN. A obrigação tributária impõe o dever de pagar tributo, enquanto Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. os deveres instrumentais correspondem a meios necessários a operatividade da tributação, estabelecendo, portanto, o dever de fazer ou não-fazer. O CTN prevê no artigo 113 que o fato de não se cumprir a obrigação principal (pagar o tributo), a penalidade pe- cuniária (multa) converte-se em obrigação principal. Contudo, como poderíamos chamar de obrigação algo que está fora da lega- lidade? Esse é o caso da multa, ela decorre de um ato que está fora da legalidade. Sendo assim, devemos chamá-la de dever instru- mental e não de obrigação. 3. Que é sujeição passiva? Definir os conceitos de: (i) sujeito passivo; (ii) contribuinte; (iii) responsável tributário; e (iv) substituto tributário – distinguindo: substituição tri- butária para trás, para frente e convencional (concomi- tante); agente de retenção e substituição para frente. O responsável (art. 121, II, do CTN) é: (i) sujeito passivo da relação jurídica tributária; (ii) de relação de dever ins- trumental; ou (iii) de relação jurídica sancionatória? Entende-se por sujeição passiva a obrigação de prestar uma conduta. O sujeito passivo é a pessoa física ou jurídica de quem se exige o cumprimento da obrigação. O contribuinte é o sujeito passivo da obrigação tributária, aquele que faz parte da RMIT. O responsável tributário é aquele que assume a responsabili- dade que não era sua, mas não compõe a RMIT. Ademais, é ne- cessário a indicação de lei, a responsabilidade não poder ser presumida. Por outro lado, quanto ao substituto tributário, en- tende-se por aquele terceiro que deverá cumprir a obrigação do contribuinte. A substituição tributária para trás ou regres- siva é aquela que posterga o pagamento, ou seja, difere-se o pagamento do tributo. Enquanto a substituição para frente ou progressiva é aquela em que se antecipa o pagamento do tri- buto, como acontece, por exemplo, no pagamento de ICMS dos combustíveis, além disso, é a única prevista na CF. Na substi- tuição convencional, por fim, se atribui a obrigação do paga- mento do imposto a outro contribuinte, e não àquele que esteja Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. realizando a prestação de serviço/operação simultaneamente à ocorrência do fato gerador. Um exemplo é a substituição tribu- tária no serviço de transportes realizado por autônomos e por empresas que não estão inscritas no Cadastro de Contribuintes do ICMS no estado em que a atividade for iniciada. Nesse caso, o fato gerador do ICMS que seria de responsabilidade do pró- prio prestador do serviço passa a ser uma obrigação do toma- dor de serviço, ficando responsável pelo pagamento desse im- posto de acordo com a legislação. O responsável tributário po- derá ser sujeito passivo de relação jurídico tributária, de rela- ção de dever instrumental e sancionatória. Poderá ser sujeito passivo de relação jurídico tributária quando for designado a cumprir as obrigações decorridas da relação jurídico tributária. Poderá ser sujeito passivo de relação de dever instrumental sempre que o legislador determinar-lhe o cumprimento de obrigações de fazer ou não fazer, não sujeitas a apreciação de cunho econômico. Será polo passivo de obrigação jurídica de cunho sancionatório quando o responsável tributário for esco- lhido pelo legislador entre pessoas estranhas à ocorrência do fato tributário para assumir obrigações decorridas de sanção. 4. A empresa “A” adquiriu estabelecimento industrial da empresa “B” e continuou sua atividade. Aproximadamente um ano depois da aquisição, a empresa “A” é demandada pelo Fisco em relação a fatos geradores realizados pela empresa “B”. No contrato de compra e venda, não há disci- plina a respeito das dívidas tributárias anteriores à aqui- sição. Pergunta-se: a) Pode o Fisco, após a indigitada operação de compra e venda, exigir os tributos, cujos fatos geradores foram rea- lizados por “B” antes de sua aquisição, diretamente de “A”? Há relevância se houver no contrato cláusula de responsa- bilidade de “B” quanto aos débitos anteriores à operação? (Vide anexo I). Sim, pois a empresa “A” passou a ser responsável pelas obri- Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. gações tributárias da empresa “B” após a aquisição, conforme disposições dos artigos 129 a 133 do CTN. Não há relevância, pois as cláusulas dispostas em contratos particulares não po- dem ser alegadas perante o fisco, conforme prevê o artigo 123 do CTN. b) A empresa “A” sujeita-se às sanções tributárias materi- ais: (i) multa de mora, (ii) multa pelo não pagamento de tributo, (iii) juros e (iv) multa pelo descumprimento de deveres instrumentais, se aplicadas antes da operação de compra e venda? E se aplicadas depois da operação? (Vide anexos II e III). Observando estritamente o que prevê o artigo art. 132 do CTN, temos: “A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.” Logo, entendemos que apenas a obrigação de pagar tributos será atribuída aos sucessores. Além disso, há o princípio da pessoalidade da pena, o qual indica que apenas o responsável pela ilegalidade deverá responder por esta. Inde- pende de quando foram aplicadas, a empresa “A” não deverá responder pelas mesmas. Contudo, vale ressaltar que o STJ adota posicionamento contrário. 5. Quanto aos art. 124 e 135 do CTN, pergunta-se: a) Qual a espécie de responsabilidade prevista no artigo 135 do CTN? Poderia o fiscal lavrar auto de infração contra o contribuinte e, posteriormente, executar o sócio de for- ma solidária à empresa? (Vide anexos IV e V). O art. 135 do CTN trata da responsabilidade solidária. A res- ponsabilidadedeve ser averiguada antes da execução. Os no- Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. mes dos sócios devem constar na CDA. Além disso, deve haver prévio procedimento administrativo. E para que os sócios se- jam responsabilizados é necessário que tenham agido com ex- cesso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatuto. Não se trata apenas de mera infração as lei tributárias, tal como o não pagamento de tributo, mas infração de leis civis e comer- ciais que regem as ações dos administradores. b) A dissolução irregular da sociedade caracteriza infração à lei apta a ensejar a responsabilidade do(s) sócio(s) pelas dívidas da pessoa jurídica? Em caso positivo qual sócio ou administrador pode ser alcançado: o da época do inadim- plemento do tributo ou do momento em que ocorre a dis- solução irregular? (VI e VII e VIII) A Súmula 435 do STJ prevê: “Presume-se dissolvida irregular- mente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fis- cal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.” (Súmula 435, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/04/2010, DJe 13/05/2010). Nesses termos, caso a empresa deixe de funcio- nar sem comunicação prévia aos órgãos competente é legitimo o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente. Ademais, o sócio ou administrador responsável deverá ser aquele do momento em que ocorre a dissolução irregular. c) O mero inadimplemento da obrigação de pagar o tributo pode ser justificativa para aplicação do artigo 135 do Có- digo Tributário Nacional? (Vide anexos IX e X). Não. O que está previsto no artigo 135 do CTN deve ser aplica- do quando houver violação de leis cíveis e comerciais, não apenas quando acontecer violação a lei tributária, que é o que ocorre no mero inadimplemento da obrigação de pagar tributo. Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. 6. Quanto à caracterização de grupo econômico, pergunta-se? a) Que é grupo econômico? Quais são os requisitos para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, prevista no art. 50 do CC? Ela pode ser aplicada ao direito tributário para fins de caracterização de grupo econômi- co? Há dispositivos específicos na legislação tributária que fundamentem a responsabilização do grupo econômico? A caracterização implica reconhecimento de responsabili- dade solidária? (Vide anexo XI e XII). O artigo 265 da LSA prevê a constituição formal de grupo eco- nômico entre a sociedade controladora e suas controladas, por meio de convenção pela qual elas se obriguem a combinar re- cursos e/ou esforços para a execução das atividades integran- tes de seus objetos sociais e/ou para participar de atividades ou empreendimentos comuns. Conforme o art. 50 do Código Civil (CC), para haver a desconsideração da personalidade jurí- dica, é preciso que seja preenchido o seguinte requisito: "abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finali- dade ou pela confusão patrimonial". Sim, o art. 124, I do CTN prevê: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal”. Sim, caso seja caracterizado o grupo econômico, a responsabilidade será solidária. Ademais, o art. 135 do CTN prevê ainda: Art. 135. São pessoalmente res- ponsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tribu- tárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: (...) III - os dire- tores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de di- reito privado. b) Uma vez instaurado o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, nos termos dos arts. 133 e seguin- tes do NCPC (Lei nº 13.105 de 2015), a defesa apresentada pela pessoa jurídica responsabilizada pela obrigação tri- Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. butária de outra empresa integrante do mesmo grupo econômico pode versar sobre o mérito da cobrança (inexi- gibilidade do crédito tributário), ou apenas sobre a ilegi- timidade de sua inclusão no polo passivo da execução fis- cal? Em sua defesa, a empresa poderá alegar tanto a ilegitimidade de sua inclusão no polo passivo como a inexigibilidade do cré- dito tributário, pois caso a ilegitimidade de sua inclusão no po- lo passivo não seja aceita, este já estrará alegando como defesa a inexigibilidade do crédito tributário. 7. Dada a seguinte Lei (fictícia): Prefeitura de São Pedro, Lei n. 5.151, de 12/10/2015, D.M. 25/10/2015 Art. 1º Fica instituída taxa de conservação e limpeza urbana para o custeio do serviço público municipal de conservação e limpeza de vias públicas. Art. 2º A taxa tem como fato gerador a prestação do serviço de limpeza das vias públicas. Art. 3º A base de cálculo é o valor venal do imóvel. Art. 4º A alíquota é de 0,1%. Art. 5º O contribuinte é o proprietário do imóvel. Art. 6º Dá-se a incidência todo dia 1º de cada ano. Art. 7º A importância devida a título de tributo deve ser recolhida até o dé- cimo dia do segundo mês subsequente. §1 º No caso de locação, o locatário é responsável pelo recolhimento do tri- buto. §2 º No caso de compra e venda realizada antes do prazo para o pagamento e após o 1º dia do ano, o responsável pelo pagamento do tributo é o adquirente do imóvel. §3 º O não recolhimento no prazo estipulado implica multa de 20% do valor do tributo devido. Art. 8º Fica o contribuinte obrigado a entregar para a Secretaria de Planeja- mento Urbano declaração do valor imobiliário até o dia 10 de novembro de cada ano. Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. Parágrafo único. A ausência da entrega no prazo a que se refere o caput deste artigo implicará multa de 100 UFIRS. [...]. Pergunta-se: a) Construir as normas jurídicas veiculadas nessa lei, identificando os critérios do consequente da RMIT. - Quanto às hipóteses, define-se: Critério material: Quem possuir, locar ou adquirir imóvel lo- calizado em São Pedro terá serviço de limpeza das vias públicas e deverá pagar tributo (taxa). Critério espacial: Imóveis localizados em São Pedro. Critério temporal definido no “Art. 6º Dá-se a incidência todo dia 1º de cada ano.”. - Quanto aos consequentes, define-se: Critério pessoal: O sujeito ativo - “Prefeitura de São Pedro” e o sujeito passivo – “Art. 5º O contribuinte é o proprietário do imóvel.” e Art. 7º A importância devida a título de tributo deve ser recolhida até o décimo dia do segundo mês subsequente. § 1º No caso de loca- ção, o locatário é responsável pelo recolhimento do tributo.”. Critério quantitativo: “Art. 3º A base de cálculo é o valor venal do imóvel.” e “Art. 4º A alíquota é de 0,1% ." b) Quais as funções da base de cálculo? A base de cálculo eleita é compatível com a hipótese tributária? Se incompa- tíveis, qual deve prevalecer para efeito de se determinar a espécie tributária:o enunciado da hipótese tributária ou o enunciado da base de cálculo? Ambos? Nenhum dos dois? Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. As funções da base de cálculo são: Mensuradora – para medir as proporções reais do fato. Objetiva – Para determinar especi- ficamente a dívida (junto com a alíquota) e Comparativa – Para confirmar, afirmar ou infirmar o critério material da hipótese normativa. A base de cálculo estabelecida não é compatível. Nenhuma das duas devem prevalecer.
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