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Trabalho Infecção Hospitalar

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INTRODUÇÃO
Considera-se Infecção Hospitalar, aquela adquirida após a admissão do paciente, que se manifesta durante a internação ou após a alta e que pode ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. Geralmente são diagnosticadas a partir de 48 horas após a internação.
Atualmente, tem-se sugerido a mudança do termo Infecção Hospitalar por Infecção Relacionada à Assistência de Saúde (IrAS). A IrAS é adquirida em função dos procedimentos necessários à monitorização e ao tratamento dos pacientes em diversas áreas além dos hospitais, como ambulatórios, centros diagnósticos ou mesmo em Home care. Além de prolongar o tempo de hospitalização do paciente, elevando o custo do tratamento, a Infecção hospitalar é também considerada a principal causa de morbidade e de mortalidade. 
O diagnóstico da Infecção Hospitalar é feito com base em critérios definidos por agências de saúde nacionais e estrangeiras, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos.
Alguns fatores podem estar relacionado às causas das infecções, podem ser eles:
• Fatores Intrínsecos ou Endógenos: estão relacionados ao paciente (Pacientes internados em UTI, recém nascidos prematuros, idosos, portadores de câncer, HIV soropositivos e aqueles submetidos a procedimentos de risco estão mais sujeitos a adquirir uma IH ou IRAS.)
• Fatores Extrínsecos ou Exógenos: estão relacionados a transmissão de agente contaminante dos profissionais, materiais, soluções e ambientes. 
Podem decorrer de falhas no processo assistencial, que elevam o risco de aquisição de IH pelos pacientes, como: 
· Falhas no processo de esterilização;
· Falhas no preparo de medicações parenterais;
· Falhas na execução de procedimentos invasivos;
· Falhas na técnica de lavagem das mão;
· Falhas na organização do trabalho;
· Falhas na postura do profissional;
· Falhas na estrutura física do local trabalho;
Entre outras.
LEGISLAÇÃO
Atualmente no Brasil, este tema tem sido abordado de maneira mais efetiva após a promulgação de Leis e Portarias.
Entre elas, destacam-se:
Decreto do MS n° 77.052 de 19/01/1976, em seu Artigo 2°, Item IV: determinou que nenhuma instituição hospitalar pode funcionar no plano administrativo se não dispuser de meios de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, pacientes e circunstantes. A fiscalização é responsabilidade dos órgãos estaduais - que devem avaliar as condições de exercício das profissões e ocupações técnicas e auxiliares diretamente relacionadas com a saúde.
Portaria nº 196 de 24/06/1983 - Ministério da Saúde – determinando a obrigatoriedade da existência de CCIH, independente da Entidade Mantenedora.
Lei nº 9.431 de 06/01/1997 – Dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção pelos hospitais do país, de Programa de Controle de Infecções Hospitalares.
Lei nº 6.437 de 20/08/1997 - Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências.
Portaria MS/GM nº 2.616 de 12/05/1998 – Regulamenta a Lei Federal nº 9.431/1997 e expede, na forma dos Anexos I, II, III, IV e V as diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções hospitalares.
Lei nº 9782 de 26/01/1999: criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Passando-se assim o Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar ser de responsabilidade da ANVISA.
Atualmente, o Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar está ligado à Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos (GIPEA) que é subordinada à Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde - ANVISA. 
RDC nº 48 de 02/06/2000 - aprova o Roteiro de Inspeção do Programa de Controle de Infecção Hospitalar, estabelecendo a sistemática para a avaliação do cumprimento das ações do Programa de Controle de Infecção Hospitalar.
RDC ANVISA nº 48 de 02/06/2000 – Direciona as VISAs na avaliação do cumprimento das ações do Programa de Controle de Infecção Hospitalar.
RDC nº 8 de 27 de fevereiro de 2009 – Dispõe sobre as medidas para redução da ocorrência de infecções por Microbactérias de Crescimento Rápido - MCR em serviços de saúde.
RDC ANVISA nº 07 de 24/02/2010 – Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva.
RDC ANVISA nº 42 de 25/10/2010 – Dispõe sobre a obrigatoriedade de disponibilização de preparação alcoólica para fricção antisséptica das mãos, pelos serviços de saúde do País
RDC ANVISA nº 63 de 25/11/2011 – Dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Saúde.
MEDIDAS DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR
Várias medidas possuem eficácia na prevenção de IRAS. Sendo as mãos um possível reservatório de micro-organismos que podem causar infecções, devemos adotar a higienização das mãos como importante aliado na rotina diária. A higienização das mãos é uma das medidas mais importantes na prevenção e controle das infecções. É uma ação simples, rápida e de baixo custo. Todos os profissionais que trabalham em serviços de saúde, que mantém contato direto ou indireto com o paciente ou que atuam na manipulação de alimentos ou medicamentos devem sempre higienizar as mãos. Visitantes e acompanhantes também devem seguir esta recomendação.
Existem diversos estudos científicos que comprovam que higienização das mãos atua diretamente na prevenção da transmissão das infecções. Independente do setor em que o paciente se encontre, seja no pronto-socorro, enfermaria ou unidade de terapia intensiva (UTI) deve-se sempre aderir ao procedimento da higienização das mãos ao simples contato com o paciente ou com objetos e superfícies. 
A limpeza do ambiente também é considerada parte importante no controle da transmissão das infecções, incluindo pisos, paredes, macas, cadeiras de rodas e mobília do quarto. As superfícies e objetos devem ser sempre limpos e, em algumas situações, também desinfetados. Porém, o principal meio capaz de transportar os micro-organismos dos objetos e superfícies contaminadas para os pacientes, são as mãos. Todos devem conhecer e se conscientizar da importância da higienização das mãos no atendimento prestado. Este procedimento resulta em qualidade e segurança ao paciente.
 	As mãos podem ser higienizadas com água e sabão ou com solução alcoólica (por exemplo: álcool gel) quando estiverem limpas. O importante é friccionar todas as superfícies das mãos (palmas, dorso, dedos e dedão, ponta dos dedos e punhos). Depois de higienizar as mãos com solução alcoólica, é preciso deixar que elas sequem naturalmente, não sendo necessário o uso de papel toalha.
Algumas recomendações importantes devem ser seguidas pelos pacientes e seus familiares para contribuir para a qualidade da assistência e a segurança do cuidado: 
• Tornar-se informado sobre sua doença, fazendo perguntas relacionadas ao tratamento;
 • Envolver um membro da família para estar acompanhando o tratamento;
• Higienizar as mãos sempre que necessário;
 • Solicitar à equipe de saúde que higienize as mãos quando necessário;
 • Comunicar à equipe de saúde qualquer alteração relacionada ao cateter ou curativo;
 • Solicitar a familiares e amigos a não visitarem caso estejam doentes;
 • Evitar tocar olhos, nariz e boca; 
• Cobrir nariz e boca com papel descartável quando tossir ou espirrar, desprezando após o uso;
 • Se for fumante, tentar suspender o fumo;
 • Vacinar-se anualmente contra gripe.
Segundo o manual do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar – SCIH (ANVISA, 2010), os tipos de precauções foram divididos conforme as necessidades de cada paciente, cada microrganismo, sendo que cada classe tem seus cuidados específicos que devem ser tomados, para que seja evitado o aumento da infecção hospitalar.
Precauções de Contato: esse tipo de precaução deve ser usado em todos os pacientes, indiferentes de estarem em isolamento ou não, tendo como objetivo prevenir a disseminação de doenças e infecções de transmissão por contato também se destinam nas situações desuspeita ou confirmação de doença ou colonização por microrganismos multirresistentes. Nesse caso o paciente fica em um quarto privativo, o uso de luvas e aventais é obrigatório, o transporte desse paciente deve ser evitado, quando necessário, o profissional deve manter todas as precauções de contato durante o trajeto desse paciente, artigos e equipamentos devem ser de uso exclusivo do paciente incluindo termômetro, esfigmomanômetro, devem ser limpos diariamente e desinfetados após a alta do paciente. (ANVISA 2010)
Precauções Respiratórias por Gotículas: a transmissão por gotículas ocorre através do contato próximo com o paciente. Gotículas de tamanho considerado grande (>5 micras) são eliminadas durante a fala, respiração, tosse, e procedimentos como aspiração. Atingem até um metro de distância, e rapidamente se depositam no chão, cessando a transmissão. Portanto, a transmissão não ocorre em distâncias maiores, nem por períodos prolongados. Exemplos de doenças transmitidas por gotículas: Doença Meningocócica e Rubéola. (ANVISA, 2010)
O quarto do paciente deve ser privativo com porta fechada, preferencialmente deverá dispor de sistema de ventilação com pressão negativa e filtro de alta eficácia é obrigatório o uso de máscaras comuns e individual, para todas as pessoas que entrarem no quarto, sendo desprezado na saída do quarto, o transporte também deve ser evitado, quando for necessário, o paciente deverá sair do quarto utilizando mascara comum (tipo cirúrgico). E obrigatório o uso de máscara tipo PFF2 – Peça Facial Filtrante II (Máscara N95) por todo profissional que prestar assistência ao paciente, devendo ser colocada antes de entrar no quarto e retirada somente após a saída, podendo ser reaproveitada pelo mesmo profissional enquanto não estiver danificada. (ANVISA, 2010).
Microrganismos multirresistentes: este tipo de precaução tem como objetivo estabelecer qual o perfil de sensibilidade bacteriana para os microrganismos de flora interna caracterizando-os como multirresistentes, estabelecer diretrizes para prevenção da disseminação de microrganismos multirresistentes. (ANVISA, 2010)
Para os pacientes com esses tipos de bactérias multirresistentes são necessários alguns cuidados, quarto privativo (priorizar os pacientes que de alguma maneira possam estar transmitindo facilmente estes agentes), manter distância entre os leitos (min. 3 pessoas), realizar a troca da paramentarão entre o atendimento aos pacientes, evitar acomodação no quarto de pacientes que possam ter evolução mais grave diante de infecções, internar com pacientes de baixo risco de aquisição e complicação e de provável internação curta, instituir Precauções de Contato por tempo não definido. (ANVISA, 2010)
O uso de luvas também é obrigatório para qualquer contato com o paciente ou seu leito, trocar as luvas entre procedimentos diferentes no mesmo paciente, descartar as luvas no próprio quarto e lavar as mãos imediatamente com antisséptico degermante (clorexidina ou triclosan), na falta deste usar sabão liquido, usar o avental sempre que houver possibilidade de contato das roupas do profissional com o paciente, com seu leito ou com material infectante se o paciente apresentar diarreia, ileostomia, colostomia ou ferida com secreção não contida por curativo, o avental passa a ser obrigatório ao entrar no quarto, cada profissional deve utilizar um avental individual descartável para cada paciente em isolamento, identificado com seu nome, que será dispensado ao final do plantão, ou antes, se houver sujeira visível, na impossibilidade da utilização do avental descartável, os aventais de tecido para uso comum (coletivo) deverão ser substituídos ao final de cada plantão, ou antes, nos casos em que houver sujidade visível, os aventais deverão ficar disponíveis no cabideiro na antecâmara dos quartos de isolamento, ou na falta desta, dentro do quarto de isolamento próximo a porta de entrada.(ANVISA 2010).
Os equipamentos são todos de uso exclusivo para o paciente, incluindo termômetro, estetoscópio e esfigmomanômetro devem ser limpos diariamente e desinfetados (ou esterilizados) após a alta, estes pacientes também devem evitar serem transportados, quando necessário, o profissional devera seguir as precauções de contato durante todo o trajeto para qualquer contato com o paciente. (ANVISA 2010).
MEDIDAS GERAIS DE PREVENÇÃO DE INFECÇÃO HOSPITALAR
Nas ações de prevenção e controle das IRAS estabelecer prioridades é fundamental. O estabelecimento de políticas e a padronização da implantação e manutenção de dispositivos invasivos devem ser priorizados.
O acompanhamento da execução de procedimentos deve ser proposto, além da adoção de indicadores de resultados e avaliação criteriosa da estrutura. Existindo boas condições de estrutura, é mais provável que se obtenha um processo adequado e um resultado mais favorável.
Foi realizada uma análise documental das principais políticas, normas e boletins informativos sobre IRAS publicados no Brasil. Foram definidas como fontes de pesquisa primárias o Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Diário Oficial da União, por se tratar de órgãos responsáveis pela área da saúde e de meio de divulgação oficial de normativas no país. Utilizou-se também estudos publicados em revistas científicas e de congressos na área, além de informações da Organização Mundial da Saúde, uma vez que as informações governamentais publicadas no país sobre IRAS nem sempre são completas.
Controlar a infecção é garantir a qualidade dos serviços e atendimentos prestados dentro da instituição. SCIH é o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, implantado de acordo com as normas da vigilância sanitária, é responsável por executar as atividades definidas pela CCIH (Comissão de Controle de Infecção hospitalar). 
O Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) é o núcleo executivo da CCIH e atua de forma ativa na prevenção e controle de infecções hospitalares; tem como objetivo elaborar e instituir medidas para redução da incidência e gravidade dessas enfermidades.
A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) é um órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição, sendo normatizada legalmente de acordo com a Portaria 2.616 de 1998 do Ministério da Saúde. A CCIH tem como finalidade elaborar, executar e avaliar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar.
Atribuições da CCIH: 
• Medir o risco de aquisição de infecção hospitalar, avaliando prioridades para seu controle
• Avaliar todos os cuidados prestados direta ou indiretamente ao paciente a fim de se identificar problemas e apontar soluções
• Atualizar-se teoricamente sobre as IH, sendo o respaldo científico-legal de toda a comunidade hospitalar
Cabe a autoridade máxima da instituição:
· Constituir e nomear formalmente a CCIH
· Propiciar infra-estrutura para funcionamento da CCIH
· Aprovar e fazer respeitar o Regimento Interno da CCIH
· Garantir a participação do representante da CCIH nos órgãos colegiados deliberativos da instituição
· Garantir o cumprimento das recomendações pela Coordenações Municipal, Estadual / Distrital e Nacional do CIH
 Pontos negativos para a instituição por não ter uma CCIH/ SICH atuante:
· Aumento das taxas de letalidade e mortalidade
· Aumento dos custos hospitalares com pacientes com IH
· Diminuição da oferta de leitos
· Marketing negativo
Além de:
· Questões assistenciais (relacionadas à qualidade da assistência)
· Questões econômicas (aumento dos custos hospitalares, aumento do tempo de internação)
· Questões éticas (PAS prestando assistência sem os recursos necessários)
· Implicações legais (considerar crimes de homicídio, lesão corporal ou ameaça da vida e da saúde; dano à integridade física, sujeito e reparação, na forma determinada pelo código civil)
· Paciente: dor, sofrimento, absenteísmo, afastamento da família e convívio social.
PCIH
O PCIH é um conjunto de ações definidas anualmente e que sofrem avaliações constantes, com vistas à redução máxima possível da incidência e dagravidade das infecções hospitalares.
SCIRAS
 O SCIRAS, é um serviço técnico profissional contratado para executar as ações determinadas pela CCIRAS (Comissão de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde). O trabalho tem três dimensões principais: vigilância, prevenção e educação. A vigilância de infecções hospitalares diz respeito a apuração de indicadores epidemiológicos de infecções relacionadas à assistência à saúde e o seu acompanhamento ao longo do tempo.
Deve conter num PCIH/SCIRAS: 
· Objetivos, metas e plano de ações que vissem prevenção e controle de IRAS e RM.
· Definição de documentos técnicos de prevenção e controle de IRAS.
· Plano de capacitação sobre prevenção e controle das IRAS para profissionais do serviço.
· Orientações sobre a vigilância epidemiológica das IRAS.
· Acompanhamento continuo dos indicadores.
ORGANIZAÇÃO DO PROGRAMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO:
Deve ser definido claramente, com os objetivos baseados na epidemiologia, na avaliação do risco e nas prioridades do hospital para a prevenção e controle de infecção e a propagação da RM.
Essas informações podem ser acessadas nas reuniões da Comissão (CCIH), na avaliação do Relatório Anual do SCIH, nas visitas de auditoria nos setores, dentre outras.

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