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Parecer STF - Criminalização de homotransfobia (Passei Direto)

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(VOTO UNÂNIME)
O Grupo decidiu por acompanhar o entendimento e os votos dos ministros Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Marco Aurélio.
Como é sabido, o assunto tratado pelo Supremo Tribunal Federal é de grande importância para a sociedade, uma vez que com o passar dos anos a discriminação e o preconceito contra homossexuais e transexuais já não são mais admitidos no meio social, uma vez que são encarados com grande desprezo pela maioria.
Necessário ressaltar que os homossexuais e transexuais possuem total direito ao bem-estar, bem como aos demais direitos garantidos na Constituição Federal, devendo estes serem garantidos e resguardados de qualquer ato de preconceito e discriminação que possam viola-los, tornando-se indispensável a erradicação destes atos desrespeitosos pelo Estado.
Contudo, a decisão do STF de enquadrar estes atos como crimes de racismo em razão da omissão legislativa não deve prosperar, visto que não se trata de função atípica do Judiciário, mas sim de função descabida, pois tal função é exclusiva do Legislativo. 
Apenas o Poder Legislativo possui a autonomia para criminalizar alguma conduta, neste sentido, competiria ao Congresso a criação de Lei para criminalizar a discriminação e o preconceito contra homossexuais e transexuais, atribuindo a devida penalização ao infrator. 
Tal decisão do STF não respeita a Separação de Poderes e, além disso, fere os princípios da legalidade e da reserva legal dispostos no art. 5º, inciso XXXIX, de nossa Carta Magna:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
Não obstante ao já previsto em nossa Lei Maior, o art. 1º do Código Penal, enfatiza:
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Tal previsão assegura ao cidadão brasileiro de não ser punido por um tipo incriminador que não estivesse previsto antecipadamente em lei, sendo a lei um pressuposto jurídico necessário para a punição do Estado ao indivíduo. O que cabe ao judiciário é interpretar a lei e aplicá-la, respeitando o trâmite correto de um Estado Democrático de Direito, sem tomar a devida função conferida ao Poder Legislativo.
Para não ocorrer essa flagrante inovação legislativa, que afronta o princípio da Separação dos Poderes, o Grupo segue o entendimento do ministro Ricardo Lewandowski, para que seja reconhecida a mora legislativa e que seja dada ciência ao Congresso Nacional para as providências necessárias, e conforme explanado pelo ministro Marco Aurélio, a lei do racismo não pode ser ampliada em razão da taxatividade dos delitos expressamente nela previstos.
Ainda, com base no entendimento do ministro Marco Aurélio, consideramos inadequada a junção de tal questão à Lei de Racismo, por conta da taxatividade prevista em lei, sendo necessária uma lei especifica para tipificar penalmente a conduta discriminatória e preconceituosa contra os homossexuais e transexuais.
Com isso se observa a importância do Congresso Nacional analisar o caso e entender o real interesse do Estado no caso em tela, pois é de conhecimento de todos que o dever do Estado é promover o bem de todos, independente de sexo, cor, religião ou qualquer outro tipo de discriminação, conforme o que a o artigo 3º, IV expressa:
Art. 3º constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
 IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Diante de todo o exposto, o Grupo, em comum acordo, segue o pensamento contra a decisão proferida, mencionando novamente que sim, é de grande importância a preservação dos direitos da comunidade LGBT, e ainda mais importante criminalizar e punir quem afronta os direitos fundamentais dos mesmos. Porém, deve-se respeitar o devido processo de criação das Leis criminais, não sendo admitido enquadrar uma conduta como ato delituoso sem a prévia previsão legal, observando os princípios da legalidade e da reserva legal, bem como a Separação de Poderes prevista na Constituição Federal.
Conclusão:
Assim, com base nos entendimentos dos ministros Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Marco Aurélio e em seus votos, ratificamos que o tema é de extrema importância social, pois está diretamente relacionado com a proteção dos direitos fundamentais previstos em nossa Constituição Federal, portanto é necessário que esta demanda seja devidamente atendida pelo Congresso Nacional, uma vez que é de sua competência legislar e tipificar os crimes de homofobia e transfobia. O conceito estabelecido de crimes contra racismo possui aspectos biológicos e fenótipos e não pode ser confundido com a homofobia e a transfobia.

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