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Atividade Prática Supervisionada – Direito Civil • Questão formulada para a atividade: RPG, famosa banda de rock internacional, cancelou um show menos de 24 horas antes de sua realização, frustrando 50 mil adquirentes dos ingressos comercializados pela empresa VELOZ TICKET. A partir desse contexto, elabore relatório final individualmente, na condição de advogado(a) de defesa da banda e empresa de venda de ingressos. Ao final, analise qual seria a solução mais adequada para o caso concreto, de maneira fundamentada. • Resolução: De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), um ingresso equivale a um contrato de prestação de serviço, cujo cancelamento dá direito ao reembolso. O consumidor deve se atentar ao prazo exposto no CDC: o período máximo para fazer a solicitação é de 30 dias após o cancelamento do evento. É dever dos organizadores a divulgação desse cancelamento, sendo essa feita pelos mesmos canais de informação em que o show foi anunciado. Após a solicitação, é dever dos organizadores fazerem a restituição imediata do valor pago. Caso o pagamento tenha sido realizado em dinheiro, o consumidor deve ser reembolsado também em dinheiro. Se o pagamento foi feito através de cartão, o responsável deve proceder ao imediato estorno do valor pago junto a administradora do cartão, cobrindo tanto as despesas quanto as taxas bancárias e de serviço. Quando o evento é adiado e não cancelado, o cliente pode solicitar seu dinheiro de volta se o dia não convir. Não é obrigação do cliente comparecer a um evento na data que a organização escolher, sendo indiferente a razão. Quanto aos responsáveis pelo reembolso dos valores pagos, o consumidor tem direito a cobrar de qualquer das empresas envolvidas: tanto dos artistas ou cantores, do seu empresário, dos produtores do evento ou do próprio ponto de venda dos ingressos. Pelo Código de Defesa do Consumidor, todos são igualmente responsáveis. Mesmo que os responsáveis aleguem não terem culpa do imprevisto que impossibilitou o evento, eles possuem obrigação de reembolsar os consumidores que assim solicitarem. É importante ainda ressaltar que, se qualquer um dos envolvidos se negar ou dificultar o reembolso dos valores pagos pelos ingressos, o consumidor tem direito também a ser ressarcido dos prejuízos que comprovadamente tenha sofrido, bem como dos custos para ter seu dinheiro de volta. Ainda, dependendo do caso, por meio judicial, os organizadores podem ser condenados a reparar os danos morais sofridos pelo consumidor. Caso a situação não seja resolvida amigavelmente com os organizadores do evento, os consumidores podem procurar tanto o Juizado Especial quanto o PROCON, onde podem buscar seus direitos, com ou sem a presença de um advogado. Judicialmente, é possível, inclusive, pedir o reembolso de outros prejuízos, tais como passagens e hospedagem que você precisou fechar para poder ir ao evento. Em casos excepcionais como o que passamos atualmente, referente ao coronavirus (covid-19) pode ser publicada medida provisória. Com intuito de esclarecimento da questão, medida provisória não revoga lei anterior, mas suspende seus efeitos no ordenamento jurídico, em face do seu caráter transitório e precário. Assim, aprovada a medida provisória pela Câmara e pelo Senado, surge nova lei, a qual terá o efeito de revogar lei antecedente. A medida provisória (MP 948), publicada 8 de abril de 2020, prevê que o cancelamento de eventos culturais causado pela epidemia de Covid-19 não deve necessariamente resultar em reembolso dos valores já pagos pelo consumidor. Tal fato só se torna válido em três hipóteses: • Caso o prestador de serviços assegure a remarcação do evento cancelado para outra data após a declaração do fim do estado de calamidade pública; • Caso seja feita uma oferta de créditos ao consumidor para uso em outros serviços da empresa; • Caso seja elaborado acordo diverso a ser formalizado entre as partes. É também determinado que, caso não seja possível o ajuste entre as partes, os valores já pagos pelo consumidor deverão ser devolvidos, no prazo de 12 meses, iniciando contagem no fim do estado de calamidade pública. Relatório Final Como advogado representante da banda e empresa de venda de ingressos, creio que a solução mais adequada para o caso concreto seja: 1. Em caso extraordinário, como o que passamos em relação à pandemia dada em razão do vírus covid-19, sejam seguidas as normas referentes à medida provisória vigente (MP 948, publicada em 9 de abril/2020). Visando a maior satisfação geral dos clientes, é assegurada a remarcação do evento, das reservas e de todos os serviços temporariamente cancelados para a melhor dada avaliada, que será devidamente analisada após a declaração do fim do estado de calamidade pública atualmente vigente. Em caso de recusa de respectivos clientes, reside a oferta certa quantidade de créditos de mesmo valor ao valor já pagado nos ingressos para o show postergado. Aos que permanecem descontentes com as medidas tomadas pelos organizadores, registra-se por meio deste a disponibilidade da organização para formalização de acordo diverso que melhor se encaixe ao caso específico. Caso ainda assim resistirem clientes descontentes com as medidas tomadas pela organização, deve ser feita a restituição dos valores já pagos pelo consumidor, no prazo de 12 meses, iniciando contagem no fim do estado de calamidade pública. 2. Em caso ordinário, devem ser seguidas as normas definidas no Código de Defesa do Consumidor (CDC). É responsabilidade da organização a divulgação do cancelamento, devendo a mesma ser feita pelos mesmos canais em que o show foi anunciado. Deve ser feita o quanto antes também a divulgação de nova data para a realização do show, se o mesmo for ser remarcado. Se a nova data desagradar o consumidor ou se apresentação não for ocorrer, é obrigação do cliente solicitar dentro do prazo estipulado no CDC (30 dias) o ressarcimento do valor do ingresso. Após a solicitação, é dever dos organizadores fazerem a restituição imediata do valor pago, na mesma forma de pagamento da qual o ingresso foi comprado. Caso o pagamento tenha sido efetuado em dinheiro, o consumidor deve ser reembolsado também em dinheiro. Se o pagamento foi feito através de cartão, o responsável deve proceder ao imediato estorno do valor pago junto a administradora do cartão, cobrindo tanto as despesas quanto as taxas bancárias e de serviço. É importante ressaltar que todos os responsáveis envolvidos visam encontrar a melhor solução para todos, evitando o prosseguimento do caso cada o órgão judiciário.
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