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WORD WALL como Ferramenta de Aprendizagem no Ensino Bilíngue

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WORD WALL como Ferramenta de Aprendizagem 
no Ensino Bilíngue 
Por Carolina C. L. Loyolla Ataide 
 
Sabemos que a exposição à uma nova língua está sempre associada à 
introdução de novos vocabulários. Em uma aula de língua estrangeira ESL 
(English as a Second Language), o processo de aprendizagem se foca na 
aquisição destas novas palavras e na compreensão de conceitos gramaticais. 
Futuramente, após o aluno já conhecer um repertório básico para a comunicação 
dentro da segunda língua, inicia-se um novo processo, que é a corrida em busca 
da fluência na conversação. Este é um plano de ação básico que muitas escolas 
de idiomas adotam, tendo como objetivo final a aquisição da segunda língua. 
Em um contexto bilíngue de imersão o processo é diferente, já que a 
segunda língua não é o foco de estudo, e sim o meio em que os diálogos serão 
conduzidos e os conteúdos serão aprendidos. Estas são características da 
abordagem CLIL (Content and Language Integrated Learning), onde a segunda 
língua é o canal de comunicação e de ensino dos conteúdos escolares. Nela, a 
criança aprende de maneira natural, já que a L2 (língua dois / segunda língua) é 
introduzida da mesma maneira em que a primeira lhe foi ensinada: por meio do 
contato diário com a linguagem oral. 
E onde fica o vocabulário neste contexto? De que maneira apresentá-lo 
sem que o foco da aula se torne a memorização deste? Chamamos de 
“Vocabulary Input” a necessidade de introdução e apresentação de um repertório 
de palavras que criem a base linguistica necessária a uma pessoa (em nosso 
caso, uma criança) que está sendo inserida em uma nova língua. A maneira que 
este vocabulário lhe é apresentado é determinante para a apropriação deste, já 
que abordagens mais significativas sempre terão uma absorção e retenção 
maior, diferentes da memorização e repetição. 
Existem diversas formas de introduzir um novo vocabulário. Leituras, 
músicas e jogos podem ser boas estratégias. Porém quando nos referimos ao 
período da infância e do primeiro contato com o mundo bilíngue, de que maneira 
este "input" de novas palavras poderia ajudar no processo de aquisição de uma 
nova língua? E como tornar essa prática mais efetiva e significativa? 
A cada módulo, projeto, sequência 
didática ou tema trabalhado em sala, 
certamente surgirá uma grande lista de 
novas palavras adquiridas durante este 
processo. Uma excelente estratégia de 
unir este novo aprendizado a possíveis 
práticas de letramento é criando um 
espaço em murais ou paredes da sala 
onde estas palavras serão fixadas e poderão ser utilizadas pelos alunos para 
futuras consultas. Uma forma de organizar este mural é utilizando a ordem 
alfabética e colocando cada palavra próximo à sua letra inicial. Há maneiras de 
tornar esta estratégia mais significativa e divertida, de modo que os alunos 
sintam vontade de ir abastecendo este espaço, chamado de Word Wall, aos 
poucos e organizando-o de maneira que tenha a cara de cada turma. 
A Word Wall nada mais é que, como o próprio nome nos ajuda a 
entender, uma "parede de palavras". O contato com o alfabeto na primeira 
infância, mesmo antes da alfabetização formal, é essencial para que a criança 
se aproprie destes códigos e, ainda que não consiga nomeá-los, entenda sua 
função social. E mais: ao montar uma Word Wall em sua sala de aula seus alunos 
terão um estímulo linguístico, já que a função desta ferramenta é, além do 
contato com letras, a ampliação de 
vocabulário na L2 (segunda língua). 
Não há uma maneira 'mais correta' 
de se montar uma Word Wall, mas 
recomendamos que as crianças façam 
parte desta criação e construção. Os 
alunos podem fazer as letras do alfabeto 
com recortes e colagens, podem escolher 
diferentes cores que componham este 
espaço, podem iniciar o processo de colagem de palavras a partir dos seus 
próprios nomes, podem ser os responsáveis pela escrita de cada palavra 
adicionada ao mural, mesmo que inicialmente realizando cópias para escreve-
las da maneira correta. Há uma infinidade de estratégias para serem trabalhadas 
nesta proposta e, por consequência, uma infinidade de habilidades e 
reflexões serão incentivadas durante cada etapa desta iniciativa. 
Após compreender a proposta e a intencionalidade desta, deixo um 
questionamento a vocês: por estarmos tratando de bilinguismo, ou seja, duas 
línguas, é possível afirmar que esta estratégia é válida apenas para a L2? Por 
que não partilhar o mesmo espaço para inglês e português? 
Muitos afirmam que mesclar línguas em um 
contexto de imersão pode causar confusão e retarda 
os resultados, e que seriam mais rápidos se a sala de 
aula não tivesse nenhuma influência da língua 
materna. Mas se a criança estuda em uma escola que 
reconhece o inglês e o português como referência, 
mesmo tendo a primeira língua com um peso menor 
nos números de aulas, por que sua importância 
diminui? 
A criança é uma só, e não “duas monolíngues em uma 
pessoa”. As associações e relações que ela faz entre 
uma língua e outra são saudáveis e são sinais de avanço, e não retrocesso. 
Significa que ela está realizando conexões linguísticas e percebendo as 
particularidades de cada uma delas. Portanto, a partir desta reflexão, acredito 
que a Word Wall seja espaço de agregar valor às duas línguas da mesma 
maneira, contribuindo para o avanço em ambas. 
By drawing from their linguistic repertoires in two languages (alone or 
simultaneously), children were able to make connections with their 
background knowledge and experiences as well as to construct and 
share new meanings regardless of their level of English competence. 
(...) The home language is a source of support and not a souce of 
intereference in the learning of English. (González, L.; Reyes, I., 2012, 
p.47-49).

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