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Vícios de Vontade em Negócios Jurídicos

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Aula25 - Luciano Masson - Conversão, Substituição, Erro, Dolo e Coação
1. ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
1.1 CONVERSÃO SUBSTANCIAL DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Decorre expressamente do art. 170 do CC:
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
A conversão substancial (decorrente do direito alemão) tem como objetivo aproveitar um negócio nulo. Aplica-se a ele o princípio da conservação do negócio jurídico. Assim, se houver um defeito sobre o negócio, mas mesmo assim ele puder ser recepcionado e gerar efeitos como se outro negócio fosse, a lei diz que deve ser preservada a eficácia deste, sem ser decretada sua nulidade ou anulação. Para que ocorra esse aproveitamento, a declaração de vontade (elemento essencial) deve ser livre e haver semelhança em seus requisitos.
Exemplo: grande exemplo da doutrina é o título de crédito nulo, por vício na forma, que é convertido em confissão de dívida por guardar semelhança com os requisitos desta. O título é reconhecido como confissão de dívida.
QUESTÃO
2017 - CESPE - TRF-5aR. - JUIZ SUBSTITUTO
Beneficiário de nota promissória nula requereu em juízo que ela fosse aproveitada como confissão de dívida. Seu pedido foi aceito, ante a presença dos elementos objetivos e subjetivos.
Nesse caso, aplicou-se a
a) teoria da máxima intenção nos negócios jurídicos.
b) redução equivalente do negócio jurídico.
c) conversão substancial do negócio jurídico.
d) confirmação inversa do negócio jurídico.
e) convalidação elementar subjetiva do negócio jurídico.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO
Pela leitura do enunciado da questão, os elementos subjetivos e objetivos são da confissão. GABARITO: letra "c". O dispositivo consagra a conversão substancial do negócio jurídico, isto é, a modificação do negócio jurídico originalmente nulo para outro plenamente válido, desde que guardem semelhança entre seus requisitos.
1.2 DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Existem duas espécies: (1) vícios de vontade/consentimento (vícios que recaem sobre a vontade e contaminam o negócio) e (2) vícios sociais.
São vícios de vontade: (1) erro ou ignorância (arts. 138 a 144 do CC), (2) dolo (arts. 145 a 150), (3) coação (arts. 151 a 155 do CC), estado de perigo (art. 156) e lesão (art. 157).
São vícios sociais: (1) fraude contra credores (arts. 158 a 165 do CC) e (2) simulação.
OBSERVAÇÃO: Na simulação, o negócio é sempre nulo.
Os vícios de vontade tratam de hipóteses de anulação, a qual deve ser requerida no prazo decadencial de quatro anos (art. 178, CC).
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Far-se-á análise dos vícios de vontade:
I) ERRO OU IGNORÂNCIA:
Arts. 138 a 144 do CC.
Seção I
Do Erro ou Ignorância
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
O erro ou ignorância é a falsa percepção da realidade, viciando a vontade. O sujeito em erro, e quando este for essencial, não realizaria o negócio jurídico, pois teria conhecimento acerca da circunstância que gerou o erro do negócio jurídico.
Os negócios serão anuláveis por erro quando este for substancial (ou essencial), que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal (critério do homem médio). Ou sejam, se a pessoa conhecesse o erro substancial/essencial, não teria praticado o negócio da forma que o fez. Logo, se o erro for acidental, o sujeito terá direito à indenização, e não à anulação.
Erro substancial é o que recai sobre (1) a natureza do negócio (error in negotia - sujeito queria celebrar negócio de compra e venda, mas, em hipótese de erro, celebrou contrato de doação), objeto principal da declaração ou qualidades essenciais deste (error in substantia), (2) identidade ou qualidade essencial da pessoa (error in persona), ou (3) sendo de direito e não implique recusa à aplicação da lei. O erro foi o motivo único ou principal do negócio (art. 139, CC).
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
O falso motivo só vicia o negócio quando expresso como razão determinante (art. 140, CC). Afinal, como visto em aula passada, o motivo é critério implícito do sujeito, que está em seu mago e não é exteriorizado; em regra, o falso motivo não macula o negócio.
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
Os motivos, que nada mais são que o impulso para a prática do ato, normalmente são de ordem interna, psicológica, e não interferem na estabilidade do negócio. Já se os motivos forem expressos, e forem falsos, haverá anulação do negócio.
Exemplo: Doação de bem à pessoa que teria salvo a vida do filho de afogamento, posteriormente descobrindo que este se salvou sozinho. Esta é hipótese de erro quanto à pessoa.
Em provas, costuma cair a redação dos artigos abaixo:
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
Um exemplo para o artigo 141 é o envio de e-mail truncado: se por erro de informática há erro na transmissão da informação, há hipótese de anulação.
O artigo 142 trata do chamado erro acidental.
O art. 144 prioriza a conservação do negócio jurídico.
QUESTÃO
2018 - FCC - DPE-AP - DEFENSOR PÚBLICO
Mário adquiriu um pequeno sítio em área próxima ao Município de Água Branca do Amapari, onde pretendia realizar cultivo agrícola para o sustento de sua família. Entretanto, após a conclusão do negócio, veio a descobrir que o imóvel se encontra em uma área de reserva permanente, de modo que não poderá utilizar o imóvel da maneira como deseja. Neste caso, existem elementos para afirmar que o negócio pode ser anulado por
a) lesão.
b) erro acidental.
c) erro essencial.
d) estado de perigo.
e) onerosidade excessiva.
COMENTÁRIO DA QUESTÃO
O gabarito é a letra "c", pois há erro essencial quanto ao objeto (pequeno sítio); se ele soubesse que a área é de preservação, o negócio não se realizaria. Importante se atentar ao enunciado, pois em nenhum momento este diz que Mário foi induzido ou coagido ao erro (hipóteses a serem vistas).
II) DOLO:
No dolo, o sujeito é levado ao erro por meio de terceiro ou do outro contratante. Nesta espécie de vício, há o agir de um terceiro ou do próprio sujeito beneficiado pelo negócio.
Ocorrendo o dolo, também há prazo decadencial de quatro anos para pleitear a anulação do negócio (art. 178, CC), contados da celebração do ato.
Dolo é o induzimento malicioso à prática de ato em negócio jurídico prejudicial ao autor. O dolo deve ser a causa do negócio jurídico para ser anulável (art. 145, CC).
Seção II
Do Dolo
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Difere do erro pelo fato de que neste o sujeitoincorre sozinho na circunstância relevante para o negócio.
Quanto ao dolo, o professor trouxe as seguintes hipóteses jurisprudenciais sobre o tema:
a) REsp 107.961, julgado em 2002 no STJ:
EMENTA
LESÃO. CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS. ENGANO. DOLO DO CESSIONÁRIO.
VÍCIO DO CONSENTIMENTO. DISTINÇÃO ENTRE LESÃO E VÍCIO DA MANIFESTAÇÃO DE VONTADE. PRESCRIÇÃO QUADRIENAL.
- Caso em que irmãos analfabetos foram induzidos à celebração do negócio jurídico através de maquinações, expedientes astuciosos, engendrados pelo inventariante-cessionário. Manobras insidiosas levaram a engano os irmãos cedentes que não tinham, de qualquer forma, compreensão da desproporção entre o preço e o valor da coisa.
Ocorrência de dolo, vício de consentimento.
- Tratando-se de negócio jurídico anulável, o lapso da prescrição é o quadrienal (art. 178, § 9º, inc. V, b, do Código Civil).
Recurso especial não conhecido.
(REsp 107.961/RS, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 13/03/2001, DJ 04/02/2002, p. 364)
b) REsp 1.200.708 (inf. 454, 2010): Separação. Partilha de bens. Intensidade de prejuízo sofrido por uma das partes, mesmo que sobrando a esta patrimônio suficiente para a sua mantença. Dolo de um consorte sobre o outro. Anulação da partilha.
DIREITO DE FAMÍLIA. DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE CONJUGAL. PARTILHA. PEDIDO DE ANULAÇÃO. ALEGADA DESPROPORÇÃO SEVERA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE. ANULAÇÃO DECRETADA.
1. Inexiste nulidade em julgamento promovido exclusivamente por juízes de primeiro grau convocados para substituição no Tribunal de Justiça. Precedente do STF.
2. Verificada severa desproporcionalidade da partilha, a sua anulação pode ser decretada sempre que, pela dimensão do prejuízo causado a um dos consortes, verifique-se a ofensa à sua dignidade. O critério de considerar violado o princípio da dignidade da pessoa humana apenas nas hipóteses em que a partilha conduzir um dos cônjuges a situação de miserabilidade não pode ser tomado de forma absoluta. Há situações em que, mesmo destinando-se a um dos consortes patrimônio suficiente para a sua sobrevivência, a intensidade do prejuízo por ele sofrido, somado a indicações de que houve dolo por parte do outro cônjuge, possibilitam a anulação do ato.
3. Recurso especial conhecido e provido, decretando-se a invalidade da partilha questionada.
(REsp 1.200.708-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/11/2010, DJe 17/11/2010).
O dolo deve ser essencial. Se for hipótese de dolo acidental, que recai sobre aspectos secundários do negócio, este se celebraria; no entanto, em outro patamar econômico-financeiro, geraria apenas perdas e danos (indenização pecuniária, na forma do art. 402, CC). Não se fala no dolo acidental em hipótese de anulação do negócio.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
O dolo acidental não incide sobre a realização ou não do negócio (dolo principal), mas sobre as circunstâncias (laterais, secundárias) em que este se deu. Não autoriza anulação do negócio, mas apenas indenização em perdas e danos (art. 146, CC).
LEMBRANDO! Danos emergentes refletem o que o sujeito perdeu e lucros cessantes, o que deixou de ganhar.
Exemplo: Venda de veículo como flex, e posterior descobrimento de que não era quando houve abastecimento do mesmo, que provocou danos ao motor. O sujeito compraria o veículo de qualquer forma, mas com valor menor ou maior. Cabe ação indenizatória.
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
Ainda sobre o dolo:
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
LEMBRANDO! Negócios jurídicos bilaterais são aqueles que estabelecem direitos e obrigações para ambos os contratantes.
muito	frustrante 
O art. 147 do CC traz o chamado Dolo por Omissão, em que o sujeito cala de forma maliciosa. É hipótese de anulação do negócio e ofende o dever de informação.
Exemplo: venda de veículo sem informar que o motor está com problemas.
O terceiro apontado pelo art. 148 do CC não é parte na relação negocial, e o negócio só é anulado se o sujeito que se beneficia do dolo de terceiro tivesse ou devesse ter conhecimento deste.
Na última hipótese do art. 149, ocorreu falha na escolha (error in elegendo).
O art. 150 traz o chamado dolo bilateral, compensado ou enantiomórfico. É hipótese em que ambos os lados do negócio agem com dolo (induzimento malicioso por ambas as partes da relação negocial). Neste caso, por consequência, como ninguém pode se beneficiar da própria torpeza, o negócio não é anulado. Popularmente, segundo o professor, é chamado de "chumbo trocado".
ATENÇÃO: Dolus Bonus, ou dolo bom, ocorrido nas relações comerciais: não gera possibilidade de anulação do negócio jurídico. É dolo tolerável, aceito no meio comercial. São exageros feitos em relação às qualidades do bem ofertado.
Exemplo: O sujeito vendendo um produto, como arroz, fala que o seu é o melhor da praça. Outro exemplo seria do sujeito dizer que está vendendo a melhor geladeira do mundo. Um terceiro exemplo, visto nas relações de consumo, é o exagero publicitário (também chamado de puffing - decorre do dolo bom).
Por outro lado, existe o Dolus malus (dolo mal). O dolo mal são ações maliciosas no sentido de causar dano, enganar/ludibriar alguém. Esta hipótese gera anulação do negócio jurídico a partir da data da celebração, com prazo decadencial de quatro anos.
III) COAÇÃO:
Coação é a pressão psicológica para celebração do negócio (vis compulsiva). Na coação, o sujeito age sob pressão psicológica.
OBSERVAÇÃO: A coação não é a vis absoluta, que recai fisicamente sobre o sujeito (emprego de força), gera inexistência do negócio (primeiro degrau da escada ponteana) por falta de manifestação de vontade. Se alguém pega a mão do sujeito e assina, assim, seu testamento, não há manifestação de vontade, logo, o negócio é absolutamente inexistente.
ATENÇÃO: Falar que vai exercer um direito não é coação. Assim, se um sujeito diz que processará outro, caso não haja corretamente, não haverá coação (houve mero exercício do direito regular de ação).
Logo, coação é toda pressão ou ameaça exercida sobre o indivíduo para forçá-lo à prática de um negócio. Também conhecida como violência psicológica. Quem a exerce é denominado coator, e quem sofre, coato, coagido ou paciente.
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
O parágrafo único, acima, diz que a coação será analisada no caso concreto quando o temor recair sobre pessoa não pertencente à família, como um grande amigo.
No caso do art. 153, deve-se analisar o caso concreto, como idade, gênero, condições pessoais do coato, para que o juiz declare a coação.
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do pacientee todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Voltando à vis absoluta, difere da coação a coação física, pois nesta há emprego de força.
Exemplo: agressões físicas para que o sujeito pratique o negócio, já fora de si.
Na coação física, o negócio tem duas hipóteses:
a) Primeira posição: será inexistente, pois não há manifestação de vontade, não há o querer para a prática do ato (Renan Lotufo). Para o professor, esta é a corrente correta, pois há defeito estruturante do negócio, que é a manifestação de vontade livre e consciente. Para ele, na vis absoluta, não há essa manifestação.
b) Segunda posição: haverá nulidade absoluta (Flávio Tartuce), com objeto indeterminado em razão da vontade que não existe (art. 166, II, CC). Não seria inexistência porque não consta expressamente no CC as hipóteses de existência; este regulamentou o plano da validade.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
[...]
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
1
Este artigo cai muito em provas.
Material Complementar
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40018_Aula25_D. Civil_Conversão, Substituição, Erro, Dolo e Coação .pdf
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Direito Civil
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Conversão, 
Substituição, Erro, Dolo e Coação
 
1. ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
 
1.1 CONVERSÃO SUBSTANCIAL DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
 
Decorre expressamente do art. 170 do CC:
 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requis
itos de outro, subsistirá 
este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se 
houvessem previsto a nulidade.
 
A conversão s
ubstancial (decorrente do direito alemão) tem como objetivo aproveitar um 
negócio nulo. Aplica
-
se a ele 
o
 
princípio da conservação do negócio jurídico
. Assim, 
se houver um defeito sobre o negócio, mas mesmo assim ele puder ser recepcionado e 
gerar efeitos 
como se outro negócio fosse, a lei diz que deve ser preservada a eficácia 
deste, sem ser decretada sua n
ulidade ou anulação. Para que ocorra esse aproveitamento, 
a declaração de vontade (elemento essencial) deve ser livre e haver semelhança em seus 
requisi
tos.
 
Exemplo:
 
grande exemplo da doutrina é o título de crédito nulo, por vício na forma, que 
é convertid
o em confissão de dívida por guardar semelhança com os requisitos desta. O 
título é reconhecido como confissão de dívida.
 
QUESTÃO
 
2017 
-
 
CESPE 
-
 
TRF
-
5aR
. 
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JUIZ SUBSTITUTO
 
Beneficiário de nota promissória nula requereu em juízo que ela fosse aproveitada co
mo 
confissão de dívida. Seu pedido foi aceito, ante a presença dos elementos objetivos e 
subjetivos.
 
Nesse caso, aplicou
-
se a
 
a) teoria da máxima intenç
ão nos negócios jurídicos.
 
b) redução equivalente do negócio jurídico.
 
c) conversão substancial do negóc
io jurídico.
 
d) confirmação inversa do negócio jurídico.
 
e) convalidação elementar subjetiva do negócio jurídico.
 
COMENTÁRIO DA QUESTÃO
 
Pela leitura do 
enunciado da questão, os elementos subjetivos e objetivos são da 
confissão. GABARITO: letra "c". O dispo
sitivo consagra a conversão substancial do 
Aula25 - Luciano Masson - Conversão, 
Substituição, Erro, Dolo e Coação 
1. ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO 
1.1 CONVERSÃO SUBSTANCIAL DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
Decorre expressamente do art. 170 do CC: 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá 
este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se 
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se houver um defeito sobre o negócio, mas mesmo assim ele puder ser recepcionado e 
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2017 - CESPE - TRF-5aR. - JUIZ SUBSTITUTO 
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c) conversão substancial do negócio jurídico. 
d) confirmação inversa do negócio jurídico. 
e) convalidação elementar subjetiva do negócio jurídico. 
COMENTÁRIO DA QUESTÃO 
Pela leitura do enunciado da questão, os elementos subjetivos e objetivos são da 
confissão. GABARITO: letra "c". O dispositivo consagra a conversão substancial do

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