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TCC KATARINA

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56
FACULDADE BOA VIAGEM
CURSO DE DIREITO
KATARINA NATHALIA PINHEIRO BRUNO LIMA
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS CRIMES AMBIENTAIS
RECIFE
2016
KATARINA NATHALIA PINHEIRO BRUNO LIMA
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS CRIMES AMBIENTAIS
Monografia apresentada ao curso de Direito, da Faculdade Boa Viagem, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. MSc. 
RECIFE
2016
KATARINA NATHALIA PINHEIRO BRUNO LIMA
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS CRIMES AMBIENTAIS
Monografia apresentada ao curso de Direito, da Faculdade Boa Viagem, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. MSc. Wagner Arandas
Aprovada em: ___/___/_____.
__________________________________________________
Prof. MSc. Wagner Arandas (Orientador)
Faculdade Boa Viagem
__________________________________________________
Prof.
Faculdade Boa Viagem
__________________________________________________
Prof.
Faculdade Boa Viagem
Dedico o presente trabalho aos meus pais, Vital Fernando Barbosa Lima e Patricia Vânia Pinheiro Bruno Lima, por não medirem esforços para que eu concluísse essa etapa da minha vida, por acreditarem na minha capacidade sempre me encorajando de forma a tornar real o sonho da graduação proporcionando o nascimento de novas perspectivas.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao longo de minha vida, e não somente nestes anos como universitária, mas que em todos os momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer.
Ao meu PAI, Vital Fernando Barbosa Lima, que nunca pensou duas vezes ao investir no meu futuro, e é a ele que devo esta formação. A minha Mãe, Patricia Vânia Pinheiro Bruno Lima, que sempre esteve ao meu lado nas minhas escolhas, apoiando-me e incentivando-me a ser sempre melhor.
Agradeço ao meu noivo Brunno Mattos Rigaud de Andrade que de forma especial e carinhosa me deu força e coragem, se mostrando presente nos momentos de dificuldades.
À toda minha família e todos aqueles que sempre me apoiaram e torceram por esta conquista.
E por fim, ao meu orientador Wagner Arandas por todo amparo e direcionamento.
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê”.
(Arthur Schopenhauer)
RESUMO
Sendo a Constituição Federal hierarquicamente superior à todas outras previsões legais e ramos do Direito, é de grande importância a adequação do Direito Penal às garantias e princípios Constitucionais. Entre estes princípios, o princípio da insignificância, conhecido também como princípio da bagatela, que atua com o intuito de excluir na seara penal, condutas insignificantes. Destarte o presente trabalho tem presunção de estudar a incidência do princípio da insignificância nos crimes contra o meio ambiente, abordando sua evolução histórica e seu conceito. Assim como o posicionamento da doutrina e sua aplicação jurisprudência.
Palavras-chave: Principios, Estados e Crimes Ambientais. 
ABSTRACT
As the Federal Constitution hierarchically superior to all other legal provisions and branches of the law, is of great importance to the adequacy of the criminal law guarantees and principles Constitutional. Among these principle, the principle of insignificance, also known as the principle of bagatelle, which acts in order to exclude the criminal harvest, petty behavior. Thus the present work is presumed to study the incidence of insignificance principle in crimes against the environment, addressing its historical evolution and its concept. As the positioning of the doctrine and its application law.
Keywords: Principles, States and Environmental Crimes.
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	10
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL	12
2.1 ASPECTOS GERAIS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS	12
2.3 CONSTITUICIONALIZAÇÃO DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE	14
2.4 RELAÇÕES ENTRE O DIREITO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL	15
3. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA	19
3.1 ORIGEM HISTÓRICA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA	19
3.2 CONCEITO DE PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA	21
3.3 CONCEITO DE TIPICIDADE MATERIAL	25
3.4 PRINCIPIOS NORTEADORES DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA	29
3.4.1 Principio da Igualdade	29
3.4.2 Principio da Legalidade	30
3.4.3 Principio da Liberdade	31
3.4.4 Princípio da Fragmentariedade	32
3.4.5 Princípio da Subsidiariedade	33
3.4.6 Princípio da Proporcionalidade	33
3.5 REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA SEGUNDO O STF	34
4. DOS CRIMES AMBIENTAIS	37
4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS	37
4.2 TIPOS DE CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE	40
4.2.1 Crimes Contra a Fauna	40
4.2.2 Crimes Contra a Flora	40
4.2.3 Da Poluição e Outros Crimes Ambientais	41
4.2.4 Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural	42
4.2.5 Crimes Contra a Administração Ambiental	42
5. DA APLICAÇÃO DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE.	43
5.1 APLICAÇÃO DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE SEGUNDO O SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA.	43
5.2 APLICAÇÃO DO PRÍNCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE SEGUNDO O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.	47
6. CONCLUSÃO	50
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como propósito e objeto a análise da incidência do princípio da insignificância especificamente nos crimes contra o meio ambiente, bem como sua aplicação nos Tribunais brasileiros.
Através do Poder Legislativo, normas são criadas com a finalidade de tipicar condutas que possivelmente causem lesões aos bens juridicamente protegidos. No entanto, muitas vezes condutas irrelevantes e de ínfima lesão para o Direito Penal, são tipificadas. É nesta deficiência, pode-se dizer, que o princípio da bagatela atua, tendo como seu “Pai” o ilustre jurista alemão Claus Roxin, no qual reintroduziu tal princípio após a Segunda guerra Mundial, e mostrou sua grande importância para aperfeiçoar a aplicação do Direito Penal. 
Cabe ao princípio da insignificância poupar o Direito Penal de condutas irrelevantes que não resultam em danos significativos a ponto de lesionar o bem jurídico tutelado, resguardando-o em sua essência, como ultima ratio, último recurso.
Começando com o dos direitos fundamentais previsto na Carta Magna de 1988 e os princípios mais relevantes, implícitos e explícitos, dando ênfase ao artigo 225º da Constituição Federal, garante à todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
Dando continuidade com a origem histórica, bem como o conceito do princípio da insignificância, seus princípios norteadores e os requisitos necessários para aplicação do princípio, segundo o Supremo Tribunal Federal-STF. E ainda no mesmo capitulo a abordagem do conceito de tipicidade material, para melhor compreender o princípio da insignificância. 
Os crimes contra o Meio ambiente, será objeto do terceiro capitulo, neste serão analisados o conceito de meio ambiente, bem como deus desdobramentos em ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho. No mesmo capitulo será tratado da tipificação dos crimes ambientais e suas respectivas previsões legais.
E por fim no ultimo capitulo será observado a aplicação do princípio da insignificância nos Tribunais Pátrios, mais especificamente diante do Supremo Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal, em relação aos crimes ambientais.
Dessa forma, a finalidade deste trabalho é analisar a incidência do princípio da insignificância nos crimes contra o meio ambiente, assim como apresentar entendimentos, mediante o estudo da doutrina e da jurisprudência a respeito do tema em comento.
Vale salientar, que para realizar os estudos e pesquisas apresentados no trabalho em questão, foi utilizado o método dedutivo baseado em estudos doutrinários diversos e jurisprudências acerca do assunto, que materializadas em textos, livros e decisões jurisprudenciais propriamente ditas. Outrossim, para a pesquisa detais informações várias fontes foram consultadas como a biblioteca da Faculdade Boa Viagem e ainda textos presentes em sites diversos.
Cabe enfatizar, por fim, que o presente trabalho foi realizado através do método dedutivo, utilizando-se de estudos e pesquisar aqui apresentados, com embasamento em diversos estudos doutrinários e jurisprudenciais a respeito do tema abordado, materializados em livros, textos, bem como decisões jurisprudenciais. Foram utilizados como fronte de pesquisa livros da biblioteca da Faculdade Boa Viagem e bibliotecas publicas, para elaboração deste trabalho. 
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
2.1 ASPECTOS GERAIS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Primordialmente os direitos e garantias fundamentais manifestaram-se com a finalidade de estabelecer limites e comedir as atuações do Estado e das autoridades por ele constituídas. Com o propósito de preservar a liberdade do indivíduo perante a atuação abusiva do Estado.
Destarte, após a segunda Guerra Mundial os direitos e garantias fundamentais foram consagrados explicitamente nas constituições, como resposta às atrocidades sofridas pelo povo. A sociedade passou a preocupar-se com a proteção aos direitos da pessoa humana, depois de tanta instabilidade entre diversos países e violências cometidas por regimes nazistas e fascistas. Esses direitos evoluem de acordo com a sociedade e os novos interesses que vão surgindo.
Neste sentido, é imprescindível citar José Afonso da Silva:
O reconhecimento dos direitos fundamentais do homem em enunciados explícitos nas declarações de direitos, é coisa recente, e está longe de se esgotarem suas possibilidades, já que a cada passo na etapa da evolução da Humanidade importa na conquista de novos direitos. Mais que conquista, o reconhecimento desses direitos caracteriza-se como reconquista de algo que, em termos primitivos, se perdeu, quando a sociedade se dividira em proprietários e não proprietários. (SILVA, 2007, p.500)
Norberto Bobbio aduz que: 
O elenco dos direitos do homem se modificou, e continua a se modificar com a mudança das condições históricas, ou seja, dos carecimentos e dos interesses, das classes no poder dos meios disponíveis para realização dos mesmos, das transformações técnicas etc. Direitos que foram declarados absolutos no final do século XVIII como a propriedade sacre et inviolable, foram submetidos a radicais limitações nas declarações contemporâneas; direitos que as declarações do século XVIII nem sequer mencionavam, como os direitos sociais, são agora proclamados com grande ostentação nas recentes declarações. (BOBBIO, 2004, p.27)
No Brasil, a redemocratização deu início em 1985, o que acabou impulsionando a promulgação da Carta Maior de 88 onde foi um grande marco para a democracia e para os direitos humanos e fundamentais. A partir do preâmbulo da Constituição de 88 é notável o compromisso ideológico com os direitos e garantias fundamentais da pessoa humana:
Para instituir um Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça, como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
Tal compromisso manifesta-se por toda Constituição Federal, tanto de forma implícita como explicita. A Carta Magna tem um forte apelo social, posto fim as décadas que o país passou sob regime militar, nela é garantido à todos os cidadãos brasileiros condições minimas para uma vida digna com direito à liberdade, à igualdade, à moradia e à segurança como previsto do artigo 5º ao 17º da Carta Magna.
Destarte, versa o Professor Jorge Miranda:
A Constituição confere uma unidade de sentido, de valor e de concordância prática ao sistema dos direitos fundamentais. E ela repousa na dignidade da pessoa humana, ou seja, na concepção que faz a pessoa fundamento e fim da sociedade e do estado. (MIRANDA,200,p.180)
Segundo o Doutrinador José Afonso da Silva: 
É a primeira vez que uma Constituição assinala especificamente objetivos do Estado brasileiro, não todos, que seria despropositado, mais os fundamentais, e entre eles, uns que valem como base das prestações positivas que venham a concretizar a democracia econômica, social, cultural, a fim de efetivar na prática a dignidade da pessoa humana. (SILVA, 2001, p.110)
Desta forma, é notável o quanto a Carta Política de 1988 destacou o direito à dignidade da pessoa humana e os direitos e garantias fundamentais como à liberdade, à segurança, à igualdade, à vida e a propriedade. 
2.3 CONSTITUICIONALIZAÇÃO DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE 
Considerada uma das mais avançadas sobre o tema em todo o mundo, a Constituição de 1988 foi a primeira, aqui no Brasil, a tratar de forma especifica, sobre o meio ambiente, lhe destinando um capitulo próprio em seu artigo 225, caput:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
O direito ao meio ambiente foi reconhecido como direito fundamental do ser humano pela Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano de 1972, explicitado em seu primeiro principio da declaração em comento:
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade, e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio cuja qualidade lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar e tem a solene obrigação de proteger e melhorar esse meio para as gerações presentes e futuras.(A CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE, 1972)
Em 1992 foi reiterado pela Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e em 1997 pela Carta da Terra, também realizado na cidade do Rio de Janeiro. Desta forma, esse novo direito fundamental foi alcançando cada vez mais espaço nas constituições modernas, especialmente na brasileira. Sobre a relevância do direito fundamental ao meio ambiente, leciona Norberto Bobbio: “O mais importante deles é o reivindicado pelos movimentos ecológicos: o direito de viver num ambiente não poluído”. (NOBBIO,1992, p.6)
Garantir ao ser humano um ambiente sadio é garantir ao mesmo o direito à vida, não só do aspecto físico e da saúde, visto que um meio ambiente ecologicamente equilibrado é necessário para compor uma vida digna à uma pessoa.
2.4 RELAÇÕES ENTRE O DIREITO PENAL E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
 
A Constituição ocupa um status hierarquicamente superior em comparação às outras normas, tendo que as demais normas de matéria infraconstitucional segui-las. Da Carta Maior, provem todos os outros códigos, serve de referência para as outras normas, pode-se denominá-la de matriarca do ordenamento jurídico brasileiro.
Com Maestria leciona Hesse:
A ordem fundamental jurídica da coletividade. Ela determina os princípios diretivos segundo os quais deve-se formar unidade política e tarefas estatais a ser exercidas. Ela regula procedimentos de vencimentos de conflitos no interior da coletividade. Ela ordena a organização e o procedimento da formação da unidade política e da atividade estatal. Ela cria bases e normaliza traços fundamentais da ordem total jurídica. Em tudo, ela é o plano estrutural fundamental, orientado por determinados princípios de sentido para a configuração jurídica de uma coletividade. (HESSE. 1998. P.37)
Já o Direito Penal pode ser conceituado como um ramo do direito público, formado por um conjunto de normas jurídicas que controlam o poder de punir do Estado.Tutelando os bens jurídicos de maior relevância socialmente e deve ser usado em sintonia com o principio da intervenção mínima, também conhecido como a ultima ratio, em outros termos, que o Direito Penal só deve ser aplicado quando realmente necessário, de ultimo caso, quando os demais ramos do direito foremineficazes diante de determinada situação.
Nesse sentido Lopes:
O princípio da intervenção mínima, também conhecido como a ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir maior necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de sanção e ou outros meios de controle social revelarem-se suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalização é inadequada e não recomendável. Se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais. (LOPES, 1999, p.92)
Cabe ressaltar que o princípio da intervenção mínima é amparado por outros dois princípios, o da subsidiariedade e o da fragmentariedade. Deste modo o Direito Penal não pode ser usado como único instrumento, sua aplicação deve ser subsidiária e fragmentada, a tutela penal deve estar voltada apenas para delitos que mereçam ser punidos penalmente.
Por ser o Direito Penal uma norma hierarquicamente inferior à Carta Maior, esta é subordinada à Constituição. Sendo assim a Carta Magna serve de paradigma para as normas penais. Na busca de paz social o Estado atua, através do Poder Legislativo, como legislador criando normas, dentre as quais merecem destaque as normas penais, uma vez que são intituladas como fontes formais imediatas do Direito Penal, tendo como fontes principais o Código Penal e de Processo Penal, assim como as legislações complementares.
A Carta Política de 88 cumpre um papel preponderante como fonte do Direito Penal, visto que atua como fonte de autorização e validação “jus puniende” – Direito de Punir do Estado; É de extrema importância versar sobre o princípio da legalidade amparado pelo princípio da reserva legaç, uma vez que tal princípio serve para legitimar a atuação do Estado na esfera penal. Esse princípio é versado no artigo 5º da Carta Magna, inciso II e no artigo 1º do Código Penal:
Constituição Federal, Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
Código Penal, Artigo 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (CÓDIGO PENAL BRASILEIRO, 1984)
Deste modo as normas penais devem submissão à Constituição. A Carta Magna estabelece a limitação das normas que estão hierarquicamente abaixo dela, entre estas estão incluídas as normas penais, essas limitações desdobram-se em limitação de natureza formal e limitação de natureza material.
De acordo com a limitação de natureza formal, as normas só podem ser editadas em consonância com as normas e princípios da Constituição, pois estes regulamentam a elaboração da lei penal. A título de exemplo, é vedada a criação de lei penal maléfica retroativa, pois é contraria ao princípio da irretroatividade das leis penais. 
No que diz respeito a limitação de natureza material, essa tem como objeto matérias que são imutáveis e não podem sofrer alterações, desta forma, impede que normas penais sejam criadas em desconformidade com os princípios e garantias previstos na Carta Maior e tidos como cláusulas pétreas. Como por exemplo, a criação de uma lei que adote a pena de morte, estará desrespeitando o direito à vida, previsto na Constituição Federal. 
2.5 PRINCÍPIOS PENAIS COSTITUICIONAIS
A palavra princípio vem do latim, principium, e remete à ideia de começo, origem. Também vale salientar que princípios são normas positivadas constitucionalmente, podendo ser explícitos ou implícitos. Servem como recurso para melhor compreensão e aplicação do direito nas relações jurídicas. 
Como sabido o Direito Penal é visto como principal ramo do Direito Público, pois carrega em si o poder Punitivo Estatal, por esse motivo os princípios são indispensáveis para melhor aplicação do Direito Penal. Luiz Regis Prado aduz que:
Tais princípios são considerados como diretivas básicas ou cardeais que regulam a matéria penal, sendo verdadeiros pressupostos técnico-jurídicos que configuram a natureza, as características, os fundamentos, a aplicação e a execução do Direito Penal. Constituem, portanto, os pilares sobre os quais assentam as instituições jurídico-penais: os delitos, as contravenções, as penas e as medidas de segurança, assim como os critérios que inspiram as exigências político-criminais. (PRADO, 2010, p.65)
Miguel Reale entende princípios como: 
Verdades fundantes de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas necessidades de pesquisa e da práxis. (REALE, 1991, p.299)
Destarte, princípios servem de alicerce para a ordem jurídica que encontram-se em um nível hierarquicamente superior e vale-se também de fundamento para todo sistema jurídico vigente. Deste modo, normas penais ordinárias criadas em desencontro com os princípios constitucionais não terão validade, violar um princípio é a transgressão do sistema como um todo. 
3. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
3.1 ORIGEM HISTÓRICA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
O princípio da insignificância, também conhecido como princípio da bagatela, originou-se no Direito Romano, com embasamento no chamado brocardo “mínima non curat praetor”, ou “minimis nom curat praetor”, ou “minimis praetor nom curat. O qual orienta o Direito Penal a não ocupar-se de delitos bagatelares, irrelevantes. Desta forma é imprescindível citar Carlos Vicos Mañas :
[...] pode-se afirmar que o princípio já vigorava no direito romano, pois o pretor, em regra geral, não se ocupava de causas ou delitos insignificantes, seguindo a máxima contida no brocardo “minimis non curat pretor. (MAÑAS, 1994,p.96)
Nesse sentido, José Henrique Guaracy Rebêlo, aduz que:
A mencionada máxima jurídica anônima, da Idade Média, eventualmente usada na forma minimis non curat praetor, significa que um magistrado deve desprezar os casos insignificantes para cuidar das questões realmente inadiáveis”. De acordo, pois, com o brocardo romano, não é função do pretor cuidar dos delitos bagatelares, pois só deve ocupar-se das lesões significantes, as quais são capazes de comprometer a paz e a ordem da sociedade. (REBÊLO, 2000, p.31)
A máxima jurídica mencionada serviu como base para o brilhante jurista Claus Roxin que em 1964 na Alemanha, reintroduziu e aperfeiçoou a Insignificância como principio no direito penal. Em 1972, foi consagrado com sua obra “Política Criminal y Sistema Del Derecho Penal”, para Roxin deve-se excluir a tipicidade material de delitos considerados irrelevantes. Contanto, o direito penal apenas deve intervir diante de condutas que lesionem materialmente o bem juridicamente protegido. 
Conquanto, alguns doutrinadores defendem que o princípio em comento surgiu apenas depois da segunda Guerra Mundial.Diante de um cenário caótico de desemprego excessivo, falta de alimentos e outro fatores na Europa, no período após a segunda Guerra Mundial, levaram ao alto índice de delitos de caráter patrimonial, pequenos furtos, diante dessa realidade passou-se a utilizar o princípio da bagatela para evitar prisões excessivas e desnecessárias, evitando a aplicação de penas acentuadas à delitos tidos como insignificantes, diante dessa realidade o princípio da insignificância ganhou força no mundo moderno. Assim, no dizer de Celso Celidonio:
Com o pós-primeira grande guerra, surgiu na Europa, mais especificamente na Alemanha, a criminalidade de bagatela, BAGATELLEDELIKTE, naquela época e, com maior ênfase após a segunda guerra mundial, o número de delitos patrimoniais cresceu, face a miséria latente oriunda da destruição quase total do continente. Tais delitos, semprede característica famélica, beiravam o nada ou o quase nada, sem qualquer significância jurídica, daí serem chamados de criminalidade de bagatela.(CELIDONIO, 1999, p7/10)
Logo, o direito penal, não pode ser aplicado de maneira igual para os desiguais. 
Franz Von Liszt, em sua obra de 1903, ao discorrer sobre a hipertrofia da legislação penal, criticou a legislação de seu tempo por fazer uso excessivo da pena e, ao final, indaga se não seria oportuno restaurar a antiga máxima latina mínima non curat praetor. (SILVA, 2011, p.87)
Deste modo, o Ilustre Ivan Luiz da Silva, com poderio, discorre acerca da origem do princípio da insignificância e seu embasamento no brocardo romano “minimis non curat praetor”: 
O recente aspecto histórico do Princípio da Insignificância é, inafastavelmente, devido a Claus Roxin, que, no ano de 1964, o formulou com base de validez geral para determinação geral do injusto, a partir de considerações sobre a máxima latina mínima non curat praetor.Conquanto a formulação atual do Princípio em debate tenha sido realizada por Roxin, encontramos vestígios dele na obra de Franz von Liszt, que, em 1903, ao discorrer sobre a hipertrofia da legislação penal, afirmava que a legislação de seu tempo fazia uso excessivo da pena e, ao final, indaga se não seria oportuno restaurar a antiga máxima latina mínima non curat praetor. [...] Assim, não obstante a formulação contemporânea do Princípio da Insignificância, não há como se ocultar que sua origem se encontra no antigo brocardo romanístico minima non curat praetor, ou de minimis praetor non curat, como aparece mencionado em numerosos autores que desde o século XIX o invocam a pedem sua restauração: Carrara, von Liszt, Quintiliano Saldaña, Claus Roxin, Baumann, Zaffaroni, dentre outros. (SILVA, 2006, p.88)
No Brasil, o princípio da insignificância foi inserido primordialmente pelo nobre jurista Francisco Assis Toledo, onde destacou-se por ser o pioneiro, foi seguido por outros grandes juristas como Odone Sanguiné, Diomar Ackel Filho, Luiz Ribeiro Lopes, Luiz Flávio Gomes, entre outros.
Destarte, o princípio da insignificância, mesmo tendo ressurgindo em um cenário econômico, é aplicável à todo Direito Penal e não somente à crimes patrimoniais. O Direito Penal deve ser aplicado em conformidade com outros princípios informadores do direito, não somente o da insignificância como o princípio da fragmentariedade, intervenção mínima, entre outros. Pois em uma conduta típica há nela conduta tipicidade formal mas não necessariamente não significa dizer que há tipicidade material, desta forma, se faz necessário discorrer sobre tipicidade penal. 
3.2 CONCEITO DE PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Visto que para o princípio da insignificância, aqui no Brasil, não há uma previsão legal em nenhum código ou lei, este princípio é puramente doutrinário, encontrando concepção também na jurisprudência. Sobre seu conceito, Diomar Ackel Filho:
O princípio da insignificância pode ser conceituado como aquele que permite infirmar a tipicidade de fatos que, por sua inexpressividade, constituem ações de bagatela, despidas de reprovabilidade, de modo a não merecerem valoração da norma penal, exsurgindo, pois, como irrelevantes. A tais ações, falta o juízo de censura penal.
Os delitos de bagatela podem ser ditos como infrações que produzem uma lesão mínima ao bem juridicamente tutelado, de mínima repercussão social. Insignificante significa algo irrisório que não justifica a intervenção penal com a aplicação das normas penais. A concepção do princípio da insignificância está diretamente ligada à conduta do agente que a pratica, assim acontece da mesma maneira aos crimes irrelevantes, também conhecidos como crimes de bagatela. 
Neste sentido, discorre Capez:
Segundo tal preceito, não cabe ao Direito Penal preocupar-se com bagatelas, do mesmo modo que não podem ser admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas totalmente inofensivas ou incapazes de lesar o bem jurídico. A tipicidade penal exige o mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido, pois é inconcebível que o legislador tenha imaginado inserir em um tipo penal condutas totalmente inofensivas ou incapazes de lesar o interesse protegido. Se a finalidade do tipo penal é tutelar um bem jurídico, sempre que a lesão for insignificante, a ponto de se tornar incapaz de lesar o bem protegido, não haverá adequação típica. É que no tipo não estão descritas condutas incapazes de ofender o bem tutelado, razão pela qual os danos de nenhuma monta devem ser considerados fatos atípicos. Não se pode, porém, confundir delito insignificante ou de bagatela com crimes de menor potencial ofensivo. Estes últimos são definidos pelo art.61 da lei 9.099/95 e submetem-se aos Juizados Especiais Criminais, sendo que neles a ofenda não pode ser acoimada de insignificante, pois possui gravidade ao menos perceptível socialmente, não podendo falar-se em aplicação desse princípio. (CAPEZ, 2007, p. 11/13)
A doutrina majoritária entende que o Direito Penal não deve ocupar-se de bagatelas, devendo-se observar a lesão ao bem jurídico tutelado, se faz necessário para constituir a tipicidade penal da conduta. Desta forma, continua o autor: 
Note-se que o sobredito princípio não é aplicado no plano abstrato. Não é possível, por exemplo, afirmar que todas as contravenções penais são insignificantes, pois, dependendo do caso concreto, isto não se pode revelar verdadeiro. Dessa forma, andar pelas ruas armado com uma faca é um fato contravencional que não se reputa insignificante. São de menor potencial ofensivo, subordinam-se ao procedimento sumaríssimo, beneficiam-se de institutos despenalizadores (transação penal, suspensão condicional do processo etc.), mas não são, a priori, insignificantes.Desse modo, referido preceito deverá ser verificado em cada caso concreto, de acordo com as suas especificidades. O furto, abstratamente, não é uma bagatela, mas a subtração de um chiclete pode ser. Em outras palavras, nem toda conduta subsumível ao art. 155 do Código Penal é alcançada por este princípio. É um princípio aplicável no plano concreto, portanto. Da mesma forma, vale notar que o furto de um automóvel jamais será insignificante, mesmo que, diante do patrimônio da vítima, o valor seja pequeno quando cotejado com os seus demais bens. (CAPEZ, 2007, p.11/13)
Cabe dizer que o princípio da insignificância também deva ser utilizado durante a interpretação dos fatos, com embasamento nos critérios de razoabilidade, até que se a conduta for de fato insignificante, a reprovabilidade seja destituída, de forma a excluir a tipicidade material, tornando o agente isento de pena. Desta forma, pode-se dizer que o princípio da insignificância tem como escopo primordial fazer com que o Direito penal se ocupe apenas com condutas que tenham um resultado ofensivo relevante para a sociedade. 
Nas jurisprudências do Superior Tribunal de Justiça, encontra-se amparo para o principio em comento: 
RECURSO ESPECIAL. PENAL FURTO SIMPLES. SUBTRAÇÃO DE UM VASO SANITÁRIO E UMA PIA. SENTENÇA CONDENATÓRIA REFORMADA PELO TRIBUNAL A QUO, QUE ABSOLVEU O RÉU. CRIME DE BAGATELA. APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL IMPROVIDA. 1.Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da insignificância tem como vetores a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. (REsp 1021698 RS 2008/0002033-4). (STJ, 2008)
No julgado exposto acima, observa-se a incidência do princípio da bagatela, sendo considerado os critérios objetivos. Para a Colenda Turma, não houve lesão expressiva ao bem juridicamente tutelado na conduta do acusado, resultado na sua absolvição. 
Em vista disso, é notável que tanto a doutrina quanto a jurisprudência estejam em conformidade para os casos em que o resultado de determinada conduta seja avaliado como irrisório, ficará claro que trata-se de conduta insignificante. Porém, há divergênciasmas não quanto a questão da conduta cometida ser crime ou não, pois a existência da tipicidade forma, nesse caso, é inquestionável, e sim quanto o grau de lesão ocasionada a sociedade, à vítima ou ao Ordenamento Jurídico. 
No tocante ao princípio da bagatela, com maestria discorre Mañas:
Um instrumento de interpretação restritiva, fundado na concepção material do tipo penal, por intermédio do qual é possível alcançar, pela via judicial e sem macular a segurança jurídica do pensamento sistemático, a proposição político-criminal da necessidade de descriminalização de condutas que, embora formalmente típicas, não atingem de forma relevante os bens jurídicos protegidos pelo direito penal. (MAÑAS, 1994, p.75)
É importante evidenciar, o princípio da insignificância como valoroso instrumento de interpretação do direito penal, ante a incidência do principio da razoabilidade, visto que serve de limitador da normatividade jurídica do direito, incidindo sobre a interpretação da lesão à objetividade juridica tutelada.
Dessa forma, isso incidirá numa subordinação aos princípios constitucionais explícitos e implícitos, exigindo tanto do legislador na criação das normas de caráter repressivo, como do operador de direito no momento de aplicação correta destas normas, dado que estes princípios possibilitam a composição e complementação do direito. 
O princípio da bagatela encontra amparo em inúmeros outros princípios, vale citar o princípio da dignidade da pessoa humana, que serve como orientador. Nesse sentindo, leciona o Ilustre Fernando Capez:
Da dignidade humana nascem os demais princípios orientadores e limitadores do Direito Penal, dentre os quais merecem destaque: a) insignificância ou bagatela; b) alteridade ou transcendentalidade; c) confiança; d) adequação social; e) intervenção mínima; f) proporcionalidade; h) necessidade e idoneidade; i) ofensividade, princípio do fato e da exclusiva proteção do bem jurídico; j) princípio da auto-responsabilidade.(CAPEZ, 2002, 13/25)
Nessa mesma linha de pensamento Ivan Luiz da Silva, afirma que:
O Princípio da Insignificância pode ser revelado pela complementariedade entre o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e o Princípio da Legalidade Penal, quando na interpretação deste último busca-se uma justificação e proporcionalidade para a intervenção mínima estatal. [...] 
Por força da Constituição Federal – que em seu preâmbulo propõe a instituição de um Estado Democrático de Direito que objetiva assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, a igualdade e a justiça, dentre outros como valores supremos da sociedade brasileira – as normas penais estão assentadas em princípios fundamentais próprio do Estado Democrático de Direito, que tem como base os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade. (SILVA, 2011, p.105/120)
Diante do posicionamento dos doutrinadores pátrios em torno da concepção do princípio da bagatela, faz-se necessário o estudo dos princípios norteadores – implícitos ou explícitos – para fundamentar melhor sua aplicação. 
3.3 CONCEITO DE TIPICIDADE MATERIAL
O estudo sobre a tipicidade torna-se importante para o melhor entendimento da aplicação do princípio da insignificância, visto que, esse princípio em sua atuação aparta um dos elementos da tipicidade, ou seja, exclui a tipicidade material da conduta. Segundo a Teoria tripartida, para uma conduta ser configurada como crime precisa preencher três requisitos, ser: típica, ilícita e culpável. Antes da teoria da imputação objetiva que foi trazida pelo Ilustre Roxin, a tipicidade era avaliada apenas sob ponto de vista objetivo (formal) e subjetivos.
Como discorre brilhantemente Cezar Roberto Bitencourt:
Tipo é o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal. O tipo exerce uma função limitadora e individualizadora das condutas humanas penalmente relevantes. É a construção que surge da imaginação do legislador, que descreve legalmente as ações que considera, em tese, delitivas, Tipo é um modelo abstrato que descreve um comportamento proibido. Cada tipo possui características e elementos próprios que os distinguem uns dos outros, tornando-os todos especiais, no sentido de serem inconfundíveis, inadmitindo-se a adequação de uma conduta que não lhes corresponda perfeitamente. Cada tipo desempenha uma função particular, e a ausência de um tipo não pode ser suprida por analogia ou interpretação extensiva. (BITENCOURT, 2004, p.199)
Visto isso, fica visível a fusão desse instituto com o princípio da legalidade, uma vez que, não há crime sem que haja lei anterior - nullum crimen sine lege - é necessário que o tipo penal esteja previsto em lei para ser configurado como crime, limita o poder estatal de intervir na liberdade individual. O tipo penal é usado como meio pelo legislador para evitar que determinadas condutas sejam praticadas, aplicando sanções para o caso de cometimento desses tipos penais. 
Quando a conduta humana adequa-se à conduta prevista no tipo penal, fica evidente a tipicidade formal, pois ocorre a subsunção do fato à normal penal, e assim poderá ser aplicada a uma pena. Isso demonstra o quanto é importante que o preceito penal esteja claro e preciso para não apartar a legitimidade da sanção cominada. Porém, o fato do comportamento ser apenas típico não é suficiente para configurar a conduta como crime, é preciso que este seja ilícito e antijurídico, ou seja contrariar as previsões legais.
A tipicidade material pode ser entendida como uma exigência para que a conduta prevista no tipo penal, seja lesiva ao bem juridicamente tutelado devido ao conteúdo valorativo do tipo penal. Deste feito, Luiz Flávio Gomes, leciona:
[...] no tempo da teoria causalista (TC) (final do século XIX e começo do século XX) o fato típico era enfocado só formal e objetivamente e era composto de: conduta voluntária (neutra: sem dolo ou culpa), resultado naturalístico (nos crimes materiais), nexo de causalidade e adequação à letra da lei. (GOMES, 2012, p. 58) 
Lopes faz uma ressalva a teoria finalista da ação:
O tipo penal, como imperativo lógico das premissas filosóficas de H. Welzel, configura a descrição da realidade ordenada e valorada da ação humana, que é regida e formada pela vontade finalista, ou seja, pelo conteúdo do querer do agente. Assim, torna-se evidente que o tipo, por consistir na conceituação da conduta, inclui, como dado basilar, o conteúdo da vontade. Fim, isto é, o realmente querido pelo agente, passa a integrar a estrutura do tipo penal. O dolo e a culpa, portanto, constituem dados fundamentais no contexto do tipo penal, que, com esse conteúdo, está distante do tipo meramente objetivo e não valorativo de Beling apresentado ao contrário, nuanças objetivas e subjetivas. (LOPES, 2007, p.111)
Conforme a “Teoria Constitucionalista do Delito”, diante de crime doloso a tipicidade penal possui três dimensões, de forma brilhante, acerca dessa teoria discorre Luiz Flávio Gomes: 
A) a formal, também conhecida como fática/legal ou lingüística, que envolve a conduta, nela envolvidos o sujeito ativo dela, o sujeito passivo, o objeto material, seus pressupostos; o resultado naturalístico (nos crimes materiais); o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado naturalístico; bem como as exigências temporais, espaciais, modo de execução da conduta etc., ou seja, a adequação do fato à letra da lei;
B) a material também denominada por normativa, que exige dois juízos valorativos distintos: 1º- juízo de valoração (desaprovação) da conduta (criação ou incremento de riscos proibidos relevantes) e 2º- juízo de valoração (desaprovação) do resultado jurídico (ofensa desvaliosa ao bem jurídico ou desvalor do resultado, que significa lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico);
C) a subjetiva, visa a constatação do dolo e outros eventuais requisitos subjetivos especiais. (GOMES, 2007, p.94)
Sendo assim a tipicidade desdobra-se em tipicidade formal, material e subjetiva. Cuidando a dimensão formal da relação entre a causa e o efeito.A dimensão material preocupa-se com o valor da conduta e do seu resultado, assim como a imputação do fato ao agente que o praticou. 
Em regra, todos os delitos possuem duas dimensões (tipicidade formal e material), porém, apenas nos casos de crimes dolosos há mais uma dimensão como requisito, a dimensão subjetiva que compreende o dolo e outros eventuais requisitos subjetivos. Desta forma Claudio Brandão preleciona:
O método de análise do tipo penal dá-se em três planos: o plano valorativo, o plano da linguagem e o plano da realidade. No valorativo estuda-se o tipo com referência ao bem jurídico; o da linguagem evidencia que a descrição é realizada através de elementos linguísticos, que podem ter maior ou menor acerto; no plano da realidade analisa-se o substrato material do tipo, representado por diversos elementos da conduta descrita (sujeito ativo, passivo, objeto material etc.). (BRANDÃO, 2001, p. 59)
Pode-se assim dizer, que o princípio da bagatela faz com que o Direito penal seja poupado, visto que em sua tese, este ramo do Direito apenas deve ser aplicado em casos relevantes. Em relação ao Jus Puniendi, o mesmo autor:
[...] o exercício do jus puniende só se encontra legitimado quando tiver por função reprimir condutas materialmente lesivas ao bem jurídico atacado, já que a missão do Direito Penal é tutelar os bens jurídicos mais relevantes. (BRANDÃO, 2001, p.07) 
Para configuração de conduta criminosa, faz-se necessário a soma da tipicidade formal com a tipicidades material, sendo assim, o princípio da insignificância afasta justamente a tipicidade material de condutas irrelevantes. A respeito, citado por Lopes, o ilustre Odoné Sanguiné preleciona acerca da tipicidade material, in verbis:
[...] a tipicidade não se esgota na concordância lógico-formal (subsunção) do fato no tipo. A ação descrita tipicamente há de ser geralmente ofensiva ou perigosa a um bem jurídico. O legislador toma em consideração modelos de vida que deve castigar. Com essa finalidade, tenta compreender, conceitualmente, da maneira mais precisa, a situação vital típica. Embora visando alcançar um círculo limitado de situações, a tipificação falha ante a impossibilidade de regulação do caso concreto em face da infinita gama de possibilidades do acontecer humano. Por isso, a tipificação ocorre conceitualmente de forma absoluta para não restringir demasiadamente o âmbito da proibição, razão por que alcança também casos anormais. A imperfeição do trabalho legislativo não evita que sejam subsumíveis também nos casos que, em realidade, deveriam permanecer fora do âmbito de proibição estabelecido pelo tipo penal. A redação do tipo penal pretende, por certo, somente incluir prejuízos graves da ordem jurídica e social, porém não pode impedir que entrem em seu âmbito os casos leves. Para corrigir essa discrepância entre o abstrato e o concreto, e para dirimir a divergência entre o conceito formal e o conceito material do delito, importante utilizar-se o princípio da insignificância. A solução através do recurso à atipicidade quando a lesão ao bem jurídico tenha sido irrelevante é a predominante na Alemanha.(LOPES, 200, p.118)
Destarte, o Direito Penal apenas deve ser utlizado como ultima ratio - ultimo recurso ou ultimo instrumento a ser usado pelo Estado – devendo este ramo do Direito ser ponderado de modo sistemático, em soma com seus princípios informadores em uma interpretação ordenada do sistema jurídico. Deve-se ocorrer concomitantemente a tipicidade formal – adequação do fato a norma - e a tipicidade material – lesão ao bem juridicamente tutelado, sem esses elementos não há tipicidade e como consequência não haverá crime, pois não haverá tipicidade na conduta. 
3.4 PRINCIPIOS NORTEADORES DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
3.4.1 Principio da Igualdade 
O princípio da insignificância encontra amparo na própria Constituição Federal de 1988, por intermédio de princípios explícitos, assim como princípios implícitos, como previsto no artigo 5º, parágrafo 2º da Carta Magna:
Artigo 5°- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes [...]
§ 2° - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. (CONSTITUIÇÃ FEDERAL, 1988)
O artigo 5º, acima citado, garante a igualdade perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, tal artigo prevê o princípio da igualdade, também conhecido como princípio da isonomia. Em seu conteúdo está previsto a chamada igualdade forma, que afirma o tratamento de forma idêntica pela lei à todas as pessoas, seja estrangeiro ou nacional.
Além da igualdade formal, há a igualdade material, do ponto de vista dessa os iguais devem ser tratados de forma igual e os diferentes de forma diferente na medida de suas desigualdades. Desta feita, Marcelo Novelino entende a igualdade formal como “O tratamento igualitário destinado a todos os indivíduos que se encontram em uma mesma situação fática e jurídica”. (NOVELINO, 2010, p.393)
Quanto a igualdade material em sua concepção “Vislumbra tratamento isonômico aos desiguais através da concretização de direitos sociais substanciais, objetivando, pois, tratamento equânime”. (NOVELINO, 2010, p.394)
Para melhor entendimento, faz-se necessário citar os ensinamentos de Lopes: 
Entendia-se, por tradição, que a igualdade a igualdade de todos perante a lei se referia, fundamentalmente, a exigência de igualdade na aplicação da lei. As leis deveriam ser cumpridas sem que se levasse em conta as pessoas que viessem a ser por elas alcançadas. [...] Logo, verificou-se, no entanto, que o princípio da igualdade não se exauria na mera aplicação igualitária da lei.
Não basta, destarte, a igualdade perante a lei, ou seja, a igualdade sob o ângulo formal: é mister a igualdade através da lei, ou melhor, a igualdade material. (LOPES, 1999, p.79)
A desigualdade material, em sua essência impede que o operador do Direito cometa iniquidades diante da lei, dado que deve-se levar em consideração a desigualdade do grau de lesividade do fato delituoso praticado. Portanto, o princípio da insignificância atua instrumento para o desempenho da igualdade material, visto que sua quando aplicado exclui aplicação do Direito penal em condutas irrelevantes.
3.4.2 Principio da Legalidade 
O segundo princípio informador e não menos importante a ser analisado, é o princípio da legalidade, que encontra amparo legal no artigo 1º do Código Penal Brasileiro: “Artigo 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
Para o princípio da legalidade não se pode tipificar uma conduta como crimes após ela já ter sido realizada, alcança tanto os crimes como as contravenções penais e tem como finalidade garantir a segurança, seja pena ou medida de segurança, para ter validade ao caso concreto e garantir uma forma mais justa e correta para aplicação das normas penais, tal princípio desdobra-se em 4 aspectos, abaixo elencados:
a) a lei deve ser prévia: a previsão do crime deve vir anteriormente à prática dele;
b) a lei deve ser escrita: deve estar redigida, codificada;
c) a lei deve ser estrita: apenas a lei pode definir o que é crime e criar as penas aplicáveis a cada espécie de crime;
d) a lei deve ser certa: deve ser dotada de clareza, didática.
Dado isso, levou a construção do nullum crimen nulla poena sine lege – Não há crime, nem pena sem lei, esta cláusula pétrea prevista na Carta Maior encontra fundamento também no Código Penal Brasileiro e dispõe aos indivíduos proteção diante do poder Estatal. 
Segundo Lazzari: “O princípio da insignificância surge como fator intensificador do conteúdo substancial do princípio da legalidade, pelo qual não há crime sem ofensa a bem jurídico penalmenteprotegido”. (PRESTES, 2003, p.53)
Apesar de alguns doutrinadores defenderem que o princípio da insignificância se opõe ao princípio da legalidade, diante de todo exposto ficou claro que os dois princípios integram-se, e juntos ajudam na melhor aplicação da norma penal. 
3.4.3 Principio da Liberdade 
No que concerne o princípio da liberdade, a Carta Maior protege diferentes tipos de liberdade, esteja ela relacionada à liberdade física – locomoção do indivíduo – ou à liberdade pública – em sentido amplo. Originalmente o direito a liberdade está relacionado à limitação do poder do Estado, pois esse princípio diminui o poder estatal.
Toda medida coercitiva que restrinja um indivíduo de sua liberdade assegurada pela Constituição Federal, só é legitima e necessária em situações fundamentadas. Deste modo, preleciona Mauricio Ribeiro: 
Como se sabe, a regra no Estado Social e Democrático de Direito é a liberdade do indivíduo. Não apenas a tradicional liberdade de locomoção- objeto central de restrição pelo Direito Penal-, mas o exercício de todas as liberdades temáticas da ordem social contemporânea- as chamadas liberdades públicas.(LOPES, 2000, p.263)
Nesse sentido, Ivan Luiz Silva, com maestria:
[...] a aplicação do princípio da insignificância evita que agente de condutas penalmente insignificantes tenha a sua liberdade indevidamente atingida, concretizando, assim, o valor liberdade individual, albergado pelo princípio da liberdade em nosso Ordenamento Jurídico. (SILVA, 2006, p.124) 
Porquanto, o princípio da liberdade é um instrumento de enorme relevância para a proteção da liberdade garantida ao indivíduo. E o princípio da insignificância determina a intervenção do Direito Penal somente em casos de delitos que resultem em um grau de lesividade mais elevado, protegendo também o direito supremo da liberdade, limitando o poder estatal. 
3.4.4 Princípio da Fragmentariedade
O quarto princípio informador a ser tratado, decorre dos princípios da intervenção mínima, legalidade e da lesividade. Fundamenta teoricamente que apenas condutas mais gravosas e intentadas contra bens jurídicos valorativos, precisam da intervenção do direito Penal. Para o princípio da fragmentariedade, não basta lesionar um bem jurídico.
Deste modo, vale citar o nobre jurista Rogerio Grecco:
O caráter fragmentário do Direito Penal significa, em síntese, que uma vez escolhidos aqueles bens fundamentais, comprovada a lesividade e a inadequação das condutas que os ofendem, esses bens passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é protegida pelo Direito Penal, originando-se, assim, a sua fragmentariedade.(SILVA, 2006, p.65)
De fato, o crime sempre será considerado ilícito, mas é preciso preencher alguns requisitos para configurar uma infração penal e o princípio da fragmentariedade estabelece que o Direito Penal não deve ocupar-se de fatos irrelevantes, que podem ser elucidados de forma menos grave ou até com outros ramos do Direito, poupando o Direito Penal e o resguardando apenas para condutas em que fique evidenciado a grave ameaça. 
Sendo assim, pode-se concluir que o princípio da fragmentariedade serve de alicerce para o princípio da insignificância, já que este busca retirar a tipicidade de delitos que resultem em ínfima lesão, de forma a restringir a aplicação do Direito penal. 
3.4.5 Princípio da Subsidiariedade 
O princípio da subsidiariedade, deriva do princípio da fragmentariedade, para esse princípio a norma penal só deverá ser aplicada quando os demais ramos do direito não forem eficazes ou de alguma forma insuficientes em relação à proteção do bem jurídico tutelado. 
Acerca disto, discorre o brilhante Roxin:
O Direito Penal é de natureza subsidiária. Ou seja: somente se podem punir as lesões de bens jurídicos e as contravenções contra fins de assistência social, se tal for indispensável para uma vida em comum ordenada. Onde bastem os meios do direito civil ou do direito público, o direito penal deve retirar-se. (...) consequentemente, e por ser a reação mais forte da comunidade, apenas se pode recorrer a ela em último lugar.(SILVA, 2006, p.127)
Destarte, em seu caráter subsidiário o Direito Penal só deve intervir como último recuso – ultima ratio – a norma será principal quando previr conduta mais grave do que outra ou mais intenso grau de ofensa ao bem jurídico. Desse modo, o Direito penal é poupado para os casos de condutas de ínfima lesão e só deve atuar quando outros ramos do direito forem ineficazes. 
3.4.6 Princípio da Proporcionalidade
 
O último princípio e não menos importante a ser abordado, é o princípio da proporcionalidade. Importante para outros ramos do direito, mas em especial para o Penal, tal princípio estabelece que a pena a ser cumprida pelo agente que praticou determinado delito deve ser diretamente proporcional ao grau de lesividade praticada por este, logo se a conduta resultou em algo insignificante a pena deverá corresponder a mesma. 
Nesse sentido, Ribeiro Lopes preleciona:
O princípio da proporcionalidade exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que pode alguém ser privado (gravidade da pena). Toda vez que, nessa relação, houver um desequilíbrio acentuado, estabelece-se, em consequência, uma inaceitável desproporção. O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto, o estabelecimento de cominações legais (proporcionalidade em abstrato) e a imposição de penas (proporcionalidade em concreto) que careçam de relação valorativa com o fato cometido considerado em seu significado global. Tem, em conseqüência, um duplo destinatário: o poder legislativo (que tem de estabelecer penas proporcionadas, em abstrato, à gravidade do delito) e o juiz (as penas que os juízes impõem ao autor de delito têm de ser proporcionais à sua concreta gravidade).A proporcionalidade é de ser aferida a partir da análise global e contextualizada do comportamento, verificando, fundamentalmente, o grau de reprovabilidade incidente à conduta proibida. A ausência de tipicidade material da conduta, seja por adequação social do comportamento, seja por insignificância da lesão, acarreta no campo dogmático, exclusão do próprio tipo legal, o que pressupõe unidade inafastável de tipificação proibitiva nos planos material e formal. (LOPES, 2000, p.431)
O princípio da insignificância materializa o princípio da proporcionalidade, pois impede justamente a desproporção entre o grau da lesividade da conduta e a pena cominada. Esse princípio assegura que o apenado não cumpra uma pena que vá além dos limites do ilícito que ele praticou e assim buscar a aplicação de normas penais de maneira mais justa e adequada. 
3.5 REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA SEGUNDO O STF
 O Supremo Tribunal Federal – STF – entende que para que seja possível a aplicação do princípio da insignificância, após a concretização da conduta deve preencher quatro pressupostos, sendo eles: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente e inexpressividade da lesão ao bem juridicamente tutelado, de acordo com nota extraída do próprio site da Suprema Corte: 
O princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena ou não sua não aplicação. Para ser utilizado, faz-se necessária a presença de certos requisitos, tais como: (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada (exemplo: o furto de algo de baixo valor). Sua aplicação decorre no sentido de que o direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado cujo desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes- não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social.(STF, 2016)
Para a Suprema Corte, o simples fato do bem não ser de grande valor, não é o bastante para ser aplicado o princípio da bagatela como visto no “Habeas corpus” 92743 / RS, da Segunda turma, que teve como Ministro relator Eros Grau:
HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. REPARAÇÃO DO DANO. ATENUAÇÃO DA PENA. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DO DISPOSTO NO ARTIGO 34 DA LEI N.9.249/95, VISANDO À EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EM RELAÇÃO AOS CRIMES DESCRITOS NA LEI N. 8.137/90. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
1. A aplicação do princípio da insignificância há de ser criteriosa, cautelosa e casuística. Devem estar presentes em cada caso, cumulativamente, requisitos de ordem objetiva: ofensividade mínima da conduta do agente, ausência de periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente e inexpressividade da lesão ao bem juridicamente tutelado. Hipótese em que a impetrante se limita a argumentar tão-somente com o valor do bem subtraído, sem demonstrar a presença dos demais requisitos.
2. A reparação do dano após a consumação do crime, ainda que antes do recebimento da denúncia, confere ao paciente somente a atenuação da pena; não a extinção da punibilidade.
3. A pretensão de que seja aplicado, por analogia, o disposto no Artigo 34 da Lei n.9.249/95, visando à extinção da punibilidade em relação aos crimes descritos na Lei n. 8.137/90, não pode ser conhecida, porque não examinada pelo Superior Tribunal de Justiça. Habeas corpus conhecido, em parte, e denegada a ordem nessa extensão.(STF, 2011)
É indiscutível o fato de que o princípio da bagatela é amplamente aceito, tanto no Supremo Tribunal Federal, quanto no Supremo Tribunal de Justiça e ainda em instâncias inferiores. Porém além dos pressupostos objetivos, deve-se atentar para alguns critérios em que a Suprema Corte leva em consideração na hora de analisar o caso concreto e em alguns casos até deixa de aplicar o princípio da insignificância por causa de outros critérios subjetivos, como a habitualidade da conduta e reincidência do réu que acabam descaracterizando a insignificância da conduta. Sendo assim, conforme o STF são esses critérios:
1. A tipicidade penal não pode ser percebida como o exercício de mera adequação do fato concreto à norma abstrata. Além da correspondência formal, a configuração da tipicidade demandaria uma análise materialmente valorativa das circunstâncias do caso concreto, para verificar a ocorrência de alguma lesão grave, contundente e penalmente relevante do bem jurídico tutelado. 2. Reincidência do Recorrente assentada nas instâncias antecedentes. O criminoso contumaz, mesmo que pratique crimes de pequena monta, não pode ser tratado pelo sistema penal como se tivesse praticado condutas irrelevantes, pois crimes considerados ínfimos, quando analisados isoladamente, mas relevantes quando em conjunto, seriam transformados pelo infrator em verdadeiro meio de vida. 3. O princípio da insignificância não pode ser acolhido para resguardar e legitimar constantes condutas desvirtuadas, mas para impedir que desvios de conduta ínfimos, isolados, sejam sancionados pelo direito penal, fazendo-se justiça no caso concreto. Comportamentos contrários à lei penal, mesmo que insignificantes, quando constantes, devido à sua reprovabilidade, perdem a característica da bagatela e devem se submeter ao direito penal. (STF, 2014)
Destarte, como foi notado nos casos acima expostos, o reconhecimento da insignificância da conduta está diretamente relacionada aos requisitos da mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente e inexpressividade da lesão ao bem juridicamente tutelado e fora esses critérios são levados em consideração alguns requisitos subjetivos, como já foi citado mencionado. 
4. DOS CRIMES AMBIENTAIS
4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
A Carta Maior promulgada em 1988, trouxe, em sua previsão, o direito ao meio ambiente equilibrado, considerado pela Constituição como direito humano fundamental. À vista disso, passou a ser classificado como direito indisponível e indispensável à sadia qualidade de vida e a dignidade da pessoa humana. Como previsto no artigo 225, §1º da Constituição, In verbis:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
Este direito assegurado pela Carta Magna é visto como direito de terceira geração, por resguardar bens jurídicos de interesse difuso, considerando os direitos de solidariedade e fraternidade. É um direito que pertence a toda coletividade, sem qualquer distinção ou divisão, por sua supraindividualidade alcança interminado número de pessoa. Acerca disto, discorre Freitas:
O Brasil possui “uma Constituição Federal que, em matéria de meio ambiente, situa-se em posição pioneira e possibilita ao Poder Público e à coletividade os meios necessários para a tutela desse bem comum da humanidade. ( FREITAS, 2001, p.76)
Segundo a Doutrina pátria majoritária, o meio ambiente é constituído por quatro elementos naturais, sendo eles: naturais; artificiais; culturais e do trabalho. Com maestria, esclarece Fiorillo:
A divisão do meio ambiente em aspectos que o compõem busca facilitar a identificação da atividade degradante e do bem imediatamente agredido. Não se pode perder de vista que o direito ambiental tem como objeto maior tutelar a vida saudável, de modo que a classificação apenas identifica o aspecto do meio ambiente em que valores maiores foram aviltados. (FIORILLO, 2014, p.54)
Para Milaré, o conceito meio ambiente pode ser compreendido por dois aspectos: 
Um estrito e outro amplo. Do ponto de vista estrito, meio ambiente é a expressão do patrimônio natural e sua relação com, e entre os seres vivos. No sentido amplo pode-se considerar como toda natureza original e artificial, bem como os bens culturais correlatos. (MIRALÉ, 2009, p.79)
O meio ambiente natural, também chamado de físico, é integrado pelos elementos naturais como ar, água, solo, fauna e flora. Para assegurar a sadia qualidade de vida, é preciso manter a qualidade ambiental desses recursos naturais e o equilíbrio entre os seres vivos e o meio em que vivem. 
Diferentemente do ambiente natural, o ambiente artificial é todo aquele espaço construído é a modificação do ambiente, devido a toda manifestação humanada. Como conceitua Fiorillo:O meio ambiente artificial é compreendido pelo espaço urbano construído, consistente no conjunto de edificações (chamado de espaço urbano fechado), e pelos equipamentos públicos (espaço urbano aberto). Dessa forma, todo o espaço construído, bem como todos os espaços habitáveis pela pessoa humana compõem o meio ambiente artificial.( FIORILLO, 2008, p.300)
Já o meio ambiente cultural é aquele composto por patrimônios históricos, paisagístico, arqueológico, artístico e turístico, que mesmo tendo um aspecto artificial tem relação direta com a cultura e história de um povo. Tal ambiente é expressamente previsto da Carta Magna:
Art. 216 Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza matérias e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados à manifestações artístico-culturais;
 V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
Em relação ao meio ambiente do trabalho, este é considerado o local onde são desempenhadas atividades laborais, nesse ambiente são observados as normas de segurança com a finalidade de proteger o homem em seu local de trabalho, evitando que seja comprometido tanto a saúde física quanto psicológica do trabalhador, na Constituição Federal, o ambiente de trabalho encontra respaldo nos artigos 7º e 200º da Carta Magna, in verbis: 
Art. 7º São Direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
[...]
VIII - colaborar na proteção do Meio Ambiente, nele compreendido o do trabalho. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
Vale salientar, que a proteção ao meio ambiente, encontra amparo em diversas leis, dentre elas cabe destacar a Lei de Crimes Ambientais nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, onde se refere as infrações e punições inclusive de pessoa jurídica como autora ou coautora de infração ambiental. E por fim destacar a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente nº 6.938 de 17 de janeiro de 1981, onde prevê que o Ministério Público pode propor ações de responsabilidade civil por danos ao meio ambiente e além de impor a obrigação ao poluidor de indenizar pelos prejuízos dos danos causados, pode também requerer que o mesmo recupere. 
4.2 TIPOS DE CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE
Para melhor compreensão da incidência do princípio da bagatela nos crimes ambiente, faz-se necessário o breve estudo da classificação dos crimes contra o meio ambiente, que estão previstos na Lei nº 9.605 de 13 de fevereiro de 1998 – lei de crimes ambientais - e classificados em seis tipos. 
4.2.1 Crimes Contra a Fauna
Previstos do artigo 29º ao 37º da Lei de crimes ambientais, entre os crimes contra a fauna cabe agressão contra animais silvestres como caçar, pescar, matar, perseguir, apanhar, utilizar, vender, expor, exportar, adquirir, impedir a procriação, maltratar, executar experiências dolorosas ou cruéis com animais quando haver outro meio, ainda que para fins didáticos ou científicos. Bem como, introduzir no Brasil espécie estrangeira sem autorização. Dentre esses crimes o tráfico de animais silvestres é o mais decorrente, visto a grande movimentação desse mercado negro e os grandes lucros que proporcionam. 
4.2.2 Crimes Contra a Flora
Entende-se por Flora todo conjunto de espécies vegetais localizadas em determinada região. Tais crimes estão previstos do artigo 38º ao 53º, dentre eles: Destruir ou danificar floresta de preservação permanente mesmo que em formação, ou utilizá-la em contrariedade às normas de proteção bem como as vegetações fixadoras de dunas ou protetoras de mangues; ocasionar danos diretos ou indiretos às unidades de conservação; provocar incêndio em mata ou floresta ou fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocá-lo em qualquer área; extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em desacordo com esta; extrair de florestas de domínio público ou de preservação permanente pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a regeneração natural de qualquer forma de vegetação; destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização. Para casos em que a degradação da flora provoque mudanças climáticas a pena é aumentada de um sexto a um terço.
4.2.3 Da Poluição e Outros Crimes Ambientais
Entende-se por fatores poluentes, tudo aquilo que acaba com as qualidades do meio ambiente natural, causados por atividades humanas não sustentáveis, grandes industrias, carros, vazamento de embarcação, dentre outros que acabam ocasionando a morte de animais e destruição significativa da flora. Esses crimes estão previstos do artigo 54º ao 61º.
No que se refere aos outros crimes ambientais, são considerados  pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem autorização ou em desacordo com a obtida e a não-recuperação da área explorada; a produção, processamento, embalagem, importação, exportação, comercialização, fornecimento, transporte, armazenamento, guarda, abandono ou uso de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas a saúde humana ou em desacordo com as leis; construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar empreendimentos de potencial poluidor sem licença ambiental ou em desacordo com esta; também se encaixa nesta categoria de crime ambiental a disseminação de doenças, pragas ou espécies que posam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas.
4.2.4 Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural
Previstos entre os artigos 62º ao 65º, como visto o meio ambiente não diz respeito somente a natureza, abrange também o patrimônio cultural, e este necessita de preservação visto sua vasta importância para a história e cultura da nação. São considerados lesão ao patrimônio cultural Destruir, inutilizar, deteriorar, alterar o aspecto ou estrutura (sem autorização), pichar ou grafitar bem, edificação ou local especialmente protegido por lei, ou ainda, danificar, registros, documentos, museus, bibliotecas e qualquer outra estrutura, edificação ou local protegidos quer por seu valor paisagístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico entre outros, assim como a construção em solo de áreas preservadas, sem prévia autorização.
4.2.5 Crimes Contra a Administração Ambiental
Os crimes previstos do artigo 66º ao 69º, incluem afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou omissão de informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento ou autorização ambiental; a concessão de licenças ou autorizações em desacordo com as normas ambientais; deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental; dificultar ou obstar a ação fiscalizadora do Poder Público.
Após o breve estudo exemplificativo dos tipos de crimes contra o meio ambiente, para a conclusão do presente trabalho, será visto no próximo capitulo, a incidência do princípio da bagatela nos crimes contra o meio ambiente, objeto deste trabalho. 
5. DA APLICAÇÃO DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE.
5.1 APLICAÇÃO DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE SEGUNDO O SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
O primeiro julgado a ser analisado, é o “Recurso Ordinário em Habeas Corpus” prolatadopelo Superior Tribunal de Justiça, tombado sob o número HC RHC 71380 / SC, foi julgado no dia 21/06/2016 e publicado no dia 30/06/2016, teve como relatora a Ministra Maria Thereza De Assis Moura como órgão julgador a Sexta Turma, conforme ementa abaixo transcrita:
EMENTA: PENAL.PESCA EM LOCAL PROIBIDO. UNIDADE DE CONSERVAÇÃO. CRIME AMBIENTAL.MÍNIMA OFENSIVIDADE AO BEM JURÍDICO TUTELADO. PRINCÍPIO
DA INSIGNIFICÂNCIA. ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA.
1. Consoante entendimento jurisprudencial, o "princípio da insignificância - que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentaridade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal - tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. (...) Tal postulado - que considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada - apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público." (HC nº 84.412-0/SP, STF, Min. Celso de Mello, DJU 19.11.2004)
 
Ressalta-se aqui, a importância da consonância do principio da bagatatela com os outros princípios informadores, como o da fragmentariedade e o da intervenção minima, para melhor incidência do principio da insignificância, bem como, os critérios utilizados in casu.
2.Caso concreto que se adequa a esses vetores, possibilitando a aplicação do princípio da insignificância, com reconhecimento da atipicidade material da conduta, consubstanciada em pescar em local proibido (unidade de conservação), porquanto não apreendido um único
peixe com os recorrentes, o que denota ausência de ofensividade ao bem jurídico tutelado. 
3.Recurso provido para reconhecendo a atipicidade material da conduta, trancar a Ação Penal.
Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA Turma do Superior Tribunal de Justiça: A Sexta Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso ordinário, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Antonio Saldanha Palheiro votaram com a Sra. Ministra Relatora. (STF, 2016)
Como visto o Supremo Tribunal de Justiça, optou pela aplicação do princípio da insignificância por entender que a conduta em comento provocou inexpressiva lesão ao bem jurídico tutelado, não interessando ao Direito Penal.Conforme o Voto da Ministra Relatora, in verbis:
Na espécie, como visto, não houve a apreensão de nenhum tipo de peixe, porque nenhum espécime foi capturado pelos recorrentes, com as ações tidas por delituosas, motivo pelo qual não entrevejo reprovabilidade suficiente para a tipicidade material. A conduta, a meu ver, preenche os requisitos da insignificância, tal como (II) a ausência total de periculosidade social da ação; (III) o ínfimo grau de reprovabilidade do comportamento e (IV) a inexpressividade da lesão jurídica ocasionada. (STF, 2016)
O segundo julgado a ser analisado, é o “Habeas Corpus” prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça, tombado sob o número HC 362435 / TO, foi julgado no dia 01/09/2016 e publicado no dia 13/09/2016, teve como relator o Ministro Sebastião Reis Júnior e como órgão julgador a Sexta Turma, conforme ementa abaixo transcrita:
EMENTA: HABEAS CORPUS.REVISÃO CRIMINAL. DECISÃO LIMINAR. SÚMULA 691/STF.CRIME AMBIENTAL. ART. 63 DA LEI N. 9.605/1998. ATIPICIDADE DA CONDUTA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. REEXAME DO ACERVO PROBATÓRIO.IMPOSSIBILIDADE. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. VEDAÇÃO. PENA IGUAL A 1 ANO DE RECLUSÃO. ART. 44, § 2º, DO CP. APLICAÇÃO LITERAL.SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR DUAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. IMPOSSIBILIDADE. ILEGALIDADE MANIFESTA. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO.
1.O presente writ foi impetrado contra decisão que indeferiu pedido liminar nos autos de revisão criminal processada no Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Aplicável à espécie o enunciado da Súmula 691/STF, observado também por esta Corte Superior, segundo o qual não cabe habeas corpus contra indeferimento de pedido liminar em outro writ, salvo no caso de flagrante ilegalidade.
2.No tocante à alegada atipicidade da conduta, bem como à aplicação do princípio da insignificância, inviável a análise dos temas por demandar ampla reapreciação das provas que deram suporte à condenação, além de configurar supressão de instância. Necessário aguardar o julgamento da revisão criminal pela Corte de origem.
A Suprema Corte, levou em consideração a primariedade do réu, e apesar de não aplicar o principio da bagatela, optou por substituir a pena privativa de liberdade igual ou inferior a 1 ano, por entender que esta deva ser diretamente proporcional à conduta praticada pelo agente. 
3.Este Tribunal firmou posicionamento no sentido de que a substituição da pena privativa de liberdade igual ou inferior a 1 ano deve acompanhar a literalidade da disposição normativa contida na primeira parte do parágrafo 2º do art. 44 do Código Penal, ou seja, a substituição deve se dar por multa ou por uma pena restritiva de direitos. Precedentes.
4.Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para determinar que o Juízo da Execução exclua da substituição uma das penas restritivas de direitos aplicadas ao paciente e, caso alguma delas já tenha sido cumprida, que determine a extinção da punibilidade com relação à outra.
Como visto, neste julgado o Supremo Tribunal entendeu, por unanimidade que o princípio da bagatela não deveria ser aplicado, conforme acórdão:
Acórdão: Istos relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer do habeas corpus, concedendo, contudo, ordem de ofício nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro, Antonio Saldanha Palheiro e Maria Thereza de Assis Moura votaram com o Sr. Ministro Relator. Sustentaram oralmente o Dr. André Ávila pelo paciente, Raul de Jesus Lustosa Filho, e a Exma. Sra. Dra. SPGR Raquel Elias Ferreira Dodge pelo Ministério Público Federal.(STF, 2016)
Apesar de no caso acima exposto, não ter havido a incidência do princípio da bagatela, houve uma amenização da pena, já que a pena restritiva de liberdade foi substituída por multa. 
O terceiro julgado a ser analisado, é o agravo regimental no recurso especial prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça, tombado sob o número AgRg no REsp 1558576/PR, foi julgado no dia 01/03/2016 e publicado no dia 17/03/2016, teve como relator o Ministro Sebastião Reis Júnior como órgão julgador a Sexta Turma, conforme ementa abaixo transcrita:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. LEI DE CRIMES AMBIENTAIS. IMPORTAÇÃO IRREGULAR DE COMBUSTÍVEL. 190 L DE GASOLINA AUTOMOTIVA. DISPOSITIVOS VIOLADOS. ARTS. 56 E 15, II, A, AMBOS DA LEI N. 9.605/1998. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. SÚMULA 7/STJ 
1. Não obstante prevaleça no Superior Tribunal de Justiça o entendimento no sentido de ser possível a incidência do princípio da insignificância nos crimes ambientais, deve-se aferir com cautela o grau de reprovabilidade, a relevância da periculosidade social, bem como a ofensividade da conduta, haja vista a fundamentalidade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, inerente às presentes e
futuras gerações (princípio da equidade intergeracional).
2. A fundamentação apresentada pelo

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