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III Simpósio Internacional de Música na Amazônia 
03 a 07 de novembro de 2014 
Universidade Federal do Amazonas 
 
 
 
 
Anais do 3º Simpósio 
Internacional de Música 
na Amazônia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ISBN 978-85-7401-772-3 
EDUA - UFAM 
 
 
 
 
 
 
III Simpósio Internacional de Música na Amazônia 
03 a 07 de novembro de 2014 
Universidade Federal do Amazonas 
 
 
 
 
 
Anais do 3º Simpósio Internacional de 
Música na Amazônia 
Programação 
Comunicações 
Palestrantes convidados 
Obras Artísticas 
 
 
 
 
 
Núcleo Amazônico de Pesquisa em Música - NAP/UFAC 
Grupo de Estudos e Pesquisa em Música na Amazônia – GEPMUSA/UFAM 
 
 
 
 
 
Manaus – Amazonas 
2014 
 
Governo Federal 
Ministério da Educação 
Universidade Federal do Amazonas 
 
Presidente Coordenadores do Simpósio 
Dilma Roussef Profa. MSc. Lucyanne de Melo Afonso -UFAM 
Ministro da Educação Prof. MSc. João Gustavo Kienen -UFAM 
Henrique Paim Prof. Dr. Damián Keller – NAP -UFAC 
Reitora NAP – Núcleo de Pesquisa em Música - UFAC 
Profa. Dra. Márcia Perales Mendes Silva Prof. Dr. Damian Keller 
Vice-Reitor Grupo de Estudos e Pesquisa em Música 
Prof. Dr. Hedinaldo Narciso Lima na Amazônia – GEPMUSA-UFAM 
Pró-Reitor de Extensão e Interiorização Profa. Dra. Rosemara Staub de Barros 
Prof. Dr. Luiz Frederico Mendes dos Reis Arruda Coordenação Editorial 
Pró-Reitora de Inovação Tecnológica Damian Keller 
Profa. Dra. Socorro Chaves João Gustavo Kienen 
Diretora do Instituto de Ciências Humanas e Letras Lucyanne de Melo Afonso 
Profa. Dra. Simone Baçal Maíra Scarpellini 
Chefe do Departamento de Artes Estruturação e Adaptação 
Profa. Dra. Denize Piccolotto Carvalho Levy Fernando Alves Matos 
Coordenadores do Curso de Música Identidade Visual SIMA 2014 
Prof. MSc. João Gustavo Kienen – Matutino Fernando Alves Matos 
Prof. Dr. Jackson Colares – Noturno 
 
 
 
Publicação: 
Anais do 3º Simpósio Internacional de Música na Amazônia. 
ISBN 978-85-7401-772-3 
Editora da Universidade Federal do Amazonas, EDUA, 2014. 
 
 
Sumário 
 
Apresentação……………………………………………………05 
SIMA e o impacto da pequisa musical amazônica…………...…06 
Expediente……………………………………………...……….09 
Programação…………………………………………………….14 
Homenagem - Professor Emérito da UFAM: Nivaldo Santiago..15 
Palestrantes convidados………………………………………...19 
Comuincação Oral………………………………………………28 
Obras Artísticas………………………………………………..427 
Textos/Resumos das palestras…………………………………438 
 
 
 
 5 
APRESENTAÇÃO 
 
É com satisfação que o Curso de Música e o Grupo de Estudos e Pesquisa em 
Música na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas promoveram a terceira 
edição do Simpósio Internacional de Música na Amazônia – SIMA. O Simpósio é uma 
idealização do Núcleo Amazônico de Pesquisa em Música-UFAC que realizou as duas 
primeiras edições na Universidade Federal do Acre. 
O SIMA foi organizado com palestras, mesa redonda, cursos, comunicações 
orais e apresentações musicais. Os palestrantes convidados são professores de 
Universidades Federais do Brasil e a convidada internacional da Venezuela. 
O Simpósio teve patrocínio de algumas instituições como Capes, a principal 
patrocinadora, UFRN, Protec-UFAM, Observatório da Economia Criativa-Amazonas, 
Proext-UFAM, Programa PRODECA-UFAM, Secretaria de Estado de Cultura, 
Associação Brasileira de Etnomusicologia-ABET, Programa de Pós-Graduação em 
Antropologia Social-UFAM, Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na 
Amazônia-UFAM, Universidade do Estado do Amazonas, Instituto Nacional de 
Pesquisa Brasil Plural-INCT, Parque Científico e Tecnológico para Inclusão Social-
PCTIS, Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas, Addassu Design. 
O evento foi um meio de investigar e resolver algumas questões sobre a música 
na região amazônica, do ensino à pesquisa, tudo em função de um ensino melhor. 
O Simpósio trouxe novas formas de pensar sobre a música na região 
amazônica, tanto em questões de pesquisa quanto de ensino e formação. Além de 
estabelecer relações nacionais e internacionais com outras instituições de ensino 
superior da região amazônica, possibilitando o desenvolvimento de pesquisas, de ensino 
e extensão e as parceirias entre as universidades. 
 
 
Coordenação UFAM!! 
 
 
 6 
O SIMA e o Impacto da Pesquisa Musical Amazônica 
 
Damián Keller, Maíra Scarpellini 
Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical - NAP 
Universidade Federal do Acre 
Novembro 2014 
 
dkeller@ccrma.stanford.edu, maira.scarpellini@gmail.com 
 
Ao finalizar o segundo Simpósio Internacional de Música na Amazônia 
comentávamos que ainda não tínhamos a dimensão real do impacto do evento. A 
situação mudou. O terceiro Simpósio Internacional de Música na Amazônia (SIMA 
2014), organizado pelo Departamento de Artes da UFAM em parceria com o NAP se 
perfila como um dos principais encontros acadêmicos da área de música no Brasil. Por 
que afirmamos isso? 
Primeiro, no comitê de programa participam pesquisadores da maioria das 
instituições públicas de ensino superior da região Norte, incluindo colegas de Acre, 
Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima (e no próximo evento esperamos contar com a 
participação de pesquisadores do Amapá). Isso inclui institutos técnicos e universidades 
federais. Nesta edição também participam pesquisadores de Colômbia, Equador, Peru, 
Venezuela, Uruguai, Irlanda e Estados Unidos. 
Segundo, neste ano temos a participação de pesquisadores de todas as regiões 
do Brasil. Gostaríamos de agradecer os pareceres detalhados e as críticas construtivas 
fornecidas pelo comitê de programa durante o processo de revisão dos trabalhos escritos 
e das propostas artísticas. Esperamos que a revisão dos trabalhos tenha ajudado a 
aperfeiçoar as propostas. Foram setenta e dois submissões abrangendo múltiplas 
subáreas de conhecimento musical, tendo como resultado 47 aprovações (71% de 
trabalhos aprovados). Na programação do evento constam os detalhes sobre os trabalhos 
artísticos. Aqui incluímos todos os textos aprovados pelo comitê, incluindo trabalhos em 
espanhol e em português. 
Terceiro, neste simpósio estão representadas pelo menos cinco subáreas da 
pesquisa musical: educação musical; musicologia (subdividida em trabalhos de 
musicologia histórica com temas relacionados a assuntos anteriores ao século XX, e de 
musicologia do século XX, enfatizando o estudo da produção brasileira); 
etnomusicologia (com ênfase na produção cultural da região Norte); performance 
musical (abrangendo também aspectos da gestão da produção artística e aplicações 
 
 
 7 
educacionais da prática interpretativa); e por último a subárea de práticas criativas (com 
destaque para a aplicação de recursos tecnológicos no fazer musical). 
Os anais do II SIMA incluíram trabalhos em educação musical, discussões 
sobre a pesquisa em performance musical e as suas relações com outras áreas de 
investigação, discussões sobre aspectos históricos e musicológicos da música produzida 
em Manaus entre os anos 1920 a 1980, e propostas metodológicas para implementação 
de suporte e aplicações artísticas dentro do campo de pesquisa em música ubíqua 
(Keller e Scarpellini 2013). Parte dessas propostas estão novamente representadas nos 
artigos publicados nesta edição, apresentando avanços e contribuições a partir das ideias 
discutidas durante o segundo simpósio. As temáticas abordadas na área de educação 
musical incluem aspectos regionais (Duarte 2014; Silva 2014; Soares 2014) e assuntos 
de abrangência geral (Caregnato 2014; Melo et al. 2014; Vieira 2014). A produção 
musicológica pode ser classificada em assuntos vinculados à música brasileira do último 
século (Abreu 2014; Amstrong et al. 2014; Barbosa 2014; Benetti 2014; Froz e Afonso 
2014; Hartmann 2014; Henderson Filho 2014; Kienen 2014; Kubala e Souza 2014; ; 
Oliveira, J. 2014; Ramos e Moraes 2014; Santos e Hank 2014) ou à produção musical 
anterior ao séculoXX (Almeida 2014; Duarte 2014; Lima e Páscoa 2014). A subárea de 
etnomusicologia inclui trabalhos em música indígena e em música popular amazônica 
(Apontes 2014; Chada 2014; Severiano 2014; Puget 2014) e abrange tanbém a música 
regional do Nordeste (Queiroz e Correa 2014a; Queiroz e Correa 2014b). A subárea de 
práticas criativas apresenta discussões metodológicas (Packer 2914; Pochat 2014), uma 
revisão histórica da produção eletroacústica brasileira (Guerra 2014) e dois trabalhos em 
música ubíqua (Ferreira da Silva et al. 2014; Keller et al. 2014). Já os trabalhos 
agrupados na categoria de performance musical abrangem aspectos da prática 
interpretativa, porém o seu embasamento foge um pouco do foco proposto pela 
produção vinculada à Associação Brasileira de Performance Musical. Temos aspectos 
técnicos e educacionais da prática interpretativa em cordas friccionadas (DeFreitas et al. 
2014; Silva e Queiroz 2014), aspectos interpretativos do uso atual do canto gregoriano 
(Gaby 2014) e considerações sobre a gestão das orquestras sinfônicas (Diniz Silva 
2014). 
Resumindo, a produção teórico-prática apresentada durante o terceiro SIMA 
abrange um leque de questões que inclui as problemáticas específicas da região 
amazônica e que vai além das temáticas regionais. Mais uma vez, estamos falando em 
pesquisa musical feita na Amazônia e para a Amazônia com um leque de aplicações nos 
 
 
 8 
aspectos musicais, artísticos, sociais e interdisciplinares relevantes para a produção 
científica e artística internacional. A riqueza cultural e biológica desta região oferece um 
potencial pouco explorado nos trabalhos de cunho acadêmico produzidos nos centros de 
pesquisa do hemisfério Norte. Esperamos que a troca incentivada pelo SIMA sirva para 
despertar a consciência sobre o impacto que a destruição total do ecossistema 
Amazônico terá no patrimônio cultural e biológico da humanidade. 
 
Agradecimentos 
O terceiro SIMA só foi possível pelo esforço conjunto dos professores que participaram 
na comissão organizadora (Lucyanne de Melo Afonso, João Gustavo Kienen, Damián 
Keller, Maíra Scarpellini e Raildo Brito Barbosa), pela ajuda da equipe técnica 
incluindo alunos da Universidade Federal do Amazonas e da Universidade do Estado do 
Amazonas, pela colaboração dos pareceristas nacionais e internacionais, e pelo apoio 
das seguintes instituições: CAPES, Universidade Federal do Amazonas, Universidade 
Federal do Acre, Universidade do Estado do Amazonas, Associação Brasileira de 
Etnomusicologia, PROTEC – Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica, OBEC/AM – 
Observatório da Economia Criativa – Amazonas, PCTIS – Parque Científico e 
Tecnológico para Inclusão Social, Instituto Nacional de Pesquisa BRASIL PLURAL, 
Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa "ouvindo 
conselhos na área da criança e adolescente" – PRODECA – UFAM, Universidade do 
Estado do Amazonas – UEA, Secretaria de Estado de Cultura. 
 
Referências 
Keller, D. & Scarpellini, M. A., (eds.). (2013). Anais do II Simpósio Internacional de 
Música na Amazônia (SIMA 2013). Rio Branco, AC: EDUFAC.
 
 
 9 
EXPEDIENTE 
 
COMISSÃO ORGANIZADORA 
Departamento de Artes, UFAM 
Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical – NAP (UFAC/IFAC) 
 
COORDENAÇÃO GERAL 
Prof. Dr. Damián Keller – UFAC 
Prof. MSc. João Gustavo Kienen – UFAM 
Profa. MSc. Lucyanne de Melo Afonso – UFAM 
 
COORDENAÇÃO DO COMITÊ CIENTÍFICO 
Prof. Dr. Damián Keller - UFAC 
Profa. MSc. Maíra Scarpellini - UFAC 
 
COORDENAÇÃO DO COMITÊ ARTÍSTICO 
Prof. MSc. João Gustavo Kienen – UFAM 
Prof. MSc. Raildo Brito – UFAC 
Prof. MSc. Vadim Ivanov - UEA 
 
COMISSÂO LOCAL 
Prof. MSc.. Bernardo Mesquita – UEA 
Prof. Bruno Nascimento – UFAM 
Profa. Edna Soares – UFAM 
Prof. Damyan Parushev – UFAM 
Profa. Dra. Deise Lucy – UFAM 
Profa. Dra. Denize Piccolotto Levy - UFAM 
Prof. MSc. Elias Farias – UFAM 
Prof. Dr. Jackson Colares – UFAM 
Prof. MSC. Márcio Lima de Aguiar – UFAM 
Prof. MSc. Renato Antonio Brandão Medeiros Pinto – UFAM 
Prof. Dra. Rosemara Staub de Barros – UFAM 
Prof. MSc. Vadim Ivanov- UEA 
 
 
 
 10 
COMISSÃO DE DESIGN E DIVULGAÇÃO 
Profa. MSc. Lilia Valessa Mendonça - UFAM 
Fernanda Gabriela de Souza Pires - UFAM 
Fernando Alves Matos – UFAM 
Prof. Naziano Pantoja Filizola Júnior – ARII (Assessoria de Relações Internacionais e 
Interinstitucionais-UFAM) 
Jornalista Márcia Grana – ASCOM (Assessoria de Comunicação-UFAM) 
Jessica Botelho - Discente de Jornalismo - UFAM 
CPD – Centro de Processamento de Dados - UFAM 
 
GRUPOS DE PESQUISA 
Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical - UFAC 
Coordenação: Prof. Dr. Damián Keller 
Grupo de Pesquisa em Música na Amazônia – UFAM 
Coordenação: Profa. Dra. Rosemara Staub de Barros 
 
PROGRAMAS 
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGAS – UFAM 
Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia – PPGSCA – UFAM 
 
INSTITUIÇÕES PATROCINADORAS DO III SIMA - 2014 
CAPES 
PROTEC – Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica 
OBEC/AM – Observatório da Economia Criativa – Amazonas 
PCTIS – Parque Científico e Tecnológico para Inclusão Social 
Instituto Nacional de Pesquisa BRASIL PLURAL 
Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Programa "ouvindo conselhos na área da criança e adolescente" – PRODECA – UFAM 
 
INSTITUIÇÕES PARCEIRAS DO III SIMA - 2014 
Universidade do Estado do Amazonas – UEA 
Secretaria de Estado de Cultura 
Associação Brasileira de Etnomusicologia – ABET 
 
EQUIPE DE TRABALHO 
Discentes do Curso de Música da UFAM 
 
 
 11 
André Vital 
Camila Barbosa 
Danielle Moura 
David Aragão 
Erica Oliveira 
Evelyn Ferreira 
Hevellen Rodrigues 
Hully Rios 
Jeorgio Santos 
Lucas Pereira 
Lucas Mesquita 
Marlúcia Dias 
Moira Nunes 
Nancy Soares 
Rebeca Caroline 
Rubem Levi 
Selton Riateque 
Suzana Vieira 
Taísa Almeida 
Vanessa Rocha 
Discente do Curso de Artes Visuais da UFAM 
Mariene Mendonça 
Suzane Teodósio 
 
 
 
 
 12 
COMITÊ DE PROGRAMA SIMA 2014 
 
Adina Izarra (Universidad Simón Bolívar, Venezuela) 
Aldebaro Barreto da Rocha Klautau Júnior (Universidade Federal do Pará) 
Ana Elisa Bonifácio (Universidade Federal do Acre) 
Anselmo Guerra de Almeida (Universidade Federal de Goiás) 
Bernardo Mesquita (Universidade Estadual do Amazonas) 
Catalina Peralta (Universidad de los Andes) 
Cesar Augusto Viana Melo (Universidade Federal do Amazonas) 
Cleber da Silveira Campos (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) 
Cleuton Batista (Universidade Federal do Acre) 
Damián Keller (Universidade Federal do Acre) 
Deise Lucy Montardo (Universidade Federal do Amazonas) 
Ernesto Donas Goldstein (Universidad de la República, Uruguay) 
Ezequias Oliveira Lira (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) 
Flávio Miranda de Farias (Instituto Federal do Acre) 
Jackson Colares (Universidade Federal do Amazonas) 
João Gustavo Kienen (Universidade Federal do Amazonas) 
José Ignácio Lopes (Pontífícia Universidad Católica del Perú) 
Juan Carlos Arango (Indiana University) 
Lucas José Bretas dos Santos (Universidade Federal de Minas Gerais) 
Lucyanne de Melo Afonso (Universidade Federal do Amazonas) 
Luiz Matos (Universidade Federal do Acre) 
Maíra Andriani Scarpellini (Universidade Federal do Acre) 
Marcelo Brum (Universidade Federal do Acre) 
Marcelo S. Pimenta (Universidade Federal do Rio Grande do Sul ) 
Radamir Souza (Instituto Federal do Acre) 
Raildo Brito Barbosa (Universidade Federal do Acre) 
Raimundo da Silva Barreto (Universidade Federal do Amazonas) 
Rosemara Staub de Barros (Universidade Federal do Amazonas) 
Rubens Vaz Cavalcante (Universidade Federal de Rondônia) 
Rucker Bezerra de Queiroz (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) 
Talisman Cláudio de Queiroz Teixeira Junior (Instituto Federal do Pará) 
Vadim Ivanov (Universidade Estadual do Amazonas) 
Valéria Cristina Marques (Universidade Federaldo Pará) 
Valério Fiel da Costa (Universidade Federal da Paraíba) 
 
 
 13 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM 
Departamento de Artes – Curso de Música 
Av. General Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 3000, Setor Norte, Coroado I, Manaus, AM 
 
Reitora: 
Profa. Dra. Márcia Perales Mendes Silva 
 
Vice-Reitor: 
Prof. Dr. Hedinaldo Narciso Lima 
 
 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA 
Escola Superior de Artes e Turismo 
Av. Leonardo Malcher, nº1728, Centro, Manaus, AM 
 
Reitor: 
Prof. Dr. Cleinaldo de Almeida Costa 
 
Vice-Reitor: 
Prof. Dr. Mario Augusto Bessa 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE 
Curso Superior de Música 
 Campus Universitário, BR 364, Km. 4, Distrito Industrial. Rio Branco, Acre 
 
Reitor: 
Prof. Dr. Minoru Martins Kinpara 
 
Vice-Reitora: 
Profª. Drª. Margarida de Aquino Cunha 
 
 
 
 14 
PROGRAMAÇÃO GERAL DO III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE MÚSICA 
NA AMAZÔNIA 
 
 
 
 
Horário 
Segunda-Feira 
03.11 
Terça-Feira - UEA 
04.11 
Quarta-Feira - UFAM 
05.11 
Quinta-Feira - UEA 
06.11 
Sexta-Feira - UFAM 
07.11 
8:00 
 
Credenciamento 
(segunda-feira 
PELA MANHÃ, 
 Local: 
Departamento de 
Artes- ICHL 
Sala 04 
Horário: 8h às 
13h 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSOS/masterclass 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMUNICAÇÕES 
Comitê Científico 
 
 
 
 
 
 
 
 
MESA REDONDA 
DESAFIOS DA 
PESQUISA EM 
ETNOMUSICOLOGIA 
NA AMAZÔNIA 
Profa. Dra. Liliam 
Barros Cohen (UFPA) 
Profa. Dra. Deise Lucy 
Montardo (UFAM) 
Prof. Dr. Bernardo 
Mesquita (UEA) 
 
 (Apoio – ABET, INCT 
Brasil Plural e 
PPGAS/UFAM) 
PALESTRA 
UTILIZACIÓN DEL CANTO DE 
PÁJAROS EM LA MUSICA 
ELETROACÚSTICA 
 
Profa. Dra. Adina Izarra 
(Universidad Simón Bolivar – 
Venezuela) 
 
(Apoio PROTEC/OBEC-UFAM) 
 
 
9:00 
 
12:30 Almoço Almoço Almoço 
 
ENCERRAMENTO!!!!!!! 
 
Hall do ICHL - UFAM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14:00 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALESTRA 
ECONOMIA 
CRIATIVA E MÚSICA 
Nerine Lúcia Alves de 
Carvalho 
PROTEC/OBEC - 
UFAM 
 
 
 
 
 
 
MESA REDONDA 
MÚSICA E 
CÉREBRO: 
DESAFIOS E 
CONTRIBUIÇÕES DA 
TEMÁTICA PARA O 
ENSINO SUPERIOR 
Profa. Dra. Luciane 
da Costa Cuervo 
Prof. Dr. Felipe Kirst 
Adami 
Dra. Anelise Sonza 
(UFRGS) 
 
(Apoio Capes) 
PALESTRA 
(DES) 
PROBLEMATIZANDO 
A LEITURA 
MUSICAL: 
CONTRIBUIÇÕES DA 
PSICOLINGUISTICA 
Profa Dra Valéria 
Cristina Marques 
(UFPA) 
(Apoio PROGRAMA 
PRODECA-UFAM) 
 
 
 
16:00 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALESTRA 
MÚSICA UBIQUA 
Prof. Dr. Damian 
Keller 
(UFAC) 
Grupo de Música 
Ubiqua 
 
(Apoio Capes) 
 
 
 
CONFERÊNCIA 
MAGNA 
 
 
Robério Braga 
 
Secretário de Estado 
de Cultura 
 
 
 
 
MESA REDONDA 
ORQUESTRA, 
CORAL, 
COMUNIDADE E 
INSTITUIÇÃO 
 
Prof. Dr. Rucker 
Bezerra de Queiroz 
(UFRN) 
Prof. MSc. Eduardo 
de Oliveira Nóbrega 
(UFPB) 
 (Apoio Capes e 
UFRN) 
 
19:30 
 
20:00 
ABERTURA 
TEATRO 
AMAZONAS 
SESSÃO 
SOLENE 
APRESENTAÇÕES 
ARTÍSTICAS 
 Comitê Artístico 
 
APRESENTAÇÕES 
ARTÍSTICAS 
 Comitê Artístico 
 
APRESENTAÇÕES 
ARTÍSTICAS 
 Comitê Artístico 
 
 
 
 15 
HOMENAGEM AO PROFESSOR EMÉRITO DA UNIVERSIDADE 
FEDERAL DO AMAZONAS 
NIVALDO SANTIGO 
 
Texto Prof. Dr Jackson Colares 
 
“NIVALDO SANTIAGO: SUA ARTE - SUA VIDA.” 
 
Escrever sobre o maestro Nivaldo Santiago é como escrever sobre a própria 
história da música no Amazonas e das artes na Universidade Federal do Amazonas. 
Esse amazonense de Boca do Acre nascido à 85 anos, ainda hoje é ativo no seu processo 
de criação e de realização musical e não pensa em parar. Na verdade o maestro mantém 
uma intensa rotina de aulas e composições musicais e ainda desenvolve um projeto 
chamado “Crescendo com música”, voltado para as crianças e adolescentes de Bom 
Despacho, localizado na região do Alto São Francisco no Estado de Minas Gerais. Ele 
mesmo afirma, “A Arte não para. A arte é vida e mantém o artista dentro da eternidade.” 
Nesse sentido, escrever sobre o Maestro fazendo uma Homenagem não é pra ser algo 
difícil nem mesmo uma excepcionalidade, é na verdade, escrever sobre sua dedicação, 
insistência e perseverança na busca de concretizar no seu Estado um fazer musical, que 
envolve desde a formação de público, de professores de música, e por fim de músicos 
de alta performance. 
Ao longo de mais de 60 anos de carreira, o maestro como professor de música, 
compositor e regente – tem uma trajetória de sucesso nos principais corais do país e 
pioneiro na introdução da música no Amazonas, em meados da década de 1950. Sua 
história se configura em momentos bem marcantes e contextos diversos. Ainda menino, 
transferiu-se para Santa Catarina onde ingressou na vida monástica no colégio dos 
religiosos Servos de Maria, em Turvo SC, onde enveredou pelos caminhos musicais. No 
dia 15 de agosto de 1945, aos 16 anos, estreou como regente de coro, na apresentação 
do coral dos meninos do colégio. Desde então jamais abandonou a regência coral. Com 
os Servitas foi para a Itália - Bolonha onde estudou órgão clássico e aperfeiçoou-se em 
regência. Voltando ao Brasil, passou a intensificar seus estudos de música, graduando-se 
em piano pela Faculdade de Música “Carlos Gomes”, em São Paulo. Na sequencia 
retornou a Europa agora como bolsista da Fundação “Calouste Gulbenkian”, em Lisboa 
 
 
 16 
- Portugal, para especializar-se em Musicologia, frequentando ainda cursos de 
composição, regência coral e orquestral com João Gomes Jr., Emerich Csamer, Fritz 
Iöede e Michel Corboz. 
Ao chegar em Manaus, encontrou uma cidade simpática e agradável. A música 
das óperas do Teatro Amazonas havia sido calada. Mas o gosto e o talento do povo 
permaneciam. Empreendedor e incentivado por um grupo de pessoas da sociedade entre 
as quais podemos destacar o professor Afonso Celso Maranhão Nina, Neusa Alves 
Ferreira, o cantor e compositor Pedro Amorim, e pelo seu grande amigo Walter 
Nogueira, deixou-se ficar por um tempo na cidade, atendendo alunos de piano e 
reconhecendo vozes privilegiadas, levando-o a criar em 1956 o Coral João Gomes 
Junior, em homenagem ao seu professor. Vale ressaltar que esse coral encontra-se em 
plena atividade, sendo um dos mais antigos do Brasil. 
Muitas são as contribuições do Maestro Nivaldo Santigo para o campo da 
música, e em especial para o desenvolvimento do Canto Coral no Brasil. Podemos 
destacar algumas ao longo de sua carreira: Criou e dirigiu corais principalmente na 
região norte, onde além do Coral “João Gomes Jr.”, também criou o Coral Universitário 
do Amazonas hoje Coral da Universidade Federal do Amazonas possibilitando a 
formação e criação de espaços para a atuação de vários outros maestros, por exemplo: 
Maestros Nelson Edy, Jackson Colares, Jussara Guedes, Elson Jonson e Bruno Bastos, 
este ano completou 43 anos de atividade; o Coral da Escola Técnica Federal do 
Amazonas, hoje IFAM e o Madrigal Santiago. 
Sua contribuição no âmbito universitário começa logo depois da transferência 
do Conservatório de Música Joaquim Franco para a Universidade do Amazonas em 
1968, esse Conservatório pertencia ao Governo do Estado. Vale ressaltar que o Decreto-
Lei nº 1292, de 30 de dezembro de 1968, determinava que o Conservatório seria 
transferido para a FUA, sob a condição de o mesmo “fazer funcionar, dentro de 1 (um) 
ano, uma escola superior de música”. 
Tal transferência somente foi concretizada porque na época a perspectiva da 
Universidade do Amazonas era implementar um coral e uma orquestra sinfônica, e 
acreditava-se que seria possível implantar tais grupos musicais através do Conservatório 
de Música Joaquim Franco. Fica evidente nos termos dessa Lei de transferência que, 
além do compromisso em proporcionar formação superior, essa instituição universitária 
teria um prazo mínimo para a sua implementação.17 
O Conservatório, como unidade acadêmica, reabriu suas portas para os 
procedimentos de matrícula no ano de 1970, com base da Resolução Nº 75/70 - 
CONSUNI de 07/08/70, no entanto suas efetivas atividades de ensino foram retomadas 
somente a partir do segundo semestre de 1971, quando então o maestro Nivaldo 
Santiago já estava contratado para desenvolver suas atividades e contribuir efetivamente 
para implantação do Conservatório de Música Joaquim Franco do qual também foi seu 
diretor. 
Podemos destacar ainda, que 1972 o Conselho Universitário criou o 
Departamento de Música da Universidade, vinculado ao antigo Instituto de Letras e 
Artes hoje Instituto de Ciências Humanas e Letras, e o maestro Nivaldo Santiago foi seu 
primeiro chefe. Nesse ato de criação do Departamento de Música, o Conservatório de 
Música ”Joaquim Franco” passaria a ser subordinado à “administração e 
responsabilidade” desse departamento acadêmico. 
Em meados de 1979, uma novo momento se inicia na Universidade com 
implementação do Setor de Artes. Esse upgrade do conservatório nasce com a finalidade 
de ampliar e dar apoio às modalidades de artes que já estavam sendo desenvolvidas em 
cursos de extensão. Em função dos cursos de música e de artes já existentes no 
Conservatório de Música e a franca expansão do Setor de Artes, capitaneada pelo 
Maestro Santiago foi criado, em 1980, o Curso de Educação Artística, com duas 
habilitações: música e desenho. 
Com a extinção do Conservatório de Música Joaquim de Franco, mais tarde 
como Setor de Artes e finalmente como Centro de Artes, ampliou seu campo de ação, 
desencadeando um movimento artístico-cultural na cidade de Manaus e dando origem a 
vários projetos artísticos em execução no contexto manauara, como por exemplo o 
Núcleo Universitário de Dança Contemporânea, hoje desativado após mais de 15 anos 
de funcionamento, Núcleo de Teatro, Núcleo de Música de Câmera. Esses grupos 
tiveram grande repercussão não só na cidade de Manaus, mas em outros Estados da 
Federação, com ativa participação da comunidade universitária: alunos, professores e 
técnicos, em eventos de âmbito nacional e internacional. 
Podemos destacar ainda que o Maestro Nivaldo Santiago é considerado 
polêmico, uma vez que vem de uma época em que os corais eram sobretudo eruditos e 
ele foi um dos grandes responsáveis pela tentativa de introduzir no repertório coral 
músicas populares. Nesse sentido, desenvolveu para a música coral mais de cinquenta 
arranjos de música popular e folclórica brasileira, duas delas conquistaram espaços no 
 
 
 18 
Brasil e no exterior: “Prelúdio para ninar gente grande”, de Luiz Vieira e o “Tamba-
tajá”, de Waldemar Henrique. 
Portanto, lembrar do Maestro Nivaldo Santigo no contexto do SIMA – 
Simpósio Internacional de Música na Amazônia é uma estimada e justa homenagem a 
um professor que ao longo de sua carreira se dedicou a empreender e criar espaço para 
realização das Artes, pelo seu engajamento constante nos vários contextos onde atuou o 
Maestro Nivaldo Santiago instruiu e influenciou gerações de compositores, 
instrumentistas, cantores e Coralistas com a sua música e o seu trabalho, principalmente 
revitalizando a Música e as artes em Manaus e na Amazônia, além disso corrobora com 
a também justa homenagem homologada pelo Conselho Universitário da Universidade 
Federal do Amazonas por meio da Outorga do Título de Professor Emérito dessa 
Universidade. Permitam-me aqui destacar que esse que vos escreve é fruto direto desse 
trabalho, foi o trabalho do Maestro Nivaldo Santiago e do Coral Universitário que me 
preparou e trouxe para vida acadêmica, criou novos espaços e me possibilitou realizar 
estudos avançados, possibilitou ainda por meio do hoje Departamento de Artes a 
formação de mais 600 profissionais nas Áreas de Música e Artes Visuais. Por isso, 
nossas palavras finais são. Obrigado, Obrigado e Muito Obrigado!!! 
Prof. Dr. Jackson Colares da Silva 
Universidade Federal do Amazonas 
Departamento de Artes 
Coordenador do Curso de Música-Noturno 
 
 
 19 
PALESTRANTES CONVIDADOS 
 
Profa. Dra. Adina Izarra 
Universidad Simón Bolivar – Caracas –Venezuela 
Compositora venezuelana. PhD em composição pela Universidade 
de York, Inglaterra. Professora da Universidade Simón Bolívar, 
que atualmente é Chefe do Laboratório de Música Digital. Realiza 
pesquisas nas áreas de artes eletroacústica, com ênfase na 
interatividade, na composição colaborativa e em vídeo-arte. 
Recentemente concluiu residências em estudos CMMAS, em 
Morelia, no México (2013) e na Universidade de Huddersfield, 
Inglaterra (2014). É membro ativo da RedAsla Red de Arte Sonora 
Latina. 
 
 
 
Prof. Dr. Damian Keller 
Universidade Federal do Acre 
Possui doutorado em tecnologia e composição musical pela 
Universidade Stanford (2004) e mestrado interdisciplinar em 
arte pela Universidade Simon Fraser (1999). Realizou pós-
doutoramento em ciência da computação na Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul (2012). Atualmente é 
professor associado na Universidade Federal do Acre, onde 
lidera o grupo de pesquisa NAP - Núcleo Amazônico de 
Pesquisa Musical. Tem experiência nas áreas de computação 
musical, composição musical, cognição musical, interação humano-computador, atuando 
principalmente nos seguintes temas: música ubíqua, ecocomposição, design criativo, arte 
multimídia. É um dos fundadores da rede de pesquisa Grupo de Música Ubíqua, consultor ad 
hoc do CNPq e Fapesp, parecerista nos eventos científicos: ICMC, SBCM, Congresso da 
ANPPOM, ERIN3, ISMIR, SIMA, UbiMus, editor convidado nas revistas: Journal of New Music 
Research, Sonic Ideas, Journal of Cases on Information Technology. 
 
 
 20 
Profa. Dra. Luciane Cuervo 
Universidade Federal do Rio grande do Sul 
Docente da Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul, nos cursos de Música e Pedagogia. Coordena os 
projetos “Articulações entre Música, Educação e 
Neurociências” (PROPESQ/UFRGS) e “Educação 
Integral: Escolas da Paz” (UFRGS/MEC). Bacharel 
em Música e Mestre em Educação, realiza doutorado 
em Informática na Educação/UFRGS com pesquisas 
sobre o processamento neuronal da música e o papel 
das tecnologias. Dedica-se à interpretação de música 
antiga e contemporânea, tendo estreado diversas obras brasileiras. Gravou os CDs Sonetos e 
Amor e Morte (Fumproarte) e Octoeólio (Independente), incluindo obras especialmente criadas 
para estes projetos 
 
Prof. Dr. Felipe Kirst Adami 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
Compositor e pianista natural de Porto 
Alegre/RS, Felipe Kirst Adami é doutor em 
composição pela Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul, onde leciona nas áreas de 
composição e música popular. Como 
pesquisador, investiga os processos criativos da 
composição musical e a construção de objetos 
virtuais de aprendizagem para a 
instrumentação e orquestração. Suas obras têm 
sido executadas por renomados intérpretes na América Latina, Estados Unidos e Alemanha e 
gravadas em CDs como “Sonetos de Amor e Morte” (2002), da flautista doce Luciane Cuervo e 
“I” (2006), do violonista Paulo Inda. A partitura de sua composição “Variações sobre 
Daphne”, gravada no CD “Octoeólio”, foi lançada pela editora alemã “Tre Fontane”, em 
2009. Tem intensa participação em eventos de música contemporânea, como compositor, 
intérprete e pesquisador, destacando-se o VII Encompor (Porto Alegre, 2001), onde seu 
Concerto para Piano, estreado pelo pianista André Loss com a Orquestra da Unisinos, foi a 
obra de encerramento, e a XVIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea (Rio de Janeiro, 
2009), na qual sua obra Pontos de Bifurcação, estreada pela Orquestra Sinfônica Nacional foi 
 
 
 21 
a obra de abertura. Em 2008 foi vencedor da “Bolsa de Incentivo à Criação 
Artística/Composição” da FUNARTE (Fundação Nacional de Artes do Brasil), sendo 
comissionado a compor a obra “Sinfonia Sistêmica”,para grande orquestra. Atualmente 
coordena e rege o InCoMuN Ensemble, grupo de música contemporânea da UFRGS voltado a 
interpretação de música nova e a improvisação guiada. 
 
Profa. Dra. Anelise Sonza 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
Possui graduação (Bacharelado) em Fisioterapia pela 
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC (2001), 
mestrado em Ciências do Movimento Humano pela UDESC 
(2004) e doutorado em Neurociências pela Universidade Federal 
do Rio Grande do Sul (UFRGS) (2014). Doutorado em com 
cooperação internacional pela University of Calgary - Canada 
(2011-2012) e doutorado sanduíche pela Universidade de 
Duisburg-Essen - Alemanha (2013-2014). Atualmente faz estágio 
de livre docência (pós-doutorado) pela Universidade Federal de 
Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Professora 
colaboradora - contratada da Universidade do Estado de Santa 
Catarina (de 2005 a 2010) e Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) (2009 a 2010). 
Atuou como professora do curso de bacharelado em piano e violino – UDESC (Bases anátomo-
fisiológicas do movimento) e curso de extensão Música e Cérebro pela UFRGS. Pesquisadora 
parceira da Nike Inc. de 2004 a 2008. Especialista em Acupuntura, atuando principalmente nos 
seguintes temas de pesquisa: vibração de corpo inteiro, mecanorreceptores, efeitos pós-
vibratórios, dor, sensibilidade cutânea, neuroanatomia, biomecânica. 
 
 
 
 
 22 
Nerine Lúcia Alves de Carvalho 
PROTEC – Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica 
OBEC/AM – Observatório da Economia Criativa/Amazonas 
Possui graduação em Processamento de Dados pela 
Universidade Federal do Amazonas (1992). Atualmente é 
analista de Tecnologia da Informação na UFAM. Possui 
Mestrado em Engenharia de Produção com pesquisa em 
Modelagem de Processos de Negócio. 
 
 
 
 
 
 
Profa. Dra. Líliam Barros 
Universidade Federal do Pará 
Possui graduação em Bacharelado Em Música Piano pela 
Universidade Estadual do Pará (2000), mestrado em 
Etnomusicologia pela Universidade Federal da Bahia 
(2003), doutorado em Etnomusicologia pela Universidade 
Federal da Bahia (2006) e Pós-Doutorado em Antropologia 
pela Universidade de Brasília (2009). Atualmente é 
professora da Universidade Federal do Pará. Tem 
experiência na área de Música, com ênfase em 
Etnomusicologia. 
 
 
 
 
 
 
 23 
Profa. Dra. Deise Lucy Montardo 
UFAM, INCT BRASIL PLURAL (Cnpq/Fapeam/Fapesc) 
Graduada em Ciências Sociais pela UFSC, Mestre 
em Arqueologia pela PUC/RS e Doutora em 
Antropologia Social, pela USP. Foi pesquisadora 
do Museu Universitário da UFSC e atualmente é 
Professora Adjunta de Antropologia na UFAM. 
Realiza pesquisa sobre antropologia da música 
Guarani desde 1995, publicou o livro “Através do 
Mbaraka: música e xamanismo guarani”, pela 
editora da USP em 2009, editou o dossiê especial “ 
Objetos sonoros-visuais ameríndios” na Revista 
Trans - Revista Transcultural de Música, TRANS 
15 (2011), entre outras publicações. Atualmente é presidente da Associação Brasileira de 
Etnomusicologia (ABET). 
 
Prof. Dr. Bernardo Mesquita 
Universidade do Estado do Amazonas 
Doutor em Etnomusicologia pela Universidade Federal da 
Bahia (UFBA. 2014). Compositor, Baterista e percussionista, 
também têm experiência na área de Educação Musical, 
Música Popular tradicional e urbana. Como pesquisador 
atua principalmente nos seguintes temas: Música popular na 
Amazônia, Carimbó, Guitarrada, Música Afro-caribenha, 
hibridismo cultural e o fenômeno da canção engajada 
brasileira na década de 60. Atualmente, é professor de 
Etnomusicologia no Curso de Música da Universidade do 
Estado do Amazonas, UEA. 
 
 
 
 
 24 
Profa. Dra. Valéria Cristina Marques 
Universidade Federal do Pará 
Bacharel em Piano pela UNICAMP e Doutora 
em Educação Musical pela Universidade 
Federal da Bahia. Professora do Curso de 
Licenciatura em Música da Universidade 
Federal do Pará desde 1994 do qual foi 
Coordenadora e posteriormente Diretora da 
Escola de Música da UFPA. Produziu e 
apresentou programas de rádio, tendo 
participado como pianista, durante um ano, do 
Programa Allegro da TV Cultura – São Paulo. 
Participou de conjuntos e orquestras barrocas como cravista. Compôs obras para teatro. Foi 
coordenadora do Programa Arte, Cultura e Lazer nos Hospitais da Secretaria de Estado de São 
Paulo. Atualmente coordena grupo de pesquisa sobre leitura musical, tema ao qual se dedica 
desde 2000. 
 
Prof. Dr. Rucker Bezerra de Queiroz 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
Graduado pela UFPB (1991), Mestre (2002) e 
Doutor pela Unicamp - SP, é professor efetivo de 
violino da Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte, spalla da Orquestra Sinfônica da 
AMUSA-PB e spalla da Orquestra Filarmonia-
RJ. Foi aluno de Yerko Pinto, Andzej Grabiec e 
Erick Friedman. Foi solista de várias orquestras 
no Brasil atuando com regentes como Eleazar de 
Carvalho, Elena Herrera, Carlos Veiga, Per 
Brevig, Paolo Bellomia, dentre outros. Apresentou recitais em todo Brasil, nos Estados Unidos e 
Itália. É membro fundador do Quinteto Uirapuru. Vencedor do prêmio Tim, categoria música 
instrumental com o CD Sivuca & Quinteto Uirapuru. 
 
 
 
 
 
 25 
Maestro Adroaldo Cauduro 
Universidade do Estado do Amazonas - UEA 
 
Mestre em Artes-Música/Regência pela Eastern 
Illinois University nos Estados Unidos e estudou 
Condução Sinfônica e Ópera no Conservatório 
Rimsky-Korsakov em São Petersburgo, Rússia. O 
maestro é Bacharel em Engenharia Civil pela 
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande 
do Sul (PUCRS) e em Música – Regência pela 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
(UFRGS).O maestro tem desenvolvido sua carreira como regente de coro e orquestra no Brasil 
e no exterior, bem como professor, instrumentista e compositor. É professor das disciplinas 
Regência Coral, Regência Orquestral do curso de Música e Voz e Movimento do curso de 
Teatro, bem como é o Maestro Titular da Orquestra Sinfônica e do Madrigal Amazonas da 
Universidade do Estado do Amazonas - UEA. Como compositor é autor do Livro “Cantando o 
Imáginário do Poeta” que traz à cena poemas do poeta Mario Quintana musicados para coro 
misto (SCTB) a cappella. Lançou em agosto de 2014 o livro “Cantando Poetas Ibero-
Americanos”. Trata-se de poemas dos poetas amazonenses Elson Farias, Luiz Bacellar, Tenório 
Telles e Thiago de Mello, do poeta gaúcho carlos Nejar, do poeta português Fernando Pessoa e 
do poeta espanhol Federico Garcia Lorca musicados para orquestra de cordas, coro, cantores 
solistas e músicos convidados. Apresenta o programa semanal “Conversando com o Maestro” 
na TV e Rádio Cultura do Amazonas. 
 
Prof. Dr. Eduardo Nóbrega 
Universidade Federal da Paraíba 
 
Possui graduação em Educação Artística / habilitação 
em música pela Universidade Federal da Paraíba 
(1980). BACHAREL EM MUSICA ( PEFORMACE - 
FAGOTE) pela Universidade Federal da paraíba. 
mestre em Etnomusicologia pelo programa de Pós-
Graduação do Departamento de Musica da UFPB. 
 
 
 26 
Kalinka Damiani 
Soprano Brasileira 
Graduada em Música pela Udesc, aperfeiçoou-se com 
a renomada professora Neyde Thomas em Curitiba, no 
Bacharelado em Canto e no curso de Especialização 
em Performance em Canto da EMBAP, estudando 
também com Martha Herr, Niza Tank, Carol McDavid 
e Luiz Senise. Foi integrante do projeto “Tela 
Lírica”, intercâmbio do Centro Cultural Teatro 
Guaíra e Universidade e Conservatório de Adria, 
Itália. 
Premiações: Melhor Soprano Leggero, 
Melhor Intérprete de Mozart e Prêmio do Público no 
Concurso Maria Callas; 1° lugar e Troféu ABAL no 
Concurso Carlos Gomes; 1º Prêmio no Concurso Aldo 
Baldin. 
Protagonizou Inúmeras óperas no Brasil e exterior destaque para Rainha da Noite no 
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, La Traviata no Teatro Argentino de La Plata, e Lucia di 
Lammermoor na Temporada de Ópera de Medellin.Integra o corpo docente do Encontro de Cantores de Curitiba, Festival de Música de 
Londrina, Oficina de Música de Curitiba e Semana de Música da UFAM. É idealizadora e 
orientadora do projeto "Pisando no Palco" de estudo de repertório e performance 
e orientadora vocal do grupo de música antiga "Cantus Firmus ". Diretora e cantora do projeto 
“Cantigas” de resgate das melodias de roda harmonizadas por Villa Lobos. Projeto 
contemplado pela Funarte em 2014. 
Solista do cd "Carmina Burana" recentemente lançado na Alemanha com a Camerata Antíqua 
de Curitiba e Carmina Mundi sob regência de Harald Nickoll e do DVD “Madrigali d’Amore” 
com o grupo de música antiga Cantus Firmus. 
 
Convidada artística principal da Abertura do III SIMA no Teatro Amazonas. 
Direção musical e cênica da Obra Bastien und Bastienne de Mozart. 
Masterclass de canto. 
 
 
 27 
Prof. Dr. Hermes Coelho 
UNICAMP 
 
É Maestro e Compositor, Doutor em 
Música/Regência pelo Instituto de Artes da 
Unicamp, onde também recebeu o título de 
Mestre em Música. É graduado em 
composição e regência pela Universidade 
FMU- FIAM- FAAM. Em 2008 venceu o 
concurso para regente titular da Orquestra 
Sinfônica de Americana e tem atuado 
frente a diversas orquestras: Sinfônica da 
Unicamp, Sinfônica de Sorocaba, Sinfônica 
de Americana, Sinfônica de Bragança 
Paulista, L’estro Armonico de São Paulo e 
Orquestra de Câmara do Amazonas. Em 2006 e 2010 esteve em Stuttgart-Alemanha regendo o 
Gärchinger Kantorei und Bach-Collegium Stuttgart sob orientação de Helmut Rilling. Em 2013 
regeu, como convidado, o Coral do Amazonas no Teatro Amazonas em Manaus, onde também 
ministrou Workshop de Regência. Em Campinas recebeu a medalha Carlos Gomes, nos anos de 
2000, 2003, 2006 e 2013, e em 2005 o Diploma de Honra ao Mérito "Herbert de Souza - 
Betinho" outorgados pela Câmara Municipal. Atualmente é regente associado dos corpos 
artísticos do Teatro Amazonas, em Manaus; professor de regência no curso de Pós-graduação 
em regência da Faculdade Mozarteum de São Paulo; diretor artístico da Associações Canto 
Coral Exsultate e Orquestra e Coral Ars Musicalis de Campinas e regente do Coral do Círculo 
Militar de Campinas. 
 
Robério Braga 
Secretário de Estado de Cultura 
 
Robério dos Santos Pereira Braga, Secretário de Estado 
de Cultura, professor e advogado, mestre em Direito 
pela Universidade do Estado do Amazonas e doutorando 
pela Universidade Illas Baleares, Espanha, é escritor e 
membro do Instituto Geográfico e Histórico do 
Amazonas e da Academia Amazonense de Letras. 
 
 
 
 28 
 
 
 
 
 
 
 
Comunicação oral 
Comitê científico 
 
 
 29 
Índice de Conteúdos 
 
Educação Musical……………………………………………..………………………32 
 
Caroline Caregnato. O desenvolvimento da abstração e suas implicações para o 
desenvolvimento da percepção musical..........................................................................33 
 
Jordanna Duarte. O estágio supervisionado em música à distância: estrutura curricular 
da UnB e o olhar dos alunos dos polos de Sena Madureira/AC e Cruzeiro do 
Sul/AC………………………………………………………………………………….42 
 
Marcos T. S. Melo, Damián Keller, Ana E. B. Barros, Floriano Pinheiro da Silva. 
Guitarreando: estudo do suporte visual, sonoro e simbólico para o ensino de 
violão…………………………………………………………………………………...51 
 
Jefferson T. S. M. Silva. Metodologia Dalcroze: uma ação de extensão na UFRR……59 
 
Edna Andrade Soares. Ações de extensão: relato de experiência coral em projeto de 
extensão universitária…………………………………………………..………………65 
 
Lia Braga Vieira. Educação musical em pedagogias sociais do cotidiano……………..73 
 
 
Etnomusicologia……………………………………………………………………….81 
 
Selmo Azevedo Apontes. A congada de Vila Bela do Mato Grosso e a importância 
linguística da performance musical…………………………………………………….82 
 
Sonia Chada. Tecnobrega: música eletrônica em Belém do Pará………………………93 
 
Dayse Maria Puget. Os blocos e as Escolas de Samba: a resistência do carnaval em 
Belém do Pará…………………………………………………………………………101 
 
Rucker Bezerra de Queiroz, Samuel Cavalcanti Correia. E a música Armorial 
continua...: trajetória e atualidade em breves considerações………………………….113 
 
Rucker Bezerra de Queiroz, Samuel Cavalcanti Correia. A composição no movimento 
Armorial: Laconismo e Escritura de um Toré………………………………………...123 
 
Rafael Severiano. Música indígena e processos de educação: Saberes musicais da 
sociedade tupinambá na Amazônia do Brasil colonial……..…………………………132 
 
 
Musicologia Histórica………………………………………………………………..141 
 
Vicente Casanova de Almeida. O éthos diastáltico e a exaltação patética em música no 
discurso de Claudio Monteverdi (1638)………………………………………………142 
 
 
 
 30 
Mário Alexandre Dantas Barbosa. Ensino institucional e demanda composicional: a 
produção coral de Otávio Meneleu Campos (1872-1927) para o Conservatório Carlos 
Gomes…………………………………………………………………………………158 
 
Fernando Lacerda Simões Duarte. Prometeu em tempos de romanização: o impacto dos 
órgãos eletrônicos na música litúrgica católica anterior ao concílio vaticano II……...168 
 
José Ruy Henderson Filho, Rodrigo Gabriel Ramos Rodrigues. Memórias musicais da 
Amazônia: catalogação e edição de partituras para banda de música do início do século 
XX...…………………………………………………………………………………..183 
 
Gabriel S. Lima, Márcio L. F. R. Páscoa. Precipício de Faetonte, do Judeu a Cyrillo 
Machado: análise iconográfica para fins paleográficos na reconstrução na parte de viola 
e canto da ária “Naquela Deidade Galharda”…………………………………………192 
 
 
Musicologia do Século XX…………………………………………………………..206 
 
Alexandre José de Abreu. Construindo o templo, música para catedral de Campinas 
como índice para um estudo da recepção……………………………………………..207 
 
Neil Armstrong, Q. Natividad, Lucyanne de M. Afonso, João G. Kienen. O Centenário 
musical do Boi Caprichoso (1913-2013)……………………………………………...213 
 
Gustavo Frosi Benetti. Guilherme de Mello. Música no Brasil: uma análise sobre a 
publicação reeditada por Luiz Heitor (1947)………………………………………….230 
 
Grazeane de B. Froz, Lucyanne de M. Afonso. A trajetória artística de Teixeira de 
Manaus………………………………………………………………………………...236 
 
Ernesto Frederico Hartmann. Cláudio Santoro e o Nacionalismo na perspectiva do 
Realismo Socialismo. Uma análise do uso da escala pentatônica na Sonata nº3 (1955) 
para piano……………………………………………………………………………..256 
 
João Gustavo Kienen. Campo, cotidiano e não-cotidiano na construção da música 
nacionalista……………………………………………………………………………270 
 
Ricardo L. Kubala, Bárbara de Souza. O dodecafonismo e o papel do solista no choro 
para viola e orquestra de Camargo Guarnieri…………………………………………277 
 
João de Deus Vieira de Oliveira. Domingos Lima: uma historiografia do mago do 
violão...………………………………………………………………………………..290 
 
Eliana Asano Ramos, Maria José Dias Carrasqueira de Moraes. Interação texto e música 
na canção A Chácara do Chico Bolacha de Ernst Mahle……………………………...298 
 
Rodrigo A. S. Santos, Helena Jank, Paulo A. Ronqui. Os trombones de Sant´Anna 
Gomes: um estudo sobre a utilização dos trombones nas composições Valsa Club 
Campineiro, Polka sem Fim Polka Filuta……………………………………………..306 
 
 
 
 
 31 
Performance Musical………………………………………………………………..317 
 
Áureo D. de Freitas Júnior, Letícia S. Silva, João P. S. Nobre, Danihellen P. Siqueira, 
Ana B. Malheiros, Jonatas Araújo. A educação musical como forma de intervenção com 
alunos com dificuldades de aprendizagem do projeto violino e viola em grupo……..318 
 
André A. Gaby. A pesquisa do canto gregoriano no século XX: implicações em sua 
prática interpretativa…………………………………………………………………..327 
 
César A. Diniz Silva. A Orquestra sinfônica enquanto campo de trabalho: considerações 
sobre a gestão estatal………………………………………………………………….341 
 
Israel Victor L. Silva, Rucker Bezerra de Queiroz. Aspectos técnicos-interpretativos da 
Sonata nº2 de Guerra-Peixe: a importância dasobras brasileiras pós 1950 para 
violino……………………………………………………………………………...….354 
 
 
Práticas Criativas……………………………………………………………………364 
 
Anselmo Guerra. Produção brasileira no contexto da música eletroacústica na América 
Latina: ontem e hoje…………………………………………………………………..365 
 
Damián Keller, Ariadna Capasso, Patricia Tinajero. Prácticas creativas cognitivo-
ecológicas. (Em espanhol)…………………………………………………………….377 
 
Max Packer. Primeira leitura: o comentário composicional apócrifa…………………392 
 
Alex Pochat. Feira de São Joaquim: um campo do compor…………………………..404 
 
Edemilson Ferreira, Damián Keller, Flávio Miranda de Farias, Floriano Pinheiro da 
Silva, Victor Lazzarini, Marcelo Soares Pimenta, Maria Helena de Lima, Leandro L. 
Costalonga, Marcelo Johann. Criatividade musical cotidiana: engajamento, esforço 
cognitivo e personalidade……………………………………………………………..412 
 
 
 
 32 
 
 
 
 
Educação Musical 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33 
O desenvolvimento da abstração e suas implicações para o 
desenvolvimento da Percepção Musical 
Caroline Caregnato1 
1Escola Superior de Artes e Turismo – Universidade do Estado do Amazonas (UEA) 
Manaus – AM 
Instituto de Artes – Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) 
Campinas - SP 
carolinecaregnato@gmail.com 
 
Resumo. O conceito de “abstração”, cunhado por Piaget, se refere a uma espécie de “leitura” 
da realidade. Acreditamos que o processo de identificação e notação de estruturas musicais, 
que ocorre durante os exercícios aplicados no ensino de Percepção Musical, depende da 
realização de abstrações. O objetivo deste trabalho é estudar o desenvolvimento da abstração 
e, consequentemente, o desenvolvimento da identificação e notação de estruturas musicais. De 
acordo com o levantamento teórico realizado, esses desenvolvimentos ocorrem em três etapas, 
marcadas pelas abstrações empíricas, pseudo-empíricas, reflexionantes e refletidas, ao longo 
das quais o sujeito desenvolve o seu modo de compreender a realidade e a música. 
Abstract. The concept of "abstraction", coined by Piaget, refers to a kind of "reading" of the 
reality. We believe that the process of identification and notation of musical structures that 
occurs during exercises applied in Ear Training teaching depends on the realization of 
abstractions. The aim of this work is to identify the development of abstraction and 
consequently the development of identification and notation of musical structures. According to 
the theoretical survey conducted, these developments occur in three stages, marked by 
empirical, pseudo-empirical, reflexive and reflected abstractions, along which the subject 
develops his way of understanding reality and music. 
1. Introdução 
O termo “abstração” se constitui em um conceito tomado de empréstimo da Psicologia 
Cognitiva. Mais especificamente, o referencial que embasa a construção deste trabalho e 
do qual retiramos a definição para o termo é a Epistemologia Genética, teoria criada por 
Jean Piaget. 
 Este artigo se constitui em um recorte da tese de doutorado de sua autora, ainda 
em fase de produção, e busca relacionar o conceito piagetiano de abstração com o 
desenvolvimento de saberes dentro do contexto de aprendizagem de Percepção Musical. 
Como aponta um levantamento realizado por Otutumi e Goldemberg (2008), a 
disciplina de Percepção Musical (às vezes apresentada sob outras nomenclaturas, como 
“Treinamento Auditivo”) está presente na maior parte dos cursos de Graduação em 
Música do país. As atividades realizadas dentro do contexto dessa disciplina geralmente 
abordam a identificação de estruturas musicais e sua escrita, através da realização de 
ditados, bem como abordam a leitura musical, por meio de exercícios de solfejo. 
 Neste artigo iremos nos focar, mais especificamente, sobre o desenvolvimento 
da identificação e notação de estruturas musicais, deixando em aberto a questão da 
leitura musical, também envolvida na Percepção Musical, para que ela seja abordada em 
trabalhos futuros. Segundo nossa leitura, o processo de identificação e notação de 
estruturas musicais, que ocorre durante os exercícios de ditado aplicados no ensino de 
Percepção Musical, depende da realização de abstrações. Para Piaget (1995), uma 
abstração se constitui em uma espécie de “leitura” ou interpretação da realidade. 
 
 
 34 
 O objetivo deste trabalho é estudar o possível processo de desenvolvimento da 
abstração e, consequentemente, o processo de desenvolvimento que conduz à 
identificação e notação de estruturas musicais durante a aprendizagem de Percepção 
Musical. Deste modo, o que apresentamos neste artigo são hipóteses de 
desenvolvimento, cunhadas a partir do contato com a teoria piagetiana. Essas hipóteses 
encontram-se em fase de validação, por meio de um estudo ainda em andamento, 
realizado com estudantes de Percepção Musical e músicos profissionais. 
 Acreditamos que este trabalho pode vir a elucidar o modo como ocorre o 
desenvolvimento das competências envolvidas na aprendizagem de Percepção Musical, 
vindo assim a contribuir para a construção de propostas de ensino dentro do contexto 
dessa disciplina que respeitem o modo como ocorre o desenvolvimento do estudante e, 
ao mesmo tempo, impulsionem novas aprendizagens. 
 Ao longo de seus estudos, Piaget (1995) observou a existência de diferentes 
tipos de abstração. Esse autor observou ainda que cada um desses tipos é característico 
de algum dos momentos do desenvolvimento dos sujeitos. Iniciaremos este artigo 
expondo brevemente os tipos de abstração observados por Piaget (1995). Para maiores 
informações sobre o assunto e sobre o modo como as abstrações se relacionam com a 
Percepção Musical, o leitor poderá ser indicado ao trabalho que dedicamos ao assunto 
(CAREGNATO, 2013). Em seguida, voltar-nos-emos ao tema do desenvolvimento das 
abstrações e suas relações com a Percepção Musical, que é efetivamente a que nos 
dedicamos neste trabalho. 
2. Os tipos de abstração segundo a teoria piagetiana 
De acordo com Piaget (1995, p. 5-6), existem abstrações de tipo empírico, 
reflexionante, refletido e pseudo-empírico. 
 As abstrações empíricas são dirigidas aos aspectos materiais dos objetos, se 
construindo sobre conteúdos, que podem ser entendidos dentro da teoria piagetiana 
como as características de um objeto (BATTRO, 1978, p. 65). Dessa forma, as 
abstrações empíricas recolhem características que estão contidas nas coisas que nos 
cercam (PIAGET, 1995, p. 5). Aspectos como a cor dos objetos, ou mesmo as alturas 
emitidas pelos instrumentos musicais, podem ser alvo da abstração empírica. 
 Enquanto a abstração empírica “retira sua informação dos objetos [grifo nosso]” 
(PIAGET, 1995, p. 141), a abstrações reflexionante insere informações nos objetos 
graças a uma ação do pensamento do sujeito. A introdução da quantidade, por exemplo, 
ocorre por força da abstração reflexionante, já que os números não são uma qualidade 
dos objetos, mas uma informação introduzida neles pelo pensamento do sujeito que 
conta. A atribuição de nomes (Dó, Ré, Mi, etc) às frequências sonoras também parece 
ser fruto de abstrações reflexionantes. 
 A abstração reflexionante atua a partir do estabelecimento de relações entre as 
características dos objetos. Desse modo, ela não se constrói sobre conteúdos, mas sobre 
formas, ou seja, sobre o que poderíamos chamar de “lei de organização” dos objetos 
(PIAGET, 1995, p. 166). 
 De acordo com Piaget (1995, p. 250), a abstração reflexionante é composta por 
dois processos: pelo reflexionamento, que retira as informações do plano do real, 
levando-as ao plano do pensamento; e pela reflexão, que integra, reorganiza e reconstrói 
as informações dadas pelo reflexionamento dentro do pensamento. 
 
 
 35 
 Ainda de acordo com Piaget (1995, p. 6), é possível que reflexões sejam 
construídas sobre reflexões já estabelecidas, dando origem aoque foi denominado de 
abstração refletida. Essa abstração leva a comparações entre objetos e à testagem de 
hipóteses de explicação para acontecimentos e a sua compreensão (PIAGET, 1995, p. 
175, 193, 251-252, 280). A abstração refletida parece atuar no relacionamento entre 
notas e ritmos, necessário para a escrita de uma melodia, por exemplo. 
 Por fim, o último tipo de abstração mencionado por Piaget (1995, p. 6) é a 
abstração pseudo-empírica, que permite ao sujeito inserir propriedades nos objetos 
como ocorre com o uso da abstração reflexionante, mas valendo-se de observáveis 
exteriores ao indivíduo e não apenas do seu pensamento, como ocorre durante a 
abstração empírica. Este tipo de abstração parece estar em curso quando os sujeitos se 
utilizam do apoio de um instrumento musical para a atribuição de nomes de notas às 
alturas de uma melodia. 
3. O desenvolvimento da abstração e a identificação e notação de estruturas 
musicais dentro do contexto da Percepção Musical 
 Piaget (1995) observou o desenvolvimento da abstração através de uma série de 
experimentos diferentes. Na sequência iremos apresentar uma exposição de alguns 
desses estudos a fim de buscar traçar as linhas gerais do desenvolvimento da abstração 
segundo a visão piagetiana. Em paralelo a essa exposição, iremos buscar tecer 
inferências sobre como esse desenvolvimento da abstração poderia ser observado no 
caso da identificação de estruturas musicais e da sua notação, que ocorre no contexto de 
aprendizagem da Percepção Musical. 
 Ao longo de seus experimentos sobre a abstração, Piaget (1995) observou a 
existência de basicamente três estágios ou etapas de desenvolvimento denominadas 
simplesmente de etapas I, II e III. Essas etapas são por vezes subdivididas em dois 
níveis (níveis A e B) que guardam semelhanças entre si. A fim de objetivar a exposição 
a seguir, iremos nos referir apenas às três etapas de modo mais amplo (mesmo porque, 
na maioria dos experimentos, a subdivisão de uma etapa se deve a questões específicas 
do estudo e do problema que está sendo analisado): uma etapa inicial de 
desenvolvimento, outra intermediária, e a etapa final. 
 Piaget (1995, p. 180, 184-185) observou que no estágio inicial de 
desenvolvimento ocorrem predominantemente abstrações empíricas. Esse tipo de 
abstração não permite que ocorra compreensão de alguns eventos. De acordo com um 
dos experimentos realizados por esse autor, a compreensão não se torna possível nem 
mesmo com o auxílio de outra pessoa, durante esta fase inicial. Isso ocorre porque a 
abstração empírica – que é praticamente o único tipo de abstração realizada nos 
momentos iniciais do desenvolvimento – é ainda um tipo de abstração muito limitado, 
que não busca inserir elementos no evento (como a causa do evento) que não sejam 
observáveis de forma direta. Assim sendo, a abstração empírica é limitada porque não 
leva à compreensão. Esse tipo de abstração tampouco conduz à aprendizagem, por isso, 
qualquer ajuda que seja fornecida ao sujeito não será “aproveitada” enquanto a 
abstração empírica se mantiver reinante (PIAGET, 1995, p. 184). 
 Podemos ensaiar uma aplicação dessas ideias de Piaget (1995) ao campo da 
Percepção Musical: em uma atividade de notação de uma dada música ou excerto 
ouvido, não basta fornecer as respostas do que foi percebido ao sujeito se este indivíduo 
se mantiver preso à realização de abstrações empíricas. Dificilmente o sujeito irá 
formular alguma aprendizagem a partir do que lhe foi demonstrado. Se o sujeito ainda 
 
 
 36 
estiver preso a abstrações empíricas, que se limitam à observação dos resultados, 
também dificilmente ele irá compreender de fato a situação que foi posta. Relembrando: 
a abstração empírica não é um instrumento suficientemente desenvolvido a ponto de 
permitir a aprendizagem ou a compreensão. 
 Apenas a abstração reflexionante é capaz de permitir a compreensão dos fatos e 
de gerar aprendizagens. Pensamos que o professor de Percepção Musical precisa 
estimular o desenvolvimento deste tipo de abstração (e dos posteriores) no aluno. No 
experimento de Piaget (1995, p. 181-184) que estamos relatando, a abstração 
reflexionante começa a se destacar na segunda fase de desenvolvimento – embora já 
existam esboços de abstração reflexionante nos momentos iniciais, em que há primazia 
da abstração empírica (PIAGET, 1995, p. 272). Nesse momento surgem os primeiros 
indícios de compreensão, mas inicialmente apenas após tentativas ou “tateamentos”, ou 
seja, não de modo imediato. Essa compreensão nascente, contudo, ainda não é 
completa, pois esbarra em abstrações refletidas que ainda são insuficientes. 
 No caso da notação musical, podemos inferir que “tateamentos” como repetir 
por meio do canto o que foi ouvido, ou identificar alturas musicais com a ajuda de um 
instrumento, são característicos dessa fase intermediária de desenvolvimento. 
Acreditamos que os professores de Percepção Musical podem estimular seus alunos a 
utilizarem esses recursos, ao invés de limitá-los, como frequentemente ocorre. Como, 
nesse nível, a compreensão ainda não é completa por falta de reflexão adequada, 
condutas como a classificação errada de acordes, intervalos, ritmos, etc, também podem 
ser características de uma fase intermediária de desenvolvimento musical. 
 Esses “tateamentos” a que nos referimos parecem ser característicos de 
abstrações pseudo-empíricas. De fato, Piaget (1995, p. 141-148) observou que a 
abstração pseudo-empírica se manifesta em fases intermediárias do desenvolvimento. 
De acordo com as observações desse autor, a abstração pseudo-empírica antecede a 
realização de abstrações reflexionantes puras durante o desenvolvimento. Desse modo, 
o contato com o objeto que se busca abstrair e a realização de ações sobre este objeto, 
em curso durante atividades de abstração pseudo-empírica, são as bases para a 
realização de abstrações reflexionantes, focadas apenas no exame ou em ações 
imaginadas e não na ação concreta. 
 Estendendo essa observação para o caso da Percepção Musical, parece provável 
então que a realização de ações características da abstração pseudo-empírica, como 
identificar um som por meio do canto ou com o auxílio de um instrumento, sejam ações 
de fato intermediárias, necessárias no processo de desenvolvimento, uma vez que essas 
ações concretas, realizadas sobre os objetos que se busca abstrair, são ações necessárias 
para que ocorram futuras “ações mentais”, completamente internalizadas, características 
da abstração reflexionante, e para que o indivíduo possa, finalmente, se libertar da 
necessidade de um apoio concreto. Acreditamos, portanto, que se o professor de 
Percepção Musical não “queimar etapas” no desenvolvimento do aluno e estimulá-lo a 
superar a realização de abstrações pseudo-empíricas assim que possível, não existirão 
motivos para temer a dependência eterna do estudante ao uso de um instrumento 
musical ou do canto como apoio. Essas condutas tendem a ser superadas à medida em 
que ocorre o desenvolvimento. 
 Retomando o experimento de Piaget (1995, p. 176-177) a que nos referíamos 
inicialmente, no último estágio do desenvolvimento ocorre avanço na comparação entre 
duas situações, possível graças a abstrações refletidas mais apuradas, e surge uma 
compreensão também mais precisa da realidade. No caso da notação musical, é possível 
 
 
 37 
que nesse estágio o sujeito obtenha pleno êxito ao identificar o que foi ouvido. Esse 
êxito pode ser devido a avanços no sentido da coordenação (ou da comparação), que 
permitem, por exemplo, um estabelecimento de relações mais precisas entre conceitos 
que o sujeito possua e sons recentemente ouvidos. 
 Em um experimento diferente deste último, Piaget (1995, p.204-205) observou 
resultados semelhantes. Esse autor também verificou que o primeiro estágio de 
desenvolvimento é marcado pela realização de abstrações empíricas variadas, contudo,mal coordenadas entre si. Essa falha na coordenação pode levar o indivíduo a leituras 
equivocadas de aspectos observados (voltaremos novamente a esse ponto). Parece 
possível supor que, na notação de músicas ouvidas, o prevalecimento de abstrações 
empíricas mal coordenadas pode conduzir à percepção, por exemplo, de escalas 
ascendentes em lugar de escalas descentes, ou vice-versa. Essa inversão pode ser 
resultado de duas abstrações empíricas, centradas sobre a nota inicial e final daquilo que 
foi ouvido, mas mal coordenadas (mal relacionadas) entre si. 
 Essas dificuldades na coordenação são parcialmente superadas ao longo da fase 
intermediária de desenvolvimento, em que se manifesta uma abstração reflexionante 
mais ativa, por vezes ainda baseada em abstrações pseudo-empíricas (PIAGET, 1995, p. 
204-205). 
 Piaget (1995, p. 204-205) observou, durante essa segunda fase, algumas 
tentativas de superação da necessidade de utilização de abstrações pseudo-empíricas 
através do uso de reflexões ainda não perfeitamente desenvolvidas. O uso de reflexões 
ainda incompletas pode conduzir a leituras equivocadas. Essas leituras também ocorrem 
por falta de uma verificação empírica que seja capaz de constatar a impossibilidade de 
que a realidade seja organizada do modo como o sujeito supõe. 
 No caso da Percepção Musical – voltando à questão do equívoco de direção 
mencionado acima – é possível também que uma escala, por exemplo, seja conceituada 
de modo invertido porque houve uma coordenação entre a nota mais grave e mais 
aguda, contudo resultado de uma reflexão não suficientemente desenvolvida e de uma 
falta de retomada do que foi ouvido (de constatação empírica através do canto, por 
exemplo, ou de nova audição) que permitisse a verificação do equívoco. 
 Piaget (1995, p. 273) observou que uma das grandes tendências dessa segunda 
fase rumo ao terceiro momento do desenvolvimento, especialmente quando se trata de 
abstrair aspectos espaciais da realidade, é o estabelecimento de trocas contínuas entre a 
abstração empírica e a abstração reflexionante. Ao longo da segunda fase, a abstração 
empírica fornece os dados indispensáveis para que a abstração reflexionante ocorra, pois 
não se pode compreender uma realidade que não tenha sido constatada por abstração 
empírica; e a abstração reflexionante, por sua vez, volta a recorrer à abstração empírica 
no momento em que se torna necessária a comprovação das hipóteses formuladas (pela 
abstração reflexionante). Em síntese, nesse momento do desenvolvimento a abstração 
reflexionante passa a se servir dos dados sobre as propriedades do objeto, que são 
fornecidos pela abstração empírica, para verificar a validade de seus “produtos”. 
 Por fim, no último estágio de desenvolvimento observado por Piaget (1995, p. 
205) através do experimento a que nos referíamos, ocorrem reflexões sobre reflexões 
anteriores, ou seja, manifestam-se abstrações refletidas em estado mais desenvolvido. A 
reflexão é capaz de corrigir equívocos de leitura manifestos em fases anteriores do 
desenvolvimento. 
 Em outro conjunto de observações, Piaget (1995, p. 179) constatou que a 
abstração refletida sempre se apoia sobre abstrações reflexionantes anteriores. 
 
 
 38 
Abstrações refletidas uma vez realizadas também podem servir de base para futuras 
abstrações refletidas. Assim sendo, as abstrações reflexionantes antecedem as abstrações 
refletidas durante o desenvolvimento, e abstrações refletidas de caráter mais elementar 
também podem anteceder abstrações refletidas posteriores e de caráter mais complexo 
(PIAGET, 1995, p. 176). 
 Ao que parece, essa relação entre esses dois tipos de abstração ao longo do 
desenvolvimento também pode ser observada no caso específico do desenvolvimento da 
Percepção Musical. A abstração reflexionante parece permitir a conceituação do que foi 
ouvido. A partir dessa abstração o indivíduo passa a identificar o que ouviu e transforma 
a coisa ouvida em um novo “produto”, capaz de ser transportado a um patamar superior 
de reflexão. Nesse “patamar superior” de pensamento, podem ocorrer novas reflexões 
como, por exemplo, o estabelecimento de comparações entre trechos musicais já 
conceituados. Essa comparação poderia levar à constatação de repetições motívicas, por 
exemplo. Ou, comparações dessa ordem ainda poderiam levar à observação de um 
conjunto de escolhas composicionais semelhantes. Esse “conjunto de escolhas 
composicionais” poderia se tornar um novo objeto do pensamento, e poderia ser 
transposto novamente a um patamar superior de reflexão. Essa reflexão poderia resultar 
na identificação de um determinado estilo composicional, por exemplo. 
 Piaget (1995, p. 276-277) observou, portanto, que existe uma alternância 
ininterrupta entre abstrações reflexionantes e refletidas, pois todo o produto de uma 
reflexão pode ser transposto a um patamar superior, se tornando assim alvo de um novo 
reflexionamento e de uma nova reflexão. Essa alternância se sucede como em uma 
espiral, em que a cada novo patamar se adquire maior riqueza na compreensão do objeto 
observado. Cada um desses patamares representa um novo começo e um novo fim, de 
modo que começos e finais nunca sejam absolutos e se sucedam ininterruptamente. 
 Portanto, se a notação de músicas ouvidas obedecer às “leis” de Piaget (1995) 
sobre o desenvolvimento da abstração é possível que ações que dependem da abstração 
refletida ocorram em constante e ininterrupto relacionamento com abstrações 
reflexionantes. É possível ainda que os frutos da reflexão (como a conceituação de sons, 
a identificação de motivos, estilos composicionais, etc) se tornem cada vez mais ricos 
na medida em que forem sendo absorvidos pelo processo espiral de abstração. 
 Retomando a questão dos equívocos de leitura levantada acima, Piaget (1995, p. 
206) realizou ainda outro experimento buscando compreender se a fonte dos erros de 
interpretação, característicos dos momentos iniciais do desenvolvimento, seriam as 
abstrações empíricas ou as abstrações reflexionantes, que coexistem nessa fase 
(PIAGET, 1995, p. 219, 221). 
 Segundo as observações de Piaget (1995, p. 221), esses erros não se devem às 
abstrações empíricas características da primeira fase de desenvolvimento, mas são 
resultado de abstrações reflexionantes (sempre solidárias às abstrações empíricas) não 
propriamente incorretas, mas ainda incompletas. Piaget (1995, p. 221) argumenta que, 
mesmo no caso do experimento anteriormente relatado, os erros de interpretação, 
resultantes de uma abstração refletida que não tenha sido verificada de modo concreto 
(pela observação da realidade), não são devidos a abstrações incorretas. Eles são, antes, 
resultado de uma aplicação abusiva da reflexão, que não buscou embasamentos para a 
sua aplicação na realidade (a explicação incorreta fornecida por uma abstração reflexiva 
abusiva poderia ser aceita em uma situação que fosse condizente com ela, ou seja, não 
há uma explicação absurda, apenas uma explicação mal aplicada por falta de verificação 
com a realidade). 
 
 
 39 
 Portanto, as inversões de direções que ocorrem durante a notação musical, de 
que falávamos anteriormente, ou mesmo os outros erros que ocorrem durante esse 
processo, não parecem resultado de falhas no processo de abstração empírica. Elas 
parecem ser fruto de abstrações reflexionantes (ou refletidas) ainda não completamente 
desenvolvidas. 
 Em outro de seus experimentos, Piaget (1995, p. 236) também buscou observar a 
alternância entre a diferenciação (reflexionamento do processo de abstração 
reflexionante, ou observação apenas das características aparentes) e a integração 
(reflexão) ao longo do desenvolvimento. A diferenciação é marcante durante as fases em 
que há pouca abstração reflexionante e predomínio de abstração empírica. A integração 
é resultado do predomínio da abstração reflexionante sobre a abstração empírica.Desse modo, na fase I (fase inicial do desenvolvimento) há constatação de 
diferenças graças à realização de abstrações empíricas, e começo de diferenciação, em 
virtude das primeiras coordenações possibilitadas pela abstração reflexionante nascente. 
Nos estágios seguintes, a abstração reflexionante e, posteriormente, a abstração 
refletida, se aprimoram permitindo coordenações mais desenvolvidas e o próprio 
desenvolvimento da integração. Cabe reafirmar que as abstrações refletidas são mais 
tardias, na linha de desenvolvimento, que as abstrações reflexionantes (PIAGET, 1995, 
p. 236-237). 
 Concluindo sua abordagem, Piaget (1995, p. 287-288) sintetizou o 
desenvolvimento das formas de abstração. Segundo ele, no primeiro nível de 
desenvolvimento há predomínio da abstração empírica e a abstração reflexionante 
nascente assume o papel de elaborar quadros assimiladores para aquele tipo de 
abstração, ou seja, a abstração reflexionante passa a permitir a apreensão e compreensão 
dos dados fornecidos pela abstração empírica, principalmente graças à interferência da 
representação. No segundo nível, a abstração reflexionante se torna capaz de engendrar 
a forma (a “lei de funcionamento”) daquilo que é observado, mas graças à intervenção 
da abstração pseudo-empírica, de modo que “os resultados dos reflexionamentos e das 
reflexões permanecem materializados nos objetos transformados e enriquecidos pelas 
atividades do sujeito” (PIAGET, 1995, p. 287). No terceiro nível, a abstração refletida 
torna possível a realização de reflexões sobre reflexões e, dessa forma, também permite 
a formação de um pensamento propriamente reflexivo. 
 É curioso observar que, de acordo com Piaget (1995, p. 289), na medida em que 
ocorre o desenvolvimento da abstração reflexionante e da abstração refletida, a 
abstração empírica também se desenvolve. Segundo esse autor, quanto mais as formas 
se desenvolvem, melhor se torna a apreensão dos conteúdos, ou seja, a “apreensão de 
observáveis até então não-assimiláveis, mesmo a título de simples constatações” 
(PIAGET, 1995, p. 289). Desse modo, características do objeto não observadas (ou 
observadas de forma equivocada) podem passar a sê-lo com o desenvolvimento da 
reflexão. 
 Esse parece ser o caso da percepção de alterações melódicas. É comum (ao 
menos durante as situações de ensino de Percepção Musical) que alterações ascendentes 
no sétimo ou sexto grau sejam ignoradas durante a notação de músicas em tonalidades 
menores. Parece que a interferência de conhecimentos teóricos sobre a formação de 
escalas menores, por exemplo, é capaz de corrigir esse tipo de erro de leitura ou de 
apreensão do que foi ouvido. Nesse caso, os conhecimentos teóricos podem ser 
relacionados (graças a uma reflexão) com o que foi ouvido, para que a melodia ouvida 
seja melhor verificada e, desse modo, para que as alterações sejam percebidas. Em 
 
 
 40 
síntese, esse parece ser um caso em que conhecimentos sobre a forma de organização de 
tonalidades menores influem sobre a percepção do conteúdo, ou seja, influem sobre o 
modo como uma realidade específica (uma música) é apreendida. 
 Essa observação de Piaget sobre o desenvolvimento da abstração empírica, 
fundado sobre o desenvolvimento da abstração reflexionante e refletida, apenas reforça 
a ideia de que o modo como “lemos” a realidade não depende pura e simplesmente de 
processos perceptivos, mas depende do desenvolvimento do pensamento e da sua 
capacidade de reflexão. 
4. Conclusões 
 Ao longo deste artigo pudemos observar que a identificação e a notação de 
estruturas musicais, que ocorre durante as atividades de aprendizagem de Percepção 
Musical, parece relacionar-se com o processo de abstração conforme proposto por 
Piaget (1995). 
 Como aponta a Epistemologia Genética, as abstrações se desenvolvem ao longo 
de três etapas, durante as quais ocorre a passagem das abstrações empíricas às 
abstrações pseudo-empíricas, reflexionantes e, por fim, refletidas. Ao longo desse 
processo de desenvolvimento o sujeito se torna cada vez mais apto a interpretar a 
realidade a sua volta. 
 O desenvolvimento da identificação e da notação de estruturas musicais parece 
seguir as mesmas linhas de desenvolvimento da abstração, uma vez que esse processo 
de identificação/notação pode ser entendido como um processo de abstração, capaz de 
retirar informações do real e oferecer formas de compreensão a essa realidade. 
 Observamos que, também no caso da identificação e notação de estruturas 
musicais, o desenvolvimento parece ocorrer em três etapas, durante as quais o sujeito 
supera os equívocos de notação, característicos de uma abstração empírica e 
refleionante ainda pouco estruturada e insuficiente para resolver os problemas propostos 
nas situações tradicionais de aprendizagem de Percepção Musical; o desenvolvimento 
passa à realização de abstrações pseudo-empíricas, caracterizadas pela atribuição de 
significações musicais ao material ouvido através de materiais concretos, indo em 
seguida ao domínio das abstrações reflexionantes e refletidas que permitem, em síntese, 
a escritas de excertos musicais complexos. 
 Conforme apontamos na introdução deste artigo, o próximo passo deste trabalho 
será a verificação, por meio de um experimento, das hipóteses aqui levantadas e 
construídas a partir da Epistemologia Genética. Acreditamos que as linhas de 
desenvolvimento aqui sugeridas serão verificadas em sua totalidade, e que essas 
informações poderão auxiliar os educadores voltados ao ensino de Percepção Musical 
na formulação de propostas de ensino com metodologias, objetivos e formas de 
avaliação bem delineadas, e condizentes com o modo como ocorre o desenvolvimento e 
a aprendizagem dos alunos. 
Referências 
BATTRO, A. M. Dicionário terminológico de Jean Piaget. Pioneira: São Paulo, 1978. 
CAREGNATO, C. “Manifestações do conceito piagetiano de abstração na 
aprendizagem de Percepção Musical”. In: Encuentro de Ciencias Cognitivas de la 
Música, 11, 2013, Buenos Aires. Actas... Buenos Aires: ECCoM, p. 381-385. 
 
 
 41 
OTUTUMI, C. H. V.; GOLDEMBERG, R. “Um olhar quantitativo sobre a situação da 
Percepção Musical nos cursos de graduação em música: respostas dos professores 
atuantes na área”. Encontro Nacional da Associação Brasileira de Educação Musical, 
17, 2008. São Paulo. Anais... São Paulo: ABEM p. 1-7. 
PIAGET, J. Abstração reflexionante: relações lógico-aritméticas e ordem das relações 
espaciais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 
 
 
 42 
O estágio supervisionado em música à distância da UnB: 
estrutura curricular do curso e o olhar dos alunos dos polos 
de Sena Madureira/AC e Cruzeiro do Sul/AC 
Jordanna Duarte1, Paulo Roberto Affonso Marins2 
1 Escola de Música e Artes Cênicas – Universidade Federal de Goiás. 
Caixa Postal 131 – 74.001-970 – Goiânia – GO - Brasil 
2 Departamento de Música – Universidade de Brasília (UnB). 
Caixa Postal 4318 – 70.904-970 – Brasília – DF – Brasil 
jordannaduarte@gmail.com, pramarins@gmail.com 
 
Resumo. Este artigo trata sobre o olhar do aluno do curso de Licenciatura em Música a 
Distância da Universidade de Brasília no que tange a disciplina Estágio Supervisionado em 
Música III. Para tal, iniciamos nossa reflexão partindo dos pressupostos da Educação a 
Distância (EaD) no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), como também 
dispomos sobre o Projeto Político Pedagógico do referido curso de música. Em específico, 
tratamos sobre a disciplina de Estágio Supervisionado em música III e sua estrutura, focando, 
na parte final, nos relatos dos alunos sobre sua própria trajetória no estágio, sobre a 
disciplina em questão, sua relação com o tutor e sobre o desenvolvimento da prática na 
escola. A partir dos relatos, analisamos os resultados obtidos visando elaborar propostas que 
possibilitem melhorias da disciplina para suas próximas ofertas. 
Abstract. This article is

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