Aula 4 - Citologia dos processos inflamatórios específicos e inespecíficos

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Citologia dos processos inflamatórios específicos e inespecíficos I
Profa. Elaine Martinez
Citologia dos processos inflamatórios
	O método de Papanicolau é utilizado para detectar lesões pré-cancerosas do colo uterino, portanto, também é capaz de reconhecer e avaliar a intensidade dos processos inflamatórios, e em muitas dessas condições é possível ainda estabelecer o agente causal.
	Normalmente, devido ao fato do trato genital feminino estar em contato direto através da vagina com o ambiente externo, ocorre a instalação de infecções.
	Dessa forma, é comum observar alguns sintomais tais como: secreção vaginal anormal, prurido, dor e sangramento. 
Microbiota
	 Os microorganismos que crescem em nosso corpo formam a nossa microbiota, também chamada de flora e microflora.
	Estudos indicam que nossa microbiota é extremamente rica e que exista cerca de um quilo de bactérias no nosso corpo, um valor considerável, uma vez que essas bactérias são seres unicelulares e microscópicos.
Citologia dos processos inflamatórios
	Microbiota vaginal é composta por bactérias tanto aeróbicas como anaeróbicas, como Lactobacillus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus viridans, sem provocar necessariamente doença.
	 Até mesmo a Gardnerella vaginalis, que habitualmente provoca sintomatologia, pode eventualmente não despertar nenhuma reação. 
Os lactobacilos são considerados as bactérias “do bem” da microbiota vaginal, já que protegem a mulher de infecções por outros micro-organismos potencialmente patogênicos através de competição por nichos, alimentos e controle do pH vaginal.
Características citológicas gerais: Exsudato leucocitário
	Exsudato leucocitário: Presença de neutrófilos e piócitos, histiócitos e bactérias que podem recobrir áreas extensas da amostra, impossibilitando ou dificultando a avaliação oncológica. 
Nesses casos, deve-se repetir o exame após tratamento da infecção. 
	Exsudato linfocitário: é característico da condição conhecida como cervicite crônica. 
Cervicite crônica
	A cervicite crônica é caracterizada por constantes inflamações no revestimento interno do útero, a endocérvice. Provoca o surgimento de corrimento amarelo-esverdeado e sua incidência é maior em mulheres jovens e sexualmente ativas. 
O QUE CAUSA A CERVICITE CRÔNICA?
	ISTs (Infecções sexualmente transmissíveis):
	Alergias a métodos contraceptivos:
alergia ao látex, a produtos e componentes químicos, tampões vaginais, como os absorventes internos.
gonorreia, herpes genital, clamídia e algumas infecções causadas por bactérias e até pelo papiloma vírus (HPV).
Cervicite crônica
	Cerca de 70% das mulheres portadoras de cervicite crônica não apresentam nenhum sintoma e, quando esses aparecem, não são o suficiente para despertar preocupação. Por esse motivo, muitas vezes o diagnóstico é feito quando a mulher realiza os seus exames de rotina.
	Mulheres que são prevenidas cuidam de sua saúde e visitam o ginecologista regularmente, além de serem mais difíceis de desenvolverem qualquer anormalidade, conseguem realizar um tratamento adequado e eficiente quando alguma alteração é encontrada.
	Entretanto a realidade é outra, pois uma grande parte das mulheres passa anos sem ir ao ginecologista. 
Atenção!!!!!
Cervicite crônica
Características citológicas gerais: Eritrócitos
A presença dos eritrócitos pode estar relacionada às infecções por Trichomonas vaginalis. As pacientes idosas são mais suscetíveis a sangramento devido à atrofia do epitélio. 
Alteração do padrão Citológico
	Corresponde à mudança no predomínio do tipo celular esperado para a idade da paciente.
	O encontro de numerosas células parabasais em mulheres na idade reprodutiva é anormal e pode ser resultante de erosão ou ulceração do epitélio devido a processos inflamatórios. 
	A presença inesperada de numerosas células escamosas superficiais em mulheres pós-menopausadas sem reposição hormonal pode ocorrer devido a um aumento da vascularização, geralmente nas infecções por Trichomonas vaginalis.
Alterações degenerativas: Retroplasia
	Redução das atividades metabólica e funcional das células. 
Um estado de diminuição da atividade de uma célula ou tecido que normalmente é associado a alterações regressivas.
1 - envelhecimento fisiológico das células.
2 - resposta às agressões (trauma, substâncias tóxicas)
3 - diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo
4 - agentes físicos como o calor e irradiação, além de microrganismos patógenos. 
Retroplasia
	Acúmulo de água no interior da célula, resultando em distensão e vacuolização citoplasmática. 
	Outras alterações citoplasmáticas incluem halos perinucleares.
	 cariomegalia, cariopicnose, cariorrexe, citólise, binucleação ou multinucleação (infecções virais).
Alterações degenerativas
Alteração celular inflamatória geralmente associada a tricomoníase e HPV.
Alterações degenerativas
Cariomegalia e vacuolização
Alterações degenerativas
Alteração degenerativa: citólise
Citólise é a destruição de uma célula viva por dissolução dos seus elementos devido ao excesso de água provocado por um desequilíbrio osmótico.
Esfregaço com acentuada citólise: polimorfonucleares, núcleos nus e bacilos. (obj. 20x)
Alteração degenerativa: Binucleação
Infecções bacterianas: Lactobacillus vaginalis
Lactobacillus vaginalis (bacilos de Döderlein):
	Bacilos gram-positivos componentes da microbiota comensal vaginal. 
	As enzimas desses bacilos promovem citólise das células escamosas intermediárias que contêm glicogênio, sendo esse metabolizado em ácido lático, mantendo o pH vaginal entre 3 a 4,2. 
	A manutenção desse pH vaginal promove um mecanismo de defesa contra a proliferação de microrganismos patogênicos. 
	A citólise é reconhecida nos esfregaços pela presença de restos citoplasmáticos e núcleos desnudos de células intermediárias tendo na vizinhança numerosos bacilos. 
	Quando a citólise é intensa, pode dificultar ou mesmo impedir a graduação das lesões pré-cancerosas, uma vez que é necessária a manutenção do citoplasma íntegro para calcular a relação nucleocitoplasmática, um critério importante para a classificação dessas lesões. 
	O predomínio de lactobacilos acontece na fase luteínica do ciclo menstrual, na gravidez, na menopausa precoce e durante a administração de hormônios, especialmente progesterona. 
Classificação da microbiota vaginal
Tipo II: Bactérias mistas:
Cocos e bacilos
Microbiota patogênica
Gardnerella vaginalis
	São cocobacilos gram-negativos. 
 Gardnerella vaginalis é uma bactéria que faz parte da microbiota, principalmente das mulheres sexualmente ativas. Porém quando ocorre um desequilíbrio nesta microbiota, ocorre um predomínio desta bactéria; então instala-se um quadro chamado de vaginose bacteriana.
Vaginose bacteriana
	 A vaginose bacteriana é o distúrbio ginecológico extremamente comum nas mulheres. 
	É caracterizada micro biologicamente por uma mudança na flora vaginal, as quais são caracterizadas por um desequilíbrio polibacteriano, ocorrendo significativa redução dos Lactobacillus sp e elevação do pH (maior que 4,5), sendo que esta flora que era dominante é substituída por outra, que inclui Gardnerella vaginalis.
Infecção por Gardnerella vaginalis
	principal agente causador de infecções em mulheres em idade reprodutiva.
	falta de hábitos de higiene adequados, número de parceiros sexuais, grau de esclarecimento ou desequilíbrios da microflora vaginal, por apresentar graves consequências e complicações, é de fundamental importância o desenvolvimento de ações educativas para prevenção, controle e a solução para este problema.
Gardnerella vaginalis
No esfregaço citológico, a Gardnerella vaginalis tem a propriedade de aderir ao citoplasma das células escamosas superficiais e intermediárias conferindo-lhes uma aparência granular. É também característico o aspecto nublado, turvo, do fundo, especialmente na proximidade das células, devido a uma maior concentração de bactérias.