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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL SUPERINTENDÊNCIA DO SISTEMA PENITENCIÁRIO DO ESTADO DO PARÁ Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional 2019 Concurso Público C – 199 / Edital nº 001/2017 – SEAD/SUSIPE, de 15/12/2017 Escola de Administração Penitenciária – EAP Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 1 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 Curso Preparatório para a Formação de Agente Prisional CONCURSO PÚBLICO C – 199 - EDITAL Nº 001/2017 – SEAD/SUSIPE, de15 dezembro de 2017 INTERVENÇÃO TÁTICA EM AMBIENTE PRISIONAL EIXO AVANÇADO Carga Horária: 30 horas Marituba – PA 2019 Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 2 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 Sumário Apresentação ................................................................................................... 03 Informações do Professor Conteudista ........................................................... 04 Objetivos da Disciplina .................................................................................... 05 Conteúdo Programático .................................................................................. 05 Introdução ....................................................................................................... 06 Intervenção tática ............................................................................................ 09 Considerações gerais ...................................................................................... 09 Definição de intervenção ................................................................................. 10 Características do operador tático ................................................................... 12 Princípios do grupo tático ................................................................................ 13 Grupo de intervenção (célula) ......................................................................... 14 Equipamentos do grupo tático (individual) ...................................................... 15 Armamentos do grupo tático............................................................................ 16 Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 3 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 Apresentação O Curso Preparatório de Formação Profissional da Superintendência do Sistema Penitenciário representa ao Instituto de Ensino de Segurança do Pará (IESP), um meio de transmitir aos candidatos habilitados por meio do Concurso Público C – 199, lançado via Edital nº 001/2017 – SEAD/SUSPIE, de 15/12/2017, noções relativas à Segurança Pública, de forma dinâmica e sistemática, um importante acervo de conhecimentos e saberes acumulados sobre a região e a área temática específica. O objetivo fundamental é contribuir para a formação dos candidatos a agentes prisionais para atuarem de forma qualificada no Sistema Penitenciário do Estado do Pará. Diante disso, a instituição propõe-se a aprofundar conteúdos interdisciplinares a fim de contribuir para a ampliação da política e gerar conhecimentos para que possam ser levados à sociedade de forma satisfatória. Nesse sentido, presta-se um serviço à comunidade em geral e confirma-se de forma indelével o papel político e a responsabilidade social da SUSIPE e do IESP no Estado do Pará quanto a efetivação da Educação Penitenciária de qualidade. Considerando os objetivos do curso, de capacitar profissionais para o exercício de seus cargos na carreira pública estadual penitenciária, é possível formar um lastro de servidores que virão se somar a instituição, assim como uma massa crítica de conhecimentos na área da segurança pública, tendo especialmente como pano de fundo as especificidades regionais, sobretudo no que tange aos impactos de ordem social em constante e acelerado processo de transformação. O material que ora se apresenta congrega conteúdos específicos de cada disciplina a ser ministrada ao longo do processo de formação futuros Agentes Penitenciários efetivos do Estado do Pará. Coordenação Pedagógica Escola de Administração Penitenciária Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 4 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 INTERVENÇÃO TÁTICA EM AMBIENTE PRISIONAL Professores Conteudista Antonio Sergio Santos Pinheiro Carlos Henrique Cesar Vinicius da Silva Vilhena Fabiano Calandrini Gilberto Reinaldo de Oliveira Luis Alex Duarte Pereira Rubens Teixeira Maues Júnior Professores da disciplina Antonio Sergio Santos Pinheiro Carlos Henrique Cesar Vinicius da Silva Vilhena Fabiano Calandrini Gilberto Reinaldo de Oliveira Luis Alex Duarte Pereira Rubens Teixeira Maues Júnior Marituba – PA 2019 Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 5 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 INTERVENÇÃO TÁTICA EM AMBIENTE PRISIONAL Objetivo da Disciplina: Utilizar corretamente as técnicas de condução, imobilização e intervenção em ambiente carcerário, em conformidade com o uso progressivo da força e atribuições inerentes ao cargo de Agente Penitenciário Federal. Conteúdo programático Intervenção tática Considerações gerais Definição de intervenção Características do operador tático Princípios do grupo tático Grupo de intervenção (célula) Equipamentos do grupo tático (individual) Armamentos do grupo tático Marituba – PA 2019 Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 6 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 INTRODUÇÃO O Sistema Penal Brasileiro carece de profissionais capacitados para o exercício das atividades relacionadas à intervenção em estabelecimentos penais. A Intervenção em estabelecimentos penais faz-se necessária objetivando a preservação da vida dos que ali trabalham, dos que cumprem pena e preservação do patrimônio. É decorrente do dever do Estado a busca da manutenção da integridade física e psicológica do custodiado e o “controle da situação”. Via de regra os criminosos cometem crimes, certos da impunidade. Quando há falta de “controle do Estado” nos estabelecimentos penais, esta característica é evidenciada. A cadeia deve ser disciplinada com procedimentos para que sua rotina diária transcorra normalmente e de forma segura, com operações preventivas e rotinas de controle sobre as ações criminosas. Não deve existir qualquer tipo de “acordos” entre custodiados e servidores, tais como: o custodiado não dá problema e a Direção do estabelecimento penal não o incomoda. É preciso que haja procedimentos na rotina diária para combater o tráfico de drogas, inibir a entrada de objetos não permitidos, inibir extorsões de custodiados e visitantes, feitas por quadrilhas que agem no interior dos estabelecimentos penais. Quando o poder público não tem o controle do ambiente carcerário, as quadrilhas se fortalecem a ponto de desafiar o Estado, atacando seus servidores e demonstrando a deficiência do sistema, uma vez que as maiores fontes de renda para essas facções é o domínio da própria prisão. Nelas existem o cliente cativo para fomentar o tráfico drogas, as vítimas de extorsão pelas dívidas geradas e não quitadas e também seus “soldados” que após alcançar a liberdade são obrigados a contribuir para manter a liderança daqueles que permanecem custodiados. Isso funciona como argumento para mantê-los“escravos” desse mundo do crime e gerar renda para as facções. Diante disso, não se consegue criar de forma plena uma estrutura para projetos de ressocialização, reeducação e reinserção da pessoa presa na sociedade. A solução é a implantação de procedimentos e treinamentos dos seus servidores para o Estado ter condições de dar uma resposta quando houver quebra dos procedimentos e regras, evitando que facções comandem Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 7 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 as prisões, escravizando os custodiados e trazendo grandes prejuízos, principalmente para a população, que é o alvo das ações criminosas. Caso a disciplina seja quebrada, é preciso, de imediato, dar uma resposta para que seja contida a crise, restabelecida a ordem e para garantir que tal fato não se alastre por outras áreas do estabelecimento penal. Seus causadores devem ser responsabilizados legalmente, a fim de acabar com a sensação de impunidade. Para tanto, faz-se necessário manter um grupo tático bem treinado e equipado, pois assim teremos resultados excelentes, uma vez que a filosofia de trabalho é o Uso Diferenciado da Força - UDF, dentro da Legalidade, Moderação, Proporcionalidade, Necessidade e Aceitabilidade, com o intuito de preservar a vida e a integridade física e psicológica do custodiado. Através de um grupo, com equipamentos, e treinamento com armas e munições de Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo - IMPO. Sempre que um grupo especial de intervenção é criado, é possível um aumento de ocorrências internas no estabelecimento penal, vez que, em um primeiro momento os custodiados tentarão resistir às mudanças e cobranças impostas, que pretendem, inclusive acabar com: tráfico de drogas, extorsão de outros custodiados, comércio de objetos ilícitos (como celulares e outros), além de perderem parte do contato com o mundo do crime exterior e a liderança dentro das unidades prisionais. Procedimentos são fundamentais dentro de qualquer estabelecimento de custódia, uma vez que, por meio deles podemos manter uma rotina e avaliar onde estão ocorrendo falhas na segurança, na conduta do custodiado e dos agentes, e com isso diminuir as possibilidades de fugas, brigas e rebeliões. Caso ocorram tais falhas, será de forma setorizada e não generalizada, o que dificultará a ação dos custodiados e a corrupção. Se os procedimentos são aplicados fica fácil seguir o rito da Lei de Execução Penal, do Código Penal e da Disciplina Interna, a fim de não deixar que só uma pessoa tenha poder de resolver as ocorrências e sim o dever de comunicá-las. Isso evita que muitas ocorrências graves deixem de ser comunicadas ao Juízo da Execução. Atualmente, quando da solicitação de benefício do custodiado, o juiz não tem como avaliar de forma real o seu comportamento. Assim, acaba Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 8 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 concedendo benefícios a pessoas que não estão preparadas para voltar à sociedade. Isso acontece por falta de uma doutrina e ausência dos registros de ocorrências. A definição de alguns conceitos é necessária para melhor compreensão da disciplina: • Motim: movimento coletivo de sublevação da lei e da ordem sem ou com a depredação do patrimônio público; • Rebelião: movimento coletivo de sublevação da lei e da ordem sem ou com a depredação do patrimônio público, de alto risco e com existência de reféns ou vítimas; • Grupo Tático: equipe tática especializada e altamente treinada, capaz de enfrentar eventos de alto risco com rapidez e eficiência; • Refém: pessoas capturadas durante um evento crítico que possuem valor real para o captor, que age de forma orientada em uma meta e com um propósito, utilizando o refém para obter exigências substantivas, como “moeda de troca”; • Vítima: pessoas capturadas durante um evento crítico que não possuem valor real para o captor, que age de forma emotiva, insensível e tem o intuito de feri- las, as exigências podem ser não realísticas; • Superioridade relativa: vantagem qualitativa, estabelecida por fatores como treinamento, equipamento adequado, elemento surpresa, entre outros; • Comandamento: ponto no terreno que permite visão e ações privilegiadas ao seu detentor; • Ponto Crítico: perímetro do local da crise, que deve ser contido e isolado; • Força: intervenção coercitiva imposta à pessoa ou grupo de pessoas por parte do agente de segurança pública com a finalidade de preservar a ordem pública e a lei; • Nível de Uso da Força: intensidade da força escolhida pelo agente de segurança pública em resposta a uma ameaça real ou potencial; • Uso Diferenciado da Força: seleção apropriada do nível de uso da força em resposta a uma ameaça real ou potencial visando limitar o recurso a meios que possam causar ferimentos ou mortes; • Técnicas de Menor Potencial Ofensivo: conjunto de procedimentos empregados em intervenções que demandem o uso da força, através do uso Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 9 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 de instrumentos de menor potencial ofensivo, com intenção de preservar vidas e minimizar danos à integridade das pessoas. • Equipamentos de Proteção: todo dispositivo ou produto, de uso individual (EPI) ou coletivo (EPC) destinado a redução de riscos à integridade física ou à vida dos agentes de segurança pública. INTERVENÇÃO TÁTICA CONSIDERAÇÕES GERAIS A doutrina de Intervenção Tática se baseia na ação de contenção e atuação resolutiva em cenários de crise em ambiente prisional, por meio do grupo tático especializado. Seja qual for a dimensão da situação, como, por exemplo, um mero motim ou uma grande rebelião. Pode-se, ainda, utilizar o emprego do grupo de Intervenção em ações preventivas, como revistas de rotina na Unidade, fazendo a segurança das equipes para que realizem suas atividades de forma adequada, mantendo os internos contidos e resguardando a integridade de todos os envolvidos. As ações preventivas não se limitam às revistas periódicas nas dependências dos estabelecimentos penais, também podendo ser medidas de antecipação visando impedir a ocorrência de uma crise, como a detecção de possíveis fugas ou informe de planejamento de motim, mobilizando a presença ostensiva de equipes como ação para coibir e desestimular os presos em suas empreitadas. DEFINIÇÃO DE INTERVENÇÃO: A definição de Intervenção se traduz no ato de intervir, que é tomar parte ou interceder em algo. A presente disciplina prega com exatidão a definição do conceito de intervir, que é a tomada do controle das ações, intercedendo na crise que se estabeleceu no ambiente prisional. Ou melhor, a retomada do controle, pois, em regra, a ordem já foi rompida, restando ao Estado retomar a ordem e disciplina do estabelecimento penal. “A intervenção pode ser para coibir qualquer ato fora do padrão, para resolver um problema ou solucionar um conflito.” (Francisco Klemberg Batista, Agente Federal de Execução Penal - in memorian) Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 10 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 A Intervenção deve prezar pela ação com o máximo de controle e o mínimo de esforço, com a busca de solução pacífica de conflitos, através de métodos de persuasão e mediação que podem reduzir consideravelmente a possibilidade de confronto. Porém, se necessário for, a alternativa a ser empregada poderá ser o uso da força, sendo extremamente necessário o domínio das técnicas e táticas de Intervenção, além do uso correto dos equipamentos. As ocorrências de eventos críticos em presídios devem receberresposta imediata, sob pena de evoluírem negativamente em grande velocidade e ocasionar danos irreversíveis. Além da preservação de vidas e da aplicação da lei, a Intervenção também tem como objetivo preservar o patrimônio público e as instalações físicas, pois é comum, durante os eventos críticos, a ocorrência de danos e destruição dos estabelecimentos prisionais pelos presos. Cumpre destacar a importância da implantação de protocolos de segurança internos, que são os procedimentos carcerários. Em sentindo amplo, a Intervenção se pauta na atuação com enfoque no restabelecimento dos procedimentos e rotina carcerária, visando evitar falhas internas de segurança. “A solução é a implantação de procedimentos e treinamentos dos seus servidores para o estado ter condições de dar uma resposta quando da quebra dos procedimentos e regras, evitando que facções comandem as prisões. Caso a disciplina seja quebrada, é preciso, de imediato, dar uma resposta para que seja contida a crise, restabelecida a ordem e para garantir que tal fato não se alastre por outras áreas da prisão. Seus causadores devem ser responsabilizados legalmente, a fim de acabar com a sensação de impunidade.” (ARAÚJO, Luís Mauro Albuquerque e MELLO, Carlos Justino. Doutrina de Intervenção Tática em Recinto Carcerário. Diretoria Penitenciária de Operações Especiais – DPOE) A doutrina se norteia nos princípios do uso diferenciado da força, moderada e seletiva contra ação adversa, e especialmente no uso de Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO), minimizando os danos a integridade física e psicológica dos envolvidos. Norteia-se, também, na primazia da dignidade da pessoa humana e na preservação da vida de todos os envolvidos, como a dos agentes que irão atuar na crise e das pessoas Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 11 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 privadas de liberdade, que se encontram sob a custódia do Estado, ainda que estes figurem como perpetradores do evento crítico. A Intervenção Tática deve ser empregada em ações preventivas, com revistas de rotina para fazer a segurança das equipes de servidores dos estabelecimentos de custódia, mantendo os custodiados contidos, conforme a necessidade que a operação requer. Nas contenções, quando houver brigas nos pátios e celas, ou seja, quando houver toque do alarme, o Grupo de Intervenção deve estar bem localizado e postado no complexo penitenciário, para que o tempo de resposta possa ser o mínimo possível para a eficiência e assim, conter e debelar a crise. Com isso, vidas são poupadas e há uma diminuição dos danos ao patrimônio público, e o Estado mantém o controle, que é sua responsabilidade. Essa atuação de grupos de intervenção gera uma real sensação de segurança para os custodiados, dando aos mesmos, a opção de fazer ou não parte de facções, visto que a pessoa presa não estará sujeita a coação do crime organizado. Essa presença do Estado diminui e muito o poder do crime organizado. A intervenção deve contemplar a formação de uma equipe, com um efetivo mínimo de servidores treinados nas Técnicas de armamento e tiro, em Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo, Imobilização tática, uso do Bastão policial, Chefia e liderança, Direitos Humanos da pessoa presa, Lei de Execução Penal, Código Penal, Intervenção e contenção em estabelecimentos de custódia e Gerenciamento de Crise. Partiremos para as medidas efetivas a serem tomadas pelo grupo de Intervenção, que são resumidas nos verbos: CONTER, ISOLAR E RESOLVER. CONTER: consiste em evitar que a crise se alastre e amplie a área sob controle do perpetrador, ou seja, é o impedimento imediato de deslocamento do ponto crítico. A atuação primária deve ser rápida e de crucial importância, devendo a crise ser contida por servidores do grupo tático ou não. Todos os meios necessários e disponíveis serão utilizados para conter a desordem. Esse momento é importante para entender o que realmente aconteceu e coletar informações sobre quem iniciou a crise e quem são os perpetradores. As ações imediatas tornam a crise setorizada, impedindo de se tornar generalizada. ISOLAR: consiste em delimitar o local da ocorrência, interrompendo todo e qualquer contato com o exterior, mantendo um cinturão de isolamento. Uma Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 12 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 ameaça que se mantém em local incerto e móvel dificulta as ações, sendo o papel garantidor do isolamento a permanência de se manter o ponto crítico estático. Deve-se limitar a entrada de água e alimentos, energia elétrica, contato com o exterior, servidores de outros setores e servidores terceirizados, etc. RESOLVER: a ação deve ser rápida e enérgica, atuando de forma incisiva e pontual contra os perpetradores da crise, sem que tenham tempo de iniciarem outras ações e tentativas para desestabilizar a ordem e disciplina, como inflamar a massa carcerária e iniciar movimento de subversão do estabelecimento. No sistema penitenciário o fator rapidez é de suma importância, por isso a equipe de Intervenção deve debelar o mais rápido as ações adversas. As características do operador tático são: • Agressividade controlada: a força deve ser utilizada em momento preciso e cirúrgico, com a razão em primeiro lugar e coexistindo com o princípio da paciência estratégica, seguindo o ditado que a técnica suplanta a força; • Controle emocional: o equilíbrio emocional do operador deve prevalecer em momentos de extremo estresse e risco, mantendo-se relativamente calmo para tomada de decisões mais assertivas; • Espírito de corpo: aceitação de que a força não está no próprio combatente, e sim na equipe, a coletividade deve ser respeitada e que o bem comum é a missão a ser cumprida, fundada em algo maior; • Flexibilidade: capacidade de adaptação aos princípios e às técnicas de combate, havendo necessidade em alguns casos de improvisação, sem fugir dos valores e normas de conduta; Honestidade: combater o bom combate, ser honesto consigo mesmo e com todos os envolvidos; • Iniciativa: mais que proatividade, é não ter medo de ser expor, devendo sempre se posicionar e nunca se omitir, não se busca o caminho mais fácil que é aquele de não se indispor com os demais; • Lealdade: manter relação de confiança entre os membros do grupo, de forma que seja a força motriz para blindar as relações interpessoais da equipe; Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 13 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 • Liderança: capacidade de influenciar os outros membros para o cumprimento da missão, com o reconhecimento natural pela suas virtudes e admiração dos demais; • Perseverança: força interna para atuar, de forma organizada e orientada, mantendo-se autoconfiante na realização da missão; • Resistência: força física para resistir aos mais duros combates, mantendo consistência nos momentos mais difíceis da missão; • Anonimato: manter-se anônimo, sem a necessidade de ser percebido ou reconhecido pelo cumprimento da missão, um combatente invisível; • Resiliência: capacidade de superar e se recuperar das mais difíceis adversidades, conjugando força física e mental, resistindo à pressão e mantendo-se em equilíbrio; • Disciplina consciente: significa disciplina pessoal rígida, em que o combatente deve exercer o autossacrifício mental para sair da zona de conforto e buscar a excelência em todas as suas atividades. PRINCÍPIOS DO GRUPO TÁTICO Os princípios basilares dos Grupos Táticos de Intervenção devem ser sólidos e bem sedimentados, devendo estar enraizados na cultura organizacional do grupo. Deve fazer parte dos quadros da instituição.Vários gestores poderão passar pelo seu comando, porém, se os princípios estiverem bem desenvolvidos, a instituição seguirá fortalecida, sem maiores interferências políticas e desvirtuamento da sua atuação e da sua concepção. Os princípios são: • Unidade De Comando: hierarquia bem definida, com comando central; • Integridade Tática: a doutrina empregada deve ser respeitada fielmente; • Objetividade: atuação de forma simples e objetiva, prezando pelo sucesso da missão; • Rapidez: ligado ao fator surpresa, que garante a vantagem no sucesso das atuações do grupo; • Mobilidade: pequenos grupos podem se deslocar com facilidade e rapidez para atuarem; Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 14 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 • Voluntariado: os membros devem se candidatar de forma voluntária para integrar o grupo; • Espírito de corpo: deve sempre prevalecer o pensamento em equipe, princípio ligado à disciplina consciente; • Dever do silêncio: manter em sigilo as missões, as técnicas, os treinamentos ou qualquer outro dado referente ao grupo; • Especialização: treinamento constante e especializado para atuar em ações de alto risco. GRUPO DE INTERVENÇÃO (CÉLULA) A célula será composta por 4 (quatro) interventores, que serão posicionados de acordo com as funções abaixo relacionados: 01- ESCUDEIRO: Responsável pela proteção da equipe. (arma curta, escudo e tonfa) 02- 1º ATIRADOR: Comandante da célula, se posiciona atrás do escudeiro. Responsável pela equipe, Comanda, Coordena e Controla as ações. Responsável pelo planejamento prévio. (arma curta, arma longa cal 12/ com elastômero, Gl 108/Max) 03- 2ª ATIRADOR E LANÇADOR: Se posiciona atrás do comandante, geralmente é o mais experiente dentro da célula. (arma curta, arma longa cal 12/com elastômero, bornal de granadas explosivas) 04- SEGURANÇA: É responsável pela segurança da equipe. (arma curta, arma longa carabina cal 5,56) Obs: Se necessário, o comandante poderá solicitar ao diretor da unidade, que disponibilize um agente (apoio) para abrir os cadeados dos blocos e celas. Bem como, utilizar o cadeado corta frio para abrir os mesmos. Sua posição na célula será após o 2º atirador. Equipamentos do grupo tático (individual) Colete Balístico; Capacete balístico; Caneleira e Cotoveleira; Luva meio dedo; Balaclava; Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 15 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 Máscara contra gases; Algema; Escudo balístico (1 (um) para cada célula); Armamentos do grupo tático: • Arma curta (.40); • Espingarda calibre 12; • Arma longa (carabina 5.56mm); • Lançador AM600 cal.37, 38 ou 40 mm; • Taser (1 (um) para cada célula). • Instrumetos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO) do grupo tático: • Tonfa Policial; • Granadas explosivas e fumígenas: • Espargidos lacrimogêneos (Spray, espuma e gel) • Munições de (elastômero, lacrimogênea e jato direto) Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 16 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 Da Intervenção: A intervenção será feita com técnicas próprias desenvolvidas e utilizadas pelo Batalhão de Polícia Penitenciária – BPOP, nas ações realizadas em estabelecimentos penais do Pará. A equipe de intervenção deve ser formada por, no mínimo, 04 (quatro) operadores por célula. Da Equipe de Intervenção: Deve ser empregado um efetivo de no mínimo 16 homens, sendo, 04 (quatro) células composta por quatro Interventores em cada célula. Da Técnica de Intervenção: - Planejamento; - Demonstração de Força; - Verbalização/Negociação (No intuito de conter a crise sem o uso da força); - Entrada Tática; - Retirada/Extração dos Líderes, Feridos, etc... - Relatório da missão. Da equipe de extração: É um grupo formado no mínimo dois agentes, podendo chegar até quatro agentes da referida casa penal. Esse grupo deve ter treinamento em imobilização e técnicas com bastão, os quais poderão ser utilizados quando custodiados resistentes, não atendam aos comandos verbalizados ou estejam envolvidos em ocorrências e devam ser retirados dos pátios ou celas. Observação: Os agentes do grupo de extração não poderão portar armas de fogo. Em caso de crises generalizadas em vários ambientes, as técnicas de intervenção e contenção podem ser empregadas em várias frentes, simultaneamente, não permitindo que os custodiados conquistem posições estratégicas do estabelecimento penal, pois o importante é combater os focos de crise e resistência o mais rápido possível, a fim de não deixar que se alastre. Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 17 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 As ocorrências em estabelecimentos penais se alastram em grande velocidade se não tiver resposta imediata. Os danos podem ser irreversíveis, por isso faz-se necessário todo um esquema de procedimentos pré- determinados, desde a identificação da crise até o toque do alarme, bem como a entrada do grupo tático e o restabelecimento da ordem. A grande vantagem dos grupos táticos de intervenção penitenciária formados por servidores do sistema, é a ambientação, ou seja, todos já conhecem a estrutura, os custodiados, o modus operandi e as lideranças negativas. Quando entram no local de crise, resolvem as situações sem maiores danos para os custodiados, pois usam a força escalonada e proporcional. E os custodiados, sabendo que terão uma resposta rápida do Estado, e serão responsabilizados pelos atos cometidos, diminuem a incidência de ocorrências no ambiente prisional. É dever do Estado manter a ordem, a disciplina e a integridade física e psicológica dos custodiados durante a privação de liberdade. É inadmissível que custodiados tenham o controle do ambiente de custódia, que custodiados sejam mortos sob a guarda do poder público, e que aqueles que têm o dever de impedir, não ajam por falta de treinamento, investimento em recursos materiais e humanos. Não se pode exigir que o agente se arrisque sem que este tenha as mínimas condições de segurança, treinamento e equipamento. A filosofia usada pelo grupo de intervenção é o Uso Diferenciado da Força (UDF), para resolver a crise, mantendo ao máximo a integridade física e psicológica do custodiado, restabelecendo a ordem, neutralizando a ação agressiva e rebelde do(s) detento(s). Da entrada de Bloco por situação de revista: Será feita em célula, avançando de cela em cela, mandando os ocupantes das celas irem para o solário deslocando apenas de short e sandália e com mãos sob a cabeça durante o percurso. Que após a saída do último interno a célula adentra na cela para constatar que não tenha mais interno naquele ambiente, após a verificação será dada o Comando de “LIMPO”, autorizando a próxima célula avançar para a cela seguinte, isso ocorrerá em Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 18 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 todas as celas até que todos os internos daquele Bloco estejam no solário. Permitindo então que os agentes da Unidade façam a revista com segurança nas celas. Da entrada de Bloco por situação de extração de interno(s): Será feita em célula, avançando de cela em cela, verbalizando para os custodiados: “pro fundo, sentado, mão na cabeça”, depois que os custodiados da referida cela estiverem em posição de contenção, será dado o comando de “dominado”, ou seja, autorizando a outra célula a avançar e repetir o mesmo procedimento na próxima cela até que a equipe chegue na cela indicada para realizar a extração do custodiado.Exemplo: briga de custodiados, dentro da cela; insubordinação de custodiados para com os agentes; uso de drogas dentro da cela; danos ao patrimônio público; extração de feridos ou internos com problemas de saúde para atendimento médico. Assim sendo, as celas serão tomadas da seguinte forma: I. Será feita a tomada da entrada para o fundo da ala; II. O agente dará os comandos: “pro fundo sentado, mão na cabeça” e os custodiados deverão sentar de costas para a porta, ou seja, voltados para o fundo da cela; Da entrada de Bloco por situação de Rebelião: Será dado o comando para que os custodiados que estiverem fora de suas celas, retornem imediatamente para as mesmas, caso haja desobediência por parte dos internos, a equipe deverá utilizar os meios necessários através do Uso Diferenciado da Força (UDF), para que a ordem seja cumprida o mais rápido possível, logo em seguida será feita a entrada em célula, avançando de cela em cela, verbalizando para os custodiados: “pro fundo, sentado, mão na cabeça”, depois que os custodiados da referida cela estiverem em posição de contenção, será fechada a cela com cadeado e dado o comando de “dominado”, autorizando a outra célula a avançar e repetir o mesmo procedimento na próxima cela até que a equipe chegue na ultima cela. Iniciando o processo de extração dos custodiados da Disciplina: Intervenção Tática em Ambiente Prisional 19 Curso Preparatório para Formação de Agente Prisional – 2019 / Concurso Público C-199 cela para o solário, com o seguinte comandamento “ saia com as mãos na cabeça, somente de cueca”. Os referidos custodiados passarão por uma revista minuciosa antes de ir pro solário, onde deverão permanecer sentados, com as mãos sob a cabeça e de frente para a parede. Obs: O solário deverá ser revistado, antes dos custodiados irem para o mesmo.