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Ética, Bioética e Legislação Farmacêutica Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Luciana Nogueira Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Farmácia Hospitalar • A Farmácia Hospitalar; • Política Nacional de Medicamentos (PNM); • Política Nacional de Assistência Farmacêutica; • Outras Regulamentações do Ambiente Hospitalar; • Atribuições Clínicas do Farmacêutico. • Compreender a importância da Ética e da Legislação para o farmacêutico nas suas relações profi ssionais e com a Sociedade (do ponto de vista regulamentar e de comporta- mento ético esperado); • Proporcionar a base de conhecimentos indispensáveis para o exercício da profi ssão. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Farmácia Hospitalar Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Farmácia Hospitalar A Farmácia Hospitalar Denominamos Farmácia Hospitalar o Setor Administrado que faz parte da hie- rarquia do Hospital e que tem grande importância clínica e econômica dentro do Complexo Hospitalar. Apesar de toda a Tecnologia, o medicamento ainda é um dos insumos mais im- portantes do ambiente hospitalar para a recuperação da saúde, desde que utilizado de forma racional. Sabe-se que a gestão inadequada e o uso incorreto de medicamentos e outros produtos e Tecnologias pode levar a problemas de saúde com impacto na Socieda- de, no Sistema Único de Saúde e também a empresas privadas, gerando aumento da morbimortalidade e aumento de custos (diretos e indiretos): Farmácia Hospitalar é a unidade clínico-assistencial, técnica e adminis- trativa, onde se processam as atividades relacionadas à assistência farma- cêutica, dirigida exclusivamente por farmacêutico, compondo a estrutura organizacional do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao paciente. (BRASIL, 2010) A distribuição de medicamentos e produtos é somente uma ferramenta da Far- mácia Hospitalar; porém, seu objetivo fundamental é a assistência ao paciente, com base no uso racional de medicamentos, efetividade da farmacoterapia adotada e Educação em Saúde. “Eixos estruturantes da Farmácia Hospitalar: a segurança e a promoção do uso racional de medicamentos e de outras Tecnologias em saúde” Figura 1 Fonte: Adaptado de Getty Images A organização da Farmácia Hospitalar é baseada no Ciclo de Assistência Far- macêutica, que engloba atividades relacionadas à gestão estratégica (administrati- va) do medicamento e atividades relacionadas à gestão clínica do medicamento, que veremos adiante. 8 9 Observe a imagem a seguir: Educação em saúde Ensino e pesquisa Gestão Desenvolvimentoda infraestrutura Logística farmacêutica Manipulação de medicamentos Segurança do paciente (farmacovigilância) Informações sobre medicamentos e insumos (CIM) Figura 2 – Atribuições da Farmácia Hospitalar segundo Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH) Para gerir uma Farmácia Hospitalar, o farmacêutico deve basear suas ações nas Política Nacional de Medicamentos (PNM) e na Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF). Planejamento estratégico, foco em melhoria contínua, organização de missão, visão e valores e organização das rotinas administrativas, bem como o abasteci- mento, dispensação, acesso e controle, rastreabilidade dos medicamentos e outros insumos e materiais, farmacoeconomia, e treinamentos são responsabilidade do farmacêutico, que pode executar ou supervisionar essas atividades. Atualmente, a importância do farmacêutico vai além das atividades básicas do Ciclo de Assistência Farmacêutica, que veremos adiante. É um profissional fundamental dentro das atividades multidisciplinares, respon- sável por atividades clínicas de promoção do uso racional dos medicamentos e in- sumos, participação das práticas clínico-assistenciais, acompanhamento farmacote- rapêutico e intervenção farmacêutica, além de participar de comissões, como as de padronização (que avalia e atualiza os medicamentos padronizados na instituição), comissão de controle de infecção hospitalar, cuja importância aumenta a cada dia para conscientizar e controlar o uso de antimicrobianos e, assim, auxiliar no con- trole das superbactérias e na Comissão de Farmácia e Terapêutica, entre outras. Quadro 1 – Atividades gerenciais sob responsabilidade do Farmacêutico • Criação de Fluxograma e Organograma funcional (que esteja inserido nas atividades da organização); • Definir indicadores para avaliar continuamente e monitorar as atividades realizadas; • Acompanhar as ações e os processos e, quando necessário, definir ações corretivas e preventivas; • Manter os colaboradores em quantidade suficiente para as atividades realizadas e capacitados, promovendo os treinamentos necessários (inicial e contínuo); • Definir as responsabilidades e as atribuições para cada função; • Garantir assistência farmacêutica integral durante todo período de funcionamento; • Manter as rotinas de trabalho padronizadas, revisando, sempre que necessário; • Definir um plano de contingência em caso de emergências; • Realizar/supervisionar a gestão do estoque (definição de estoques máximo, mínimo e de segurança, de acordo com a periodicidade de compras e prevendo as sazonalidades, aprovação e avaliação de fornecedores, avaliação de recebimento etc.); • Realizar atividades de farmacoeconomia, visando ao melhor aproveitamento dos recursos e redução de desperdício; • Participar ativamente das Comissões Hospitalares. Assim como ocorrem em outras áreas farmacêuticas, é necessário prever uma infraestrutura para a Farmácia Hospitalar que atenda às atividades realizadas. 9 UNIDADE Farmácia Hospitalar Os espaços e as instalações serão diferenciados de acordo com o tipo de atendi- mento prestado, porte do Hospital e complexidade do atendimento. Uma farmácia central requer instalações e espaço diferenciado de uma farmácia satélite, dedicada à necessidade de um Setor específico (obstetrícia por exemplo). Quando uma Unidade Hospitalar realiza manipulação de nutrição parenteral ou de quimioterápicos, precisa estar adequada para a manipulação desses produtos (RDC nº 67/2007). De modo geral, os mesmos aspectos necessários às Empresas de Saúdese apli- cam para as Farmácias Hospitalares, como superfícies lisas, de fácil limpeza e as outras características já discutidas na Unidade anterior. A Resolução RDC nº 50/2002 dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, pro- gramação, elaboração e avaliação de projetos físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Disponível em: http://bit.ly/2UAZIli, e http://bit.ly/2UAkxwV Ex pl or Segundo a SBRAFH, são requisitos fundamentais de estrutura em uma Farmá- cia Hospitalar: • Equipamentos e instalações adequadas e em quantidade suficiente para aten- der às necessidades da assistência farmacêutica implementada (considerar es- trutura física, presença de áreas mínimas necessárias e outras áreas específicas quanto à manipulação, ao fracionamento, à reembalagem, ao reenvase e à unitarização de doses quando aplicável); • Ter um Sistema de Gestão da qualidade implementado; • Possuir recursos de informação e de comunicação; • Possuir uma sala para a realização das atividades farmacêuticas conforme ne- cessidade técnica; • Manter um Programa de Manutenção Preventiva e Corretiva que inclua, quando aplicável, as calibrações periódicas de equipamentos e instrumentos de medição; • Ter definido uma sistemática de controle de documentos; • Possuir uma área ou armário específico com chave e restrição de acesso, para guarda de produtos sujeitos a controle especial; • Possuir mobiliário e instalações com superfícies lisas e íntegras e resistente aos produtos de limpeza (SBRAFH, 2017, p. 13-4). Política Nacional de Medicamentos (PNM) A Lei nº 8080/90, conhecida como a Lei Orgânica do SUS, estabelece como cam- po de atuação do Sistema Único de Saúde a criação de uma política de medicamentos. Para atender a esse requisito, foi criada a Política Nacional de Medicamentos (PNM), que tem como objetivo garantir a segurança, a eficácia e a qualidade mí- 10 11 nima necessária dos medicamentos, além de promover o uso racional e garantir o acesso aos medicamentos considerados essenciais. São considerados medicamentos essenciais os medicamentos básicos e indispen- sáveis que atendem à maioria dos problemas de saúde da população. A relação com essas listas foi denominada de RENAME – Relação Nacional de Medicamentos Essenciais, e sua criação foi a primeira diretriz definida na PNM. Consulte a lista no website da Anvisa que é atualizada periodicamente: http://bit.ly/2ZOhcPO Ex pl or Diversos estados e municípios adotaram listas parecidas, com modificações, para atender ao perfil epidemiológico local, surgindo também as listas RESME – Rela- ção Estadual de Medicamentos Essenciais e a REMUME – Relação Municipal de Medicamentos Essenciais. As padronizações (seleção) de medicamentos em diversos hospitais, especial- mente os da Rede Pública, estão baseadas nessas listas. A Reorientação da Assistência Farmacêutica foi outra diretriz importante defi- nida na PNM, com objetivo de modificar o foco da assistência farmacêutica existente na época, baseado na aquisição e na distribuição de medicamentos, ampliando a abrangência e otimizando os processos para melhorar o acesso aos medicamentos, por meio de ações descentralizadas e pactuadas entre as três esferas de governo. A promoção do Uso Racional de Medicamento, que tem como ênfase o Processo de Educação em Saúde, tanto para os usuários de medicamentos quanto para os profissionais de Saúde, especialmente sobre os riscos da automedicação, interrupção do tratamento e troca de medicação. Essa diretriz foge das tradicionais atividades organizacionais relacionadas ao for- necimento de medicamentos para entrar em uma Área Clínica, até então pouco explorada pelo farmacêutico. A PNM determina as seguintes medidas para a promoção do uso racional de medicamentos: • Campanhas educativas; • Registro e uso de medicamentos genéricos; • Elaboração e divulgação do formulário terapêutico nacional; • Ações de farmacoepidemiologia e farmacovigilância; • Educação continuada dos recursos humanos. A PNM aborda, ainda, o desenvolvimento científico e tecnológico, sendo determinada a necessidade de incentivo ao desenvolvimento de Tecnologias, parce- rias com Universidades, Instituições de Pesquisa e Setor Produtivo, incentivo para produção de fármacos e treinamento contínuo dos profissionais. 11 UNIDADE Farmácia Hospitalar Além das citadas, também são diretrizes definidas na PNM a promoção da pro- dução de medicamentos, garantia de segurança, eficácia e qualidade dos medica- mentos e o desenvolvimento e capacitação de recursos humanos. Conheça toda o conteúdo da Política Nacional de Medicamentos: http://bit.ly/2ZDNGMQ Ex pl or Política Nacional de Assistência Farmacêutica A Política Nacional de Assistência Farmacêutica é uma Política de Saúde que aborda as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, em consonância com os princípios de universalidade, da integralidade e da equidade adotados no Sistema Único de Saúde, aplicável tanto ao Setor Público como no privado. É um modelo de prática farmacêutica no qual o farmacêutico interage dire- tamente com o usuário do medicamento para proporcionar uma farmacoterapia racional e obtenção de resultados definidos e mensuráveis, atuando em conjunto com a equipe multidisciplinar: Assistência Farmacêutica trata de um conjunto de ações voltadas à pro- moção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, pro- gramação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da quali- dade de vida da população. (BRASIL, 2004) Ciclo da Assistência Farmacêutica Corresponde à um ciclo de atividades que ocorre em uma sequência ordena- da, com etapas interdependentes, diretamente relacionadas ao abastecimento de medicamentos. É muito comum abordar o ciclo de Assistência Farmacêutica quando se fala de atenção básica à saúde; porém, essas atividades consideradas como “gestão estra- tégica do medicamento” são aplicáveis também às empresas privadas. 12 13 Seleção Aquisição Armazenamento Distribuição Dispensação Programação Figura 3 – Etapas do ciclo da assistência farmacêutica Fonte: Adaptado de Getty Images • Seleção: etapa inicial, como o próprio nome diz. Aqui ocorre a seleção dos medicamentos que farão parte da Rede, comumente chamada de pa- dronização. Utiliza os dados epidemiológicos do local, as informações de farmacovigilância, além de estudos de custo-benefício e custo-efetividade ou quaisquer outras informações que possa colaborar na definição dos medica- mentos que farão parte dessa padronização. É fundamental uma boa análise nesta fase, para selecionar medicamentos eficazes, com custo adequado, que estejam disponíveis no Mercado e, de preferência, que não sejam de um fornecedor exclusivo, para evitar o risco de desabastecimento. Essa fase, geralmente, é realizada por uma comissão denominada Comissão de Far- mácia e Terapêutica; • Programação: é uma fase de planejamento. Por meio de informações, como histórico de consumo, tempo de entrega, validade, oferta de serviços, dados epidemiológicos e sazonalidade, estimam-se as quantidades que serão adquiri- das para consumo em certo período de tempo. Um controle de estoque rigo- roso junto com a estimativa adequada de estoque de segurança é fundamental para evitar faltas ou compras desnecessárias; 13 UNIDADE Farmácia Hospitalar • Aquisição: é a efetivação da compra, realizada a partir do que foi programado na fase anterior. Esta fase pode ser realizada diretamente pela Farmácia ou, ainda, relacionar-se com o Setor de Compras ou outros Setores, como finan- ceiro e Jurídico, especialmente nos casos de compras em Instituições Púbicas, nasquais, geralmente, é necessário obedecer aos processos de licitações ou outros adotados pelos governos estaduais e municipais. A aquisição deve obe- decer aos critérios definidos de aprovação de fornecedor, cotações mínimas ou outras determinações regulamentares; • Armazenamento: esta etapa designada somente de armazenamento, abran- ge também atividades importantes como transporte e recebimento. Após aquisição, o produto deverá ser recebido e a conferência da equivalência entre o pedido, adequação da Nota Fiscal e condições de entrega (tempe- ratura, integridade etc.) verificadas. Para armazenamento, condições como temperatura, umidade, proteção contra luz direta, proteção contra pragas e outros requisitos, já discutidos em outras Unidades, devem ser observados. O transporte dos medicamentos deve ser realizado de forma a manter a in- tegridade do medicamento, seja do distribuidor para o Setor de Recebimento ou de uma Central de Distribuição para os locais de dispensação; • Distribuição: considera-se distribuição a saída do produto do local de estoque para o almoxarifado, seja de uma central, seja de um almoxarifado, e também deve garantir as condições de armazenamento do produto, incluindo condições de refrigeração; • Dispensação: a dispensação, segundo a Política Nacional de Medicamentos é uma atividade do farmacêutico que consiste em proporcionar medicamentos ao paciente, mediante uma prescrição. Durante a dispensação, o paciente deve ser informado sobre o uso adequado, importância da adesão ao tratamento, possibilidade de interações medicamentosas e com alimentos ou possíveis re- ações adversas potenciais. Quando a dispensação é para uso em ambiente hospitalar com pacientes internados, as informações necessárias para a equipe multidisciplinar também devem ser prestadas. A PNM e a PNAF também citam a avaliação e a supervisão após a dispensação do medicamento. Correr e colaboradores (2011) sugeriram uma adaptação ao Ciclo que considera essas etapas. Eles dividem a assistência farmacêutica em duas atividades relacionadas, a Ges- tão Técnica da Assistência Farmacêutica e a Gestão Clínica do Medicamento, conforme figura a seguir: 14 15 Antes do uso de medicamentos Durante o uso de medicamentos Seleção Programação Utente Estado de Saúde Avaliação Diagnóstico Dispensação Orientação Compreensão do utente e adesão terapêutica Gestão Técnica da Assistência Farmacêutica Efetividade e Segurança da terapêutica Problemas Gestão Clínica do Medicamento Resolução ReferênciaIndicações clínicas e objetivos terapêuticos Cadeia de abastecimento farmacêutico/Produção Nível assistencial Continuidade do cuidado Avaliações periódicas Distribuição Armazenamento Aquisição Prescrição Plano Terapêutico Problema de saúde não tratado F alha no acesso ao medicamento Medicação não necessária Desvio de qualidade do medicamento Baixa adesão ao tratamento Interação medicamentosa Duplicidade terapêutica Discrepâncias na medicação F alta de efetividade terapêutica Reação adversa ou toxicidade Erro de medicação Contraindicações Outros... Figura 4 Fonte: CORRER, OTUKI, SOLER, 2011 Nessa visão, temos as atividades didaticamente divididas: as correspondentes ao Ciclo da Assistência Farmacêutica como “antes da utilização do medicamento”, e a fase clínica, que ocorre “durante a utilização do medicamento”. Nesta segunda etapa, estão detalhadas a avaliação e a supervisão, iniciando com a avaliação da indicação clínica e o objetivo terapêutico do medicamento prescrito, a avaliação do usuário quanto à compreensão e à adesão ao tratamento, a análise da efetividade e segurança do tratamento. Eventualmente, problemas relacionados ao tratamento do medicamento (PRM) po- dem ser detectados, tais como: problemas de saúde não tratados, falha de acesso, uso de medicação não necessária, desvio de qualidade e efeito adverso entre outros, sen- do o farmacêutico responsável pelas intervenções junto com a Equipe Multidisciplinar. Além das atividades citadas, dentro do Ambiente Hospitalar, o farmacêutico pode, ainda, realizar atividades de manipulação de medicamentos, manipulação de nutrição parenteral, manipulação de quimioterápicos e participar de comissões, especialmente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). 15 UNIDADE Farmácia Hospitalar Outras Regulamentações do Ambiente Hospitalar Gases medicinais Os gases medicinais são uma forma farmacêutica na qual o medicamento está na forma de um gás, um gás liquefeito ou um líquido criogênico, que são utilizados para tratamento, prevenção ou recuperação de doenças ou para diagnóstico. São exemplos de gases medicinais o oxigênio, o óxido nitroso e o ar sintético. A Resolução do Conselho Federal de Farmácia n° 470/08, determina que o far- macêutico deve garantir a segurança e a eficácia desses medicamentos, incluindo a supervisão do transporte, armazenamento e uso. Manipulação A manipulação de produtos em geral e de citostáticos deve seguir o determinado nas Boas Práticas de Manipulação em Farmácias. Já a manipulação de Nutrição Parenteral tem uma regulamentação específica, a Portaria do Ministério da Saúde n° 272, de 8 de abril de 1998, sendo competência do farmacêutico a realização das operações de desenvolvimento, preparação (ava- liação farmacêutica, manipulação, controle de qualidade, conservação e transporte da nutrição parenteral). O anexo II dessa Portaria apresenta os requisitos mínimos de Boas Práticas de Preparação de Nutrição Parenteral. Central de Manipulação Oncológica, disponível em: https://youtu.be/a3szNqBIfCw, e vídeo sobre cuidados no transporte e no recebimento da nutrição parenteral: https://youtu.be/F-7mQ_MIrbwEx pl or Gerenciamento de resíduos Os resíduos gerados no Serviço de Saúde, além do risco ao meio ambiente, é um grande risco aos trabalhadores. Gerenciar resíduos de saúde significa produzir a menor quantidade possível de resíduos e encaminhar corretamente, protegendo a saúde individual e coletiva. O gerenciamento dos resíduos compreende o planejamento de recursos físicos e materiais, a avaliação e o dimensionamento dos resíduos gerados, treinamento dos envolvidos para uma correta destinação. Assim como outros Estabelecimentos de Saúde, Hospitais devem elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) adequado às atividades realizadas e às características dos resíduos gerados. 16 17 O Plano deve prever, inclusive a coleta, de acordo com as características locais. Acesse a norma completa sobre Gerenciamento de resíduos no link: http://bit.ly/2Uy6nfX Ex pl or Radiofarmácia Área farmacêutica que utiliza substâncias radioativas para administração em pacientes, com finalidades diagnóstica ou terapêutica. Entre as atividades com ra- diofármacos estão a pesquisa e o desenvolvimento, a produção e o controle de qualidade, garantia de qualidade. A Resolução RDC n° 38, de 4 de junho de 2008, traz os requisitos para a ins- talação e o funcionamento de Serviços de Medicina Nuclear e a Resolução RDC n° 63, de 18 de dezembro de 2009, estabelece as Boas Práticas na fabricação dos radiofármacos. Os locais que produzem radiofármacos para uso próprio devem ter um farmacêutico habilitado. As atribuições do farmacêutico na Radiofarmácia estão descritas na Resolução do Conselho Federal de Farmácia n° 486, de 23 de setembro de 2008. Entre elas, estão a aquisição e o controle dos insumos para a preparação dos radiofármacos e a preparação nas diferentes preparações farmacêuticas, controle de qualidade, armazenamento, distribuição e dispensação dos radiofármacos e no gerenciamento de resíduos radioativos, entre outros. Atribuições Clínicas do Farmacêutico As atribuições clínicas do farmacêutico foram definidas pela Resolução do Con- selho Federal de Farmácia n° 58, de 29 de agosto de 2013, visando à promoção, à proteção e à recuperação da saúde. As atribuições clínicas do farmacêutico são divididas em três eixos principais:I. As atribuições relativas ao cuidado à saúde (individual e coletiva); II. As atribuições relacionadas à comunicação e à educação em saúde; III. As atribuições relacionadas à gestão da prática, à produção e à aplica- ção do conhecimento. Para saber mais leia o Capítulo I – Das Atribuições Clínicas do Farmacêutico, da Resolução RDC nº 585/2013 que dispõe odas as atribuições citadas acima. Disponível em: http://bit.ly/2UydCEF Ex pl or 17 UNIDADE Farmácia Hospitalar Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Segregação Resíduo Hospitalar Vídeo elaborado pelo Hospital Universitário da Universidade Federal de Rio Grande. https://youtu.be/FQtYX6MjsZA Leitura Cartilha Farmácia Hospitalar – CRF-SP https://bit.ly/2kmfB1j Nutrição Parenteral total: da produção à administração http://bit.ly/2UBgCAg Guia de Orientação do Exercício Profissional em Farmácia Hospitalar – CRF-PR http://bit.ly/2Ux5c04 Requisitos legais e regulamentares da Farmácia Hospitalar – CRF-PR http://bit.ly/2ZIt1XN 18 19 Referências BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 486, de 23 de setembro de 2008. Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico na área de Radiofarmácia e dá outras providências. Brasília/DF: Conselho Federal de Farmácia, 2008. Dis- ponível em: <http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/486.pdf>. Acesso em: 7 jul. 2019. BRASIL. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 585, de 29 de agosto de 2013. Regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e dá outras providên- cias. 4.ed. Paraná: Conselho Regional de Farmácia do estado do Paraná, 2015. Disponível em: <https://crf-pr.org.br/uploads/noticia/22845/requisitos_legais_e_ regulamentares_da_farmacia_hospitalar_4edicao.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2019. BRASIL. Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná. Requisitos Le- gais e Regulamentares da Farmácia Hospitalar. 4.ed. Paraná: Conselho Re- gional de Farmácia do estado do Paraná, 2015. Disponível em: <https://crf-pr. org.br/uploads/noticia/22845/requisitos_legais_e_regulamentares_da_farmacia_ hospitalar_4edicao.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Aprovar o Regulamento Técnico destinado ao planejamento, programação, elaboração, avaliação e aprovação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília/DF: ANVISA, 2002. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/RDC%20n%C2%BA%2050%20de%20 21%20de%20fevereiro%20de%202002.doc>. Acesso em: 7 jul. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolu- ção RDC nº 306, de 7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técni- co para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília/DF: ANVISA, 2004. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/ res0306_07_12_2004.html>. Acesso em: 7 jul. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolu- ção RDC nº 63, de 18 de dezembro de 2009. Dispõe sobre as Boas Práticas de Fa- bricação de Radiofármacos. Brasília/DF: Imprensa Nacional, 2009. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_63_2009_ COMP.pdf/f53a5f4b-38d5-4c08-b07b-2e26a212308d>. Acesso em: 7 jul. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolu- ção RDC nº 38, de 4 de junho de 2008. Dispõe sobre a instalação e o funciona- mento de Serviços de Medicina Nuclear in vivo. Brasília/DF: Imprensa Nacional, 2008. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2008/ res0038_04_06_2008.html>. Acesso em: 7 jul. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 338, de 6 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Brasília/DF: Conselho Nacional de Saúde, 2004. Disponível em: <http://portalar- quivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/17/Resolucao-338-06052004.pdf>. Acesso em: 7 jul. 2019. 19 UNIDADE Farmácia Hospitalar BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 4.283, de 30 de dezembro de 2010. Aprova as diretrizes e as estratégias para organização, fortalecimento e aprimora- mento das ações e serviços de Farmácia no âmbito dos hospitais. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília/DF, 31 de dezembro de 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/ prt4283_30_12_2010.html>. Acesso em: 7 jul. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Portaria nº 3.916, de 30 de outubro de 1998. Política Nacional de Medicamentos. Brasília: Ministério da Saúde, 1998. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/poli- tica_medicamentos.pdf>. Acesso em: 7 jul. 2019. CORRER, C. J.; OTUKI, M. F.; SOLER, O. Assistência farmacêutica integrada ao processo de cuidado em saúde: gestão clínica do medicamento. Rev Pan-Amaz Saúde, v. 2, n. 3, 2011. Disponível em: <http://scielo.iec.gov.br/pdf/rpas/v2n3/ v2n3a06.pdf>. Acesso em: 7 jul. 2019. 20
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