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Pessoas Jurídicas: Entes Específicos e Desconsideração da Personalidade Jurídica

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Aula13 - Luciano Masson - Das Pessoas Jurídicas
1. PESSOA JURÍDICA
Em virtude da extensão do tema, serão tratados nesta aula, a personalidade de alguns entes específicos (como exemplo: pessoas jurídicas de direito público interno e externo), bem como a teoria da desconsideração da personalidade jurídica (pois é matéria de grande incidência em concursos, em especial o art. 50 do CCB e o art. 28 do CDC), alinhados ainda a teoria inversa da desconsideração (presente no CPC, como forma de intervenção de terceiros).
1.1 PERSONALIDADE DE ALGUNS ENTES ESPECÍFICOS
Algumas figuras precisam ser encaixadas na classificação das pessoas jurídicas. Neste ponto, falaremos sobre as empresas públicas, sociedades de economia mista e os serviços sociais autônomos.
1.1.1 EMPRESAS PÚBLICAS
São pessoas jurídicas de direito privado (capital exclusivamente estatal e patrimônio próprio). Criada por lei para exploração de atividade econômica. Ex.: CEF, ECT.
1.1.2 SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
A grande diferenciação entre a empresa pública é o capital, vez que na sociedade de economia mista seu capital é misto, composto majoritariamente por entes públicos e minoritariamente, mas também integrante, de capital privado. A nomenclatura mista, indica o capital público mais capital privado.
Pessoa jurídica de direito privado, criada por lei para exploração de atividade econômica sob forma de S/A (maioria das ações com direito a voto são do Estado ou ente da administração indireta). Ex.: DERSA (responsável por questões relacionadas por construções de estradas no território nacional).
ATENÇÃO: Súmula 42 do STJ.
Súm. 42, STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
Outro grande exemplo, podemos citar a PETROBRÁS.
Importante se atentar quanto ao art. 41 do CCB:
CCB, Art. 41, Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código
ATENÇÃO: Às empresas públicas e sociedades de economia mista, são aplicadas as regras do direito privado, naquilo que não se chocar com a lei especial.
1.1.3 SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS
Pessoas jurídicas de direito privado, mesmo em colaboração com Estado. Ex: SESI, SENAC.
1.2 DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (Teoria da Penetração ou Disregard of legal entity)
Quando da criação da pessoa jurídica, a partir do registro do ato constitutivo, passa a ter personalidade jurídica própria, distinta dos seus associados, sócios, diretores e administradores, de modo que passa a ter responsabilidade patrimonial própria, também diversa das pessoas físicas que as compõem.
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica, nada mais é que, em determinadas situações, preenchidos os requisitos legais, haverá um descortinamento dessa divisão patrimonial da pessoa física com a pessoa jurídica, ou seja, preenchidos certos requisitos legais, a pessoa física passará a responder por obrigações da pessoa jurídica.
Não se coloca fim à personalidade própria da pessoa jurídica, ocorre que, dentro de um processo judicial, observado o contraditório, o que foi reafirmado pelo STJ algumas vezes, determinadas obrigações patrimoniais da pessoa jurídica, recairão sobre o patrimônio dos seus sócios administradores.
É descortinar do ente jurídico, retirando sua autonomia, para alcançar determinados atos praticados com abusos ou desvios. Não confundir com despersonalização, que é a anulação ou extinção da pessoa jurídica. Tem origem no Brasil com o artigo 28 do CDC.
OBSERVAÇÃO: Abusos e desvios permitem a desconsideração, bem como a insolvência da pessoa jurídica.
Os grandes marcos legislativos a respeito desta teoria são: art. 28 do CDC, chamado de teoria menor, e o art. 50 do CC/02, denominado teoria maior.
O art. 50 do CC/02 é chamado de teoria maior, pois possuem mais requisitos para a desconsideração. Por sua vez o art. 28 do CDC traz um requisito único.
A desconsideração inversa está prevista no CPC/2015, possui natureza jurídica de forma de intervenção de terceiros. Neste caso, a pessoa jurídica responderá por obrigações das pessoas físicas. É o caminho inverso do que é feito nos artigos 28, CDC e 50 do CCB.
ATENÇÃO: Segundo o STF, o simples encerramento das atividades da pessoa jurídica não é suficiente para ensejar a desconsideração da personalidade jurídica.
Caracteriza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para atingir o ente coletivo e seu patrimônio social por obrigações de seus sócios e administradores. Ex.: antes do processo de divórcio, de forma fraudulenta, o sócio transfere bens para a PJ.
Atenção ao Informativo 440 do STJ
Informativo 440, STJ: cabível no processo de execução e no processo falimentar, independente de ação própria.
O próprio STJ, aduz quanto ao cabimento da desconsideração, é garantido o contraditório e a ampla defesa, quanto aos sócios.
Rubens Requião nos diz que:
A personalidade jurídica passa a ser considerada doutrinariamente um direito relativo, permitindo ao juiz penetrar o véu da personalidade para coibir os abusos ou condenar a fraude através do seu uso
ATENÇÃO: Desconsideração não gera extinção (apenas suspensão episódica da eficácia do ato constitutivo) da PJ e exige o contraditório/processo justo (art. 5º, inciso LIV e LV, CF): STJ, RMS, 29.697/RS:
RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. AÇÃO DE FALÊNCIA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (CC/2002, ART. 50). SOCIEDADE EMPRESÁRIA IMPETRANTE PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA FALIDA. DESNECESSIDADE DE AÇÃO AUTÔNOMA. IMPRESCINDIBILIDADE DO CONTRADITÓRIO (CF, ART. 5º, LIV E LV). RECURSO ORDINÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. É possível atingir, com a desconsideração da personalidade jurídica, empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da sociedade empresária falida, quando a estrutura deste é meramente formal, sendo desnecessário o ajuizamento de ação autônoma para a verificação de fraude ou confusão patrimonial. Precedentes. 2. No caso, entretanto, houve violação formal ao due process of law, em seu consectário princípio do contraditório (CF, art. 5º, LIV e LV), pois a sociedade empresária atingida pela desconsideração não teve oportunidade de se manifestar acerca da medida que lhe foi imposta. 3. Não se pode adotar medida definitiva que afete bem da vida em determinada instância judicial sem que se garanta o contraditório. A validade das decisões judiciais requer a observância de um processo justo, em suas dimensões formal e material. 4. Necessário assegurar à impetrante o direito de ser ouvida no juízo da falência acerca da aplicação da desconsideração da personalidade jurídica em relação à sua pessoa, podendo deduzir as alegações que entender relevantes e requerer produção de provas, cabendo ao il. julgador deliberar como entender de direito. 5. Recurso ordinário parcialmente provido
ATENÇÃO: Artigo 133, NCPC - incidente de desconsideração da personalidade jurídica é forma de intervenção de terceiros, instaurado a pedido da parte ou do MP.
Excepcionalmente será instaurado de ofício, quando houver interesse público - Flávio Tartuce. No art. 50 do CC/02 o incidente também deve ser instaurado a requerimento da parte, todavia na hipótese tratada pelo CDC é possível a instauração de ofício.
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.
§ 1 O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei.  ✅💯⠀§ 2oAplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica.
O enunciado 281, IV Jornada de Direito Civil dispõe que a aplicação da teoria da desconsideração, descrita no artigo 50 CC, prescinde da demonstração da insolvência da pessoa jurídica, por ser apanhado doutrinário, não há unanimidade quanto a isso,
O prazo para propositura do incidenteé a qualquer tempo, até o trânsito em jugado do processo onde se discute a responsabilização.
O art. 50 é muito cobrado!
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.  ✅💯⠀
A doutrina e a jurisprudência reconhecem a existência de duas teorias da desconsideração:
a) Teoria maior (adotada pelo CC): deve existir comprovação da fraude e do abuso por parte dos sócios, sem que seja necessária a insolvência (nos termos do enunciado);
b) Teoria menor: que considera o simples prejuízo do credor motivo suficiente para sua desconsideração. O CDC adotou a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, isto é, basta a insolvência para ser possível a desconsideração da personalidade (Juiz pode declarar de ofício: norma de ordem pública). O CC/CPC não admitem declaração de ofício.
QUESTÃO
2017 - CESPE - DPU - DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL
De acordo com a legislação de regência e o entendimento dos tribunais superiores, julgue o próximo item.
Situação hipotética: B é sócio cotista da sociedade empresária A Ltda., que está encerrando suas atividades e, consequentemente, dissolvendo a sociedade. Assertiva: Nessa situação, em eventual demanda judicial envolvendo B e a figura jurídica A Ltda., esta poderá requerer a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade empresária, tendo como fundamento único o seu término.
Assertiva: Errada
COMENTÁRIO DA QUESTÃO
Nos termos do art. 50 CC, exige-se o desvio de finalidade ou confusão patrimonial, não o simples término da PJ.
STJ: O encerramento das atividades ou dissolução da sociedade, ainda que irregulares, não é causa, por si só, para a desconsideração da personalidade jurídica prevista no Código Civil. STJ 2ª Seção. EResp 1.306.553-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 10/12/2014 (Info 554)
Enunciado da IV Jornada de Direito Civil do CJF: 282- Art. 50: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso de personalidade jurídica.

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