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Neurociencias_2008

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Prévia do material em texto

neurociências
Período crítico e plasticidade
Claudio Alberto Serfaty, Priscilla Oliveira-Silva, Paula Campello-Costa
Apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono 
Agamenon Monteiro Lima, Marcelo José da Silva
Feedback visual e força de preensão palmar
Nilton Damasceno Corrêa, Demóstenes Moreira, Ana Caroline Soares de Fonseca, 
Monica de Barros Ribeiro Cilento
Inteligência e hidrocefalia congênita
Aurilene de Siqueira Guerra, Marcelo Moraes Valença
Riso em ambiente escolar
Kátia Tomagnini Passaglio et al.
Neurociência e evo-devo
Bruno Duarte Gomes, Luiz Carlos de Lima Silveira www.atlanticaeditora.com.br
JANEIRO • FEVEREIRO de 2008 • Ano 4 • Nº 1
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ISSN 1807-1058
neurociências
Xadrez e teoria do chunking
Givago da Silva Souza, Jaime Nonato de Oliveira, Luiz Carlos de Lima Silveira
Quimiocinas no sistema nervoso central
Antonio Lucio Teixeira
A procura pelo oscilador circadiano sincronizado pelo alimento
Judney Cley Cavalcante 
Teste de Stroop computadorizado
Cláudio Córdova et al.
Discriminação de cores
Paulo Roney Kilpp Goulart et al.
Adrenoleucodistrofia ligada ao cromossomo X
Lorena Martins Cunha, Regina Célia Beltrão Duarte, Luiz Carlos Santana da Silva
www.atlanticaeditora.com.br
MARÇO • ABRIL de 2008 • Ano 4 • Nº 2
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ISSN 1807-1058
neurociências
Forum
Imagens internas e reconhecimento imune e neural de imagens externas
Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, Yuri Chaves Martins
Comentários
Pedro Hernan Cabello
Flávio Alves Lara
Hilton Pereira da Silva
Luiz Carlos de Lima Silveira
Wilson Savino
José Luiz Martins do Nascimento
Fernando Salgueiro Passos Telles
www.atlanticaeditora.com.br
MAIO • JUNHO de 2008 • Ano 4 • Nº 3
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ISSN 1807-1058
neurociências
The evolution of concepts of color vision
Barry. B. Lee
Limites do estudo neurobiológico do comportamento
Amauri Gouveia Jr, Caio Maximino, Iza Batista Taccolini
A força e a herança dos males da alma
Bruno Duarte Gomes, Luiz Carlos de Lima Silveira
Relatividade espaçotemporal neural
Givago da Silva Souza, Luiz Carlos de Lima Silveira
Imunologia: uma harmonia de ilusões
Nelson Monteiro Vaz
BDNF em pacientes HIV positivos
Thales Lage Bicalho Bretãs et al.
Contribuições das neurociências para a dança
Mônica Medeiros Ribeiro, Antonio Lúcio Teixeira www.atlanticaeditora.com.br
JULHO • DEZEMBRO de 2008 • Ano 4 • Nº 4
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ISSN 1807-1058
Capa_v4n4.indd 1Capa_v4n4.indd 1 5/1/2009 20:12:425/1/2009 20:12:42
Sumário
Volume 4 número 1 - janeiro/fevereiro de 2008
EDITORIAL
Uma segunda garrafa, Luiz Carlos de Lima Silveira, Jean-Louis Peytavin ..................................................3
OPINIÃO
Neurociência e evo-devo, Bruno Duarte Gomes, Luiz Carlos de Lima Silveira ...........................................5
Autorreconhecimento da imagem especular: um exemplo de evolução 
convergente em neurociência cognitiva, Givago da Silva Souza, 
Luiz Carlos de Lima Silveira ..................................................................................................................8
A busca do substrato neural das tomadas decisões em condições 
de risco, Givago da Silva Souza, Luiz Carlos de Lima Silveira ................................................................10
A noção de tempo e o ato de perguntar, 
Patrick W. Azevedo, Sylvia Beatriz Joffily ..............................................................................................12
LIVROS
Felicidade, uma história, Darrin McMahon, Globo Editora, 2007
O que nos faz felizes, Daniel Gilbert, Elsevier, 2007
Daniel Martins de Barros ...................................................................................................................14
ARTIGOS ORIGINAIS
Desempenho da inteligência em crianças com hidrocefalia congênita, 
Aurilene de Siqueira Guerra, Marcelo Moraes Valença ..........................................................................16
Possíveis benefícios psicológicos e fisiológicos do riso 
em ambiente escolar, Kátia Tomagnini Passaglio, Raul de Barros Neto, 
Liza Fensterseifer, Brenda Carolina Rodrigues de Meireles, 
Jaíza Pollyanna Dias da Cruz, Luana Carola dos Santos, Valquíria Santos Lins .......................................22
Polissonografia em idosos com síndrome da apnéia e hipopnéia 
obstrutiva do sono, Agamenon Monteiro Lima, Marcelo José da Silva ...................................................31
Influência do feedback visual na força de preensão palmar, 
Nilton Damasceno Corrêa, Demóstenes Moreira, Ana Caroline Soares de Fonseca, 
Monica de Barros Ribeiro Cilento ........................................................................................................38
REVISÃO
Período crítico e plasticidade no sistema nervoso central, 
Claudio Alberto Serfaty, Priscilla Oliveira-Silva, Paula Campello-Costa ....................................................46
NORMAS DE PUBLICAÇÃO ..........................................................................................................54
EVENTOS .......................................................................................................................................56
2 Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008
© ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada 
ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário 
do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou 
propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. 
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revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante.
Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Fisiologia do Exercício, Enfermagem Brasil, Nutrição Brasil e MN-Metabólica.
I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes.
Editoração e arte
Cristiana Ribas
cristiana@atlanticaeditora.com.br
Ilustração da capa
Charlotte Pouzadoux
Atendimento ao assinante
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Redação e administração
Todo o material a ser publicado deve 
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Rio de Janeiro
Rua da Lapa, 180/1103
20021-180 – Rio de Janeiro – RJ
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E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br
www.atlanticaeditora.com.br
São Paulo
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05406-480 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3816-6192
Recife
Rua Dona Rita de Souza, 212
52061-480 – Recife – PE
Tel.: (81) 3444-2083
Assinaturas: 6 números ao ano
1 ano – R$ 175,00
Rio de Janeiro: (21) 2221-4164
São Paulo: (11) 3361-5595
Recife: (81) 3444-2083
Revista Multidisciplinar das Ciências do Cérebro
Editor: Luiz Carlos de Lima Silveira, UFPA
Editor associado: Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, Fiocruz 
Editor-assistente: Daniel Martins de Barros, HC-USP
Presidente do conselho editorial: Roberto Paes de Carvalho, UFF
Conselho editorial
Aniela Improta França, UFRJ (Neurolingüística)
Carlos Alexandre Netto, UFRGS (Farmacologia)
Cecília Hedin-Pereira, UFRJ (Desenvolvimento)
Daniela Uziel, UFRJ (Desenvolvimento)
Dora Fix Ventura, USP (Neuropsicologia)
Eliane Volchan, UFRJ (Cognição)
João Santos Pereira, UERJ (Neurologia)
Koichi Sameshima, USP (Neurociência computacional)
Leonor Scliar-Cabral, UFSC(Lingüística)
Lucia Marques Vianna, UniRio (Nutrição)
Marco Antônio Guimarães da Silva, UFRRJ/UCB (Fisioterapia e Reabilitação)
Marco Callegaro, Instituto Catarinense de Terapia Cognitiva (Psicoterapia)
Marco Antônio Prado, UFMG (Neuroquímica)
Rafael Linden, UFRJ (Neurogenética)
Rubem C. Araujo Guedes, UFPE (Neurofisiologia)
Vera Lemgruber, Santa Casa do Rio de Janeiro (Neuropsiquiatria)
Wilson Savino, FIOCRUZ (Neuroimunologia)
Neurociências é publicado com o apoio de:
SBNeC (Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento)
Presidente: Stevens Kastrup Rehen
www.fesbe.org.br/sbnec
ISSN 1807-1058
Editor executivo
Jean-Louis Peytavin
jeanlouis@atlanticaeditora.com.br
Publicidade e marketing
René Caldeira Delpy Jr.
rene@atlanticaeditora.com.br
Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008 3
Editorial
Em “Determinismo, acaso e imortalidade”, publicado no Neurociências 
[1], escrito a guiza de comentário sobre o artigo de Cláudio Tadeu Daniel 
Ribeiro e Yuri Chaves Martins [2], mencionamos brevemente a hipótese de 
Giulio Tononi e Gerald Maurice Edelman sobre os mecanismos neurais da 
consciência [3]. Diferentemente das abordagens convencionais que têm sido 
usadas para compreender a consciência, as quais debruçam-se exaustiva-
mente sobre a contribuição de áreas cerebrais específicas ou grupos espe-
cíficos de neurônios encefálicos, Tononi e Edelman preocupam-se com que 
tipos de processos neurais podem explicar as propriedades fundamentais da 
experiência consciente. Partindo da hipótese de que integração e complexidade 
são essas propriedades chaves, aplicando medidas objetivas dessas duas 
funções durante a atividade neural e analisando meticulosamente os dados 
neurológicos há muito disponíveis, eles propõem testar experimentalmente 
uma hipótese revolucionária para o substrato neural da consciência – the 
dynamic core hypothesis [3].
A possibilidade de testar objetiva, experimentalmente, hipóteses sobre 
os mecanismos neurais da consciência levará o homem a responder a mais 
misteriosa das três questões fundamentais do conhecimento científico:
a) O que é o Universo, sua origem e seu fim, ou seu estado inicial e seu 
estado final, uma busca que ao longo dos séculos passou na observação 
astronômica para as complexas teorias da Astrofísica contemporânea;
b) O que é a vida, sua origem e onde ela existe, a preocupação dos diversos 
ramos da Biologia;
c) O que é a consciência, sua origem e que seres vivos são conscientes, a 
questão última da Neurociência.
Propositadamente acima singularizamos Neurociência como contraponto 
ao título da nossa revista e para sublinhar que em certo momento falarmos 
de astrofísicas, biologias e neurociências é negar que a busca final é por um 
único e definitivo Conhecimento.
Entretanto, é também parte do nosso entusiasmo ressaltar a natureza plu-
ral dos profissionais que se juntam nas respostas às mais diversas questões 
que pertencem ao Realm das Neurociências e essa foi a motivação de assim 
batizar nossa revista por ocasião da abertura do primeiro Sekt que marcou 
seu nascimento. Nesta edição começamos a sorver a segunda garrafa.
Uma segunda garrafa
Luiz Carlos de Lima Silveira, Editor
Jean-Louis Peytavin, Editor executivo
4 Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008
Após um ano de interrupção e de reflexão, reto-
mamos a publicação de Neurociências, com o objetivo 
bem determinado de apresentar uma revista que 
satisfaz todos os pesquisadores, médicos, biólogos, 
psicólogos e outros especialistas que têm a ver com 
os mistérios do cérebro. Não é um desafio fácil de 
resolver, porque a comunidade dos neurocientistas 
brasileiros é relativamente pequena e extremamente 
exigente! Entretanto essa comunidade leu e assinou 
entusiasticamente a revista – e reclamou de sua 
interrupção – dando-nos a vontade de continuar.
Somos convencidos desde o início que é impor-
tante divulgar uma revista em língua portuguesa, ape-
sar da massiva concorrência dos jornais e websites 
de língua inglesa; que é importante publicar trabalhos 
originais e revisões de excelente nível para a forma-
ção e a informação de nosso público brasileiro; que 
é importante formar uma comunidade de discussão 
para melhorar a comunicação entre as disciplinas 
tradicionais.
Como mencionamos no primeiro número de 
Neurociências [4]:
“Está em gestação uma nova revolução na his-
tória do desenvolvimento científico e tecnológico. Ela 
é dirigida para o funcionamento do cérebro, para a 
criação de máquinas inteligentes e para o desenho 
de interfaces entre cérebro e máquina. O Brasil pode 
desfrutar de uma posição de destaque nessa nova 
era. Graças a um trabalho de mais de meio século, 
encontram-se funcionando em muitas universidades 
e institutos de pesquisa grupos de investigação em 
Neurociência, com um grande número de pesquisa-
dores, já em sua terceira geração. A recente criação 
do Instituto Internacional de Neurociências em Natal 
e do Instituto do Cérebro do Hospital Albert Einstein, 
em São Paulo, pode servir para atrair jovens neuro-
cientistas, aumentar o intercâmbio entre os cientistas 
brasileiros e do exterior, e criar uma ponte entre a 
vida acadêmica e as necessidades da sociedade 
em geral.”
De lá para cá assistimos no início de 2007 à 
criação da Rede Instituto Brasileiro de Neurociência 
(IBN Net), apoiada pela FINEP, estendendo-se de 
Belém a Porto Alegre, compreendendo laboratórios 
em onze universidades brasileiras e integrada por al-
gumas centenas de docentes-pesquisadores, alunos 
de pós-graduação e graduação [5].
A Neurociências pretende ser com seus leito-
res neurocientistas ou de outras áreas parte dessa 
aventura em que a comunidade científica brasileira 
se engajou para desvendar os mecanismos da cons-
ciência, da percepção, da memória, do aprendizado, 
do controle motor, das neuropatias e alterações 
psiquiátricas. Ela é um espaço aberto a todos esses 
neurocientistas espalhados por um país continental 
de cultura ímpar, os quais convidamos a vir construir, 
aperfeiçoar esse espaço conosco.
Referências
1. Silveira LCL. Determinismo, acaso e imortalidade. 
Neurociências 2006;3:231-235.
2. Daniel Ribeiro CT, Martins YC. Disponibilidade 
de informação, evolução do conhecimento e im-
previsibilidade da ciência na era pós-industrial. 
Neurociências 2006;3:209-222.
3. Tononi G, Edelman GM. Consciousness and com-
plexity. Science 1998;282:1846-1851.
4. Silveira LCL. Neurociências no Brasil – uma rev-
olução tecnológica ao nosso alcance. Neurociên-
cias 2004;1:42-47.
5. Silveira LCL, de Souza DOG. Apresentação [dos lab-
oratórios que integram a Rede Instituto Brasileiro 
de Neurociências (IBN Net) e são dedicados aos 
estudos da visão]. In Feitosa Santana C, Silveira 
LCL, Ventura DF (editores). Cadernos da Primeira 
Oficina de Estudos da Visão, p 7-9. São Paulo: 
Universidade de São Paulo (USP), Instituto de 
Psicologia (IP), Núcleo de Neurociências e Com-
portamento (NeC); 2007. 105 p.
Agradecemos os assinantes que confiaram no futuro da revista, apesar da longa e inesperada 
interrupção. A duração da assinatura corresponde a um numero determinado de edições (6 edições 
para a assinatura anual, 12 edições para a assinatura bi-anual), independentemente do período de 
tempo entre 2 edições.
Assinantes
Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008 5
Opinião
Neurociência e evo-devo
Bruno Duarte Gomes*, Luiz Carlos de Lima Silveira**
*Universidade Federal do Pará, 
Departamento de Fisiologia, 
**Universidade Federal do 
Pará, Núcleo de Medicina Tropi-
cal, Departamento de Fisiologia
No dia 27 de abril de 1900, o já então respeitadíssimo físico Lord Kelvin 
proferiu uma palestra intitulada “Nineteenth century clouds over the dynamical 
theory of heat and light”, a qual versava sobre dois mistérios ainda insolúveis 
na física do início do século vinte, os resultados do experimento de Michelson 
e Morley denotando a inexistência do éter, e as incongruências não previstas 
encontradas nadescrição experimental da radiação de corpo negro [1]. Apesar 
disso, Lord Kelvin estava certo de que seria apenas uma questão de tempo 
até que essas duas nuvens escuras da física fossem clareadas e depois 
condensadas por argumentos newtonianos bem estabelecidos. Nessa mesma 
palestra ele lançou a célebre frase de que o trabalho dos físicos do século que 
começava consistiria apenas em acrescentar casas decimais a constantes já 
conhecidas. O que veio depois, na mesma década de 1900, é bem conhecido 
por nós e mudou radicalmente a nossa concepção do Universo. 
Com o desenvolvimento da biologia evolucionária, apesar de não haver 
um comentário semelhante que possamos citar aqui, pelo menos não de fama 
análoga ao feito por Lord Kelvin, parece estar acontecendo algo similar e dessa 
vez bastante relacionado à Neurociência. A palavra que representa a suposta 
revolução é evo-devo, uma gíria para a expressão em inglês “evolutionary 
developmental biology”. Algo como biologia evolucionária do desenvolvimento 
[2]. A evo-devo parece ser muito mais do que apenas “acréscimos de casas 
decimais” à síntese da evolução edificada na primeira metade do século 
XX, principalmente por Ernst Mayr, Julian Huxley e Theodosius Dobzhansky 
[2,3]. A origem da evo-devo está na união do conhecimento acumulado pela 
embriologia comparativa do século XIX com o modo de como um organismo 
evolve. Em resumo, os estudiosos da evo-devo argumentam que a seleção 
natural agiria mais sobre as regiões promotoras de genes responsáveis pelo 
desenvolvimento, trazendo a novíssima concepção de que as mudanças 
evolucionárias ocorreriam mais por modificações regulatórias do que por 
mutação na seqüência dos genes em si [2,4,5]. 
Para se começar a entender a importância da Neurociência na evo-devo 
além de conceitos, há o surpreendente trabalho de corroboração a essa teoria, 
feito por Pollard et al. [6]. Nesse trabalho foram usadas as modernas técnicas 
de biologia molecular associadas à nova genômica comparativa – o que só 
se tornou possível graças à disponibilidade de genomas seqüenciados ou 
parcialmente seqüenciados de diversos vertebrados – para identificar regiões 
do genoma humano conhecidas como HAR (human accelerated regions) que, 
peculiarmente, apesar de se supor estarem sob pressão seletiva negativa, 
possuem uma rápida taxa de substituição nucleotídica dentro da linhagem 
humana desde a divergência do nosso ancestral comum com o chimpanzé. 
Muitos dos HARs encontrados na sondagem genômica estão associados com 
6 Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008
genes envolvidos na regulação da transcrição e no 
neurodesenvolvimento. Pollard et al. encontraram que 
uma região particular do cromossomo 20, a HAR1, 
de 118 pares de base, possui uma elevada taxa de 
alteração estimada em 18 substituições na linhagem 
humana desde o ancestral comum do homem e do 
chimpanzé, contrastando com a taxa de apenas 0,27 
substituições em outros mamíferos amniotas. Para se 
ter uma idéia da elevada taxa de substituição dessa 
região na linhagem humana, Pollard e colaboradores 
estimaram em apenas 2 substituições de bases ocor-
ridas em HAR1 entre a galinha e o chimpanzé. 
A região HAR1 é na verdade composta de dois 
genes de RNA de seqüências sobrepostas e que são 
transcritos de modo divergente: HAR1F e HAR1R. 
Utilizando hibridização in situ, Pollard et al. [6] desco-
briram que a região HAR1F é expressada intensam-
ente durante o desenvolvimento do neocórtex em 
embriões humanos, mais especificamente na porção 
dorsal do telencéfalo. Uma análise mais detalhada 
mostrou que, surpreendentemente, as células Cajal-
Retzius contém a região HAR1F ativa. Essas células 
são as mesmas que produzem reelina durante o 
desenvolvimento do sistema nervoso. A reelina é 
uma proteína de papel extremamente importante 
no neurodesenvolvimento, atuando na migração de 
precursores de neurônios e no posicionamento de 
células no córtex cerebral e em outras estruturas 
cerebrais. A expressão de HAR1F nas mesmas célu-
las produtoras de reelina se manteve até a 17º - 19º 
semana de gestação, justamente quando as células 
Cajal-Retzius estão espalhadas dentro da camada 
granular subpial, esta possuindo neurônios e seus 
precursores em um padrão de migração tangencial 
provindo de fora do neocórtex, a região do telencéfalo 
unicamente desenvolvida em humanos.
Além disso, Pollard et al. [6] clonaram um 
segmento de DNA correspondente a maior parte do 
exon 1 de HAR1F isolado de embriões do Macaca 
fascicularis, um primata catarríneo (os catarríneos, 
da Eurásia e África, compõem juntamente com os 
platirríneos da América, a subordem Anthopoidea, a 
qual pertence o homem). Foi observado um padrão 
de co-expressão com células produtoras de reenina 
na camada granular subpial, bastante similar ao en-
contrado no homem, mostrando que apesar da forte 
alteração de seqüências nucleotídicas, o HAR1F é 
bastante conservado desde a divergência entre hom-
inídeos e os demais catarríneos, há aproximadamente 
25 milhões de anos. Foi observada a expressão de 
ambas as regiões, HAR1F e HAR1R, em várias áreas 
do cérebro de adultos e nem em um outro tecido, 
com HAR1F se expressando de modo muito mais 
intenso que HAR1R. 
Pollard et al. chamam a atenção para dois fatos 
muito interessantes a respeito da região HAR1: to-
das as 18 substituições em HAR1 são de pares AT 
para GC, o que tem o efeito de reforçar a estrutura 
secundária do RNA formado. A região HAR1 está 
localizada na banda final do braço cromossômico. 
Os autores afirmam que as duas características 
podem fornecer informações acerca da elevada taxa 
de substituição em HAR1. A substituição majoritária 
de AT para GC curiosamente está em igualdade com 
quase todos os tipos de substituição encontrados 
em outras HARs, além do que, 12% de todas as 
49 HARs conhecidas por aqueles autores possuem 
localização similar no cromossomo a HAR1, quando 
a percentagem estimada para isso seria menor que 
5%. Baseado em outros trabalhos, Pollard et al. 
afirmam que os sítios de forte freqüência de recom-
binação, geralmente encontrados no final de braços 
cromossômicos, estão associados com aumentos na 
substituição AT para GC. Também tem sido proposto 
em outros trabalhos a seleção para estabilidade do 
gene ou o aumento nos níveis de expressão como 
explicações alternativas para a substituição não 
aleatória de AT para GC. Pollard et al. ainda afirmam 
que qualquer um dos processos citados poderia 
ser combinado com uma seleção para mudanças 
específicas compensatórias na estrutura do RNA, o 
que explicaria a forte taxa de alteração da seqüência 
HAR1 e sua estabilidade. 
O belo e laborioso trabalho de Pollard et al. 
mostra de modo inconteste o futuro promissor da 
evo-devo junto à Neurociência e acrescenta muito a 
trabalhos anteriores que estudaram outras seqüên-
cias gênicas as quais tem se atribuído importante 
papel na evolução do cérebro na linhagem humana, 
como a ASPM [7,8], envolvida no tamanho cerebral e a 
FOXP2 [9], relacionada à produção da fala. Entretanto, 
como os próprios autores citam, esse trabalho inova 
por usar como análise uma seqüência nucleotídica 
não codificada em proteínas. 
Referências
1. Two dark clouds on the horizon [online]. [citado 2007 
feb 1]. Disponível em URL:http://www.physics.gla.
ac.uk/Physics3/Kelvin_online/clouds.htm
2. Orr HA. Turned on: a revolution in the field of evolu-
tion? [online]. 17 de Out de 2005 [cit 2007 apr 22]. 
Disponível em URL: http://www.newyorker.com/crit-
ics/books/articles/051024crbo_books1
3. Mayr E. Biologia, ciência única. São Paulo: Compan-
hia das letras; 2005. 261p. 
Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008 7
4. Finlay BL. Endless minds most beautiful. Develop Sci 
2007;10(1):30–34.
5. Gerson ME. The juncture of evolutionary and develop-
mental biology [online]. 31 de Out de 2003 [citado 
2007 feb 1]. Disponível em URL:http://tremont.type-
pad.com/technical_work/papers/Evo-DevoJuncture.
pdf
6. PollardKS, Salama SR, Lambert N, Lambot MA, Cop-
pens S, Pedersen JS et al. An RNA gene expressed 
during cortical development evolved rapidly in hu-
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8 Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008
Autorreconhecimento da 
imagem especular: um exemplo 
de evolução convergente em 
neurociência cognitiva
Givago da Silva Souza*, Luiz Carlos de Lima Silveira**
*Universidade Federal do Pará, 
Departamento de Fisiologia, 
**Universidade Federal do 
Pará, Núcleo de Medicina Tropi-
cal, Departamento de Fisiologia
Um ato ordinário de olhar-se no espelho e barbear-se, pentear o cabelo 
ou sorrir, traduz de maneira simples que reconhecemos a imagem especular 
como nossa e assim nos tornamos objetos de nossa própria atenção. Para 
que isso ocorra é proposto que uma idéia prévia de si mesmo já exista. O 
autorreconhecimento é apenas uma parte da consciência de si próprio [1]. 
Em Neurociência, o reconhecimento da imagem refletida pelo espelho como 
a de si próprio vem sendo estudado desde o princípio do século XX, mas 
apenas no início da década de 1970 foi que este comportamento passou a 
ser mais sistematicamente compreendido [2,3].
Um comportamento relativamente padrão é esperado para determinar 
se um animal consegue se autoreconhecer através do espelho [2,4]. Inicial-
mente ocorre uma resposta social, ou seja, o animal se comporta como se 
observasse um outro da espécie. Em seguida, o animal inspeciona o espelho, 
cheirando-o e vasculhando o objeto. Posteriormente é esperado um padrão de 
movimentos repetitivos e estereotipados do animal na frente do espelho. No 
estágio final do teste são pintadas marcas no formato de X em uma região 
que não pode ser visualizada pelo animal sem o auxílio do espelho. O corante 
utilizado para marcar pode ou não ser visível. Na presença do espelho, caso 
o corante seja visível, o animal visualiza a marca e tende a tocar na região 
pintada um maior número de vezes que na presença do corante invisível ou na 
ausência do espelho. É comum que alguns animais percam o interesse pela 
marca rapidamente, pois verificam que ela não representa uma ameaça.
Durante muito tempo verificou-se que apenas os humanos e os pongídeos 
(exceto gorilas) eram capazes de se reconhecerem usando um espelho [5], 
enquanto os símios não conseguiam realizar a mesma tarefa [6,7]. A história 
evolucionária, a complexidade social e o alto grau de encefalização dos 
grandes primatas explicariam tal fato. O substrato anatômico do reconheci-
mento de si em primatas provavelmente está localizado no córtex pré-frontal 
direito, já que diversos estudos em humanos (ver a lista em Keenan et al. 
[8]) mostram que danos nesta área pioram a capacidade de reconhecimento 
da própria imagem.
Nos últimos anos, novos métodos para o teste do espelho mostraram que 
outros animais também se comportavam de maneira autocognoscitiva. Reiss 
& Marino [9] mostraram que golfinhos (Tursiops truncatus) apresentavam 
comportamentos rítmicos e repetitivos na frente do espelho e, sempre que 
eram marcados com tinta em uma parte do corpo, buscavam imediatamente 
Opinião
Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008 9
o espelho para explorar a área na qual haviam sido 
pintados. Mais recentemente, Plotnik et al. [4] trab-
alhando com elefantes asiáticos (Elephas maximus) 
observaram que estes também se autoreconheciam 
frente ao espelho. Golfinhos e elefantes são famosos 
por possuírem grandes cérebros em relação ao ta-
manho do corpo e uma organização social complexa, 
assemelhando-se com os primatas superiores.
 Esses novos achados aquecem a discussão 
da emergência da cognição e da consciência de si 
próprio em táxons distintos, realçando a importân-
cia do alto grau de encefalização e complexidade 
comportamental. Visto que animais como golfinhos 
e elefantes apresentarem história evolucionária [10-
12] e organização cortical [13,14] diferentes dos 
primatas, é inevitável interrogar-se a respeito de que 
áreas corticais seriam responsáveis pela aquisição 
de tais comportamentos complexos. Respondendo a 
essa interrogação poder-se-á obter importantes infor-
mações a respeito do modo como o sistema nervoso 
gera um mesmo comportamento a partir de seleções 
ambientais distintas. 
Referências
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10 Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008
A busca do substrato neural das 
tomadas decisões em condições 
de risco
Givago da Silva Souza*, Luiz Carlos de Lima Silveira**
*Universidade Federal do Pará, 
Departamento de Fisiologia, 
**Universidade Federal do 
Pará, Núcleo de Medicina Tropi-
cal, Departamento de Fisiologia
No nosso cotidiano somos muitas vezes forçados a tomar uma decisão 
cuja escolha nos trará oportunidades potenciais de sucesso ou fracasso. 
Paulus [1] divide a tomada de decisão em três fases: avaliação e formação 
de preferências entre as possíveis opções; seleção de uma das possibili-
dades; experiência da conseqüência. O estudo da tomada de decisão sob 
riscos tem na teoria do prospecto seu principal alicerce teórico. Um de seus 
idealizadores, o psicólogo Daniel Kahneman, foi agraciado com o prêmio Nobel 
de economia de 2002. Segundo a teoria do prospecto ou da perspectiva, as 
pessoas sofreriam mais com as perdas que se alegrariam com os ganhos de 
valores semelhantes [2,3]. As pessoas são mais sensíveisàs possibilidades 
de perdas que às possibilidades de ganhos proporcionais. 
O entendimento da tomada de decisão sob riscos vem sendo de grande 
importância na economia e psicologia. Os neurocientistas têm buscado encon-
trar os substratos neurais que coordenariam essa resposta comportamental 
durante suas diferentes fases (para revisão ver Trepel et al. [4]). Diversos 
estudos encontraram que neurônios do estriado e do córtex cerebral pré-fron-
tal estão envolvidos na antecipação de recompensas relacionadas à decisão 
a ser tomada [5,6] (primeira fase) e na experimentação das conseqüências 
[7,8] (terceira fase). É provável que outras áreas, como a amígdala [9] e o 
córtex cerebral cingulado anterior [10], também sejam ativadas durante es-
sas fases. 
Recentemente, Tom et al. [11] detectaram através de ressonância mag-
nética funcional durante o ato da decisão (segunda fase) com expectativa de 
ganho (sucesso) que as áreas que estão ativadas são os córtices cerebrais 
pré-frontal, orbitofrontal e cingulado anterior, assim como o estriato e as 
regiões dopaminérgicas mesencefálicas, e tais áreas são reconhecidamente 
relacionadas à recompensa obtida após a decisão tomada. Além disso, foi 
visto que essas mesmas áreas também estão relacionadas ao ato de decidir 
com expectativa de perda (fracasso), no entanto dessa vez elas apresenta-
ram diminuição de sua atividade. Outro achado importante deste trabalho 
é que áreas relacionadas com a emoção, como regiões da amígdala e da 
ínsula, não se alteraram durante o ato de decisão. Os autores ressaltaram 
que resultados nulos em imageamento funcional devem ser interpretados 
com cuidado. Os achados são consistentes com hipóteses de que perdas e 
ganhos são codificados por um mesmo mecanismo e pela mesma circuitaria 
neural, ao invés de processamentos separados. 
Adicionando-se aos resultados anátomo-funcionais relacionados à tomada 
de decisão sob riscos, o artigo de Tom et al. [11] mostrou pela primeira vez 
Opinião
Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008 11
que a resposta neural para perdas potenciais é mais 
intensa do que àquela para potenciais ganhos, fato 
anteriormente detectado através de estudos psicomé-
tricos [12] e conhecido como aversão à perda [1]. 
O entendimento das diversas fases de tomadas 
de decisões sob risco pode ajudar a compreender 
porque as pessoas temem tomar uma decisão ou 
perdem a noção dos riscos que estão sujeitas. A 
aplicabilidade desse conhecimento estende-se desde 
às situações rotineiras de escolher uma roupa ou 
onde ir passear no fim de semana, passando pela 
neuropsiquiatria e estendendo-se à economia.
Referências
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12 Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008
A noção de tempo e o ato 
de perguntar 
Patrick W. Azevedo, Sylvia Beatriz Joffily
Núcleo de Estudos e Pesquisas 
em Neuropsicologia Cognitiva, 
CCH, UENF
Correspondência: Sylvia 
Beatriz Joffily, Tel: (21) 2294-
5578/9842-0729, E-mail: 
joffily@uenf.br
Do ponto de vista neuropsicológico cognitivo o que significa perguntar? 
Além dos homens, que outro animal está apto a elaborar e a responder 
questões de caráter espaço/temporal?
Questionar, mesmo de forma rudimentar, os desconfortos gerados pelas 
condições físicas e ambientais é um recurso de sobrevivência comum às 
diferentes espécies uma vez que a capacidade de produzir respostas ad-
equadas ou de encontrar soluções para tais desconfortos pode representar a 
vida ou a morte do animal. A análise etimológica do conceito que caracteriza 
o ato de perguntar reforça esta idéia uma vez que o vocábulo perguntar 
deriva do verbo latino prae-cuntare e se refere à ação de cutucar, de sondar 
o desconhecido com o auxílio de um contus, em latim, uma varinha. 
Animais de sangue frio, como os répteis e os anfíbios, cuja existência 
se restringe ao território e às condições climáticas de origem, solucionam 
de maneira imediata e eficiente através de respostas herdadas os descon-
fortos que vão encontrando ao longo de suas vidas. Entretanto, estas 
mesmas respostas revelam-se ineficazes frente ao ineditismo, variedade 
e complexidade dos desconfortos que os animais, cuja existência ultra-
passa o território e as condições climáticas de origem, se deparam em 
suas andanças. São estes desconfortos que, possivelmente, propiciaram 
o surgimento da capacidade de aprender, ou seja, da capacidade de gerar 
um acervo ontogenético de respostas individualizadas representacionais 
que caracteriza o comportamento flexível e criativo dos animais de sangue 
quente. Como o próprio nome define, aprender significa prender, fixar, 
sustentar em tempo presente algo que, em essência, é impermanente e 
fugaz. Foi aprendendo que os mamíferos para sobreviverem dedicaram-se, 
não só a transformar, como também a perpetuar, em tempos pretéritos e 
futuros, as sensações e os movimentos que os favoreciam ou os desfavore-
ciam em suas andanças. Ao recurso psicológico que permite sustentar em 
tempo presente os estímulos que não estão mais ao alcance dos órgãos 
sensoriais periféricos dá-se o nome de representar. Só pensa, sonha, fala, 
identifica circunstâncias pretéritas e prevê ocorrências futuras os animais 
que re-presentam.
Enquanto que as perguntas e as respostas filogenéticas, de caráter inato, 
reflexo e grupal, indispensáveis à sobrevivência, pressupõem a ativação de 
áreas rombencéfalicas e mesencéfalicas, as perguntas e as respostas de 
caráter ontogenético, personalizado, individual, abstrato/representacional, 
promotoras de mutações comportamentais, pressupõem a ativação de áreas 
diencefálicas e telencefálicas. 
É sobretudo a relação que o lobo frontal (fonte de síntese, vontade e de-
cisão) estabelece com o cérebro límbico (gerador de emoções) que possibilita 
Opinião
Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008 13
a integração dos efêmeros e múltiplos fragmentos 
sensoriais em um único, estável e multifacetado 
cenário existencial.
No mesencéfalo, ou mais precisamente nos 
tubérculos quadrigêmeos, neurônios visuais e auditi-
vos, juntamente com outras aferências provenientes 
do resto do corpo, acionam, sempre que um evento 
inesperado surge no ambiente externo, os músculos 
do pescoço e dos globos oculares. Nestas ocasiões, 
o pólo cefálico do animal, olhos e cabeça, alertado 
peloestímulo insólito, volta-se automaticamente 
em direção ao evento na tentativa de responder a 
pergunta “onde” está o estímulo responsável pelo 
desconforto.
Por outro lado, a capacidade de gerar perguntas 
e respostas representacionais, um dos pilares da 
consciência e da produção intelectual dos homens, 
pressupõe a ativação de áreas evolutivamente mais 
recentes, como as telencefálicas. Assim, qualquer 
resposta, seja ela inata ou adquirida, grupal ou in-
dividual, flexível ou inflexível, mediata ou imediata, 
comportamental ou representacional, é sempre um 
recurso funcional que se contrapondo a um vácuo 
cognitivo liga um ser cognosciente a algo que ele 
desconhece, mas cujo conhecimento lhe parece 
imprescindível, vantajoso e oportuno.
Nos homens a complexidade evolutiva dos 
seus cérebros, ricos em neurônios anastomizados e 
mnêmicos e a interferência das diferentes áreas cere-
brais, umas sobre as outras, dão origem às múltiplas 
realidades internas que caracterizam os tempos, pas-
sado e futuro. São estes tempos que permitem aos 
homens identificarem no alimento diário, não só uma 
linda forma geométrica, como também, um saboroso 
quitute, uma saudosa recordação familiar ou, até 
mesmo, uma desagradável exigência cotidiana aonde 
sapos e gatos reconhecem somente uma comida.
Portanto, contrariamente as invariáveis respos-
tas que envolvem estruturas cerebrais evolutivamente 
mais arcaicas como as geradas pela pergunta “onde”, 
as respostas geradas pela pergunta “o que”, “como”, 
“quando”, “quem” e “por que” em consonância com 
o grau de complexidade do Sistema Nervoso, variam, 
não só, de espécie para espécie, como também de 
indivíduo para indivíduo.
Para que estas questões sejam adequadamente 
elaboradas e respondidas, as estruturas rombence-
fálicas e mesencefálicas que compõem os substratos 
neurais relacionadas aos comportamentos inatos 
devem estar submetidas às estruturas telencefálicas 
e diencefálicas que compõem os substratos neurais 
dos comportamentos adquiridos. Somente assim, 
as repetitivas respostas geneticamente herdadas 
configurando os estreitos e efêmeros limites do 
tempo presente, darão origem, através de respostas 
inéditas, criativas, eficientes e individualizadas, aos 
ilimitados tempos, pretérito e futuro que caracterizam 
a mente dos homens.
Bibliografia
Benoist L. Signes, symboles et mythes. Paris: PUF; 
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Boysson-Bardies. Comment la parole vient aux enfants. 
Paris: Odile Jacob; 2005.
Johnson MH (ed.). Brain development and cognition. Ox-
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Denton D. Les émotions primordiales et l’éveil de la 
conscience. Paris: Flammarion; 2005.
14 Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008
Livros
A felicidade é tida como um dos desejos últimos do ser humano – mui-
tas de, senão todas, nossas ações e comportamentos ocorrem visando, 
como resultado, a sua obtenção. Esse conceito é invocado até mesmo como 
mote para diferenciar o certo do errado, já que, segundo o Utilitarismo, 
uma ação é moral quando contribui para o aumento da felicidade global 
da humanidade.
Com tanto peso em nossa economia interna (e, por que não, externa), 
não é de se espantar que esse tema venha sendo estudado com o instrumen-
tal das neurociências, cada vez mais sofisticados e desenvolvidos em seus 
resultados. Tal fato tem dado ensejo a uma enxurrada de publicações – os 
autores buscam a um só tempo reunir os saberes que se acumulam sobre 
o tema e alcançar elevados patamares de venda, dado ser este um assunto 
que freqüenta o topo das listas dos mais vendidos.
Em meio à plêiade de livros que versam sobre a felicidade, como alcançá-
la e o que o cérebro tem a ver com tudo isso, duas obras recentes assumem 
papel de relevo.
“Felicidade, uma história” faz um apanhado bastante extenso do tema 
– dos primórdios da civilização até o pós-modernismo de nossos dias – com 
enfoque em como a humanidade entende a felicidade, traçando uma história 
intelectual do conceito, desde como relacionamos com ele e o que temos 
feito para ser felizes, não sem poucas vezes nos afastando do objetivo. O 
exemplo mais paradigmático é o do estudo que correlaciona o grau de sa-
tisfação com a vida (ou o “grau de felicidade”) de um povo com o PIB per 
capita do seu país. É assustador perceber, não que há uma correlação entre 
o ganho médio das pessoas e o quanto são felizes, mas sim o quanto essa 
curva é achatada – após um rendimento de cerca de R$ 2.000,00 por mês 
(US$13.000,00 por ano), não há acréscimo de satisfação com o incremento 
de renda. Assustador porque a maioria das pessoas acredita que poderia 
estar mais feliz se aumentasse ao menos um pouco seus ganhos, sem se 
dar conta que, ao chegar a esse patamar, manterão o mesmo sentimento 
do “pouquinho que falta”. Assim, desgastam-se no trabalho cada vez mais, 
deixando de desfrutar prazeres que a vida oferece – e que poderiam aumentar 
a felicidade – para ganhar mais dinheiro, o que, comprovadamente, não as 
fará mais satisfeitas. 
Em “O que nos faz felizes”, estudos das neurociências são analisados 
numa tentativa de se encontrar os fatores responsáveis, ao fim e ao cabo, por 
nossa felicidade – não por acaso o título original é tropeçando na felicidade. 
E sua conclusão diz respeito exatamente ao que destacamos acima – não 
conseguimos nos sentir felizes porque tentamos prever o futuro o tempo 
todo, e quase 100% das vezes de forma errônea – por ser responsabilidade 
do córtex pré-frontal, muito recentemente surgido, a habilidade de antecipar o 
futuro ainda é muito precária. Por exemplo: tendemos a imaginar que quando 
recebermos aquela promoção, aí então poderemos fazer aquela viagem, ou 
Felicidade, uma história, Darrin McMahon, Globo Editora, 2007
O que nos faz felizes, Daniel Gilbert, Elsevier, 2007
DANIEL MARTINS DE BARROS é 
médico psiquiatra formado 
pela Universidade de São 
Paulo (USP), editor-assistente 
da Neurociências, e trabalha 
desde 2002 no Instituto de 
Psiquiatria do Hospital das 
Clínicas da Faculdade de Me-
dicina da USP, onde também é 
membro do Núcleo de Psi-
quiatria Forense e Psicologia 
Jurídica.
Correspondência:
dan_barros@yahoo.com.br
Por Daniel Martins de Barros
Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008 15
mesmo investir naquele hobby caro que tanto desejamos. Mas na maioria 
das vezes as novas circunstâncias são distintas do que prevíramos, e com a 
promoção chegam maiores responsabilidades, menos tempo, mais pressão 
ou outro fator qualquer inesperado, e a frustração nos afasta da felicidade 
sonhada.
Os estudos sobre a felicidade, assim como os estudos sobre o compor-
tamento moral, violência e outras funções bastante subjetivas, vêm receben-
do um renovado interesse por parte das ciências cognitivas, neuroimagem, 
psicofarmacologia e assim por diante. Mesmo que não se traduzam em 
fórmulas infalíveis para a cura de todos os males da civilização, sem dúvida 
contribuirão de forma significativa para o entendimento do cérebro, por fim, 
de nós mesmos.
16 Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008
Artigo original
Desempenho da inteligência em crianças com 
hidrocefalia congênita
Intelligence performance in children with congenital hydroceph-
alus
Aurilene de Siqueira Guerra, M.Sc.*, Marcelo Moraes Valença**
Resumo
O objetivo do estudo foi avaliar funções cognitivos de crianças com hidrocefalia congênita (HC) 
associada com mielomeningocele. Foram avaliadas 42 crianças com HC e 42 crianças saudáveis. 
Todos os sujeitos foram submetidos a uma avaliação neuropsicológica com o teste da figura 
complexa de Rey, para avaliar a memória visual, e as escalas de inteligência para crianças de 
Weschsler, para avaliar os índices de processamento da memória, e os quocientes intelectuais 
(QI). As crianças com HC apresentaram menor número de anos de escolaridade e os escores 
foram também significativamente menores nos testes que avaliaram memória visual, velocidade 
de processamento, organização perceptiva,resistência à distração e compreensão verbal. Os QI 
verbais e executivos, bem como o QI total, estavam também significativamente diminuídos no 
grupo com HC. Concluímos que existe como característica freqüente um comprometimento das 
funções cognitivas nas crianças com HC. Algumas destas crianças apresentam um desempenho 
cognitivo próximo do padrão normal.
Palavras-chave: hidrocefalia, cognição, memória, neurocirurgia, neuropsicologia, inteligência. 
Abstract
The aim of this study was to evaluate cognitive functions in children with congenital hydrocepha-
lus associated to myelomeningocele. Forty-two with CH and 42 healthy children were evaluated. 
All were submitted to a neuropsychological evaluation with the complex figure of Rey test to 
evaluate visual memory, and the Wechsler’s scales of intelligence for children to evaluate the 
memory processing, and the intellectual quotients (IQ). Children with CH present less number 
of years at school and the scores were also significaticavely lower in the tests that evaluated 
visual memory, speed of processing, perceptive organization, resistance to distraction and verbal 
comprehension. Verbal and executive’s IQ, such as total IQ, were also lower in the CH group. 
It was concluded that exists a fail in the cognitive functions in children with CH. Some of these 
children presented a cognitive performance close to the regular standard.
Key-words: hydrocephalus, cognition, memory, neurosurgery, neuropsychology, intelligence.
*Neuropsicológa, Mestra 
na Pós-graduação em Neu-
ropsiquiatria e Ciências do 
Comportamento da Universi-
dade Federal de Pernambuco, 
**Neurocirurgião, Coordenador 
da Pós-graduação em Neuro -
psi quiatria e Ciências do Com-
portamento da Universidade 
Federal de Pernambuco
Correspondência: Aurilene de 
Siqueira Guerra, Rua Brejo da 
Madre de Deus,180, Bloco 
A16/302 Janga 53437-040 
Paulista PE, E-mail: aurilene-
guerra@uol.com.br.
Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008 17
Introdução
A spina bifida é a malformação mais freqüente 
do sistema nervoso central [1], resultado do fecha-
mento incompleto do tubo neural que ocorre entre 
o 21º e 28º dia após a concepção, podendo ser 
classificada como: a) occulta, o defeito não é visível 
e é geralmente assintomática (5-40% da população), 
b) meningocele, exteriorização de um cisto ou tumor 
coberto pelas meninges, sem envolvimento medular, 
usualmente assintomática, e c) mielomeningocele, 
uma malformação mais complexa e forma mais grave 
de spina bifida, com complicações neurológicas sé-
rias ou fatais envolvendo medula, meninges e raízes 
[1-3]. Em 80% dos casos de spina bifida a região 
lombo-sacra está envolvida. Estudos epidemiológi-
cos sugerem que mielomeningocele está associada 
à diabetes e uso de fármacos antiepilépticos pela 
mãe, e presença de spina bifida em parentes do 
primeiro grau [2].
Outras malformações estão associadas à mie-
lomeningocele (i.e., agenesia do corpo caloso e 
anormalidades do tronco cerebral e cerebelo), algu-
mas delas levam ao desenvolvimento de hidrocefalia 
congênita (HC, 80-90% dos casos) [4]. Estima-se que 
uma em cada mil crianças nascidas vivas desenvolve 
HC associada à mielomeningocele [5]. Ainda existe 
alguma controvérsia se a hidrocefalia ou a spina 
bifida, ou ambas, mesmo quando “adequadamente” 
tratadas, causariam um dano cerebral progressivo 
com comprometimento cognitivo em todos os pacien-
tes. Sabe-se, porém, que o tratamento precoce com 
derivação liquórica ventrículo-peritoneal (DVP) da HC 
pode diminuir as seqüelas neurológicas, principal-
mente quando se considera a esfera cognitiva [6]. 
Complicações inerentes ao procedimento cirúrgico 
(i.e., mau funcionamento valvular, meningites e tro-
cas freqüentes do sistema de derivação) bem como 
associadas ao estado nutricional do neonato podem 
também comprometer o encéfalo nos desenvolvimen-
tos de suas funções [7].
Os problemas psico-sociais que estas crianças 
com hidrocefalia e mielomeningocele sofrem, e 
levam para a vida adulta, são conseqüências não 
só dos déficits cognitivos como também podem ser 
influenciados por outras anomalias freqüentemente 
encontradas na malformação, tais como: paralisia 
dos membros inferiores, deformidades da bacia, pé e 
pernas, escoliose, apnéia do sono, incoordenação e 
distúrbio da deglutição associados com malformação 
de Arnold-Chiari tipo II, síndrome da medula ancorada, 
crises epilépticas, obesidade, fraturas patológicas, 
anormalidades esfincterianas e sexuais, infecções 
urinárias de repetição e alergia ao látex [2].
O objetivo deste estudo foi avaliar aspectos 
cognitivos de crianças com HC associada com mielo-
meningocele lombar que foram submetidas a DVP.
Material e métodos
Foram avaliadas 84 crianças [42 saudáveis (21 
do sexo masculino) - grupo controle; e 42 com HC e 
mielomeningocele lombar (21 do sexo masculino)], ida-
des variando entre 7 a 15 anos, no período de 2004 a 
2005 no Hospital das Clínicas da Universidade Federal 
de Pernambuco ou no Instituto Materno Infantil- IMIP. 
Todos os sujeitos foram submetidos a uma avaliação 
neuropsicológica com o teste da figura complexa de 
Rey, para avaliar a memória visual, e as escalas de 
inteligência para crianças de Weschsler (bateria Wisc 
III), para avaliar os índices de processamento da me-
mória, e os quocientes intelectuais (QI) [8,9].
A mielomeningocele lombar foi abordada cirurgi-
camente nas primeiras horas após o nascimento da 
criança. Nos pacientes que apresentaram aumento 
do perímetro cefálico um exame de ultra-sonografia 
ou de tomografia computadorizada foi realizado para 
a confirmação diagnóstica da HC.
Aspectos éticos
Cada paciente e seu responsável foram pre-
viamente informados, sobre a natureza do estudo, 
conforme termo de consentimento livre e esclarecido, 
aprovado pelas Comissões de Ética para Pesquisa em 
Seres Humanos da Universidade Federal de Pernam-
buco e do Instituto Materno Infantil de Pernambuco.
Análise estatística
Os dados numéricos são mostrados como média 
± desvio padrão (DP). O teste de Kolmogorov-Smirnov 
foi aplicado para determinar o tipo de distribuição 
das variáveis estudadas. Quando a distribuição foi 
normal utilizava-se um teste paramétrico (teste t 
de Student ou Anova). Do contrário usava-se testes 
não-paramétricos.
Para comparação de duas amostras indepen-
dentes, quando as variáveis não apresentavam 
uma distribuição normal foram utilizados os testes 
não-paramétricos de Mann-Whitney. Se mais de dois 
grupos eram comparados utilizava-se o teste não-
paramétrico de Kruskal-Wallis, seguido do pós-teste 
de comparações múltiplas de Dunn. Para avaliar se 
18 Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008
havia correlação entre a idade do paciente e o escore 
obtido no QI total usou-se o teste não-paramétrico 
de Spearman.
Para considerar um escore no QI total signifi-
cativamente baixo em relação ao grupo controle foi 
estabelecido o valor menor do que 81, baseando-se 
no cálculo: média menos dois desvios padrão do 
grupo controle (média – 2DP).
Resultados
Os dados individuais do grupo controle e do grupo 
de crianças com hidrocefalia são mostrados nas Tabe-
las I e II, respectivamente. Na Tabela 3 observa-se que 
o grupo de crianças com HC apresentou baixo desem-
penho escolar e os escores foram também menores 
nos testes que avaliaram memória visual, velocidade 
de processamento, organização perceptiva, resistência 
à distração e compreensão verbal. Os QI verbais e 
executivos, bem como o QI total, estavam significati-
vamente diminuídos no grupo com HC (Tabela III). 
No grupo controle não houve diferença estatística 
em qualquer dos parâmetros cognitivos mostrados na 
Tabela III quando consideramos o sexo. Nas crianças 
controles o QI total foi 100,8 ± 9,7 (meninas, 101,0 
± 9,1; meninos, 100,7 ± 10,5; p > 0,05). No grupo 
das crianças com hidrocefalia também não houve 
diferença estatística entre os gêneros, considerando 
QI total (meninos 68,0 ±10,0 vs. meninas 64,3 ± 
10,5, p = 0,3020 no teste de Mann-Whitney), QI verbal 
Tabela I - Dados individuais da avaliação cognitiva no grupo de 42 crianças controles.
Criança
Idade 
(anos)
sexo
Escolari-
dade
QI verbal
QI ex-
ecutivo
QI total
Com-
preen-
são 
verbal
Orga-
nização 
Percep-
tual
Re-
sistência 
a distra-
ção
Velocid-
ade de 
proces-
samento
Memória 
visual
1 7 F 4 107 106 111 111 93 99 124 28
2 7 F 3 110 96 105 106 111 101 100 28
3 7 M 6 97 100 102 110 100 95 100 27
4 7 M 5 80 91 75 71 86 72 99 29
5 8 F 7 104 106 100 108 100 80 85 25
6 8 F 2 87 75 80 89 80 67 82 29
7 8 F 5 108 103 106 96 104 116 93 31
8 8 M 4 105 102 110 104 95 98 126 28
9 8 M 4 101 104 103 100 93 100 112 28
10 8 M 8 114 112 113 120 95 99 134 30
11 9 F 3 105 101 103 100 92 95 104 29
12 9 F 4 101 104 102 110 95 96 107 29
13 9 F 5 107 106 111 111 93 99 124 28
14 9 F 2 105 106 103 111 98 95 104 29
15 9 M 3 104 102 103 100 96 95 104 27
16 9 M 7 114 113 112 98 104 116 95 31
17 9 M 5 112 82 98 111 91 75 71 29
18 9 M 6 108 103 106 96 104 116 93 30
19 10 F 3 111 105 105 111 101 87 101 29
20 10 F 3 104 87 95 108 91 78 85 28
21 10 F 7 112 82 98 111 91 75 71 28
22 10 F 6 108 103 106 96 104 116 93 29
23 10 M 2 114 112 113 120 92 95 112 30
24 10 M 6 101 104 102 110 95 96 107 30
25 10 M 4 101 104 103 100 93 95 112 27
26 10 M 3 98 95 105 99 87 75 103 26
27 11 F 4 107 106 111 111 93 97 124 28
28 11 F 2 111 105 105 111 101 87 101 29
29 11 M 3 102 108 105 100 104 108 105 30
30 11 M 4 105 105 105 104 103 106 103 30
31 12 F 4 111 87 100 107 88 99 96 27
32 12 M 6 92 113 95 105 103 67 90 31
33 13 F 7 129 102 114 120 88 84 93 29
34 13 M 4 109 111 110 122 117 116 101 28
35 14 F 5 87 99 91 93 91 75 82 27
36 14 F 3 85 91 87 87 94 59 64 28
37 14 M 3 88 110 98 72 99 96 90 29
38 14 M 4 65 115 87 55 99 59 101 30
39 15 F 4 112 95 104 111 77 75 99 26
40 15 F 5 85 84 84 76 73 70 74 28
41 15 M 3 83 75 78 78 70 72 71 26
2 15 M 3 92 93 91 100 92 92 94 30
Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008 19
Tabela II - Dados individuais da avaliação cognitiva dos 42 pacientes com mielomeningocele e hidrocefalia.
Paciente
Idade 
(anos)
Sexo
Anos de 
Escolari-
dade
QI verbal
QI ex-
ecutivo
QI total
Com-
preen-
são 
verbal
Orga-
nização 
percep-
tual
Re-
sistência 
a Distra-
ção
Velocid-
ade de 
proces-
samento
Memória 
visual
1 7 F 5 75 75 73 80 67 59 87 19
2 7 F 4 82 80 81 80 81 83 79 16
3 7 M 3 71 83 75 74 88 54 82 9
4 7 M 2 65 60 59 69 63 47 55 10
5 8 F 4 60 57 55 64 63 54 61 17
6 8 F 2 65 60 59 40 69 47 55 13
7 8 F 1 63 59 57 63 60 53 54 15
8 8 M 2 60 57 55 64 63 47 53 17
9 8 M 2 71 83 75 74 87 54 52 10
10 8 M 3 71 75 73 70 66 59 55 15
11 9 F 3 75 75 72 74 68 54 72 17
12 9 F 3 60 57 55 64 63 53 61 13
13 9 F 1 62 56 54 62 60 50 61 10
14 9 F 2 52 79 71 76 72 71 77 14
15 9 M 2 68 78 72 74 76 63 64 5
16 9 M 4 62 56 54 62 60 50 61 10
17 9 M 3 65 60 59 40 69 47 55 13
18 9 M 2 60 67 55 64 63 54 61 10
19 10 F 0 68 40 52 75 40 63 64 8
20 10 F 2 71 83 75 74 88 54 61 9
21 10 F 1 65 60 59 69 63 47 55 10
22 10 F 0 60 57 55 64 63 54 82 13
23 10 M 1 66 75 68 69 61 51 87 13
24 10 M 3 92 87 89 102 89 63 85 15
25 10 M 0 85 86 84 84 83 78 96 14
26 10 M 4 76 73 74 79 78 74 61 9
27 11 F 1 79 83 75 74 87 54 52 10
28 11 F 0 65 60 59 40 69 47 55 13
29 11 M 2 63 59 57 62 60 53 54 15
30 11 M 2 71 85 75 74 88 54 82 10
31 12 F 5 45 63 50 41 63 47 61 6
32 12 M 3 70 58 61 68 63 63 52 10
33 13 F 3 66 81 71 71 78 47 68 10
34 13 M 2 70 66 65 65 59 67 68 8
35 14 F 0 45 45 50 42 48 47 47 0
36 14 F 1 68 91 78 68 93 59 67 15
37 14 M 1 71 51 58 74 48 54 64 0
38 14 M 3 76 73 74 74 78 74 71 6
39 15 F 2 75 74 75 72 71 70 70 15
40 15 F 1 71 83 75 74 87 54 52 18
41 15 M 2 75 75 73 80 67 59 87 14
42 15 M 1 71 75 73 70 66 69 72 18
Tabela III - Avaliação cognitiva em 42 crianças com hidrocefalia e 42 crianças saudáveis.
Parâmetros Controle Hidrocefalia p*
Idade (anos) 10,4 ± 2,4 10,4 ± 2,4 0,9964
Escolaridade (anos) 4,3 ± 1,5 2,0 ± 1,5 <0,0001
Memória visual 28,5 ± 1,4 11,7 ± 4,3 <0,0001
Velocidade de processamento 98,3 ± 15,7 65,6 ± 12,4 <0,0001 
Organização perceptiva 94,6 ± 9,1 69,7 ±12,3 <0,0001
Resistência a distração 90,3 ± 15,4 57,1 ± 9,4 <0,0001 
Compreensão verbal 101,4 ± 14,2 68,0 ± 12,5 <0,0001
Quociente intelectual verbal 101,9 ± 11,8 67,1 ± 9,0 <0,0001
Quociente intelectual executivo 101,1 ± 10,2 69,0 ± 12,0 <0,0001
Quociente intelectual total 100,8 ± 9,7 66,1 ± 10,2 <0,0001
Dados são média ± desvio padrão, *p versus grupo controle no teste Mann-Withney. 
20 Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008
(meninos 70,4 ± 7,7 vs. meninas 65,3 ± 9,8, p = 
0,1245 no teste de Mann-Whitney) e no QI executivo 
(meninos 70,6 ± 11,2 vs. meninas 67,5 ± 13,9, p = 
0,5374 no teste de Mann-Whitney).
A Tabela IV mostra a distribuição das crianças 
controle e com hidrocefalia de acordo com o escore 
obtido no QI total. Considerando os escores do grupo 
controle e subtraindo duas vezes o desvio padrão 
da média (81 seria o limite inferior de normalidade 
considerando 2 DP) apenas 3/42 (7,1%) pacientes 
com HC apresentaram um QI total maior do que 80 
(i.e., 81, 84 e 89). 
Não houve diferença nos escores do QI total 
observados entre as faixas etárias 7-9 anos (64 ± 
10), 10-12 anos (67 ± 12) e 13-15 anos (69 ± 9) 
(p = 0,3844 no teste de Kruskal-Wallis). No teste 
de Spearman não houve correlação entre idade do 
paciente e QI total (p = 0,4641).
Discussão
Este estudo mostrou que crianças que receberam 
tratamento cirúrgico para correção da mielomeningo-
cele e da hidrocefalia apresentam déficits importantes 
no desenvolvimento das funções cognitivas e que o 
distúrbio não progride pelo menos entre 7-9 anos e 
13-15 anos de idade. Neste aspecto, Jacob et al. [10], 
ao realizarem um estudo longitudinal com um grupo 
de 19 crianças com HC e spina bífida, mostraram 
que houve um declínio nas habilidades intelectuais 
entre as três faixas etárias estudadas: 1-2 anos, 4-5 
anos e 7-11 anos. Isto sugere que nos primeiros anos 
de vida pelas demandas próprias desta faixa etária 
as diferenças não são tão importantes com relação 
às crianças saudáveis. Todavia, o déficit cognitivo 
continua progredindo até que aos 7-9 anos de idade 
deixam de progredir, pelo menos até os 13-15 anos 
de idade.
Vários artigos já abordaram o tema da disfunção 
cognitiva na hidrocefalia ou na spina bífida [1,5-7,10-
16,18,24,25]. Os resultados são controversos. Princi-
palmente quando consideramos as inúmeras causas 
de hidrocefalia na criança ou os vários graus de spina 
bifida neonatal. No nosso estudo, procurando dimi-
Tabela IV - Distribuição das crianças do grupo controle (n = 42) e do grupo com hidrocefalia e mielomeningo-
cele lombar (n = 42) quanto ao quociente de inteligência total.
Quociente de inteligência Controle Hidrocefalia
N % N %
50 – 70 - - 21 50%
71 – 85 3 7,1 20 45,2%
 86 – 100 12 28,5 1 4,7
 101 -110 20 47,7 - -
 >110 7 16,6 - -
nuir a interferência de outros fatores sobre a esfera 
cognitiva, resolvemos incluir apenas pacientes com 
mielomeningocele lombar e HC.
Crianças com hidrocefalia apresentam déficit 
cognitivo particularmente ligado à atenção, alta 
distrabilidade e déficit de memória principalmente 
vinculado ao uso pobre de estratégias, reduzido do-
mínio da língua e deficiência no cálculo matemático 
[11,12]. Curiosamente, Lumenta e Skotarczak [13] 
relatam que 63% das crianças com hidrocefalia não 
apresentam déficit cognitivo.
Apesar da literatura mostrar que estas crianças 
apresentam relativa preservação da habilidade verbal, 
mesmo assim elas têm déficits importantes na apren-
dizagem verbal, no discurso expressivo, na fluência da 
fala e articulação das palavras [14]. Nestes pacientes 
também encontramos ausência no desenvolvimento 
de estratégias mnemônica.
Iddon et al. [16] comentam que o déficit cognitivo 
encontrado em crianças com hidrocefalia permanece 
na vida adulta, trazendo muita dificuldade para o 
indivíduo quando se emprega, principalmente na rea-
lização de tarefas complexas que exigem atenção.
Somado à claraassociação de malformações de 
estruturas neurais vinculadas com a função cognitiva, 
devemos lembrar da presença de déficits motor e 
esfincteriano nesses pacientes; trazendo, portanto, 
um outro aspecto que deve ser valorizado no pleno 
desenvolvimento cognitivo: uma associação freqüente 
de baixa-estima na spina bífida [17]. Essa debilidade 
física pode certamente interferir na educação e sub-
seqüentemente na função cognitiva e intelectual [19]. 
Outro fato que devemos salientar é que QI baixo e 
anormalidades neurológicas estão associadas com 
problemas comportamentais [21].
Acredita-se que o dano cerebral ocorra antes da 
correção do padrão hipertensivo intracraniano pela 
DVP e que o encéfalo, com o funcionamento ade-
quado do shunt, apresentaria um desenvolvimento 
próximo da normalidade. Neste sentido, lentificação 
da mielinização cerebral na HC, com alterações ele-
trofisiológicas particularmente no córtex pré-frontal 
tem sido demonstrada [22]. O cérebro ainda em 
desenvolvimento é particularmente vulnerável, ocor-
Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008 21
rendo alterações degenerativas como conseqüência 
da hidrocefalia e hipertensão intracraniana, com 
adelgaçamento do corpo caloso, dano do trato ópti-
co, redução da mielinização com digenesia cortical e 
atrofia cerebral [23]. Em decorrência destes danos 
encefálicos do desenvolvimento muito destas crian-
ças vão apresentar déficits visuais e auditivos, os 
quais prejudicariam ainda mais o aprendizado.
Como foi discutido, o comprometimento das 
funções cognitivas nos pacientes com o complexo 
HC e mielomeningocele é o resultado de interações 
genéticas e meio-ambientais; assim a expressão fe-
notípica é variável: com indivíduos com déficits quase 
imperceptíveis e outros com grande acometimento 
cognitivo, obrigando a uma dependência substancial na 
realização das atividades de vida cotidiana [24,25].
Conclusão
Nosso trabalho conclui que comprometimento 
das funções cognitivas é uma característica freqüen-
temente encontrada nas crianças com HC associada 
à mielomeningocele, justificando a baixa escolaridade 
observada neste grupo de crianças. Porém, algu-
mas dessas crianças apresentam um desempenho 
cognitivo próximo do padrão normal e os declínios 
cognitivos deixam de progredir a partir dos 7 anos 
de idade. Concluímos ainda que não existe diferença 
intelectual entre os gêneros feminino e masculino. Os 
maiores déficits cognitivos estão relacionados nas 
esferas cognitivas de velocidade de processamento 
de informação na memória.
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22 Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008
Artigo original
Possíveis benefícios psicológicos e fisiológicos 
do riso em ambiente escolar
Possible psychological and physiological benefits of the laugh 
in the school environment
Kátia Tomagnini Passaglio, D.Sc.*, Raul de Barros Neto, M.Sc.*, Liza Fensterseifer, M.Sc.**, 
Brenda Carolina Rodrigues de Meireles***, Jaíza Pollyanna Dias da Cruz***, 
Luana Carola dos Santos***, Valquíria Santos Lins***
Resumo
O presente estudo visa realizar uma pesquisa para investigar a influência do riso sobre diferentes 
domínios e habilidades que atendem aos efetivamente propósitos do aprendizado. Testes espe-
cíficos foram utilizados a fim de avaliar atenção, percepção, memória, organizações de espaço 
e espaço-temporal, capacidade de compreensão e estruturação do pensamento, interpretação 
de textos, raciocínio e desenvolvimento em tarefas matemáticas. Estes testes foram aplicados 
em uma escola pública para adolescentes (11 a 15 anos), em dois dias e depois, durante 10 
dias, foi feita a promoção do riso. Os testes foram reaplicados. Os parâmetros fisiológicos 
como freqüência cardíaca, pressão arterial, sensibilidade dolorosa e dosagem da IGAsalivar 
foram feitos, antes e após os alunos assistirem a um filme-comédia. Os dados obtidos foram 
processados estatisticamente utilizando o coeficiente de correlação de Spearman e o Teste t 
de Student, antes e depois das oficinas do riso. Os resultados foram positivos evidenciando a 
melhora nas respostas dos testes. Os parâmetros fisiológicos também mostraram resultados 
positivos como o aumento da atividade cardíaca, alívio da dor e aumento na IGA salivar. Os 
resultados apontam para uma ação potencializadora do riso sobre as habilidades testadas, 
indicando ser uma excelente ferramenta determinante para a criação de um ambiente escolar 
saudável, que resultaria em melhora do processo ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: riso, adolescência, aprendizagem, escola.
Abstract
The aim of this study was to investigate the influence of the laugh on different abilities that take 
care effectively of the purpose of learning. Specific tests had been used in order to evaluate 
attention, perception, memory, organizations of space and space-time, capacity of understand-
ing and structure of thought, emotional interpretation of texts, reasoning and development in 
mathematical tasks. These tests had been performed in a public school with adolescents (11-15 
years old), in two days and later, during 10 days, the promotion of laugh was made. The tests 
had been reapplied. Physiological parameters as cardiac frequency, arterial pressure, sensorial 
threshold of pain and the dosage of the IGA in the saliva were evaluated before and after the 
students watched a comedy movie. The result data had been processed statistically using the 
coefficient of correlation of Spearman and Test t-Student, before and after the workshops of laugh. 
The results were positive showing the improvement in the response of the tests. The physiologi-
cal parameters had also showed positive results such as increase of the cardiac activity, relief 
of pain and increase in the IGA. The results point to a potential action of laugh on the tested 
abilities, indicating to be an excellent tool for the creation of a healthful school environment, 
which would result in improvement of the process of learning/teaching.
Key-words: laugh, adolescence, learning, school.
*Professor Adjunto III do Curso 
de Psicologia da PUC Minas, 
**Professora Assistente do 
Curso de Psicologia da PUC-
Minas, ***Acadêmico Pontifí-
cia Universidade Católica de 
Minas Gerais – Unidade São 
Gabriel - Psicologia
Correspondência: Dra. Kátia 
Tomagnini Passaglio, Pontifícia 
Universidade Católica de Minas 
Gerais Unidade São Gabriel, 
Coordenação do Curso de 
Psicologia, Rua Walter Ianne, 
255, São Gabriel 31980-110 
Belo Horizonte MG 
Neurociências • Volume 4 • Nº 1 • janeiro-fevereiro de 2008 23
Introdução
O riso vem sendo estudado desde aproximada-
mente 55 a.C., entretanto, muitas são as definições 
que permeiam o rir, o risível e o humor. Alguns filó-
sofos como Platão, Kant, Aristóteles, entre outros 
estudiosos e cientistas, falam sobre o riso e sua 
contribuição na história do pensamento, e da impor-
tância do rir para a saúde física e mental [1].
Rir, segundo Oliva [2] é uma forma de fazer as 
emoções se tornarem comunicáveis, dessa forma, o 
riso apresenta-se como um comportamento emocional 
que possui a função de comunicação, presente em 
toda a vida do sujeito.
O riso apresenta-se mais do que como uma 
manifestação de alegria, como muitas vezes é cono-
tado, mais do que isso possui um importante papel 
de promover interações sociais entre os indivíduos 
no meio em que se encontram.
A psicologia considera o riso capaz de contribuir na 
afetividade nas emoções e até mesmo na inteligência 
[3]. Acredita que o humor é uma forma de lidar com os 
problemas diários. Assim, o riso ajuda a estabelecer 
a saúde mental, pois pessoas com baixo humor pos-
suem geralmente mais problemas emocionais. Com 
uma saúde mental equilibrada, o indivíduo também 
estabelece uma melhor saúde física e socialização.
Se o indivíduo encontra-se mentalmente saudá-
vel, logo sua saúde física poderá estar equilibrada. 
Dessa forma, o riso além de um importante papel 
psicológico também possui uma grande importância 
fisiológica. O riso cria uma conexão entre corpo e 
mente, pois é usado para manter o equilíbrio da vida 
emocional e física. 
No ambiente escolar, espaço onde acontece a 
socialização secundária do sujeito, o riso aparece 
como uma ponte para a formação de laços sociais 
e de interações entre as pessoas. Além disso, a 
contribuição da expressão emocional através do riso, 
permite ao educando uma boa relação com professo-
res e colegas, promovendo um estado psicológico e 
emocional propício ao aprendizado.
Por outro lado, a ausência do riso pode ser pre-
judicial, pois o aluno que não interage, ou tem difi-
culdade de interação, perde a possibilidade de trocar 
impressões, através de brincadeiras e considerações, 
sobre os mais variados assuntos, perdendo assim, 
uma parcela da oportunidade de aprendizagem. Neste 
sentido, o riso pode ser excelente para uma melhor 
aprendizagem.
Sendo assim, essa pesquisa busca objetivar 
os possíveis benefícios fisiológicos e psicológicos 
do riso, em ambiente escolar, através da análise de 
habilidades que atendem efetivamente aos propósitos 
do aprendizado.
Material e métodos
Neste trabalho foram pesquisados em média 
257 alunos adolescentes, 134 meninos e 123 
meninas, na faixa etária de 11 a 15 anos, de uma 
escola pública, com a escolaridade de 6º a 8º séries 
do ensino fundamental. A metodologia, simplificada, 
consiste em aplicação de testes que avaliam parâ-
metros psicológicos e fisiológicos, antes e depois de 
oficinas de promoção do riso, que aconteceram ao 
longo de dez dias.
Parâmetros avaliados
Os parâmetros avaliados foram a atenção, 
percepção, memória, organizações de espaço e es-
paço-temporal, habilidade de compreensão de texto, 
habilidades matemáticas, disposição, estados emo-
cionais e coordenação motora fina. Os parâmetros 
fisiológicos foram freqüência cardíaca, pressão arte-
rial, sensibilidade dolorosa, medida antropométrica 
da face e imunoglobulina A salivar.
Testes
Os testes psicológicos utilizados na pesquisa 
foram desenvolvidos especificamente para a mesma. 
Após estudo teórico, os testes foram confeccionados 
e previamente testados em um experimento piloto 
que contou com a participação de 32 adolescentes. 
Para a pesquisa envolvendo o riso foram organiza-
das duas baterias de testes aplicados em dois dias 
consecutivos. A 1º bateria foi formada pelos testes 
CVSH, memória, cadê e matemática. A 2º bateria foi 
formada pelos testes disposição, português, tetris, 
seqüência e labirinto. Os testes consistiam em:
CVSH – Como Você se Sente hoje, cujo objetivo 
foi avaliar o estado emocional do aluno e consistiu 
em marcar com um X nas alternativas que condizem 
com seu estado emocional do dia.
Tetris, tem como objetivo investigar a organização 
espacial, através da identificação da figura modelo 
dentre outras dispostas em posições diferentes no 
espaço. 
Cadê, em três níveis de dificuldade considerados 
fácil, médio e difícil. Objetivava-se verificar a capaci-
dade de percepção e atenção espaciais. Foram apre-
sentadas aos alunos três cenas diferentes, uma de 
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cada vez, com a imagem de diversos objetos. Dentre 
eles os alunos localizaram objetos (desenhos) especí-
ficos em cada cena e marcaram na folha de resposta. 
Para seu desenvolvimento o aplicador marcou tempo 
específico de execução da tarefa para cada nível. 
Seqüência, objetivava-se verificar a capacidade 
de organização espaço-temporal, percepção e aten-
ção. O aplicador mostrou uma seqüência de fichas 
com círculos pretos, os quais os alunos os reproduzi-
ram na folha de resposta de maneira correspondente 
às seqüências mostradas.
Memória, o objetivo foi verificar a capacidade 
de memória. O aplicador mostrou uma seqüência de 
10 figuras e posteriormente,

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