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Direito Penal Inimigo

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Resenha do texto: A FILOSOFIA DE AGAMBEN, O TERRORISMO DE BIN LADEN E O DIREITO PENAL DO INIMIGO: UM ESTUDO DE FRONTEIRAS ENTRE A PROTEÇÃO E A PUNIÇÃO de Fernando Antônio C. Alves de Souza e José Arlindo de Aguiar Filho
A globalização trouxe modificações significativas as ciências jurídicas, de um modo geral, das quais extrai-se a transformação da concretização do Estado Democrático de Direito, conceito fundado e construído na luta por direitos civis e sociais, esta discussão trás dificuldade em separar a realidade da teoria.
O assassinato o terrorista mundialmente conhecido Osama Bin Laden, pelo governo dos Estado Unidos da América, deu início a um importante debate, quanto a forma com a qual o governo dos Estados Unidos serviu-se da justificativa de legitima defesa para tratar o referido terrorista não mais como pessoas detentora de direitos e sim como um objeto aquém de um ser humano.
A forma como o Pais lida com o que enquadra como terroristas, e até mesmo com estrangeiros, ensejou em grande controvérsia, visto que tem tratado estes como trataria inimigos de guerra e não mais seres humanos revestidos de garantias individuais colocando acima disso o direito que o próprio Estado tem de se defender de ameaças a ele imprimidas.
Ao tornar a pessoa como um “ser juridicamente inominável e inclassificável” vai contra a máxima do Estado Democrático de Direito, onde todos os cidadãos têm garantidos a eles direitos básicos a sobrevivência, assim extraindo desses seres a dignidade da pessoa humana. Este fenômeno de dissociação do ser e de sua dignidade, é muito recorrente durante o chamado Estado de Exceção, porém o que realmente acontece em Estado que se consideram em constante guerra (não necessariamente enfrentando uma guerra civil de fato) é que esta escusa e medida é tomada como regra e não como exceção.
Assim, o jurista alemão Günther Jakobs levantou o conceito de “direito penal do inimigo”, em que aquele considerado uma ameaça ao Estado é tido como inimigo, e deste tolhem direitos, como a liberdade, o direito a um processo penal e assim o julga sem “resolução do mérito”. Ao retornar a discussão sobre a transformação advinda da globalização, o alemão torna o cerne desta questão, pois para ele quando sobram inimigos não resta outra opção ao Estado Democrática se não adotar esta política de direito penal, posicionamento que vai totalmente em desencontro com o contratualismo moderno resultando em uma teoria puramente antidemocrática.
Ao abrir mão de os homens serem iguais perante a lei, o referido autor esbarra em uma política totalitarista, regime político onde o Estado detém o controle total da vida publica e privada dos seus cidadãos, ocorre que de certa forma ao associarmos o direito penal do inimigo e a origem deste regime ditatorial – ódio por certa classe social, justificado pelo medo e terror colocado na população – vemos que de fato há uma ligação entre os dois.
No cenário brasileiro temos uma população carcerária gigantesca, da qual a maioria não é de condenados que, na teoria, tiveram o devido processo legal, o respeito a dignidade da pessoa humano e todos os seus direitos e garantias mesmo sendo criminosos, o que temos é 70% destes encarcerados em prisão preventivas por anos e anos, o que mostra que mesmo sendo extremo e nada cuidadoso em seu estudo teórico Jacobs estava certo, de fato o direito processual gerou o direito penal do inimigo, ao apenar sem observar estes direitos básicos.
Concluiu-se, então, que reduzir o individuo a nada vai contra todos os preceitos estabelecidos pelo Estado Democrático de Direito, negar mesmo que a um terrorista seus direitos básicos é uma prática que mostra como os governos, principalmente o dos Estado Unidos da América, colocam as pessoas como objetos políticos. Um delinquente ou um apenado, não importando a gravidade de seus atos, seja ele quem for, não podem ter seus direitos extraídos de si na desculpa de estar colocando o bem do Estado em primeiro lugar, é contraditório e inaceitável.

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