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Gripe e resfriado

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Gripe e resfriado 
 
Introdução: 
• Definição: influenza é uma doença respiratória 
causada pelo vírus influenza A ou B que ocorre 
em surtos e epidemias; 
• Principalmente durante o inverno; 
• Ocorre em todo o mundo; 
• Sinais e sintomas do envolvimento do trato 
respiratório superior e/ou inferior + indicações de 
doenças sistêmicas (febre, dor de cabeça, mialgia 
e fraqueza); 
• Influenza não complicada: infecção autolimitada na 
população em geral; 
• Influenza complicada: associada ao aumento da 
morbimortalidade em certas populações de alto 
risco; 
 
 
Transmissão: 
• Modos de transmissão: 
↪ Grandes quantidades de vírus influenza nas 
secreções respiratórias das pessoas infectadas; 
↪ Transmissão por espirros e tosse (partículas 
grandes) e aerossóis de partículas pequenas; 
↪ Requer contato próximo com indivíduo 
infectado (partículas grandes não permanecem 
suspensas no ar e viajam apenas distâncias 
curtas); 
 
 
 
↪ Contato com superfícies que foram 
contaminadas por gotículas respiratórias é outra 
fonte potencial de transmissão; 
↪ Entrada pelo trato respiratório e transocular; 
• Período de incubação: 
↪ Período típico: 1 a 4 dias (média de 2 dias); 
↪ Tempo de início da doença entre os contatos 
domiciliares que a transmissão ocorreu (intervalo 
serial): 3 a 4 dias; 
• Duração do derramamento: 
↪ É quando o vírus infecta um indivíduo e, após 
se reproduzir, começa a ser liberado no ambiente. 
É o que torna um paciente infeccioso; 
↪ Em adultos saudáveis, com infecção por 
influenza, o derramamento viral pode ser 
detectado 24 a 48h antes do início da doença; 
↪ Períodos mais longos de derramamento 
ocorrem em crianças, idosos, pacientes com 
doenças crônicas, adultos obesos e hospedeiros 
imunocomprometidos; 
• Magnitude do derramamento: correlacionada 
com a presença de sintomas e a gravidade da 
doença; 
↪ Altas cargas virais em amostras nasofaríngeas, 
tosse e espirros → pacientes com doença grave 
e grande interferência na vida diária emitiram mais 
vírus influenza; 
 
Anamnese: 
• História clínica é fundamental; 
• Pessoa consegue precisar com exatidão o início 
abrupto do quadro de mal-estar generalizado, 
cefaleia, dores intensas por todo o corpo, febre 
alta (maior que 39º), tosse não produtiva, calafrios, 
coriza nasal hialina, prostração e dor de garganta; 
• Nas crianças, pode haver também náuseas, 
vômitos e otite; 
• Pessoas idosas podem apresentar apenas 
cansaço e confusão mental, frequentemente 
sem febre ou sintomas respiratórios; 
• Atentar aos diagnósticos diferenciais: dengue, 
leptospirose e outras infecções agudas 
(particularmente as causadas por outros vírus 
respiratórios); 
IESPC I 
Exame físico: 
 
• Febre alta, em torno de 39 a 40° C; 
• Discreta hiperemia da orofaringe; 
• Rubor facial; 
• Conjuntiva vermelha; 
• Pode-se detectar um aumento dos gânglios 
cervicais; 
 
Diagnóstico: 
• Diagnóstico é clínico! 
• Raramente há necessidade de exames 
complementares; 
• Leucopenia é comum, mas pode ocorrer 
leucocitose, assim como proteinúria; 
• O vírus pode ser isolado de swab nasal ou de 
orofaringe; 
• O diagnóstico do vírus da influenza é realizado por 
meio das técnicas de imunofluorescênica indireta, 
pelo isolamento do agente em cultivos celulares 
ou ovos embrionados (considerado método-
padrão); 
• Testes rápidos para os vírus respiratórios 
humanos, o real-time-PCR; 
• Os testes são baseados na detecção de 
antígenos nucleoproteicos do vírus influenza A e 
B em amostras respiratórias, com a técnica da 
imunofluorescência direta; 
• Sensibilidade de cerca de 50 a 70% em 
comparação com a cultura viral; 
• Especificidade do exame de 90 a 95% para os 
vírus respiratórios humanos; 
• Indicações para testes de diagnóstico: 
1. Durante período de atividade do influenza A e B: 
↪ Pacientes ambulatoriais imunocomprometidos; 
↪ Pacientes ambulatoriais com alto risco de 
complicações da influenza com doença 
semelhante à influenza, pneumonia ou doença 
respiratória inespecífica; 
↪ Pacientes que necessitam de hospitalização 
com doença respiratória aguda, incluindo 
pneumonia (com ou sem febre); 
↪ Pacientes que necessitam de hospitalização 
com piora aguda da doença cardiopulmonar 
crônica (influenza está associada a exacerbações 
dessas condições subjacentes); 
↪ Pacientes imunocomprometidos ou com alto 
risco que apresentam início agudo de sintomas 
respiratórios, necessitando de hospitalização; 
↪ Pacientes que desenvolvem sintomas 
respiratórios agudos após internação hospitalar; 
2. Durante períodos de baixa atividade de influenza: 
↪ Pacientes ambulatoriais sem vínculo com um 
surto de influenza, que se apresentam com uma 
doença aguda do trato respiratório febril 
(especialmente imunocomprometidos e pacientes 
de alto risco); 
↪ Pacientes que necessitam de hospitalização 
com doença respiratória aguda e que tenham 
vínculo epidemiológico com influenza; 
↪ Pacientes hospitalizados com doença 
respiratória febril aguda, especialmente 
imunocomprometidos e pacientes de alto risco; 
• Suspeita de vírus variante H3N2: 
↪ Indivíduos com doença respiratória febril que 
foram expostos a suínos e em indivíduos com 
doença respiratória febril que vivem em regiões 
onde foram detectados casos de influenza 
H3N2v; 
↪ Obter um swab ou aspirado nasofarígeo – 
teste de influenza por PCR; 
• Escolha do teste diagnóstico: depende da 
disponibilidade e de quanto tempo os resultados 
são necessários: 
↪ Se disponível, prefere-se ensaios moleculares 
(RT-PCR convencional ou ensaio molecular 
rápido); 
↪ Testes de detecção de antígenos (ensaios de 
imunofluorescência direta e indireta, testes 
tradicionais de diagnóstico rápido da gripe – 
RIDTs) são menos sensíveis; 
↪ Pacientes ambulatoriais: ensaios moleculares 
rápidos; 
↪ Paciente internados: RT-PCR; 
↪ RT-PCR convencional: 1 a 8 horas para 
resultado. Pode diferenciar entre tipos de influenza 
e subtipos (incluindo influenza aviária H5N1 e 
influenza aviária H7N9); 
↪ PCR multiplex: pode detectar a gripe e outras 
causas comuns de infecção aguda do trato 
respiratório, como pneumonia; 
↪ Testes moleculares rápidos: menos de 20 
minutos. Podem distinguir entre influenza A e B, 
mas não entre subtipos; 
↪ Ensaios de detecção de antígenos: devem ser 
considerados como testes de triagem devido à 
baixa sensibilidade; 
↪ Cultura viral: não é usada para tratamento 
clínico inicial, mas pode ser usada para vigilância 
em saúde pública; 
↪ Teste sorológico: não é recomendado para o 
diagnóstico e tratamento de doenças agudas; 
 
Síndrome respiratória aguda grave 
• Ficar alerta para pessoas de qualquer idade com 
doença respiratória moderada ou grave, com 
febre persistente superior a 38° C, tosse e 
dispneia acompanhada ou não de dor de garganta 
ou manifestações gastrintestinais; 
• Observados os seguintes sintomas: aumento da 
FR (maio rque 25mrpm) e hipotensão em 
relação à PA habitual da pessoa; 
• Em crianças: batimentos da asa de nariz, cianose, 
tiragem intercostal, desidratação e inapetência; 
• Atenção especial a essas alterações em pessoas 
com fator de risco. 
• Diagnóstico confirmado pelo teste do anticorpo 
ou isolamento do vírus; 
• Mortalidade elavada: 10%. 
 
Influenza não complicada: 
• Geralmente começa com início abrupto de febre, 
dor de cabeça, mialgia e mal-estar; 
• Esses sintomas são acompanhados de 
manifestações de doenças do trato respiratório, 
como tosse improdutiva, dor de garganta e 
secreção nasal; 
• Amplo espectro de outras apresentações: desde 
doenças respiratórias afebris semelhantes ao 
resfriado comum a doenças nas quais 
predominam sinais e sintomas sistêmicos com 
relativamente pouca indicação clínica de 
acometimento do trato respiratório; 
• Achados típicos como dor de garganta, mialgias e 
febre podem estar ausentes e sintomas gerais 
como anorexia, mal estar, fraqueza e tontura 
podem predominar; 
• Febrevaria de 37,8° C a 40° C, mas pode chegar 
a 41,1° C (geralmente maior em crianças do que 
em adultos); 
• Doenças gastrointestinais, como vômitos e 
diarreia, geralmente não fazem parte das 
infecções por influenza em adultos, mas podem 
ocorrem em 10 a 20% das crianças; 
• Na pandemia de influenza H1N1, em 2009, vômitos 
e diarreias foram comuns em adultos; 
• Achados físicos geralmente são poucos: 
↪ Paciente pode parecer quente e corado; 
↪ Anormalidades orofaríngeas que não sejam 
hiperemia são incomuns, mesmo com queixas de 
dor de garganta grave; 
↪ Linfadenopatia cervical leve pode estar 
presente e é mais frequente em pacientes mais 
jovens; 
↪ Exame físico do tórax geralmente não é 
notável na influenza não complicada (defeitos 
ventilatórios leves e gradientes de difusão 
alveolar-capilar aumentados foram descritos); 
↪ Exames laboratoriais geralmente não são úteis 
para diagnóstico da gripe; 
▪ Contagem de leucócitos é normal ou baixa 
no início da doença, mas pode se elevar no 
decorrer dela; 
▪ Contagem de glóbulos brancos > 15.000 
células/microL: sugestão de superinfecção 
bacteriana; 
↪ Pacientes com gripe não complicada 
geralmente melhoram gradualmente de 2 a 5 
dias, embora a doença possa durar 7 dias ou mais; 
↪ Alguns pacientes apresentam sintomas 
persistentes de fraqueza ou fácil fatigabilidade, 
chamados de astenia pós-influenza, que duram 
várias semanas; 
 
Influenza complicada: 
• Pneumonia é a complicação mais comum da 
gripe; 
• Outras complicações, principalmente envolvendo 
os músculos e o SNC, também ocorrem; 
• Pneumonia: ocorre com maior frequência entre 
os grupos de pacientes de alto risco: 
↪ Idade ≥ 65 anos; 
↪ Mulheres grávidas ou pós-parto (dentro de 2 
semanas após o parto); 
↪ Crianças menores de 2 anos; 
↪ Residentes de instituições de longa 
permanência; 
↪ Pessoas com obesidade extrema (IMC ≥ 40 
kg/m²); 
↪ Indivíduos imunocomprometidos; 
↪ Doenças crônicas (doença pulmonar crônica, 
doença cardíaca crônica, doença renal crônica); 
↪ Pacientes que recebem glicocorticoides ou 
outros medicamentos imunossupressores; 
 
↪ Pneumonia viral primária/pneumonia primária 
da influenza: ocorre quando a infecção pelo vírus 
envolve diretamente o pulmão, produzindo uma 
pneumonia tipicamente grave; 
▪ Suspeita deve ser levantada quando os 
sintomas persistirem e aumentarem, em 
vez de se resolver em um paciente com 
influenza aguda; 
▪ Febre alta, dispneia e progressão para 
cianose podem ser observadas; 
▪ É a mais grave, embora a menos comum 
das complicações pneumônicas da 
influenza; 
▪ Aparente predileção por indivíduos com 
pressões atriais esquerdas elevadas e com 
distúrbios pulmonares crônicos; 
▪ Rara em adultos jovens saudáveis; 
▪ Imagem pulmonar: opacidades reticulares 
ou reticulonodulares bilaterais, com ou sem 
consolidação sobreposta; 
 
▪ Menos frequentemente, as radiografias 
mostram áreas focais de consolidação, 
principalmente nos lobos inferiores, sem 
opacidades reticulares ou 
reticulonodulares; 
▪ TC de alta resolução pode mostrar 
consolidação multifocal perovascular ou 
subpleural e/ou opacidade em vidro 
fosco; 
 
 
 
↪ Pneumonia bacteriana secundária: é uma 
complicação importante da gripe e contribui 
substancialmente para morbimortalidade, 
especialmente para indivíduos acima de 65 anos; 
▪ Característica marcante: exacerbação da 
febre e dos sintomas respiratórios após 
melhora inicial dos sintomas da influenza 
aguda; 
▪ A febre pode diminuir por 1 ou mais dias de 
influenza aguda, mas, em vez de continuar 
melhorando, o paciente recai com febre 
mais alta, produção de expectoração 
purulenta e evidência radiográfica de 
infiltrados pulmonares; 
▪ O vírus influenza afeta o epitélio 
traqueobrônquico, levando diretamente a 
uma diminuição no tamanho das células e à 
perda de cílios; 
▪ Aumento da adesão e invasão por 
Streptococcus penumoniae e clivagem do 
ácido siálico dos glicoconjugados das células 
hospedeiras e o açúcar livre resultante foi 
usado como nutriente para aumentar o 
crescimento e a densidade das colônias 
pneumocócicas na nasofaringe; 
▪ Agentes patogênicos bacterianos mais 
comuns: S. pneumoniae e Staphylococcus 
aureus; 
▪ Agentes patogênicos bacterianos menos 
comuns: Streptococcus pyogenes, 
Pseudomonas aeruginosa, Haemophilus 
influenzar, Klebsiella pneumoniae, Moraxella 
catarrhalis e Escherichia coli; 
▪ S. aureus resistente à meticilina associado à 
comunidade (CA-MRSA) foi identificado em 
surtos de pneumonia grave com alta taxa e 
mortalidade em pacientes jovens e 
previamente saudáveis com influenza; 
↪ Pneumonia viral e bacteriana mista: podem ter 
uma progressão gradual da doença ou uma 
melhora transitória seguida de piora. O vírus da 
gripe e os patógenos bacterianos geralmente 
estão presentes no escarro. Infiltrados 
pulmonares, incluindo áreas de consolidação 
franca, podem ser observados por exame físico 
ou RX de tórax; 
↪ Síndrome do desconforto respiratório agudo e 
falência de órgãos multissistêmicos: algumas 
complicações decorrentes do H1N1 foram: 
pneumonia rapidamente progressiva, insuficiência 
respiratória, síndrome do desconforto respiratório 
agudo e falência de órgãos multissistêmicos; 
↪ Miosite e rabdomiólise: mais frequente em 
crianças. Embora as mialgias sejam uma 
característica proeminente da maioria dos casos 
de influenza, a verdadeira miosite é incomum. 
▪ Marca da miosite aguda: extrema 
sensibilidade dos músculos afetados, mais 
comumente nas pernas. 
▪ Casos mais graves, pode-se notar inchaço e 
bogginess dos músculos. 
↪ Complicações cardíacas: 
▪ Alterações no ECG: mais frequentemente 
atribuídas à doença cardíaca subjacente do 
que ao envolvimento direto do coração com 
o vírus influenza; 
▪ Infarto agudo do miocárdio: o risco de IAM 
é elevado durante os dias 1 a 3 após a 
infecção respiratória aguda e maior naqueles 
com mais de 80 anos de idade; 
▪ Miocardite e pericardite: complicações raras 
da influenza; 
↪ Envolvimento do sistema nervoso central: 
encefalopatia, encefalite, mielite transversa, 
meningite asséptica e síndrome de Guillain-Barré; 
↪ Síndrome do choque tóxico: associada à 
infecção por S. aureus e influenza aguda 
(especialmente por influenza tipo B); 
↪ H1N1: quadro clínico semelhante e de difícil 
distinção da gripe sazonal. 
▪ Além dos sintomas clássicos, pode-se incluir 
dispneia e manifestações gastrintestinais, 
especialmente diarreia; 
▪ Período de incubação mais longo (2 a 9 dias); 
▪ Acomete adultos jovens, incluindo as 
gestantes; 
▪ Tratamento: doses efetivas de oseltamivir e 
zanamivir; 
▪ Critérios para encaminhamento: gravidade, 
dificuldades de controle na unidade de saúde 
e alterações no estado mental; 
Tratamento não farmacológico: 
• Maioria das pessoas: apenas repouso nas 
primeiras 72 horas, dependendo da evolução do 
quadro; 
• Ingestão aumentada de líquidos, incluindo canja de 
galinha – auxilia na desobstrução nasal e parece 
possuir uma substância adicional para aumentar a 
velocidade nasal do muco e diminuir o processo 
inflamatório; 
 
Tratamento farmacológico: 
• Medicação sintomática, na forma de antitérmicos, 
como: 
↪ Dipirona em gotas para crianças (10 a 20mg/kg 
de peso, até 4 doses por dia); 
▪ Não usar para crianças com menos de 3 
meses ou menos de 5kg; 
↪ Dipirona em comprimidos para adultos (500mg 
a cada 6 horas); 
↪ Paracetamol (acetaminofeno) para crianças (10 
a 15mg/kg de peso, 4 doses por dia); 
↪ Paracetamol para adultos (500 a 750mg, 4 
doses); 
↪ Ibuprofeno para crianças (5 a 10mg/kg, dividido 
em 3 doses); 
• Tratamento específico com antivirais: 
considerado para pessoas como alto risco de 
complicações ou durante uma epidemia; 
↪ Três classes de medicamentos antivirais: 
1. Inibidores da neuraminidadese: zanamivir, 
oseltamivir e peramivir – ativos contra a 
influenza A e B; 
2. Inibidor seletivo da endonuclease 
dependente de influenzacap: baloxavir – 
ativo contra influenza A e B; 
3. Adamantanes: amantadina e rimantadina 
– ativos apenas contra a influenza A; 
↪ Idealmente iniciado em até 48h a partir do 
início dos sintomas para se alcançar o máximo de 
benefício; 
↪ Antivirais específicos como 
amantadina/rimantadina, oseltamivir (via oral) e 
zanamivir (via inalatória) podem ser indicados; 
↪ O oseltamivir e o peramivir devem ser usados 
apenas se não houver suspeita de influenza 
resistente ao oseltamivir; 
↪ Oseltamivir é o medicamento preferido para 
influenza grave e para o tratamento da gripe em 
mulheres grávidas e que amamentam; 
↪ Zanamivir e baloxavir inalados não são 
recomendados para pacientes hospitalizados; 
↪ Pacientes que não podem receber oseltamivir, 
pode-se utilizar peramivir intravenoso; 
↪Adamantanes (amantadina e rimantadina): altas 
taxas de resistência entre os vírus influenza A →
raramente indicados; 
↪ Inibidores da neuraminidase: são 
moderadamente eficazes no tratamento → 
reduzem a duração e gravidade dos sintomas e 
a duração do derramamento e do título viral; 
↪ Discussão sobre valor de uso e efeitos 
colaterais da amantadina/rimantadina e sobre 
eficácia x custos do oseltamivir e zanamivir; 
• População alvo do tratamento com antivirais: 
↪ Indivíduos com doença grave (que requerem 
hospitalização ou evidência de infecção de trato 
respiratório inferior); 
↪ Indivíduos com alto risco de complicações; 
↪ Terapia deve ser considerada em pacientes 
asplênicos; 
• Indicações para o tratamento: início imediato; 
↪ Pacientes hospitalizados com influenza, 
independentemente da duração da doença antes 
da hospitalização; 
↪ Pacientes ambulatoriais com doença grave ou 
progressiva, independentemente da duração; 
↪ Pacientes ambulatoriais com alto risco de 
complicações da influenza, independentemente 
da duração da doença; 
• Considerar a terapia antiviral para os seguintes 
grupos: 
↪ Pacientes ambulatoriais com início da doença 
≤ 48 horas antes da apresentação; 
↪ Pacientes ambulatoriais sintomáticos que são 
contatos domiciliares de pessoas com alto risco 
de complicações da influenza; 
↪ Profissionais de saúde sintomáticos que 
rotineiramente cuidam de pacientes com alto 
risco de complicações da influenza; 
➢ Oseltamivir: 
• Dosagem usual: 
↪ 75mg por via oral, 2x ao dia, por 5 dias; 
↪ Dose deve ser modificada para insuficiência 
renal; 
• Eficácia: 
↪ Reduz a duração dos sintomas da gripe em 
aproximadamente 1 dia; 
↪ Reduz a duração do derramamento viral; 
↪ Reduz as taxas de gravidade e complicação da 
doença, internações hospitalares e o tempo de 
internação; 
↪ Associação com redução de mortalidade; 
• Efeitos adversos: 
↪ Autolesão e delirium (principalmente em 
crianças); 
↪ Náusea e vômito; 
➢ Zanamivir: 
• Dosagem usual: 
↪ 10mg (duas inalações), 2x ao dia, por 5 dias; 
• Contraindicação: 
↪ Pacientes com asma subjacente ou outras 
condições respiratórias crônicas; 
• Eficácia: 
↪ Reduz a duração dos sintomas da gripe em 1 a 
3 dias; 
• Efeitos adversos: 
↪ Pode causar broncoespasmo e um declínio na 
função respiratória em pacientes com asma e 
outros distúrbios respiratórios crônicos; 
↪ Não é recomendado para uso em 
nebulizadores ou ventiladores mecânicos; 
➢ Peramivir: 
• Dosagem usual: 
↪ 600mg IV como dose única; 
↪ Dose única porque possui forte e prolongada 
afinidade pelo vírus influenza neuraminidase; 
↪ Dose deve ser modificada para insuficiência 
renal; 
• Eficácia: 
↪ Reduz os sintomas até 21 horas mais cedo e 
tornam-se afebris 12 horas mais cedo; 
• Efeitos adversos: 
↪ Diarreia é comum; 
↪ Raros: reações graves de pele ou 
hipersensibilidade, como a síndrome de Stevens-
Johnson e eritema multiforme; 
↪ Delirium e autolesões; 
➢ Balaxovir: 
• Dosagem usual: 
↪ Indivíduos entre 40 e 80kg: 40mg em dose 
oral única; 
↪ Indivíduos acima de 80kg: 80mg em dose oral 
única; 
↪ Evitar administração concomitante com 
produtos lácteos, bebidas fortificadas com cálcio, 
laxantes polivalentes contendo cátions, antiácidos 
ou suplementos orais; 
↪ Indicado para crianças acima de 12 anos; 
• Mecanismo de atuação: 
↪ É um novo inibidor seletivo oral da 
endonuclease dependente de gripe que bloqueia 
a proliferação da gripe, inibindo o início da síntese 
de RNAm; 
• Eficácia: 
↪ Reduz o tempo para alívio dos sintomas da 
gripe em aproximadamente 1 dia; 
↪ Associado a declínios mais rápidos na carga 
viral infecciosa; 
↪ Surgimento de resistência após dose única 
levanta preocupações sobre a utilidade a longo 
prazo desse medicamento como monoterapia, 
principalmente se for amplamente utilizado; 
↪ Não há dados se a terapia combinada com 
oseltamivir e baloxavir oferece maior benefício 
clínico do que a monoterapia em pacientes 
hospitalizados e severamente comprometidos; 
↪ Também não há dados que comprovem se o 
baloxavir pode tratara com sucesso pacientes 
com infecções por influenza resistentes aos 
inibidores da neuraminidase; 
• Efeitos adversos: 
↪ Diarreia; 
↪ Reações de hipersensibilidade, como anafilaxia, 
urticária, angioedema, eritema multiforme; 
➢ Adamantanes (amantadina e rimantadina): 
• Mecanismo de atuação: 
↪ Impedem a replicação viral, bloqueando o canal 
iônico da proteína M2 viral, o que impede a fusão 
do vírus e das membranas das células 
hospedeiras; 
• Eficácia: 
↪ Antes do surgimento das taxas substanciais de 
resistência, a amantadina e a rimantadina 
reduziram a duração dos sintomas da gripe em 
cerca de 1 dia e reduziam a gravidade, a febre e 
outros sintomas em pacientes com infecções por 
influenza A não complicadas; 
• Efeitos adversos: 
↪ Toxicidade ao sistema nervoso central (maior 
na amantadina); 
Quimioprofilaxia: 
• Não devem ser usados como substitutos da 
vacinação! 
• Uso apropriado em certas populações-alvo, 
particularmente durante surtos em lares de 
idosos, hospitais e instalações de cuidados de 
longo prazo; 
• Inibidores da neuraminidase: zanamivir e 
oseltamivir. Mais utilizados; 
• Adamantanes: amantadina e rimantadina. 
Raramente utilizados; 
• Peramivir e baloxavir: aprovados para tratamento, 
mas não para profilaxia; 
• Populações-alvo para prevenção: residentes de 
asilos e instalações de atendimento crônico, 
adultos maiores de 65 anos, gestantes e mulheres 
até 2 semanas após o parto, indivíduos com 
condições crônicas (doença pulmonar, incluindo 
asma – particularmente se usou glicocorticoides 
sistêmicos no último ano, doença cardiovascular - 
exceto HAS isolada, neoplasia ativa, insuficiência 
renal crônica, doença hepática crônica, diabetes 
mellitus, hemoglobinopatias, imunossupressão e 
condições neurológicas que possam 
comprometer o manuseio de secreções 
respiratórias) e obesidade com IMC acima de 50; 
• Indicações para quimioprofilaxia: 
↪ Não é recomendado o uso generalizado ou 
rotineiro, exceto para controlar surtos 
institucionais; 
↪ A maioria dos indivíduos que recebeu 
vacinação, com exceção dos residentes de 
instituições de longa permanência, não deve 
receber profilaxia; 
↪ Durante as épocas em que não há uma boa 
correspondência entre os antígenos e o vírus em 
circulação, todos da população-alvo devem 
receber a profilaxia; 
Prevenção: 
• OMS: fabricação de vacina a partir de coleta de 
cepas virais circulantes entre as pessoas com 
quadro de influenza para uma efetiva e 
comprovada prevenção da gripe; 
• Composição antigênica: 
↪ As vacinas atuais são trivalentes ou 
quadrivalentes; 
↪ Vacinas trivalentes: 2 antígenos do influenza A 
e 1 antígeno do influenza B - SUS; 
↪ Vacinas quadrivalentes: 2 antígenos do 
influenza A e 2 antígenos do influenza B; 
↪ Vacina 2020: 
▪ Vírus semelhante ao A (H1N1); 
▪ Vírus do tipo A (H3N2); 
▪ Vírus do tipo B (linha B/Victoria); 
▪ Vírus do tipo B (linhagem B/Yamagata) – 
apenas nas quadrivalentes); 
↪ Vírus influenza A: três tipos principais de 
hemaglutininas (H1, H2 e H3) e doissubtipos de 
neuraminidase (N1 e N2) geralmente causam 
doenças em seres humanos; 
↪ Outros tipos (H5N1, H7N9) causam infecções 
esporádicas; 
• Vacinas inativadas contra influenza (IIVs): 
preparações de vacinas de virion ou subunidade 
divididas que foram inativadas. Contém 15mcg de 
cada hemaglutinina (HÁ) por vírus e são 
produzidas em ovos de galinha embrionados. 
Aplicação intramuscular; 
↪ No Brasil (SUS), utiliza-se vacinas com virus 
inativado. 
• Vacinas vivas atenuadas (LAIV): usa um vírus 
doador mestre atenuado e são produzidas em 
ovos de galinha embrionados; 
• Brasil: todas pessoas acima de 60 anos devem ser 
vacinadas pelo menos uma vez ao ano, 
preferencialmente no mês de abril; 
• Além das pessoas do grupo de risco, devem ser 
vacinados também: 
↪ Profissionais de saúde; 
↪ Funcionários de asilo; 
↪ Trabalhadores em residências de pessoas com 
doenças crônicas; 
↪ Pessoas que trabalham em locais que prestam 
serviços comunitários essenciais, ex: escolas; 
• Atentar para: familiares (inclusive as crianças) em 
casas de pessoas com doenças crônicas e 
pessoas com doenças crônicas que viajam para 
locais onde há surtos de gripe; 
• Eficácia da vacinação: prevenção em até 90% 
dos indivíduos quando existe coincidência entre as 
variantes do vírus influenza em circulação na 
comunidade e aquelas contidas na vacina; 
• Atualmente: vírus inativados, compostas por 
fragmentos ou subunidades proteicas virais, 
portanto, incapazes de causar gripe, sendo muito 
seguras; 
• Após a vacinação, a produção de anticorpos leva 
em torno de 4 semanas, o que deve ser 
considerado para a adequada indicação da vacina 
e sua eficácia; 
• Reações adversas mais comuns: 15% possuem 
reação no sítio de aplicação da vacina – dor e 
vermelhidão (autolimitadas 24 a 48h); 
• Reações sistêmicas como febre, mialgia e outras 
manifestações, são menos frequentes e de curta 
duração; 
• Reações graves, como anafilaxia ou síndrome de 
Guillan-Barré são extremamente raras; 
• Contraindicação absoluta para pessoas que 
tenham alergia ao ovo; 
 
Resfriado comum: 
▪ Quadro leve, caracterizado por uma síndrome 
viral das vias aéreas superiores, autolimitada, com 
um ou mais dos seguintes sintomas: coriza nasal 
hialina com ou sem obstrução, espirros, dor de 
garganta, tosse e rouquidão; 
▪ Período de 48 a 72h de incubação; 
▪ Quadro inicia-se com leve mal-estar, coriza nasal, 
rouquidão, irritação da garganta e variável perda 
do olfato e paladar; 
▪ Os sintomas progridem em gravidade nos 2 a 4 
próximos dias; 
▪ Febre não está presente, no máximo uma 
febrícula! 
▪ Quadro clínico em crianças e adultos é bastante 
distinto; 
▪ Adultos: média de 2 a 4 episódios de resfriado 
anualmente, com duração dos sintomas de 5 a 7 
dias. Congestão nasal é proeminente e sem febre; 
▪ Crianças abaixo dos 6 anos de idade: 6 a 8 
resfriados por ano, com pelo menos um episódio 
nos meses de inverno. Sintomas típicos podem 
durar até 14 dias; 
▪ Crianças em creches ou escolinhas são mais 
susceptíveis; 
▪ As infecções de vias aéreas superiores (IVAS) são 
causadas por uma variedade muito grande de 
vírus; 
↪ Rinovírus; 
↪ Vírus sincicial respiratório; 
↪ Influenza; 
↪ Parainfluenza; 
↪ Adenovírus; 
▪ Rinovírus são responsáveis por mais de 50% dos 
casos, tanto em adultos quanto em crianças; 
▪ Outros vírus envolvidos: enterovírus e 
coronavírus; 
▪ Mais recentemente, identificado o 
metapneumovírus; 
▪ Transmissão viral: via inalatória de pequenas 
partículas aerossóis, por meio da deposição de 
partículas maiores na mucosa nasal ou 
conjuntival, ou, ainda, pela transferência direta 
mão a mão de contatos infectados – rinovírus 
podem sobreviver até 2 horas nas mãos; 
▪ Importância da lavagem das mãos; 
▪ Recomendação de pessoas com sintomas 
respiratórios usarem lenços descartáveis ao 
assoar o nariz ou tossir; 
▪ Diagnóstico diferencial: rinite (obstrução nasal, 
coriza hialina na maior parte dos casos, prurido 
nasal e no palato mole e espirros frequentes. Pode 
haver tosse irritativa acompanhada de prurido dos 
olhos e perda temporária do olfato e do paladar, 
mas sempre sem febre. As secreções nasais 
matinais purulentas, desacompanhadas de outros 
sintomas sistêmicos, podem dever-se ao efeito 
dos saprófitos sobre a secreção em estase.) 
↪ Rinite alérgica apresenta sintomatologia 
semelhante ao resfriado comum – diferenciação 
pela anamnese e exame clínico; 
↪ Rinites não alérgicas – medicamentosas, 
endócrinas, anatômicas e vasomotoras – também 
devem ser lembradas; 
▪ Tratamento IVAS: medidas de suporte e alívio 
dos sintomas; 
↪ Repouso e oferta de líquidos; 
↪ Elevação da cabeceira; 
↪ Anti-histamínicos, descongestionantes, 
antitussígenos, expectorantes, usados 
isoladamente ou em associação são utilizados no 
alívio dos sintomas (não recomendar para 
crianças em caso de resfriado comum); 
▪ Tratamento sintomático: 
↪ Crianças maiores de 6 anos de idade: 
paracetamol ou ibuprofeno são usados para 
combater elevação da temperatura (se acima de 
37,8° C, nas primeiras horas do quadro) 
↪ Solução nasal salina pode ajudar na remoção 
das secreções nasais; 
↪ Contraindicação absoluta de antibióticos nesses 
casos! 
↪ Adultos: 
▪ Vasoconstritores de uso tópico: 
- Alívio dos sintomas de obstrução nasal; 
- Extrema cautela na indicação para crianças; 
- São facilmente absorvíveis pela mucosa 
nasal e podem causar depressão do SNC; 
- Lactentes jovens são muito sensíveis aos 
efeitos dessas substâncias; 
- Evitar em crianças menores que 1 ano; 
- Poucas situações (ex: criança com 
dificuldade prolongada para se alimentar): 
fenilefrina (0,125 ou 0,25%), 15 a 20 minutos 
antes das refeições, por, no máximo, 4 ou 5 
dias; 
- Risco de lesão da mucos e vasodilatação 
rebote; 
▪ Associações contendo descongestionantes 
e anti-histamínicos: 
- Associações mais utilizadas no tratamento 
de gripes e resfriados; 
- Em adultos causam poucos efeitos 
adversos; 
- Descongestionantes usados pro via 
sistêmica causam menos congestão rebote 
do que os vasoconstritores de uso tópico; 
- Anti-histamínicos constituem capacidade 
variada de aliviar sintomas ou produzir efeitos 
adversos; 
- Crianças apresentam maior susceptibilidade 
aos efeitos anticolinérgicos dos anti-
histamínicos e aos efeitos vasopressores das 
aminas simpatomiméticas (irritabilidade, 
taquicardia, insônia, hipertensão e febre); 
- Em lactentes os efeitos adversos são 
comuns; 
- Crianças menores de 6 anos: alterações 
psiquiátricas; 
▪ Antitussígenos: 
- Não se recomenda suprimi-la, pois é um 
reflexo respiratório protetor, desencadeado 
para a remoção de secreções da árvore 
traqueobrônquica; 
- Cultura de que os antitussígenos sejam 
efetivos (caráter autolimitada da maioria das 
tosses que acompanha as gripes e resfriados 
comuns); 
- Antitussígenos não opioides, como o 
dextrometorfono – pouco tóxico, mas 
podem causam sonolência, náusea e 
dependendo da dosagem, depressão do 
SNC; 
- Indicação: naqueles poucos casos em que 
a tosse é irritativa e atrapalha o sono da 
criança; 
▪ Expectorantes e mucolíticos: 
- São muito utilizados, embora não 
apresentem efetividade comprovada; 
- Contraindicado para crianças; 
▪ Vitamina C: 
- Não existe qualquer comprovação 
científica; 
▪ Anti-histamínicos: 
- Aliviam o prurido nasal, diminuem os 
espirros e a rinorreia nos casos de rinite 
alérgica. No entanto, possuem pouco efeito 
sobre a congestão nasal; 
- Cautela ao indicar para crianças. 
• Complicações: 
↪ Otite média aguda: embora a disfunção da tuba 
seja frequente durante o curso do resfriado 
comum, somente 5% complicam, evoluindo para 
uma otite média aguda; 
↪ Asma: as IVAS são comumente associadas 
com chiado no peito em crianças suscetíveis e 
podem ser as desencadeadoras da asma em 
percentuais elevados da população infantil; 
↪ Sinusite: quando existe uma persistência dos 
sintomas nasais em períodos superioresao 
intervalo de 5 a 11 dias e exacerbação do quadro 
clínico com apresentação de febre alta, rinorreia 
purulenta e forte dor na face, há um forte indício 
de infecção bacteriana secundária dos seios 
nasais e paranasais; 
↪ Pneumonia: tosse persistente com 
expectoração mucopurulenta, com piora do 
quadro geral e aparecimento de febre pode ser 
outra complicação da IVAS; 
↪ Outras complicações: episódios de epistaxes, 
conjuntivite e faringite podem também ser 
complicações das IVAS, embora menos 
frequentes;

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