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III Simpósio Internacional de Música na Amazônia 03 a 07 de novembro de 2014 Universidade Federal do Amazonas Anais do 3º Simpósio Internacional de Música na Amazônia ISBN 978-85-7401-772-3 EDUA - UFAM III Simpósio Internacional de Música na Amazônia 03 a 07 de novembro de 2014 Universidade Federal do Amazonas Anais do 3º Simpósio Internacional de Música na Amazônia Programação Comunicações Palestrantes convidados Obras Artísticas Núcleo Amazônico de Pesquisa em Música - NAP/UFAC Grupo de Estudos e Pesquisa em Música na Amazônia – GEPMUSA/UFAM Manaus – Amazonas 2014 Governo Federal Ministério da Educação Universidade Federal do Amazonas Presidente Coordenadores do Simpósio Dilma Roussef Profa. MSc. Lucyanne de Melo Afonso -UFAM Ministro da Educação Prof. MSc. João Gustavo Kienen -UFAM Henrique Paim Prof. Dr. Damián Keller – NAP -UFAC Reitora NAP – Núcleo de Pesquisa em Música - UFAC Profa. Dra. Márcia Perales Mendes Silva Prof. Dr. Damian Keller Vice-Reitor Grupo de Estudos e Pesquisa em Música Prof. Dr. Hedinaldo Narciso Lima na Amazônia – GEPMUSA-UFAM Pró-Reitor de Extensão e Interiorização Profa. Dra. Rosemara Staub de Barros Prof. Dr. Luiz Frederico Mendes dos Reis Arruda Coordenação Editorial Pró-Reitora de Inovação Tecnológica Damian Keller Profa. Dra. Socorro Chaves João Gustavo Kienen Diretora do Instituto de Ciências Humanas e Letras Lucyanne de Melo Afonso Profa. Dra. Simone Baçal Maíra Scarpellini Chefe do Departamento de Artes Estruturação e Adaptação Profa. Dra. Denize Piccolotto Carvalho Levy Fernando Alves Matos Coordenadores do Curso de Música Identidade Visual SIMA 2014 Prof. MSc. João Gustavo Kienen – Matutino Fernando Alves Matos Prof. Dr. Jackson Colares – Noturno Publicação: Anais do 3º Simpósio Internacional de Música na Amazônia. ISBN 978-85-7401-772-3 Editora da Universidade Federal do Amazonas, EDUA, 2014. Sumário Apresentação……………………………………………………05 SIMA e o impacto da pequisa musical amazônica…………...…06 Expediente……………………………………………...……….09 Programação…………………………………………………….14 Homenagem - Professor Emérito da UFAM: Nivaldo Santiago..15 Palestrantes convidados………………………………………...19 Comuincação Oral………………………………………………28 Obras Artísticas………………………………………………..427 Textos/Resumos das palestras…………………………………438 5 APRESENTAÇÃO É com satisfação que o Curso de Música e o Grupo de Estudos e Pesquisa em Música na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas promoveram a terceira edição do Simpósio Internacional de Música na Amazônia – SIMA. O Simpósio é uma idealização do Núcleo Amazônico de Pesquisa em Música-UFAC que realizou as duas primeiras edições na Universidade Federal do Acre. O SIMA foi organizado com palestras, mesa redonda, cursos, comunicações orais e apresentações musicais. Os palestrantes convidados são professores de Universidades Federais do Brasil e a convidada internacional da Venezuela. O Simpósio teve patrocínio de algumas instituições como Capes, a principal patrocinadora, UFRN, Protec-UFAM, Observatório da Economia Criativa-Amazonas, Proext-UFAM, Programa PRODECA-UFAM, Secretaria de Estado de Cultura, Associação Brasileira de Etnomusicologia-ABET, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social-UFAM, Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia-UFAM, Universidade do Estado do Amazonas, Instituto Nacional de Pesquisa Brasil Plural-INCT, Parque Científico e Tecnológico para Inclusão Social- PCTIS, Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas, Addassu Design. O evento foi um meio de investigar e resolver algumas questões sobre a música na região amazônica, do ensino à pesquisa, tudo em função de um ensino melhor. O Simpósio trouxe novas formas de pensar sobre a música na região amazônica, tanto em questões de pesquisa quanto de ensino e formação. Além de estabelecer relações nacionais e internacionais com outras instituições de ensino superior da região amazônica, possibilitando o desenvolvimento de pesquisas, de ensino e extensão e as parceirias entre as universidades. Coordenação UFAM!! 6 O SIMA e o Impacto da Pesquisa Musical Amazônica Damián Keller, Maíra Scarpellini Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical - NAP Universidade Federal do Acre Novembro 2014 dkeller@ccrma.stanford.edu, maira.scarpellini@gmail.com Ao finalizar o segundo Simpósio Internacional de Música na Amazônia comentávamos que ainda não tínhamos a dimensão real do impacto do evento. A situação mudou. O terceiro Simpósio Internacional de Música na Amazônia (SIMA 2014), organizado pelo Departamento de Artes da UFAM em parceria com o NAP se perfila como um dos principais encontros acadêmicos da área de música no Brasil. Por que afirmamos isso? Primeiro, no comitê de programa participam pesquisadores da maioria das instituições públicas de ensino superior da região Norte, incluindo colegas de Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima (e no próximo evento esperamos contar com a participação de pesquisadores do Amapá). Isso inclui institutos técnicos e universidades federais. Nesta edição também participam pesquisadores de Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Uruguai, Irlanda e Estados Unidos. Segundo, neste ano temos a participação de pesquisadores de todas as regiões do Brasil. Gostaríamos de agradecer os pareceres detalhados e as críticas construtivas fornecidas pelo comitê de programa durante o processo de revisão dos trabalhos escritos e das propostas artísticas. Esperamos que a revisão dos trabalhos tenha ajudado a aperfeiçoar as propostas. Foram setenta e dois submissões abrangendo múltiplas subáreas de conhecimento musical, tendo como resultado 47 aprovações (71% de trabalhos aprovados). Na programação do evento constam os detalhes sobre os trabalhos artísticos. Aqui incluímos todos os textos aprovados pelo comitê, incluindo trabalhos em espanhol e em português. Terceiro, neste simpósio estão representadas pelo menos cinco subáreas da pesquisa musical: educação musical; musicologia (subdividida em trabalhos de musicologia histórica com temas relacionados a assuntos anteriores ao século XX, e de musicologia do século XX, enfatizando o estudo da produção brasileira); etnomusicologia (com ênfase na produção cultural da região Norte); performance musical (abrangendo também aspectos da gestão da produção artística e aplicações 7 educacionais da prática interpretativa); e por último a subárea de práticas criativas (com destaque para a aplicação de recursos tecnológicos no fazer musical). Os anais do II SIMA incluíram trabalhos em educação musical, discussões sobre a pesquisa em performance musical e as suas relações com outras áreas de investigação, discussões sobre aspectos históricos e musicológicos da música produzida em Manaus entre os anos 1920 a 1980, e propostas metodológicas para implementação de suporte e aplicações artísticas dentro do campo de pesquisa em música ubíqua (Keller e Scarpellini 2013). Parte dessas propostas estão novamente representadas nos artigos publicados nesta edição, apresentando avanços e contribuições a partir das ideias discutidas durante o segundo simpósio. As temáticas abordadas na área de educação musical incluem aspectos regionais (Duarte 2014; Silva 2014; Soares 2014) e assuntos de abrangência geral (Caregnato 2014; Melo et al. 2014; Vieira 2014). A produção musicológica pode ser classificada em assuntos vinculados à música brasileira do último século (Abreu 2014; Amstrong et al. 2014; Barbosa 2014; Benetti 2014; Froz e Afonso 2014; Hartmann 2014; Henderson Filho 2014; Kienen 2014; Kubala e Souza 2014; ; Oliveira, J. 2014; Ramos e Moraes 2014; Santos e Hank 2014) ou à produção musical anterior ao séculoXX (Almeida 2014; Duarte 2014; Lima e Páscoa 2014). A subárea de etnomusicologia inclui trabalhos em música indígena e em música popular amazônica (Apontes 2014; Chada 2014; Severiano 2014; Puget 2014) e abrange tanbém a música regional do Nordeste (Queiroz e Correa 2014a; Queiroz e Correa 2014b). A subárea de práticas criativas apresenta discussões metodológicas (Packer 2914; Pochat 2014), uma revisão histórica da produção eletroacústica brasileira (Guerra 2014) e dois trabalhos em música ubíqua (Ferreira da Silva et al. 2014; Keller et al. 2014). Já os trabalhos agrupados na categoria de performance musical abrangem aspectos da prática interpretativa, porém o seu embasamento foge um pouco do foco proposto pela produção vinculada à Associação Brasileira de Performance Musical. Temos aspectos técnicos e educacionais da prática interpretativa em cordas friccionadas (DeFreitas et al. 2014; Silva e Queiroz 2014), aspectos interpretativos do uso atual do canto gregoriano (Gaby 2014) e considerações sobre a gestão das orquestras sinfônicas (Diniz Silva 2014). Resumindo, a produção teórico-prática apresentada durante o terceiro SIMA abrange um leque de questões que inclui as problemáticas específicas da região amazônica e que vai além das temáticas regionais. Mais uma vez, estamos falando em pesquisa musical feita na Amazônia e para a Amazônia com um leque de aplicações nos 8 aspectos musicais, artísticos, sociais e interdisciplinares relevantes para a produção científica e artística internacional. A riqueza cultural e biológica desta região oferece um potencial pouco explorado nos trabalhos de cunho acadêmico produzidos nos centros de pesquisa do hemisfério Norte. Esperamos que a troca incentivada pelo SIMA sirva para despertar a consciência sobre o impacto que a destruição total do ecossistema Amazônico terá no patrimônio cultural e biológico da humanidade. Agradecimentos O terceiro SIMA só foi possível pelo esforço conjunto dos professores que participaram na comissão organizadora (Lucyanne de Melo Afonso, João Gustavo Kienen, Damián Keller, Maíra Scarpellini e Raildo Brito Barbosa), pela ajuda da equipe técnica incluindo alunos da Universidade Federal do Amazonas e da Universidade do Estado do Amazonas, pela colaboração dos pareceristas nacionais e internacionais, e pelo apoio das seguintes instituições: CAPES, Universidade Federal do Amazonas, Universidade Federal do Acre, Universidade do Estado do Amazonas, Associação Brasileira de Etnomusicologia, PROTEC – Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica, OBEC/AM – Observatório da Economia Criativa – Amazonas, PCTIS – Parque Científico e Tecnológico para Inclusão Social, Instituto Nacional de Pesquisa BRASIL PLURAL, Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa "ouvindo conselhos na área da criança e adolescente" – PRODECA – UFAM, Universidade do Estado do Amazonas – UEA, Secretaria de Estado de Cultura. Referências Keller, D. & Scarpellini, M. A., (eds.). (2013). Anais do II Simpósio Internacional de Música na Amazônia (SIMA 2013). Rio Branco, AC: EDUFAC. 9 EXPEDIENTE COMISSÃO ORGANIZADORA Departamento de Artes, UFAM Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical – NAP (UFAC/IFAC) COORDENAÇÃO GERAL Prof. Dr. Damián Keller – UFAC Prof. MSc. João Gustavo Kienen – UFAM Profa. MSc. Lucyanne de Melo Afonso – UFAM COORDENAÇÃO DO COMITÊ CIENTÍFICO Prof. Dr. Damián Keller - UFAC Profa. MSc. Maíra Scarpellini - UFAC COORDENAÇÃO DO COMITÊ ARTÍSTICO Prof. MSc. João Gustavo Kienen – UFAM Prof. MSc. Raildo Brito – UFAC Prof. MSc. Vadim Ivanov - UEA COMISSÂO LOCAL Prof. MSc.. Bernardo Mesquita – UEA Prof. Bruno Nascimento – UFAM Profa. Edna Soares – UFAM Prof. Damyan Parushev – UFAM Profa. Dra. Deise Lucy – UFAM Profa. Dra. Denize Piccolotto Levy - UFAM Prof. MSc. Elias Farias – UFAM Prof. Dr. Jackson Colares – UFAM Prof. MSC. Márcio Lima de Aguiar – UFAM Prof. MSc. Renato Antonio Brandão Medeiros Pinto – UFAM Prof. Dra. Rosemara Staub de Barros – UFAM Prof. MSc. Vadim Ivanov- UEA 10 COMISSÃO DE DESIGN E DIVULGAÇÃO Profa. MSc. Lilia Valessa Mendonça - UFAM Fernanda Gabriela de Souza Pires - UFAM Fernando Alves Matos – UFAM Prof. Naziano Pantoja Filizola Júnior – ARII (Assessoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais-UFAM) Jornalista Márcia Grana – ASCOM (Assessoria de Comunicação-UFAM) Jessica Botelho - Discente de Jornalismo - UFAM CPD – Centro de Processamento de Dados - UFAM GRUPOS DE PESQUISA Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical - UFAC Coordenação: Prof. Dr. Damián Keller Grupo de Pesquisa em Música na Amazônia – UFAM Coordenação: Profa. Dra. Rosemara Staub de Barros PROGRAMAS Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – PPGAS – UFAM Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia – PPGSCA – UFAM INSTITUIÇÕES PATROCINADORAS DO III SIMA - 2014 CAPES PROTEC – Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica OBEC/AM – Observatório da Economia Criativa – Amazonas PCTIS – Parque Científico e Tecnológico para Inclusão Social Instituto Nacional de Pesquisa BRASIL PLURAL Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Programa "ouvindo conselhos na área da criança e adolescente" – PRODECA – UFAM INSTITUIÇÕES PARCEIRAS DO III SIMA - 2014 Universidade do Estado do Amazonas – UEA Secretaria de Estado de Cultura Associação Brasileira de Etnomusicologia – ABET EQUIPE DE TRABALHO Discentes do Curso de Música da UFAM 11 André Vital Camila Barbosa Danielle Moura David Aragão Erica Oliveira Evelyn Ferreira Hevellen Rodrigues Hully Rios Jeorgio Santos Lucas Pereira Lucas Mesquita Marlúcia Dias Moira Nunes Nancy Soares Rebeca Caroline Rubem Levi Selton Riateque Suzana Vieira Taísa Almeida Vanessa Rocha Discente do Curso de Artes Visuais da UFAM Mariene Mendonça Suzane Teodósio 12 COMITÊ DE PROGRAMA SIMA 2014 Adina Izarra (Universidad Simón Bolívar, Venezuela) Aldebaro Barreto da Rocha Klautau Júnior (Universidade Federal do Pará) Ana Elisa Bonifácio (Universidade Federal do Acre) Anselmo Guerra de Almeida (Universidade Federal de Goiás) Bernardo Mesquita (Universidade Estadual do Amazonas) Catalina Peralta (Universidad de los Andes) Cesar Augusto Viana Melo (Universidade Federal do Amazonas) Cleber da Silveira Campos (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) Cleuton Batista (Universidade Federal do Acre) Damián Keller (Universidade Federal do Acre) Deise Lucy Montardo (Universidade Federal do Amazonas) Ernesto Donas Goldstein (Universidad de la República, Uruguay) Ezequias Oliveira Lira (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) Flávio Miranda de Farias (Instituto Federal do Acre) Jackson Colares (Universidade Federal do Amazonas) João Gustavo Kienen (Universidade Federal do Amazonas) José Ignácio Lopes (Pontífícia Universidad Católica del Perú) Juan Carlos Arango (Indiana University) Lucas José Bretas dos Santos (Universidade Federal de Minas Gerais) Lucyanne de Melo Afonso (Universidade Federal do Amazonas) Luiz Matos (Universidade Federal do Acre) Maíra Andriani Scarpellini (Universidade Federal do Acre) Marcelo Brum (Universidade Federal do Acre) Marcelo S. Pimenta (Universidade Federal do Rio Grande do Sul ) Radamir Souza (Instituto Federal do Acre) Raildo Brito Barbosa (Universidade Federal do Acre) Raimundo da Silva Barreto (Universidade Federal do Amazonas) Rosemara Staub de Barros (Universidade Federal do Amazonas) Rubens Vaz Cavalcante (Universidade Federal de Rondônia) Rucker Bezerra de Queiroz (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) Talisman Cláudio de Queiroz Teixeira Junior (Instituto Federal do Pará) Vadim Ivanov (Universidade Estadual do Amazonas) Valéria Cristina Marques (Universidade Federaldo Pará) Valério Fiel da Costa (Universidade Federal da Paraíba) 13 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM Departamento de Artes – Curso de Música Av. General Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 3000, Setor Norte, Coroado I, Manaus, AM Reitora: Profa. Dra. Márcia Perales Mendes Silva Vice-Reitor: Prof. Dr. Hedinaldo Narciso Lima UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA Escola Superior de Artes e Turismo Av. Leonardo Malcher, nº1728, Centro, Manaus, AM Reitor: Prof. Dr. Cleinaldo de Almeida Costa Vice-Reitor: Prof. Dr. Mario Augusto Bessa UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE Curso Superior de Música Campus Universitário, BR 364, Km. 4, Distrito Industrial. Rio Branco, Acre Reitor: Prof. Dr. Minoru Martins Kinpara Vice-Reitora: Profª. Drª. Margarida de Aquino Cunha 14 PROGRAMAÇÃO GERAL DO III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE MÚSICA NA AMAZÔNIA Horário Segunda-Feira 03.11 Terça-Feira - UEA 04.11 Quarta-Feira - UFAM 05.11 Quinta-Feira - UEA 06.11 Sexta-Feira - UFAM 07.11 8:00 Credenciamento (segunda-feira PELA MANHÃ, Local: Departamento de Artes- ICHL Sala 04 Horário: 8h às 13h CURSOS/masterclass COMUNICAÇÕES Comitê Científico MESA REDONDA DESAFIOS DA PESQUISA EM ETNOMUSICOLOGIA NA AMAZÔNIA Profa. Dra. Liliam Barros Cohen (UFPA) Profa. Dra. Deise Lucy Montardo (UFAM) Prof. Dr. Bernardo Mesquita (UEA) (Apoio – ABET, INCT Brasil Plural e PPGAS/UFAM) PALESTRA UTILIZACIÓN DEL CANTO DE PÁJAROS EM LA MUSICA ELETROACÚSTICA Profa. Dra. Adina Izarra (Universidad Simón Bolivar – Venezuela) (Apoio PROTEC/OBEC-UFAM) 9:00 12:30 Almoço Almoço Almoço ENCERRAMENTO!!!!!!! Hall do ICHL - UFAM 14:00 PALESTRA ECONOMIA CRIATIVA E MÚSICA Nerine Lúcia Alves de Carvalho PROTEC/OBEC - UFAM MESA REDONDA MÚSICA E CÉREBRO: DESAFIOS E CONTRIBUIÇÕES DA TEMÁTICA PARA O ENSINO SUPERIOR Profa. Dra. Luciane da Costa Cuervo Prof. Dr. Felipe Kirst Adami Dra. Anelise Sonza (UFRGS) (Apoio Capes) PALESTRA (DES) PROBLEMATIZANDO A LEITURA MUSICAL: CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLINGUISTICA Profa Dra Valéria Cristina Marques (UFPA) (Apoio PROGRAMA PRODECA-UFAM) 16:00 PALESTRA MÚSICA UBIQUA Prof. Dr. Damian Keller (UFAC) Grupo de Música Ubiqua (Apoio Capes) CONFERÊNCIA MAGNA Robério Braga Secretário de Estado de Cultura MESA REDONDA ORQUESTRA, CORAL, COMUNIDADE E INSTITUIÇÃO Prof. Dr. Rucker Bezerra de Queiroz (UFRN) Prof. MSc. Eduardo de Oliveira Nóbrega (UFPB) (Apoio Capes e UFRN) 19:30 20:00 ABERTURA TEATRO AMAZONAS SESSÃO SOLENE APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS Comitê Artístico APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS Comitê Artístico APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS Comitê Artístico 15 HOMENAGEM AO PROFESSOR EMÉRITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS NIVALDO SANTIGO Texto Prof. Dr Jackson Colares “NIVALDO SANTIAGO: SUA ARTE - SUA VIDA.” Escrever sobre o maestro Nivaldo Santiago é como escrever sobre a própria história da música no Amazonas e das artes na Universidade Federal do Amazonas. Esse amazonense de Boca do Acre nascido à 85 anos, ainda hoje é ativo no seu processo de criação e de realização musical e não pensa em parar. Na verdade o maestro mantém uma intensa rotina de aulas e composições musicais e ainda desenvolve um projeto chamado “Crescendo com música”, voltado para as crianças e adolescentes de Bom Despacho, localizado na região do Alto São Francisco no Estado de Minas Gerais. Ele mesmo afirma, “A Arte não para. A arte é vida e mantém o artista dentro da eternidade.” Nesse sentido, escrever sobre o Maestro fazendo uma Homenagem não é pra ser algo difícil nem mesmo uma excepcionalidade, é na verdade, escrever sobre sua dedicação, insistência e perseverança na busca de concretizar no seu Estado um fazer musical, que envolve desde a formação de público, de professores de música, e por fim de músicos de alta performance. Ao longo de mais de 60 anos de carreira, o maestro como professor de música, compositor e regente – tem uma trajetória de sucesso nos principais corais do país e pioneiro na introdução da música no Amazonas, em meados da década de 1950. Sua história se configura em momentos bem marcantes e contextos diversos. Ainda menino, transferiu-se para Santa Catarina onde ingressou na vida monástica no colégio dos religiosos Servos de Maria, em Turvo SC, onde enveredou pelos caminhos musicais. No dia 15 de agosto de 1945, aos 16 anos, estreou como regente de coro, na apresentação do coral dos meninos do colégio. Desde então jamais abandonou a regência coral. Com os Servitas foi para a Itália - Bolonha onde estudou órgão clássico e aperfeiçoou-se em regência. Voltando ao Brasil, passou a intensificar seus estudos de música, graduando-se em piano pela Faculdade de Música “Carlos Gomes”, em São Paulo. Na sequencia retornou a Europa agora como bolsista da Fundação “Calouste Gulbenkian”, em Lisboa 16 - Portugal, para especializar-se em Musicologia, frequentando ainda cursos de composição, regência coral e orquestral com João Gomes Jr., Emerich Csamer, Fritz Iöede e Michel Corboz. Ao chegar em Manaus, encontrou uma cidade simpática e agradável. A música das óperas do Teatro Amazonas havia sido calada. Mas o gosto e o talento do povo permaneciam. Empreendedor e incentivado por um grupo de pessoas da sociedade entre as quais podemos destacar o professor Afonso Celso Maranhão Nina, Neusa Alves Ferreira, o cantor e compositor Pedro Amorim, e pelo seu grande amigo Walter Nogueira, deixou-se ficar por um tempo na cidade, atendendo alunos de piano e reconhecendo vozes privilegiadas, levando-o a criar em 1956 o Coral João Gomes Junior, em homenagem ao seu professor. Vale ressaltar que esse coral encontra-se em plena atividade, sendo um dos mais antigos do Brasil. Muitas são as contribuições do Maestro Nivaldo Santigo para o campo da música, e em especial para o desenvolvimento do Canto Coral no Brasil. Podemos destacar algumas ao longo de sua carreira: Criou e dirigiu corais principalmente na região norte, onde além do Coral “João Gomes Jr.”, também criou o Coral Universitário do Amazonas hoje Coral da Universidade Federal do Amazonas possibilitando a formação e criação de espaços para a atuação de vários outros maestros, por exemplo: Maestros Nelson Edy, Jackson Colares, Jussara Guedes, Elson Jonson e Bruno Bastos, este ano completou 43 anos de atividade; o Coral da Escola Técnica Federal do Amazonas, hoje IFAM e o Madrigal Santiago. Sua contribuição no âmbito universitário começa logo depois da transferência do Conservatório de Música Joaquim Franco para a Universidade do Amazonas em 1968, esse Conservatório pertencia ao Governo do Estado. Vale ressaltar que o Decreto- Lei nº 1292, de 30 de dezembro de 1968, determinava que o Conservatório seria transferido para a FUA, sob a condição de o mesmo “fazer funcionar, dentro de 1 (um) ano, uma escola superior de música”. Tal transferência somente foi concretizada porque na época a perspectiva da Universidade do Amazonas era implementar um coral e uma orquestra sinfônica, e acreditava-se que seria possível implantar tais grupos musicais através do Conservatório de Música Joaquim Franco. Fica evidente nos termos dessa Lei de transferência que, além do compromisso em proporcionar formação superior, essa instituição universitária teria um prazo mínimo para a sua implementação.17 O Conservatório, como unidade acadêmica, reabriu suas portas para os procedimentos de matrícula no ano de 1970, com base da Resolução Nº 75/70 - CONSUNI de 07/08/70, no entanto suas efetivas atividades de ensino foram retomadas somente a partir do segundo semestre de 1971, quando então o maestro Nivaldo Santiago já estava contratado para desenvolver suas atividades e contribuir efetivamente para implantação do Conservatório de Música Joaquim Franco do qual também foi seu diretor. Podemos destacar ainda, que 1972 o Conselho Universitário criou o Departamento de Música da Universidade, vinculado ao antigo Instituto de Letras e Artes hoje Instituto de Ciências Humanas e Letras, e o maestro Nivaldo Santiago foi seu primeiro chefe. Nesse ato de criação do Departamento de Música, o Conservatório de Música ”Joaquim Franco” passaria a ser subordinado à “administração e responsabilidade” desse departamento acadêmico. Em meados de 1979, uma novo momento se inicia na Universidade com implementação do Setor de Artes. Esse upgrade do conservatório nasce com a finalidade de ampliar e dar apoio às modalidades de artes que já estavam sendo desenvolvidas em cursos de extensão. Em função dos cursos de música e de artes já existentes no Conservatório de Música e a franca expansão do Setor de Artes, capitaneada pelo Maestro Santiago foi criado, em 1980, o Curso de Educação Artística, com duas habilitações: música e desenho. Com a extinção do Conservatório de Música Joaquim de Franco, mais tarde como Setor de Artes e finalmente como Centro de Artes, ampliou seu campo de ação, desencadeando um movimento artístico-cultural na cidade de Manaus e dando origem a vários projetos artísticos em execução no contexto manauara, como por exemplo o Núcleo Universitário de Dança Contemporânea, hoje desativado após mais de 15 anos de funcionamento, Núcleo de Teatro, Núcleo de Música de Câmera. Esses grupos tiveram grande repercussão não só na cidade de Manaus, mas em outros Estados da Federação, com ativa participação da comunidade universitária: alunos, professores e técnicos, em eventos de âmbito nacional e internacional. Podemos destacar ainda que o Maestro Nivaldo Santiago é considerado polêmico, uma vez que vem de uma época em que os corais eram sobretudo eruditos e ele foi um dos grandes responsáveis pela tentativa de introduzir no repertório coral músicas populares. Nesse sentido, desenvolveu para a música coral mais de cinquenta arranjos de música popular e folclórica brasileira, duas delas conquistaram espaços no 18 Brasil e no exterior: “Prelúdio para ninar gente grande”, de Luiz Vieira e o “Tamba- tajá”, de Waldemar Henrique. Portanto, lembrar do Maestro Nivaldo Santigo no contexto do SIMA – Simpósio Internacional de Música na Amazônia é uma estimada e justa homenagem a um professor que ao longo de sua carreira se dedicou a empreender e criar espaço para realização das Artes, pelo seu engajamento constante nos vários contextos onde atuou o Maestro Nivaldo Santiago instruiu e influenciou gerações de compositores, instrumentistas, cantores e Coralistas com a sua música e o seu trabalho, principalmente revitalizando a Música e as artes em Manaus e na Amazônia, além disso corrobora com a também justa homenagem homologada pelo Conselho Universitário da Universidade Federal do Amazonas por meio da Outorga do Título de Professor Emérito dessa Universidade. Permitam-me aqui destacar que esse que vos escreve é fruto direto desse trabalho, foi o trabalho do Maestro Nivaldo Santiago e do Coral Universitário que me preparou e trouxe para vida acadêmica, criou novos espaços e me possibilitou realizar estudos avançados, possibilitou ainda por meio do hoje Departamento de Artes a formação de mais 600 profissionais nas Áreas de Música e Artes Visuais. Por isso, nossas palavras finais são. Obrigado, Obrigado e Muito Obrigado!!! Prof. Dr. Jackson Colares da Silva Universidade Federal do Amazonas Departamento de Artes Coordenador do Curso de Música-Noturno 19 PALESTRANTES CONVIDADOS Profa. Dra. Adina Izarra Universidad Simón Bolivar – Caracas –Venezuela Compositora venezuelana. PhD em composição pela Universidade de York, Inglaterra. Professora da Universidade Simón Bolívar, que atualmente é Chefe do Laboratório de Música Digital. Realiza pesquisas nas áreas de artes eletroacústica, com ênfase na interatividade, na composição colaborativa e em vídeo-arte. Recentemente concluiu residências em estudos CMMAS, em Morelia, no México (2013) e na Universidade de Huddersfield, Inglaterra (2014). É membro ativo da RedAsla Red de Arte Sonora Latina. Prof. Dr. Damian Keller Universidade Federal do Acre Possui doutorado em tecnologia e composição musical pela Universidade Stanford (2004) e mestrado interdisciplinar em arte pela Universidade Simon Fraser (1999). Realizou pós- doutoramento em ciência da computação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2012). Atualmente é professor associado na Universidade Federal do Acre, onde lidera o grupo de pesquisa NAP - Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical. Tem experiência nas áreas de computação musical, composição musical, cognição musical, interação humano-computador, atuando principalmente nos seguintes temas: música ubíqua, ecocomposição, design criativo, arte multimídia. É um dos fundadores da rede de pesquisa Grupo de Música Ubíqua, consultor ad hoc do CNPq e Fapesp, parecerista nos eventos científicos: ICMC, SBCM, Congresso da ANPPOM, ERIN3, ISMIR, SIMA, UbiMus, editor convidado nas revistas: Journal of New Music Research, Sonic Ideas, Journal of Cases on Information Technology. 20 Profa. Dra. Luciane Cuervo Universidade Federal do Rio grande do Sul Docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, nos cursos de Música e Pedagogia. Coordena os projetos “Articulações entre Música, Educação e Neurociências” (PROPESQ/UFRGS) e “Educação Integral: Escolas da Paz” (UFRGS/MEC). Bacharel em Música e Mestre em Educação, realiza doutorado em Informática na Educação/UFRGS com pesquisas sobre o processamento neuronal da música e o papel das tecnologias. Dedica-se à interpretação de música antiga e contemporânea, tendo estreado diversas obras brasileiras. Gravou os CDs Sonetos e Amor e Morte (Fumproarte) e Octoeólio (Independente), incluindo obras especialmente criadas para estes projetos Prof. Dr. Felipe Kirst Adami Universidade Federal do Rio Grande do Sul Compositor e pianista natural de Porto Alegre/RS, Felipe Kirst Adami é doutor em composição pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde leciona nas áreas de composição e música popular. Como pesquisador, investiga os processos criativos da composição musical e a construção de objetos virtuais de aprendizagem para a instrumentação e orquestração. Suas obras têm sido executadas por renomados intérpretes na América Latina, Estados Unidos e Alemanha e gravadas em CDs como “Sonetos de Amor e Morte” (2002), da flautista doce Luciane Cuervo e “I” (2006), do violonista Paulo Inda. A partitura de sua composição “Variações sobre Daphne”, gravada no CD “Octoeólio”, foi lançada pela editora alemã “Tre Fontane”, em 2009. Tem intensa participação em eventos de música contemporânea, como compositor, intérprete e pesquisador, destacando-se o VII Encompor (Porto Alegre, 2001), onde seu Concerto para Piano, estreado pelo pianista André Loss com a Orquestra da Unisinos, foi a obra de encerramento, e a XVIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea (Rio de Janeiro, 2009), na qual sua obra Pontos de Bifurcação, estreada pela Orquestra Sinfônica Nacional foi 21 a obra de abertura. Em 2008 foi vencedor da “Bolsa de Incentivo à Criação Artística/Composição” da FUNARTE (Fundação Nacional de Artes do Brasil), sendo comissionado a compor a obra “Sinfonia Sistêmica”,para grande orquestra. Atualmente coordena e rege o InCoMuN Ensemble, grupo de música contemporânea da UFRGS voltado a interpretação de música nova e a improvisação guiada. Profa. Dra. Anelise Sonza Universidade Federal do Rio Grande do Sul Possui graduação (Bacharelado) em Fisioterapia pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC (2001), mestrado em Ciências do Movimento Humano pela UDESC (2004) e doutorado em Neurociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (2014). Doutorado em com cooperação internacional pela University of Calgary - Canada (2011-2012) e doutorado sanduíche pela Universidade de Duisburg-Essen - Alemanha (2013-2014). Atualmente faz estágio de livre docência (pós-doutorado) pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Professora colaboradora - contratada da Universidade do Estado de Santa Catarina (de 2005 a 2010) e Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) (2009 a 2010). Atuou como professora do curso de bacharelado em piano e violino – UDESC (Bases anátomo- fisiológicas do movimento) e curso de extensão Música e Cérebro pela UFRGS. Pesquisadora parceira da Nike Inc. de 2004 a 2008. Especialista em Acupuntura, atuando principalmente nos seguintes temas de pesquisa: vibração de corpo inteiro, mecanorreceptores, efeitos pós- vibratórios, dor, sensibilidade cutânea, neuroanatomia, biomecânica. 22 Nerine Lúcia Alves de Carvalho PROTEC – Pró-Reitoria de Inovação Tecnológica OBEC/AM – Observatório da Economia Criativa/Amazonas Possui graduação em Processamento de Dados pela Universidade Federal do Amazonas (1992). Atualmente é analista de Tecnologia da Informação na UFAM. Possui Mestrado em Engenharia de Produção com pesquisa em Modelagem de Processos de Negócio. Profa. Dra. Líliam Barros Universidade Federal do Pará Possui graduação em Bacharelado Em Música Piano pela Universidade Estadual do Pará (2000), mestrado em Etnomusicologia pela Universidade Federal da Bahia (2003), doutorado em Etnomusicologia pela Universidade Federal da Bahia (2006) e Pós-Doutorado em Antropologia pela Universidade de Brasília (2009). Atualmente é professora da Universidade Federal do Pará. Tem experiência na área de Música, com ênfase em Etnomusicologia. 23 Profa. Dra. Deise Lucy Montardo UFAM, INCT BRASIL PLURAL (Cnpq/Fapeam/Fapesc) Graduada em Ciências Sociais pela UFSC, Mestre em Arqueologia pela PUC/RS e Doutora em Antropologia Social, pela USP. Foi pesquisadora do Museu Universitário da UFSC e atualmente é Professora Adjunta de Antropologia na UFAM. Realiza pesquisa sobre antropologia da música Guarani desde 1995, publicou o livro “Através do Mbaraka: música e xamanismo guarani”, pela editora da USP em 2009, editou o dossiê especial “ Objetos sonoros-visuais ameríndios” na Revista Trans - Revista Transcultural de Música, TRANS 15 (2011), entre outras publicações. Atualmente é presidente da Associação Brasileira de Etnomusicologia (ABET). Prof. Dr. Bernardo Mesquita Universidade do Estado do Amazonas Doutor em Etnomusicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA. 2014). Compositor, Baterista e percussionista, também têm experiência na área de Educação Musical, Música Popular tradicional e urbana. Como pesquisador atua principalmente nos seguintes temas: Música popular na Amazônia, Carimbó, Guitarrada, Música Afro-caribenha, hibridismo cultural e o fenômeno da canção engajada brasileira na década de 60. Atualmente, é professor de Etnomusicologia no Curso de Música da Universidade do Estado do Amazonas, UEA. 24 Profa. Dra. Valéria Cristina Marques Universidade Federal do Pará Bacharel em Piano pela UNICAMP e Doutora em Educação Musical pela Universidade Federal da Bahia. Professora do Curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal do Pará desde 1994 do qual foi Coordenadora e posteriormente Diretora da Escola de Música da UFPA. Produziu e apresentou programas de rádio, tendo participado como pianista, durante um ano, do Programa Allegro da TV Cultura – São Paulo. Participou de conjuntos e orquestras barrocas como cravista. Compôs obras para teatro. Foi coordenadora do Programa Arte, Cultura e Lazer nos Hospitais da Secretaria de Estado de São Paulo. Atualmente coordena grupo de pesquisa sobre leitura musical, tema ao qual se dedica desde 2000. Prof. Dr. Rucker Bezerra de Queiroz Universidade Federal do Rio Grande do Sul Graduado pela UFPB (1991), Mestre (2002) e Doutor pela Unicamp - SP, é professor efetivo de violino da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, spalla da Orquestra Sinfônica da AMUSA-PB e spalla da Orquestra Filarmonia- RJ. Foi aluno de Yerko Pinto, Andzej Grabiec e Erick Friedman. Foi solista de várias orquestras no Brasil atuando com regentes como Eleazar de Carvalho, Elena Herrera, Carlos Veiga, Per Brevig, Paolo Bellomia, dentre outros. Apresentou recitais em todo Brasil, nos Estados Unidos e Itália. É membro fundador do Quinteto Uirapuru. Vencedor do prêmio Tim, categoria música instrumental com o CD Sivuca & Quinteto Uirapuru. 25 Maestro Adroaldo Cauduro Universidade do Estado do Amazonas - UEA Mestre em Artes-Música/Regência pela Eastern Illinois University nos Estados Unidos e estudou Condução Sinfônica e Ópera no Conservatório Rimsky-Korsakov em São Petersburgo, Rússia. O maestro é Bacharel em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e em Música – Regência pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).O maestro tem desenvolvido sua carreira como regente de coro e orquestra no Brasil e no exterior, bem como professor, instrumentista e compositor. É professor das disciplinas Regência Coral, Regência Orquestral do curso de Música e Voz e Movimento do curso de Teatro, bem como é o Maestro Titular da Orquestra Sinfônica e do Madrigal Amazonas da Universidade do Estado do Amazonas - UEA. Como compositor é autor do Livro “Cantando o Imáginário do Poeta” que traz à cena poemas do poeta Mario Quintana musicados para coro misto (SCTB) a cappella. Lançou em agosto de 2014 o livro “Cantando Poetas Ibero- Americanos”. Trata-se de poemas dos poetas amazonenses Elson Farias, Luiz Bacellar, Tenório Telles e Thiago de Mello, do poeta gaúcho carlos Nejar, do poeta português Fernando Pessoa e do poeta espanhol Federico Garcia Lorca musicados para orquestra de cordas, coro, cantores solistas e músicos convidados. Apresenta o programa semanal “Conversando com o Maestro” na TV e Rádio Cultura do Amazonas. Prof. Dr. Eduardo Nóbrega Universidade Federal da Paraíba Possui graduação em Educação Artística / habilitação em música pela Universidade Federal da Paraíba (1980). BACHAREL EM MUSICA ( PEFORMACE - FAGOTE) pela Universidade Federal da paraíba. mestre em Etnomusicologia pelo programa de Pós- Graduação do Departamento de Musica da UFPB. 26 Kalinka Damiani Soprano Brasileira Graduada em Música pela Udesc, aperfeiçoou-se com a renomada professora Neyde Thomas em Curitiba, no Bacharelado em Canto e no curso de Especialização em Performance em Canto da EMBAP, estudando também com Martha Herr, Niza Tank, Carol McDavid e Luiz Senise. Foi integrante do projeto “Tela Lírica”, intercâmbio do Centro Cultural Teatro Guaíra e Universidade e Conservatório de Adria, Itália. Premiações: Melhor Soprano Leggero, Melhor Intérprete de Mozart e Prêmio do Público no Concurso Maria Callas; 1° lugar e Troféu ABAL no Concurso Carlos Gomes; 1º Prêmio no Concurso Aldo Baldin. Protagonizou Inúmeras óperas no Brasil e exterior destaque para Rainha da Noite no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, La Traviata no Teatro Argentino de La Plata, e Lucia di Lammermoor na Temporada de Ópera de Medellin.Integra o corpo docente do Encontro de Cantores de Curitiba, Festival de Música de Londrina, Oficina de Música de Curitiba e Semana de Música da UFAM. É idealizadora e orientadora do projeto "Pisando no Palco" de estudo de repertório e performance e orientadora vocal do grupo de música antiga "Cantus Firmus ". Diretora e cantora do projeto “Cantigas” de resgate das melodias de roda harmonizadas por Villa Lobos. Projeto contemplado pela Funarte em 2014. Solista do cd "Carmina Burana" recentemente lançado na Alemanha com a Camerata Antíqua de Curitiba e Carmina Mundi sob regência de Harald Nickoll e do DVD “Madrigali d’Amore” com o grupo de música antiga Cantus Firmus. Convidada artística principal da Abertura do III SIMA no Teatro Amazonas. Direção musical e cênica da Obra Bastien und Bastienne de Mozart. Masterclass de canto. 27 Prof. Dr. Hermes Coelho UNICAMP É Maestro e Compositor, Doutor em Música/Regência pelo Instituto de Artes da Unicamp, onde também recebeu o título de Mestre em Música. É graduado em composição e regência pela Universidade FMU- FIAM- FAAM. Em 2008 venceu o concurso para regente titular da Orquestra Sinfônica de Americana e tem atuado frente a diversas orquestras: Sinfônica da Unicamp, Sinfônica de Sorocaba, Sinfônica de Americana, Sinfônica de Bragança Paulista, L’estro Armonico de São Paulo e Orquestra de Câmara do Amazonas. Em 2006 e 2010 esteve em Stuttgart-Alemanha regendo o Gärchinger Kantorei und Bach-Collegium Stuttgart sob orientação de Helmut Rilling. Em 2013 regeu, como convidado, o Coral do Amazonas no Teatro Amazonas em Manaus, onde também ministrou Workshop de Regência. Em Campinas recebeu a medalha Carlos Gomes, nos anos de 2000, 2003, 2006 e 2013, e em 2005 o Diploma de Honra ao Mérito "Herbert de Souza - Betinho" outorgados pela Câmara Municipal. Atualmente é regente associado dos corpos artísticos do Teatro Amazonas, em Manaus; professor de regência no curso de Pós-graduação em regência da Faculdade Mozarteum de São Paulo; diretor artístico da Associações Canto Coral Exsultate e Orquestra e Coral Ars Musicalis de Campinas e regente do Coral do Círculo Militar de Campinas. Robério Braga Secretário de Estado de Cultura Robério dos Santos Pereira Braga, Secretário de Estado de Cultura, professor e advogado, mestre em Direito pela Universidade do Estado do Amazonas e doutorando pela Universidade Illas Baleares, Espanha, é escritor e membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e da Academia Amazonense de Letras. 28 Comunicação oral Comitê científico 29 Índice de Conteúdos Educação Musical……………………………………………..………………………32 Caroline Caregnato. O desenvolvimento da abstração e suas implicações para o desenvolvimento da percepção musical..........................................................................33 Jordanna Duarte. O estágio supervisionado em música à distância: estrutura curricular da UnB e o olhar dos alunos dos polos de Sena Madureira/AC e Cruzeiro do Sul/AC………………………………………………………………………………….42 Marcos T. S. Melo, Damián Keller, Ana E. B. Barros, Floriano Pinheiro da Silva. Guitarreando: estudo do suporte visual, sonoro e simbólico para o ensino de violão…………………………………………………………………………………...51 Jefferson T. S. M. Silva. Metodologia Dalcroze: uma ação de extensão na UFRR……59 Edna Andrade Soares. Ações de extensão: relato de experiência coral em projeto de extensão universitária…………………………………………………..………………65 Lia Braga Vieira. Educação musical em pedagogias sociais do cotidiano……………..73 Etnomusicologia……………………………………………………………………….81 Selmo Azevedo Apontes. A congada de Vila Bela do Mato Grosso e a importância linguística da performance musical…………………………………………………….82 Sonia Chada. Tecnobrega: música eletrônica em Belém do Pará………………………93 Dayse Maria Puget. Os blocos e as Escolas de Samba: a resistência do carnaval em Belém do Pará…………………………………………………………………………101 Rucker Bezerra de Queiroz, Samuel Cavalcanti Correia. E a música Armorial continua...: trajetória e atualidade em breves considerações………………………….113 Rucker Bezerra de Queiroz, Samuel Cavalcanti Correia. A composição no movimento Armorial: Laconismo e Escritura de um Toré………………………………………...123 Rafael Severiano. Música indígena e processos de educação: Saberes musicais da sociedade tupinambá na Amazônia do Brasil colonial……..…………………………132 Musicologia Histórica………………………………………………………………..141 Vicente Casanova de Almeida. O éthos diastáltico e a exaltação patética em música no discurso de Claudio Monteverdi (1638)………………………………………………142 30 Mário Alexandre Dantas Barbosa. Ensino institucional e demanda composicional: a produção coral de Otávio Meneleu Campos (1872-1927) para o Conservatório Carlos Gomes…………………………………………………………………………………158 Fernando Lacerda Simões Duarte. Prometeu em tempos de romanização: o impacto dos órgãos eletrônicos na música litúrgica católica anterior ao concílio vaticano II……...168 José Ruy Henderson Filho, Rodrigo Gabriel Ramos Rodrigues. Memórias musicais da Amazônia: catalogação e edição de partituras para banda de música do início do século XX...…………………………………………………………………………………..183 Gabriel S. Lima, Márcio L. F. R. Páscoa. Precipício de Faetonte, do Judeu a Cyrillo Machado: análise iconográfica para fins paleográficos na reconstrução na parte de viola e canto da ária “Naquela Deidade Galharda”…………………………………………192 Musicologia do Século XX…………………………………………………………..206 Alexandre José de Abreu. Construindo o templo, música para catedral de Campinas como índice para um estudo da recepção……………………………………………..207 Neil Armstrong, Q. Natividad, Lucyanne de M. Afonso, João G. Kienen. O Centenário musical do Boi Caprichoso (1913-2013)……………………………………………...213 Gustavo Frosi Benetti. Guilherme de Mello. Música no Brasil: uma análise sobre a publicação reeditada por Luiz Heitor (1947)………………………………………….230 Grazeane de B. Froz, Lucyanne de M. Afonso. A trajetória artística de Teixeira de Manaus………………………………………………………………………………...236 Ernesto Frederico Hartmann. Cláudio Santoro e o Nacionalismo na perspectiva do Realismo Socialismo. Uma análise do uso da escala pentatônica na Sonata nº3 (1955) para piano……………………………………………………………………………..256 João Gustavo Kienen. Campo, cotidiano e não-cotidiano na construção da música nacionalista……………………………………………………………………………270 Ricardo L. Kubala, Bárbara de Souza. O dodecafonismo e o papel do solista no choro para viola e orquestra de Camargo Guarnieri…………………………………………277 João de Deus Vieira de Oliveira. Domingos Lima: uma historiografia do mago do violão...………………………………………………………………………………..290 Eliana Asano Ramos, Maria José Dias Carrasqueira de Moraes. Interação texto e música na canção A Chácara do Chico Bolacha de Ernst Mahle……………………………...298 Rodrigo A. S. Santos, Helena Jank, Paulo A. Ronqui. Os trombones de Sant´Anna Gomes: um estudo sobre a utilização dos trombones nas composições Valsa Club Campineiro, Polka sem Fim Polka Filuta……………………………………………..306 31 Performance Musical………………………………………………………………..317 Áureo D. de Freitas Júnior, Letícia S. Silva, João P. S. Nobre, Danihellen P. Siqueira, Ana B. Malheiros, Jonatas Araújo. A educação musical como forma de intervenção com alunos com dificuldades de aprendizagem do projeto violino e viola em grupo……..318 André A. Gaby. A pesquisa do canto gregoriano no século XX: implicações em sua prática interpretativa…………………………………………………………………..327 César A. Diniz Silva. A Orquestra sinfônica enquanto campo de trabalho: considerações sobre a gestão estatal………………………………………………………………….341 Israel Victor L. Silva, Rucker Bezerra de Queiroz. Aspectos técnicos-interpretativos da Sonata nº2 de Guerra-Peixe: a importância dasobras brasileiras pós 1950 para violino……………………………………………………………………………...….354 Práticas Criativas……………………………………………………………………364 Anselmo Guerra. Produção brasileira no contexto da música eletroacústica na América Latina: ontem e hoje…………………………………………………………………..365 Damián Keller, Ariadna Capasso, Patricia Tinajero. Prácticas creativas cognitivo- ecológicas. (Em espanhol)…………………………………………………………….377 Max Packer. Primeira leitura: o comentário composicional apócrifa…………………392 Alex Pochat. Feira de São Joaquim: um campo do compor…………………………..404 Edemilson Ferreira, Damián Keller, Flávio Miranda de Farias, Floriano Pinheiro da Silva, Victor Lazzarini, Marcelo Soares Pimenta, Maria Helena de Lima, Leandro L. Costalonga, Marcelo Johann. Criatividade musical cotidiana: engajamento, esforço cognitivo e personalidade……………………………………………………………..412 32 Educação Musical 33 O desenvolvimento da abstração e suas implicações para o desenvolvimento da Percepção Musical Caroline Caregnato1 1Escola Superior de Artes e Turismo – Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Manaus – AM Instituto de Artes – Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Campinas - SP carolinecaregnato@gmail.com Resumo. O conceito de “abstração”, cunhado por Piaget, se refere a uma espécie de “leitura” da realidade. Acreditamos que o processo de identificação e notação de estruturas musicais, que ocorre durante os exercícios aplicados no ensino de Percepção Musical, depende da realização de abstrações. O objetivo deste trabalho é estudar o desenvolvimento da abstração e, consequentemente, o desenvolvimento da identificação e notação de estruturas musicais. De acordo com o levantamento teórico realizado, esses desenvolvimentos ocorrem em três etapas, marcadas pelas abstrações empíricas, pseudo-empíricas, reflexionantes e refletidas, ao longo das quais o sujeito desenvolve o seu modo de compreender a realidade e a música. Abstract. The concept of "abstraction", coined by Piaget, refers to a kind of "reading" of the reality. We believe that the process of identification and notation of musical structures that occurs during exercises applied in Ear Training teaching depends on the realization of abstractions. The aim of this work is to identify the development of abstraction and consequently the development of identification and notation of musical structures. According to the theoretical survey conducted, these developments occur in three stages, marked by empirical, pseudo-empirical, reflexive and reflected abstractions, along which the subject develops his way of understanding reality and music. 1. Introdução O termo “abstração” se constitui em um conceito tomado de empréstimo da Psicologia Cognitiva. Mais especificamente, o referencial que embasa a construção deste trabalho e do qual retiramos a definição para o termo é a Epistemologia Genética, teoria criada por Jean Piaget. Este artigo se constitui em um recorte da tese de doutorado de sua autora, ainda em fase de produção, e busca relacionar o conceito piagetiano de abstração com o desenvolvimento de saberes dentro do contexto de aprendizagem de Percepção Musical. Como aponta um levantamento realizado por Otutumi e Goldemberg (2008), a disciplina de Percepção Musical (às vezes apresentada sob outras nomenclaturas, como “Treinamento Auditivo”) está presente na maior parte dos cursos de Graduação em Música do país. As atividades realizadas dentro do contexto dessa disciplina geralmente abordam a identificação de estruturas musicais e sua escrita, através da realização de ditados, bem como abordam a leitura musical, por meio de exercícios de solfejo. Neste artigo iremos nos focar, mais especificamente, sobre o desenvolvimento da identificação e notação de estruturas musicais, deixando em aberto a questão da leitura musical, também envolvida na Percepção Musical, para que ela seja abordada em trabalhos futuros. Segundo nossa leitura, o processo de identificação e notação de estruturas musicais, que ocorre durante os exercícios de ditado aplicados no ensino de Percepção Musical, depende da realização de abstrações. Para Piaget (1995), uma abstração se constitui em uma espécie de “leitura” ou interpretação da realidade. 34 O objetivo deste trabalho é estudar o possível processo de desenvolvimento da abstração e, consequentemente, o processo de desenvolvimento que conduz à identificação e notação de estruturas musicais durante a aprendizagem de Percepção Musical. Deste modo, o que apresentamos neste artigo são hipóteses de desenvolvimento, cunhadas a partir do contato com a teoria piagetiana. Essas hipóteses encontram-se em fase de validação, por meio de um estudo ainda em andamento, realizado com estudantes de Percepção Musical e músicos profissionais. Acreditamos que este trabalho pode vir a elucidar o modo como ocorre o desenvolvimento das competências envolvidas na aprendizagem de Percepção Musical, vindo assim a contribuir para a construção de propostas de ensino dentro do contexto dessa disciplina que respeitem o modo como ocorre o desenvolvimento do estudante e, ao mesmo tempo, impulsionem novas aprendizagens. Ao longo de seus estudos, Piaget (1995) observou a existência de diferentes tipos de abstração. Esse autor observou ainda que cada um desses tipos é característico de algum dos momentos do desenvolvimento dos sujeitos. Iniciaremos este artigo expondo brevemente os tipos de abstração observados por Piaget (1995). Para maiores informações sobre o assunto e sobre o modo como as abstrações se relacionam com a Percepção Musical, o leitor poderá ser indicado ao trabalho que dedicamos ao assunto (CAREGNATO, 2013). Em seguida, voltar-nos-emos ao tema do desenvolvimento das abstrações e suas relações com a Percepção Musical, que é efetivamente a que nos dedicamos neste trabalho. 2. Os tipos de abstração segundo a teoria piagetiana De acordo com Piaget (1995, p. 5-6), existem abstrações de tipo empírico, reflexionante, refletido e pseudo-empírico. As abstrações empíricas são dirigidas aos aspectos materiais dos objetos, se construindo sobre conteúdos, que podem ser entendidos dentro da teoria piagetiana como as características de um objeto (BATTRO, 1978, p. 65). Dessa forma, as abstrações empíricas recolhem características que estão contidas nas coisas que nos cercam (PIAGET, 1995, p. 5). Aspectos como a cor dos objetos, ou mesmo as alturas emitidas pelos instrumentos musicais, podem ser alvo da abstração empírica. Enquanto a abstração empírica “retira sua informação dos objetos [grifo nosso]” (PIAGET, 1995, p. 141), a abstrações reflexionante insere informações nos objetos graças a uma ação do pensamento do sujeito. A introdução da quantidade, por exemplo, ocorre por força da abstração reflexionante, já que os números não são uma qualidade dos objetos, mas uma informação introduzida neles pelo pensamento do sujeito que conta. A atribuição de nomes (Dó, Ré, Mi, etc) às frequências sonoras também parece ser fruto de abstrações reflexionantes. A abstração reflexionante atua a partir do estabelecimento de relações entre as características dos objetos. Desse modo, ela não se constrói sobre conteúdos, mas sobre formas, ou seja, sobre o que poderíamos chamar de “lei de organização” dos objetos (PIAGET, 1995, p. 166). De acordo com Piaget (1995, p. 250), a abstração reflexionante é composta por dois processos: pelo reflexionamento, que retira as informações do plano do real, levando-as ao plano do pensamento; e pela reflexão, que integra, reorganiza e reconstrói as informações dadas pelo reflexionamento dentro do pensamento. 35 Ainda de acordo com Piaget (1995, p. 6), é possível que reflexões sejam construídas sobre reflexões já estabelecidas, dando origem aoque foi denominado de abstração refletida. Essa abstração leva a comparações entre objetos e à testagem de hipóteses de explicação para acontecimentos e a sua compreensão (PIAGET, 1995, p. 175, 193, 251-252, 280). A abstração refletida parece atuar no relacionamento entre notas e ritmos, necessário para a escrita de uma melodia, por exemplo. Por fim, o último tipo de abstração mencionado por Piaget (1995, p. 6) é a abstração pseudo-empírica, que permite ao sujeito inserir propriedades nos objetos como ocorre com o uso da abstração reflexionante, mas valendo-se de observáveis exteriores ao indivíduo e não apenas do seu pensamento, como ocorre durante a abstração empírica. Este tipo de abstração parece estar em curso quando os sujeitos se utilizam do apoio de um instrumento musical para a atribuição de nomes de notas às alturas de uma melodia. 3. O desenvolvimento da abstração e a identificação e notação de estruturas musicais dentro do contexto da Percepção Musical Piaget (1995) observou o desenvolvimento da abstração através de uma série de experimentos diferentes. Na sequência iremos apresentar uma exposição de alguns desses estudos a fim de buscar traçar as linhas gerais do desenvolvimento da abstração segundo a visão piagetiana. Em paralelo a essa exposição, iremos buscar tecer inferências sobre como esse desenvolvimento da abstração poderia ser observado no caso da identificação de estruturas musicais e da sua notação, que ocorre no contexto de aprendizagem da Percepção Musical. Ao longo de seus experimentos sobre a abstração, Piaget (1995) observou a existência de basicamente três estágios ou etapas de desenvolvimento denominadas simplesmente de etapas I, II e III. Essas etapas são por vezes subdivididas em dois níveis (níveis A e B) que guardam semelhanças entre si. A fim de objetivar a exposição a seguir, iremos nos referir apenas às três etapas de modo mais amplo (mesmo porque, na maioria dos experimentos, a subdivisão de uma etapa se deve a questões específicas do estudo e do problema que está sendo analisado): uma etapa inicial de desenvolvimento, outra intermediária, e a etapa final. Piaget (1995, p. 180, 184-185) observou que no estágio inicial de desenvolvimento ocorrem predominantemente abstrações empíricas. Esse tipo de abstração não permite que ocorra compreensão de alguns eventos. De acordo com um dos experimentos realizados por esse autor, a compreensão não se torna possível nem mesmo com o auxílio de outra pessoa, durante esta fase inicial. Isso ocorre porque a abstração empírica – que é praticamente o único tipo de abstração realizada nos momentos iniciais do desenvolvimento – é ainda um tipo de abstração muito limitado, que não busca inserir elementos no evento (como a causa do evento) que não sejam observáveis de forma direta. Assim sendo, a abstração empírica é limitada porque não leva à compreensão. Esse tipo de abstração tampouco conduz à aprendizagem, por isso, qualquer ajuda que seja fornecida ao sujeito não será “aproveitada” enquanto a abstração empírica se mantiver reinante (PIAGET, 1995, p. 184). Podemos ensaiar uma aplicação dessas ideias de Piaget (1995) ao campo da Percepção Musical: em uma atividade de notação de uma dada música ou excerto ouvido, não basta fornecer as respostas do que foi percebido ao sujeito se este indivíduo se mantiver preso à realização de abstrações empíricas. Dificilmente o sujeito irá formular alguma aprendizagem a partir do que lhe foi demonstrado. Se o sujeito ainda 36 estiver preso a abstrações empíricas, que se limitam à observação dos resultados, também dificilmente ele irá compreender de fato a situação que foi posta. Relembrando: a abstração empírica não é um instrumento suficientemente desenvolvido a ponto de permitir a aprendizagem ou a compreensão. Apenas a abstração reflexionante é capaz de permitir a compreensão dos fatos e de gerar aprendizagens. Pensamos que o professor de Percepção Musical precisa estimular o desenvolvimento deste tipo de abstração (e dos posteriores) no aluno. No experimento de Piaget (1995, p. 181-184) que estamos relatando, a abstração reflexionante começa a se destacar na segunda fase de desenvolvimento – embora já existam esboços de abstração reflexionante nos momentos iniciais, em que há primazia da abstração empírica (PIAGET, 1995, p. 272). Nesse momento surgem os primeiros indícios de compreensão, mas inicialmente apenas após tentativas ou “tateamentos”, ou seja, não de modo imediato. Essa compreensão nascente, contudo, ainda não é completa, pois esbarra em abstrações refletidas que ainda são insuficientes. No caso da notação musical, podemos inferir que “tateamentos” como repetir por meio do canto o que foi ouvido, ou identificar alturas musicais com a ajuda de um instrumento, são característicos dessa fase intermediária de desenvolvimento. Acreditamos que os professores de Percepção Musical podem estimular seus alunos a utilizarem esses recursos, ao invés de limitá-los, como frequentemente ocorre. Como, nesse nível, a compreensão ainda não é completa por falta de reflexão adequada, condutas como a classificação errada de acordes, intervalos, ritmos, etc, também podem ser características de uma fase intermediária de desenvolvimento musical. Esses “tateamentos” a que nos referimos parecem ser característicos de abstrações pseudo-empíricas. De fato, Piaget (1995, p. 141-148) observou que a abstração pseudo-empírica se manifesta em fases intermediárias do desenvolvimento. De acordo com as observações desse autor, a abstração pseudo-empírica antecede a realização de abstrações reflexionantes puras durante o desenvolvimento. Desse modo, o contato com o objeto que se busca abstrair e a realização de ações sobre este objeto, em curso durante atividades de abstração pseudo-empírica, são as bases para a realização de abstrações reflexionantes, focadas apenas no exame ou em ações imaginadas e não na ação concreta. Estendendo essa observação para o caso da Percepção Musical, parece provável então que a realização de ações características da abstração pseudo-empírica, como identificar um som por meio do canto ou com o auxílio de um instrumento, sejam ações de fato intermediárias, necessárias no processo de desenvolvimento, uma vez que essas ações concretas, realizadas sobre os objetos que se busca abstrair, são ações necessárias para que ocorram futuras “ações mentais”, completamente internalizadas, características da abstração reflexionante, e para que o indivíduo possa, finalmente, se libertar da necessidade de um apoio concreto. Acreditamos, portanto, que se o professor de Percepção Musical não “queimar etapas” no desenvolvimento do aluno e estimulá-lo a superar a realização de abstrações pseudo-empíricas assim que possível, não existirão motivos para temer a dependência eterna do estudante ao uso de um instrumento musical ou do canto como apoio. Essas condutas tendem a ser superadas à medida em que ocorre o desenvolvimento. Retomando o experimento de Piaget (1995, p. 176-177) a que nos referíamos inicialmente, no último estágio do desenvolvimento ocorre avanço na comparação entre duas situações, possível graças a abstrações refletidas mais apuradas, e surge uma compreensão também mais precisa da realidade. No caso da notação musical, é possível 37 que nesse estágio o sujeito obtenha pleno êxito ao identificar o que foi ouvido. Esse êxito pode ser devido a avanços no sentido da coordenação (ou da comparação), que permitem, por exemplo, um estabelecimento de relações mais precisas entre conceitos que o sujeito possua e sons recentemente ouvidos. Em um experimento diferente deste último, Piaget (1995, p.204-205) observou resultados semelhantes. Esse autor também verificou que o primeiro estágio de desenvolvimento é marcado pela realização de abstrações empíricas variadas, contudo,mal coordenadas entre si. Essa falha na coordenação pode levar o indivíduo a leituras equivocadas de aspectos observados (voltaremos novamente a esse ponto). Parece possível supor que, na notação de músicas ouvidas, o prevalecimento de abstrações empíricas mal coordenadas pode conduzir à percepção, por exemplo, de escalas ascendentes em lugar de escalas descentes, ou vice-versa. Essa inversão pode ser resultado de duas abstrações empíricas, centradas sobre a nota inicial e final daquilo que foi ouvido, mas mal coordenadas (mal relacionadas) entre si. Essas dificuldades na coordenação são parcialmente superadas ao longo da fase intermediária de desenvolvimento, em que se manifesta uma abstração reflexionante mais ativa, por vezes ainda baseada em abstrações pseudo-empíricas (PIAGET, 1995, p. 204-205). Piaget (1995, p. 204-205) observou, durante essa segunda fase, algumas tentativas de superação da necessidade de utilização de abstrações pseudo-empíricas através do uso de reflexões ainda não perfeitamente desenvolvidas. O uso de reflexões ainda incompletas pode conduzir a leituras equivocadas. Essas leituras também ocorrem por falta de uma verificação empírica que seja capaz de constatar a impossibilidade de que a realidade seja organizada do modo como o sujeito supõe. No caso da Percepção Musical – voltando à questão do equívoco de direção mencionado acima – é possível também que uma escala, por exemplo, seja conceituada de modo invertido porque houve uma coordenação entre a nota mais grave e mais aguda, contudo resultado de uma reflexão não suficientemente desenvolvida e de uma falta de retomada do que foi ouvido (de constatação empírica através do canto, por exemplo, ou de nova audição) que permitisse a verificação do equívoco. Piaget (1995, p. 273) observou que uma das grandes tendências dessa segunda fase rumo ao terceiro momento do desenvolvimento, especialmente quando se trata de abstrair aspectos espaciais da realidade, é o estabelecimento de trocas contínuas entre a abstração empírica e a abstração reflexionante. Ao longo da segunda fase, a abstração empírica fornece os dados indispensáveis para que a abstração reflexionante ocorra, pois não se pode compreender uma realidade que não tenha sido constatada por abstração empírica; e a abstração reflexionante, por sua vez, volta a recorrer à abstração empírica no momento em que se torna necessária a comprovação das hipóteses formuladas (pela abstração reflexionante). Em síntese, nesse momento do desenvolvimento a abstração reflexionante passa a se servir dos dados sobre as propriedades do objeto, que são fornecidos pela abstração empírica, para verificar a validade de seus “produtos”. Por fim, no último estágio de desenvolvimento observado por Piaget (1995, p. 205) através do experimento a que nos referíamos, ocorrem reflexões sobre reflexões anteriores, ou seja, manifestam-se abstrações refletidas em estado mais desenvolvido. A reflexão é capaz de corrigir equívocos de leitura manifestos em fases anteriores do desenvolvimento. Em outro conjunto de observações, Piaget (1995, p. 179) constatou que a abstração refletida sempre se apoia sobre abstrações reflexionantes anteriores. 38 Abstrações refletidas uma vez realizadas também podem servir de base para futuras abstrações refletidas. Assim sendo, as abstrações reflexionantes antecedem as abstrações refletidas durante o desenvolvimento, e abstrações refletidas de caráter mais elementar também podem anteceder abstrações refletidas posteriores e de caráter mais complexo (PIAGET, 1995, p. 176). Ao que parece, essa relação entre esses dois tipos de abstração ao longo do desenvolvimento também pode ser observada no caso específico do desenvolvimento da Percepção Musical. A abstração reflexionante parece permitir a conceituação do que foi ouvido. A partir dessa abstração o indivíduo passa a identificar o que ouviu e transforma a coisa ouvida em um novo “produto”, capaz de ser transportado a um patamar superior de reflexão. Nesse “patamar superior” de pensamento, podem ocorrer novas reflexões como, por exemplo, o estabelecimento de comparações entre trechos musicais já conceituados. Essa comparação poderia levar à constatação de repetições motívicas, por exemplo. Ou, comparações dessa ordem ainda poderiam levar à observação de um conjunto de escolhas composicionais semelhantes. Esse “conjunto de escolhas composicionais” poderia se tornar um novo objeto do pensamento, e poderia ser transposto novamente a um patamar superior de reflexão. Essa reflexão poderia resultar na identificação de um determinado estilo composicional, por exemplo. Piaget (1995, p. 276-277) observou, portanto, que existe uma alternância ininterrupta entre abstrações reflexionantes e refletidas, pois todo o produto de uma reflexão pode ser transposto a um patamar superior, se tornando assim alvo de um novo reflexionamento e de uma nova reflexão. Essa alternância se sucede como em uma espiral, em que a cada novo patamar se adquire maior riqueza na compreensão do objeto observado. Cada um desses patamares representa um novo começo e um novo fim, de modo que começos e finais nunca sejam absolutos e se sucedam ininterruptamente. Portanto, se a notação de músicas ouvidas obedecer às “leis” de Piaget (1995) sobre o desenvolvimento da abstração é possível que ações que dependem da abstração refletida ocorram em constante e ininterrupto relacionamento com abstrações reflexionantes. É possível ainda que os frutos da reflexão (como a conceituação de sons, a identificação de motivos, estilos composicionais, etc) se tornem cada vez mais ricos na medida em que forem sendo absorvidos pelo processo espiral de abstração. Retomando a questão dos equívocos de leitura levantada acima, Piaget (1995, p. 206) realizou ainda outro experimento buscando compreender se a fonte dos erros de interpretação, característicos dos momentos iniciais do desenvolvimento, seriam as abstrações empíricas ou as abstrações reflexionantes, que coexistem nessa fase (PIAGET, 1995, p. 219, 221). Segundo as observações de Piaget (1995, p. 221), esses erros não se devem às abstrações empíricas características da primeira fase de desenvolvimento, mas são resultado de abstrações reflexionantes (sempre solidárias às abstrações empíricas) não propriamente incorretas, mas ainda incompletas. Piaget (1995, p. 221) argumenta que, mesmo no caso do experimento anteriormente relatado, os erros de interpretação, resultantes de uma abstração refletida que não tenha sido verificada de modo concreto (pela observação da realidade), não são devidos a abstrações incorretas. Eles são, antes, resultado de uma aplicação abusiva da reflexão, que não buscou embasamentos para a sua aplicação na realidade (a explicação incorreta fornecida por uma abstração reflexiva abusiva poderia ser aceita em uma situação que fosse condizente com ela, ou seja, não há uma explicação absurda, apenas uma explicação mal aplicada por falta de verificação com a realidade). 39 Portanto, as inversões de direções que ocorrem durante a notação musical, de que falávamos anteriormente, ou mesmo os outros erros que ocorrem durante esse processo, não parecem resultado de falhas no processo de abstração empírica. Elas parecem ser fruto de abstrações reflexionantes (ou refletidas) ainda não completamente desenvolvidas. Em outro de seus experimentos, Piaget (1995, p. 236) também buscou observar a alternância entre a diferenciação (reflexionamento do processo de abstração reflexionante, ou observação apenas das características aparentes) e a integração (reflexão) ao longo do desenvolvimento. A diferenciação é marcante durante as fases em que há pouca abstração reflexionante e predomínio de abstração empírica. A integração é resultado do predomínio da abstração reflexionante sobre a abstração empírica.Desse modo, na fase I (fase inicial do desenvolvimento) há constatação de diferenças graças à realização de abstrações empíricas, e começo de diferenciação, em virtude das primeiras coordenações possibilitadas pela abstração reflexionante nascente. Nos estágios seguintes, a abstração reflexionante e, posteriormente, a abstração refletida, se aprimoram permitindo coordenações mais desenvolvidas e o próprio desenvolvimento da integração. Cabe reafirmar que as abstrações refletidas são mais tardias, na linha de desenvolvimento, que as abstrações reflexionantes (PIAGET, 1995, p. 236-237). Concluindo sua abordagem, Piaget (1995, p. 287-288) sintetizou o desenvolvimento das formas de abstração. Segundo ele, no primeiro nível de desenvolvimento há predomínio da abstração empírica e a abstração reflexionante nascente assume o papel de elaborar quadros assimiladores para aquele tipo de abstração, ou seja, a abstração reflexionante passa a permitir a apreensão e compreensão dos dados fornecidos pela abstração empírica, principalmente graças à interferência da representação. No segundo nível, a abstração reflexionante se torna capaz de engendrar a forma (a “lei de funcionamento”) daquilo que é observado, mas graças à intervenção da abstração pseudo-empírica, de modo que “os resultados dos reflexionamentos e das reflexões permanecem materializados nos objetos transformados e enriquecidos pelas atividades do sujeito” (PIAGET, 1995, p. 287). No terceiro nível, a abstração refletida torna possível a realização de reflexões sobre reflexões e, dessa forma, também permite a formação de um pensamento propriamente reflexivo. É curioso observar que, de acordo com Piaget (1995, p. 289), na medida em que ocorre o desenvolvimento da abstração reflexionante e da abstração refletida, a abstração empírica também se desenvolve. Segundo esse autor, quanto mais as formas se desenvolvem, melhor se torna a apreensão dos conteúdos, ou seja, a “apreensão de observáveis até então não-assimiláveis, mesmo a título de simples constatações” (PIAGET, 1995, p. 289). Desse modo, características do objeto não observadas (ou observadas de forma equivocada) podem passar a sê-lo com o desenvolvimento da reflexão. Esse parece ser o caso da percepção de alterações melódicas. É comum (ao menos durante as situações de ensino de Percepção Musical) que alterações ascendentes no sétimo ou sexto grau sejam ignoradas durante a notação de músicas em tonalidades menores. Parece que a interferência de conhecimentos teóricos sobre a formação de escalas menores, por exemplo, é capaz de corrigir esse tipo de erro de leitura ou de apreensão do que foi ouvido. Nesse caso, os conhecimentos teóricos podem ser relacionados (graças a uma reflexão) com o que foi ouvido, para que a melodia ouvida seja melhor verificada e, desse modo, para que as alterações sejam percebidas. Em 40 síntese, esse parece ser um caso em que conhecimentos sobre a forma de organização de tonalidades menores influem sobre a percepção do conteúdo, ou seja, influem sobre o modo como uma realidade específica (uma música) é apreendida. Essa observação de Piaget sobre o desenvolvimento da abstração empírica, fundado sobre o desenvolvimento da abstração reflexionante e refletida, apenas reforça a ideia de que o modo como “lemos” a realidade não depende pura e simplesmente de processos perceptivos, mas depende do desenvolvimento do pensamento e da sua capacidade de reflexão. 4. Conclusões Ao longo deste artigo pudemos observar que a identificação e a notação de estruturas musicais, que ocorre durante as atividades de aprendizagem de Percepção Musical, parece relacionar-se com o processo de abstração conforme proposto por Piaget (1995). Como aponta a Epistemologia Genética, as abstrações se desenvolvem ao longo de três etapas, durante as quais ocorre a passagem das abstrações empíricas às abstrações pseudo-empíricas, reflexionantes e, por fim, refletidas. Ao longo desse processo de desenvolvimento o sujeito se torna cada vez mais apto a interpretar a realidade a sua volta. O desenvolvimento da identificação e da notação de estruturas musicais parece seguir as mesmas linhas de desenvolvimento da abstração, uma vez que esse processo de identificação/notação pode ser entendido como um processo de abstração, capaz de retirar informações do real e oferecer formas de compreensão a essa realidade. Observamos que, também no caso da identificação e notação de estruturas musicais, o desenvolvimento parece ocorrer em três etapas, durante as quais o sujeito supera os equívocos de notação, característicos de uma abstração empírica e refleionante ainda pouco estruturada e insuficiente para resolver os problemas propostos nas situações tradicionais de aprendizagem de Percepção Musical; o desenvolvimento passa à realização de abstrações pseudo-empíricas, caracterizadas pela atribuição de significações musicais ao material ouvido através de materiais concretos, indo em seguida ao domínio das abstrações reflexionantes e refletidas que permitem, em síntese, a escritas de excertos musicais complexos. Conforme apontamos na introdução deste artigo, o próximo passo deste trabalho será a verificação, por meio de um experimento, das hipóteses aqui levantadas e construídas a partir da Epistemologia Genética. Acreditamos que as linhas de desenvolvimento aqui sugeridas serão verificadas em sua totalidade, e que essas informações poderão auxiliar os educadores voltados ao ensino de Percepção Musical na formulação de propostas de ensino com metodologias, objetivos e formas de avaliação bem delineadas, e condizentes com o modo como ocorre o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos. Referências BATTRO, A. M. Dicionário terminológico de Jean Piaget. Pioneira: São Paulo, 1978. CAREGNATO, C. “Manifestações do conceito piagetiano de abstração na aprendizagem de Percepção Musical”. In: Encuentro de Ciencias Cognitivas de la Música, 11, 2013, Buenos Aires. Actas... Buenos Aires: ECCoM, p. 381-385. 41 OTUTUMI, C. H. V.; GOLDEMBERG, R. “Um olhar quantitativo sobre a situação da Percepção Musical nos cursos de graduação em música: respostas dos professores atuantes na área”. Encontro Nacional da Associação Brasileira de Educação Musical, 17, 2008. São Paulo. Anais... São Paulo: ABEM p. 1-7. PIAGET, J. Abstração reflexionante: relações lógico-aritméticas e ordem das relações espaciais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 42 O estágio supervisionado em música à distância da UnB: estrutura curricular do curso e o olhar dos alunos dos polos de Sena Madureira/AC e Cruzeiro do Sul/AC Jordanna Duarte1, Paulo Roberto Affonso Marins2 1 Escola de Música e Artes Cênicas – Universidade Federal de Goiás. Caixa Postal 131 – 74.001-970 – Goiânia – GO - Brasil 2 Departamento de Música – Universidade de Brasília (UnB). Caixa Postal 4318 – 70.904-970 – Brasília – DF – Brasil jordannaduarte@gmail.com, pramarins@gmail.com Resumo. Este artigo trata sobre o olhar do aluno do curso de Licenciatura em Música a Distância da Universidade de Brasília no que tange a disciplina Estágio Supervisionado em Música III. Para tal, iniciamos nossa reflexão partindo dos pressupostos da Educação a Distância (EaD) no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), como também dispomos sobre o Projeto Político Pedagógico do referido curso de música. Em específico, tratamos sobre a disciplina de Estágio Supervisionado em música III e sua estrutura, focando, na parte final, nos relatos dos alunos sobre sua própria trajetória no estágio, sobre a disciplina em questão, sua relação com o tutor e sobre o desenvolvimento da prática na escola. A partir dos relatos, analisamos os resultados obtidos visando elaborar propostas que possibilitem melhorias da disciplina para suas próximas ofertas. Abstract. This article is
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