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9 TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ESPORTES COLETIVOS

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1 
 
 
TREINAMENTO DESPORTIVO PARA ESPORTES 
COLETIVOS 
1 
 
 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3 
2. TREINAMENTO DESPORTIVO ............................................................. 4 
3. A PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO DESPORTIVO ..................... 10 
3.1. O caráter Cíclico do Treinamento Desportivo .............................. 14 
3.2. Fatores que Influem na Construção dos Microciclos .................... 15 
4. MODELO DE TREINAMENTO EM BLOCOS ....................................... 16 
5. OUTROS MODELOS ........................................................................... 22 
5.1 Treinamento Resistido .................................................................. 24 
5.2 Treinamento Pendular ................................................................... 25 
5.3 Treinamento Modular ................................................................ 26 
5.4 Treinamento Estrutural .................................................................. 27 
5.5 Treinamento Individualizado de Bondarchuk .............................. 27 
6. ESTRUTURA DE TREINAMENTO PARA AS MODALIDADES 
COLETIVAS................................................................................................... 28 
7. O ESQUEMA ESTRUTURAL DE TSCHIENE ...................................... 30 
8. JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA 
ESCOLAR. .................................................................................................... 31 
9. ESTRUTURA E PLANIFICAÇÃO DO TREINAMENTO DESPORTIVO 33 
10. REFERÊNCIAS .................................................................................... 36 
 
 
 
 
2 
 
 
 
FACUMINAS 
 
 
A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACUMINAS, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A periodização do treinamento é definitivamente um dos principais ramos dentro 
do complexo sistema do Treinamento Desportivo atual e, hoje, é uma das principais 
condições para obter um resultado esportivo em qualquer esporte. A Periodização 
oferece um quadro planejado e sistemático das variações dos parâmetros do 
treinamento, culminando em adaptações fisiológicas que incidem com os objetivos do 
treinamento. O crescente avanço científico principalmente nas áreas das ciências 
fisiológicas e nos demais ramos que norteiam o conhecimento acerca do sistema do 
treinamento desportivo provocou grandes mudanças no esporte nos últimos anos, o 
que levou alguns autores como Verkhoshanski (2001b), Gamble (2006), Bompa 
(2002) ao estudo de diferentes formas de organização de programas de treinamento, 
já que o tradicional modelo de periodização apresentava limitações em face dessa 
nova realidade. 
Alguns outros autores destacam-se no treinamento de força. A preparação de 
atletas de esportes coletivos diferisse muito daquela executada em modalidades 
individuais. Nesse sentido, Grecco (2002) afirma que o alto nível de rendimento 
esportivo desejado é alcançado pelos atletas/equipes em situações de treinamento e 
competição, como produto de uma série multifatorial e complexa de variáveis 
condicionantes que atuam e interagem, tanto em conjunto quanto isoladamente. O 
processo de treinamento dirigido à obtenção e melhoria dos diferentes níveis de 
desempenho de uma equipe deve, portanto, contemplar um adequado planejamento, 
sistematização, estruturação, execução, regulação e controle científico das diferentes 
habilidades e capacidades que constituem a modalidade em questão. 
O principal fator que diferencia a preparação do esporte coletivo do individual, 
talvez seja o período competitivo, uma vez que, nas modalidades coletivas pode 
estender-se por até oito a dez meses. Nesse sentido, os modelos tradicionais de 
periodização, parecem não atender as necessidades dos esportes coletivos, pois ao 
preconizarem uma divisão específica proporcionam picos de performance na 
temporada. Um outro aspecto importante a ser levado em conta é o amplo leque de 
habilidades técnicas e táticas que precisam ser trabalhadas, somadas a preparação 
física que muitas vezes exige o treinamento de mais de uma capacidade ao mesmo 
4 
 
 
tempo - força máxima, potência, resistência, capacidade aeróbia, agilidade - entre 
outras. 
Todos esses objetivos necessitam de uma adaptação fisiológica específica que 
muitas vezes não são compatíveis, causando conflitos. Mesmo tendo em vista as 
especificidades da periodização para o esporte coletivo, a grande maioria dos estudos 
relacionados à periodização é direcionada ao esporte individual. São escassos os 
achados que tratam do esporte coletivo. O que se vê é uma tentativa de adaptação 
dos principais modelos às características de cada modalidade coletiva. 
2. TREINAMENTO DESPORTIVO 
 
 
 
 
 
 
O treinamento desportivo é uma atividade bastante antiga, que vem evoluindo 
em uma progressão geométrica através dos tempos. Há milhares de anos, no Egito 
e na Grécia, já é possível constatar o uso de alguns princípios do treinamento para 
preparar atletas para os Jogos Olímpicos e para a guerra. Sem dúvida, é na 
Antiguidade grega que se encontra o ponto de partida para o desenvolvimento dessa 
área, fato que se deve ao grande número de jogos lá praticados, principalmente os 
Jogos Olímpicos, que serviram, inclusive, de inspiração ao barão Pièrre de Coubertin 
para a criação das Olimpíadas modernas. 
 Como exemplo da influência da cultura grega sobre a teoria do treinamento 
desportivo atual, TUBINO (1984) cita a preparação dos helênicos, que se compara, 
em vários aspectos, ao treinamento empregado hoje, pois os helênicos já faziam uma 
preparação generalizada (corridas, marchas, lutas, saltos, etc.); usavam cargas para 
melhoria dos rendimentos; tinham preparo psicológico; utilizavam o aquecimento no 
início e a volta à calma acrescida de massagens no final das sessões, além de 
5 
 
 
possuírem, a exemplo das concepções científicas modernas, os chamados ciclos de 
treinamento, denominados na época por tetras. No entanto, foi somente no final do 
século XIX, com o renascimento dos Jogos Olímpicos, que o treinamento desportivo 
passou de uma forma espontânea a uma estrutura mais sistemática, visando elevar 
o rendimento esportivo. 
 Atualmente, em quase todos os esportes, divide-se o ano de treinamento em vários 
períodos e ciclos com o objetivo específico de alcançar um alto rendimento por meio 
de uma preparação sistemática. Dessa necessidade de se organizar o processo de 
treinamento em ciclos, fases, períodos, surgiu o termo periodização. De acordo com 
SILVA (1998), periodização significa a divisão da temporada de preparação em 
períodos e etapas de treino com objetivos, orientações e características particulares, 
o que implica a definição de procedimentos e orientações de treino específicos.A 
periodização, portanto, constitui-se numa das etapas mais importantes do 
planejamento do treino, uma vez que influi de forma decisiva na organização e 
estruturação do treino. 
 Em uma revisão elaborada por SILVA (1998), relata-se que os fundamentos que 
justificaram a necessidade de se dividir a temporada em períodos e etapas 
específicas de preparação residiram, inicialmente, na necessidade de atender às 
especificidades do treino, determinadas pelas variações climáticas. Posteriormente, 
foram incorporadas necessidades impostas pelos calendários de competição, pelas 
exigências fásicas da adaptação do organismo e, finalmente, pelo reconhecimento de 
particularidades inerentes às várias modalidades esportivas, as quais precisam ser 
atendidas e respeitadas pela lógica dos processos de preparação. 
 Sobre os precursores dos estudos referentes à periodização do treinamento 
desportivo, com base, ainda, na revisão de SILVA (1998), verifica-se que as primeiras 
noções sobre o assunto foram elaboradas pelo russo Kotov, na segunda década do 
século XX (1916/1917). Na década de 1950, o professor Lev Matvéiev atualizou e 
aprofundou os conhecimentos desenvolvidos anteriormente e, com base nos 
sistemas de preparação dos atletas soviéticos, estruturou os fundamentos teóricos de 
um sistema de treino que se tornou hegemônico em quase todo o mundo, passando 
a ser adotado como referencial básico para os processos de preparação esportiva. 
Já segundo FLECK & KRAEMER (1999), os estudos sobre periodização do 
6 
 
 
treinamento desportivo foram, inicialmente, desenvolvidos entre os levantadores de 
peso da Europa Oriental como uma maneira de mudar as sessões de treinamento 
desses atletas ao longo do tempo visando permitir-lhes uma melhor recuperação e, 
com isso, maiores ganhos em força e potência. 
 Os técnicos e cientistas esportivos europeus orientais notaram que o volume e a 
intensidade de treinamento de atletas bem-sucedidos seguiam um certo padrão 
durante o ano de treinamento: no início do ano, o volume era alto e a intensidade 
baixa; conforme o ano progredia, o volume diminuía e a intensidade aumentava; antes 
de uma competição, o volume estava no seu ponto mais baixo e a intensidade, no 
ponto mais alto. Em virtude da necessidade de recuperação para uma competição, a 
intensidade também era ligeiramente diminuída imediatamente antes dela. 
 O conceito fundamental que promove a periodização baseia-se na síndrome de 
adaptação geral de Selye, a qual propõe que a adaptação do corpo passa por três 
fases quando o organismo é defrontado com uma exigência, no caso, o estímulo 
oferecido pelo treinamento físico. A primeira fase é conhecida como choque: quando 
o corpo enfrenta um novo estímulo de treinamento, a “dor” (desconforto) se 
desenvolve e o desempenho realmente diminui. A segunda fase é a adaptação ao 
estímulo: o corpo adapta-se ao novo estímulo de treinamento e o desempenho 
aumenta. A terceira fase é caracterizada pelo cansaço: o corpo já se adaptou ao novo 
estímulo, não acontecendo mais adaptações. Nessa fase, é possível que o 
desempenho não mude ou, no caso de muitos atletas altamente motivados, o 
desempenho pode diminuir pelo excesso de treino. 
Para SILVA (1995), a grande importância da periodização do treinamento 
desportivo está na possibilidade de controle do processo da forma esportiva do atleta 
–, definida por MATVÉIEV (1986) como um estado de ótima (a melhor possível) 
preparação do atleta para a obtenção de determinados resultados esportivos. De 
modo geral, a forma esportiva é uma unidade harmoniosa de todos os aspectos 
(componentes) da capacidade ótima do atleta: físicos, psíquicos, técnicos e táticos. 
Ainda segundo MATVÉIEV (1986), somente a presença de todos esses componentes 
permite afirmar que o atleta se encontra em boa forma. Seguindo essa concepção, o 
treinador procura, pela aplicação de cargas de treino adequadas, conduzir as várias 
7 
 
 
etapas da forma do atleta, buscando fazer coincidir o período de resultados elevados 
com a época das grandes competições. 
Nesse sentido, a periodização do treinamento desportivo procura organizar e 
orientar o processo de preparação de modo que a ocorrência da forma aconteça por 
ocasião da competição ou das competições mais importantes da temporada. Assim, 
o treino para obedecer ao ciclo da forma deve ser dividido em três períodos: 
preparação, competição e transição, que correspondem às três fases da forma, 
respectivamente aquisição, manutenção e perda temporária. 
 O período de preparação, dividido em fase básica e fase específica, corresponde 
à fase em que o atleta adquire os pressupostos da forma, desenvolvendo, portanto, 
as condições necessárias a uma boa participação esportiva. O período de competição 
é aquele em que o atleta, encontrando-se em forma, está apto para produzir os 
melhores resultados. Já o período de transição destina-se a administrar a queda da 
forma, como condição necessária à aquisição de uma nova forma em condições mais 
elevadas. 
 Em relação, ainda, ao tipo de periodização utilizada, MATVÉIEV (1986) destaca os 
ciclos semestrais e anuais. Para os esportes de elevada exigência de resistência, 
sugere-se a periodização simples (ciclo anual), que busca apenas um período de 
resultados elevados; para os esportes de força e velocidade, os ciclos semestrais 
(periodização dupla), ou seja, com mais de um período de resultados elevados. 
Existe, além dessas, a periodização tripla, que é usada para atletas jovens em 
formação e que não têm ainda uma estrutura rígida. 
 De acordo com a proposta clássica de MATVÉIEV (1986), de forma aproximada, 
podem-se indicar os seguintes limites para os ciclos que caracterizam a periodização 
do treinamento desportivo: 
a. Período preparatório: de três a quatro meses (principalmente nos ciclos 
semestrais) e até cinco a sete meses nos ciclos anuais; 
b. Período competitivo: de 1,5 a dois meses, podendo se estender até quatro ou 
cinco meses; 
c. Período de transição: de três a quatro semanas até seis semanas. 
8 
 
 
 Na maioria das modalidades e para atletas de categorias diversas, os limites 
racionais dos períodos do treino podem ser escolhidos entre os valores propostos por 
MATVÉIEV (1986), desde que, segundo o referido autor, haja condições suficientes 
para variar o planejamento do treino. De maneira geral, o período preparatório mais 
longo é observado no caso do treino de corredores de fundo e especialistas do 
pentatlo ou do decatlo; por sua vez, o período competitivo mais longo é típico das 
modalidades que envolvem os jogos coletivos. No período competitivo dos jogos 
coletivos, a forma esportiva de todo o grupo pode ser conservada por mais tempo que 
a forma individual mediante a sistemática rotação dos jogadores. 
 Ainda dentro da estrutura de preparação do atleta, convém destacar os quatro 
níveis de organização: 
a. Macrociclo; 
b. Mesociclo; 
c. Microciclo; 
d. Sessão de treinamento. 
 O macrociclo, dentro da periodização do treinamento desportivo, engloba o período 
preparatório, o período competitivo e o período de transição. É a soma de todas as 
unidades de treinamento necessárias para elevar o nível de treinamento do atleta. Já 
o mesociclo representa o elemento da estrutura de preparação do atleta e inclui uma 
série de microciclos, que, por sua vez, representam o elemento de estrutura de 
preparação do atleta, o qual inclui uma série de sessões de treinamento ou 
competições orientadas para a solução das tarefas de um dado macrociclo. Por fim, 
encontra-se a sessão de treinamento, que é a menor unidade na organização do 
processo de treinamento. Para ZAKHAROV & GOMES (1992), a sessão de 
treinamento é o elemento integral de partida da estrutura de preparação do atleta e 
representa um sistema de exercícios que visa à solução das tarefas de um dado 
macrociclo da preparação do atleta.De acordo com SILVA (1995), a tradicional teoria da periodização do treino, 
direcionada para um quadro competitivo restrito e concentrado, por vezes, não 
encontra respaldo na realidade do desporto moderno, nem responde às exigências 
do seu quadro competitivo em virtude das várias competições importantes que 
9 
 
 
acontecem no decorrer de toda a temporada esportiva. Para o autor, o esporte de alto 
rendimento tem se modificado no sentido de uma maior profissionalização dos atletas, 
com exigências de resultados mais elevados, frequentes e estáveis para atender às 
exigências impostas pela lógica do espetáculo e do lucro financeiro. Tais 
características do esporte de alto nível têm imposto ao atleta a necessidade de 
manter-se durante mais tempo em condições para a obtenção de elevados 
resultados, e a intensa especialização dos processos de treinamento tem se 
confrontado com alguns aspectos das elaborações teóricas existentes, os quais têm 
sido alvo de críticas e exigências de revisão. 
 Um dos aspectos que têm sido bastante questionados atualmente, dentro da 
estrutura de preparação do esporte de alto rendimento, diz respeito à concepção da 
forma esportiva como uma fase curta de cada temporada esportiva do atleta, que 
deve ser cuidadosamente conduzida para manifestar-se por ocasião das competições 
mais importantes. Tal concepção tem sido questionada por treinadores e estudiosos 
do assunto, fundamentados na necessidade de se atender às exigências cada vez 
maiores de prolongamento do período competitivo. 
 As divergências sobre a forma esportiva têm apresentado duas tendências: uma 
que admite a possibilidade da manutenção da forma por muito tempo – tendência que 
se confronta com a concepção de Matvéiev – e outra que, reconhecendo a validade 
dos princípios teóricos e a realidade do desporto atual, recomenda um ordenamento 
do calendário e uma atitude seletiva do atleta frente a esse calendário, de forma que 
a participação em competições fora do período competitivo seja considerada como 
componente do processo de treino e obedeça a uma ordem crescente de exigências. 
De acordo com SILVA (1995), no conjunto das propostas e experiências para a 
reformulação ou aperfeiçoamento dos fundamentos e orientações para a estruturação 
do treinamento de alto nível, é possível a identificação de características comuns, das 
quais se destacam: 
a. Redução do tempo dedicado aos trabalhos de natureza geral em benefício dos 
trabalhos de natureza específica e competitiva; 
b. Maior duração do período de predisposição do atleta para a realização de 
resultados considerados de nível elevado; 
c. Aumento das participações em atividades competitivas; 
10 
 
 
d. Busca de máxima otimização dos efeitos positivos das cargas de treino. 
 Na tentativa de adequar a periodização do treinamento desportivo à difícil realidade 
dos calendários de competição e à crescente especialização por que vêm passando 
os treinos dos atletas, têm sido elaboradas algumas propostas alternativas das quais 
é possível destacar: a estrutura do treinamento pendular, a estrutura modular por 
saltos, a estrutura de treinamento em blocos, o treinamento estrutural, a estruturação 
individual do treino e a estrutura de treinamento para as modalidades coletivas. 
3. A PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO DESPORTIVO 
 
 
 
 
A forma geralmente concentrada da preparação dos atletas é a organização do 
treinamento através de períodos e etapas. A periodização é um dos mais importantes 
conceitos do planejamento do treinamento. Esse termo origina-se da palavra período, 
que é uma porção ou divisão do tempo em pequenos segmentos, mais fáceis de 
controlar denominados fases. Esta forma de estruturas o treinamento desportivo tem 
como seu idealizador o russo Matveiev sendo criada nos anos 60 durante até nossos 
dias. 
 Baseados nos ciclos de supercompensação, criados pelo Austríaco Hans Seyle e 
modificado pelo grande bioquímico esportivo o russo Yakolev, Matveiev idealizou a 
periodização do treinamento apoiado em avaliações estatísticas do comportamento 
em atletas de diversas modalidades esportivas da Ex. União Soviética nas décadas 
dos anos 50 e 60. Esta periodização fundamentava a premissa de que o atleta tem 
que construir, manter e depois perder relativamente a forma esportiva no largo dos 
grandes ciclos anuais de treinamento. Desta forma a periodização do treinamento 
desportivo pode ser entendida como uma divisão organizada do treinamento anual ou 
semestral dos atletas na busca de prepará-los para alcançar certos objetivos 
11 
 
 
estabelecidos previamente, obter um grande resultado competitivo em determinado 
ponto culminante na temporada esportiva, ou seja, obter a forma esportiva através da 
dinâmica das cargas de treinamento ajustadas ao seu ponto máximo em esse 
momento. 
 Estas três fases de aquisição, manutenção e perda temporal da forma esportiva se 
transformou em um âmbito mais geral nos três grandes períodos do treinamento 
desportivo ao saber: período preparatório, competitivo e transitório ou seja: 
 O período preparatório é relativo a aquisição da forma esportiva. 
 O período competitivo é relativo a manutenção da forma esportiva. 
 O período transitório é responsável pela perda temporal da forma esportiva. 
 O esquema de Matveiev se tem demonstrado que é muito rígido no que se diz 
respeito das diversas fases da preparação esportiva, considerando-se que para 
diferentes modalidades esportivas e diferentes atletas são as mesmas e possuem 
relativamente a mesma duração. Vários estudos se tem realizado, um de forma 
complementaria e para aperfeiçoar a periodização de Matveiev e outros tentando 
romper com esta forma tradicional de estruturação do treinamento. 
 Mc Farlane, 1986 e Dick, 1988 se pronunciaram em seus estudos sobre o 
tema, estabelecem que a periodização do treinamento desportivo pode ser entendida 
como uma divisão organizada do treinamento anual ou semestral dos atletas na busca 
de prepará-los para alcançar certos objetivos estabelecidos previamente e obter um 
grande resultado competitivo em determinado ponto culminante da temporada 
competitiva, exigindo que a forma obtida seja o ajuste da dinâmica das cargas em seu 
ponto máximo para o momento competitivo. Observe o quadro resumo sobre as 
características fundamentais da periodização de Matveiev. 
12 
 
 
 
A essência da periodização de Matveiev é a relação temporal das fases da forma 
esportiva com a estruturação dos períodos de treinamento. Segundo Dilson, 1992 a 
periodização do treinamento se fundamenta justamente na transferência positiva dos 
grandes volumes de cargas gerais de trabalho nas primeiras fases de treinamento 
para uma maior especificidade das fases posteriores. Várias críticas têm surgido 
sobre a periodização de Matveiev e seus seguidores. Algumas críticas surgiram sobre 
a periodização de Matveiev e seus seguidores: 
13 
 
 
 Weineck, 1989 afirma que a preparação geral tem sentido apenas para elevar 
o estado geral de preparação do atleta de que por se já está elevado pelos 
anos de treinamento realizados. Por esta razão segundo ele não se 
desencadeiam nos atletas os processos adaptativos para uma nova 
capacidade de resultados aumentado. 
 
 Para Gambetta, 1990 o modelo Matveiev é válido somente para as primeiras 
fases de treinamento considerando-se que ao aumentar o nível de rendimento 
dos atletas se deve aumentar também a porcentagem de utilização dos meios 
de preparação específica. 
 Bompa, 2001, argumenta que não existe com os calendários competitivos 
atuais tempo disponível para a utilização de meios de preparação geral que 
não correspondem as especificidades concretas do esporte em questão. Este 
plano coincide com o assinalado a respeito no início deste capítulo. 
 
 Tschiene, 1990, um dos autores que tem mais discutido a periodização de 
treinamento desportivo, falasobre a importância de uma preparação 
individualizada e específica com altos índices de intensidade durante o 
processo atual de treinamento desportivo, o que não acontece na periodização 
tradicional de Matveiev, falando que seu esquema é muito rígido em que se 
refere as diversas fases da preparação desportiva, considerando que para 
diferentes esportes e atletas são as normas e possuem relativamente a mesma 
duração. Também chama a atenção para a importância de novas formas 
alternativas de estruturação do treinamento desportivo surgidas ultimamente e 
que mais para frente falaremos. 
 
 Verjoshansky, 1990, coloca que a periodização de treinamento desportivo, 
quando foi entendida tinha como base resultados competitivos muito mais 
baixo e de um nível de oxigênio muito menor que as atuais pelo que esta forma 
de estruturar o treinamento se deve conceber unicamente para atletas de nível 
médio e não em atletas de elite que trabalham com exigências maiores. 
 
14 
 
 
 Bondarchuk com Tschiene, 1985 e com Marquez 1989 afirmam que não há 
transferência positiva da preparação geral para a preparação especial nos 
esportes de alto nível. 
 
 Matveiev, 1990 respondeu algumas dessas críticas principalmente no que se 
diz respeito a utilização das cargas gerais e os altos volumes de trabalho nas 
fases básicas de treinamento colocando que este é um fator que não pode ser 
contestado e muito menos eliminado. Em nesse fenômeno os conteúdos 
específicos e vice-versa. 
Os principais problemas encontrados na prática concreta do treinamento 
desportivo estão relacionados sem dúvida nenhuma com os calendários variados dos 
ciclos competitivos ao largo dos anos e com o grande número de competições que 
existem durante o ano. Sobre este problema novas formas de estruturar o treinamento 
desportivo para atletas de alto nível tem surgido, e a tendência é que cada vez se 
recorram a utilização de uns ou outros sistemas. 
 As formas de estruturas do treinamento desportivo que assinalamos a 
continuação são aquelas que tentam aperfeiçoar a periodização de Matveiev ou as 
que pretendem romper com ela, é evidente que estas formas não encerram as 
variadas possibilidades de estruturação de treinamento desportivo mais são 
atualmente as mais discutidas na literatura internacional especializadas no tema. 
3.1. O caráter Cíclico do Treinamento Desportivo 
Os ciclos de treinamento desportivo constituem outra forma estrutural do 
mesmo, estes igualmente foram formulados por Matveiev nos primeiros anos dos 
anos 60 e rapidamente se unificaram a estrutura periódica estabelecendo um híbrido 
estrutural em ambas formas temporais e diferentes de organizar o treinamento. 
 Este caráter cíclico se define em dois níveis fundamentais: 
1. Nível de microestrutura, conhecidos como microciclos. 
2. Nível de mesoestrutura, conhecidos como mesociclos. 
15 
 
 
A estrutura do treinamento constitui uma ordem relativamente estável de 
elementos, os quais tem correlação um com os outros. Se variamos os lugares das 
sessões de treinamento o efeito será diferente. Na atualidade, a arte na construção 
dos treinamentos por meio dos diferentes ciclos tem uma importância vital para o êxito 
da planificação e pelos resultados competitivos. O microciclo consta como mínimo de 
duas fases: a acumulativa que está relacionada em um ou outro grau com o 
esgotamento e o de restabelecimento que está relacionada com o descanso 
necessário pelas cargas recebidas. Na prática, por questões organizativas do 
calendário se utiliza frequentemente o ciclo semanal 7 + 2 dias, por outro lado pode 
haver microciclos desde 2 até 20 dias. A duração mínima é de dois dias, ainda que é 
pouco utilizado, pois não dá muitas possibilidades a resolução de tarefas de 
treinamento. 
O tipo de esporte não determina a duração do microciclo, o mesmo depende das 
tarefas da preparação do processo de treinamento (das direções a cumprir). O que 
se trata é de buscar a duração ótima do microciclo em dependência com o nível de 
qualificação do atleta, com as direções a cumprir e com o momento da preparação. 
Os microciclos de treinamento permitem concentrar as tarefas nas diferentes 
sessões, assim como o volume necessário de influências para sua solução. Se 
mantém até que sejam necessários para cumprir as tarefas traçadas na preparação. 
Apesar da grande influência de sessões de treinamento a construção racional do 
microciclo permite evitar a uniformidade e a monotonia. 
3.2. Fatores que Influem na Construção dos Microciclos 
O regime geral da atividade vital do atleta, influindo a atividade de estudo ou 
laboral e a dinâmica condicionada da capacidade de trabalho. 
Não é coincidência que com frequência os microciclos de treinamento se constroem 
nos moldes do calendário semanal. Isto nem sempre responde completamente aos 
requisitos da estrutura ótima do processo de treinamento, mas facilita a coordenação 
entre o regime de treinamento e os momentos principais do regime geral da vida dos 
atletas. 
O conteúdo, a quantidade de sessões de treinamento e a magnitude somatória 
das cargas do microciclo, estes fatores estão condicionados em princípio pelas 
16 
 
 
particularidades da especialização e pelo nível de preparação do atleta. A ordem de 
alternar as magnitudes das cargas e do descanso depende em grande medida da 
interação dos processos de esgotamento e restabelecimento. 
 Segundo Platonov, 1980, existem alguns tipos de magnitudes das cargas. 
 Carga pequena: 20% da máxima. 
 Carga média: 50% da máxima. 
 Carga considerável: 70 à 80% da máxima. 
 Carga grande: + de 80% da máxima. 
 A questão é determinar qual é a máxima? Isto é um tema muito discutido. 
 Se em cada microciclo se cumprem várias direções de preparação, no geral cada 
direção tem por uma parte magnitudes diferentes de avaliação e por outros níveis 
diferentes de intensidades de influências (potenciais de treinamento), assim como 
pelas tendências das mesmas. Como quantificar todas as cargas? A adaptação 
funcional no organismo que se origina no processo de treinamento, se faz em estreita 
relação com o caráter e a tendência do mesmo. O treinamento multifacético e 
complexo conduz a adaptação multilateral e por outra parte a tendência unilateral do 
treinamento provocando uma adaptação profunda e mais unilateral. 
4. MODELO DE TREINAMENTO EM BLOCOS 
 
 
 
 
No final da década de 1970 e início de 1980, Verchosanskij divulgou os 
resultados das suas experiências do treinamento em blocos, que consiste na 
concentração de cargas unilaterais, formando verdadeiros blocos de treino 
específicos, os quais se desenvolvem por aproximadamente dois meses, levando-se 
em consideração os seguintes fatores: 
17 
 
 
a. Desenvolvimento da força como preocupação central das experiências 
desenvolvidas; 
b. O trabalho de força, para que seja eficaz, deve ser concentrado, o que pode 
prejudicar, num primeiro momento, as adaptações no campo da técnica e da 
velocidade, porém tem como objetivo central criar pré-requisitos para os 
programas de treinamento posteriores; 
c. Utilização do efeito posterior da carga para assegurar a continuidade da 
melhoria da força rápida após um trabalho concentrado de força, além de criar 
as condições ideais para o aprimoramento da velocidade e da técnica do 
exercício competitivo. 
d. Concentração de cargas unilaterais como recurso eficaz para elevar o alto nível 
de preparação específica conseguido pelos atletas após muitos anos de 
treinamento. 
 De acordo com VERCHOSANSKIJ (1983), para a elaboração dos blocos de 
treino, deve haver uma definição clara das necessidades de cada esporte a fim de 
possibilitar o melhor ordenamento dos efeitos do treino específico, uma vez que as 
cargas precedentes devem assegurar condições funcionais para as cargas seguintes. 
O modelo em referência divide-se em dois grandes blocos: de preparação e de 
competição,um mais volumoso e menos intenso e o outro mais intenso e menos 
volumoso, no qual deverão ocorrer os melhores resultados. Inicialmente, no 
treinamento por bloco, estabelece-se a utilização de um bloco de treinamento 
volumoso e concentrado, com mais ou menos dois meses de duração, direcionado 
para a força. Aproveitando os efeitos posteriores do trabalho de força, intensifica-se 
o treino sobre a velocidade, a técnica ou a resistência específica, durante o qual 
acontece a primeira etapa competitiva. 
 A segunda etapa de preparação inicia-se com um novo bloco de trabalho de 
força, menos volumoso e mais intenso, seguido de nova concentração de trabalho 
sobre as qualidades específicas predominantes em cada esporte e outro período 
dedicado às competições. O sistema de treinamento em blocos pode ser estruturado 
de forma diferenciada, de acordo com as exigências e especificidades das 
modalidades esportivas ou as respostas do organismo aos efeitos do treino. Dentre 
18 
 
 
as principais variantes do modelo referido destacam-se as seguintes: modelo ATR, 
sistema tetracíclico para nadadores e modelos de blocos em progressão. 
Para TSCHIENE (1985), em geral, o modelo estrutural de Verchosanskij pode 
ser considerado um avanço dentro do planejamento do treino desportivo e uma 
diferenciação, de fato, do conteúdo proposto pelo modelo de periodização de 
Matvéiev. No entanto, de acordo com SILVA (1998), a elaboração de blocos 
específicos de treino capazes de atender às exigências da modalidade esportiva e, 
ao mesmo tempo, de se interligarem de forma lógica e racional demanda um elevado 
nível de conhecimento da modalidade esportiva considerada e uma especial atenção 
ao conceito de sucessão/interconexão, entendido como a separação dos trabalhos 
incompatíveis e aproximação dos que se complementam, de forma a estabelecer o 
necessário encadeamento de conteúdos e a indispensável continuidade nas cargas 
de treino. 
A “Estruturação de Sucessões Interconexas, fundamenta-se basicamente no 
caso de que o trabalho de força deve ser concentrado em bloco de treinamento para 
criar condições de melhoria posterior nos conteúdos do treinamento relacionados ao 
desenvolvimento técnico e à qualidade da velocidade do atleta. Essas condições são 
dadas pelo chamado efeito de acumulação retardado do treinamento (EART)”. O 
conceito da Estruturação de Sucessões Interconexas é fundamental para essa forma 
de periodização do treinamento desportivo, pois constitui a estruturação do 
treinamento em blocos. O efeito do treinamento posterior, a longo prazo, indica que 
os efeitos obtidos depois de sucessivas sessões de aplicação de carga de força em 
um bloco concentrado, que pode durar várias semanas, criam as bases 
condicionantes para o treinamento das demais capacidades dos atletas e para o 
aperfeiçoamento da técnica. Na prática, essa estrutura de treinamento toma forma 
quando se concentram em diferentes blocos os aspectos físicos e técnico-táticos: em 
um primeiro bloco, trabalha-se com determinação as capacidades físicas, 
predominantemente a força; em um segundo bloco, as questões técnicas e táticas. 
Provavelmente, o maior crítico do modelo clássico de periodização de Matveiev 
seja o também russo Yuri Verkhoshanski. Para este autor, a concepção de 
periodização tradicional não mais atende as necessidades do treinamento atual. O 
modelo de treinamento em blocos surge como uma moderna teoria e metodologia do 
19 
 
 
treinamento desportivo. Verkhoshanski não utiliza os termos planejamento ou 
planificação. O mesmo defende a ideia de que o processo de treinamento deve 
basear-se em um sistema que defina os conceitos de programação, organização e 
controle. 
Em síntese, esse modelo consiste em uma distribuição de cargas concentradas 
no ciclo anual de treinamento. São três os blocos que reunidos em uma determinada 
lógica, são estruturados na programação do treinamento. Contudo, de acordo com as 
exigências e especificidades energéticas de cada modalidade esportiva, das 
respostas do organismo aos efeitos do treino, do calendário de competições, do 
objetivo concreto que se pretende obter, o ciclo de treinamento não precisa conter 
necessariamente os três blocos. O bloco A (etapa de base) é dedicado à ativação dos 
mecanismos do processo de adaptação e à orientação desta à especialização 
morfofuncional do organismo na direção necessária ao trabalho no regime motor 
especifico. 
 O objetivo principal deste bloco é o aumento do potencial motor do atleta. O 
bloco B (etapa especial) é principalmente dirigido ao desenvolvimento do trabalho 
motor específico em condições correspondentes àquelas de competição. O objetivo 
principal deste bloco consiste na assimilação da capacidade de utilizar o crescente 
potencial motor em condições de intensidade gradualmente crescente de execução 
do exercício de competição. Nesta etapa deve ser prevista a participação em 
competições, as quais vão funcionar como exercícios específicos no treinamento do 
atleta. O bloco C prevê a conclusão do ciclo de adaptação, é o momento em que o 
atleta apresenta níveis máximos de desempenho e está apto a participar das 
competições de maior importância. 
Em estudo realizado com oito atletas adultos participantes do campeonato 
paulista da divisão principal de Basquete, Moreira et al (2004) verificaram os efeitos 
do treinamento em bloco em oito etapas da preparação da equipe. A periodização foi 
realizada de acordo com uma estrutura bicíclica (primeiro macrociclo com 23 
semanas e o segundo macrociclo com 19 semanas). Os macrociclos de treinamento 
foram divididos em etapa básica (cargas concentradas de força), etapa especial e 
etapa de competição. Os testes utilizados buscaram demonstrar as possíveis 
alterações, além da dinâmica das manifestações de força medidas por quatro tipos 
de saltos: 
20 
 
 
 Salto vertical com contramovimento [SV], 
 Salto horizontal [SHP], 
 Salto horizontal triplo consecutivo para a perna direita [STCD] 
 Salto horizontal triplo consecutivo para a perna esquerda [STCE]). 
Observou-se que as cargas concentradas de competição exerceram diferentes 
efeitos para as medidas de força explosiva vertical (SV) e horizontal (SHP), e que 
existe a necessidade de avaliar a força rápida através dos exercícios de saltos 
consecutivos para as duas pernas de forma diferenciada, em vista das ocorrências 
diversas verificadas para STCD e STCE. Cargas de velocidade devem ser 
programadas ao longo do ciclo de preparação, buscando evitar uma queda de 
rendimento dos atletas. Os autores salientam ainda a eficácia do sistema de 
treinamento em bloco no basquetebol, evidenciada pela expressão pontual do efeito 
posterior duradouro de treinamento (EPDT). 
O modelo do treinamento em blocos é embasado pelo conceito da EPDT. 
Também podem ser encontrados os termos Reserva Atual de Adaptação (RAA), 
Efeito Cumulativo do Treinamento, Efeito Residual do Treinamento ou Efeito 
Retardado do Treinamento. Nessa revisão irá ser adotado o primeiro (EPDT). 
Contudo, todas essas denominações dizem respeito à ideia de que os efeitos obtidos 
depois de sucessivas cargas de treino permanecem por certos períodos de tempo 
depois do fim do treinamento, ou seja, sessões de treinamento em um bloco 
concentrado criam bases condicionantes para o treinamento das demais capacidades 
dos atletas e para o aperfeiçoamento da técnica. 
Em outras palavras, o treinamento em blocos é baseado a partir do tempo em 
que o atleta ainda apresenta os efeitos do bloco de treinamento anterior. Oliveira e 
Silva (2001) analisaram os efeitos do treinamento de cargas concentradas em uma 
equipe de voleibol. Participaram da pesquisa dez atletas do sexo feminino com média 
de idade de 18 anos. Os testes acompanharam a dinâmica da alteração das 
diferentes capacidades biomotoras: força explosiva de membros inferiores (alcance 
máximo de bloqueio, alcancemáximo de ataque), de membros superiores 
(lançamento da medicine ball de 2 kg com os dois braços), velocidade máxima de 
deslocamento (deslocamento frontal/9.3.6.3.9), deslocamento lateral/3 faixas. 
21 
 
 
A aplicação dos testes ocorreu em 10 momentos do ciclo anual, dividido em dois 
macrociclos, ambos com etapas A, B e C. Os resultados evidenciaram que as 
capacidades pesquisadas apresentaram alteração positiva em todas as etapas e 
micro-etapas do 1º macrociclo, com o efeito posterior duradouro de treinamento 
(EPDT) ocorrendo pontualmente nas etapas B e C. As mesmas capacidades 
biomotoras pesquisadas apresentaram alteração negativa (não significativa 
estatisticamente) nas micro-etapas A1 ou A2, e alteração positiva nas etapas B e C 
para a velocidade máxima de deslocamento e para força de membros superiores; 
positiva (não significativa estatisticamente) da força explosiva de membros inferiores 
nas etapas B e C do 2º macrociclo do ciclo anual. 
A pouca alteração revelada nos dados do segundo macrociclo pode ter ocorrido 
devido a menor influência dos fatores relacionados à aprendizagem dos gestos 
técnicos dos testes. Os achados mostram que a EPDT possibilita a racionalização do 
processo de treino. Outros dois estudos encontrados sobre o treinamento em bloco 
mostram a aplicação desse modelo na modalidade handebol. Souza et al (2006) 
submeteram onze handebolistas masculinos a duas baterias de testes: a primeira no 
início do segundo macrociclo de treinamento e a segunda após 16 semanas. Os 
dados demonstraram que ocorreram importantes adaptações, por meio de aumentos 
da força rápida, força explosiva e da agilidade. 
Além disso, a estrutura do programa de preparação proposta também permitiu 
que ocorressem adaptações metabólicas, inferidas pelos aumentos da potência 
anaeróbia e aeróbia. Os autores afirmam que o programa de treinamento utilizado, 
fundamentado no modelo de cargas concentradas, possibilitou a evolução positiva 
das capacidades motoras, as quais foram observadas pela manifestação do efeito 
posterior duradouro do treinamento. Sugerem ainda que outros trabalhos da mesma 
natureza sejam desenvolvidos com desportos coletivos. De forma semelhante, 
Dechechi (2008) observou o comportamento de uma equipe feminina de handebol 
(onze atletas) em seis momentos de uma periodização de 38 semanas. 
Os níveis de força e potência de membros superiores foram significativamente 
aumentados nos momentos pré-estabelecidos como de pico de performance (junho 
e novembro). Houve também a cinética esperada de rendimento da equipe para 
potência de membros inferiores. O treinamento não induziu melhoras nas 
capacidades de velocidade média em 30m e de realizar sprints consecutivos. Em 
22 
 
 
relação a essas duas últimas capacidades, vale ressaltar que os estudos de granados 
et al (2008) e Gorostiaga et al (2006) citados anteriormente também não relataram 
resultados positivos nesses aspectos, mesmo adotando modelos de periodização 
diferentes. O que sugere que esse ponto pode ser investigado em outros estudos 
envolvendo não só o handebol, mas também outros esportes de equipe. Apesar de 
alguns autores publicarem suas concepções de organização do treinamento, pouco 
se sabe sobre como o trabalho simultâneo dos diferentes componentes do 
treinamento desportivo se interagem ao longo da temporada. 
5. OUTROS MODELOS 
Algumas variações dos modelos tradicionais e em blocos aparecem com 
aplicação para as modalidades coletivas. O Modelo de Cargas Seletivas organizado 
pelo professor Antônio Carlos Gomes foi estruturado com grande ênfase no futebol. 
Gomes (2009) salienta que nos desportos coletivos, devido ao grande número de 
jogos (75 a 85 jogos no caso do futebol) durante a temporada, na qual o período 
competitivo se estende por 8 a 10 meses, fica de certa forma impossível desenvolver 
as capacidades máximas. Assim, são desenvolvidas capacidades submáximas. O 
modelo de cargas seletivas propõe um ciclo anual de 52 semanas dividido em dois 
macrociclos de 26 semanas cada, caracterizando uma periodização dupla. 
 
 
 
 
 
 
 
Na prática, o volume do treinamento permanece quase o mesmo durante a 
temporada anual de competições, a cada mês alterna-se as capacidades físicas 
resistência especial, flexibilidade, força, além da técnica e da táctica. Entretanto, o 
alvo principal de aperfeiçoamento é a velocidade, considerada a capacidade de 
fundamental importância na evolução do desempenho. A estruturação das cargas de 
23 
 
 
treinamento proposta deve ser organizada de acordo com os seguintes fatores: 
número de sessões na semana, tempo destinado ao treinamento no macrociclo, total 
de horas destinadas ao mesociclo e a organização do treinamento no microciclo. 
A distribuição percentual para cada capacidade varia de acordo com a 
temporada, por exemplo, os treinos de flexibilidade no primeiro mês ocupam 25% do 
tempo total do treinamento, decaindo para 10% do tempo no final do ciclo. Outra 
abordagem de periodização é proposta por Gamble (2006). Segundo o autor, devido 
ao extenso calendário a que as equipes estão sujeitas, a periodização deve ser 
diferente em casa fase do treinamento, pois a exposição contínua a uma mesma 
formação deixa de promover adaptações, e com o tempo leva a um desempenho 
diminuído. Além de ser fator importante para evitar a monotonia do longo tempo de 
treinamento, servindo como motivação ao atleta. 
Segundo o autor, o modelo tradicional pode ser utilizado durante a fase de 
preparação, pois o trabalho geral e crescente proposto criará bases para o futuro 
treinamento. A melhor estratégia de treino é a combinação de métodos de 
periodização. Gamble (2006) enfatiza que variações dentro dos microciclos são 
importantíssimas nos esportes coletivos, particularmente em equipes de elite. Ao 
invés de apenas incorporar exercícios leves, com menores cargas dentro da semana 
de treinamento, reduzir o número de treinos juntamente com uma programação 
adequada de exercícios para membros superiores e inferiores, são estratégias que 
podem igualmente fornecer a recuperação necessária. 
A alternância de estímulos entre os treinos evita a fadiga neural e previne o 
overtraining. Para otimizar o tempo de treinamento, Gamble (2006) propõe que 
exercícios de velocidade, agilidade e pliométricos sejam combinados aos treinos 
técnicos e táticos. Essa estrutura é chama pelo autor de Métodos de 
Condicionamento relacionados com Jogos. Além disso, o autor defende que o formato 
em questão mantém o condicionamento aeróbio durante a temporada e pode ser 
modelado em cima das demandas de cada esporte. 
 
 
24 
 
 
5.1 Treinamento Resistido 
A periodização no treinamento resistido tem ganhado importância já que a 
mesma tem influência decisiva para o sucesso esportivo. Raros são os esportes que 
não utilizam esse tipo de treinamento como forma de aprimoramento do rendimento 
do atleta. Cada esporte tem particularidades que determinam os tipos de força que 
devem ser mais enfatizados, muitas vezes influenciando o modelo de periodização a 
ser adotado. Algumas terminologias são usadas para definir a periodização no 
treinamento resistido, mas na realidade designam o mesmo tipo de programa. Os 
termos Linear e Clássico seguem o modelo tradicional em que há a diminuição 
progressiva do volume com aumento da intensidade e vice-versa. Não-linear e 
Ondulatória abrange modelos que possuem alterações flutuantes de volume e 
intensidade em cada sessão de treinamento. Por fim, no modelo fixo ou não-
periodizado não ocorre variação de intensidade e volume. 
Diversas são as variáveis capazes de interferir e mesmo definir a periodização 
no treinamento resistido: a escolha e ordem dos exercícios, tipo de ação muscular 
(isométrica, concêntrica e excêntrica), a intensidade (geralmente relacionada a uma 
porcentagem da carga máxima), o volume (normalmente atribuído ao númerototal de 
repetições e séries), o tempo de descanso entre as séries, a velocidade de execução 
(fundamental para o direcionamento do treino de potência muscular) e a quantidade 
de sessões de treinamento dentro de um período (frequência). 
A investigação científica tem buscado compreender os aspectos inerentes ao 
treinamento resistido. Alguns trabalhos discutem o que já foi produzido na área e 
apontam novas perspectivas. Ao que parece, o modelo ondulatório é o mais eficiente 
para o aumento de força máxima e potência. Já o modelo linear inverso é mais 
interessante para o trabalho com resistência. Além disso, os estudos apontam que 
programas periodizados provocam resultados superiores quando comparados a 
modelos não-periodizados. 
Esportes com temporadas longas como o basquete, o vôlei, o tênis, o hockey e 
o beisebol, em que a força e a potência devem ser mantidas durante todo o período 
competitivo para que sucesso seja alcançado, o modelo ondulatório parece promover 
vários picos de performance com maior facilidade. Em contrapartida, um estudo de 
Hoffman et al. (2003) que comparou o modelo linear e ondulatório no treinamento de 
25 
 
 
jogadores de futebol americano no decurso de duas temporadas mostrou que o 
modelo ondulatório não promoveu vantagem em relação ao modelo linear na melhora 
da força. Porém, uma falha desse trabalho é que o volume e a intensidade para o 
grupo linear e ondulado não foram iguais. Portanto, a resposta de força para o grupo 
linear pode ser justificada pela diferença da quantidade de volume e intensidade no 
decorrer do treinamento. 
O consenso a que se chega não é novidade para ninguém, está pautado em um 
princípio do treinamento há muito tempo conhecido, o princípio da especificidade. O 
primeiro passo ao se planejar a periodização para qualquer esporte, nada mais é do 
que se ter o conhecimento de quais são as necessidades fisiológicas e as principais 
fontes energéticas que são utilizadas no esporte em questão, afim de que se possam 
empregar os métodos apropriados para cada fase do treinamento. É importante 
analisar os gestos técnicos, as musculaturas utilizadas em cada movimento, para que 
o treinamento resistido ocorra dentro da angulação articular solicitada. 
É importante uma periodização integrada, em que todos os componentes do 
treinamento estão combinados conforme a periodização das capacidades 
biomotoras. Para ele, a periodização dessas capacidades determina quais serão os 
meios utilizados para a construção da dieta do atleta, da prevenção de lesões e do 
trabalho psicológico adequado para cada período do treinamento. Infelizmente, pouco 
se sabe a respeito de como todas essas variantes se relacionam, já que os trabalhos 
na área, como foi mostrado nessa revisão, buscam apenas conhecer as mudanças 
que o treinamento (qualquer modelo) promove sobre as qualidades físicas. 
5.2 Treinamento Pendular 
 Esta sistemática para estruturação do processo de treino foi proposta por 
Arosjev na década de 1970 e se constitui numa tentativa de aperfeiçoamento do 
sistema proposto por Matvéiev, pois se orienta pelos princípios da teoria do referido 
autor. Pode-se concluir que a estrutura pendular de Arosjev representa apenas uma 
reforma da periodização do treino de Matvéiev, já que a tradicional subdivisão em 
períodos não é desconsiderada. O treinamento pendular tem como proposta básica 
a obtenção de vários momentos da forma, a fim de atender às necessidades do 
calendário de competição, e fundamenta-se na alternância sistemática entre cargas 
específicas e gerais. De uma maneira geral, as cargas gerais decrescem ao longo do 
26 
 
 
período até praticamente desaparecerem por ocasião das competições mais 
importantes, ao passo que as cargas de natureza específica crescem a cada ciclo de 
treino. Essa alternância na natureza das cargas em um mesmo ciclo de treino é 
responsável pela formação do chamado pêndulo. 
Quanto menores são os pêndulos durante o processo de treinamento, maiores 
serão as condições de competir eficazmente, todavia se os pêndulos são maiores, 
maior será a possibilidade de sustentar a forma desportiva por um tempo maior por 
parte do atleta. Sinteticamente, nessa forma de organizar o treinamento desportivo 
fica evidente que se mantém a importância das cargas gerais de treinamento e que 
existe a relativa separação igual, mas em menor escala, do que na periodização do 
treinamento de Matvéiev é a preparação geral e a específica. 
5.3 Treinamento Modular 
 Elaborado também na década de 1970 por Vorobjev, este modelo de treino foi 
utilizado principalmente pelos halterofilistas e apresenta como características: a 
aplicação de mudanças bruscas e frequentes no volume (variações de 30 a 50% entre 
um a dois meses e média de 35% ao longo do ano) e na intensidade (oscilações 
mensais entre 20 a 25%, com média de 11%) das cargas; ao longo de toda a 
temporada, as cargas de natureza específica assumem um caráter predominante; o 
ciclo anual das cargas de treino é organizado na forma de pequenas ondas uma vez 
que o treinamento não deve ser projetado para determinar uma transferência a longo 
prazo dos efeitos da carga. 
Com relação à proposta deste modelo em que as cargas de natureza específica 
assumem um caráter predominante ao longo da temporada, é considerado por 
TSCHIENE (1985) um progresso na teoria do treinamento desportivo. Da mesma 
forma, SILVA (1995) acredita que a proposta de Vorobjev se constitui no primeiro 
modelo a, efetivamente, estabelecer um certo afastamento dos esquemas da 
periodização clássica de Matvéiev. 
27 
 
 
5.4 Treinamento Estrutural 
 Também desenvolvido no final da década de 1970, o esquema de treinamento 
estrutural foi proposto por Peter Tschiene para o treinamento de alto nível, partindo 
do ponto de vista das experiências da antiga República Federal alemã. O treinamento 
estrutural é um esquema de treino voltado, sobretudo, aos esportes de elevada 
exigência no campo da força rápida e baseia-se na elevação e manutenção da 
intensidade e do volume da carga durante todo o ciclo de treinamento, com o objetivo 
de alcançar rendimentos elevados durante quase toda a temporada. TSCHIENE 
(1985) destaca as seguintes características do treinamento estrutural: 
a. Dinâmica das cargas em forma de pequenas ondas, com uma destacada e 
permanente alternância entre volume e intensidade; 
b. Predominância da intensidade em unidades de treino relativamente curtas, nas 
quais se destacam as cargas de competição; 
c. Controle individual das competições como procedimento para o 
desenvolvimento e manutenção da forma por intermédio do incremento da 
intensidade específica; 
d. Introdução do “intervalo profilático” após as cargas específicas e antes da 
competição, proporcionando ao atleta o descanso que deve anteceder a sua 
participação nas competições. 
 Para TSCHIENE (1985), o treinamento estrutural não se diferencia completamente 
da idéia tradicional de periodização proposta por Matvéiev. 
5.5 Treinamento Individualizado de Bondarchuk 
Campeão olímpico e recordista mundial do lançamento de martelo, Bondarchuk, 
atualmente como treinador de atletismo, tem influenciado significativamente as 
teorias sobre a periodização do treinamento desportivo. Na estrutura de treinamento 
individualizado proposta por Bondarchuk, destacam-se as seguintes características: 
 Absoluta individualização do treino, tanto em termos de composição e 
estruturação das cargas de treinamento quanto da definição dos períodos de 
28 
 
 
incremento e redução das cargas, a fim de atender às características da forma 
de cada atleta; 
 Ciclo de treino composto por três períodos, que correspondem às três fases da 
forma esportiva - desenvolvimento, conservação e descanso, ou, então 
aquisição, manutenção e perda temporária. Esses períodos podem se repetir 
mais de uma vez no ano e apresentar combinações diferentes,com uma 
duração bastante variada, de acordo com as características individuais dos 
atletas; 
 Evolução das exigências do treino e consequente melhoria da capacidade de 
prestação, em razão da mudança do conjunto dos exercícios, e não da 
dinâmica das cargas; 
 Ao longo da temporada, utiliza-se uma grande quantidade de exercícios 
específicos, com intensidade elevada e sem grandes variações no volume de 
treino. 
Na proposta de Bondarchuk, a fase de manutenção da forma dura em torno de 
quatro semanas, ao final das quais o conteúdo do treino deve ser renovado em cerca 
de 50%. As possibilidades de variações da estrutura do treino (forma de intercalar os 
períodos de desenvolvimento e manutenção com o de repouso) variam de acordo 
com as respostas adaptativas do atleta; daí a necessidade de se conhecer 
profundamente o atleta e suas reações ao treinamento. 
6. ESTRUTURA DE TREINAMENTO PARA AS MODALIDADES 
COLETIVAS 
A teoria de Bompa sobre os níveis da forma esportiva são utilizadas como 
fundamento para a estruturação de modelos de treino para os esportes com 
calendário de competição extenso, notadamente os esportes coletivos. Na 
abordagem o autor considera a forma esportiva como um processo no qual se 
sobrepõem, em sequência, três diferentes estágios de prontidão esportiva: forma 
geral, alta forma e ótima forma. 
 O primeiro estágio - forma geral - representa um nível bastante elevado no 
plano das capacidades físicas e das habilidades motoras necessárias à prática 
29 
 
 
de uma determinada modalidade. Constitui-se num estágio de treino bastante 
elevado e representa uma pré-condição para aqueles que pretendem a 
obtenção de resultados de altíssimo nível. 
 O nível denominado de alta forma esportiva ou forma atlética está baseado no 
nível de treinamento anterior (forma geral) e se mantém mais ou menos estável 
durante um período de tempo relativamente longo (período competitivo), 
constituindo-se, dessa forma, no nível de prontidão esportiva dos atletas das 
modalidades coletivas com período competitivo extenso. 
 O último nível, denominado ótima forma, representa a prontidão do atleta para 
a obtenção ou superação do seu melhor resultado e deve acontecer a partir do 
nível da forma anterior, ou seja, da alta forma, podendo ter várias 
manifestações (duas a quatro) em períodos curtos (sete a dez dias) da 
temporada de treino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim, tendo como base nos níveis de forma esportiva proposto por Bompa, a 
estruturação do treinamento para os esportes com calendário esportivo extenso 
apresenta as seguintes características: 
 Redução dos trabalhos de natureza geral, com elevadas concentrações no 
volume das cargas em benefício da especialização do treino; 
 Definição de modelos estruturais de treino em função das características e das 
exigências competitivas de cada modalidade; a dinâmica das cargas assume 
30 
 
 
características muito particulares – no período preparatório, as cargas de treino 
sofrem aumentos diferenciados no volume e na intensidade de acordo com a 
modalidade considerada; a partir do momento em que se atinge a fase 
competitiva, as cargas tendem a uma estabilização relativa, em termos de 
grandes ondas, para sofrerem alterações frequentes de volume e intensidade 
em um nível das microestruturas de treino; 
 O procedimento cíclico centrado nas microestruturas de treino, em razão da 
incompatibilidade entre grandes ondas de treino e da frequência das 
competições consideradas importantes. 
7. O ESQUEMA ESTRUTURAL DE TSCHIENE 
 
 
 
 
 
Com o objetivo de conseguir que o atleta mantenha um nível de rendimento 
durante todo o ciclo anual de competições, o autor alemão Peter Tschiene, organizou 
o que ele mesmo considera chamar o Esquema Estrutural de Treinamento de Altos 
Rendimentos. Neste modelo, tanto o volume de trabalho como a intensidade do 
mesmo são altos durante o ano todo. Baseado na experiência com atletas alemães 
este autor sistematiza a estruturação do treinamento desportivo como uma acentuada 
forma ondulatória das cargas de treinamento em fases breves com trocas tanto 
quantitativas como qualitativas dos conteúdos de preparação. 
Ao contrário das variações do volume e intensidade as cargas tal como o propôs 
Matveiev, Tschiene 1988, procurou estabelecer um esquema estrutural no qual estes 
parâmetros estiveram sempre em altos índices de graduação onde o princípio de 
globalidade dos atletas se integre perfeitamente em uma forma de organização 
incompatível com a periodização proposta pelo autor russo. A existência de várias 
31 
 
 
competições no decorrer do processo de treinamento é para Tschiene um fator 
fundamental na construção de um alto resultado nos atletas. 
A existência de uma elevada intensidade das cargas de trabalho de uma 
unidade de treinamento relativamente breve e um caráter dominantemente específico 
objetivado pelas competições mais importantes que o atleta será submetido, são 
pontos a destacar nesta forma de organizar o treinamento de alto nível. Isto se baseia 
no caso de que o atleta deva manter ao largo do ano esportivo uma alta capacidade 
de rendimento e não a construir para depois mantê-la conforme a teoria de Matveiev. 
Sendo está forma de organizar o treinamento bastante desgastante, o autor introduziu 
a necessidade de intervalos profiláticos entre as altas intensidade de trabalho como 
meio de recuperação ativa e manutenção das capacidades de rendimento 
aumentadas durante todo o desenvolvimento do processo de treinamento. 
 Se pode perceber um avance desta teoria principalmente no que se coloca a 
respeito a relativa eliminação de fases gerais do treinamento, aonde os resultados 
não constituem em objetivos específicos. Aqui pelo contrário se estabelece que o 
atleta deve estar o ano inteiro apto à competir em boas condições para o melhor 
rendimento. 
 
8. JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA 
ESCOLAR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
Os JEC´s são conjuntos de jogos que são praticados em coletivo, que passaram 
por uma criação de regras e também de federações para se manter a ordem. 
Acrescentando, Bayer dizem que os Jogos Esportivos Coletivos tiveram sua origem 
nas civilizações antigas, com a prática de alguns jogos semelhantes a muitas 
modalidades que vieram a se consolidar no século XX, tais como: basquetebol, rugby 
e futebol. Descrevendo sobre os JEC’s, Teodorescu diz que o jogo coletivo representa 
uma prática social em grupo, onde mesmo contendo rivalidade entre duas ou mais 
equipes o foco é a vitória no jogo, contendo ou não um objeto de disputa no caso de 
uma bola, isso de acordo com as regras já pré-estabelecidas. 
Os JEC’s ocupam um lugar importante dentro da cultura do esporte, contribuindo 
não somente para questões de lazer, mas também assumindo um papel importante 
na educação física como instrumento para a ciência. Ainda Garganta (1998), afirma 
que o comportamento dos jogadores dentro dos JEC’s, é direcionado por um objetivo 
que é de vencer o jogo. Durante uma partida, conseguir marcar um gol ou impedir 
que o adversário marque, e os jogadores trabalharem a superioridade sobre os seus 
adversários. Sendo assim, a equipe durante o jogo, deve cumprir os princípios e os 
objetivos do jogo e assim poder desenvolver as ações específicas a serem utilizadas 
de maneira mais eficaz para o determinado momento. 
Segundo Teoldo et. al. (2009), os princípios do jogo são: Os princípios gerais - 
que é não permitir a inferioridade, evitar a igualdade e procurar criar superioridade 
numérica na partida. Os princípios operacionais - anular as situações de finalização, 
recuperar a bola, impedir que o adversário progrida, proteger onde se marca o ponto 
ou gol e reduzir o espaço de jogo adversário; e no ataque: segurar a bola por mais 
tempo, construir ações ofensivas, progredir pelo campo de jogo adversário, criar 
situações claras de finalização.Princípios fundamentais da contenção, da cobertura 
defensiva, do equilíbrio e da concentração, e no ataque os princípios: da penetração, 
da mobilidade, da cobertura ofensiva e do espaço. 
Diante do componente histórico e conceitual dos JEC’s, para Pinho et. al. (2010) 
acredita-se que os jogos coletivos mais comuns na educação física escolar sejam: 
futsal, handebol, basquetebol e voleibol, isso justifica a prevalência desses esportes 
na educação física escolar Finalizando, Coutinho & Silva (2009) diz que os JEC’s são 
um grande elemento da cultura de nosso país, assim sendo um excelente meio para 
a formação de melhores cidadãos, levando em consideração os benefícios que esta 
33 
 
 
prática pode proporcionar às crianças, se realizado de forma correta. Diante da 
importância e da prevalência desses esportes nas aulas de educação física na escola, 
não se pode negligenciar as metodologias de ensino trabalhadas dentro dos JEC`s. 
De fato é necessário que o profissional de educação física seja um conhecedor de 
variadas metodologias para auxiliar a sua prática no próprio local. 
9. ESTRUTURA E PLANIFICAÇÃO DO TREINAMENTO DESPORTIVO 
Desde muito tempo se vêm repetindo que "A planificação do treinamento 
desportivo é antes de tudo o resultado do pensamento do treinador". Este 
pensamento deve estar o mais distanciado possível de toda improvisação, integrar os 
conhecimentos em um sistema estrutural e organizado e mais perto da ciência e 
tecnologia. O programa anual é uma ferramenta que norteia o treinamento atlético. 
Ele é baseado em um conceito de periodização, que, por sua vez, se divide em fases 
e princípios de treinamento. O conhecimento existente sobre a planificação esportiva, 
assim como o controle do treinamento, é algo que não escapa a nenhum profissional 
(ou pelo menos não debería ser ignorado). 
 
 
 
 
 
 
É igualmente certo que treinadores que trabalham na área de rendimento 
esportivo aplicam este conhecimento de forma fundamentalmente artesanal e 
individual, por outro lado, parece indiscutível a obrigação inerente a todo treinador de 
pôr em prática seus conhecimentos de forma acertada, com o fim de programar o 
treinamento dos atletas, ademas de recolher a máxima informação possivel que se 
desprende do processo de treinamento e integrar todo ele para tirar conclusões que 
permitam melhorar o rendimento de seus atletas. O principal objetivo do treinamento 
34 
 
 
é fazer com que o atleta atinja um alto nível de desempenho em dada circunstância, 
especialmente durante a principal competição do ano com uma boa forma atlética. 
Os conceitos da planificação são os seguintes: 
 A planificação não intuitiva, não pode ser na sorte. Pelo contrário, tem que 
seguir um processo, deve como se falou em alguns momentos, planificar-se. 
 Os objetos devem estar de acordo com os problemas e necessidades, devendo 
aqueles estabelecer-se e determinar-se claramente. Pelo contrário se corre o 
risco de planificar um processo encaminhado para algo diferente de que 
realmente se precisa para o primeiro dos casos e sem saber para que no 
segundo. 
 As metas, os objetos e em última instância os fins devem ser alcançáveis, 
realistas (o que não exclui uma certa ousadia e um certo nível de risco). 
 A planificação é um processo sequencial e logicamente ordenado, não se 
desenvolve tudo, simultâneo e nem caprichosamente. 
 A planificação está imersa no meio ambiente, não podendo nem desprezar 
nem trabalhar a margem do mesmo. 
 Toda planificação pressupõem uma troca efetiva com respeito a situação 
existente de como se começa. 
 Se planifica para a execução. Não pode se falar de verdadeira planificação, o 
trabalho exclusivamente teórico sem intenção de pôr em prática, deve portanto 
existir vontade de fazê-la efetiva. 
A planificação do treinamento desportivo é a organização de tudo o que 
acontece nas etapas de preparação do atleta, é então o sistema que inter-relacionam 
os momentos de preparação e competição. Nessa definição deixa aberto o problema 
atual da planificação para o rendimento competitivo. Estrutura e planificação são dois 
termos inseparáveis no processo de preparação desportiva, mas são diferentes. A 
estrutura é organização que adotará o período de tempo tanto de treinamento como 
de competições. A estrutura do treinamento tem um caráter temporal, portanto, 
considera um início e um fim do processo de preparação e competições e estará 
determinada fundamentalmente por: 
35 
 
 
 O calendário competitivo que considera o número de competições, a 
frequência, o caráter e a dispersão ou concentração das competições em um 
período de tempo dado. 
 A organização e dosificação das cargas, que considera se estas serão diluídas 
ou concentradas, a concepção que se adote no caráter da carga, quer dizer, a 
proporcionalidade entre as cargas gerais e as especiais. 
 As direções de treinamento, objetos de preparação que considera as direções 
determinantes do rendimento (DDR) e as direções condicionantes do 
rendimento (DCR). 
 A estruturação do rendimento desportivo é hoje por hoje uma das principais 
condições para obter um resultado esportivo em qualquer esporte. 
 "Uma perfeita estruturação do treinamento garante não só a obtenção de 
resultados no âmbito mundial se não ademais procura assegurar a longevidade 
esportiva de nossos atletas...". 
 A paternidade de uma teoria científica e ainda válida ainda que com profundas 
modificações sobre a estrutura e planificação do rendimento se devemos ao Russo I. 
Matveiev. Se atualmente existem diferentes conceitos sobre qual estrutura de 
treinamento é melhor e que todas elas partem da proposta inicialmente pelo russo 
Matveiev desde os anos 60. Para analisar qualquer estrutura atual do treinamento é 
necessário partir da formulada por Matveiev e conhecida mundialmente por 
periodização do treinamento. 
- Periodização e planificação são conceitos diferentes: a periodização é a estrutura 
temporal e a planificação é a integração do processo de obtenção do rendimento. 
 O objetivo deste estudo é demonstrar dentro de uma revisão de literatura as 
diferentes estruturas de periodização pedagógica do treinamento desportivo. 
 
 
36 
 
 
10. REFERÊNCIAS 
BARBANTI, V.J. Teoria e prática do treinamento esportivo. 2.ed., São Paulo: 
Edgard Blücher, 1997. 
BOMPA, T.O. Treinamento de atletas de desporto coletivo. São Paulo: Phorte. 
2003. 
DE ROSE JUNIOR, D. Modalidades esportivas coletivas. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2006 
FLECK, S.J. & KRAEMER, W.J. Fundamentos do treinamento de força 
muscular. 2ª ed., Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. 
FORTEZA DE LA ROSA, C.A. Treinamento desportivo: carga, estrutura e 
planejamento. São Paulo: Phorte Editora, 2001. 
GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, 
A.; OLIVEIRA, J. (Eds.). O ensino dos jogos desportivos. Porto: 
CEJD/FCDEF/Universidade do Porto, 1998. p.11-25 
MATVÉIEV, L.P. Fundamentos do treino desportivo. Lisboa: Livros Horizontes, 
1986. 
MOREIRA, V.J.P. A influência de processos metodológicos de ensino-
aprendizagem-treinamento (E-A-T) na aquisição do conhecimento tático no 
futsal. 2005. 180 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física: Treinamento 
Esportivo) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005. 
NEUENFELDT, D. J.; CANFÍELD, M. S. Repensando o esporte na educação 
física escolar a partir de Cagigal. Movimento, v.7, n. 14, p. 28-36, 2001 
SILVA, F.M. Para uma nova teoria da periodização do treino - Um estudo do 
atletismo português de meio-fundo e fundo. Tese de doutorado, 359p. 
Faculdade de Ciências do Desporto e da Educação Física - Universidade do Porto, 
1995. 
37 
 
 
SILVA, F.M. A necessidade de novas elaborações teórico - metodológicas 
para o treino desportivo: Uma realidade que se impõe. Revista Horizonte,v. XIII, 
n. 76, mar./abr, 1997. 
SILVA, F.M. Planejamento e periodização do treinamento desportivo: 
mudanças e perspectivas. In: Treinamento desportivo: reflexões e experiências. 
João Pessoa: Editora Universitária, p. 29-47, 1998. 
TUBINO, M.J.G. Metodologia científica do treinamento desportivo. 3.ed., São 
Paulo: Ibrasa, 1984. 
VERCHOSANSKIJ, I.V. Princípios de entretenimento para atletas de elite. 
Revista Stadium, n. 99, p. 3-8, 1983. 
ZAKHAROV, A. & GOMES, A.C. Ciência do treinamento desportivo. Rio de 
Janeiro: Grupo Palestra Sport, 1992.

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