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1 Curso elaborado por Rubenilda Nogueira 2 Sumário Definição Etiologia Denominações Causa Características Fisiológicas Fatores associados a dor anginosa típica Manifestações Clinicas Fatores de risco Tipos de angina Classificação da Angina Instável Diagnóstico Tratamento Complicações Diagnóstico de enfermagem Plano de cuidados de enfermagem Referência 3 Definição É uma síndrome clinica, caracterizada por episódios de dor súbita em repouso, com maior frequencia, que tem limiar de dor menor e com duração de 5 a 25 minutos. Algumas pessoas sentem a angina (dor no peito) sempre que o coração trabalha mais forte (atividades físicas, emoção, baixas temperaturas), de forma que, com o tempo e a frequência do evento, ela passa a ser até previsível. Tem durabilidade curta, de até 10 minutos e melhora espontaneamente quando o fator desencadeador é cessado. Este tipo de dor torácica é denominada como angina estável ela e aumenta a probabilidade de um ataque cardíaco no futuro. Em outros casos, quando a dor iniciou com atividade física de menor intensidade do que antes (até mesmo em repouso), tem duração mais longa de cerca de 20 minutos e não tem melhora com o afastamento do fator causal e mesmo com uso de algumas medicações, denominamos de angina instável. Etiologia 4 Reside no fluxo sanguíneo coronariano insuficiente, resultando em um suprimento de oxigênio diminuído quando a demanda miocárdica aumentada para o oxigênio em resposta ao esforço físico ou estresse emocional. 5 Denominações Também conhecida como Angina pré-infarto ou Angina em crescimento. 6 Causa A principal é a doença arterial coronariana, ou seja, a presença de placas de ateromas na parede do vaso. A angina instável costuma aparecer após uma complicação em um ateroma. 7 Características Fisiológicas Anatomia das Artérias Coronárias e Fatores Determinantes da Isquemia A isquemia do miocárdio, como seus correspondentes clínicos, a angina de peito e o infarto do miocárdio, surge quando as necessidades metabólicas do miocárdio excederam a oferta. A oferta é representada pelo sangue oxigenado que flui pelas artérias coronárias. A distribuição das artérias coronárias será descrita e esquematizada porém será revista de modo resumido. A artéria coronária esquerda ramifica-se nas artérias descendentes anterior esquerda e circunflexa esquerda. A artéria descendente anterior esquerda é habitualmente a maior das três artérias coronárias e estende-se sobre a superfície anterior do ventrículo esquerdo até o ápice do coração. Ela freqüentemente curva-se em torno do ápice, em direção à superfície inferior do coração, de onde prossegue por uma distância variável. Essa artéria supre a superfície anterior do ventrículo esquerdo e, através dos ramos perfurantes distais, os dois terços anteriores do septo interventricular. Da artéria descendente anterior esquerda originam-se, também, um ou mais ramos diagonais que suprem a superfície lateral da parede anterior. A artéria circunflexa esquerda apresenta um trajeto lateral, entre o ventrículo esquerdo e o átrio esquerdo, o sulco atrioventricular. Seu primeiro ramo maior é a artéria .marginal obtusa, que supre a parede lateral do ventrículo esquerdo. Ocasionalmente, um grande vaso denominado de artéria intermediária ou ramo intermediário supre a parede lateral do ventrículo esquerdo e origina-se como um terceiro ramo separado da artéria coronária esquerda principal e, não, como um ramo diagonal da artéria descendente anterior esquerda ou como um ramo marginal da artéria circunflexa. A anatomia da artéria circunflexa esquerda varia consideravelmente, podendo existir vários ramos marginais. A artéria circunflexa habitualmente afila-se num vaso menor que supre a parede ventricular esquerda posterior. A artéria coronária direita segue um trajeto entre o átrio direito e o ventrículo direito, no sulco atrioventricular, em direção à superfície posterior do coração. Ela é a principal artéria que supre o ventrículo direito através dos ramos ventriculares direitos e ramos marginais agudos. Na região posterior do septo interventricular, ela forma uma cruz da qual se origina, na maior parte das pessoas, a pequena, porém, importante artéria do nódulo atrioventricular. Aproximadamente no mesmo local, o vaso divide-se numa artéria descendente posterior e num ramo ventricular esquerdo posterior. A artéria descendente posterior segue ao longo do septo interventricular, em direção ao ápice e supre o terço posterior do septo interventricular. O ramo ventricular esquerdo posterior, de modo variável, supre a parede posterior do ventrículo esquerdo. De um modo geral, as artérias coronárias circunflexa e direita relacionam-se reciprocamente quanto ao tamanho. As artérias coronárias que suprem a circulação posterior são classificadas como dominantes caso dêem origem às artérias do nódulo atrioventricular e descendente posterior. A artéria coronária direita é dominante em 85% dos indivíduos masculinos e em 95% dos femininos. Com uma artéria coronária esquerda dominante, a artéria circunflexa é um grande vaso que continua ao longo da parede ventricular esquerda posterior e dá origem às artérias descendente posterior e ao nódulo atrioventricular. A artéria do nódulo sinusal, que supre de sangue o nódulo sinoatrial, assim como grande 8 parte do átrio direito, origina-se dos primeiros poucos centímetros da artéria circunflexa esquerda em aproximadamente 45% dos indivíduos e dos primeiros poucos centímetros da artéria coronária direita em 55%. Embora os principais aspectos da anatomia das artérias coronárias sejam iguais na maioria das pessoas, existe uma grande variação individual. Na verdade, com a possível exceção de gêmeos monozigóticos, provavelmente não há duas pessoas com artérias coronárias idênticas! Uma obstrução significativa da artéria coronária freqüentemente resulta no desenvolvimento de vasos colaterais entre as principais artérias coronárias. A circulação colateral intercoronária serve à importante função de fornecer sangue ao miocárdio suprido por um vaso severamente estreitado ou totalmente ocluído. Assim, uma circulação colateral intercoronária bem desenvolvida pode diminuir a angina resultante de um vaso severamente estreitado ou reduzir a quantidade de miocárdio infartado se ocorrer oclusão da coronária. A extensão da circulação colateral varia consideravelmente entre os indivíduos. O mais comum dos processos patológicos que impedem o fluxo de sangue através das artérias coronárias é, sem qualquer sombra de dúvida, a aterosclerose. A aterosclerose coronária geralmente é mais acentuada nas partes proximais dos vasos maiores e tende a localizar-se nos locais de ramificação. James mostrou que existem várias condições nas quais tanto as artérias coronárias de pequenas dimensões, quanto as arteríolas medindo de 0,1 a 0,2 mm de diâmetro podem ser ocluídas. Estas condições incluem a síndrome de Marfan e alguns estados degenerativos neuromusculares associados a anormalidades cardíacas. A obstrução de pequenos vasos pode resultar também de processos inflamatórios como o lúpus eritematoso sistêmico, a poliarterite nodosa, a miocardite reumática, a artrite reumatóide, a esclerodermia ou a lesão por radiação do coração. A trombocitopenia trombótica, a necrose medial hereditária, a amiloidose ou os microêmbolos também podem causar lesões obstrutivas das pequenas artérias coronárias. O quadro clínico causado pela obstrução de pequenosvasos é mais sugestivo de miocardiopatia do que de isquemia coronária. A oclusão embólica de uma artéria coronária maior é rara. As causas de embolia coronária incluem valvas cardíacas protéticas, endocardite bacteriana, trombo mural intracardíaco e fibrilação atrial. A embolia coronária é encontrada ocasionalmente em indivíduos, quanto ao mais, aparentemente saudáveis. As causas não-ateroscleróticas de obstrução de artérias coronárias de grande calibre são raras. Fisiologia do Fluxo Sangüíneo Coronário e Patogênese da Angina O coração é quase que totalmente dependente de oxigênio para sua viabilidade. O oxigênio é quase maximamente extraído do sangue arterial numa única passagem através do miocárdio. O sangue arterial entra no coração com uma saturação de aproximadamente 95% e o sangue venoso sai, através do seio coronário, com uma saturação de aproximadamente 30%. O consumo miocárdico de oxigênio (MVO2) e o fluxo sangüíneo coronário estão intimamente vinculados, no sentido de que um aumento da demanda de oxigênio, imposta por um aumento do trabalho cardíaco, leva a um 9 aumento proporcional do fluxo coronário. O fluxo sangüíneo coronário normal, em repouso, é de 0,7 a 0,9 ml/g de músculo ventricular esquerdo por minuto. Com exercício, o fluxo coronário pode aumentar até quatro a cinco vezes acima do nível de repouso, para compensar o aumento do MVO2 . No caso de doenças das artérias coronárias, duas respostas são possíveis quando o MVO2 aumenta sem que haja um aumento concomitante do fluxo coronário: um aumento da extração de oxigênio e uma mudança para o metabolismo anaeróbico. Porém, como observamos, a extração de oxigênio pelo miocárdio é quase máxima nas condições basais. Qualquer aumento da extração, em resposta a um aumento do MVO2 é, por esse motivo, mínimo. O metabolismo anaeróbico, a segunda resposta potencial ao aumento do MVO2 no contexto de um fluxo de sangue coronário fixo, pode ser mantido pelo miocárdio durante apenas alguns minutos antes que ocorra uma lesão isquêmica irreversível. Presumivelmente, algum produto do metabolismo anaeróbico estimula as terminações nervosas aferentes no coração isquêmico, provocando a sensação percebida como angina de peito. A natureza exata desta substância não é clara, embora saiba-se que o ácido lático, produzido em grandes quantidades durante o metabolismo anaeróbico, não é o responsável. O conhecimento dos determinantes do MVO2 é crucial para uma apreciação da fisiologia da doença arterial coronária. Os principais determinantes são os seguintes: 1. O trabalho sistólico do coração. O trabalho sistólico é uma função da freqüência cardíaca, da pressão arterial sistólica e da duração da sístole. 2. Tensão da parede ventricular. A relação de Laplace afirma que a tensão na parede de uma esfera é diretamente relacionada ao raio da esfera. Apesar de o ventrículo esquerdo não ser perfeitamente esférico, demonstrou-se que a relação de Laplace era válida para o coração. Assim, o aumento do coração leva a maiores tensões de parede e resulta num aumento do MVO2. Isto pode explicar em parte por que pacientes com angina freqüentemente observam um aumento da dor coincidentemente com o desenvolvimento de insuficiência cardíaca. 3. O estado de inotropismo ou contratilidade. O inotropismo e, portanto, o MVO2, varia diretamente com a atividade simpática. Além disso, muitas drogas afetam o inotropismo miocárdico. Agentes inotrópicos positivos, como os glicosídeos digitálicos e as drogas estimulantes betaadrenérgicas, aumentam o MVO2, enquanto drogas com um efeito inotrópico negativo, como os agentes bloqueadores betaadrenérgicos e os bloqueadores de canais de cálcio, o diminuem. 4. A massa de músculo cardíaco. Fatores determinantes menos importantes do MVO2 são: (1) a energia necessária para o acoplamento excitação-contração e o início e a propagação do impulso cardíaco e (2) o volume sistólico. A angina do peito ocorre quando as demandas miocárdicas ultrapassam a oferta de oxigênio ao miocárdio. Embora a sua causa mais comum seja um estreitamento arteriosclerótico significativo de uma ou mais artérias coronárias de maior calibre, a 10 angina pode ocorrer na ausência de patologia arterial coronária obstrutiva, quando a demanda miocárdica de oxigênio exceder a oferta. Um exemplo disso seria uma grave estenose de valva aórtica, na qual a acentuada hipertrofia ventricular esquerda, a duração prolongada da sístole e a elevada pressão intraventricular podem elevar o consumo miocárdico de oxigênio a um nível suficiente para impedir que mesmo artérias coronárias normais forneçam um fluxo adequado. Outros exemplos de condições nas quais pode ocorrer angina com artérias coronárias normais incluem a hipertensão sistêmica, a regurgitação aórtica e a miocardiopatia hipertrófica. Raros pacientes podem apresentar angina clássica com artérias coronárias normais e um miocárdio normal. Um grupo desses pacientes foi estudado por Cannon e colaboradores e foram descritos como apresentando uma "reserva vasodilatadora reduzida", isto é, uma incapacidade para dilatar o leito arteriolar coronário de modo suficiente a produzir um aumento adequado do fluxo sangüíneo em resposta a um aumento do MVO2, apesar da presença de artérias coronárias, de resto, normais. Espasmo de artérias coronárias Já em 1910, Sir William Osler havia postulado a existência e a importância potencial do espasmo das artérias coronárias. Em 1959, Prinzmetal e colaboradores descreveram o que eles denominaram de angina variante, uma síndrome de dor isquêmica que ocorria em episódios isolados, não- relacionados ao esforço e associados a elevações do segmento ST no ECG feito durante a dor. Eles postularam, também, que esta entidade era relacionada ao espasmo de grandes artérias coronárias. Entretanto, foi apenas durante a última década que se desenvolveu um enorme interesse pelo espasmo de artéria coronária, estimulado principalmente pelo marcante estudo de Maseri e colegas. Estes pesquisadores demonstraram, de forma conclusiva, que o espasmo das artérias coronárias maiores desempenha um importante papel na isquemia coronária e constitui uma causa maior da angina em repouso. As evidências de que espasmos clinicamente importantes podem desenvolver-se nas artérias coronárias epicárdicas maiores baseiam- se em várias observações, das quais as três seguintes são as mais importantes. Em primeiro lugar, em pacientes com dor isquêmica resultante de espasmo, a dor precede o desenvolvimento de quaisquer aumentos aparentes do MVO2, em contraste com a angina clássica, na qual a dor se segue ao aumento do MVO2, Assim, no espasmo, o evento desencadeante é uma diminuição primária da oferta de sangue ao Miocárdio e não um aumento da demanda. Em segundo lugar, as imagens obtidas com radionuclídeos demonstraram que a isquemia resultante de espasmo está associada a defeitos transitórios da perfusão regional em áreas correspondentes à distribuição das alterações eletrocardiográficas que acompanham o episódio. Finalmente, um espasmo reproduzindo a dor e as alterações do segmento ST foi claramente demonstrado na arteriografia coronária, ocorrendo espontaneamente ou sendo precipitado por drogas, tais como: os alcalóides do ergot. Na maioria dos casos que se manifestam clinicamente por angina variante não há nenhuma causa claramente identificável. É praticamente certo, entretanto, que o espasmo é a expressão final comum de vários estímulos diferentes que levam à contração dos músculos lisos na parede da artéria coronária. Entre as várias causas postula das ou comprovadas de espasmo de artérias coronárias estão as seguintes: 1. Aumento do tônus autônomo, especialmente estimulação simpática. Apesar de haver uma grande variação entre as espécies, no que se refere à reatividade das artériascoronárias, a estimulação de receptores alfaadrenérgicos, no ser humano, geralmente 11 causa vasoconstrição, enquanto a estimulação betaadrenérgica causa vasodilatação coronária. A estimulação simpática é, muito provavelmente, o mecanismo através do qual se pode provocar um espasmo reflexo das artérias coronárias, por vários estímulos, como, por exemplo, o frio, a dor intensa e os exercícios. O teste pressórico pelo frio, de fato, tem sido usado como teste provocador do espasmo coronário. Nós acompanhamos duas pacientes com espasmo coronário provado por cateterismo e angina variante cujos sintomas apareciam apenas com grave estresse emocional. O papel da estimulação parassimpática como causa de espasmo coronário é incerto, porém drogas parassimpaticomiméticas como, por exemplo, a metacolina, podem desencadear espasmo em certos pacientes. A metacolina também tem sido usada, clinicamente, como teste provocador de espasmo. 2. Anormalidades localizadas do músculo liso da artéria coronária. Foi postulado que partes da parede arterial podem apresentar anormalidades qualitativas ou quantitativas da musculatura lisa, tornando a artéria suscetível ao desenvolvimento de espasmo. A ocorrência, previamente observada de espasmos freqüentes no local de uma placa arteriosclerótica, levou a especulações de que a placa poderia causar hipercontratilidade da parede arterial adjacente ou tornar a parede arterial hipersensível às influências vasoconstritoras. Barger e colegas demonstraram uma intensa neovascularização localizada nas placas ateromatosas, levantando a possibilidade de que plaquetas ou fatores humorais relacionados aos vasos sangüíneos poderiam causar o espasmo. 3. Fatores humorais. Podem ser sistêmicos, como as catecolaminas circulantes ou os componentes do sistema das prostaglandinas, ou podem ser substâncias localizadas, tais como: os produtos vasoconstritores, especialmente o tromboxano A, liberados pelas plaquetas agregadas. Evidências recentemente observadas sugerem que o próprio endotélio pode desempenhar um papel importante na reatividade vascular e que a função endotelial pode ser marcadamente alterada pela arteriosclerose. 4. Drogas. Já fizemos referência aos alcalóides do ergot e à metacolina. A ergonovina é a mais comum das drogas usadas diagnosticamente para tentar desencadear o espasmo de artérias coronárias. Nós observamos dois casos de espasmo de artéria coronária em resposta ao uso de broncodilatador para tratamento de asma, ambos ocorrendo em indivíduos do sexo feminino com artérias coronárias angiograficamente normais. Outros agentes farmacológicos têm sido implicados no espasmo de artérias coronárias, incluindo a aspirina, outros inibidores da síntese das prostaglandinas, a pilocarpina e a vasopressina. Além disso, observou-se que as drogas bloqueadoras betaadrenérgicas raramente desencadeiam espasmos. Este efeito pode resultar tanto da interferência com o efeito vasodilatador da estimulação betaadrenérgica quanto do aparecimento de dominância de receptores alfaadrenérgicos e conseqüente constrição arterial. Nós encontramos dois pacientes jovens com angina variante de aparecimento coincidente com uso de cocaína. Ambos apresentavam artérias coronárias normais. O espasmo de artéria coronária induzido por cocaína tem sido relatado como um mecanismo de infarto miocárdico e morte súbita em indivíduos que fazem uso abusivo da droga.um de nossos colegas acompanha a evolução de um homem que desenvolve grave angina quando ingere álcool. Esta associação foi relatada por outros, também. 5. Irritação mecânica. A inserção de um cateter numa artéria coronária freqüentemente desencadeia um espasmo, especialmente da artéria coronária direita. Entretanto, esse espasmo induzido por cateter raramente tem conseqüências e não se acredita que seja um previsor da presença de espasmos espontâneos. 12 Indubitavelmente existem muitas outras causas de espasmo de artéria coronária, ainda não descobertas. Por exemplo, nós observamos angina variante num jovem de 16 anos de idade com mononucleose infecciosa e artérias coronárias normais e num homem de 31 anos de idade com miocardite por vírus. Nenhum dos dois pacientes apresentava evidências de pericardite. A angina associada com espasmo de artéria coronária resulta do espasmo nos vasos epicárdicos maiores ("de condutância"). Entretanto, os vasos arteriolares coronários ("de resistência") são também capazes de sofrer alterações importantes do tônus vascular, e aumentos ou diminuições da resistência arteriolar coronária podem ser responsáveis por muitos aspectos da síndrome anginosa. Na angina relacionada à excitação, na angina pós-prandial e na angina relacionada a tempo frio, boa parte do quadro parece estar relacionada ao aumento transitório da resistência arteriolar coronária. 13 Fatores associados a dor anginosa típica Esforço físico que pode precipitar um ataque ao aumentar a demanda de oxigênio ao miocárdio; exposição ao frio que pode causar vasoconstricção e pressão arterial elevada com demanda aumentada de oxigênio; ingesta de refeições pesadas que aumenta o fluxo sanguíneo para a área mesentérica para a digestão reduzindo assim o suprimento sanguíneo disponível para o musculo cardíaco; estresse ou qualquer situação geradora de emoção causando a liberação de catecolaminas, que aumenta a pressão arterial, frequência cardíaca e carga de trabalho miocárdica. 14 Manifestações Clinicas Nem todos os indivíduos com isquemia miocárdica apresentam angina do peito. Este processo é chamado de isquemia miocárdica silenciosa. Os pacientes costumam perceber as crises de angina do peito como uma sensação de pressão, aperto ou queimação, na região central do tórax. A dor também pode atingir os ombros ou irradiar-se pela face interna dos membros superiores, costas, pescoço, maxilar ou região superior do abdômen. Muitos indivíduos descrevem a sensação mais como um desconforto ou uma pressão do que uma dor propriamente dita. Tipicamente a angina do peito é desencadeada pela atividade física, dura alguns poucos minutos (3 a 15 minutos) e desaparece com o repouso ou com o uso de nitratos (vasodilatadores coronarianos). A dor da angina do peito não costuma piorar com a respiração ou movimentação do tórax. O estresse emocional também pode desencadear ou piorar as crises de angina do peito. 15 http://www.soenfermagem.net/cursos/mod/page/view.php?id=377 16 Fatores de risco Sexo masculino > feminino; Hereditariedade; Idade; Dislipidemia; Tabagismo; Hipertensão arterial; Diabetes mellitus; Sedentarismo; Obesidade; Estresse. 17 Tipos de angina Angina Estável: dor previsível e consistente que ocorre sob esforço e é aliviada pelo repouso. Angina Instável: o limiar da dor é menor, e a dor pode ocorrer em repouso. Angina Intratável ou Refratária: dor torácica intensa e incapacitante. Angina Variante: dor em repouso com elevação reversível do segmento ST. Isquemia Silenciosa: evidencia objetiva de isquemia, mas o paciente não relata sintomas. 18 Classificação da Angina Instável Pode ser classificada quanto à gravidade dos sintomas: Classe I: angina de início recente (menos de 2 meses), freqüente ou acentuada intensidade (3 vezes ou mais ao dia), acelerada (mais freqüente ou desencadeada por pequenos esforços); Classe II: angina de repouso subaguda (1 ou mais episódios em repouso no últimos 30 dias, sendo o ultimo episódio ocorrido a mais de 48 horas); Classe III: angina de repouso aguda (1 ou mais episódios em repouso nas ultimas 48 horas). 19 Diagnóstico Descrição dos sintomas: feito pelo paciente. ECG: é o primeiro exame a ser realizado de forma seriada. Dosagem das enzimas cardíacas: é realizada de forma seriadas. Teste de esforço ou ergométrico: para detecção de isquemia miocárdica poderão ser realizados. Cintilografia de perfusão miocárdica: (estudo das substâncias radioativas) poderá ser combinada com o teste de esforço. Ecocardiograma de estresse: que é realizado em repouso e durante o estresse com exercícios físicos ou após a infusão de uma droga, chamada dobutamina. Cateterismo cardíaco e cineangiocoronariografia: que são indicados para pacientes com diagnostico de angina instável classe III, ou seja, de alto risco e com risco de morte súbita. 20 21 22 Tratamento Como a angina instável costuma ser uma emergência médica, seu tratamento deverá ser realizado em ambiente hospitalar, sem em grande parte dos casos na UTI. Farmacológico Betabloqueadores: reduzem o consumo miocárdico de oxigênio, reduz a FC, diminui a PA, reduz a contratibilidade miocárdica. Ex: Seloken (Metoprolol); Nitratos (Vasodilatadores): reduzindo a pressão de enchimento (pré-carga). Ex: Isordil (Dinitrato de Isossorbida); Bloqueadores do canal de cálcio: diminui a força de contração do músculo cardíaco, a PA e carga de trabalho do ventrículo esquerdo. Aumentando a perfusão arterial coronariana, o suprimento miocárdico de oxigênio. Ex: Norvasc (Besilato de Anlodipino); Antiplaquetário: impede a ativação plaquetária e reduz a incidência de infarto de miocárdio e morte nos pacientes com doenças agudas do coração. Ex: Aspirina, ASS (Ácido Acetilsalicílico); Anti-histamínico: inibidores da bomba de prótons para proteção da mucosa gástrica. Ex: Antak (Ranitidina); Anticoagulante: reduz potencialmente o risco de eventos isquêmicos. Ex: Clexane (Enoxaparina); Antilipêmicos: diminui o colesterol LDL e o Total e aumenta ligeiramente o HDL, reduzindo o colesterol VLDL e os triglicerídeos resultando na diminuição do infarto do miocárdio/ AVC e de revascularização miocárdica. Ex: Zocor (Sinvastatina); Antagonistas do receptor da angiotensina II (ARA II): bloqueiam o efeito da angiotensina II agindo como um antagonista diminuindo a PA. Ex: Aradois (Losartana); Laxativo: aumenta a pressão osmótica no colon, promovendo o aumento de água nas fezes. Ex: Lactulona ( Lactulose); Ansiolíticos: diminui a ansiedade, induz o sono, relaxamento muscular; reduz do estado de alerta. Ex: Rivotril (Clonazepam); Cirúrgico Angioplastia Coronariana: consiste na punção de uma artéria de grande calibre, na qual será induzido um cateter com um balão na sua extremidade, direcionando-o até a artéria coronariana obstruída, em seguida este cateter balão será insuflado sob alta pressão, para comprimir a placa de ateroma contra a parede arterial desobstruindo-a. Nesta ocasião poderá ser liberada uma estrutura metálica, chamada de stent, no local da obstrução coronariana. 23 Revascularização miocárdica (Cirurgia de Ponte de Safena): A revascularização miocárdica consiste na enxertação de veias ou artérias, desde a aorta até um ponto da artéria coronariana após a obstrução desviando o sangue. Geralmente as veias utilizadas para o implante são as dos MMII, principalmente a safena daí o nome. 24 Complicações Arritmias cardíacas; Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC); Distúrbio da condução elétrica do coração; Infarto do miocárdio; Morte súbita do paciente. 25 Diagnóstico de enfermagem Problema Identificado Diagnostico de Enfermagem Característica Definidora Fatores de Risco Preocupação Ansiedade Preocupado Ameaça ao estado de saúde Dispnéia Intolerância a atividade Alteração do ECG refletindo isquemia e desconforto ao esforço Desequilíbrio entre a oferta e demanda de O2 Troca de gases prejudicada Cianose Desequilíbrio na ventilação perfusão Dor torácica Déficit no auto cuidado para alimentação Incapacidade de completar uma refeição Dor e desconforto Dor Torácica Déficit no auto cuidado para banho e higiene Incapacidade de acessar o banheiro Dor Déficit no autocuidado para higiene íntima Incapacidade de chegar ao banheiro Dor, fraqueza cansaço Deambulação prejudicada Capacidade prejudicada de percorrer as distancia necessárias Dor Dor aguda Alterações na pressão arterial, relato verbal de dor, mudança de Agentes lesivos (biológicos, químicos, físicos, psicológicos) 26 frequência cardíaca 27 Plano de cuidados de enfermagem Colocar o paciente em repouso absoluto no leito com cabeceira elevado a 45º; Monitorização eletrocardiográfica continua; Avaliar nível de consciência; Promover um ambiente silencioso e calmo; Evitar situações de estresse; Puncionar acesso venoso periférico; Administrar medicações prescritas e avaliar medicamentosa a dor; Administrar oxigenioterapia quando necessário; Realização de ECG em repouso e durante a dor; Verificar SSVV; Avaliar e registrar evolução da dor; Realizar higiene do paciente; Supervisionar as visitas; Evitar administrar medicamentos por via IM; Instalar Sonda Vesical de demora; Realizar BH; Estimular a ingestão de dieta anticonstipante, hipossódica, hipocalórica. 28 Referência BRUNNER & SUDDARTH; Tratado de Enfermagem Médico- Cirurgica; 11º Ed; Rio de Janeiro, RJ; Guanabara Koogan; 2009. Diagnóstico de enfermagem da NANDA: definições e classificações 2007-2008; Porto Alegre, PR; Artmed; 2008. Dicionário de Administração de Medicamentos na Enfermagem 2007/2008; 5º edição; Rio de Janeiro; EPUB; 2006. FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida de; Ensinando a cuidar e clientes em situações clínicas e cirúrgicas; 6º Ed.; 2º reimpressão; São Caetano do Sul, SP; Difusão Enfermagem; 2003. MANENTI, Euler; Síndromes coronarianas agudas; Rev. Med UCPel; v. 2; n2; jul/dez; Pelotas; 2004. 29 30
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