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Periodização do Treinamento Desportivo para Atletas da Categoria Infantil Masculino de Basquetebol 29 29 Revista Treinamento Desportivo / 2006 Volume 7 • Número 1 • Página 29 a 35 Periodização do Treinamento Desportivo para Atletas da Categoria Infantil Masculino de Basquetebol LEANDRO DE MELO BENELI EDUARDO FANTATO RODRIGUES PAULO CÉSAR MONTAGNER RESUMO Este artigo busca apresentar possibilidades para o planejamento do treinamento de jovens atletas e analisar o modelo tradicio- nal de organização da periodização desportiva. Através da re- visão bibliográfica, serão apresentados o modelo tradicional e o modelo contemporâneo e suas principais diferenças teóricas. Utilizou-se como procedimento metodológico o planejamento da periodização do treinamento anual realizado em 2004 base- ando-se no modelo tradicional, aplicado na equipe de basque- tebol masculina categoria infantil (14/15 anos), que disputou o Campeonato Regional de Basquetebol no Estado de São Pau- lo - Brasil. Foram realizados cinco testes em cinco etapas da periodização como parâmetros para identificar a evolução da performance da equipe durante o treinamento. Como resulta- do, a equipe infantil conquistou a 3ª colocação no torneio e ocorreu aumento em todos os indicadores analisados durante o planejamento (p < 0,01). Na seqüência, discutiu-se aspectos relevantes no planejamento desta periodização tradicional para jovens atletas de basquetebol e os resultados obtidos. Concluiu- se que a planificação coerente do treinamento desportivo para jovens atletas, baseado nos referenciais teóricos do modelo tra- dicional, proporcionou desenvolvimento relevante da performance da equipe. Palavras-chave: Treinamento desportivo, basquetebol, jovens atletas, periodização tradicional. ABSTRACT This article objective is to introduce possibilities for youth athletes training arrangement and analyze the traditional model of sportive periodization. Through the bibliography research, will be showed the traditional model and the contemporaneous model and their theoric differences. As the methodology was used the 2004 year training organization of the men basketball team about 14 to 15 years old, who played the São Paulo – Brazil Regional Basketball League, focusing on the traditional model. It was realized five tests in five moments of the periodization for identify the evolution of performance during the training. As the result, this team overcame the 3rd place and INTRODUÇÃO A ciência do desporto obteve uma evolução consi- derável, e atualmente existem autores tradicionais e con- temporâneos com diferentes teorias e metodologias para o treinamento desportivo, porém ainda há grandes difi- culdades por parte de técnicos e pessoas ligadas ao es- porte relacionado ao treinamento desportivo de jovens atletas. Muitos destes profissionais não se apropriaram dos conhecimentos teóricos científicos para a solução de complexos problemas do treinamento desportivo, base- ando-se apenas no empirismo1. Nota-se a ínfima quantidade de material acadêmico e científico relacionado ao planejamento da periodização durante a infância e a adolescência. A maioria dos estu- dos utiliza modelos de periodização ou de sistematiza- ção do treinamento como forma metodológica para a obtenção de determinada capacidade física, porém em idades mais avançadas, ou então, buscam determinar as principais capacidades físicas a serem treinadas a partir das particularidades psicofísicas da fase que os jovens atletas estão. Não obstante, existem inúmeras divergên- cias e discussões sobre os modelos tradicionais e con- temporâneos, e conseqüentemente, sobre qual destes possibilitaria o melhor desenvolvimento esportivo. Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Campinas – SP – Brasil every indicator analyzed during the plan increased (p < 0,01). Then it was discussed some topics about the plan of this traditional periodization and the results. Concluded that the sportive periodization planning coherent for the youth athletes based on the theoric referential of the traditional model, provided the team performance great development. Key-words: Sportive training, basketball, youth athletes, traditional periodization. Leandro de Melo Beneli; Eduardo Fantato Rodrigues; Paulo César Montagner30 Neste sentido, aumenta a necessidade por parte dos técnicos ligados ao esporte para jovens atletas de ampli- ar seus conhecimentos teóricos-científicos sobre as metodologias do treinamento desportivo, respeitando os fundamentos gerais do crescimento na infância e na ado- lescência, e a capacidade psicofísica de suportar a car- ga2. Este artigo torna-se relevante na medida que pro- põe e analisa uma periodização do treinamento desportivo para jovens atletas de basquetebol, baseada no modelo teórico tradicional de MATVEEV3, e possibi- lita a discussão em torno destas questões mencionadas anteriormente. Apesar da existência de procedimentos sistematiza- dos a partir dos referenciais teóricos e conceitos do trei- namento desportivo, a palavra periodização surgiu ofi- cialmente no cenário mundial em 1965 por meio dos es- tudos elaborados pelo prof. Matveev da antiga URSS (União Soviética). Assim o principal objetivo da periodização é conciliar o treinamento de tal forma que os melhores resultados sejam conseguidos exatamente no período determinado4. GOMES5 faz uma divisão cro- nológica de períodos em relação aos modelos de periodização do treinamento desportivo que foram es- tabelecidos como: desde sua origem até 1950, de 1950 até 1970 e de 1970 até a atualidade. MANSO, VALDIVIELSO e CABALLERO6 propuse- ram a denominação “tradicional” para propostas de periodização do treinamento desportivo, que embora antigos ainda são utilizadas, como dos autores Ozolin e Matveev. Segundo GAMBETTA 7 estes autores tradicio- nais possuem grande importância para o desenvolvimen- to do treinamento desportivo e devem ser reavaliados. Há também as propostas de autores contemporâneos como VERKHOSHANKY8, BONDARCHUK9, tendo como características fundamentais a individualização do treina- mento, ou seja, cargas de trabalho embasadas nos princípi- os individuais de adaptação à mesma, e também a caracte- rística de concentração das cargas de treinamento de uma mesma orientação em períodos curtos de tempo1. A mercantilização do desporto moderno e a evolu- ção da ciência do desporto, assim como ocorreu em ou- tras áreas do conhecimento, criaram premissas para o questionamento quanto à aplicação do modelo tradicio- nal proposto por MATVEEV3. O conflito entre teoria e prática através da elaboração e aplicação de programas de treinamento estruturados diferentemente, evidenci- am nesta teoria, que apesar de possuir muitos adeptos, alguns pontos que não atendem às exigências do des- porto moderno10. As críticas relativas a este modelo tradicional relaci- onam-se aos seguintes aspectos: excessiva concentração de trabalho de preparação geral, desenvolvimento simul- tâneo de diferentes capacidades em um mesmo período de tempo, uso rotineiro das cargas por períodos prolon- gados, pouca importância atribuída ao trabalho especí- fico, reduzidos períodos durante a temporada1. Outras críticas baseiam-se na fundamentação deste modelo clás- sico a partir de trabalhos desenvolvidos com desportos individuais. MÉTODOS A partir da literatura a respeito das particularidades do crescimento, da capacidade psicofísica de suportar a carga na infância e na adolescência e dos aspectos relaci- onados à teoria da periodização do treinamento desportivo, baseando-se no modelo tradicional de Matveev, foi elaborado e aplicado um planejamento plurianual para a equipe de basquetebol masculina in- fantil com 12 atletas de 14/15 anos que disputou o Campeonato Regional do Interior do Estado de São Paulo (Brasil) no ano de 2004, organizado pela Associação Re- gional de Basquetebol (ARB). MACROCICLOS DA PERIODIZAÇÃO MATVEEV3 indica a periodização plurianual para jovens atletas, pois estes necessitam desenvolver as ca- pacidadesfísicas de forma multilateral. Desta forma a periodização foi dividida em dois macrociclos e o qua- dro 1 apresenta o primeiro. Primeiramente foi organizado o período preparató- rio, sendo dividido em geral e especial, e este foi ampli- ado por um tempo maior em relação ao segundo macrociclo (Fevereiro até Abril), enfatizando principal- mente as capacidades coordenativas, além de habilida- des e fundamentos básicos para que obtivesse maiores ganhos nos períodos posteriores. O período preparató- rio foi elaborado com quatorze microciclos (semanais), sendo oito para o preparatório geral e seis para o prepa- ratório especial. O processo de desenvolvimento da forma física, se- gundo MATVEEV 3 , apresenta três fases: aquisição, ma- nutenção e diminuição temporária da forma desportiva. Neste sentido, no período competitivo os treinamentos foram voltados, sobretudo, para a adaptação das aquisi- ções do período preparatório anterior e sua transferên- cia para a competição. O treinamento possuía caráter especial e os aspectos táticos adquiriram relevante im- portância. Na organização da periodização do treinamento desportivo além da preparação física devem ser consi- derados também o treinamento técnico, tático e psicoló- gico dos atletas, que não devem ser fragmentados e sim complementados. Estes aspectos necessitam ser via- bilizados durante os períodos da periodização para a obtenção da forma desportiva ótima, não obstante o trei- namento técnico possuía prioridade no primeiro macrociclo e o treinamento tático teve ênfase no segun- do macrociclo. O quadro 2 mostra a segunda parte da periodização em que foram feitas alterações em relação ao primeiro macrociclo da periodização. Desta forma, o período pre- paratório foi organizado com nove microciclos sendo três para o preparatório geral e seis para o preparatório es- pecial. Priorizou-se a aquisição de elementos para o de- senvolvimento das capacidades físicas especiais da mo- dalidade, com o aumento da intensidade do treinamen- to. Periodização do Treinamento Desportivo para Atletas da Categoria Infantil Masculino de Basquetebol 31 MICROCICLOS DA PERIODIZAÇÃO Após o planejamento dos períodos, foram determi- nadas as capacidades físicas prioritárias e em seguida organizados os microciclos com seus objetivos principais. O quadro 3 apresenta os microciclos da periodização do treinamento com as capacidades físicas principais, e a partir destes dados foram desenvolvidos os treinos diá- rios. Observa-se no quadro 3 que os primeiros quatro microciclos possuíram como característica principal exer- cícios da preparação geral, ou seja, não específico da modalidade que desenvolvessem, sobretudo, a resistên- cia de força. Observando os quatro dias da semana que aconteceram as sessões de treinamento, nota-se que três delas possuíram exercícios com estas características e apenas uma (quarta-feira) possuía exercícios com carac- terísticas diferentes da preparação geral e também da resistência de força. Nas sessões de treinamento dos três microciclos seguintes, os exercícios continuaram sendo predominantemente gerais, porém tiveram como prio- ridade à força máxima. No período preparatório geral a tendência geral da dinâmica de cargas foi de aumento gradual do volume e da intensidade com um crescimento preferencial do vo- lume buscando solidificar a forma física. O treinamento técnico neste período buscou desenvolver fundamentos e as habilidades básicas como correr, saltar e lançar. Os sete microciclos posteriores foram modificados, pois se iniciou o período preparatório especial, que tam- bém é uma etapa de aquisição de elementos para a ob- tenção da forma física ótima, entretanto buscou-se ga- rantir o desenvolvimento das capacidades específicas da modalidade. Quadro 1 – 1º Macrociclo da periodização para a equipe masculina de basquetebol categoria infantil (14/15 anos) Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho 2 9 16 23 1 8 15 22 29 5 12 19 26 3 10 17 24 31 7 14 21 28 5 12 3 10 17 24 2 9 16 23 30 6 13 20 25 4 11 18 25 1 8 15 22 29 6 13 4 11 18 25 3 10 17 24 31 7 14 21 26 5 12 19 26 2 9 16 23 30 7 14 5 12 19 26 4 11 18 25 1 8 15 22 27 6 13 20 27 3 10 17 24 1 8 15 6 13 20 27 5 12 19 26 2 9 16 23 28 7 14 21 28 4 11 18 25 2 9 16 7 14 21 28 6 13 20 27 3 10 17 24 29 8 15 22 29 5 12 19 26 3 10 17 Preparatório Geral Preparatório Especial Competitivo Transição Introdutor Desenvolvimento C Desenvolvimento Especial C Competitivo Recuperativo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 r es or or m ch c es or ch ch or c es co co co co co co co c r r Quadro 2 – 2º Macrociclo da periodização para a equipe masculina de basquetebol categoria infantil (14/15 anos) Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 19 26 2 9 16 23 30 6 13 20 27 4 11 18 25 1 8 15 22 29 6 13 20 20 27 3 10 17 24 31 7 14 21 28 5 12 19 26 2 9 16 23 30 7 14 21 21 28 4 11 18 25 1 8 15 22 29 6 13 20 27 3 10 17 24 1 8 15 22 22 29 5 12 19 26 2 9 16 23 30 7 14 21 28 4 11 18 25 2 9 16 23 23 30 6 13 20 27 3 10 17 24 1 8 15 22 29 5 12 19 26 3 10 17 24 24 31 7 14 21 28 4 11 18 25 2 9 16 23 30 6 13 20 27 4 11 18 25 Preparatório Especial Competitivo Desenvolvimento Pré-comp Estabiliza Competitivo 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 ch ch r es pc pc es c co co co co co co co co c co co co co co co co Leandro de Melo Beneli; Eduardo Fantato Rodrigues; Paulo César Montagner32 Os três primeiros microciclos deste período possuí- ram como capacidade física primordial à força rápida e os quatro seguintes a força rápida especial. Neste perío- do houve o aumento da intensidade e o incremento de outras capacidades como: velocidade, ritmo e potência. Apesar da diminuição do volume dos exercícios da pre- paração geral, o desenvolvimento das capacidades coordenativas e as habilidades básicas foram mantidas no primeiro macrociclo. O treinamento técnico buscou aprimorar os fundamentos da modalidade através de exercícios específicos, e aumentou-se o volume de tra- balhos táticos. No período competitivo a preparação geral reduziu bruscamente e o treinamento adquiriu predominância dos ajustes táticos e o refinamento das finalizações. Em seguida ocorreu o período de transição (início do mês de julho) com interrupção do treinamento, que retornaram no final do mês de julho. No quadro 4 observa-se os microciclos do segundo macrociclo. Os três primeiros microciclos possuíram pre- dominância de exercícios especiais que desenvolvesse a resistência de força rápida para que nos quatro microci- clos seguintes pudesse ser priorizada a força rápida es- pecial. Além destes aspectos, neste momento também foram realizados alguns amistosos. O treinamento téc- nico diminuiu o volume ao longo desta etapa, na mes- ma proporção que aumentaram os treinamentos táticos durante este período. Como característica principal às modalidades cole- tivas, principalmente para jovens, possuem um período competitivo longo e devido a este fator a preparação do treinamento desportivo possuiu mais de um pico ótimo da forma física, sendo que o maior pico aconteceu nas fases finais do campeonato. Neste período o treinamen- to priorizou o refinamento do sistema tático ofensivo e defensivo, além do treinamento técnico das finalizações. Evidentemente ocorreram intervenções durante o trei- Quadro 3 – Microciclos do treinamento – 1º macrociclo. Períodos Preparatório Geral Preparatório Especial Competitivo Capacidade Física Resistência Força Força Máxima Força RápidaForça Rápida Especial Competitivo Microciclos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Segunda Preparatório Geral Resistência Força RML Preparatório Geral Resistência Força RML Preparatório Especial Força Rápida Preparatório Especial Força Máxima Coordenação Jogo Quarta Preparatório Especial Força Máxima Velocidade Preparatório Especial Força Máxima Velocidade Preparatório Geral Resistência Força Velocidade Preparatório Especial Força Rápida Pliometria Descanso Ativo Especial Quinta Preparatório Geral Resistência Força RML Preparatório Geral Força Máxima Coordenação Preparatório Especial Força Máxima Preparatório Geral Resistência Força RML Competitivo Força Rápida Jogo (Coletivo) Sexta Preparatório Geral Resistência Força Geral Preparatório.Especial Resistência Força Preparatório Especial Força Rápida Preparatório Especial Força Rápida Pliometria Jogo Sábado Descanso Descanso Descanso Descanso Descanso Períodos Preparatório Especial Competitivo Capacidade Física Resistência Força Rápida Força Rápida Especial Competitivo Microciclos 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 Segunda Preparatório Geral Resistência Força Coordenação Preparatório Especial Força Máxima Coordenação Jogo Quarta Preparatório Especial Força Máxima Velocidade Preparatório Especial Força Rápida Pliometria Descanso Ativo Especial Quinta Preparatório Geral Resistência Força RML Preparatório Geral Resistência Força RML Competitivo Força Rápida Jogo (Coletivo) Sexta Preparatório Geral Resistência Força Velocidade Preparatório Especial Força Rápida Pliometria Jogo Sábado Descanso Descanso Descanso Quadro 4 – Microciclos do treinamento – 2º macrociclo. Periodização do Treinamento Desportivo para Atletas da Categoria Infantil Masculino de Basquetebol 33 namento com o intuito de corrigir fundamentos e aspec- tos que demonstravam maior grau de dificuldade. TESTES Para identificar e avaliar a evolução da equipe du- rante o treinamento foram realizados cinco testes em cin- co etapas da periodização. A primeira bateria de testes foi realizada ao final do período preparatório geral do 1º macrociclo (A), o segundo ocorreu ao final do período preparatório especial do 1º macrociclo (B), o terceiro acon- teceu no fim do período competitivo também do 1º macrociclo (C), o quarto foi realizado no final do perío- do preparatório especial do 2º macrociclo (D), e o último no final do período competitivo do 2º macrociclo (E). Os atletas tiveram três tentativas para executar cada teste, e anotou-se a melhor marca obtida. 3.1– Impulsão Vertical – primeiramente o atleta esti- cou o braço para marcar o ponto de alcance máximo, em seguida realizou o salto a partir da posição ereta, flexionando os joelhos, com os braços semi-flexionados e os pés totalmente apoiados no solo. Marcou-se a altura do salto, expressa em centímetros (cm), com um toque das pontas dos dedos marcadas com giz na régua, e sub- traiu-se do ponto de alcance máximo. Objetivo: verificar a impulsão e a força explosiva de membros inferiores. 3.2 – Salto Sêxtuplo - o atleta realizou seis saltos con- secutivos com as pernas alternadas a partir de uma mar- ca determinada. Mediu-se à distância do início (marca determinada) até a última passada expressa em centí- metros (cm). Objetivo: medir a componente de força rá- pida nos membros inferiores. 3.3 – Força de Lançamento - o atleta realizou um lan- çamento com uma medicine-ball de 3 Kg a partir da po- sição sentada com o dorso, a cabeça e o glúteo encosta- dos em uma parede e as pernas esticadas. O atleta foi orientado para iniciar o movimento com a medicine-ball encostada no peito, e a medida foi expressa em centíme- tros (cm). Objetivo: avaliar a força explosiva de mem- bros superiores. 3.4 – Passe na Parede - esse teste consistiu em o atle- ta ficar de frente para uma parede lisa, a 2 metros de distância da mesma, e fazer o maior número de passes (n) durante 20 segundos. Objetivo: medir a componente de força rápida de membros superiores. 3.5 – Corrida Sinuosa com condução de bola - per- correr uma distância de 15 metros (ida e volta), no me- nor tempo possível, expressa em segundos (s), driblando com uma bola de basquete. Alternar as mãos, e contor- nar 5 cones dispostos em linha reta distantes 1,5 m entre si. Objetivo: verificar a agilidade, velocidade, coordena- ção e técnica especifica do basquetebol. RESULTADOS O campeonato da ARB foi disputado por dez equi- pes que jogaram em turno único no primeiro semestre, classificando seis equipes para a fase seguinte. A equipe da Sociedade Hípica de Campinas classificou em 5º lu- gar nesta primeira fase. Na fase seguinte, no segundo semestre, as seis equi- pes jogaram em turno e returno e classificaram apenas quatro equipes para os play-offs. Após o término da se- gunda fase entre os seis times, jogos em turno e returno, esta equipe conseguiu a 4ª colocação e a possibilidade de disputar os play-offs. Nos play-offs da semifinal da ARB esta equipe per- deu para Casa Branca, que mais tarde seria a equipe cam- peã enfrentando Limeira no play-off final. Entretanto, ainda restava a disputa do terceiro lugar e confirmação de que a periodização do treinamento desportivo havia sido elaborada de forma coerente. A equipe da Socieda- de Hípica de Campinas não havia vencido nenhum dos três jogos disputados contra a equipe de Sorocaba nas fases anteriores, porém neste play-off conseguiu duas vitórias e conquistou a 3ª colocação no campeonato. As tabelas 1, 2, 3, 4 e 5 apresentam as médias dos resultados em cada etapa, os desvios padrão e Tukey para os testes de força explosiva de membros inferiores (Salto Vertical), de força rápida de membros inferiores (Salto Sêxtuplo), de força explosiva de membros superi- ores (Força de Lançamento), de força rápida de mem- bros inferiores (Passe na Parede), e o de agilidade, coor- denação e técnica especifica do basquetebol (Corrida Si- nuosa), respectivamente. Percebe-se a partir da análise estatística nas tabelas 1, 2, 3, 4 e 5 que a equipe conse- guiu obter uma alteração positiva nas médias de resul- tados em todos indicadores analisados. DISCUSSÃO Para organizar uma periodização de treinamento voltada para adolescentes torna-se relevante o conheci- mento sobre as particularidades e características do cres- cimento, desenvolvimento e da maturação destes indi- víduos. A capacidade de crianças e adolescentes supor- tarem cargas não podem ser otimizadas exclusivamente através de uma redução quantitativa da estrutura de car- gas dos adultos2. Cada faixa etária tem a suas tarefas di- dáticas especiais, bem como particularidades específicas do desenvolvimento, portanto, a oferta de estímulos e aprendizagem deve ser regulada pela fase sensitiva. Estes aspectos fisiológicos requerem um direciona- mento correspondente ao treinamento. Neste sentido, o primeiro período preparatório buscou focalizar esforços no aumento da capacidade coordenativa dos atletas, desenvolvendo também os fundamentos e as habilida- des básicas, para que na fase posterior os atletas estives- sem preparados de forma múltipla para o treinamento desportivo. Além do conhecimento prévio sobre as particulari- dades e características crescimento dos jovens atletas, a sistematização e organização da periodização desportiva por parte de técnicos e/ou pessoas envolvi- das com o desporto, a partir de referenciais teóricos e metodologias do treinamento, adquiri também relevan- te importância para o desenvolvimento individual e coletivo da equipe. Leandro de Melo Beneli; Eduardo Fantato Rodrigues; Paulo César Montagner34 Etapa A B C D E Média 44,3 45,2 45,7 46,4 46,9 Desvio Padrão ± 0,96 ± 0,88 ± 0,77 ± 0,77 ± 0,81 A * * * * B * * ** C * * * * D * * * * E * * * * Etapa A B C D E Média 1490 1530 1546 1573 1597 Desvio Padrão ± 63,6 ± 56,7 ± 55,1 ± 54 ± 56,6 A * * * * B * * * * C * * * * D * * * * E * * * * Etapa A B C D E Média 460 475 484 498 504 Desvio Padrão ± 24,1 ± 23,9 ± 22,7 ± 22,3 ± 23,9 A * * * * B * * * * C * * * * D * * * * E * * * * Etapa A B C D E Média 26,7 27,4 27,7 28,4 28,9 Desvio Padrão ± 1,13 ± 1,16 ± 1,28 ± 1,37 ± 1,4 A * * * * B * * * * C * * * * D * * * * E * * * * Etapa A B C D E Média 7,8 7,42 7,3 7,11 6,98 Desvio Padrão ± 0,3 ± 0,38 ± 0,31 ± 0,26 ± 0,29 A * * * * B * * * * C * * * * D * * * * E * * * * Tabela 1 – Médias, Desvios Padrão e Tukey para os testes de Força Explosiva de membros inferiores (Salto Vertical), onde * = p < 0,01. Tabela 2 – Médias, Desvios Padrão e Tukey para os testes de Força Rápida de membros inferiores (Salto Sêxtuplo), onde * = p < 0,01. Tabela 3 – Médias, Desvios Padrão e Tukey para os testes de Força Explosiva de membros superiores (Força de Lançamento), onde * = p < 0,01. Tabela 4 – Médias, Desvios Padrão e Tukey para os testes de Força Rápida de membros inferiores (Passe na Parede), onde * = p < 0,01. Tabela 5 – Médias, Desvios Padrão e Tukey para os testes de Agilidade, Coordenação e Técnica especifica do basquetebol (Corrida Sinuosa), onde * = p < 0,01. Periodização do Treinamento Desportivo para Atletas da Categoria Infantil Masculino de Basquetebol 35 No segundo macrociclo ocorreram modificações na periodização em relação ao primeiro macrociclo devido ao elevado volume da preparação geral no primeiro pe- ríodo, ao significativo aumento em todos indicadores após o primeiro período preparatório especial (B) e a necessidade de melhorar uma colocação para obter a clas- sificação para a fase seguinte do campeonato. Neste sen- tido, adotou-se a exclusão do período preparatório geral no segundo macrociclo aumentando o período prepara- tório especial. Mais importante que observar a colocação final é verificar o desenvolvimento gradual atingido pela equi- pe durante a competição. Esta evolução é comprovada ao analisar o aumento de todos os indicadores na periodização do treinamento desta equipe. O questionamento relacionado ao modelo de treina- mento desportivo utilizado durante o planejamento anu- al, balizado a partir do modelo tradicional e do modelo contemporâneo é outro aspecto a ser discutido. O mo- delo de MATVEEV3 utilizado para a construção da periodização que, apesar de contestado por autores con- temporâneos, possui em sua base pedagógico- metodológica uma grande segurança na administração do treinamento, sobretudo, quando aplicada para desportistas iniciantes. Este modelo caracteriza-se pelo aumento gradual dos índices funcionais e se expressa como decorrência da utilização de um volume modera- do e contínuo das cargas de treinamento. Não obstante, estes aspectos criticados pelos auto- res contemporâneos necessitam estar presente no plane- jamento da periodização de jovens atletas. O elevado volume de trabalho de preparação geral, o desenvolvi- mento simultâneo de diferentes capacidades físicas em um mesmo período de tempo, uso de cargas por perío- dos prolongados e relativa importância atribuída ao tra- balho específico, são fatores que proporcionam a base para o desenvolvimento múltiplo destes jovens atletas. Concluiu-se que, apesar das críticas de autores con- temporâneos relacionados ao modelo tradicional de periodização do treinamento desportivo, este modelo demonstrou relevante eficácia quando aplicado para a equipe infantil (14/15 anos) masculina de basquetebol, na medida que proporcionou o significativo desenvol- vimento da performance da equipe. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Oliveira PR; Silva JBF. Dinâmica da alteração de diferentes capacidades biomotoras nas etapas e micro-etapas do macro-ciclo anual de treinamento de atletas de voleibol. Revista Treinamento Desportivo 2001; 6:18-30. 2. Weineck J. Biologia do esporte. São Paulo: Editora Manole, 2000. 3. Matveev LP. Periodizacíon del entrenamiento desportivo. Madrid, INEF, 1977. 4. Barbanti VJ. Teoria do treinamento desportivo. São Paulo: Edgard Blücher, 1979. 5. Gomes AC. Treinamento desportivo: estruturação e periodização. Porto Alegre: Artmed, 2002. 6. Manso JMG; Valdivielso MN; Caballero JAR. Bases teóri- cas del entreinamiento desportivo – principios y aplicaciones. Madrid: Gymnos, 1996. 7. Gambetta V. Novas tendências na teoria do treinamento. Stadium, 1991; 25. 8. Verkhoshanky YV. Entrenamiento desportivo: planificación y programación. Barcelona: Martinez Roca, 1990. 9. Bondarchuk A. Periodizacíon del entrenamiento desportivo en los lanzamientos atléticos. Madrid: Consejo científico metodológico del Comité Estatal de Cultura Física y Desportes, 1988. 10. Silva F; Martins C; Silva K. Dinâmica competitiva no fute- bol de alta competição e a teoria da periodização do treino. Revista Portuguesa de Ciência do Esporte 2004; 4:211-233. Endereço para correspondência: Avenida Orozimbo Maia, 2136 – Apto. 102 – Bloco A Vila Itapura – CEP 13023-001 – Campinas – SP – Brasil le_beneli@yahoo.com.br
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