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Teoria do Adimplemento Substancial e Representação em Direito Civil

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PGM-RJ - TURMA INTENSIVA – 2019
Direito Constitucional – Prof. Fabrício Carvalho Aula 3
SUMÁRIO
I- TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
II-
REPRESENTAÇÃO
III-
PRESCRIÇÃO
IV-
JUROS DE MORA CONTRA FAZENDA PÚBLICA
V-
VIOLAÇÃO POSITIVA DO CONTRATO
Direito Constitucional – Prof. Fabrício Carvalho Aula 3
Direito Civil Aula 3 (13/03/19)
 Teoria do adimplemento substancial
O art. 475 CC diz que o credor, vítima do inadimplemento, pode optar entre a resolução do contrato ou exigir o cumprimento da prestação. O que se sustenta pela teoria do adimplemento substancial é que aquele recebe a quase totalidade da prestação, não pode optar pela resolução do contrato, só
restando a exigência da prestação remanescente.
Essa teoria não tem previsão normativa, pois aqui se trata de abuso de direito. O abuso de direito, art. 187 CC, é um ato antijurídico que não se confunde com ato ilícito stricto sensu do art. 186 CC. No abuso do direito o sujeito exerce o direito em desarmonia com os valores e princípios do sistema, a limitação do abuso é axiológica, valorativa. Já no ato ilícito stricto sensu o sujeito viola o texto positivo.
O direito de optar entre a resolução ou exigir o cumprimento da prestação, do art. 475 CC, é direito
potestativo. A questão é que põe em xeque a definição tradicional de direito potestativo, sendo no sentido de que ao titular desse direito corresponde a outra parte um mero estado de sujeição, como se o titular do direito potestativo tudo pudesse.
O STJ, no REsp 1622555, já se posicionou pela inaplicabilidade da teoria do adimplemento
substancial em alienação fiduciária em garantia, submetida pelo Decreto-Lei nº 911/69 (praticado por instituições financeiras), sob o fundamento de que essa teoria seria incompatível com as disposições normativas do Decreto-Lei. Exemplo: o Decreto-Lei prevê a busca e apreensão liminar independentemente de qualquer limite quantitativo de inadimplemento e, para retomar o bem, o devedor fiduciante deve pagar a integralidade da dívida pendente. O prof. descorda desse julgado, pois a teoria do adimplemento substancial é matéria de ordem pública, princípios da conservação do negócio jurídico e da boa-fé objetiva.
Essas são incompatíveis 
Outra posição do STJ foi no sentido da inaplicabilidade dessa teoria em pensões decorrente de direito de família – Informativo nº 632 STJ, HC 439973. Os argumentos usados foram: (i) o valor de pensão alimentícia, fixado pelo judiciário, representa o mínimo necessário a subsistência do alimentando; (ii) o crédito alimentar possui uma tutela diferenciada no ordenamento jurídico brasileiro, por conta da dignidade da pessoa humana.
Anderson Schreiber critica a posição doutrinária e jurisprudencial sobre o tema, que associa a teoria ao prisma quantitativo, ou seja, ao pagamento da quase totalidade da prestação. Anderson Schreiber defende uma aplicação mais abrangente do tema, devendo também ser aplicada sob o prisma
qualitativo, em homenagem ao princípio da conservação do negócio jurídico. Para esse autor, a resolução deve ser uma medida extrema e excepcional, pois pressuporia um juízo de ponderação: a utilidade da extinção da obrigação para o credor e os prejuízos para o devedor e terceiros em decorrência da resolução. Assim, a princípio a resolução deveria se restringir às hipóteses de inadimplemento absoluto (quando a prestação não é mais possível ou não é mais útil).
- REsp 1775269, julgado pela 1ª Turma - hipótese de execução fiscal e na CDA constava uma
determinada PJ e depois o poder público indicou o redirecionamento em face de outra pessoa
jurídica, em razão desta PJ integrar o mesmo grupo econômico. O STJ já se posicionou em outras oportunidades entendendo que não deve confundir desconsideração da personalidade jurídica com responsabilidade tributária. Isso porque nas hipóteses de responsabilidade tributária não é necessário instaurar o incidente de desconsideração de personalidade jurídica, a solidariedade resulta do CTN.
Evidente ser necessária a publicidade 
Porém, no caso concreto o STJ entendeu que o simples fato de pertencer ao mesmo grupo econômico não se adequa as hipóteses prevista no CTN, ou seja, a desconsideração indireta pressupõe a instauração do incidente – aqui seria hipótese de desconsideração e não responsabilidade tributária.
Resolução deveria ser restrita a hipóteses de inadimplemento absoluto 
Desconsideração indireta da pessoa jurídica 
 Representação – arts. 115 a 120 CC
Representante age em nome e em favor do representado, sendo sob este que recai os efeitos
negociais. É evidente, até mesmo para preservar a tutela da legítima expectativa, que deve haver a publicidade. Essa publicidade que norteia a representação é chamada de contemplatio domini. Na ausência de contemplatio domini não há representação propriamente dita, mas sim interposição – alguns autores também falam em representação imprópria, representação indireta e representação mediata. Essas últimas duas expressões são muito criticadas, por poder confundir o intérprete, porque é da essência da representação que os efeitos negociam recaiam sob o representado e não representante, mas na ausência de contemplatio domini não é isso que acontece – se o terceiro não sabe que está negociando com representante, os efeitos negociais irão recair sob o representante.
 Representação impropria , indireta e mediata passiveis expressões de critica 
Exemplo que não há contemplatio domini é o contrato de comissão do art. 693 CC – porque na
comissão, o comissário atua em favor do comitente, mas em nome próprio.
Comissário atua em favor de comitente mas em nome próprio 
- Teoria da Separação
A doutrina clássica sempre associou a ideia de representação voluntária ao mandato. Então, a
validade e eficácia da representação resultariam da validade e eficácia do mandato. Isso vem sendo objeto de crítica por autores mais contemporâneos em razão da contemplativo domini, pois a sua exigência para caracterização da representação resulta da boa-fé objetivo, ou seja, da tutela da legítima expectativa de terceiros. Então, pela teoria da separação, a representação voluntária não resultaria do mandato e sim da procuração. A procuração é um instrumento do mandato no sentido de projetar o mandato perante terceiros, é a procuração que, em regra, contempla a contemplatio domini.
Eventual vício do mandato não afasta, por si só, a eficácia da representação perante terceiros. Assim, imagine que um ato extrapole o conteúdo do mandato, mas se encaixa perfeitamente no conteúdo da procuração – esse ato seria válido e eficaz perante terceiros.
O Código Civil não adota explicitamente a teoria da separação, tendo como principais argumentos pela sua adoção os seguintes: (i) boa-fé objetiva; (ii) art. 115 CC sugere que a representação seria negócio jurídico unilateral, no qual seria a procuração e não o mandato, pois se fosse mandato a norma deveria vir com a expressão “interessados” e não no singular, já que mandato é negócio jurídico bilateral; (iii) art. 120, parte final CC – ao falar que os requisitos e efeitos da representação voluntárias são os estabelecidos na parte especial do Código.
Contemplacio domini eventual vicio do mandato não afasta eficácia de representação perante terceiro vicio de consentimento não compromete validade e eficácia legitima expectativa com D regresso , representação confere contemplacio domini art. 1015 representado por lei e pelo interessado , representação não mandato argumento art. 120 parte final Parte especial do código 
Boa fe objetiva 
- Representação Aparente
O art. 116 CC diz “a manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes,
produz efeitos em relação ao representado”.
A dúvida é se a vontade que extrapola o limite de poderes produziria efeitos em relação ao
representado? Em regra não. O art. 662 CC traz a previsão em que o mandatário atua sem poderes, aquele ato é ineficaz em relação ao mandante – sendo essa hipótese que trata o art. 116 CC. Não podemos confundir essa hipótese com a que o mandatário atua dentro dos poderes,que lhe foram outorgados, mas inobservando as instruções do mandante – para esse caso se aplica o art. 679 CC, pois houve contemplativo domini e legítima expectativa despertada perante terceiro.
Art. 662 CC - Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes
suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se
este os ratificar.
Nessa hipótese que vem art. 116 hipotese que atua dentro de poderes mas inobservando instruções de mandante instrução interpartes inobserva instrução de mandante faz acordo a menor 
Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e
retroagirá à data do ato.
Art. 679 CC - Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não
exceder os limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles com quem
o seu procurador contratou; mas terá contra este ação pelas perdas e danos resultantes da
inobservância das instruções.
Na representação aparente, pela letra fria do Código o representado jamais vincularia se o
representante atua fora dos poderes, poderia dar uma solução distinta. Representação aparente sugere
a teoria da aparência, mas, além disso, é necessário que a conduta do representado de alguma forma
contribua para situação geradora de confiança. Exemplo: sujeito deixa o carro no estabelecimento de
um restaurante com um manobrista uniformizado, mas na verdade o manobrista era um meliante e rouba o carro do sujeito – aqui, houve uma conduta inadequada do restaurante em permitir alguém uniformizado de manobrista dentro de suas dependências, contribuindo para aquela situação geradora de confiança – nesse caso, seria possível aplicar em detrimento ao restaurante a venire contra factum proprium.
Meliante com uniforme de manobrista levar carro 
 Prescrição
- Prescrição de reparação civil contra Fazenda Pública
O CC/16 contemplava o prazo genérico de prescrição como de 20 anos, não tendo prazo específico para reparação civil. Para proteger o erário, surgiu uma regra especial no Decreto 20.910/33
prevendo o prazo de 5 anos. Com o CC/02 passou a prever o prazo prescricional para reparação civil de 3 anos (art. 206, §3º, V). Com isso, a Fazenda Pública passou a sustentar que com a superveniência do CC/02, teria caído a ratio que justificasse a especificidade do Decreto 20.910/33, pois a especialidade dessa norma era trazer prerrogativa fazendária, não fazendo sentido que em uma relação privada o prazo fosse menor do que em uma relação envolvendo a Fazenda, expondo ainda mais o erário público quando o objetivo do Decreto sempre foi a proteção da Fazenda. Contudo, o STJ consolidou entendimento oposto, dizendo que deve ser aplicado o prazo previsto no Decreto por ser uma norma especial, ao passo que o Código Civil é uma norma geral – REsp 1251993.
· Prerrogativa fazendária => tutela de erário público 
- Interrupção da prescrição contra Fazenda
O Decreto 20.910/33 dizia que só pode interromper a prescrição contra a Fazenda apenas uma vez.
Hoje, isso deixou de ser prerrogativa da Fazenda porque passou a ser regra geral no art. 202, caput CC/02.
O art. 9º Decreto 20.910/33 c/c art. 3º Decreto-Lei 4597/42 – a regra geral é que quando interrompe a prescrição o prazo volta do zero, porém contra a Fazenda o prazo voltará a correr da metade.
Súmula 383 STF - A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por
dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco
anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.
Art. 9 conjugado com art. 3 DL 4597/42
Prazo de prescrição contra fazenda é de 5 regra especial não pode reduzir prazo de 5 anos . mas tempo necessário para 5 anos ,art. 202 I 
Prazo volta de 0 contra fazenda não volta correr pela metade 
Essa Súmula afirma que a aplicação dessa regra especial de interrupção da prescrição, contra a
Fazenda Pública, não pode reduzir o prazo de 5 anos. Então, se a causa interruptiva ocorrer dentro da primeira metade do prazo prescricional, não vão faltar 2 anos e meio e sim o tempo necessário para completar o prazo de 5 anos.
Pretensão executória 
Qual o prazo prescricional para pretensão executória contra a Fazenda decorrente de uma decisão judicial contra a Administração?
O STJ tem aplicado a Súmula 150 STF – diz genericamente que o prazo da prescrição executória é o mesmo do prazo da prescrição condenatória - ainda que em detrimento contra a Fazenda – Embargos de Declaração REsp 1336026. Já o argumento fazendário é no sentido de que a Súmula 150 STF foi moldada para relações entre particulares, nesse caso não haveria uma nova pretensão executória e sim o recomeço do prazo prescricional originário – art. 202, pú CC diz que “a prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper”, esse dispositivo sugere que na realidade é um recomeço do prazo prescricional
que anteriormente se iniciou, não surgindo uma pretensão autônoma e diferente – com isso, como existe a regra específica da Fazenda, de que a interrupção contra ela faz com que o prazo conte pela metade a partir da causa interruptiva, o prazo seria, a princípio, de 2 anos e meio. Além disso, outro argumento fazendário é que o surgimento de uma pretensão autônoma careceria de uma nova violação ao direito material, já que a pretensão surge da violação do direito subjetivo, e no caso, ao não pagar espontaneamente, a Fazenda não estaria violando qualquer direito material, por existir método próprio de pagamento de condenações judiciais pela Fazenda (RPV ou precatório). Contudo, o STJ não vem aplicando essa tese.
Recomeço de prazo prescricional originário art. 202 prescrição recomeça interrupção faz prazo contar pela metade , 
Súmula 85 STJ - Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.
Nova violação ao direito material 
A regra geral no caso de prescrição em trato sucessivo é que ela atinge cada prestação em separado, a exceção é se a Fazenda Pública negou o direito declarado – nesse caso a prescrição atinge toda e qualquer prestação, a chamada prescrição do fundo de direito.
Há meio adequado para execução e método de pagamento eleito constitucionalmente .
Fazenda publica negou direito reclamado não devo gratificação depois dessa negativa , prescrição de fundo e de direito Sum 85 regra particular nãos iria extrapolar efeitos solução definitiva via jurisdicional
Transgressão de dever anexo seria terceira espécie de inadimplemento 
Lanteci
 Juros de Mora contra a Fazenda Pública
Em um primeiro debate é contra o teor do art. 406 CC, pois o CC/16 era mais simples quanto ao tema, que fixava 6% ao ano.
Art. 406 CC - Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem
taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a
taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda
Nacional.
Com a redação do art. 406 CC surgiram algumas correntes doutrinárias sobre os juros de mora:
1- SELIC – taxa aplicável em caso de mora do pagamento devido à Fazenda Nacional, pois o
art. 406 CC fala que será aplicada a “taxa que estiver em vigor”, essa expressão demonstra
que a taxa será variável e a SELIC é uma taxa variável.
2- Enunciado nº 20 CJF – “A taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a do art. 161,
§ 1º, do Código Tributário Nacional, ou seja, um por cento ao mês”.
Esse enunciado trouxe três críticas a primeira posição – (i) uma das críticas era o art. 192, §3º
CRFB/88 – dizia que o juros não poderiam superar 12% ao ano e a SELIC poderia superar
essa percentagem – esse dispositivo constitucional caiu por terra, pois foi revogado pela EC
40 de 2003; (ii) a segunda crítica é que na SELIC já estão embutidos juros e correção
monetária, assim se adotasse a SELIC atítulo de juros e mais correção monetária, que resulta
de lei, haveria esta última em duplicidade, o que propiciaria enriquecimento sem causa (bis
in iden) – essa crítica também está superado, pois ao saber que a SELIC engloba juros e
correção monetária, haveria apenas a aplicação da SELIC (STJ já disse isso em várias
ocasiões); (iii) a SELIC está associada a condução de política macroeconômica, sendo fixada
por ato discricionário do COPOM do Banco Central, já os juros de mora tem como função
indenizatória, se tratando de uma indenização mínima devida por força de lei nas obrigações
pecuniárias – assim, os fundamentos da fixação da SELIC não tem nada a ver com a função
dos juros de mora, além do problema de segurança jurídica.
Contudo, o STJ vem aplicando a taxa SELIC para os juros de mora – Embargos no REsp
727842, o principal argumento utilizado pelo STJ é que a SELIC teria o condão de reforçar o
vínculo obrigacional, pois até então a SELIC era maior que 1% ao mês. O STJ vai ter
oportunidade de julgar novamente a matéria no REsp 1031149.
Juros de mora indenização mínima devida por força de lei 
O art. 404, pú CC presumidamente permite que o juiz fixe indenização suplementar aos juros de mora, em se demonstrando prejuízo excedente, desde que não tenha havido cláusula penal – não deve. confundir esse dispositivo com o art. 416, pú CC, que traz na hipótese em que há fixação de cláusula penal e, por isso, há presunção relativa de que o juiz não pode fixar indenização suplementar, salvo se as partes acordarem em contrário – isso porque, caso não fosse assim, cairia por terra um dos pilares da cláusula penal que é a prefixação das perdas e danos.
Ate então Selic maior que 1% ao mês 
Art. 404, pú CC - Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo
pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
Havendo presunao relativa que não pode 
Art. 416, pú CC - Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode
o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido,
a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo
excedente.
Juros de mora contra fazenda art. 404 PU regra excepcional regra excepcional 
Quanto aos juros de mora contra a Fazenda Pública, existe a regra especial do art. 1º-F da Lei
9494/97, que prevê tanto critério de correção monetária como para juros de mora. Para correção monetária a norma afirma que deve ser aplicada os índices oficiais de remuneração básica de caderneta de poupança (TR), por sua vez quem define a TR para esse fim é o art. 12, I da Lei 8177/91. Já os juros de mora a norma legal prevê os juros aplicados a caderneta de poupança, art.1º- F, II da Lei 9494/97 (0,5% ao mês). As ADIs 4357 e 4425 enfrentaram a questão da constitucionalidade do art. 100, §12 CRFB/88, tendo sido reconhecida a inconstitucionalidade parcial desse dispositivo e, consequentemente, também do art. 1º-F da Lei 9494/97, pois sua redação era idêntica a da Constituição. Atenção que a declaração de inconstitucionalidade foi apenas parcial. A primeira inconstitucionalidade reconhecida foi em relação a atualização monetária, sob argumento de que a TR não preserva o valor monetário, violando, assim, a coisa julgada, bem como violaria o
princípio infraconstitucional do valorismo monetário (que se contrapõe ao princípio do nominalismo monetário, que a princípio estaria contemplado no art. 315 CC, mas são tantas as exceções no ordenamento jurídico, dentre as principais a correção monetária, devida por força de lei e independe de pedido, que se entende a regra não seria o nominalismo e sim o valorismo) – com isso, deve ser aplicado o IPCA. Quanto aos juros de mora, o STF declarou inconstitucional a expressão “independentemente da natureza”, pois quando a Fazenda é credora de tributos, cobra os juros de mora pela SELIC, então, por isonomia, quando ela for devedora de tributos também deverá aplicar a SELIC. Foram atribuídos efeitos ex nunc nas decisões dessas ADIs. STJ já entendeu em determinado julgado de que períodos deflacionários de índices negativos devem ser levados em conta na liquidação do crédito, desde que o valor ao final não seja inferior ao constante no título original – aqui o STJ aplicou o nominalismo monetário.
Juros de mora II L8.177 o que esta na lei correção monetária TR mais juros de moraa 0.5 ao mês 
Corre juros de mora contra Fazenda Pública entre a data do cálculo, ou seja, início da execução, e expedição do RPV ou precatório? A Fazenda Pública defende que não, pois a atual redação do art. 100, §5º CRFB/88 sugere que só haveria juros de mora se o precatório não for pago no exercício seguinte – juros de mora pressupõe atraso injustificável e se a Constituição Federal traz um prazo para a Fazenda pagar por precatório ou RPV, não haveria mora da Fazenda se pagasse dentro desse prazo. Além disso, ela também não poderia pagar espontaneamente, mesmo se quisesse, por haver um rito próprio para execução de débitos fazendários. Contudo, STF entendeu de maneira diferente no RE 579431 (objeto de repercussão geral), entendendo que enquanto persistir o inadimplemento da
Fazenda haverá juros de mora e o precatório/RPV seria como um certificado de inadimplemento do poder público – o ministro Marco Aurélio ainda entendeu que enquanto não for pago o crédito devido
Ocorre entre data de expedição e efetivo pagamento , incidência de juros de mora ate efetivo pagamento corre juros de mora entre calculo ROF e pregatorio tem sumula vinculante que pede observação de prazo haveria eternização de divida e novos juros de mora 
Divida se eternizando 
a Administração não perde o status de inadimplente, afirmando que a redação do art. 100, §12
CRFB/88 prevê a atualização dos valores requisitados até o efetivo pagamento, defendendo,
inclusive, que esse dispositivo reforça a tese de que não é mais aplicável a Súmula Vinculante nº 17 (que traz hipótese de depois da expedição do precatório até o efetivo pagamento), e no plano infraconstitucional o art. 1º-F da Lei 9494/97 diz que haverá a incidência dos juros de mora até o efetivo pagamento. Então, nesse julgado o Supremo fixou a tese de serem aplicáveis os juros de mora entre a data do cálculo e a data de expedição do precatório.
Precatório são certificados de inadimplemento adm. não perde status de inadimplente
Súmula Vinculante 17 - Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da
Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.
Argumento constitucional CJ TR não preserva valor monetário 
Nominalismo monetário contraponto 
 Violação Positiva do Contrato
O CC prevê duas espécies de inadimplemento: absoluto e relativo.
O inadimplemento absoluto, sinônimo de inadimplemento definitivo, pressupõe a impossibilidade do objeto ou a inutilidade do objeto. Essa impossibilidade do objeto é a impossibilidade superveniente, pois se for originária a hipótese será de nulidade (art. 104, II CC). A questão da inutilidade da prestação não depende do mero capricho do credor, em homenagem a boa-fé objetiva e princípio da conservação dos negócios jurídicos - Enunciado nº 162 CJF.
Se adota como regra valorizo monetário ,períodos deflacionários desdeque valor não seja inferior ao constante de titulo nominal 
Enunciado 162 CJF - A inutilidade da prestação que autoriza a recusa da prestação por
parte do credor deverá ser aferida objetivamente, consoante o princípio da boa-fé e a
manutenção do sinalagma, e não de acordo com o mero interesse subjetivo do credor.
Independente de natureza foi visto como inconstitucional fazneda credora de tributos ela cobra juros de mora pela Selic 
Efeitos ex nunc ao pronunciamento essa inconstitucionalidade 
Locatário se oferece para pagar dias 15 recusa é abuso de direito 
Principio da conservação em inadimplemento absoluto credor pode recusar 
Há uma terceira característica do inadimplemento que resulta da boa-fé objetiva, sendo construção doutrinária e jurisprudencial, chamada violação positivado contrato. As outras duas características são normalmente associadas a uma conduta omissiva da parte, já nessa terceira característica ocorre por uma conduta comissiva do sujeito. Existem três manifestações dessa violação positiva do contrato:
1- Violação dos deveres anexos – quando se transgride nos deveres anexos, se está incorrendo
no inadimplemento contratual. A princípio, a transgressão dos deveres anexos não se
encaixaria na mora ou no inadimplemento absoluto, o que demonstra da insuficiência dessas
categorias clássicas diante da boa-fé objetiva. Nesse caso, caberia a resolução do contrato,
perdas e danos, bem como a exceção do contrato não cumprido.
Três manifestações , violação de deveres anexos , anexo sigilo informação gera inadimplemento nãos era nem mora nem inadimplemento absoluto insuficiência de categorias clássicas cabe resolução e contrato , perdas e danos , exceção contrato não cumprido , 
Judith Martins Costa defende que deve haver distinção entre os deveres anexos de prestação
dos deveres anexos de proteção. Deveres anexos de prestação estão intimamente
relacionados ao cumprimento da prestação pactuada – exemplo: venda de produto de difícil
manuseio sem o manual de instruções, aqui haveria violação do dever anexo de proteção. Já
o dever anexo de proteção não se correlaciona diretamente com a prestação pactuada –
exemplo: um artista contrata um pintor para pintar sua casa, após o término do serviço o
pintor pega algumas fotos do artista e revela nas redes sociais. Para Judith só haveria
relevância em falar em violação positiva do contrato, como uma categoria autônoma de
inadimplemento, no caso de transgressão do dever anexo de proteção, pois se for de dever
anexo de prestação haveria a mora ou inadimplemento absoluto – sendo, porém, posição
minoritária na doutrina.
Evitar problemas desnecessários dever atrelado ao pagamento imagem venda de produto dificílimo manuseio sem manual de instruções inviabiliza efetividade de pagamento 
2- Quebra antecipada do contrato ou inadimplemento antecipado – Enunciado 437 CJF (“a
resolução da relação jurídica contratual também pode decorrer do inadimplemento
antecipado”). Dentro das categorias clássicas do inadimplemento, não se vislumbrava o
inadimplemento antes do vencimento do prazo pactuado. Já a quebra antecipada vem nesse
contexto, permitindo o inadimplemento anterior ao vencimento sempre que se possa
verificar, pela conduta expressa ou tácita do devedor, este não cumprirá o pactuado. Julgado
do STJ sobre o tema – REsp 309626 – o sujeito comprou o imóvel na planta e, faltando três
meses para a entrega, o prédio ainda estava na fundação.
Inadimplemento antecipado 
A princípio a quebra antecipada gera uma pretensão resolutória do negócio jurídico. Isso que
a diferencia com o vencimento antecipado da dívida (arts. 333 e 1.425 CC), cuja a pretensão
não é resolutória, pois a parte pode exigir antes do tempo o cumprimento da prestação
oposta.
Conduta expressa ou tácita que esse não cumprira o pactuado três meses para entrega e construtora alegava tenho três meses quebra antecipada de contrato 
Há uma colisão entre a quebra antecipada e o princípio da conservação do negócio jurídico.
Pretensão não é resolutória mas se exigie cumprimento de prestação opostas 
A consequência disso é que a quebra antecipada, no sentido de autorizar a pretensão
resolutória, pressupõe juízo de certeza quanto ao inadimplemento no futuro. Para as hipótese 
em que não há juízo de certeza, mas apenas uma dúvida quanto a possibilidade de
cumprimento da prestação naquele determinado prazo, o Anderson Schreiber defende a
aplicação extensiva do art. 477 CC (exceção de insegurança), no qual permite a parte
reivindique a suspensão da exigibilidade de sua própria prestação. O Enunciado 438 CJF
parece vir em consonância com esse entendimento. Essa aplicação extensiva viria em
consonância com o princípio da conservação dos atos do negócio jurídico.
Não se confunde com vencimento antecipado de divida 
Embate entre quebra antecipada a e principio de conservação consequência , quebra antecipada tem juízo de certeza , hospital em 8 meses juízo de duvida , 
Aplicação extensiva , autoriza resolução e analogia , 
Art. 477 CC - Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes
diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela
qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça
a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
Mesmo pagando dia 10 ele provavelmente não vai pagar dia 20 dificuldade patrimonial superveniente de outra parte 
Vindica suspensão de exigibilidade de sua própria prestação , 
Aplica extensivamente em solução sem J de certeza E parece 
Enunciado 438 CJF - A exceção de inseguridade, prevista no art. 477, também pode ser
oposta à parte cuja conduta põe, manifestamente em risco, a execução do programa
contratual.
Aplicação extensiva e não fique evite juízo de certeza consonância principio de conservação 
Até que ponto a alegação da quebra antecipada pelo credor não é um dever e sim um direito?
Há quem defenda que a inércia do credor, em não agir proativamente e suscitar a quebra
antecipada, retiraria dele a pretensão de reparação integral de danos com aplicação do duty to
mitigate the loss (Enunciado 169 CJF). Se por um lado o credor faz jus a reparação integral
de danos, por outro “o princípio da boa-fé objetiva deve levar ao credor o agravamento do
próprio prejuízo”. Essa inércia “injustificável” do credor aniquilaria a possibilidade de exigir
a reparação integral dos danos suportados.
Esse entendimento é discutível, pois se por um lado há o duty to mitigate the loss em
detrimento do credor, poderíamos aplicar a tu quoque em detrimento do devedor, pois estaria
prestigiando o devedor inadimplente.
3- Cumprimento defeituoso – o defeito deve ser substancial para se equiparar ao
inadimplemento. Exemplo: pessoa jurídica contrata uma empresa de publicidade para fazer
um layout de outdoor e espalhar o anuncia pelos outdoor da cidade, a arte fica ótima, só que
a empresa de publicidade coloca os anúncios em locais a ermo na cidade.
Há quem defenda, de forma minoritária na doutrina, que a questão da violação positiva do
contrato se esvazia no ordenamento jurídico brasileiro, ante a ampla definição legislativa de mora – tradicionalmente a mora está ligada ao atraso injustificado, mas o legislador define a mora quanto ao tempo, lugar e forma.
Definição de mora art. 394 vai muito além de mora 
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I
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TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
 
II
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REPRESENTAÇÃO
 
III
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PRESCRIÇÃO
 
IV
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JUROS DE MORA CONTRA FAZENDA PÚBLICA
 
V
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VIOLAÇÃO POSITIVA DO CONTRATO
 
 
Direito Constitucional 
–
 
Prof. Fabrício Carvalho Aula 3
 
 
Direito Civil Aula 3 (13/03/19)
 
?
 
Teoria do adimplemento substancial
 
O art. 475 CC diz que o credor, vítima do inadimplemento, pode optar entre a resolução do 
contrato
 
ou exigir o cumprimento da prestação. O que se sustenta pela teoria do 
adimplemento substancial é
 
que aquele recebe a qu
ase totalidade da prestação, não pode 
optar pela resolução do
 
contrato, só
 
restando a exigência da prestação remanescente.
 
 
Essa teoria não tem previsão normativa, pois aqui se trata de abuso de direito. O abuso de 
direito, art.
 
187 CC, é um ato antijuríd
ico que não se confunde com ato ilícito stricto sensu do 
art. 186 CC. No
 
abuso do direito o sujeito exerce o direito em desarmonia com os valores e 
princípios do sistema, a
 
limitação do abuso é axiológica, valorativa. Já no ato ilícito stricto 
sensu o suje
ito viola o texto
 
positivo.
 
 
O direito de optar entre a resolução ou exigir o cumprimento da prestação, do art. 475 CC, é 
direito
 
PGM-RJ - TURMA INTENSIVA – 2019 
Direito Constitucional – Prof.Fabrício Carvalho Aula 3 
 
SUMÁRIO 
 
 
I- TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL 
II- 
REPRESENTAÇÃO 
III- 
PRESCRIÇÃO 
IV- 
JUROS DE MORA CONTRA FAZENDA PÚBLICA 
V- 
VIOLAÇÃO POSITIVA DO CONTRATO 
 
Direito Constitucional – Prof. Fabrício Carvalho Aula 3 
 
Direito Civil Aula 3 (13/03/19) 
? Teoria do adimplemento substancial 
O art. 475 CC diz que o credor, vítima do inadimplemento, pode optar entre a resolução do 
contrato ou exigir o cumprimento da prestação. O que se sustenta pela teoria do 
adimplemento substancial é que aquele recebe a quase totalidade da prestação, não pode 
optar pela resolução do contrato, só 
restando a exigência da prestação remanescente. 
 
Essa teoria não tem previsão normativa, pois aqui se trata de abuso de direito. O abuso de 
direito, art. 187 CC, é um ato antijurídico que não se confunde com ato ilícito stricto sensu do 
art. 186 CC. No abuso do direito o sujeito exerce o direito em desarmonia com os valores e 
princípios do sistema, a limitação do abuso é axiológica, valorativa. Já no ato ilícito stricto 
sensu o sujeito viola o texto positivo. 
 
O direito de optar entre a resolução ou exigir o cumprimento da prestação, do art. 475 CC, é 
direito

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