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CENTRO UNIVERSITÁRIO FADERGS ESCOLA DE SAÚDE E BEM ESTAR CURSO DE PSICOLOGIA ESTÁGIO BÁSICO EM PROCESSOS EDUCATIVOS Jessica Renata Martins Moreira Simone Moreira Barreto Supervisora Acadêmica: Ana Cristina Pontello Staudt PORTO ALEGRE, 01 DE OUTUBRO DE 2019. Sumário..............................................................................................................2 1. INTRODUÇÃO...............................................................................................3 2. TERRITORIALIZAÇÃO..................................................................................3 2.1 APRESENTAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO..............................................5 3. REFERENCIAL TEORICO.............................................................................8 4. OBJETIVO....................................................................................................16 5. METODOS....................................................................................................16 6. ASPECTOS ÉTICOS................................................................................... 17 7. CRONOGRAMA............................................................................................18 8. REFERÊNCIAS.............................................................................................19 9. ANEXOS........................................................................................................25 1. INTRODUÇÃO O presente projeto trata-se de um relato de experiência, realizado a partir de vivências e dinâmicas que aliam teoria e prática da disciplina de Estágio Básico em Processos Educativos. Todas as atividades descritas no cronograma serão supervisionada e terão consentimento da supervisora acadêmica Professora Ana Cristina Pontello Staudt, supervisor local Psicólogo Darcy Cabral e coordenadora institucional Fátima Gicele Anflor Alves. O projeto será desenvolvido no Grupo de Convivência Maturidade Confiante no Instituto Pró-Saúde, com idosas entre 50 e 80 anos, moradoras da Zona Norte de Porto Alegre/RS, Eixo Baltazar, no período de Outubro de 2019. As atividades propostas neste período, visam desenvolver empatia, respeito, organização, harmonia e a escuta entre si, havendo assim uma melhor convivência entre as participantes do grupo estimulando o fortalecimento de vínculo o que refletirá na convivência com a família e comunidade. 2. TERRITORIALIZAÇÃO O Distrito Eixo Baltazar é composto pelos bairros: Passo das Pedras e Rubem Berta. Essa Região tem 100.418 habitantes, representando 7,13% da população do município, com área de 11,99 km², representa 2,52% da área do município, sendo sua densidade demográfica de 8.375,15 habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 1,92% e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 3,12 salários mínimos. Na região Eixo Baltazar existe um grande índice de vulnerabilidade e risco social, e em constante movimento com novos assentamentos e ocupações de áreas. As principais vulnerabilidades são: famílias em descumprimento das condicionalidades do PBF; jovens em situação de vulnerabilidade social e negligência em relação às crianças e adolescentes, renda precária e/ou nenhuma, tráfico de drogas e alto índice de desemprego. Nesse território encontras-se o VIDA CENTRO HUMANÍSTICO, que é administrado pela Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), caracteriza-se como fundação pública de direito, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos. O Vida Centro Humanístico é um espaço de cidadania com ações de saúde, trabalho, lazer, educação, esporte e cultura. Em parceria com ONG’S e com instituições governamentais, desenvolve planos de ações de políticas públicas direcionadas à comunidade. Inaugurado em 1990, O Vida Centro Humanístico situa-se em uma área física de 120 mil metros quadrados, atendendo usuários de Porto Alegre e Região Metropolitana. Nesse espaço são ofertados os mais diversos serviços à comunidade: PATI (Programa de Atendimento à Terceira Idade - espaço de convivência e de fortalecimento da cidadania, através de atividades culturais, esportivas, artísticas, de promoção da saúde, educativas e de lazer. Conta com o apoio de uma equipe multidisciplinar), Clube de Mães Jardim da Colina (atendimento de mulheres vítimas de violência), Biblioteca e Telecentro (espaço de livros, revistas e jornais e do programa de inclusão digital com acesso a internet), atividades abertas (atividades gratuitas de hapkido, ginástica rítmica e basquete), espaço para eventos (torneios esportivos, feiras, seminários e reuniões comunitárias), agência FGTAS/SINE Zona Norte (Localizada no prédio que abriga a área administrativa do Vida Centro Humanístico). Entidades parceiras – Atividades: AFINCO (Associação Filhos Nascidos do Coração - Cursos profissionalizantes para pessoas a partir de 18 anos. Higienização Hospitalar, Cuidador de Idosos, informática são exemplos dos cursos oferecidos), COPERVIDA (Associação de Artesãos da Zona Norte de Porto Alegre), Instituto Pró-Saúde (Ginástica para pessoas a partir de 30 anos), AAVCH (Associação Amigos do Centro Vida Humanístico - Apoia as ações do Vida com curso de manicure, pedicure, corte de cabelo, atendimento de reiki, massoterapia, entre outros serviços), Associação Ser e Ter (atendimento à jovens especiais, com oficinas de artes, atividades esportivas e recreativas), Centro da Juventude Rubem Berta (ações de cultura, aprendizagem e convívio social para jovens de 15 a 24 anos - Cursos de idioma, reforço escolar, cursos preparatórios para o mercado de trabalho, atendimentos de psicologia e serviço social, são algumas das atividades oferecidas), Serviço Pró-Jovem Adolescente (Atividades esportivas e culturais para jovens), Associação Alvo Cultural (Atividades culturais para jovens. Curso de DJ, aulas de Percussão, violão, flauta, entre outros), Labre RS (Liga Brasileira de Rádio Emissão. Encontros de rádio amadores), Crip Eixo Baltazar (Centros de Relação Institucional Participativa - CRIPs- Prefeitura Gestor: Lauro Reis), Conselho Tutelar (Atende demandas da 10º região de Porto Alegre), Unidade da Defensoria Pública (Atende ações de vara de família), Grupos de Auto Ajuda (NA e AA), Brigada Militar – 20º BPM (Base Comunitária Rubem Berta), Agência Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul). 2.1 Local onde está sendo desenvolvido o Estágio O Instituto Pró-Saúde está localizado na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, 2132 – área 9/ sala 927 – Rubem Berta em Porto Alegre/RS. Surgiu em 2003, com a iniciativa de um grupo de profissionais da Urgetrauma (Clínica de Traumatologia em Porto Alegre). A ONG iniciou com o Projeto Maturidade com atividades voltadas para o público idoso, que participam de atividades físicas, grupos de convivência, oficinas e palestras. Em 2007, surgiu o Projeto Jovens Talentos para atuar também com crianças e adolescentes, com a proposta de práticas esportivas, atividades recreativas e apoio educativo. Em 2008, o Instituto Pró-Saúde foi oficialmente criado. O Instituto Pró-Saúde é uma entidade sem fins lucrativos, que se compromete com a promoção da saúde integral em populações de baixa renda. Tem como proposta difundir conhecimento sobre longevidade e bem estar; Promover acesso ao esporte e a atividade física regular; Formar agentes de influência e transformação social nas comunidades; Ampliar e difundir o conceito de “saúde integral”; Incentivar a adoção de hábitos alimentares saudáveis. Seus valores são: saúde, acolhimento, solidariedade, humanização, respeito, ética, exemplo. Atualmente a Instituição conta com 4 projetos. O PROJETO MATURIDADE através da prática de ginástica,de grupos de saúde e de convivência, educação nutricional, oficinas e palestras médicas, garante a melhora das condições físicas e clínicas dos participantes, reduzindo significativamente as manifestações de doenças crônicas já existentes e impedindo que novas doenças se desenvolvam. Associando a prática regular da ginástica à adoção de dieta orientada, o Projeto Maturidade visa à saúde integral de seus participantes, tendo como princípio oferecer os meios, mas responsabilizar o próprio indivíduo pela busca da sua saúde e desenvolvimento. O trabalho resulta em maior vitalidade, mobilidade, senso de cidadania e pertencimento para os indivíduos. O projeto tem como público alvo adultos com mais de 50 anos com renda inferior a três salários mínimos e em situação de vulnerabilidade social. O PROJETO JOVENS TALENTOS atende crianças e adolescentes até 21 anos, utilizando de esportes individuais e grupos de convivência para desenvolver disciplina, dedicação, superação dos limites e valorização do corpo. O projeto oferece aulas de Judô, Hapkido e Ginástica Artística com orientações de profissionais especializados focados no dinamismo, persistência e desenvolvimento pessoal. Os grupos de convivência orientam, sociabilizam e capacitam as crianças e os adolescentes a desempenhar com sucesso suas escolhas, desenvolvendo a consciência crítica e reflexiva frente ao meio, formando cidadãos éticos e coerentes. O Projeto Jovens Talentos também trabalha com um sistema de apadrinhamento, no qual qualquer pessoa ou empresa pode colaborar mensalmente e contribuir para a permanência de uma ou mais crianças no projeto. O valor do apadrinhamento é destinado a gastos com passagens, lanches, serviço de professores e aquisição de materiais. PROJETO IDOSO SAUDÁVEL tem como objetivo atender até 30 pessoas gratuitamente, incentivando a prática regular de exercício e orientando os participantes em uma reeducação alimentar. A iniciativa é mais um dos investimentos, por parte do Instituto, na saúde das populações de baixa renda. O programa expande aquele que é oferecido no Projeto Maturidade e, além das aulas de ginástica e dos grupos de apoio, também oferece exercícios de meditação e atividades para serem realizadas em casa. Idealizado pelo Dr. Uronal Zancan, presidente do Instituto, o Projeto Idoso Saudável é voltado para o desenvolvimento da saúde integral, atendendo ao bem estar físico, emocional, mental, cultural, social, ambiental e espiritual dos indivíduos. Com acompanhamento e avaliações periódicas dos resultados, o Projeto Idoso Saudável pretende recuperar a saúde de seus participantes e dar continuidade às propostas do Instituto Pró-Saúde. O PROJETO MATURIDADE CONFIANTE tem o objetivo de promover a convivência comunitária entre os participantes, através de grupos de convivência. Auxiliando na elaboração de projetos de vida, o método desperta a autonomia e melhora a autoestima dos participantes, além de fortalecer vínculos familiares e sociais. O PROJETO PROSER ESCOLAR tem como objetivo desenvolver a qualidade de vida de estudantes – bem como professores e merendeiras – de escolas públicas de Porto Alegre e região metropolitana. A iniciativa pretende levar o público alvo à conhecer e adotar hábitos promotores da saúde integral a partir de ações integradas que rompam o ciclo vicioso de rotinas não saudáveis, que geram doenças. A metodologia do Projeto alia educação para a saúde e prática de atletismo, em períodos de educação física, para atingir os seus objetivos. Para abordar os conteúdos propostos, o projeto está alinhado em três eixos: Inserção dos professores no programa de 100 dias do PROSER, pela modalidade semipresencial, quinzenalmente. Encontros presenciais, de 1 hora semanal, abordando temas de saúde: orientação nutricional, hábitos saudáveis, práticas de meditação. Atividades práticas de atletismo desenvolvidas e adaptadas às condições da escola pelo nosso facilitador, conjuntamente com avaliação de performance, uma vez por semana. O Projeto Grupos de Convivência Maturidade Confiante, iniciou em Março de 2019 a fim de atender idosos e adultos maduros, de ambos os sexos, promovendo a convivência comunitária, despertando a busca para o desenvolvimento crítico, autônomo, social e familiar. Desenvolvendo projetos de vida estimulado escolhas e estimulando uma vida social ativa e autônoma, fortalecendo vínculos familiares e sociais que contribuam no processo de envelhecimento saudável. Promover a convivência comunitária despertando a autonomia tanto na família como em sua comunidade. Facilitar o desenvolvimento de projetos de vida, por meio de vivências que possibilitem e valorizem a troca de experiências, proporcionando a valorização pessoa e a melhoria da autoestima. Desenvolver a autonomia no que diz respeito ao projeto pessoal de envelhecimento ativo, social, autônomo e saudável. Estimular ações que reforçam a visão dos idosos enquanto cidadãos ativos. Despertar a consciência do grupo para os benefícios gerados pela adesão das atividades desenvolvidas. Identificar as necessidades e os desafios enfrentados pelos idosos por meio de atendimento individualizado. 3. REFERENCIAL TEÓRICO O psicólogo age como facilitador da comunicação entre os integrantes do grupo, motivando o grupo a desenvolver a gestão de conhecimentos, do pensamento crítico e de ações transformadoras, instrumentalizando o individuo a transformar a si, aos outros e o contexto em que estão inseridos. A aprendizagem centrada nos processos grupais destaca a probabilidade de uma nova elaboração de conhecimento, de integração e de questionamentos acerca de si e dos outros. A aprendizagem significa mudança, devendo haver uma relação dialética entre sujeito e objeto e não uma visão unilateral, estereotipada e cristalizada. É um processo contínuo em que comunicação e interação são indissociáveis, na medida em que aprendemos na relação com os outros. Para Pichon, o Grupo é um conjunto restrito de pessoas que, ligadas por constantes de tempo e espaço, e articuladas por sua mutua representação interna, se propõem de forma explicita ou implícita a realização de uma tarefa, que constitui sua finalidade, interatuando para isso através de complexos mecanismos de adjudicação (entregar ao outro o que é seu) e assunção (assumir o que é dos outros para si) de papeis. Góis (1993) nos define a psicologia comunitária como ”uma área da psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugar/comunidade e contexto familiar; estuda o sistema de relações e representações, identidade, níveis de consciência, identificação e pertinência dos indivíduos ao lugar/comunidade e aos grupos comunitários. Visa ao desenvolvimento da consciência dos moradores como sujeitos históricos e comunitários, através de um esforço que perpassa o desenvolvimento dos grupos e da comunidade. (...) Seu problema central e a transformação do indivíduo em sujeito”. Consideramos a importância de todos os estudos sobre o envelhecimento, que se apresentam cada vez mais longevo, viu se muitas pesquisas que investigam as vivências de participação grupal em uma comunidade afetiva, para a construção e/ou ressignificação de projetos de vida de idosos, pensando que, com mais tempo de vida, torna-se possível refletir e buscar novas oportunidades e realização de metas estabelecidas, pois, segundo França e Soares (2009, p.745), o momento pós-aposentadoria se apresenta como favorável para [...] experimentar novas situações, desenvolver habilidades, aptidões e descobrir novos interesses. Ao traçar um projeto de vida, podemos considerar diferentes contextos importantes, como a saúde, relacionamentos, investimentos, atividades intelectuais, domésticas, culturais e lazer. Para França (1999), ficar inativo, sem perspectivas futuras, pode levar o idoso àdepressão e ao desenvolvimento de doenças psicossomáticas. Esse quadro pode ser modificado, com o planejamento de atividades e reflexão de possíveis projetos que possam redistribuir o tempo do idoso. Sabe-se que muitos idosos não apresentam tempo livre de forma equivalente aos seus semelhantes, pois, para Silva (2016), muitos idosos ainda possuem em sua companhia filhos adultos, incluindo aqueles que saíram da casa dos pais e retornaram em um determinado momento, trazendo consigo a sua família, devido a uma separação ou questões financeiras. Com isso, o tempo, que era para ser livre, acaba sendo ocupado por atividades relacionadas aos filhos ou netos, ajudando os financeiramente e se dedicando exclusivamente a esses cuidados. Porém, destaca-se que, principalmente para esses idosos, é fundamental que tenham um tempo para a realização de atividades de seus interesses, investindo em si, para uma diminuição da carga de responsabilidades que lhes foram atribuídas. De acordo com Araujo (2011), é preciso desmistificar a velhice como uma etapa da vida de perda e de dependências, porque ela pode ser considerada como um momento de busca para novos horizontes e desafios, possibilitando crescimento e construção de projeto existencial de forma saudável. Há vários estudos apontando para a necessidade do relacionamento com outras pessoas de modo a garantir a troca de saberes e experiências, em prol de uma ressignificação da vida. Trazendo assim um novo modo de se viver e curtir a vida nesta fase. O projeto foi montado, pois acreditasse que ao participar de grupos com características de uma comunidade afetiva influenciaria nessa construção e/ou ressignificação de projetos de vida dos idosos. O grupo aparece como uma comunidade de afetos, sendo que, ao falar de afetividade, I. R. Brandão (2012, p.16), diz que [...] a afetividade só é possível de ocorrer nos sentimentos ativos, que só podem ser produzidos no bom encontro entre sujeitos. Falamos, pois, de uma afetividade ética e política, inconcebível sem a presença do outro. Para ele, há uma importância de se construírem espaços sociais que viabilizem uma construção subjetiva e de fortalecimento da individualidade e da sociabilidade. Ao longo de nossa vida nos inserimos em vários grupos, e o que nos une às pessoas desses grupos são os interesses, impressões, ideais, sonhos, desejos e outros. Trata-se de uma identificação baseada em experiências, reflexões, paixões e sensações comuns (Fraga, 2007). Em Halbwachs (2006), encontramos que são as lembranças compartilhadas com outros participantes do grupo que levam a uma pertença grupal, nomeada como comunidade afetiva. Para V. M. A. T. Brandão (2008), é por meio do relato e partilha de experiências que se observa a formação de uma nova comunidade afetiva, com possibilidades de uma reavaliação de projetos de vida. Se tratando das possibilidades para a construção de projetos de vida com idosos, vale destacar quanto ao uso dos termos senescência e senil, algumas vezes utilizados de formas semelhantes ao referir-se a esse público. Para Jacob Filho (2016), há diferenças entre eles; ambos se referem ao envelhecimento, porém, podem causar impactos diferentes sobre a saúde. Para este autor, a senescência trata-se de mudanças ocorridas nos organismos dos seres vivos, de acordo com o seu tempo de vida. Elas são comuns e não estão associadas a uma doença, alteração funcional ou encurtamento da vida. Já ao se falar em senil, ele ressalta que este termo é um complemento da senescência, acometendo os indivíduos em mecanismos fisiopatológicos. Trata-se de doenças que comprometem a qualidade de vida desses organismos, mas não são comuns a todos. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera idoso aqueles que possuem 60 anos ou mais, em países ‘em desenvolvimento’, como é o caso do Brasil, e 65 anos ou mais, aqueles situados em países ‘desenvolvidos’ (Mendes et al. 2005). Ao referirmos às pessoas acima de 60 anos, é usual a utilização de alguns verbetes para essa população de idade avançada. São eles: “velho”, “idoso”, “terceira idade”, “melhor idade”, “idade madura”. Esses signos incorporam certa identidade para as pessoas nessa fase, viabilizando a construção social da velhice. É de se destacar que muitas vezes os termos utilizados trazem condições pejorativas, acarretando uma imagem negativa do envelhecimento, limitando as possibilidades dessa faixa etária. O termo “velho” está relacionado a uma indicação de doença, solidão, inatividade; o “idoso” é utilizado muitas vezes em documentos jurídicos ao se tratar de questões referentes a leis e direitos; já o termo “terceira idade” é atribuído à saúde e bem-estar (Borini & Cintra, 2002). Para Marques (2004), o termo idoso traz novos significados agregando-se a novas visibilidades e positividades. Alguns argumentos associam o envelhecimento a uma condição de classe excluída da sociedade, referindo-se ao velho como discriminado, desrespeitado, e muitas vezes carente em direitos que lhe são garantidos por lei (Nobre, Oliveira, Mendes, Oliveira, Souza & Silva, 2017). Existem diversas formas ao referir-se ao idoso; destaca-se para o termo meia idade que também é bastante utilizado, lembrando que já se chegou à metade da trajetória da vida, e com isso não se busca nada mais além de saber a data da morte. Diante desse fato, muitos idosos apresentam uma dor perante a questão da finitude (Py & Scharfstein, 2001). Do ponto de vista dos aspectos psicossociais do envelhecimento, este aparece com um discurso de velhice associada a fim, perda do lugar social e valor produtivo, sendo como consequência a aposentadoria ou morte (Santos, 2013). Com tantas associações do envelhecimento com aspectos negativos, Jardim, Medeiros e Brito (2006) nos trás que esse negativismo foi construído historicamente na sociedade, e que, com o intuito de modificar essa visão e cultura, o termo utilizado passou a ser terceira idade, cujo objetivo é denominar essa etapa como ativa e independente. Trata-se de pensar essa etapa da vida de forma mais participativa na sociedade e com mais autonomia para a realização de atividades desejadas. Para Antunes, Novak e Miranda (2014), a definição de terceira idade contribui para um ponto de vista mais positivo sobre o envelhecimento. Seguindo essa linha, pesquisadores procuram por essa temática, levando em conta o planejamento do envelhecer de forma saudável, ou a expressão de uma nova velhice para essa etapa da vida (Kreuz & Franco, 2017). Vale grifar que o uso dos termos na designação do ser que envelhece, tais como ‘terceira-idade’, ‘nova velhice’, ‘envelhecimento ativo’, dentre outros, trazem certas ‘armadilhas’ da responsabilização do idoso pelo seu desempenho social apregoado. Como se toda velhice tivesse que ser saudável, ativa, ‘jovem de espírito’, entre outros, muitos podem apresentar o sentimento de culpa que decorre quando tal objetivo não é alcançado – trata-se da mercantilização da velhice (Debert, 1999). Para Borges (2007), o modo como os idosos vivenciam o envelhecimento se apresenta de forma diversa. A questão econômica afeta as relações do sujeito e o meio que está inserido; e as questões de saúde determinam o idoso dependente ou independente. Tudo isso ocasiona um leque de representações sociais sobre o ‘ser idoso’, que se propaga midiaticamente em meios de comunicação e anúncios comerciais. O que se observa nas sociedades ocidentais é que ainda há uma interiorização da velhice de maneira negativa, dificultando algum processo de ressignificação das perdas inerentes à idade (Mello, Apratto Jr, Oliveira César, Souza, Miranda, Freitas, Mota & Leite, 2016). Para Jede e Spuldaro (2009), algumas limitações e doenças acometidas no processo de envelhecimento podem deixar os sujeitos mais vulneráveis, fragilizando o seu estado emocional.Essa etapa vem marcada pelo medo do envelhecimento, diminuindo a capacidade de adaptação e limitando o sistema psicossocial, manifestando-se por dificuldade de autoaceitação. O envelhecimento não envolve uma questão estritamente pessoal, pois, segundo Paz, Santos e Eidt (2006), ele tem a ver com questões sociais e econômicas, além de mudanças no perfil epidemiológico e da procura por serviços de saúde. O envelhecimento passa a ser vivenciado em diferentes épocas, ritmos e velocidades, para um mesmo ou diversos sujeitos. Ele pode ser influenciado por questões biológicas, psicológicas e sociais, não seguindo um modelo único, levando vários fatores a interferir (Neri, 1995). Para Ferreira (2015), o meio social exercerá influência tanto em relação ao envelhecimento quanto ao desenvolvimento de projetos, sendo que a maneira com que o sujeito se projeta na sociedade retrata uma relação dialética entre sua subjetividade e condicionantes sociais. O crescimento da população idosa traz consigo reflexões quanto ao papel social, em nosso grupo foi sugerida a discussão de alguns assuntos como a identidade, mudança de papéis, aposentadoria, perdas e diminuição de contatos sociais, as leis que lhes resguardam seus direitos e deveres. E ofertado apoio e observado se há necessidade de encaminhamentos para atendimento psicológico individual, o grupo apesar de ser terapêutico não tem este foco especifico. Com isso, tentamos olhar para os idosos sem preconceito, aprendendo a valorizar e a respeitar a história de cada um. Ao envelhecer, ocorrem algumas mudanças no corpo de cada sujeito, e, ao modificar-se, muitos idosos apresentam um sentimento de não pertença e desamparo. Essa mudança percebida indica o afastamento da juventude, e a proximidade da maturidade, que poderão desencadear a temida e negada velhice. Para Neri (1995), o envelhecimento ocorre com as perdas, ganhos e estabilidade, sendo que não á ganhos sem perdas e nem o inverso; o desenvolvimento ocorre de forma multidirecional e multifuncional, e as perdas referentes ao declínio da idade passam a ser somadas a ganhos de experiência e sabedoria, levando a um olhar positivo do envelhecimento e da velhice. É com as perdas que descobrimos como lidar com o novo, com o que nos aparece como ganho, voltando então para a estabilidade, o que a todo o momento aparece num movimento dialético. Muitos idosos procuram se isolar de um determinado meio social, perdendo muitos laços de amizade no decorrer da vida. A autora Stella, Gobbi, Corazza e Costa (2002), nos trás que a redução da mobilidade física levam os idosos a desenvolverem baixa autoestima, diminuição na sua participação na comunidade e consequente redução das relações sociais, promovendo sentimentos de incapacidade, solidão e isolamento. Em relação a essa questão do isolamento social, Silva (2016) destaca que isso promove um efeito devastador na vida dos idosos, podendo afetar a sua saúde, inclusive levá-los à morte. O isolamento social pode acometer pessoas de qualquer idade, porém, na velhice os prejuízos podem ser mais significativos, devido a maior vulnerabilidade. Pensando em amenizar estas dores, sentimentos e sintomas os grupos enxergam a necessidade de dar espaços para que eles possam falar e serem ouvidos. Segundo Almeida (2007), e na perspectiva de Baltes e Baltes, o envelhecimento bem-sucedido é um processo adaptativo, que, por meio de uma estratégia de otimização seletiva com compensação, permite ao sujeito conduzir suas perdas e ganhos, potencializando a eficácia no alcance de metas estabelecidas para si. Para Quaresma (2007), o envelhecimento visto de forma ativa considera as capacidades, iniciativa, planejamento, surgindo como projeto para uma vida que cada vez mais se prolonga. Envelhecer ativamente é viabilizar a igualdade de oportunidades e não discriminar pela idade ou gênero. Envelhecer de forma positiva significa estar satisfeito com a vida atual e ter perspectivas e expectativas otimistas em relação ao futuro. É estar equilibrado em limitações e potencialidades que ajudarão encarar as perdas inerentes da vida (Neri, 2012). É inevitável que, com o envelhecer, algumas perdas físicas podem ocorrer, e o idoso ter alguma dependência física de algum familiar ou alguém que lhe seja mais próximo; e isso lhes trás muitos incômodos e sofrimentos, tentamos lhes mostrar que isso não deve ser associado a uma dependência na tomada de decisões, prejudicando sua rotina de vida ou limitando sua possibilidade de escolha, negando a sua liberdade, que é controlada até em seus pensamentos. Para Araújo (2011), um dos preconceitos quanto à idade são as práticas paternalistas, por associar que cuidar bem do idoso é fazer por ele, reforçando assim a dependência física ou psicológica entre famílias e instituições. Ferreira (2015), em seu estudo sobre projeto de vida com idosos, identificou que aqueles que percebiam a velhice de forma positiva ou adaptativa apresentavam uma rotina com mais qualidade, atividades e contato social, sendo que mesmo os que não tinham perspectivas futuras, possuíam no presente, satisfação e bem-estar. Já aqueles que percebiam a velhice de forma negativa ou pejorativa, apresentavam barreiras para vivenciar o envelhecimento de forma prazerosa. Ao falar sobre o envelhecimento, Pedro Guareschi (citado por Santos & Carlos, 2013, p.9), chama atenção para o termo envelhecendo, ao invés de envelhecer, pois é um verbo no gerúndio, sendo que estamos envelhecendo desde quando nascemos, numa ação continuada sem começo nem fim, apenas sendo. ‘Envelhe Ser’: trata-se de refletir como estamos vivendo no momento atual, nessa correria cotidiana, que poucos olhares são voltados para nós mesmos. Trata-se de atentar para como estamos nos movimentando para alcançar uma melhor qualidade de vida, ou busca de autoconhecimento, para saber como queremos envelhecer (Santos & Carlos, 2013). Quando se fala em envelhecer nos deparamos com dois pontos de vista, sendo um olhar mais positivo e outro negativo. O primeiro refere-se à vida longa, às experiências e a melhor qualidade de vida; já o segundo destaca as transformações fisiológicas indesejadas, alterações patológicas, diminuição da capacidade motora e realização laboral, conflitos familiares e sociais, e a imposição de limitações (Silva, Martins, Bachior & Nakatani, 2006). O envelhecimento populacional é uma realidade no Brasil e no mundo e aparece como conquista diante do aumento da expectativa de vida e diminuição da taxa de natalidade resultantes de descobertas científicas, mas também é uma preocupação de pesquisadores e formuladores de políticas públicas diante do aumento considerável dessa faixa etária (Mello et al. 2016). Para tentar amenizar estas mudanças e aprender a lidar melhor com todos estes sentimentos o projeto maturidade confiante trabalha em uma constante busca de atividades que desenvolvam a memoria, a motricidade, afetividade, o sentimento de pertença da sua comunidade, família e cidade. Com as atividades são elaboradas baseadas nos desejos de aprendizados do espaço de fala em grupo e melhorias de suas habilidades. 4. OBJETIVO Este projeto tem como objetivo psicoeducar um grupo de idosos a viverem dentro de sua nova realidade de vida, a velhice, respeitando seus limites e não se anulando, lembrando que cuidar de si é muito importante para permanecer ativo, feliz e lúcido entre seus familiares e sociedade. Construindo relações sociais mais democráticas e solidárias, através do desenvolvimento da empatia e escuta, onde cada um tem seu tempo e seu momento. Acreditasse que o trabalho desenvolvido em grupo seja fundamental para a promoção da autonomia, melhoria da qualidade de vida e fortalecimento de vínculo vividas através das atividades semanais e das trocas de experiências. Auxiliando na elaboraçãode projetos de vida, o método desperta a autoestima dos participantes, além de fortalecer vínculos com sua comunidade para que eles assumam progressivamente seu papel de sujeitos de sua própria história, conscientes dos determinantes sócio-políticos de sua situação e ativos na busca de soluções para os problemas enfrentados. 5. METODOLOGIA Serão realizados 04 encontros, com a duração de 40 minutos cada, sendo 01 encontro por semana, na quarta-feira pela manhã das 10h35min às 11h15min. Será seguido o roteiro da instituição para a administração do grupo. Os primeiros 10 minutos serão utilizados para avisos institucionais e os 30 minutos restantes serão para o desenvolvimento da atividade descrita no cronograma. Para poderem participar do grupo, todas as participantes preenchem e assinam uma ficha de matrícula na qual consta o direito de uso de imagem. 6. ASPECTOS ÉTICOS O grupo de convivência do Instituto Pró-Saúde, dispõe de uma sala própria para as atividades propostas pelos facilitadores com ambiente acolhedor e seguro garantindo que as atividades possam ser executadas sem interrupções. Todas as participantes preenchem e assinam a ficha de matrícula que possui o termo do uso de direito de imagem, a qual só tem acesso a equipe administrativa além dos facilitadores para garantir a privacidade das informações pessoais e o direito do uso das fotos das atividades nas redes sociais da instituição. De acordo com os PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS do Código de Ética do Conselho Regional de Psicologia (2005): I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos. II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural. 7. CRONOGRAMA 09/10/2019 – Dinâmica: O feitiço virou contra o feiticeiro. As participantes devem escrever no papel para quem deve ser direcionado o feitiço, no fim do bilhete deve assinar e colocá-lo em uma urna. Estes papeis serão sorteados e será aí, que iniciara a brincadeira do feitiço virou contra o feiticeiro. Exemplo: Simone pediu para Jéssica dar duas cambalhotas e dar cinco pulos em um pé só, mas será a Simone que terá que realizar o que pediu para Jéssica. Momento de reflexão e discussão dos motivos que nos levam a pedir para outra pessoa executar algo que não gostaríamos de fazer, desenvolvendo assim a empatia entre as participantes. 16/10/2019 – combinações e organização dos aspectos das diretrizes para uma melhor convivência, participação, respeito, organização e pontualidade deixando emergir propostas das participantes para a melhora do grupo. 23/10/2019 – iniciaremos com a finalização e debate das diretrizes firmadas no encontro anterior. Será proposta a confecção do bastão da palavra pelas participantes, com o objetivo de orientar e organizar o diálogo entre o grupo, oferecendo a palavra a quem quer contribuir com sua fala, promovendo assim a escuta dos demais. 30/10/2019 – colocar em prática a utilização do bastão, numa roda de conversa retomando sobre as atividades propostas e como elas se sentiram em relação aos últimos encontros. 8. REFERÊNCIAS Amaral, Vera Lúcia do. 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