Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. Seminário II CONTROLE PROCESSUAL DA INCIDÊNCIA: DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE Aluna: Mariana Carla de Araújo Silva IBET Maceió Questões 1. Quais as espécies de controle de constitucionalidade exis- tentes no ordenamento jurídico brasileiro? Explicar as di- ferentes técnicas de interpretação adotadas pelo STF no controle de constitucionalidade (parcial com redução de texto, sem redução de texto, interpretação conforme a Constituição). Explicar a modulação de efeitos prescrita no art. 27 da Lei n. 9.868/99. Quais os impactos da atribuição de efeitos erga omnes ao recurso extraordinário repetiti- vos nos termos do CPC/15 sobre o controle de constituci- onalidade? O controle de constitucionalidade no ordenamento brasileiro é divido em controle abstrato e controle concreto. No controle abstrato não são analisados casos específicos e sim a norma. Nesse tipo de controle são utilizadas: a Ação Direta de Incons- titucionalidade (ADIN) - Ação de competência originária do STF que tem por objetivo a declaração de inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo federal ou estadual. Nesse tipo de ação, é feita a análise em abstrato da norma impugnada, sem avaliar sua aplicação a um caso concreto. A legitimidade ativa para propor a ação está prevista no art. 103 da CF; a Ação de Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. Descumprimento de Dever Fundamental (ADPF) - Ação de competência originária do STF, com efeitos erga omnes e vin- culantes, que visa reparar ou evitar lesão a preceito funda- mental, resultante de ato do Poder Público. Como instrumento de controle abstrato de constitucionalidade, também caberá para questionar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Cons- tituição Federal de 1988. Possui caráter subsidiário, sendo in- cabível sua propositura quando houver qualquer outra medida eficaz para sanar a lesividade. A legitimidade ativa para propor a ação está prevista no art. 103 da CF/1988; ou a Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) - Ação de competência originária do STF que tem como objetivo a declaração de conformidade de uma lei ou ato normativo federal autônomo (não regula- mentar) com a Constituição Federal. Nesse tipo de ação, é feita a análise em abstrato da norma impugnada, sem avaliar sua aplicação a um caso concreto. A legitimidade ativa para propor a ação está prevista no art. 103 da CF/1988. No controle concreto as ações podem ser arguidas por qual- quer cidadão. Nesse tipo de controle são analisados casos con- cretos, sendo assim, atribui-se a todo o Poder Judiciário a prerrogativa de declarar a incompatibilidade de uma norma com o texto constitucional. Quanto às técnicas de interpretação adotadas pelo STF, são de- finidos os seguintes conceitos: Interpretação Parcial com redução de texto – o STF declara in- constitucional apenas parte de um texto legal. Ou seja, perde a eficácia apenas parte do texto e o restante da norma continua constitucional. Interpretação Sem redução de texto - a Corte Constitucional li- mita-se a considerar inconstitucional apenas determinada hi- pótese de aplicação da lei, sem preceder à alteração do seu programa normativo. Ou seja, o que se retira da norma são hi- póteses, casos concretos em que se ela fosse aplicada seria in- constitucional. Interpretação conforme a Constituição - técnica que busca Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. dentre as diversas interpretações aquela que esteja conforme a Constituição Federal. Excluem-se outros possíveis sentidos. O art. 27 da lei 9.868/99 prevê: “Ao declarar a inconstituciona- lidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de se- gurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.” Significa, portanto, que esse artigo estipula uma hipótese para a declaração de in- constitucionalidade, a qual descreve um momento específico para a validade daquela decisão. Sendo assim, a partir do mo- mento definido, será possível considerar a norma em questão como inconstitucional, e a partir daí virão os efeitos dessa de- claração. Quanto ao efeito erga omnes previsto pelo CPC de 2015, verifi- ca-se que o importante está na relação a uniformização da ju- risprudência. É poder/dever do STF, ou qualquer Tribunal ori- entar as decisões de todos os órgãos a ele vinculados, bem co- mo tais tribunais e juízos singulares observem a jurisprudência do STF. O ideal é a busca intensa pela uniformização da juris- prudência e aplicação da teoria dos precedentes de forma vin- culativa. 2. Os conceitos de controle concreto e abstrato de constitu- cionalidade podem ser equiparados aos conceitos de con- trole difuso e concentrado, respectivamente? Que espécie de controle de constitucionalidade o STF exerce ao anali- sar pretensão deduzida em reclamação (art. 102, I, “l”, da CF)? Concreto ou abstrato, difuso ou concentrado? Sim. O controle de constitucionalidade difuso ou concreto é exercido por qualquer juiz ou tribunal. Também conhecido como controle por via de exceção. A pronúncia do Judiciário é feita sobre uma questão prévia, um caso concreto. Por outro Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. lado, o controle de constitucionalidade concentrado ou abstra- to é declarado independente de um caso concreto, ou seja, ba- seia-se apenas na norma. No caso previsto no artigo 102, I, “i” da Constituição Federal o STF atuará no controle concreto ou difuso. 3. Que significa afirmar que as sentenças produzidas em ADIN e ADECON possuem “efeito dúplice”? As decisões proferidas em ADIN e ADECON sempre vinculam os demais órgãos do Poder Executivo e Judiciário? E os órgãos do Poder Legislativo? O efeito vinculante da súmula referida no art. 103-A, da CF/88, introduzido pela EC n. 45/04, é o mesmo da ADIN? Justifique sua resposta. Em síntese essa afirmação quer dizer que as sentenças produ- zidas em ADIN e ADECON possuem “efeito dúplice” porque a procedência da ADIN equivale à improcedência da ADECON, e vice-versa. Por isso a ideia de “efeito dúplice”. As decisões pro- feridas em ADIN e ADECON vinculam-se ao Poder Executivo e ao Judiciário, contudo não se vinculam ao Poder Legislativo. As decisões de mérito do STF proferidas em ADIN possuem os mesmos efeitos de súmula vinculante, porém, não se limitam a efeitos vinculantes, pois tem efeitos erga omnes. 4. O STF tem a prerrogativa de rever seus posicionamentos ou também está inexoravelmente vinculado às decisões por ele produzidas em controle abstrato de constituciona- lidade? Se determinada lei tributária, num dado momento histórico, é declarada constitucional em ADECON, poderá, futuramente, após mudançasubstancial dos membros desse tribunal, ser declarada inconstitucional em ADIN? É cabível a modulação de efeitos neste caso? Analisar a questão levando-se em conta os princípios da segurança jurídica, coisa julgada e as disposições do art. 927, § 3o, do CPC/15. Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. O STF poderá rever o seu entendimento tanto nos casos de controle de constitucionalidade abstrato quanto nos casos de controle de constitucionalidade concreto. A simples mudança de membros do tribunal não consiste em motivo plausível a mudança de posicionamento do Supremo. Nesse caso não é ca- bível a modulação de efeitos. 5. O art. 535, §5º, do CPC/15 prevê a possibilidade de des- constituição, por meio de impugnação ao cumprimento de sentença, de título executivo fundado em lei ou ato norma- tivo declarados inconstitucionais pelo STF ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constitui- ção Federal em controle concentrado ou difuso. Pergun- ta-se: (i) É necessário que a declaração de inconstituciona- lidade seja anterior à formação do título executivo? E se for posterior, poderá ser alegada? Se sim, por qual meio? Há prazo para esta alegação? Sim. O referido artigo dispõe que, se o precedente do STF for posterior ao trânsito em julgado da ação executada, será ne- cessário o ajuizamento de ação rescisória para desconstituir o título. O prazo decadencial é de dois anos e terá início após o trânsito em julgado do precedente do STF invocado (artigo 535, parágrafo 8º). Portanto, toda decisão proferida pela corte constitucional, em qualquer modalidade de controle, terá o condão de reiniciar o prazo para propositura de ação rescisória de títulos judiciais há muito transitados em julgado, desde que incompatíveis com a nova orientação constitucional firmada pelo STF o que altera significativamente o perfil da coisa julga- da. 6. Contribuinte ajuíza ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária que o obrigue em relação a tri- buto cuja lei instituidora seria, em seu sentir, inconstitu- Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. cional (porque violadora do princípio da anterioridade). Paralelamente a isso, o STF, em ADIN, declara constitucio- nal a mesma lei, fazendo-o, contudo, em relação a argu- mento diverso. Pergunta-se: a) Como deve o juiz da ação declaratória agir: examinar o mérito da ação ou extingui-la, sem julgamento de mérito (sem análise do direito material), por força dos efeitos erga omnes da decisão em controle de constitucionalidade abs- trato? Nesse caso, o juiz deverá examinar o mérito da ação pois os ar- gumentos suscitados na ação declaratória de inexistência de re- lação jurídico-tributária são diferentes daqueles utilizados na ADIN. b) Se o STF tivesse se pronunciado sobre o mesmo argu- mento veiculado na ação declaratória (violação do princí- pio da anterioridade), qual solução se colocaria adequada? Caso a ação proposta mantivesse o argumento suscitado na ADIN, o Magistrado deveria analisar o mérito da ação e julgá-la no mesmo sentido do STF, pois dessa forma a decisão teria efeito erga omnes. 7. Se a referida ação declaratória já tivesse sido definitiva- mente julgada, poder-se-ia falar em ação rescisória com base no julgamento do STF (art. 966 CPC/15)? Qual o ter- mo inicial do prazo para ajuizamento da ação rescisória? E se o prazo para propositura dessa ação (2 anos) houver exaurido? Haveria alguma outra medida a ser adotada pe- lo Fisco objetivando desconstituir a coisa julgada, diante desse último cenário (exaurimento do prazo de 2 anos da ação rescisória)? Vide art. 505, I do CPC/15. Caso o prazo para o ajuizamento da ação rescisória ainda não Módulo Controle da Incidência Tributária O conteúdo desse material é de propriedade intelectual do ©IBET: é proibida sua utilização, manipulação ou reprodu- ção, por pessoas estranhas e desvinculadas de suas atividades institucionais sem a devida, expressa e prévia autoriza- ção. tenha terminado, poderá ser proposta a ação, no entanto, caso já tenha passado o prazo do ajuizamento da ação rescisória, não poderá haver nova discussão da matéria, nem mesmo em decorrência da apreciação pelo STF. O prazo para propositura da ação é de dois anos. Contudo, o artigo 505, I do CPC/15 pre- vê exceção apenas para: “relação jurídica de trato continuado” da qual “sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;”. Sendo assim, nas relações “continuativas”, a Fa- zenda Pública tem direito disponível para pedir, a qualquer tempo, a revisão do que foi determinado como objeto da coisa julgada. A decisão terá efeitos sempre ex nunc, ou seja, somente surtirá efeitos a partir da decisão de revisão da coisa julgada, sem qualquer possibilidade de retroatividade.
Compartilhar