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MARKETING HOSPITALAR AULA 4 Prof. Achiles Batista Ferreira Junior 2 CONVERSA INICIAL Olá! Agora que já estamos na quarta aula, vamos falar especificamente sobre marketing hospitalar. Focaremos atenção especial na gestão e atendimento aos clientes, itens sobre satisfação e percepção de qualidade e valor. A legislação vigente na área e a ética também serão abordadas neste material. TEMA 1 – GESTÃO HOSPITALAR 1.1 Marketing na gestão hospitalar Neste momento chamamos a atenção para as características existentes no segmento de nosso estudo, pois vários autores renomados da área do planejamento estratégico já destacam essa característica existente na “arte” de gerenciar hospitais, que envolve vários aspectos da gestão em um único local. Imagine-se sendo o responsável por atendimentos e manutenção de vidas; pense no trato com seus colaboradores, os vários aspectos burocráticos pertinentes ao meio em destaque; alie isso tudo a um país que enfrenta vários problemas de mobilidade social, mudanças repentinas de regras do jogo e muitos outros aspectos, e assim você terá uma noção bem superficial da realidade enfrentada nos hospitais e clínicas do nosso país. Nesse sentido, é necessário ter maior atenção à chamada autonomia existente por parte dos “componentes dessa engrenagem” para que não se reflita em ações que coloquem esses profissionais acima das necessidades dos clientes, ou seja, para que as necessidades dos médicos, enfermeiros e atendentes, por exemplo, coloquem em segundo plano as necessidades dos clientes ou pacientes do hospital. 1.2 Função do marketing hospitalar A pergunta que surge quando se estuda marketing hospitalar é relevante e pode ser respondida apontando que sua função primordial é identificar como a gestão do hospital vai adequar os recursos existentes ao mercado no qual está atuando, seja ele privado ou público, levando sempre em consideração as reais necessidades existentes, aproveitando as oportunidades e fazendo das ameaças chances de novas possibilidades. 3 O termo inovação que está em evidência, principalmente nas áreas de serviços, é item obrigatório nesse jogo mercadológico, pois gerenciar recursos é quase um estado de arte e pede boa dose de bom senso, criatividade e adequação às necessidades de cada mercado. Em outras épocas, não muito longe de nossos dias, a figura principal dentro de uma organização hospitalar era o médico, com suas necessidades a serem atendidas. Pois bem, continuamos pensando no bem-estar dos médicos, enfermeiros e colaboradores de uma forma geral e são claramente uma engrenagem fundamental no processo, porém percebe-se maior atenção ao cliente e a suas reais necessidades, concorda? O cliente, ou consumidor de serviços de saúde, deve ser lembrado sempre como rei, pois, além de ser parte fundamental no processo, no momento de necessidade de serviços na área de saúde, muitas vezes está fragilizado, e isso merece atenção especial no tratamento de sua estada no hospital ou clínica. Segue-se então a tendência de que serviços em hospitais estão adquirindo características de hotelaria, com quartos aconchegantes, serviço gastronômicos específicos e adequados, com assinaturas de chefs em muitos casos. Haverá exemplos nas videoaulas da disciplina. Veja agora algumas preocupações básicas para quem pretende atingir a excelência no atendimento ao cliente hospitalar: 1. Agilidade no atendimento e cadastro do cliente com sistemas de informações inteligentes e rápidos. 2. Maior dedicação e preocupação com a comunicação visual do hospital, sinalização e identidade visual passam a receber a devida atenção. 3. Investimento no conforto dos pacientes e dos acompanhantes, detalhes como wi-fi, serviços de cabo, atendimento ao acompanhante recebem a atenção devida. 4. Limpeza e organização de materiais, otimização na comunicação com a família ou responsáveis pelos clientes. 5. Maior preocupação com serviços “meio”, tais como estacionamentos conveniados, serviços de motoristas, entre outros, além, obviamente, da “humanização” do processo e experiência do cliente no hospital. 4 TEMA 2 – NOVO FOCO DE GESTÃO 2.1 Atendimento, satisfação, qualidade e valor A evolução no processo de atendimento mudou de forma muito rápida nos últimos 15 anos. Percepções que antes não eram relevantes hoje se tornam fundamentais, seja em razão da busca pela informação imediata, seja em razão do grande número de concorrentes existentes no mercado da saúde. Nesse sentido, percebe-se que especialidades que antes eram diferenciais hoje não são percebidas pelo número de profissionais e serviços existentes. TEMA 3 – ATENDIMENTO 3.1 Conquista de cliente Quem já está no mercado de trabalho possivelmente já percebeu que uma das maiores dificuldades é a conquista de um cliente, pois vários fatores envolvem a tomada de decisão positiva pelo seu produto ou serviço, seja ela: concorrência acirrada, falta de interesse ou falha no processo de abordagem. Todas são consideradas etapas de grande dificuldade no processo de conquista. 3.2 Passos para fidelização Seguindo na linha de que após uma conquista de cliente os próximos passos são fundamentais para a sua fidelização, convém chamar atenção aos detalhes que são de grande relevância nesse processo de relacionamento com o cliente. Muitas dessas abordagens são, na maioria das vezes, tentativas fracassadas devido à: • Falta de preparo do pessoal da linha de frente. O treinamento e a capacitação sempre serão lembrados como ações fundamentais nesse caminho de tentativa de fidelização. 5 • Falta de feeling1 por parte da organização na alocação de pessoal, afinal, nem todos nasceram para o ofício de relacionamento com o cliente. Vale pensar nessa possibilidade. • Falta de humanização no processo de relacionamento com o cliente; além de maior e melhor detalhamento de necessidades específicas de cada cliente. Figura 1 – Etapas para fidelização do cliente Fonte: Franklin, 2016. Em tempos de “formigas com megafones”, da obra Cauda Longa, de Chris Anderson, qualquer detalhe é relevante no processo de relacionamento com o cliente. Um exemplo bem interessante é que muitas pessoas que antes não tinham como se manifestar encontram na internet uma forma de expressar a negatividade de sua percepção em relação a algum produto, marca ou serviço. Chamamos atenção para o site reclameaqui.com.br, que recebe diariamente inúmeras manifestações negativas em relação a empresas que cometem algum tipo de equívoco mercadológico. Abaixo um exemplo para visualização: 1 Feeling é uma palavra em inglês que significa “sentimento” e procura descrever a sensação física de tocar, a sensação sentida de calor, de afago de parceria e cumplicidade. Fonte: <https://www.significados.com.br/feeling/> Acesso em: 4 jan. 2018. 6 Figura 2 – Principais motivos das reclamações em 2015 De acordo com o segmento de atuação, e em nosso caso falamos sobre o mercado hospitalar, o cliente tem cada vez mais voz e, no seu dia a dia, conquista novas experiências que fazem com que tenha uma percepção diferenciada em relação à qualidade de serviços, portanto, um monitoramento sobre a percepção dos clientes e consumidores é fundamental para a obtenção de excelência no setor. Sobre percepção de qualidade dos serviços prestados: Figura 3 – Percepções de clientes sobre qualidade e satisfação do cliente Fonte: Adaptado de Zeithaml e Bitner, 2003; Slatten, 2008; Hartline, Maxham e Mckee, 2000. 7 TEMA 4 – LEGISLAÇÃO NA ÁREA DE MARKETING 4.1 Restrições Na área da saúde não é diferente das outras áreas de atuações profissionais e o médico que deseja construir uma boa reputação precisa estar atento a algumasestratégias de marketing, porém devem estar dentro da legalidade existente em seu conselho de classe. No entanto, há inúmeras restrições quanto à propaganda voltada para os serviços prestados por médicos e clínicas. O tema desperta tanta preocupação que o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a Resolução 1.974/11, que apresenta o Manual de Publicidade Médica. Todos os médicos, independentemente da especialidade, estão sujeitos às normas estabelecidas pelo Manual. O CFM buscou orientar a produção de material de divulgação dos profissionais, estabelecer alguns limites, além de coibir eventuais abusos. De acordo com a entidade, a Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame) debateu critérios e procurou eliminar interpretações subjetivas. Assim, o Manual tem linguagem clara e direta, evitando interpretações dúbias. Várias profissões têm manuais com regras para ações publicitárias e ou marketing que podem ser feitos. A medicina não é diferente. Em 2011, o Conselho Federal de Medicina editou a Resolução 1974 e disponibilizou o Manual de Publicidade Médica que tem por objetivo facilitar o entendimento dos médicos e dos pacientes, protegendo-os com relação a problemas provocados por equívocos de comunicação. Os artigos do Manual explicam pontos importantes para a atividade médica como, por exemplo, a colocação de placas em consultórios, papelaria, indicação de diretor técnico e as formas de apresentação em entrevistas e matérias jornalísticas. Mas também é fundamental que o médico tenha atenção às informações disponíveis nos guias dos convênios. É vetada pelo Manual de Publicação Médica a publicação do nome do médico em especialidade não registrada nos Conselho Regionais. (Lourenço, 2015) TEMA 5 – ÉTICA 5.1 Exemplos de cuidados específicos na área de publicidade médica Capítulo XIII PUBLICIDADE MÉDICA É vedado ao médico: Art. 111. Permitir que sua participação na divulgação de assuntos médicos, em qualquer meio de comunicação de massa, deixe de ter caráter exclusivamente de esclarecimento e educação da sociedade. Art. 112. Divulgar informação sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico. Art. 113. Divulgar, fora do meio científico, processo de tratamento ou descoberta cujo valor ainda não esteja expressamente reconhecido cientificamente por órgão competente. Art. 114. Consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação de massa. Art. 115. Anunciar títulos científicos que não possa comprovar e especialidade ou área de atuação para a qual não esteja qualificado e registrado no Conselho Regional de Medicina. Art. 116. Participar de anúncios de empresas comerciais qualquer que seja sua natureza, valendo-se de sua profissão. http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2011/1974_2011.pdf 8 Art. 117. Apresentar como originais quaisquer ideias, descobertas ou ilustrações que na realidade não o sejam. Art. 118. Deixar de incluir, em anúncios profissionais de qualquer ordem, o seu número de inscrição no Conselho Regional de Medicina. Parágrafo único. Nos anúncios de estabelecimentos de saúde devem constar o nome e o número de registro, no Conselho Regional de Medicina, do diretor técnico. (Conselho Federal de Medicina, s.d.) NA PRÁTICA Identifique em sua região o hospital de maior credibilidade e faça um levantamento de todas as ações de marketing que ele praticou no último ano, como quais mídias usou. Essa atividade é meramente de fixação e não é necessário o envio de nenhum tipo de material nem vale nota. FINALIZANDO Olá, espero que tenha gostado deste material. Falamos nesta aula sobre gestão, atendimento aos clientes, itens sobre satisfação, percepção de qualidade e valor, legislação vigente na área e ética. Logo você estará apto(a) a trabalhar em sua área de atuação, colocando em prática todo esse conhecimento. 9 REFERÊNCIAS BORBA, V. R. Marketing Hospitalar. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1989. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Capítulo XIII. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/novocodigo/integra_13.asp>. Acesso em: 25 jan. 2018. FERREIRA JUNIOR, A. B. Marketing político & eleitoral: uma analogia entre o mundo corporativo e a política. Curitiba: Ibpex, 2010. FERREIRA JUNIOR, A. B.; SENTA, S. Supervarejo: uma abordagem prática sobre mercados de consumo. Curitiba: InterSaberes, 2014. FERREIRA JUNIOR, A. B.; AZEVEDO, N. Q. Marketing digital: uma análise do mercado 3.0. Curitiba: InterSaberes, 2015. FERREIRA JUNIOR, A. B.; RIEPING, M. iTrends: uma análise de tendências e mercados. Curitiba: InterSaberes, 2014. FRANKLIN, W. Como fazer um bom pós-venda para seu e-commerce. Disponível em: <https://moip.com.br/blog/pos-venda-para-seu-e-commerce/>. Acesso em: 25 jan. 2018. GARCIA, E. Marketing na saúde: humanismo e lucratividade. Goiânia: AB, 2005. HARTLINE M. D.; MAXHAM J. G.; MCKEE, D. O. Corridors of Influence in the Dissemination of Customer-Oriented Strategy to Customer Contact Service Employees. Journal of Marketing, v. 64, n. 2, 2000. HOFFMAN, K. D.; BATESON, J. E. G. Princípios de marketing de serviços. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009. KOTLER, P. Princípios de marketing.12. ed. São Paulo. Pearson Prentice Hall, 2007. LEE, F. Se Disney administrasse seu hospital: 9½ coisa que você mudaria. São Paulo: Bookman, 2009. 10 LINDON, D.; LENDREVIE, J.; RODRIGUES, J. V.; DIONÍSIO, P. Mercator XXI: Teoria e Prática do Marketing, Publicações D. 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