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EMPRESARIAL1 - P2 - COMPLETO

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EMPRESARIAL – P2 – 05/06/2017
Direito de Propriedade Industrial
Vimos que o empresário (empresário individual ou sociedade empresária), para iniciar o exercício de uma atividade econômica (empresa) que lhe propicie auferir lucros, necessita organizar todo um complexo de bens que lhe permita desempenhar tal mister. A esse complexo de bens (ponto, equipamentos, marca, matéria-prima, capital etc.) dá-se o nome de estabelecimento empresarial, e dentre esses bens incluem-se não apenas bens materiais, mas também bens imateriais (marcas, invenções, desenhos industriais, modelos de utilidade etc.). Esses bens imateriais que compõem o estabelecimento empresarial são tão importantes, no atual estágio de desenvolvimento do capitalismo, que o ordenamento jurídico confere a eles uma tutela jurídica especial, hodiernamente agrupada num sub-ramo específico do direito empresarial chamado de direito de propriedade industrial. 
O direito de propriedade industrial compreende, pois, o conjunto de regras e princípios que conferem tutela jurídica específica aos elementos imateriais do estabelecimento empresarial, como as marcas e desenhos industriais registrados e as invenções e modelos de utilidade patenteados. 
O direito de propriedade intelectual é gênero, e tem como espécie o direito de propriedade industrial. O direito autoral também é espécie do direito de propriedade intelectual. Tanto o direito autoral, quanto o direito de propriedade industrial protegem bens imateriais. Pode-se dizer, pois, que o direito de propriedade intelectual é gênero, do qual são espécies o direito do inventor (direito de propriedade industrial), intrinsecamente ligado ao direito empresarial, e o direito do autor (direito autoral), mais ligado ao direito civil. Esses bens resultam do gênio humano, não forças físicas. Apesar da semelhança indicada, pode-se apresentar as seguintes diferenças entre direito autoral e direito de propriedade industrial:
· O direito autoral protege a obra em si.
· O direito de propriedade industrial protege uma técnica
Feitos esses apontamentos, se passará a concentrar o foco no direito de propriedade industrial, pois o mesmo está mais relacionado com a atividade empresarial.
1. Histórico do direito de propriedade industrial:
Durante muito tempo, o inventor e o criador não tiveram proteção referente aquilo que eles criavam. Após a Revolução Industrial, com as invenções e criações passando a ter impacto em larga escala, foi que o homem passou a ver a relevância em proteger esses bens. Em 1883, na Convenção de Paris foi que se iniciou o debate para uniformização do tratamento no tocante ao direito da propriedade intelectual. Desse contexto o Brasil não ficou de fora, tendo sido um país pioneiro em tema de propriedade intelectual. Com efeito, o Brasil foi um dos países fundadores da Convenção de Paris, a qual, conforme destacamos, começou no final do século XIX, a estabelecer as primeiras matrizes para a uniformização internacional da defesa da propriedade intelectual e industrial.
· A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XXIX, afirma o seguinte:
· CF, artigo 5º, inc. XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
Em 1994, o Brasil assinou o Acordo TRIPS que, dentre outros aspectos, foi responsável pela uniformização das regras referentes à propriedade intelectual e industrial. Tratado Internacional integrante de um conjunto de acordos assinados em 1994 que encerraram a conhecida Rodada Uruguai, dando origem à Organização Mundial do Comércio (OMC). Também é chamado de Acordo Relativo aos Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual Relacionados com o Comércio (ADPIC), mas a denominação TRIPS é mais usada por derivar das iniciais em inglês do referido tratado. O Brasil ratificou o Acordo TRIPS por meio do Decreto Legislativo 30/1994 e o promulgou pelo Decreto presidencial 1.355/1994.
2. Lei de propriedade intelectual (LPI):
A lei 9.279/1996 é que regula os direitos e obrigações relativos à propriedade industrial no Brasil. A lei, em seu artigo 2º, aponta como será efetivada a proteção dos direitos relativos à propriedade industrial.
· Lei 9.279/1996, artigo 2º - A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante:
· I - concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;
· II - concessão de registro de desenho industrial;
· III - concessão de registro de marca;
· IV - repressão às falsas indicações geográficas; e
· V - repressão à concorrência desleal.
Como se vê pelo artigo antes transcrito, os bens protegidos pela propriedade industrial são quatro:
· A invenção e o modelo de utilidade (protegidos pela patente).
· A marca e o desenho industrial (protegidos pelo registro).
A LPI ainda reprime as falsas indicações geográficas e a concorrência desleal. Em função da adoção, pela legislação brasileira, dos preceitos consagrados na Convenção da União de Paris, a LPI incorporou os princípios: da prioridade, e da assimilação.
Isso pode ser constatado no artigo 3º da LPI: 
“I – Ao pedido de patente ou de registro proveniente do exterior e depositado no País por quem tenha proteção assegurada por tratado ou convenção em vigor no Brasil;
(princípio da prioridade) e 
II – Aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes (princípio da assimilação)
Assim, será aplicada a LPI para o pedido de patente ou de registro proveniente do exterior e aqui depositado por quem tenha proteção assegurada por tratado ou convenção em vigor no Brasil (prioridade). Também será aplicada a LPI para os nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes (assimilação). Os direitos de propriedade industrial são considerados bens móveis, segundo disposição constante do seu art. 5.º: “consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, os direitos de propriedade industrial”
· 3. Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI):
Direitos de propriedade industrial são concedidos pelo INPI que é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a qual possui a atribuição de conceder privilégios e garantias aos inventores e criadores em âmbito nacional. De acordo com o STJ, as ações contra o INPI são de competência da Justiça Federal, e devem ser ajuizadas na seção judiciária do Rio de Janeiro, local da sede do instituto. No entanto, havendo pluralidade de réus, como ocorre nos casos em que a ação é ajuizada contra o INPI e, também, contra um particular (geralmente uma sociedade empresária), o STJ entende que cabe ao autor da ação ajuizá-la no Rio de Janeiro ou no foro do domicílio do outro réu. 
Por outro lado, observe-se que eventual ação de indenização por perdas e danos contra particular por infração de direito de propriedade industrial, na qual o INPI não é parte, deverá ser julgada pela justiça estadual. Assim, uma ação anulatória de registro no
INPI não pode ser cumulada com ação de indenização, uma vez que a cumulação só é admitida pelo Código de Processo Civil quando o mesmo juízo é competente para conhecer todos os pedidos.
O art. 2.º da Lei 5.648/1970, com a redação dada pela LPI, dispõe que o INPI “tem por finalidade principal executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade industrial, tendo em vista a sua função social, econômica, jurídica e técnica, bem como pronunciar-se quanto à conveniência de assinatura, ratificação e denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos sobre propriedade industrial”. Como ente administrativo que é, as decisões do INPI podemsempre ser revistas pelo Poder Judiciário, em função do conhecido princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional dos atos do Poder Público, previsto no art. 5.º, inciso XXXV, da Constituição da República.
Patentes de Invenção e Modelo de Utilidade
A invenção e o modelo de utilidade são protegidos pelo direito de propriedade industrial. Essa proteção se dá através da concessão de patente, instrumentalizada através de carta-patente.
1. Conceito:
A LPI não definiu o que vem a ser invenção, De fato, todos nós temos uma noção bastante comum do que seja uma invenção: trata-se de um ato original decorrente da atividade criativa do ser humano. Aquela limitou-se a afirmar que “é patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial” (artigo 8º, LPI). Já no tocante ao modelo de utilidade, a LPI o definiu em seu artigo 9º, como “o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação”.
Indo além da definição legal, pode-se conceituar o modelo de utilidade das seguintes formas: 
· De forma simples: Modelo de utilidade são inovações com menor carga inventiva, normalmente resultantes da atividade do operário ou artífice.
· De forma mais completa: Modelo de utilidade é toda disposição ou forma nova obtida ou introduzida em objetos conhecidos, desde que se prestem a um trabalho ou uso prático. A disposição ou forma nova refere-se a ferramentas, instrumentos de trabalho ou utensílios que nele são empregados para aumentar ou desenvolver a sua eficiência ou utilidade. (Rubens Requião)
Para o autor ou de um modelo de utilidade conseguir a concessão de uma patente, é preciso que o mesmo preencha os seguintes requisitos: Novidade; Atividade inventiva; Aplicação industrial; Licitude ou desimpedimento.
A novidade seria preenchida quando a invenção ou modelo de utilidade não estão compreendidos no estado da técnica (art. 11 da LPI), o qual, por sua vez, “(...) é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito
do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17” Em síntese, um determinado invento (invenção ou modelo de utilidade) atenderá o requisito da novidade se constituir algo desconhecido até mesmo para a comunidade científica especializada na respectiva área de conhecimento.
O requisito da atividade inventiva se considera preenchido quando, para um técnico no assunto, a invenção não decorrer de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica (art. 13 da LPI) e o modelo de utilidade não decorrer de maneira evidente
ou vulgar do estado da técnica (art. 14 da LPI).
Em suma, o inventor deve demonstrar que chegou àquele resultado novo em decorrência de um ato de criação seu. Serve esse requisito, enfim, para distinguir a invenção de uma mera descoberta, de modo que o direito de propriedade protege o inventor, mas não o mero descobridor. Este, por exemplo, descobre uma jazida de metal
precioso; aquele, por sua vez, cria um mecanismo para aproveitamento desse metal. Uma coisa é descobrir a eletricidade; outra coisa, bem distinta, é inventar a lâmpada.
Foi nos Estados Unidos o local em que se desenvolveu o requisito da atividade inventiva (lá chamado de non-obviousness), tendo este sido incorporado pelo direito de propriedade industrial brasileiro somente a partir da entrada em vigor da LPI, em 1996.
O requisito da aplicação industrial fica preenchido é preenchido quando a invenção ou o modelo de utilidade possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria, conforme disposto no art. 15 da LPI: “a invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria”. Tem-se, aqui, requisito de patenteabilidade ligado diretamente à exigência de que o invento seja útil e factível. Se alguém cria algo novo, mas que não pode ser produzido industrialmente, essa criação não poderá ser patenteada. O direito de propriedade industrial não confere proteção a
inventos inúteis.
Por fim, o requisito da licitude (ou desimpedimento, como preferem alguns autores) diz respeito ao disposto no art. 18 da LPI, o qual afirma não serem patenteáveis:
Art. 18. Não são patenteáveis:
I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;
II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microrganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.
É preciso tomar cuidado para não confundir o disposto no art. 18 com o que dispõe o art. 10 da LPI. Este dispositivo arrola, em diversos incisos, o que a lei, a priori, sequer considera como invenção ou modelo de utilidade. Quanto aos programas de computador (softwares), não obstante possam ser registrados no INPI, eles são considerados espécie de direito autoral e estão protegidos nos termos da Lei 9.609/1998. Por isso, eventual registro tem efeito meramente declaratório.
Enfim, o art. 10 da LPI trata de coisas, por exemplo, que merecem outro tipo de proteção jurídica concedida pelo ordenamento, como no caso das obras literárias (inciso IV), que são protegidas pelo direito autoral (Lei 9.610/1998). O mencionado art. 10, traz um rol de criações que o legislador, aprioristicamente, sequer considera invenção ou modelo de utilidade. O art. 18 da LPI, por seu turno, trata de casos que, em tese, podem ser considerados uma invenção ou um modelo de utilidade, porque preenchidos os requisitos da novidade, da atividade inventiva e da aplicação industrial. Todavia, o ordenamento jurídico prefere não lhes conferir proteção, em homenagem a valores supostamente mais elevados, como a moral, a segurança, entre outros
Acerca dos impedimentos legais à patenteabilidade, registre-se uma informação interessante sobre uma mudança da nossa legislação sobre propriedade industrial, relativa aos medicamentos. É que a lei anterior excluía do seu âmbito de proteção a invenção dos “remédios”, sob o pretexto de universalizar o acesso da população aos avanços da ciência médica. A LPI, todavia, não mais previu esse impedimento, assegurando, assim, a devida proteção jurídica aos inventos na área farmacêutica. Registre-se, porém, que nesse caso exige-se um requisito especial para a concessão da patente do medicamento, que é a prévia anuência da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de acordo com o disposto no art. 229-C da LPI: “a concessão de patentes para produtos e processos farmacêuticos dependerá da prévia anuência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA”. Trata-se, pois, de ato administrativo complexo, que depende do cumprimento dessa condição para se tornar perfeito.
2. Procedimento do pedido de patente:
A concessão de uma patente de invenção ou de modelo de utilidade não é um ato simples, obtido automaticamente após o requerimento do inventor. O ato de concessão da carta-patente é precedido de um procedimento administrativo burocrático e muitas
vezes lento, que perdura por diversos anos
· 2.1. Legitimidade do autor:
O pedido de patente deve ser feito pelo autor da invenção ou modelo de utilidade junto ao INPI. A lei prevê também como legitimados (art. 6.º, § 2.º, da LPI,): 
Os herdeiros ou sucessores do autor, o cessionário, ou aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade.
Se o invento foi realizado por mais de uma pessoa em conjunto, o pedido de patente pode ser realizadopor qualquer uma delas. Sendo realizado por qualquer das pessoas inventoras, a nomeação e qualificação dos demais inventores têm de constar no pedido. É o que prevê o art. 6.º, § 3.º, da LPI: “quando se tratar de invenção ou de modelo de utilidade realizado conjuntamente por duas ou mais pessoas, a patente poderá ser requerida por todas ou qualquer delas, mediante nomeação e qualificação das demais, para ressalva dos respectivos direitos”. Isso visa assegurar os direitos dos envolvidos. 
Norma interessante se encontra no art. 7.º da LPI, a qual determina que “se dois ou mais autores tiverem realizado a mesma invenção ou modelo de utilidade, de forma independente, o direito de obter patente será assegurado àquele que provar o depósito mais antigo, independentemente das datas de invenção ou criação”.
A norma acima em referência demonstra, uma das principais distinções entre o direito de propriedade industrial e o direito autoral. Neste, a proteção é conferida desde o momento da criação, razão pela qual o ato de concessão da proteção tem efeito meramente declaratório. Naquele, em contrapartida, a proteção só é assegurada a quem efetivamente buscar a proteção junto ao órgão competente, o INPI, e a obtiver, antes dos demais interessados. O ato de concessão da proteção (patente ou registro), pois, tem efeito constitutivo. 
· 2.1.1. Invento realizado por funcionários do empresário:
É comum que os inventos sejam produzidos pelos empregados do empresário. A LPI, atenta a essa realidade, disciplinou a matéria nos arts. 88 a 91. Tendo isso em vista, o artigo 88 da LPI determina o seguinte: “A invenção e o modelo de utilidade pertencem exclusivamente ao empregador quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execução ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade inventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais foi o empregado contratado”. Considerando o que fala o artigo acima apontado, obedecidas as condições lá presentes, o empregado terá direito apenas ao recebimento da remuneração contratualmente estabelecida. A LPI ainda determina que, mesmo após 1 ano da extinção do vínculo empregatício do empregado, caso este interponha pedido de patente, a invenção em questão será considerada do empregador.
 É possível, no entanto, que o empregador negocie uma participação do empregado nos ganhos da exploração da patente. O art. 89, por sua vez, dispõe que “o empregador, titular da patente, poderá conceder ao empregado, autor de invento ou aperfeiçoamento, participação nos ganhos econômicos resultantes da exploração da patente, mediante negociação com o interessado ou conforme disposto em norma da empresa”. Essa participação, todavia, “não se incorpora, a qualquer título, ao salário do empregado”(parágrafo único). 
No entanto, caso a invenção ou modelo de utilidade tenham sido desenvolvidos pelo empregado, mas sem nenhum vínculo com seu contrato de trabalho, aqueles lhe pertencerão (art. 90, LPI). Trata-se de hipótese em que o invento é desenvolvido pelo empregado, sem que exista nenhuma vinculação com o contrato de trabalho e sem que não decorra da utilização de recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipamentos do empregador: “pertencerá exclusivamente ao empregado a
invenção ou o modelo de utilidade por ele desenvolvido, desde que desvinculado do contrato de trabalho e não decorrente da utilização de recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipamentos do empregador”
Por fim, há a hipótese em que a propriedade do invento é comum. Isso se dará quando o invento “resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos, dados, meios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador, ressalvada expressa disposição
contratual em contrário” (art. 91). Havendo mais de um empregado, aplica-se o § 1.º: “sendo mais de um empregado, a parte que lhes couber será dividida igualmente entre todos, salvo ajuste em contrário”. Ademais, no caso de aplicação da regra prevista nesse artigo, “é garantido ao empregador o direito exclusivo de licença de exploração e assegurada ao empregado a justa remuneração” (§ 2.º). E mais: “a exploração do objeto da patente, na falta de acordo, deverá ser iniciada pelo empregador dentro do prazo de 1 (um) ano, contado da data de sua concessão, sob pena de passar à exclusiva propriedade do empregado a titularidade da patente, ressalvadas as hipóteses de falta de exploração por razões legítimas” (§ 3.º).
 Passado esse prazo sem haver a exploração da patente, a propriedade passa a ser exclusiva do empregado, ressalvado se a falta de exploração não ocorrera por razões legítimas. Havendo a copropriedade da patente, os proprietários possuem direito de preferência em hipótese de cessão da mesma. Essas regras devem ser aplicadas a:
I. estagiários, II. A trabalhadores autônomos, III. A empresas terceirizadas, IV. A servidores da Administração Pública. (Arts. 92 e 93 da LPI)
· 2.1.2. Requisitos de patenteabilidade:
O depósito do pedido de patente dá início ao procedimento de análise dos requisitos para a concessão da mesma.
Art. 19. O pedido de patente, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá:
 I - Requerimento; II -Relatório descritivo; III - Reivindicações; IV - desenhos, se for o caso; V - resumo; e VI - comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito.
Assim que o pedido é apresentado ao INPI, ele passa por um exame formal preliminar e, estando devidamente instruído, é posteriormente protocolizado. É o que determina o art. 20 da LPI: “apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal preliminar e, se devidamente instruído, será protocolizado, considerada a data de depósito a da sua apresentação”
O exame formal preliminar pode detectar, todavia, algum defeito na formalização do pedido de patente. Por exemplo, pode ser feito um pedido sem a apresentação dos desenhos, em casos em que isso seja indispensável. Nessa situação, prevê o art. 21 da LPI que, não obstante o descumprimento de formalidade exigida pelo art. 19 da lei, se o pedido “contiver dados relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor, poderá ser entregue, mediante recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de devolução ou arquivamento da documentação” (art. 21).
Bastará ao autor do pedido, portanto, cumprir as exigências necessárias ao correto cumprimento das formalidades, e “o depósito será considerado como efetuado na data do recibo” (art. 21, parágrafo único). É que nessas hipóteses não se justifica um apego demasiado ao formalismo. Conseguindo o INPI identificar o objeto, o depositante e o inventor, não lhe custa receber o pedido e assinar prazo para cumprimento de exigências meramente formais. Cumpridas estas, o pedido de depósito estará devidamente formalizado, passando-se, então, à fase de análise das condições do pedido.
Os arts. 22 e 23 da LPI, respectivamente, determinam que “o pedido de patente de invenção terá de se referir a uma única invenção ou a um grupo de invenções inter-relacionadas de maneira a compreenderem um único conceito inventivo”, e que “o pedido de patente de modelo de utilidade terá de se referir a um único modelo principal, que poderá incluir uma pluralidade de elementos distintos, adicionais ou variantes construtivas ou configurativas, desde que mantida a unidade técnico-funcional e corporal do objeto”. Em suma: a lei procura proteger, conforme a dicção do próprio texto legal, um conceito inventivo, ou melhor, a ideia que norteia uma criação, ainda que a mesma envolva vários objetos que possam se inter-relacionar.
O art. 24, por sua vez, em consonância com as determinações do Acordo TRIPS, determina que o relatório deve descrever “clara e suficientemente o objeto, de modo a possibilitar sua realização por técnico no assunto e indicar, quando for o caso, a melhor forma de execução”. 
 Nesse dispositivo, a lei se preocupa em estabelecer as condições necessárias para que os técnicos do INPI avaliem a industriabilidade do invento, já que, como visto,a aplicação industrial é um dos requisitos de patenteabilidade das invenções e dos modelos de utilidade. Tratando-se de material biológico, conforme já observado anteriormente, aplica-se a regra contida no parágrafo único do dispositivo em comento: “no caso de material biológico essencial à realização prática do objeto do pedido, que não possa ser descrito na forma deste artigo e que não estiver acessível ao público, o relatório será suplementado por depósito do material em instituição autorizada pelo INPI ou indicada em acordo internacional”. Essa regra se justifica porque muitas vezes o técnico não conseguirá realizar o invento pela mera descrição do material biológico, sendo imprescindível o uso desse material. E o INPI, como não tem estrutura adequada para a guarda e conservação desses materiais, credencia entidades que possam cumprir tal mister
O autor do pedido também deve, no relatório descritivo, apresentar suas reivindicações e fundamentá-las, detalhadamente, “definindo, de modo claro e preciso, a matéria objeto da proteção” (art. 25 da LPI).
A lei ainda permite, também, que o pedido seja dividido em dois. Nesse caso, aplicam-se os arts. 26, 27 e 28 da LPI. De acordo com o art. 26:
 “O pedido de patente poderá ser dividido em dois ou mais, de ofício ou a requerimento do depositante, até o final do exame, desde que o pedido dividido:
 I – Faça referência específica ao pedido original; e
 II – Não exceda à matéria revelada constante do pedido original.
 Parágrafo único. O requerimento de divisão em desacordo com o disposto neste artigo será arquivado”. 
O art. 27, por sua vez, dispõe que “os pedidos divididos terão a data de depósito do pedido original e o benefício de prioridade deste, se for o caso”. Já o art. 28 prevê que “cada pedido dividido estará sujeito a pagamento das retribuições correspondentes”.
Finalizando essa fase de análise das condições do pedido, estabelece o art. 29 da LPI que “o pedido de patente retirado ou abandonado será obrigatoriamente publicado. § 1.º O pedido de retirada deverá ser apresentado em até 16 (dezesseis) meses, contados da data do depósito ou da prioridade mais antiga. § 2.º A retirada de um depósito anterior sem produção de qualquer efeito dará prioridade ao depósito imediatamente posterior”.
O pedido de patente retirado ou abandonado é necessariamente publicado, passando a integrar o estado da técnica e perdendo o requisito da novidade. A justificativa para essa regra é evitar que o depositante do pedido de patente o retirasse durante seu período de sigilo e logo depois o depositasse novamente, aumentando seu prazo de proteção, que se inicia desde o depósito, conforme veremos. Com a aplicação da regra ora em comento, tal estratégia perde o sentido, porque o pedido retirado ou abandonado é necessariamente publicado, passando a integrar o “estado da técnica” e perdendo, pois, o requisito da novidade.
 Examinadas as condições do pedido, passa-se a fase do processo e do exame do pedido. Feito o pedido, o INPI manterá o sigilo durante o período de 18 meses. Após esse prazo, será feita a publicação, salvo se se tratar de patente de interesse nacional (arts. 30 e 75 da LPI).
 De acordo com o § 2.º do art. 31, “da publicação deverão constar dados identificadores do pedido de patente, ficando cópia do relatório descritivo, das reivindicações, do resumo e dos desenhos à disposição do público no INPI”. Havendo material biológico, aplica-se o § 3.º “no caso previsto no parágrafo único do art. 24, o material biológico tornar-se-á acessível ao público com a publicação de que trata este artigo”.
Essa publicação pode ser adiantada em caso de requerimento do depositante, conforme determina o art. 30, § 1.º, da LPI: “a publicação do pedido poderá ser antecipada a requerimento do depositante”. É que esse prazo durante o qual o pedido fica em sigilo é
uma prerrogativa que a legislação oferece ao inventor, a fim de que ele possa organizar-se melhor no desenvolvimento de sua criação. Portanto, se ele entender que não precisa desse prazo, pode requerer a antecipação da publicação e acelerar o procedimento. A publicação a que se refere a LPI é feita na Revista da Propriedade Industrial (RPI), publicação oficial do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Enfim, feita a publicação do pedido de patente, ficarão à disposição do público, no INPI, cópias do relatório descritivo, das reivindicações, do resumo e dos desenhos, em obediência à norma do art. 31, § 2.º, da LPI: “da publicação deverão constar dados identificadores do pedido de patente, ficando cópia do relatório descritivo, das reivindicações, do resumo e dos desenhos à disposição do público no INPI”
Perceba-se que a publicação é ato importantíssimo para o procedimento do pedido da patente, uma vez que é por meio dela que os demais interessados – outros empresários, inventores etc. – poderão tomar conhecimento dele e de suas respectivas reivindicações, e assim oferecer eventual resistência ao requerimento do inventor. No entanto, a partir da publicação, como dito, todas as pessoas podem ter acesso ao invento e a todos os detalhes de sua criação, muitas vezes o empresário fica na dúvida entre requerer a proteção ao seu invento ou explorá-lo em segredo de empresa.
Após a publicação, caberá exclusivamente ao empresário fiscalizar o uso indevido de seu invento e buscar as reparações judiciais cabíveis. Em contrapartida, se optar pela exploração do invento em segredo de empresa, correrá o risco de um concorrente chegar ao mesmo resultado e requerer a proteção posteriormente. Nesse caso, como no direito de propriedade industrial, conforme visto, a proteção é assegurada àquele que primeiro requerer, e não necessariamente àquele que primeiro inventar, pode acontecer de o concorrente passar a titularizar a patente da respectiva invenção e tentar impedi-lo de continuar explorando-a economicamente.
Feita a publicação, será necessário haver o requerimento do exame por parte do depositante ou qualquer interessado. Esse requerimento deverá ser feito 36 meses após o depósito. É o que determina o art. 31 da LPI: “publicado o pedido de patente e até o final do exame, será facultada a apresentação, pelos interessados, de documentos e informações para subsidiarem o exame”. E esse exame “não será iniciado antes de decorridos 60 (sessenta) dias da publicação do pedido” (art. 31, parágrafo único). O art. 32, por sua vez, prevê que “para melhor esclarecer ou definir o pedido de patente, o depositante poderá efetuar alterações até o requerimento do exame, desde que estas se limitem à matéria inicialmente revelada no pedido”.
Veja-se que o requerimento de exame não deve ser feito apenas pelo autor do pedido, mas pode ser também feito por qualquer interessado como, por exemplo, um empresário do ramo relacionado ao invento que vê a possibilidade futura de explorá-lo, por meio de
licença da patente. Da mesma forma, qualquer interessado pode também, durante o período de exame, apresentar ao INPI documentos e informações que o auxiliem na análise do pedido. Pode ser, pois, que um empresário concorrente junte provas de que aquele pedido em exame colide com outro pedido anterior, depositado anteriormente por ele.
Muitas vezes, após realizado o depósito nos pedidos de patente, os mesmos perdem o objeto, causando desinteresse dos inventores. Isso ocorre porque a velocidade do desenvolvimento tecnológico e científico atingiu um grau tão espetacular que, não raro, uma invenção é superada por outra em curtíssimo espaço de tempo, tornando-se obsoleta. Por essa razão, criou-se a regra ora em comento, que fez com que o INPI somente passasse a examinar pedidos de patente de inventos que, mesmo após algum tempo da sua criação, continuassem sendo interessantes para o inventor. É por isso que o INPI espera que o inventor se manifeste e requeira formalmente o exame do pedido. Não o fazendo dentro do prazo estipulado, entende-se que não há mais interesse em levar adiante o procedimento de análise.
Se, após passado um período do depósito, o inventoainda for relevante, o inventor faz o requerimento e o pedido é passado para o exame. Feito o requerimento, o pedido será analisado pelo INPI. Assim, feito o exame, será elaborado um parecer relativo à patenteabilidade do pedido, adaptação do pedido à natureza reivindicada, reformulação do pedido ou divisão ou exigências técnicas, nos termos do art. 35 da LPI.
 Não sendo realizado o requerimento do exame dentro do prazo estabelecido, o pedido será arquivado nos termos do art. 33 da LPI: “o exame do pedido de patente deverá ser requerido pelo depositante ou por qualquer interessado, no prazo de 36 (trinta e seis) meses contados da data do depósito, sob pena do arquivamento do pedido”. O parágrafo único do artigo em questão, todavia, permite que se requeira o desarquivamento do pedido, mas se isso não for feito em 60 dias após o arquivamento, este se tornará definitivo: “o pedido de patente poderá ser desarquivado, se o depositante assim o requerer, dentro de 60 (sessenta) dias contados do arquivamento, mediante pagamento de uma retribuição específica, sob pena de arquivamento
definitivo”.
Quando o parecer for pela não patenteabilidade, pelo não enquadramento do pedido na natureza reivindicada ou pela formulação de exigência, o depositante será intimado para manifestar-se no prazo de 90 (noventa) dias. É o que determina o art. 36 da LPI. O § 1.º
desse dispositivo, por sua vez, determina que “não respondida a exigência, o pedido será definitivamente arquivado”, ao passo que o § 2.º prevê que “respondida a exigência, ainda que não cumprida, ou contestada sua formulação, e havendo ou não manifestação sobre a patenteabilidade ou o enquadramento, dar-se-á prosseguimento ao exame”.
· 2.1.3. Concessão da patente:
 Superados todos os trâmites legais acima descritos e concluído o exame, será proferida decisão pelo INPI, deferindo ou indeferindo o pedido de patente formulado (art. 37 da LPI). Dessa decisão não caberá recurso, segundo a sistemática recursal prevista nos arts. 212 a 215 da lei. Poderá o terceiro interessado, todavia, requerer a nulidade administrativa da patente, nos termos do art. 51 da LPI, não custando lembrar, ainda, que o autor poderá também acionar o Judiciário, como não poderia deixar de ser. Uma vez deferido o pedido e paga a retribuição correspondente, a patente será concedida, expedindo-se a respectiva carta-patente (art. 38 da LPI). De acordo com o § 1.º desse artigo, “o pagamento da retribuição e respectiva comprovação deverão ser efetuados no prazo de 60 (sessenta) dias contados do deferimento”. O seu § 2.º, por sua vez, dispõe que “a retribuição prevista neste artigo poderá ainda ser paga e comprovada dentro de 30 (trinta) dias após o prazo previsto no parágrafo anterior, independentemente de notificação, mediante pagamento de retribuição específica, sob pena de arquivamento definitivo do pedido”.
 E o seu § 3.º, finalmente, prevê: “reputa-se concedida a patente na data de publicação do respectivo ato”. Da carta-patente “deverão constar o número, o título e a natureza respectivos, o nome do inventor, observado o disposto no § 4.º do art. 6.º, a qualificação e o domicílio do titular, o prazo de vigência, o relatório descritivo, as reivindicações e os desenhos, bem como os dados relativos à prioridade” (art. 39)
· 2.1.4. Vigência da patente:
A patente é um privilégio concedido ao inventor que não dura para sempre. A proteção conferida é temporária, e os prazos previstos em nossa atual legislação seguem as disposições do Acordo TRIPS. Segundo o artigo 40 da LPI:
A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de depósito.
Pode ocorrer, todavia, de o procedimento junto ao INPI – o qual, como visto, é deveras complexo – demorar bastante para se encerrar, em razão, por exemplo, de pendência judicial. Foi por isso que a LPI estabeleceu, no parágrafo único do art. 40:
Parágrafo único. O prazo de vigência não será inferior a 10 (dez) anos para a patente de invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior. 
O parágrafo único anteriormente transcrito se aplica no caso de o procedimento junto ao INPI demorar bastante para se encerrar. Assim, se uma patente for concedida 15 anos após o seu depósito, a mesma terá vigência por mais 10 anos após a sua concessão. A lei procurou garantir que o inventor usufrua seus direitos por um prazo razoável, impedindo que o atraso na apreciação de seu pedido, algo não imputável a ele, não lhe traga prejuízos
· 2.1.5. Proteção conferida pela patente:
Protegido pela patente devidamente concedida pelo INPI, nos termos das reivindicações, do relatório descritivo e dos desenhos apresentados quando da realização do pedido (art. 41 da LPI), o seu titular terá o direito de exploração econômica exclusiva do invento patenteado, podendo “impedir terceiro, sem o seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos: 
I – Produto objeto de patente; 
II – Processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado” (art. 42 da LPI).
 Além disso, de acordo com o § 1.º do art. 42, “ao titular da patente é assegurado ainda o direito de impedir que terceiros contribuam para que outros pratiquem os atos referidos neste artigo”. E mais: “ocorrerá violação de direito da patente de processo, a que se refere o inciso II, quando o possuidor ou proprietário não comprovar, mediante determinação judicial específica, que o seu produto foi obtido por processo de fabricação diverso daquele protegido pela patente” (§ 2.º)
Violado seu direito de exploração econômica exclusiva, o titular da patente poderá ingressar com ação judicial com a finalidade de obter indenização por essa exploração indevida, “inclusive em relação à exploração ocorrida entre a data da publicação do pedido e a da concessão da patente” (art. 44 da LPI). Complementando a regra do caput, há ainda os §§ 1.º, 2.º e 3.º: 
“§ 1.º Se o infrator obteve, por qualquer meio, conhecimento do conteúdo do pedido depositado, anteriormente à publicação, contar-se-á o período da exploração indevida para efeito da indenização a partir da data de início da exploração. 
§ 2.º Quando o objeto do pedido de patente se referir a material biológico, depositado na forma do parágrafo único do art. 24, o direito à indenização será somente conferido quando o material biológico se tiver tornado acessível ao público. 
§ 3.º O direito de obter indenização por exploração indevida, inclusive com relação ao
período anterior à concessão da patente, está limitado ao conteúdo do seu objeto, na forma do art. 41”.
 A lei, no entanto, estabeleceu casos em que a exploração do objeto patenteado é admitida, como ocorre nos casos em que isso ocorre com a finalidade acadêmica ou meramente experimental. A matéria está disciplinada no art. 43 da LPI:
 “O disposto no artigo anterior não se aplica:
 I – Aos atos praticados por terceiros não autorizados, em caráter privado e sem finalidade comercial, desde que não acarretem prejuízo ao interesse econômico do titular da patente;
 II – Aos atos praticados por terceiros não autorizados, com finalidade experimental, relacionados a estudos ou pesquisas científicas ou tecnológicas;
 III – à preparação de medicamento de acordo com prescrição médica para casos individuais, executada por profissional habilitado, bem como ao medicamento assim preparado;
 IV – A produto fabricado de acordo com patente de processo ou de produto que tiver sido colocado no mercado interno diretamente pelo titular da patente ou com seu consentimento;
 V – A terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matéria viva, utilizem, sem finalidade econômica, o produto patenteado como fonte inicial de variação ou propagação para obter outros produtos; 
VI – A terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matéria viva, utilizem,ponham em circulação ou comercializem um produto patenteado que haja sido introduzido licitamente no comércio pelo detentor da patente ou por detentor de licença, desde que o produto patenteado não seja utilizado para multiplicação ou propagação comercial da matéria viva em causa; e
 VII– aos atos praticados por terceiros não autorizados, relacionados à invenção protegida por patente, destinados exclusivamente à produção de informações, dados e resultados de testes, visando à obtenção do registro de comercialização, no Brasil ou em outro país, para a exploração e comercialização do produto objeto da patente, após a expiração dos prazos estipulados no art. 40”
Por fim, é preciso ressalvar, também, a hipótese de um terceiro de boa-fé, anteriormente à data de depósito do pedido de patente, já explorar o objeto desta patente. Nesse caso, a LPI lhe assegura o direito de “continuar a exploração, sem ônus, na forma e condição
anteriores” (art. 45). Complementando a regra do caput, dispõem seus §§ 1.º e 2.º: 
“§ 1.º O direito conferido na forma deste artigo só poderá ser cedido juntamente com o negócio ou empresa, ou parte desta que tenha direta relação com a exploração do objeto da patente, por alienação ou arrendamento.
 § 2.º O direito de que trata este artigo não será assegurado a pessoa que tenha tido conhecimento do objeto da patente através de divulgação na forma do art. 12, desde que o pedido tenha sido depositado no prazo de 1 (um) ano, contado da divulgação”.
· 2.1.6. Nulidade da patente:
Conforme já destacamos, não cabe recurso contra a decisão que concede a patente, nos termos do art. 212, § 2.º, da LPI. No entanto, é possível requerer administrativamente a nulidade da patente, conforme previsão do art. 46 da LPI: “é nula a patente concedida
contrariando as disposições desta Lei”. A nulidade pode ser total, quando incidir sobre todas as reivindicações, ou parcial, quando incidir apenas sobre uma ou algumas, nos
termos do art. 47 da LPI: “a nulidade poderá não incidir sobre todas as reivindicações, sendo condição para a nulidade parcial o fato de as reivindicações subsistentes constituírem matéria patenteável por si mesmas”.
O reconhecimento administrativo da nulidade da patente produz efeitos ex tunc, ou seja, seus efeitos retroagem até a data do depósito do pedido. É o que dispõe o art. 48 da LPI: “a nulidade da patente produzirá efeitos a partir da data do depósito do pedido”.
Caso a nulidade da patente seja decorrente de ofensa ao art. 6.º da LPI, que dispõe sobre os legítimos titulares da patente (autores da invenção ou do modelo de utilidade), o interessado pode, alternativamente, ingressar em juízo e requerer a adjudicação da patente, ou seja, requerer que o juiz transfira para ele a titularidade da patente concedida pelo INPI. É o que prevê o art. 49 da LPI: “no caso de inobservância do disposto no art. 6.º, o inventor poderá, alternativamente, reivindicar, em ação judicial, a adjudicação da patente”.
Por outro lado, quando a nulidade da patente for decorrente de ofensa a outros preceitos legais constantes da LPI, o interessado deve requerer a nulidade ao próprio INPI, que instaurará processo administrativo, nos termos do art. 50: “a nulidade da patente será
declarada administrativamente quando:
 I – Não tiver sido atendido qualquer dos requisitos legais;
 II – o relatório E as reivindicações não atenderem ao disposto nos arts. 24 e 25, respectivamente; 
III – o objeto da patente se estenda além do conteúdo do pedido originalmente
depositado; ou
 IV – No seu processamento, tiver sido omitida qualquer das formalidades essenciais, indispensáveis à concessão”.
Processo administrativo de nulidade
Caso o interessado não requeira a declaração de nulidade da patente, isso não impede o INPI de abrir, de ofício, o competente processo administrativo com essa finalidade. É o que prevê o art. 51 da LPI: “o processo de nulidade poderá ser instaurado de ofício ou
mediante requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse, no prazo de 6 (seis) meses contados da concessão da patente”. O parágrafo único desse dispositivo legal ainda prevê que “o processo de nulidade prosseguirá ainda que extinta a patente”. Essa regra se explica pela produção de efeitos ex tunc da declaração de nulidade da patente. Afinal, mesmo que a patente já tenho sido extinta, ela com certeza produziu efeitos relevantes enquanto esteve vigente, e esses efeitos, se a patente era nula, devem ser anulados também.
 Daí a importância de o processo administrativo de nulidade da patente continuar mesmo após a extinção da patente. Instaurado o processo administrativo de nulidade, haverá o contraditório e o titular da patente poderá exercer seu direito de defesa. O procedimento está descrito nos arts. 52 a 54 da LPI: “Art. 52. O titular será intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias.
 Art. 53. Havendo ou não manifestação, decorrido o prazo fixado no artigo anterior, o INPI emitirá parecer, intimando o titular e o requerente para se manifestarem no prazo comum de 60 (sessenta) dias. Art. 54. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que não apresentadas as manifestações, o processo será decidido pelo Presidente do INPI, encerrando-se a instância administrativa”
Ação judicial de nulidade
Obviamente, como no Brasil vigora o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, além do requerimento administrativo de nulidade da patente, é possível também que essa nulidade seja decretada pelo Poder Judiciário, em ação que pode ser ajuizada pelo INPI ou por qualquer interessado, enquanto estiver vigente a patente.
De acordo com o art. 56 da LPI, “a ação de nulidade poderá ser proposta a qualquer tempo da vigência da patente, pelo INPI ou por qualquer pessoa com legítimo interesse”. Complementando essa regra, dispõem seus §§ 1.º e 2.º: “a nulidade da patente poderá ser arguida, a qualquer tempo, como matéria de defesa”; “o juiz poderá, preventiva ou incidentalmente, determinar a suspensão dos efeitos da patente, atendidos os requisitos processuais próprios”. Esse dispositivo parece se referir, obviamente, ao poder geral de cautela do magistrado, que exige a presença do periculum in mora (perigo da demora) e do fumus boni iuris (fumaça do bom direito).
Quando o INPI não for o autor da ação de nulidade, ele será parte interessada e intervirá no feito, necessariamente. Assim, conforme já destacamos quando tratamos do INPI, a ação de nulidade deve ser ajuizada na Justiça Federal. É o que dispõe o art. 57 da
LPI: “a ação de nulidade de patente será ajuizada no foro da Justiça Federal e o INPI, quando não for autor, intervirá no feito”. Nessa ação, a lei estabeleceu um prazo especial de resposta, bem superior ao prazo previsto no Código de Processo Civil: “o prazo para resposta do réu titular da patente será de 60 (sessenta) dias” (§ 1.º). E mais: “transitada em julgado a decisão da ação de nulidade, o INPI publicará anotação, para ciência de terceiros” (§ 2.º)
Por fim, destaque-se que, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que já mencionamos acima, as ações contra o INPI devem ser ajuizadas em princípio na seção judiciária do Rio de Janeiro, local da sede da autarquia. No entanto, havendo pluralidade de réus, como ocorre nos casos em que a ação é ajuizada contra o INPI e, também, contra um particular (geralmente uma sociedade empresária), o STJ entende que cabe ao autor da ação ajuizá-la no Rio de Janeiro ou no foro do domicílio do outro réu
· 2.1.7. Cessão da patente:
Como os direitos de propriedade industrial são considerados bens móveis para os efeitos legais, nos termos do art. 5.º da LPI, o titular da patente exerce sobre ela um direito patrimonial disponível. Assim, o titular da patente pode, por exemplo, ceder a patente ou mesmo o pedido de patente, isto é, pode haver a cessão antes mesmo de a patente ser concedida. É o que prevê o art. 58 da LPI: “o pedido de patente ou a patente, ambos de conteúdo indivisível, poderão ser cedidos, total ou parcialmente”. Havendo a cessão ou qualqueralteração do pedido de patente, por exemplo, cabe ao INPI fazer as respectivas anotações, conforme previsão do art. 59 da LPI: “o INPI fará as seguintes anotações:
 I – Da cessão, fazendo constar a qualificação completa do cessionário;
II – de qualquer limitação ou ônus que recaia sobre o pedido ou a patente; e
III – das alterações de nome, sede ou endereço do depositante ou titular”.
 Complementando, dispõe o art. 60 que “as anotações produzirão efeito em relação a terceiros a partir da data de sua publicação”.
2.1.8. Licenciamento da patente:
 É preciso ressaltar, ainda, a possibilidade de o titular da patente licenciar a sua exploração, mediante contrato de licença que deverá ser averbado junto ao INPI para que produza efeitos perante terceiros. Há também a hipótese de o titular da patente ser obrigado a licenciá-la. Portanto, a licença pode ser voluntária ou compulsória.
Licença voluntária
A licença voluntária está disciplinada nos arts. 61 a 67 da LPI. De acordo com o art. 61, “o titular de patente ou o depositante poderá celebrar contrato de licença para exploração”. E o parágrafo único desse dispositivo complementa: “o licenciado poderá ser investido pelo titular de todos os poderes para agir em defesa da patente”.
Para que o contrato produza efeitos erga omnes, deverá ser registrado no INPI, segundo determinação do art. 62 da LPI: “o contrato de licença deverá ser averbado no INPI para que produza efeitos em relação a terceiros”. O § 1.º desse dispositivo ainda dispõe que “a averbação produzirá efeitos em relação a terceiros a partir da data de sua publicação”, e o § 2.º, por sua vez, prevê que “para efeito de validade de prova de uso, o contrato de licença não precisará estar averbado no INPI”. Para celebrar o contrato de licença voluntária, obviamente o titular da patente vai exigir do licenciado uma contraprestação, chamada de royalty. No caso de licenciamento do pedido de patente, embora a lei não vede expressamente a cobrança de royalties, o INPI não tem admitido tal prática, negando os pedidos de averbação que contenham tal previsão. Assim, os royalties só são admitidos nos casos de licenciamento de patente, mas não nos casos de licenciamento do pedido de patente.
De acordo com o art. 63 da LPI, “o aperfeiçoamento introduzido em patente licenciada pertence a quem o fizer, sendo assegurado à outra parte contratante o direito de preferência para seu licenciamento”. 
Assim, por exemplo, se uma determinada patente de invenção foi licenciada e, posteriormente, o antigo titular aperfeiçoar o invento, o licenciado terá preferência para obter novo licenciamento quanto ao aperfeiçoamento realizado. O contrato de licença voluntária pode decorrer de tratativas particulares entre o titular da patente e licenciado. Mas pode decorrer também de uma oferta pública de licença feita pelo titular da patente, com condições e preços predeterminados. É o que prevê o art. 64 da LPI: “o titular da patente poderá solicitar ao INPI que a coloque em oferta para fins de exploração”. Feita a solicitação, “o INPI promoverá a publicação da oferta” (§ 1.º), publicação esta que será feita na já mencionada Revista da Propriedade Industrial (RPI).
Uma vez publicada a oferta de licença, “nenhum contrato de licença voluntária de caráter exclusivo será averbado no INPI sem que o titular tenha desistido da oferta” (§ 2.º). Esta regra é óbvia, porque a exclusividade da licença voluntária firmada tornaria sem nenhum sentido a oferta. No mesmo sentido dessa regra, prevê o § 3.º que “a patente sob licença voluntária, com caráter de exclusividade, não poderá ser objeto de oferta”. A desistência da oferta poderá ser feita a qualquer tempo, desde que nenhum interessado tenha aceitado seus termos: “o titular poderá, a qualquer momento, antes da expressa aceitação de seus termos pelo interessado, desistir da oferta, não se aplicando o disposto no art. 66”. 
Quanto aos royalties devidos pela licença decorrente de oferta pública, estabelece o art. 65 da LPI o seguinte: “na falta de acordo entre o titular e o licenciado, as partes poderão requerer ao INPI o arbitramento da remuneração”. O § 2.º desse artigo ainda prevê que “a remuneração poderá ser revista decorrido 1 (um) ano de sua fixação”, revisão esta que, obviamente, também caberá ao INPI. Por fim, finalizando a disciplina da licença voluntária, o art. 67 da LPI prevê que “o titular da patente poderá requerer o cancelamento da licença se o licenciado não der início à exploração efetiva dentro de 1 (um) ano da concessão, interromper a exploração por prazo superior a 1 (um) ano, ou, ainda, se não forem obedecidas as condições para a exploração”.
Licença compulsória
Além da licença voluntária, em que o titular da patente chega a acordo com o licenciado e com ele celebra contrato, há também a hipótese de licença compulsória, em que o titular da patente fica obrigado a licenciá-la, contra a sua vontade. Esta modalidade de licença tem previsão na Convenção da União de Paris. A licença compulsória encontra-se disciplinada nos arts. 68 a 74 da LPI. Analisando esses dispositivos legais, percebe-se que a licença compulsória será determinada, em alguns casos, como forma de sancionar o titular da patente (art. 68 da LPI), e, em outros casos, como forma de atender a imperativos de ordem pública.
Segundo o art. 68, “o titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder econômico, comprovado nos termos da lei, por decisão administrativa ou judicial”. Por sua vez, o § 1.º do art. 68 afirma que “ensejam, igualmente, licença compulsória: 
 I – A não exploração do objeto da patente no território brasileiro por falta de fabricação ou fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do processo patenteado, ressalvados os casos de inviabilidade econômica, quando será admitida a importação; ou 
II – a comercialização que não satisfizer às necessidades do mercado”.
Nos casos descritos no parágrafo acima, chamados pela doutrina de licença por abuso de direitos ou licença por abuso de direito econômico, resta claro que a licença compulsória da patente decorre de condutas do próprio titular da patente que não se
coadunam com os princípios que justificam a concessão de um privilégio legal que lhe assegura direito de exploração exclusiva sobre seu invento. Assim, configurada uma dessas situações, como o exercício abusivo dos direitos decorrentes da patente, poderá um interessado (um concorrente, por exemplo) requerer ao INPI a licença compulsória.
De acordo com o § 2.º do art. 68, “a licença só poderá ser requerida por pessoa com legítimo interesse e que tenha capacidade técnica e econômica para realizar a exploração eficiente do objeto da patente, que deverá destinar-se, predominantemente, ao mercado interno, extinguindo-se nesse caso a excepcionalidade prevista no inciso I do parágrafo anterior”. Complementando a regra do caput, estabelecem os §§ 3.º, 4.º e 5.º o seguinte: 
“§ 3.º No caso de a licença compulsória ser concedida em razão de abuso de poder econômico, ao licenciado, que propõe fabricação local, será garantido um prazo, limitado ao estabelecido no art. 74, para proceder à importação do objeto da licença, desde que tenha sido colocado no mercado diretamente pelo titular ou com o seu consentimento. 
§ 4.ºNo caso de importação para exploração de patente e no caso da importação prevista no parágrafo anterior, será igualmente admitida a importação por terceiros de produto fabricado de acordo com patente de processo ou de produto, desde que tenha sido colocado no mercado diretamente pelo titular ou com o seu consentimento. 
§ 5.º A licença compulsória de que trata o § 1.º somente será requerida
após decorridos 3 (três) anos da concessão da patente”.
É óbvio que para a concessão da licença compulsória não basta o mero requerimento do interessado. A licença compulsória só será concedida pelo INPI após processo administrativo em que sejam assegurados ao titularda patente o contraditório e a ampla defesa. Nesse sentido, dispõe o art. 69 da LPI o seguinte: 
“A licença compulsória não será concedida se, à data do requerimento, o titular:
 I –Justificar o desuso por razões legítimas;
 II – Comprovar a realização de sérios e efetivos preparativos para a exploração; ou 
III – justificar a falta de fabricação ou comercialização por obstáculo de ordem legal”.
Outra hipótese de licença compulsória está prevista no art. 70 da LPI, que assim dispõe: “a licença compulsória será ainda concedida quando, cumulativamente, se verificarem as seguintes hipóteses:
I- Ficar caracterizada situação de dependência de uma patente em relação a outra; 
II – O objeto da patente dependente constituir substancial progresso técnico em relação à patente anterior; e
III – o titular não realizar acordo com o titular da patente dependente para exploração da patente anterior”
. 
Complementando a regra do caput, dispõem seus §§ 1.º, 2.º e 3.º o seguinte:
 “§ 1.º Para os fins deste artigo considera-se patente dependente aquela cuja exploração
depende obrigatoriamente da utilização do objeto de patente anterior. 
§ 2.º Para efeito deste artigo, uma patente de processo poderá ser considerada dependente de patente do produto respectivo, bem como uma patente de produto poderá ser dependente de patente de processo.
 § 3.º O titular da patente licenciada na forma deste artigo terá direito a licença compulsória cruzada da patente dependente”.
Essa licença prevista no art. 70 da LPI é chamada por alguns doutrinadores de licença de dependência.
O art. 71 da LPI também traz uma hipótese interessante de licença compulsória, chamada de licença por interesse público. De acordo com esse dispositivo, “nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em ato do Poder Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva, para a exploração da patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular”. Segundo o parágrafo único desse dispositivo, “o ato de concessão da licença estabelecerá seu prazo de vigência e a possibilidade de prorrogação”. Vale ressaltar que no caso da licença compulsória prevista no art. 71 da LPI ela não atende a interesses privados de interessados (como os concorrentes do titular da patente, por exemplo), mas a imperativos de ordem pública. Ademais, nesse caso não se instaura processo administrativo no INPI, cabendo ao Chefe do Poder Executivo Federal tomar a decisão, de ofício.
Seja qual for o fundamento legal da licença compulsória, elas “serão sempre concedidas sem exclusividade, não se admitindo o sublicenciamento” (art. 72 da LPI).
Ademais, em caso de licença compulsória determinada pelo INPI, a qual, conforme já mencionamos, dependerá da instauração de processo administrativo a requerimento do interessado (um concorrente, por exemplo), aplicam-se as regras procedimentais dos arts. 73e 74 da LPI.
De acordo com o art. 73, “o pedido de licença compulsória deverá ser formulado mediante indicação das condições oferecidas ao titular da patente”. 
Apresentado o pedido de licença, o titular será intimado para manifestar-se no prazo de 60 (sessenta) dias, findo o qual, sem manifestação do titular, será considerada aceita a proposta nas condições oferecidas (§ 1.º).
 O requerente de licença que invocar abuso de direitos patentários ou abuso de poder econômico deverá juntar documentação que o comprove (§ 2.º: pode-se citar,
por exemplo, o caso de haver decisão do CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica condenando o titular da patente por abuso de poder econômico no exercício dos direitos da patente, nos termos da Lei 8.884/1994). 
(§ 3.º). No caso de a licença compulsória ser requerida com fundamento na falta de exploração, caberá ao titular da patente comprovar a exploração.
(§ 4.º). Havendo contestação, o INPI poderá realizar as necessárias diligências, bem como designar comissão, que poderá incluir especialistas não integrantes dos
quadros da autarquia, visando arbitrar a remuneração que será paga ao titular 
(§ 5.º). Os órgãos e entidades da administração pública direta ou indireta, federal, estadual e municipal, prestarão ao INPI as informações solicitadas com o objetivo de subsidiar o arbitramento da remuneração 
(§ 6.º). No arbitramento da remuneração, serão consideradas as circunstâncias de cada caso, levando-se em conta, obrigatoriamente, o valor econômico da licença concedida. 
(§ 7.º). Instruído o processo, o INPI decidirá sobre a concessão e condições da licença compulsória no prazo de 60 (sessenta) dias 
 O recurso da decisão que conceder a licença compulsória não terá efeito
suspensivo (§ 8.º). Por fim, estabelece o art. 74 da LPI o seguinte: “salvo razões legítimas, o licenciado deverá iniciar a exploração do objeto da patente
no prazo de 1 (um) ano da concessão da licença, admitida a interrupção por igual prazo.
 § 1.º O titular poderá requerer a cassação da licença quando não cumprido o disposto neste artigo.
 § 2.º O licenciado ficará investido de todos os poderes para agir em defesa da patente. § 3.º Após a concessão da licença compulsória, somente será admitida a sua cessão quando realizada conjuntamente com a cessão, alienação ou arrendamento da parte do empreendimento que a explore”.
· .8. Patente de interesse nacional:
“Artigo 75 da LPI - O pedido de patente originário do Brasil cujo objeto interesse à defesa nacional será processado em caráter sigiloso e não estará sujeito às publicações previstas nesta Lei.
 § 1º O INPI encaminhará o pedido, de imediato, ao órgão competente do Poder Executivo para, no prazo de 60 (sessenta) dias, manifestar-se sobre o caráter sigiloso. Decorrido o prazo sem a manifestação do órgão competente, o pedido será processado normalmente.
 § 2º É vedado o depósito no exterior de pedido de patente cujo objeto tenha sido considerado de interesse da defesa nacional, bem como qualquer divulgação do mesmo, salvo expressa autorização do órgão competente.
 § 3º A exploração e a cessão do pedido ou da patente de interesse da defesa nacional estão condicionadas à prévia autorização do órgão competente, assegurada indenização sempre que houver restrição dos direitos do depositante ou do titular”.
· 2.1.9. Retribuição anual:
Para o desempenho de suas competências, o INPI precisa de recursos, razão pela qual o art. 84 estabelece que “o depositante do pedido e o titular da patente estão sujeitos ao pagamento de retribuição anual, a partir do início do terceiro ano da data do depósito”. De acordo com o § 1.º desse dispositivo, “o pagamento antecipado da retribuição anual será regulado pelo INPI”. O § 2.º, por sua vez, prevê que “o pagamento deverá ser efetuado dentro dos primeiros 3 (três) meses de cada período anual, podendo, ainda, ser feito, independente de notificação, dentro dos 6 (seis) meses subsequentes, mediante pagamento de retribuição adicional”.
Tratando-se de pedido internacional, aplica-se o art. 85 da LPI: “o disposto no artigo anterior aplica-se aos pedidos internacionais depositados em virtude de tratado em vigor no Brasil, devendo o pagamento das retribuições anuais vencidas antes da data da entrada no processamento nacional ser efetuado no prazo de 3 (três) meses dessa data”.
Tratando-se, por outro lado, de patente que foi colocada em oferta pública de licença, a anuidade recebe um abatimento, nos termos do art. 66 da LPI: “a patente em oferta terá sua anuidade reduzida à metade no período compreendido entre o oferecimento e a
concessão da primeira licença, a qualquer título”.
Por fim, vale destacar que, segundo o art. 86 da LPI, “a falta de pagamento da retribuição anual, nos termos dos arts. 84 e 85, acarretará o arquivamento do pedido ou a extinção da patente”.
· 2.1.10. Extinção da patente:
A LPI prevê, no seu art. 78, as hipóteses de extinção da patente:
 “I – Pela expiração do prazo de vigência;
 II – Pela renúncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros;III – pela caducidade;
 IV – pela falta de pagamento da retribuição anual, nos prazos previstos no § 2.º do art. 84 e no art. 87; e
 V – pela inobservância do disposto no art. 217” (que se refere à exigência de a pessoa domiciliada no exterior constituir e manter procurador devidamente qualificado e domiciliado no País, com poderes para representá-la administrativa e judicialmente, inclusive para receber citações).
Em qualquer um desses casos, a extinção da patente fará com que seu objeto caia em domínio público, nos termos do parágrafo único do art. 78 da LPI: “extinta a patente, o seu objeto cai em domínio público”. O prazo de vigência da patente é improrrogável.
Quanto à renúncia, dispõe o art. 79 da LPI que ela “só será admitida se não prejudicar direitos de terceiros”. Assim, por exemplo, o titular da patente não poderá renunciar se firmou contrato de licença voluntária com terceiros, porque nesses casos a renúncia os prejudicaria.
Quanto à caducidade, por sua vez, prevê o art. 80 o seguinte: “caducará a patente, de ofício ou a requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse, se, decorridos 2 (dois) anos da concessão da primeira licença compulsória, esse prazo não tiver sido suficiente para prevenir ou sanar o abuso ou desuso, salvo motivos justificáveis”. Complementando, dispõe o § 1.º que “a patente caducará quando, na data do requerimento da caducidade ou da instauração de ofício do respectivo processo, não tiver sido iniciada a exploração”.
Vê-se, pois, que o reconhecimento da caducidade depende da instauração de processo administrativo no INPI. Este processo administrativo será instaurado de ofício ou a requerimento de qualquer interessado. Nesse caso, havendo desistência posterior do
requerente, o INPI poderá dar continuidade ao processo (§ 2.º). Como ocorre em qualquer processo administrativo, será assegurado ao titular da patente o contraditório e a ampla defesa. Nesse sentido, dispõe o art. 81 da LPI que ele “será intimado mediante publicação para se manifestar, no prazo de 60 (sessenta) dias, cabendo-lhe o ônus da prova quanto à exploração”. Complementando, dispõem os arts. 82 e 83 o seguinte: “Art. 82. A decisão será proferida dentro de 60 (sessenta) dias, contados do término do prazo mencionado no artigo anterior. Art. 83. A decisão da caducidade produzirá
efeitos a partir da data do requerimento ou da publicação da instauração de ofício do processo”.
Certificado de adição de invenção
Segundo o art. 76 da LPI, “o depositante do pedido ou titular de patente de invenção poderá requerer, mediante pagamento de retribuição específica, certificado de adição para proteger aperfeiçoamento ou desenvolvimento introduzido no objeto da invenção,
mesmo que destituído de atividade inventiva, desde que a matéria se inclua no mesmo conceito inventivo”.
A lei, nesse caso, visou a proteger o conceito inventivo do inventor, a sua criação em si. Tanto que no § 3.º do art. 76 está previsto que “o pedido de certificado de adição será indeferido se o seu objeto não apresentar o mesmo conceito inventivo”.
Seguindo o princípio de que o acessório segue o principal, o art. 77 da LPI determina que “o certificado de adição é acessório da patente, tem a data final de vigência desta e acompanha-a para todos os efeitos legais”.
Patentes pipeline
Atualmente, um dos temas mais polêmicos do direito de propriedade industrial é o referente às chamadas patentes pipeline (ou patentes de revalidação), que foram permitidas em nosso ordenamento jurídico pela atual LPI em seus arts. 230 e 231.
A previsão das patentes pipeline decorreu do fato de que a nossa legislação anterior (Lei 5.772/1971) não permitia a patente de produtos farmacêuticos e alimentícios. Como a atual LPI permite a patente desses produtos, aquelas pessoas que não fizeram pedidos de
patente de medicamentos e alimentos no Brasil na vigência da lei anterior (ou fizeram esses pedidos no exterior) puderam fazer tais pedidos após a entrada em vigor da atual LPI. Aqueles que, não obstante a proibição antiga, fizeram tais pedidos, puderam convertê-los em pedidos de pipeline. Doutrinadores de renome advogam a inconstitucionalidade da patente pipeline, e cedo ou tarde essa questão será decidida pelo Supremo Tribunal Federal, uma vez que em 2009 foi ajuizada Ação Direta de Inconstitucionalidade contra os arts. 230 e 231 da LPI pelo Procurador-Geral da República (ADIn 4.234)
Desenho Industrial
Diferente da invenção e do modelo de utilidade, o desenho industrial não é protegido por patente. O instituto que protege o desenho industrial é o registro.
· 1. Conceito:
É a própria LPI que define o que vem a ser o desenho industrial. Ela diz que: “Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial”. (art. 95 da LPI). O desenho industrial, apesar de lidar com criatividade, não se confunde com obras de arte. As obras de arte são protegidas pelo direito autoral (Lei 9.610/1998). O desenho industrial é protegido pela propriedade industrial. O desenho industrial possui uma função utilitária. A obra de arte possui uma função estética, decorativa.
Outra diferenciação importante é a do desenho industrial e a do modelo de utilidade. O modelo de utilidade confere uma melhora no uso ou fabricação do produto. O desenho industrial não guarda qualquer relação com a funcionalidade do produto. Assim, se uma criação for técnica, ela será um modelo de utilidade ou invenção, mas se for estética, será uma obra de arte (quando não aplicada a um produto industrial) ou de um desenho industrial (quando aplicada a um produto industrial).
· Os requisitos para o registro do desenho industrial são:
Novidade; Originalidade; Aplicação industrial; Licitude (ou desimpedimento)
Também para o desenho industrial, a novidade existe quando o mesmo não estiver compreendido no estado da técnica (art. 96 da LPI). 
“O desenho industrial é considerado novo quando não compreendido no estado da técnica”. Complementando essa regra, e seguindo a mesma linha dos dispositivos legais que tratam do tema em relação às patentes, os §§ 1.º, 2.º e 3.º do art. 96 dispõem o seguinte: 
“§ 1.º O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido, no Brasil ou no exterior, por uso ou
qualquer outro meio, ressalvado o disposto no § 3.º deste artigo e no art. 99.
 § 2.º Para aferição unicamente da novidade, o conteúdo completo de pedido de patente ou de registro depositado no Brasil, e ainda não publicado, será considerado como incluído no estado da técnica a partir da data de depósito, ou da prioridade reivindicada, desde que venha a ser publicado, mesmo que subsequentemente. 
§ 3.º Não será considerado como incluído no estado da técnica o desenho industrial cuja divulgação tenha ocorrido durante os 180 (cento e oitenta) dias que precederem a data do depósito ou a da prioridade reivindicada, se promovida nas situações previstas nos incisos I a III do art. 12”.
No tocante à originalidade, esta se encontra presente quando representar uma configuração visual distintiva, em relação a outros objetos anteriores (art. 97 da LPI). Cumpre destacar, ainda, que esse resultado original “poderá ser decorrente da combinação de elementos conhecidos” (parágrafo único). O requisito da originalidade pode ser traduzido como a necessidade de o desenho industrial apresentar um caráter distintivo em relação aos demais já existentes, ou seja, o desenho industrial será original quando for significativamente diferente dos outros existentes no mercado.
Quanto à aplicação industrial, essa característica distingue o desenho da obra de arte, pois aquele deve ser suscetível de industrialização, e este produz efeitos estéticos. Ambos são criações estéticas, mas somente o desenho industrial é aplicável a um produto, tendo suscetibilidade de industrialização. Foipor isso que a LPI se preocupou em deixar fora do âmbito de proteção legal dos desenhos industriais as obras de
arte (art. 98). Afinal, conforme já destacamos, estas possuem uma proteção jurídica específica, conferida pelo direito autoral.
O artigo 100 da LPI aponta desenhos industriais não registráveis:
 Art. 100. Não é registrável como desenho industrial:
I - O que for contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas, ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia e sentimentos dignos de respeito e veneração;
II - A forma necessária comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela determinada essencialmente por considerações técnicas ou funcionais.
Quanto a essa previsão do inciso II, ela se justifica porque a forma necessária ou imposta por requisitos técnicos jamais pode ser considerada uma forma ornamental.
 
2. Procedimento de registro de desenho industrial:
O procedimento de registro de desenho industrial junto ao INPI segue basicamente a mesma sistemática do procedimento para concessão das patentes de invenção e de modelo de utilidade, com algumas variações.
· 2.1. Legitimidade do autor do pedido:
De acordo com o art. 94 da LPI, “ao autor será assegurado o direito de obter registro de desenho industrial que lhe confira a propriedade, nas condições estabelecidas nesta Lei”. 
O parágrafo único desse dispositivo legal, por sua vez, dispõe que se aplicam “ao
registro de desenho industrial, no que couber, as disposições dos arts. 6.º e 7.º”, já visto quando do estudo das patentes.
Assim, pode-se dizer que:
(i) Salvo prova em contrário, presume-se o requerente legitimado a obter o registro;
(ii) O registro poderá ser requerido em nome próprio, pelos herdeiros ou sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade; 
(iii) Quando se tratar de desenho industrial realizado conjuntamente por duas ou mais pessoas, o registro poderá ser requerido por todas ou qualquer delas, mediante nomeação e qualificação das demais, para ressalva dos respectivos direitos; 
(iv) O criador do desenho industrial será nomeado e qualificado, podendo requerer a não divulgação de sua nomeação;
(v) Se dois ou mais autores tiverem realizado o mesmo desenho industrial, de forma independente, o direito de obter registro será assegurado àquele que provar o depósito mais antigo, independentemente da data de criação; e
(vi) A retirada de depósito anterior sem produção de qualquer efeito dará prioridade ao depósito imediatamente posterior.
Aplicam-se também aos pedidos de registro de desenho industrial, analogicamente, as regras previstas na LPI sobre a titularidade de patentes de inventos realizados por funcionários do empresário (arts. 88 a 93). Essa aplicação, aliás, é determinada pela própria LPI, em seu art. 121.
· 2.2. Análise dos requisitos:
Art. 101. O pedido de registro, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá:
· I - requerimento;
· II - relatório descritivo, se for o caso;
· III - reivindicações, se for o caso;
· IV - desenhos ou fotografias;
· V - campo de aplicação do objeto; e
· VI - comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito.
Não custa lembrar que “os documentos que integram o pedido de registro deverão ser apresentados em língua portuguesa” (art. 101, parágrafo único). O pedido é submetido a exame formal preliminar (art. 102 da LPI), podendo o INPI recebê-lo com pequenas irregularidades, assinando prazo para o interessado cumprir as exigências formais necessárias, em 5 dias (art. 103 da LPI). 
Veja-se que a disciplina procedimental é idêntica à conferida ao pedido de patente, com exceção do prazo acima mencionado, que para as patentes é de 30 dias.
Segundo o art. 104 da LPI, “o pedido de registro de desenho industrial terá que se referir a um único objeto, permitida uma pluralidade de variações, desde que se destinem ao mesmo propósito e guardem entre si a mesma característica distintiva preponderante, limitado cada pedido ao máximo de 20 (vinte) variações”.
 Mais uma vez a lei se preocupou em proteger a criação em si. O autor do pedido também deve atentar para o fato de que o desenho industrial deve, ainda, “representar clara e suficientemente o objeto e suas variações, se houver, de modo a possibilitar sua reprodução por técnico no assunto” (art. 104, parágrafo único, da LPI).
Trata-se de norma que se destina a permitir a aferição, pelos técnicos do INPI, do requisito da industriabilidade.
· 2.3. Concessão do registro:
Nesse ponto, o procedimento do registro de desenho industrial difere do procedimento das patentes, porque a publicação e a concessão são automáticas, expedindo-se imediatamente o registro. Com efeito, segundo o art. 106 da LPI, “depositado o pedido de registro de desenho industrial e observado o disposto nos arts. 100, 101 e 104, será automaticamente publicado e simultaneamente concedido o registro, expedindo-se o respectivo certificado”. Conclui-se, pois, que a concessão do registro de desenho industrial independe da prévia análise do INPI quanto ao preenchimento do requisito de registrabilidade.
Perceba-se também que não há, em princípio, aquele período de sigilo de 18 meses, salvo se o autor do pedido requerer expressamente, conforme prevê o § 1.º do art. 106: “a requerimento do depositante, por ocasião do depósito, poderá ser mantido em
sigilo o pedido, pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data do depósito, após o que será processado”. Nesse caso, aplica-se também o disposto no art. 105 da LPI: “se solicitado o sigilo na forma do § 1.º do art. 106, poderá o pedido ser retirado em até 90 (noventa) dias contados da data do depósito. Parágrafo único. A retirada de um depósito anterior sem produção de qualquer efeito dará prioridade ao depósito imediatamente posterior”. 
Das regras acima transcritas, pode-se concluir que, como a publicação do pedido de registro e a concessão do certificado são automáticas, o exame de mérito do pedido de registro de desenho industrial só ocorrerá quando o titular ou terceiros interessados o requeiram ao INPI, nos termos do art. 111 da LPI: “o titular do desenho industrial poderá requerer o exame do objeto do registro, a qualquer tempo da vigência, quanto aos aspectos de novidade e de originalidade”. Por isso se diz que esse exame de mérito é eventual e diferido.
· 2.4. Prazo de vigência:
Concedido o registro de desenho industrial, o titular receberá o respectivo certificado de registro, nos termos do art. 107 da LPI: “do certificado deverão constar o número e o título, nome do autor – observado o disposto no § 4.º do art. 6.º, o nome, a nacionalidade e o domicílio do titular, o prazo de vigência, os desenhos, os dados relativos à prioridade estrangeira, e, quando houver, relatório descritivo e reivindicações”.
O prazo de vigência do registro de desenho industrial é de 10 anos, contados da data do depósito, mas a LPI permite a prorrogação desse prazo por três períodos sucessivos de 5 anos cada, conforme previsão do art. 108: “o registro vigorará pelo prazo de
10 (dez) anos contados da data do depósito, prorrogável por 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada”.
Esse pedido de prorrogação deve ser feito no último ano da vigência do registro, instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição (art. 108, § 1.º). E mais: “se o pedido de prorrogação não tiver sido formulado até o termo final da vigência do registro, o titular poderá fazê-lo nos 180 (cento e oitenta) dias subsequentes, mediante o pagamento de retribuição adicional” (art. 108, § 2.º).
· 2.5. Proteção conferida:
O titular do registro de desenho industrial, a exemplo do titular de uma patente, tem o direito de exploração econômica exclusiva do seu objeto, aplicando-se as mesmas normas relativas à invenção e ao modelo de utilidade. É o que prevê o art. 109 da LPI e seu parágrafo único: “Art. 109. A propriedade do desenho industrial adquire-se pelo registro validamente concedido. Parágrafo

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