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1 TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ESPORTES COLETIVOS 1 Sumário 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3 2. TREINAMENTO DESPORTIVO ............................................................. 4 3. A PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO DESPORTIVO ..................... 10 3.1. O caráter Cíclico do Treinamento Desportivo .............................. 14 3.2. Fatores que Influem na Construção dos Microciclos .................... 15 4. MODELO DE TREINAMENTO EM BLOCOS ....................................... 16 5. OUTROS MODELOS ........................................................................... 22 5.1 Treinamento Resistido .................................................................. 24 5.2 Treinamento Pendular ................................................................... 25 5.3 Treinamento Modular ................................................................ 26 5.4 Treinamento Estrutural .................................................................. 27 5.5 Treinamento Individualizado de Bondarchuk .............................. 27 6. ESTRUTURA DE TREINAMENTO PARA AS MODALIDADES COLETIVAS................................................................................................... 28 7. O ESQUEMA ESTRUTURAL DE TSCHIENE ...................................... 30 8. JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR. .................................................................................................... 31 9. ESTRUTURA E PLANIFICAÇÃO DO TREINAMENTO DESPORTIVO 33 10. REFERÊNCIAS .................................................................................... 36 2 FACUMINAS A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACUMINAS, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. INTRODUÇÃO A periodização do treinamento é definitivamente um dos principais ramos dentro do complexo sistema do Treinamento Desportivo atual e, hoje, é uma das principais condições para obter um resultado esportivo em qualquer esporte. A Periodização oferece um quadro planejado e sistemático das variações dos parâmetros do treinamento, culminando em adaptações fisiológicas que incidem com os objetivos do treinamento. O crescente avanço científico principalmente nas áreas das ciências fisiológicas e nos demais ramos que norteiam o conhecimento acerca do sistema do treinamento desportivo provocou grandes mudanças no esporte nos últimos anos, o que levou alguns autores como Verkhoshanski (2001b), Gamble (2006), Bompa (2002) ao estudo de diferentes formas de organização de programas de treinamento, já que o tradicional modelo de periodização apresentava limitações em face dessa nova realidade. Alguns outros autores destacam-se no treinamento de força. A preparação de atletas de esportes coletivos diferisse muito daquela executada em modalidades individuais. Nesse sentido, Grecco (2002) afirma que o alto nível de rendimento esportivo desejado é alcançado pelos atletas/equipes em situações de treinamento e competição, como produto de uma série multifatorial e complexa de variáveis condicionantes que atuam e interagem, tanto em conjunto quanto isoladamente. O processo de treinamento dirigido à obtenção e melhoria dos diferentes níveis de desempenho de uma equipe deve, portanto, contemplar um adequado planejamento, sistematização, estruturação, execução, regulação e controle científico das diferentes habilidades e capacidades que constituem a modalidade em questão. O principal fator que diferencia a preparação do esporte coletivo do individual, talvez seja o período competitivo, uma vez que, nas modalidades coletivas pode estender-se por até oito a dez meses. Nesse sentido, os modelos tradicionais de periodização, parecem não atender as necessidades dos esportes coletivos, pois ao preconizarem uma divisão específica proporcionam picos de performance na temporada. Um outro aspecto importante a ser levado em conta é o amplo leque de habilidades técnicas e táticas que precisam ser trabalhadas, somadas a preparação física que muitas vezes exige o treinamento de mais de uma capacidade ao mesmo 4 tempo - força máxima, potência, resistência, capacidade aeróbia, agilidade - entre outras. Todos esses objetivos necessitam de uma adaptação fisiológica específica que muitas vezes não são compatíveis, causando conflitos. Mesmo tendo em vista as especificidades da periodização para o esporte coletivo, a grande maioria dos estudos relacionados à periodização é direcionada ao esporte individual. São escassos os achados que tratam do esporte coletivo. O que se vê é uma tentativa de adaptação dos principais modelos às características de cada modalidade coletiva. 2. TREINAMENTO DESPORTIVO O treinamento desportivo é uma atividade bastante antiga, que vem evoluindo em uma progressão geométrica através dos tempos. Há milhares de anos, no Egito e na Grécia, já é possível constatar o uso de alguns princípios do treinamento para preparar atletas para os Jogos Olímpicos e para a guerra. Sem dúvida, é na Antiguidade grega que se encontra o ponto de partida para o desenvolvimento dessa área, fato que se deve ao grande número de jogos lá praticados, principalmente os Jogos Olímpicos, que serviram, inclusive, de inspiração ao barão Pièrre de Coubertin para a criação das Olimpíadas modernas. Como exemplo da influência da cultura grega sobre a teoria do treinamento desportivo atual, TUBINO (1984) cita a preparação dos helênicos, que se compara, em vários aspectos, ao treinamento empregado hoje, pois os helênicos já faziam uma preparação generalizada (corridas, marchas, lutas, saltos, etc.); usavam cargas para melhoria dos rendimentos; tinham preparo psicológico; utilizavam o aquecimento no início e a volta à calma acrescida de massagens no final das sessões, além de 5 possuírem, a exemplo das concepções científicas modernas, os chamados ciclos de treinamento, denominados na época por tetras. No entanto, foi somente no final do século XIX, com o renascimento dos Jogos Olímpicos, que o treinamento desportivo passou de uma forma espontânea a uma estrutura mais sistemática, visando elevar o rendimento esportivo. Atualmente, em quase todos os esportes, divide-se o ano de treinamento em vários períodos e ciclos com o objetivo específico de alcançar um alto rendimento por meio de uma preparação sistemática. Dessa necessidade de se organizar o processo de treinamento em ciclos, fases, períodos, surgiu o termo periodização. De acordo com SILVA (1998), periodização significa a divisão da temporada de preparação em períodos e etapas de treino com objetivos, orientações e características particulares, o que implica a definição de procedimentos e orientações de treino específicos.A periodização, portanto, constitui-se numa das etapas mais importantes do planejamento do treino, uma vez que influi de forma decisiva na organização e estruturação do treino. Em uma revisão elaborada por SILVA (1998), relata-se que os fundamentos que justificaram a necessidade de se dividir a temporada em períodos e etapas específicas de preparação residiram, inicialmente, na necessidade de atender às especificidades do treino, determinadas pelas variações climáticas. Posteriormente, foram incorporadas necessidades impostas pelos calendários de competição, pelas exigências fásicas da adaptação do organismo e, finalmente, pelo reconhecimento de particularidades inerentes às várias modalidades esportivas, as quais precisam ser atendidas e respeitadas pela lógica dos processos de preparação. Sobre os precursores dos estudos referentes à periodização do treinamento desportivo, com base, ainda, na revisão de SILVA (1998), verifica-se que as primeiras noções sobre o assunto foram elaboradas pelo russo Kotov, na segunda década do século XX (1916/1917). Na década de 1950, o professor Lev Matvéiev atualizou e aprofundou os conhecimentos desenvolvidos anteriormente e, com base nos sistemas de preparação dos atletas soviéticos, estruturou os fundamentos teóricos de um sistema de treino que se tornou hegemônico em quase todo o mundo, passando a ser adotado como referencial básico para os processos de preparação esportiva. Já segundo FLECK & KRAEMER (1999), os estudos sobre periodização do 6 treinamento desportivo foram, inicialmente, desenvolvidos entre os levantadores de peso da Europa Oriental como uma maneira de mudar as sessões de treinamento desses atletas ao longo do tempo visando permitir-lhes uma melhor recuperação e, com isso, maiores ganhos em força e potência. Os técnicos e cientistas esportivos europeus orientais notaram que o volume e a intensidade de treinamento de atletas bem-sucedidos seguiam um certo padrão durante o ano de treinamento: no início do ano, o volume era alto e a intensidade baixa; conforme o ano progredia, o volume diminuía e a intensidade aumentava; antes de uma competição, o volume estava no seu ponto mais baixo e a intensidade, no ponto mais alto. Em virtude da necessidade de recuperação para uma competição, a intensidade também era ligeiramente diminuída imediatamente antes dela. O conceito fundamental que promove a periodização baseia-se na síndrome de adaptação geral de Selye, a qual propõe que a adaptação do corpo passa por três fases quando o organismo é defrontado com uma exigência, no caso, o estímulo oferecido pelo treinamento físico. A primeira fase é conhecida como choque: quando o corpo enfrenta um novo estímulo de treinamento, a “dor” (desconforto) se desenvolve e o desempenho realmente diminui. A segunda fase é a adaptação ao estímulo: o corpo adapta-se ao novo estímulo de treinamento e o desempenho aumenta. A terceira fase é caracterizada pelo cansaço: o corpo já se adaptou ao novo estímulo, não acontecendo mais adaptações. Nessa fase, é possível que o desempenho não mude ou, no caso de muitos atletas altamente motivados, o desempenho pode diminuir pelo excesso de treino. Para SILVA (1995), a grande importância da periodização do treinamento desportivo está na possibilidade de controle do processo da forma esportiva do atleta –, definida por MATVÉIEV (1986) como um estado de ótima (a melhor possível) preparação do atleta para a obtenção de determinados resultados esportivos. De modo geral, a forma esportiva é uma unidade harmoniosa de todos os aspectos (componentes) da capacidade ótima do atleta: físicos, psíquicos, técnicos e táticos. Ainda segundo MATVÉIEV (1986), somente a presença de todos esses componentes permite afirmar que o atleta se encontra em boa forma. Seguindo essa concepção, o treinador procura, pela aplicação de cargas de treino adequadas, conduzir as várias 7 etapas da forma do atleta, buscando fazer coincidir o período de resultados elevados com a época das grandes competições. Nesse sentido, a periodização do treinamento desportivo procura organizar e orientar o processo de preparação de modo que a ocorrência da forma aconteça por ocasião da competição ou das competições mais importantes da temporada. Assim, o treino para obedecer ao ciclo da forma deve ser dividido em três períodos: preparação, competição e transição, que correspondem às três fases da forma, respectivamente aquisição, manutenção e perda temporária. O período de preparação, dividido em fase básica e fase específica, corresponde à fase em que o atleta adquire os pressupostos da forma, desenvolvendo, portanto, as condições necessárias a uma boa participação esportiva. O período de competição é aquele em que o atleta, encontrando-se em forma, está apto para produzir os melhores resultados. Já o período de transição destina-se a administrar a queda da forma, como condição necessária à aquisição de uma nova forma em condições mais elevadas. Em relação, ainda, ao tipo de periodização utilizada, MATVÉIEV (1986) destaca os ciclos semestrais e anuais. Para os esportes de elevada exigência de resistência, sugere-se a periodização simples (ciclo anual), que busca apenas um período de resultados elevados; para os esportes de força e velocidade, os ciclos semestrais (periodização dupla), ou seja, com mais de um período de resultados elevados. Existe, além dessas, a periodização tripla, que é usada para atletas jovens em formação e que não têm ainda uma estrutura rígida. De acordo com a proposta clássica de MATVÉIEV (1986), de forma aproximada, podem-se indicar os seguintes limites para os ciclos que caracterizam a periodização do treinamento desportivo: a. Período preparatório: de três a quatro meses (principalmente nos ciclos semestrais) e até cinco a sete meses nos ciclos anuais; b. Período competitivo: de 1,5 a dois meses, podendo se estender até quatro ou cinco meses; c. Período de transição: de três a quatro semanas até seis semanas. 8 Na maioria das modalidades e para atletas de categorias diversas, os limites racionais dos períodos do treino podem ser escolhidos entre os valores propostos por MATVÉIEV (1986), desde que, segundo o referido autor, haja condições suficientes para variar o planejamento do treino. De maneira geral, o período preparatório mais longo é observado no caso do treino de corredores de fundo e especialistas do pentatlo ou do decatlo; por sua vez, o período competitivo mais longo é típico das modalidades que envolvem os jogos coletivos. No período competitivo dos jogos coletivos, a forma esportiva de todo o grupo pode ser conservada por mais tempo que a forma individual mediante a sistemática rotação dos jogadores. Ainda dentro da estrutura de preparação do atleta, convém destacar os quatro níveis de organização: a. Macrociclo; b. Mesociclo; c. Microciclo; d. Sessão de treinamento. O macrociclo, dentro da periodização do treinamento desportivo, engloba o período preparatório, o período competitivo e o período de transição. É a soma de todas as unidades de treinamento necessárias para elevar o nível de treinamento do atleta. Já o mesociclo representa o elemento da estrutura de preparação do atleta e inclui uma série de microciclos, que, por sua vez, representam o elemento de estrutura de preparação do atleta, o qual inclui uma série de sessões de treinamento ou competições orientadas para a solução das tarefas de um dado macrociclo. Por fim, encontra-se a sessão de treinamento, que é a menor unidade na organização do processo de treinamento. Para ZAKHAROV & GOMES (1992), a sessão de treinamento é o elemento integral de partida da estrutura de preparação do atleta e representa um sistema de exercícios que visa à solução das tarefas de um dado macrociclo da preparação do atleta.De acordo com SILVA (1995), a tradicional teoria da periodização do treino, direcionada para um quadro competitivo restrito e concentrado, por vezes, não encontra respaldo na realidade do desporto moderno, nem responde às exigências do seu quadro competitivo em virtude das várias competições importantes que 9 acontecem no decorrer de toda a temporada esportiva. Para o autor, o esporte de alto rendimento tem se modificado no sentido de uma maior profissionalização dos atletas, com exigências de resultados mais elevados, frequentes e estáveis para atender às exigências impostas pela lógica do espetáculo e do lucro financeiro. Tais características do esporte de alto nível têm imposto ao atleta a necessidade de manter-se durante mais tempo em condições para a obtenção de elevados resultados, e a intensa especialização dos processos de treinamento tem se confrontado com alguns aspectos das elaborações teóricas existentes, os quais têm sido alvo de críticas e exigências de revisão. Um dos aspectos que têm sido bastante questionados atualmente, dentro da estrutura de preparação do esporte de alto rendimento, diz respeito à concepção da forma esportiva como uma fase curta de cada temporada esportiva do atleta, que deve ser cuidadosamente conduzida para manifestar-se por ocasião das competições mais importantes. Tal concepção tem sido questionada por treinadores e estudiosos do assunto, fundamentados na necessidade de se atender às exigências cada vez maiores de prolongamento do período competitivo. As divergências sobre a forma esportiva têm apresentado duas tendências: uma que admite a possibilidade da manutenção da forma por muito tempo – tendência que se confronta com a concepção de Matvéiev – e outra que, reconhecendo a validade dos princípios teóricos e a realidade do desporto atual, recomenda um ordenamento do calendário e uma atitude seletiva do atleta frente a esse calendário, de forma que a participação em competições fora do período competitivo seja considerada como componente do processo de treino e obedeça a uma ordem crescente de exigências. De acordo com SILVA (1995), no conjunto das propostas e experiências para a reformulação ou aperfeiçoamento dos fundamentos e orientações para a estruturação do treinamento de alto nível, é possível a identificação de características comuns, das quais se destacam: a. Redução do tempo dedicado aos trabalhos de natureza geral em benefício dos trabalhos de natureza específica e competitiva; b. Maior duração do período de predisposição do atleta para a realização de resultados considerados de nível elevado; c. Aumento das participações em atividades competitivas; 10 d. Busca de máxima otimização dos efeitos positivos das cargas de treino. Na tentativa de adequar a periodização do treinamento desportivo à difícil realidade dos calendários de competição e à crescente especialização por que vêm passando os treinos dos atletas, têm sido elaboradas algumas propostas alternativas das quais é possível destacar: a estrutura do treinamento pendular, a estrutura modular por saltos, a estrutura de treinamento em blocos, o treinamento estrutural, a estruturação individual do treino e a estrutura de treinamento para as modalidades coletivas. 3. A PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO DESPORTIVO A forma geralmente concentrada da preparação dos atletas é a organização do treinamento através de períodos e etapas. A periodização é um dos mais importantes conceitos do planejamento do treinamento. Esse termo origina-se da palavra período, que é uma porção ou divisão do tempo em pequenos segmentos, mais fáceis de controlar denominados fases. Esta forma de estruturas o treinamento desportivo tem como seu idealizador o russo Matveiev sendo criada nos anos 60 durante até nossos dias. Baseados nos ciclos de supercompensação, criados pelo Austríaco Hans Seyle e modificado pelo grande bioquímico esportivo o russo Yakolev, Matveiev idealizou a periodização do treinamento apoiado em avaliações estatísticas do comportamento em atletas de diversas modalidades esportivas da Ex. União Soviética nas décadas dos anos 50 e 60. Esta periodização fundamentava a premissa de que o atleta tem que construir, manter e depois perder relativamente a forma esportiva no largo dos grandes ciclos anuais de treinamento. Desta forma a periodização do treinamento desportivo pode ser entendida como uma divisão organizada do treinamento anual ou semestral dos atletas na busca de prepará-los para alcançar certos objetivos 11 estabelecidos previamente, obter um grande resultado competitivo em determinado ponto culminante na temporada esportiva, ou seja, obter a forma esportiva através da dinâmica das cargas de treinamento ajustadas ao seu ponto máximo em esse momento. Estas três fases de aquisição, manutenção e perda temporal da forma esportiva se transformou em um âmbito mais geral nos três grandes períodos do treinamento desportivo ao saber: período preparatório, competitivo e transitório ou seja: O período preparatório é relativo a aquisição da forma esportiva. O período competitivo é relativo a manutenção da forma esportiva. O período transitório é responsável pela perda temporal da forma esportiva. O esquema de Matveiev se tem demonstrado que é muito rígido no que se diz respeito das diversas fases da preparação esportiva, considerando-se que para diferentes modalidades esportivas e diferentes atletas são as mesmas e possuem relativamente a mesma duração. Vários estudos se tem realizado, um de forma complementaria e para aperfeiçoar a periodização de Matveiev e outros tentando romper com esta forma tradicional de estruturação do treinamento. Mc Farlane, 1986 e Dick, 1988 se pronunciaram em seus estudos sobre o tema, estabelecem que a periodização do treinamento desportivo pode ser entendida como uma divisão organizada do treinamento anual ou semestral dos atletas na busca de prepará-los para alcançar certos objetivos estabelecidos previamente e obter um grande resultado competitivo em determinado ponto culminante da temporada competitiva, exigindo que a forma obtida seja o ajuste da dinâmica das cargas em seu ponto máximo para o momento competitivo. Observe o quadro resumo sobre as características fundamentais da periodização de Matveiev. 12 A essência da periodização de Matveiev é a relação temporal das fases da forma esportiva com a estruturação dos períodos de treinamento. Segundo Dilson, 1992 a periodização do treinamento se fundamenta justamente na transferência positiva dos grandes volumes de cargas gerais de trabalho nas primeiras fases de treinamento para uma maior especificidade das fases posteriores. Várias críticas têm surgido sobre a periodização de Matveiev e seus seguidores. Algumas críticas surgiram sobre a periodização de Matveiev e seus seguidores: 13 Weineck, 1989 afirma que a preparação geral tem sentido apenas para elevar o estado geral de preparação do atleta de que por se já está elevado pelos anos de treinamento realizados. Por esta razão segundo ele não se desencadeiam nos atletas os processos adaptativos para uma nova capacidade de resultados aumentado. Para Gambetta, 1990 o modelo Matveiev é válido somente para as primeiras fases de treinamento considerando-se que ao aumentar o nível de rendimento dos atletas se deve aumentar também a porcentagem de utilização dos meios de preparação específica. Bompa, 2001, argumenta que não existe com os calendários competitivos atuais tempo disponível para a utilização de meios de preparação geral que não correspondem as especificidades concretas do esporte em questão. Este plano coincide com o assinalado a respeito no início deste capítulo. Tschiene, 1990, um dos autores que tem mais discutido a periodização de treinamento desportivo, falasobre a importância de uma preparação individualizada e específica com altos índices de intensidade durante o processo atual de treinamento desportivo, o que não acontece na periodização tradicional de Matveiev, falando que seu esquema é muito rígido em que se refere as diversas fases da preparação desportiva, considerando que para diferentes esportes e atletas são as normas e possuem relativamente a mesma duração. Também chama a atenção para a importância de novas formas alternativas de estruturação do treinamento desportivo surgidas ultimamente e que mais para frente falaremos. Verjoshansky, 1990, coloca que a periodização de treinamento desportivo, quando foi entendida tinha como base resultados competitivos muito mais baixo e de um nível de oxigênio muito menor que as atuais pelo que esta forma de estruturar o treinamento se deve conceber unicamente para atletas de nível médio e não em atletas de elite que trabalham com exigências maiores. 14 Bondarchuk com Tschiene, 1985 e com Marquez 1989 afirmam que não há transferência positiva da preparação geral para a preparação especial nos esportes de alto nível. Matveiev, 1990 respondeu algumas dessas críticas principalmente no que se diz respeito a utilização das cargas gerais e os altos volumes de trabalho nas fases básicas de treinamento colocando que este é um fator que não pode ser contestado e muito menos eliminado. Em nesse fenômeno os conteúdos específicos e vice-versa. Os principais problemas encontrados na prática concreta do treinamento desportivo estão relacionados sem dúvida nenhuma com os calendários variados dos ciclos competitivos ao largo dos anos e com o grande número de competições que existem durante o ano. Sobre este problema novas formas de estruturar o treinamento desportivo para atletas de alto nível tem surgido, e a tendência é que cada vez se recorram a utilização de uns ou outros sistemas. As formas de estruturas do treinamento desportivo que assinalamos a continuação são aquelas que tentam aperfeiçoar a periodização de Matveiev ou as que pretendem romper com ela, é evidente que estas formas não encerram as variadas possibilidades de estruturação de treinamento desportivo mais são atualmente as mais discutidas na literatura internacional especializadas no tema. 3.1. O caráter Cíclico do Treinamento Desportivo Os ciclos de treinamento desportivo constituem outra forma estrutural do mesmo, estes igualmente foram formulados por Matveiev nos primeiros anos dos anos 60 e rapidamente se unificaram a estrutura periódica estabelecendo um híbrido estrutural em ambas formas temporais e diferentes de organizar o treinamento. Este caráter cíclico se define em dois níveis fundamentais: 1. Nível de microestrutura, conhecidos como microciclos. 2. Nível de mesoestrutura, conhecidos como mesociclos. 15 A estrutura do treinamento constitui uma ordem relativamente estável de elementos, os quais tem correlação um com os outros. Se variamos os lugares das sessões de treinamento o efeito será diferente. Na atualidade, a arte na construção dos treinamentos por meio dos diferentes ciclos tem uma importância vital para o êxito da planificação e pelos resultados competitivos. O microciclo consta como mínimo de duas fases: a acumulativa que está relacionada em um ou outro grau com o esgotamento e o de restabelecimento que está relacionada com o descanso necessário pelas cargas recebidas. Na prática, por questões organizativas do calendário se utiliza frequentemente o ciclo semanal 7 + 2 dias, por outro lado pode haver microciclos desde 2 até 20 dias. A duração mínima é de dois dias, ainda que é pouco utilizado, pois não dá muitas possibilidades a resolução de tarefas de treinamento. O tipo de esporte não determina a duração do microciclo, o mesmo depende das tarefas da preparação do processo de treinamento (das direções a cumprir). O que se trata é de buscar a duração ótima do microciclo em dependência com o nível de qualificação do atleta, com as direções a cumprir e com o momento da preparação. Os microciclos de treinamento permitem concentrar as tarefas nas diferentes sessões, assim como o volume necessário de influências para sua solução. Se mantém até que sejam necessários para cumprir as tarefas traçadas na preparação. Apesar da grande influência de sessões de treinamento a construção racional do microciclo permite evitar a uniformidade e a monotonia. 3.2. Fatores que Influem na Construção dos Microciclos O regime geral da atividade vital do atleta, influindo a atividade de estudo ou laboral e a dinâmica condicionada da capacidade de trabalho. Não é coincidência que com frequência os microciclos de treinamento se constroem nos moldes do calendário semanal. Isto nem sempre responde completamente aos requisitos da estrutura ótima do processo de treinamento, mas facilita a coordenação entre o regime de treinamento e os momentos principais do regime geral da vida dos atletas. O conteúdo, a quantidade de sessões de treinamento e a magnitude somatória das cargas do microciclo, estes fatores estão condicionados em princípio pelas 16 particularidades da especialização e pelo nível de preparação do atleta. A ordem de alternar as magnitudes das cargas e do descanso depende em grande medida da interação dos processos de esgotamento e restabelecimento. Segundo Platonov, 1980, existem alguns tipos de magnitudes das cargas. Carga pequena: 20% da máxima. Carga média: 50% da máxima. Carga considerável: 70 à 80% da máxima. Carga grande: + de 80% da máxima. A questão é determinar qual é a máxima? Isto é um tema muito discutido. Se em cada microciclo se cumprem várias direções de preparação, no geral cada direção tem por uma parte magnitudes diferentes de avaliação e por outros níveis diferentes de intensidades de influências (potenciais de treinamento), assim como pelas tendências das mesmas. Como quantificar todas as cargas? A adaptação funcional no organismo que se origina no processo de treinamento, se faz em estreita relação com o caráter e a tendência do mesmo. O treinamento multifacético e complexo conduz a adaptação multilateral e por outra parte a tendência unilateral do treinamento provocando uma adaptação profunda e mais unilateral. 4. MODELO DE TREINAMENTO EM BLOCOS No final da década de 1970 e início de 1980, Verchosanskij divulgou os resultados das suas experiências do treinamento em blocos, que consiste na concentração de cargas unilaterais, formando verdadeiros blocos de treino específicos, os quais se desenvolvem por aproximadamente dois meses, levando-se em consideração os seguintes fatores: 17 a. Desenvolvimento da força como preocupação central das experiências desenvolvidas; b. O trabalho de força, para que seja eficaz, deve ser concentrado, o que pode prejudicar, num primeiro momento, as adaptações no campo da técnica e da velocidade, porém tem como objetivo central criar pré-requisitos para os programas de treinamento posteriores; c. Utilização do efeito posterior da carga para assegurar a continuidade da melhoria da força rápida após um trabalho concentrado de força, além de criar as condições ideais para o aprimoramento da velocidade e da técnica do exercício competitivo. d. Concentração de cargas unilaterais como recurso eficaz para elevar o alto nível de preparação específica conseguido pelos atletas após muitos anos de treinamento. De acordo com VERCHOSANSKIJ (1983), para a elaboração dos blocos de treino, deve haver uma definição clara das necessidades de cada esporte a fim de possibilitar o melhor ordenamento dos efeitos do treino específico, uma vez que as cargas precedentes devem assegurar condições funcionais para as cargas seguintes. O modelo em referência divide-se em dois grandes blocos: de preparação e de competição,um mais volumoso e menos intenso e o outro mais intenso e menos volumoso, no qual deverão ocorrer os melhores resultados. Inicialmente, no treinamento por bloco, estabelece-se a utilização de um bloco de treinamento volumoso e concentrado, com mais ou menos dois meses de duração, direcionado para a força. Aproveitando os efeitos posteriores do trabalho de força, intensifica-se o treino sobre a velocidade, a técnica ou a resistência específica, durante o qual acontece a primeira etapa competitiva. A segunda etapa de preparação inicia-se com um novo bloco de trabalho de força, menos volumoso e mais intenso, seguido de nova concentração de trabalho sobre as qualidades específicas predominantes em cada esporte e outro período dedicado às competições. O sistema de treinamento em blocos pode ser estruturado de forma diferenciada, de acordo com as exigências e especificidades das modalidades esportivas ou as respostas do organismo aos efeitos do treino. Dentre 18 as principais variantes do modelo referido destacam-se as seguintes: modelo ATR, sistema tetracíclico para nadadores e modelos de blocos em progressão. Para TSCHIENE (1985), em geral, o modelo estrutural de Verchosanskij pode ser considerado um avanço dentro do planejamento do treino desportivo e uma diferenciação, de fato, do conteúdo proposto pelo modelo de periodização de Matvéiev. No entanto, de acordo com SILVA (1998), a elaboração de blocos específicos de treino capazes de atender às exigências da modalidade esportiva e, ao mesmo tempo, de se interligarem de forma lógica e racional demanda um elevado nível de conhecimento da modalidade esportiva considerada e uma especial atenção ao conceito de sucessão/interconexão, entendido como a separação dos trabalhos incompatíveis e aproximação dos que se complementam, de forma a estabelecer o necessário encadeamento de conteúdos e a indispensável continuidade nas cargas de treino. A “Estruturação de Sucessões Interconexas, fundamenta-se basicamente no caso de que o trabalho de força deve ser concentrado em bloco de treinamento para criar condições de melhoria posterior nos conteúdos do treinamento relacionados ao desenvolvimento técnico e à qualidade da velocidade do atleta. Essas condições são dadas pelo chamado efeito de acumulação retardado do treinamento (EART)”. O conceito da Estruturação de Sucessões Interconexas é fundamental para essa forma de periodização do treinamento desportivo, pois constitui a estruturação do treinamento em blocos. O efeito do treinamento posterior, a longo prazo, indica que os efeitos obtidos depois de sucessivas sessões de aplicação de carga de força em um bloco concentrado, que pode durar várias semanas, criam as bases condicionantes para o treinamento das demais capacidades dos atletas e para o aperfeiçoamento da técnica. Na prática, essa estrutura de treinamento toma forma quando se concentram em diferentes blocos os aspectos físicos e técnico-táticos: em um primeiro bloco, trabalha-se com determinação as capacidades físicas, predominantemente a força; em um segundo bloco, as questões técnicas e táticas. Provavelmente, o maior crítico do modelo clássico de periodização de Matveiev seja o também russo Yuri Verkhoshanski. Para este autor, a concepção de periodização tradicional não mais atende as necessidades do treinamento atual. O modelo de treinamento em blocos surge como uma moderna teoria e metodologia do 19 treinamento desportivo. Verkhoshanski não utiliza os termos planejamento ou planificação. O mesmo defende a ideia de que o processo de treinamento deve basear-se em um sistema que defina os conceitos de programação, organização e controle. Em síntese, esse modelo consiste em uma distribuição de cargas concentradas no ciclo anual de treinamento. São três os blocos que reunidos em uma determinada lógica, são estruturados na programação do treinamento. Contudo, de acordo com as exigências e especificidades energéticas de cada modalidade esportiva, das respostas do organismo aos efeitos do treino, do calendário de competições, do objetivo concreto que se pretende obter, o ciclo de treinamento não precisa conter necessariamente os três blocos. O bloco A (etapa de base) é dedicado à ativação dos mecanismos do processo de adaptação e à orientação desta à especialização morfofuncional do organismo na direção necessária ao trabalho no regime motor especifico. O objetivo principal deste bloco é o aumento do potencial motor do atleta. O bloco B (etapa especial) é principalmente dirigido ao desenvolvimento do trabalho motor específico em condições correspondentes àquelas de competição. O objetivo principal deste bloco consiste na assimilação da capacidade de utilizar o crescente potencial motor em condições de intensidade gradualmente crescente de execução do exercício de competição. Nesta etapa deve ser prevista a participação em competições, as quais vão funcionar como exercícios específicos no treinamento do atleta. O bloco C prevê a conclusão do ciclo de adaptação, é o momento em que o atleta apresenta níveis máximos de desempenho e está apto a participar das competições de maior importância. Em estudo realizado com oito atletas adultos participantes do campeonato paulista da divisão principal de Basquete, Moreira et al (2004) verificaram os efeitos do treinamento em bloco em oito etapas da preparação da equipe. A periodização foi realizada de acordo com uma estrutura bicíclica (primeiro macrociclo com 23 semanas e o segundo macrociclo com 19 semanas). Os macrociclos de treinamento foram divididos em etapa básica (cargas concentradas de força), etapa especial e etapa de competição. Os testes utilizados buscaram demonstrar as possíveis alterações, além da dinâmica das manifestações de força medidas por quatro tipos de saltos: 20 Salto vertical com contramovimento [SV], Salto horizontal [SHP], Salto horizontal triplo consecutivo para a perna direita [STCD] Salto horizontal triplo consecutivo para a perna esquerda [STCE]). Observou-se que as cargas concentradas de competição exerceram diferentes efeitos para as medidas de força explosiva vertical (SV) e horizontal (SHP), e que existe a necessidade de avaliar a força rápida através dos exercícios de saltos consecutivos para as duas pernas de forma diferenciada, em vista das ocorrências diversas verificadas para STCD e STCE. Cargas de velocidade devem ser programadas ao longo do ciclo de preparação, buscando evitar uma queda de rendimento dos atletas. Os autores salientam ainda a eficácia do sistema de treinamento em bloco no basquetebol, evidenciada pela expressão pontual do efeito posterior duradouro de treinamento (EPDT). O modelo do treinamento em blocos é embasado pelo conceito da EPDT. Também podem ser encontrados os termos Reserva Atual de Adaptação (RAA), Efeito Cumulativo do Treinamento, Efeito Residual do Treinamento ou Efeito Retardado do Treinamento. Nessa revisão irá ser adotado o primeiro (EPDT). Contudo, todas essas denominações dizem respeito à ideia de que os efeitos obtidos depois de sucessivas cargas de treino permanecem por certos períodos de tempo depois do fim do treinamento, ou seja, sessões de treinamento em um bloco concentrado criam bases condicionantes para o treinamento das demais capacidades dos atletas e para o aperfeiçoamento da técnica. Em outras palavras, o treinamento em blocos é baseado a partir do tempo em que o atleta ainda apresenta os efeitos do bloco de treinamento anterior. Oliveira e Silva (2001) analisaram os efeitos do treinamento de cargas concentradas em uma equipe de voleibol. Participaram da pesquisa dez atletas do sexo feminino com média de idade de 18 anos. Os testes acompanharam a dinâmica da alteração das diferentes capacidades biomotoras: força explosiva de membros inferiores (alcance máximo de bloqueio, alcancemáximo de ataque), de membros superiores (lançamento da medicine ball de 2 kg com os dois braços), velocidade máxima de deslocamento (deslocamento frontal/9.3.6.3.9), deslocamento lateral/3 faixas. 21 A aplicação dos testes ocorreu em 10 momentos do ciclo anual, dividido em dois macrociclos, ambos com etapas A, B e C. Os resultados evidenciaram que as capacidades pesquisadas apresentaram alteração positiva em todas as etapas e micro-etapas do 1º macrociclo, com o efeito posterior duradouro de treinamento (EPDT) ocorrendo pontualmente nas etapas B e C. As mesmas capacidades biomotoras pesquisadas apresentaram alteração negativa (não significativa estatisticamente) nas micro-etapas A1 ou A2, e alteração positiva nas etapas B e C para a velocidade máxima de deslocamento e para força de membros superiores; positiva (não significativa estatisticamente) da força explosiva de membros inferiores nas etapas B e C do 2º macrociclo do ciclo anual. A pouca alteração revelada nos dados do segundo macrociclo pode ter ocorrido devido a menor influência dos fatores relacionados à aprendizagem dos gestos técnicos dos testes. Os achados mostram que a EPDT possibilita a racionalização do processo de treino. Outros dois estudos encontrados sobre o treinamento em bloco mostram a aplicação desse modelo na modalidade handebol. Souza et al (2006) submeteram onze handebolistas masculinos a duas baterias de testes: a primeira no início do segundo macrociclo de treinamento e a segunda após 16 semanas. Os dados demonstraram que ocorreram importantes adaptações, por meio de aumentos da força rápida, força explosiva e da agilidade. Além disso, a estrutura do programa de preparação proposta também permitiu que ocorressem adaptações metabólicas, inferidas pelos aumentos da potência anaeróbia e aeróbia. Os autores afirmam que o programa de treinamento utilizado, fundamentado no modelo de cargas concentradas, possibilitou a evolução positiva das capacidades motoras, as quais foram observadas pela manifestação do efeito posterior duradouro do treinamento. Sugerem ainda que outros trabalhos da mesma natureza sejam desenvolvidos com desportos coletivos. De forma semelhante, Dechechi (2008) observou o comportamento de uma equipe feminina de handebol (onze atletas) em seis momentos de uma periodização de 38 semanas. Os níveis de força e potência de membros superiores foram significativamente aumentados nos momentos pré-estabelecidos como de pico de performance (junho e novembro). Houve também a cinética esperada de rendimento da equipe para potência de membros inferiores. O treinamento não induziu melhoras nas capacidades de velocidade média em 30m e de realizar sprints consecutivos. Em 22 relação a essas duas últimas capacidades, vale ressaltar que os estudos de granados et al (2008) e Gorostiaga et al (2006) citados anteriormente também não relataram resultados positivos nesses aspectos, mesmo adotando modelos de periodização diferentes. O que sugere que esse ponto pode ser investigado em outros estudos envolvendo não só o handebol, mas também outros esportes de equipe. Apesar de alguns autores publicarem suas concepções de organização do treinamento, pouco se sabe sobre como o trabalho simultâneo dos diferentes componentes do treinamento desportivo se interagem ao longo da temporada. 5. OUTROS MODELOS Algumas variações dos modelos tradicionais e em blocos aparecem com aplicação para as modalidades coletivas. O Modelo de Cargas Seletivas organizado pelo professor Antônio Carlos Gomes foi estruturado com grande ênfase no futebol. Gomes (2009) salienta que nos desportos coletivos, devido ao grande número de jogos (75 a 85 jogos no caso do futebol) durante a temporada, na qual o período competitivo se estende por 8 a 10 meses, fica de certa forma impossível desenvolver as capacidades máximas. Assim, são desenvolvidas capacidades submáximas. O modelo de cargas seletivas propõe um ciclo anual de 52 semanas dividido em dois macrociclos de 26 semanas cada, caracterizando uma periodização dupla. Na prática, o volume do treinamento permanece quase o mesmo durante a temporada anual de competições, a cada mês alterna-se as capacidades físicas resistência especial, flexibilidade, força, além da técnica e da táctica. Entretanto, o alvo principal de aperfeiçoamento é a velocidade, considerada a capacidade de fundamental importância na evolução do desempenho. A estruturação das cargas de 23 treinamento proposta deve ser organizada de acordo com os seguintes fatores: número de sessões na semana, tempo destinado ao treinamento no macrociclo, total de horas destinadas ao mesociclo e a organização do treinamento no microciclo. A distribuição percentual para cada capacidade varia de acordo com a temporada, por exemplo, os treinos de flexibilidade no primeiro mês ocupam 25% do tempo total do treinamento, decaindo para 10% do tempo no final do ciclo. Outra abordagem de periodização é proposta por Gamble (2006). Segundo o autor, devido ao extenso calendário a que as equipes estão sujeitas, a periodização deve ser diferente em casa fase do treinamento, pois a exposição contínua a uma mesma formação deixa de promover adaptações, e com o tempo leva a um desempenho diminuído. Além de ser fator importante para evitar a monotonia do longo tempo de treinamento, servindo como motivação ao atleta. Segundo o autor, o modelo tradicional pode ser utilizado durante a fase de preparação, pois o trabalho geral e crescente proposto criará bases para o futuro treinamento. A melhor estratégia de treino é a combinação de métodos de periodização. Gamble (2006) enfatiza que variações dentro dos microciclos são importantíssimas nos esportes coletivos, particularmente em equipes de elite. Ao invés de apenas incorporar exercícios leves, com menores cargas dentro da semana de treinamento, reduzir o número de treinos juntamente com uma programação adequada de exercícios para membros superiores e inferiores, são estratégias que podem igualmente fornecer a recuperação necessária. A alternância de estímulos entre os treinos evita a fadiga neural e previne o overtraining. Para otimizar o tempo de treinamento, Gamble (2006) propõe que exercícios de velocidade, agilidade e pliométricos sejam combinados aos treinos técnicos e táticos. Essa estrutura é chama pelo autor de Métodos de Condicionamento relacionados com Jogos. Além disso, o autor defende que o formato em questão mantém o condicionamento aeróbio durante a temporada e pode ser modelado em cima das demandas de cada esporte. 24 5.1 Treinamento Resistido A periodização no treinamento resistido tem ganhado importância já que a mesma tem influência decisiva para o sucesso esportivo. Raros são os esportes que não utilizam esse tipo de treinamento como forma de aprimoramento do rendimento do atleta. Cada esporte tem particularidades que determinam os tipos de força que devem ser mais enfatizados, muitas vezes influenciando o modelo de periodização a ser adotado. Algumas terminologias são usadas para definir a periodização no treinamento resistido, mas na realidade designam o mesmo tipo de programa. Os termos Linear e Clássico seguem o modelo tradicional em que há a diminuição progressiva do volume com aumento da intensidade e vice-versa. Não-linear e Ondulatória abrange modelos que possuem alterações flutuantes de volume e intensidade em cada sessão de treinamento. Por fim, no modelo fixo ou não- periodizado não ocorre variação de intensidade e volume. Diversas são as variáveis capazes de interferir e mesmo definir a periodização no treinamento resistido: a escolha e ordem dos exercícios, tipo de ação muscular (isométrica, concêntrica e excêntrica), a intensidade (geralmente relacionada a uma porcentagem da carga máxima), o volume (normalmente atribuído ao númerototal de repetições e séries), o tempo de descanso entre as séries, a velocidade de execução (fundamental para o direcionamento do treino de potência muscular) e a quantidade de sessões de treinamento dentro de um período (frequência). A investigação científica tem buscado compreender os aspectos inerentes ao treinamento resistido. Alguns trabalhos discutem o que já foi produzido na área e apontam novas perspectivas. Ao que parece, o modelo ondulatório é o mais eficiente para o aumento de força máxima e potência. Já o modelo linear inverso é mais interessante para o trabalho com resistência. Além disso, os estudos apontam que programas periodizados provocam resultados superiores quando comparados a modelos não-periodizados. Esportes com temporadas longas como o basquete, o vôlei, o tênis, o hockey e o beisebol, em que a força e a potência devem ser mantidas durante todo o período competitivo para que sucesso seja alcançado, o modelo ondulatório parece promover vários picos de performance com maior facilidade. Em contrapartida, um estudo de Hoffman et al. (2003) que comparou o modelo linear e ondulatório no treinamento de 25 jogadores de futebol americano no decurso de duas temporadas mostrou que o modelo ondulatório não promoveu vantagem em relação ao modelo linear na melhora da força. Porém, uma falha desse trabalho é que o volume e a intensidade para o grupo linear e ondulado não foram iguais. Portanto, a resposta de força para o grupo linear pode ser justificada pela diferença da quantidade de volume e intensidade no decorrer do treinamento. O consenso a que se chega não é novidade para ninguém, está pautado em um princípio do treinamento há muito tempo conhecido, o princípio da especificidade. O primeiro passo ao se planejar a periodização para qualquer esporte, nada mais é do que se ter o conhecimento de quais são as necessidades fisiológicas e as principais fontes energéticas que são utilizadas no esporte em questão, afim de que se possam empregar os métodos apropriados para cada fase do treinamento. É importante analisar os gestos técnicos, as musculaturas utilizadas em cada movimento, para que o treinamento resistido ocorra dentro da angulação articular solicitada. É importante uma periodização integrada, em que todos os componentes do treinamento estão combinados conforme a periodização das capacidades biomotoras. Para ele, a periodização dessas capacidades determina quais serão os meios utilizados para a construção da dieta do atleta, da prevenção de lesões e do trabalho psicológico adequado para cada período do treinamento. Infelizmente, pouco se sabe a respeito de como todas essas variantes se relacionam, já que os trabalhos na área, como foi mostrado nessa revisão, buscam apenas conhecer as mudanças que o treinamento (qualquer modelo) promove sobre as qualidades físicas. 5.2 Treinamento Pendular Esta sistemática para estruturação do processo de treino foi proposta por Arosjev na década de 1970 e se constitui numa tentativa de aperfeiçoamento do sistema proposto por Matvéiev, pois se orienta pelos princípios da teoria do referido autor. Pode-se concluir que a estrutura pendular de Arosjev representa apenas uma reforma da periodização do treino de Matvéiev, já que a tradicional subdivisão em períodos não é desconsiderada. O treinamento pendular tem como proposta básica a obtenção de vários momentos da forma, a fim de atender às necessidades do calendário de competição, e fundamenta-se na alternância sistemática entre cargas específicas e gerais. De uma maneira geral, as cargas gerais decrescem ao longo do 26 período até praticamente desaparecerem por ocasião das competições mais importantes, ao passo que as cargas de natureza específica crescem a cada ciclo de treino. Essa alternância na natureza das cargas em um mesmo ciclo de treino é responsável pela formação do chamado pêndulo. Quanto menores são os pêndulos durante o processo de treinamento, maiores serão as condições de competir eficazmente, todavia se os pêndulos são maiores, maior será a possibilidade de sustentar a forma desportiva por um tempo maior por parte do atleta. Sinteticamente, nessa forma de organizar o treinamento desportivo fica evidente que se mantém a importância das cargas gerais de treinamento e que existe a relativa separação igual, mas em menor escala, do que na periodização do treinamento de Matvéiev é a preparação geral e a específica. 5.3 Treinamento Modular Elaborado também na década de 1970 por Vorobjev, este modelo de treino foi utilizado principalmente pelos halterofilistas e apresenta como características: a aplicação de mudanças bruscas e frequentes no volume (variações de 30 a 50% entre um a dois meses e média de 35% ao longo do ano) e na intensidade (oscilações mensais entre 20 a 25%, com média de 11%) das cargas; ao longo de toda a temporada, as cargas de natureza específica assumem um caráter predominante; o ciclo anual das cargas de treino é organizado na forma de pequenas ondas uma vez que o treinamento não deve ser projetado para determinar uma transferência a longo prazo dos efeitos da carga. Com relação à proposta deste modelo em que as cargas de natureza específica assumem um caráter predominante ao longo da temporada, é considerado por TSCHIENE (1985) um progresso na teoria do treinamento desportivo. Da mesma forma, SILVA (1995) acredita que a proposta de Vorobjev se constitui no primeiro modelo a, efetivamente, estabelecer um certo afastamento dos esquemas da periodização clássica de Matvéiev. 27 5.4 Treinamento Estrutural Também desenvolvido no final da década de 1970, o esquema de treinamento estrutural foi proposto por Peter Tschiene para o treinamento de alto nível, partindo do ponto de vista das experiências da antiga República Federal alemã. O treinamento estrutural é um esquema de treino voltado, sobretudo, aos esportes de elevada exigência no campo da força rápida e baseia-se na elevação e manutenção da intensidade e do volume da carga durante todo o ciclo de treinamento, com o objetivo de alcançar rendimentos elevados durante quase toda a temporada. TSCHIENE (1985) destaca as seguintes características do treinamento estrutural: a. Dinâmica das cargas em forma de pequenas ondas, com uma destacada e permanente alternância entre volume e intensidade; b. Predominância da intensidade em unidades de treino relativamente curtas, nas quais se destacam as cargas de competição; c. Controle individual das competições como procedimento para o desenvolvimento e manutenção da forma por intermédio do incremento da intensidade específica; d. Introdução do “intervalo profilático” após as cargas específicas e antes da competição, proporcionando ao atleta o descanso que deve anteceder a sua participação nas competições. Para TSCHIENE (1985), o treinamento estrutural não se diferencia completamente da idéia tradicional de periodização proposta por Matvéiev. 5.5 Treinamento Individualizado de Bondarchuk Campeão olímpico e recordista mundial do lançamento de martelo, Bondarchuk, atualmente como treinador de atletismo, tem influenciado significativamente as teorias sobre a periodização do treinamento desportivo. Na estrutura de treinamento individualizado proposta por Bondarchuk, destacam-se as seguintes características: Absoluta individualização do treino, tanto em termos de composição e estruturação das cargas de treinamento quanto da definição dos períodos de 28 incremento e redução das cargas, a fim de atender às características da forma de cada atleta; Ciclo de treino composto por três períodos, que correspondem às três fases da forma esportiva - desenvolvimento, conservação e descanso, ou, então aquisição, manutenção e perda temporária. Esses períodos podem se repetir mais de uma vez no ano e apresentar combinações diferentes,com uma duração bastante variada, de acordo com as características individuais dos atletas; Evolução das exigências do treino e consequente melhoria da capacidade de prestação, em razão da mudança do conjunto dos exercícios, e não da dinâmica das cargas; Ao longo da temporada, utiliza-se uma grande quantidade de exercícios específicos, com intensidade elevada e sem grandes variações no volume de treino. Na proposta de Bondarchuk, a fase de manutenção da forma dura em torno de quatro semanas, ao final das quais o conteúdo do treino deve ser renovado em cerca de 50%. As possibilidades de variações da estrutura do treino (forma de intercalar os períodos de desenvolvimento e manutenção com o de repouso) variam de acordo com as respostas adaptativas do atleta; daí a necessidade de se conhecer profundamente o atleta e suas reações ao treinamento. 6. ESTRUTURA DE TREINAMENTO PARA AS MODALIDADES COLETIVAS A teoria de Bompa sobre os níveis da forma esportiva são utilizadas como fundamento para a estruturação de modelos de treino para os esportes com calendário de competição extenso, notadamente os esportes coletivos. Na abordagem o autor considera a forma esportiva como um processo no qual se sobrepõem, em sequência, três diferentes estágios de prontidão esportiva: forma geral, alta forma e ótima forma. O primeiro estágio - forma geral - representa um nível bastante elevado no plano das capacidades físicas e das habilidades motoras necessárias à prática 29 de uma determinada modalidade. Constitui-se num estágio de treino bastante elevado e representa uma pré-condição para aqueles que pretendem a obtenção de resultados de altíssimo nível. O nível denominado de alta forma esportiva ou forma atlética está baseado no nível de treinamento anterior (forma geral) e se mantém mais ou menos estável durante um período de tempo relativamente longo (período competitivo), constituindo-se, dessa forma, no nível de prontidão esportiva dos atletas das modalidades coletivas com período competitivo extenso. O último nível, denominado ótima forma, representa a prontidão do atleta para a obtenção ou superação do seu melhor resultado e deve acontecer a partir do nível da forma anterior, ou seja, da alta forma, podendo ter várias manifestações (duas a quatro) em períodos curtos (sete a dez dias) da temporada de treino. Assim, tendo como base nos níveis de forma esportiva proposto por Bompa, a estruturação do treinamento para os esportes com calendário esportivo extenso apresenta as seguintes características: Redução dos trabalhos de natureza geral, com elevadas concentrações no volume das cargas em benefício da especialização do treino; Definição de modelos estruturais de treino em função das características e das exigências competitivas de cada modalidade; a dinâmica das cargas assume 30 características muito particulares – no período preparatório, as cargas de treino sofrem aumentos diferenciados no volume e na intensidade de acordo com a modalidade considerada; a partir do momento em que se atinge a fase competitiva, as cargas tendem a uma estabilização relativa, em termos de grandes ondas, para sofrerem alterações frequentes de volume e intensidade em um nível das microestruturas de treino; O procedimento cíclico centrado nas microestruturas de treino, em razão da incompatibilidade entre grandes ondas de treino e da frequência das competições consideradas importantes. 7. O ESQUEMA ESTRUTURAL DE TSCHIENE Com o objetivo de conseguir que o atleta mantenha um nível de rendimento durante todo o ciclo anual de competições, o autor alemão Peter Tschiene, organizou o que ele mesmo considera chamar o Esquema Estrutural de Treinamento de Altos Rendimentos. Neste modelo, tanto o volume de trabalho como a intensidade do mesmo são altos durante o ano todo. Baseado na experiência com atletas alemães este autor sistematiza a estruturação do treinamento desportivo como uma acentuada forma ondulatória das cargas de treinamento em fases breves com trocas tanto quantitativas como qualitativas dos conteúdos de preparação. Ao contrário das variações do volume e intensidade as cargas tal como o propôs Matveiev, Tschiene 1988, procurou estabelecer um esquema estrutural no qual estes parâmetros estiveram sempre em altos índices de graduação onde o princípio de globalidade dos atletas se integre perfeitamente em uma forma de organização incompatível com a periodização proposta pelo autor russo. A existência de várias 31 competições no decorrer do processo de treinamento é para Tschiene um fator fundamental na construção de um alto resultado nos atletas. A existência de uma elevada intensidade das cargas de trabalho de uma unidade de treinamento relativamente breve e um caráter dominantemente específico objetivado pelas competições mais importantes que o atleta será submetido, são pontos a destacar nesta forma de organizar o treinamento de alto nível. Isto se baseia no caso de que o atleta deva manter ao largo do ano esportivo uma alta capacidade de rendimento e não a construir para depois mantê-la conforme a teoria de Matveiev. Sendo está forma de organizar o treinamento bastante desgastante, o autor introduziu a necessidade de intervalos profiláticos entre as altas intensidade de trabalho como meio de recuperação ativa e manutenção das capacidades de rendimento aumentadas durante todo o desenvolvimento do processo de treinamento. Se pode perceber um avance desta teoria principalmente no que se coloca a respeito a relativa eliminação de fases gerais do treinamento, aonde os resultados não constituem em objetivos específicos. Aqui pelo contrário se estabelece que o atleta deve estar o ano inteiro apto à competir em boas condições para o melhor rendimento. 8. JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR. 32 Os JEC´s são conjuntos de jogos que são praticados em coletivo, que passaram por uma criação de regras e também de federações para se manter a ordem. Acrescentando, Bayer dizem que os Jogos Esportivos Coletivos tiveram sua origem nas civilizações antigas, com a prática de alguns jogos semelhantes a muitas modalidades que vieram a se consolidar no século XX, tais como: basquetebol, rugby e futebol. Descrevendo sobre os JEC’s, Teodorescu diz que o jogo coletivo representa uma prática social em grupo, onde mesmo contendo rivalidade entre duas ou mais equipes o foco é a vitória no jogo, contendo ou não um objeto de disputa no caso de uma bola, isso de acordo com as regras já pré-estabelecidas. Os JEC’s ocupam um lugar importante dentro da cultura do esporte, contribuindo não somente para questões de lazer, mas também assumindo um papel importante na educação física como instrumento para a ciência. Ainda Garganta (1998), afirma que o comportamento dos jogadores dentro dos JEC’s, é direcionado por um objetivo que é de vencer o jogo. Durante uma partida, conseguir marcar um gol ou impedir que o adversário marque, e os jogadores trabalharem a superioridade sobre os seus adversários. Sendo assim, a equipe durante o jogo, deve cumprir os princípios e os objetivos do jogo e assim poder desenvolver as ações específicas a serem utilizadas de maneira mais eficaz para o determinado momento. Segundo Teoldo et. al. (2009), os princípios do jogo são: Os princípios gerais - que é não permitir a inferioridade, evitar a igualdade e procurar criar superioridade numérica na partida. Os princípios operacionais - anular as situações de finalização, recuperar a bola, impedir que o adversário progrida, proteger onde se marca o ponto ou gol e reduzir o espaço de jogo adversário; e no ataque: segurar a bola por mais tempo, construir ações ofensivas, progredir pelo campo de jogo adversário, criar situações claras de finalização.Princípios fundamentais da contenção, da cobertura defensiva, do equilíbrio e da concentração, e no ataque os princípios: da penetração, da mobilidade, da cobertura ofensiva e do espaço. Diante do componente histórico e conceitual dos JEC’s, para Pinho et. al. (2010) acredita-se que os jogos coletivos mais comuns na educação física escolar sejam: futsal, handebol, basquetebol e voleibol, isso justifica a prevalência desses esportes na educação física escolar Finalizando, Coutinho & Silva (2009) diz que os JEC’s são um grande elemento da cultura de nosso país, assim sendo um excelente meio para a formação de melhores cidadãos, levando em consideração os benefícios que esta 33 prática pode proporcionar às crianças, se realizado de forma correta. Diante da importância e da prevalência desses esportes nas aulas de educação física na escola, não se pode negligenciar as metodologias de ensino trabalhadas dentro dos JEC`s. De fato é necessário que o profissional de educação física seja um conhecedor de variadas metodologias para auxiliar a sua prática no próprio local. 9. ESTRUTURA E PLANIFICAÇÃO DO TREINAMENTO DESPORTIVO Desde muito tempo se vêm repetindo que "A planificação do treinamento desportivo é antes de tudo o resultado do pensamento do treinador". Este pensamento deve estar o mais distanciado possível de toda improvisação, integrar os conhecimentos em um sistema estrutural e organizado e mais perto da ciência e tecnologia. O programa anual é uma ferramenta que norteia o treinamento atlético. Ele é baseado em um conceito de periodização, que, por sua vez, se divide em fases e princípios de treinamento. O conhecimento existente sobre a planificação esportiva, assim como o controle do treinamento, é algo que não escapa a nenhum profissional (ou pelo menos não debería ser ignorado). É igualmente certo que treinadores que trabalham na área de rendimento esportivo aplicam este conhecimento de forma fundamentalmente artesanal e individual, por outro lado, parece indiscutível a obrigação inerente a todo treinador de pôr em prática seus conhecimentos de forma acertada, com o fim de programar o treinamento dos atletas, ademas de recolher a máxima informação possivel que se desprende do processo de treinamento e integrar todo ele para tirar conclusões que permitam melhorar o rendimento de seus atletas. O principal objetivo do treinamento 34 é fazer com que o atleta atinja um alto nível de desempenho em dada circunstância, especialmente durante a principal competição do ano com uma boa forma atlética. Os conceitos da planificação são os seguintes: A planificação não intuitiva, não pode ser na sorte. Pelo contrário, tem que seguir um processo, deve como se falou em alguns momentos, planificar-se. Os objetos devem estar de acordo com os problemas e necessidades, devendo aqueles estabelecer-se e determinar-se claramente. Pelo contrário se corre o risco de planificar um processo encaminhado para algo diferente de que realmente se precisa para o primeiro dos casos e sem saber para que no segundo. As metas, os objetos e em última instância os fins devem ser alcançáveis, realistas (o que não exclui uma certa ousadia e um certo nível de risco). A planificação é um processo sequencial e logicamente ordenado, não se desenvolve tudo, simultâneo e nem caprichosamente. A planificação está imersa no meio ambiente, não podendo nem desprezar nem trabalhar a margem do mesmo. Toda planificação pressupõem uma troca efetiva com respeito a situação existente de como se começa. Se planifica para a execução. Não pode se falar de verdadeira planificação, o trabalho exclusivamente teórico sem intenção de pôr em prática, deve portanto existir vontade de fazê-la efetiva. A planificação do treinamento desportivo é a organização de tudo o que acontece nas etapas de preparação do atleta, é então o sistema que inter-relacionam os momentos de preparação e competição. Nessa definição deixa aberto o problema atual da planificação para o rendimento competitivo. Estrutura e planificação são dois termos inseparáveis no processo de preparação desportiva, mas são diferentes. A estrutura é organização que adotará o período de tempo tanto de treinamento como de competições. A estrutura do treinamento tem um caráter temporal, portanto, considera um início e um fim do processo de preparação e competições e estará determinada fundamentalmente por: 35 O calendário competitivo que considera o número de competições, a frequência, o caráter e a dispersão ou concentração das competições em um período de tempo dado. A organização e dosificação das cargas, que considera se estas serão diluídas ou concentradas, a concepção que se adote no caráter da carga, quer dizer, a proporcionalidade entre as cargas gerais e as especiais. As direções de treinamento, objetos de preparação que considera as direções determinantes do rendimento (DDR) e as direções condicionantes do rendimento (DCR). A estruturação do rendimento desportivo é hoje por hoje uma das principais condições para obter um resultado esportivo em qualquer esporte. "Uma perfeita estruturação do treinamento garante não só a obtenção de resultados no âmbito mundial se não ademais procura assegurar a longevidade esportiva de nossos atletas...". A paternidade de uma teoria científica e ainda válida ainda que com profundas modificações sobre a estrutura e planificação do rendimento se devemos ao Russo I. Matveiev. Se atualmente existem diferentes conceitos sobre qual estrutura de treinamento é melhor e que todas elas partem da proposta inicialmente pelo russo Matveiev desde os anos 60. Para analisar qualquer estrutura atual do treinamento é necessário partir da formulada por Matveiev e conhecida mundialmente por periodização do treinamento. - Periodização e planificação são conceitos diferentes: a periodização é a estrutura temporal e a planificação é a integração do processo de obtenção do rendimento. O objetivo deste estudo é demonstrar dentro de uma revisão de literatura as diferentes estruturas de periodização pedagógica do treinamento desportivo. 36 10. REFERÊNCIAS BARBANTI, V.J. Teoria e prática do treinamento esportivo. 2.ed., São Paulo: Edgard Blücher, 1997. BOMPA, T.O. Treinamento de atletas de desporto coletivo. São Paulo: Phorte. 2003. DE ROSE JUNIOR, D. Modalidades esportivas coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006 FLECK, S.J. & KRAEMER, W.J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 2ª ed., Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. FORTEZA DE LA ROSA, C.A. Treinamento desportivo: carga, estrutura e planejamento. São Paulo: Phorte Editora, 2001. GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.; OLIVEIRA, J. (Eds.). O ensino dos jogos desportivos. Porto: CEJD/FCDEF/Universidade do Porto, 1998. p.11-25 MATVÉIEV, L.P. Fundamentos do treino desportivo. Lisboa: Livros Horizontes, 1986. MOREIRA, V.J.P. A influência de processos metodológicos de ensino- aprendizagem-treinamento (E-A-T) na aquisição do conhecimento tático no futsal. 2005. 180 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física: Treinamento Esportivo) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005. NEUENFELDT, D. J.; CANFÍELD, M. S. Repensando o esporte na educação física escolar a partir de Cagigal. Movimento, v.7, n. 14, p. 28-36, 2001 SILVA, F.M. Para uma nova teoria da periodização do treino - Um estudo do atletismo português de meio-fundo e fundo. Tese de doutorado, 359p. Faculdade de Ciências do Desporto e da Educação Física - Universidade do Porto, 1995. 37 SILVA, F.M. A necessidade de novas elaborações teórico - metodológicas para o treino desportivo: Uma realidade que se impõe. Revista Horizonte,v. XIII, n. 76, mar./abr, 1997. SILVA, F.M. Planejamento e periodização do treinamento desportivo: mudanças e perspectivas. In: Treinamento desportivo: reflexões e experiências. João Pessoa: Editora Universitária, p. 29-47, 1998. TUBINO, M.J.G. Metodologia científica do treinamento desportivo. 3.ed., São Paulo: Ibrasa, 1984. VERCHOSANSKIJ, I.V. Princípios de entretenimento para atletas de elite. Revista Stadium, n. 99, p. 3-8, 1983. ZAKHAROV, A. & GOMES, A.C. Ciência do treinamento desportivo. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport, 1992.
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