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Módulo 6 - Materiais Naturais e Artificiais 
 
Cerâmicas e vidros 
As cerâmicas nasceram da observação da plasticidade do material argiloso com o qual se pode 
criar as mais diversas formas e utensílios. 
 
Tipos de argila - 1 - Refratária; 2 - Argila vermelha; 3 – Argila para Grés; 
4 – Ball Clay; 5 - Caulim; 6 – Bentonita; 7 – Argila para louça 
 
Fonte: (VIGUÉ, J. e CHAVARRIA, J.;1997) 
Dos diversos tipos de argila naturais que conhecemos destacam-se: 
A argila refratária que tem alta resistência ao fogo e é eficiente no isolamento térmico. 
A argila vermelha que está ligada à maioria dos utensílios conhecidos: vasos, ladrilhos 
vermelhão, filtros de barro e moringas, tigelas, blocos cerâmicos e tijolos entre outros. 
Argila grés é uma argila rica em feldspatos os quais modificam suas características e tornam 
possível as conhecidas cerâmicas porcelanato. 
A argila Ball Clay é uma argila muito plástica, pegajosa, normalmente não utilizada pura, serve 
para melhoramento da plasticidade de outras argilas. 
O Caulim é a mais nobre das argilas e a mais desejada na indústria mundial, seja farmacêutica, 
de celulose, louças, química e outras. Possui potencial muito grande em produtos inovadores. 
Bentonita é uma argila com propriedades de expansão em contato com a água, característica 
comum em argilas esmectíticas. Por este motivo, não é utilizada pura. 
A argila para louça industrial tem pouquíssima contaminação por óxido de ferro o que a torna 
essencial na indústria da cerâmica branca. 
 “A indústria cerâmica é uma das mais antigas do mundo. No período neolítico (entre 12.000 e 
4.000 a.C.), a necessidade de armazenar alimentos levou o homem à criação de componentes 
de barro secos naturalmente e, posteriormente, à fabricação de cerâmicas cozidas.” (IBRACON, 
2018). 
Produção de vasilha por meio de mesa rotativa 
 
Fonte: (VIGUÉ, J. e CHAVARRIA, J.;1997) 
 
A produção cerâmica dedicada à obtenção de utensílios descobriu diversas técnicas de produção 
e diversos tipos de argila, vernizes e tintas. Sendo utilizados os empíricos, todos os 
conhecimentos foram passados de geração em geração, muitas vezes de modo verbal e 
ritualístico. As cerâmicas mais elaboradas eram de tal fragilidade que as poucas sobreviventes 
nos dias de hoje possuem valor inestimável 
Todas as peças cerâmicas eram pintadas à mão por artistas especializados. Cada cor adicionada 
envolvia muita pesquisa com tentativas e erros. As cerâmicas chinesas possuem um papel muito 
importante na história da cerâmica mundial. 
Cerâmica SHONZUI, Dinastia Ming. 
 
Fonte: (VIGUÉ, J. e CHAVARRIA, J.;1997) 
 
Na arquitetura, os materiais cerâmicos nasceram como forma de substituir as rochas em locais 
desprovidos das mesmas. A arquitetura mesopotâmica utilizou blocos prismáticos de adobe 
seco para a construção de obras como os Zigurates. Mais tarde, com a percepção de que a 
queima dos tijolos aumentava a resistência, a produção passa a ser menos artesanal e inicia-se 
uma manufatura planejada. As edificações crescem em altura pela possibilidade de maior 
resistência com o tijolo queimado. 
 
Escadaria do Zigurat de Ur. 
 
Fonte: (GOITIA, 1995) 
Reprodução de construção de Zigurate. 
 
Fonte: https://www.apaixonadosporhistoria.com.br/artigo/44/conheca-os-principais-
zigurates-da-antiga-mesopotamia Acesso: out. 2019 
 
 
https://www.apaixonadosporhistoria.com.br/artigo/44/conheca-os-principais-zigurates-da-antiga-mesopotamia
https://www.apaixonadosporhistoria.com.br/artigo/44/conheca-os-principais-zigurates-da-antiga-mesopotamia
Ordenação de tijolos intertravados para constituir paredes mais resistentes 
 
Fonte: – (DURIEX, P. e RETAILLIAU, F., 1979) 
Nos EUA, William Harbutt, professor de arte, desenvolveu em 1887 um tipo curioso de argila 
natural. Essa argila não era baseada em água, mas sim em óleos, resina de petróleo, ceras e 
alguns ácidos. Quando aquecida à temperatura de 70°C ela fica moldável e, quando resfriada, 
fica rígida, podendo ser lixada e receber acabamento com pintura, por exemplo. 
Clay Plastiline – Ainda presente na indústria automobilística para mokup e prototipagem de veículos.
 
Fonte: http://www.garieinternational.com.sg/clay/shop/products/fimo/efa_clay_vw_02.jpg Acesso: out.2018 
Tijolos Maciços 
Os tijolos maciços que conhecemos hoje são materiais empregados muito mais como 
revestimento decorativo do que como um material de vedação ou estrutural. A baixa 
produtividade na obra, o peso e a baixa qualidade tornaram seu uso menos frequente. 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.garieinternational.com.sg/clay/shop/products/fimo/efa_clay_vw_02.jpg
Tijolos secos ao Sol 
 
Fonte - https://consuelocabreu.wordpress.com/tag/olaria/ Acesso: out. 2018 
 
Tipos de tijolos maciços
 
 Fonte: https://edsoncorazzajr2009.mercadoshops.com.br/tijolo-aparente-palha-tijolinho-vista-promocao-
994744564xJM Acesso: out. 2018 
 
Não é incomum o aparecimento de patologias de obra relacionadas ao tijolo maciço, 
apresentando manchas, eflorescências, carbonatação, desagregação e limbo. Grande parte dos 
problemas está na falta de controle da massa de produção do produto permitindo contaminação 
por materiais orgânicos e sais. 
 
 
 
 
https://consuelocabreu.wordpress.com/tag/olaria/
https://edsoncorazzajr2009.mercadoshops.com.br/tijolo-aparente-palha-tijolinho-vista-promocao-994744564xJM
https://edsoncorazzajr2009.mercadoshops.com.br/tijolo-aparente-palha-tijolinho-vista-promocao-994744564xJM
Tijolos aparentes em processo de desagregação e manchamento 
 
 
Blocos Cerâmicos 
Os blocos cerâmicos nasceram para acelerar a construção e baixar o peso das paredes pelo seu 
desenho vazado, permitindo baixar o custo de estruturas e fundações e aumentando a 
produtividade. 
Blocos cerâmicos são rígidos e não aceitam deformação por esforços de compressão, tração ou 
torção. 
Os blocos são padronizados por norma ABNT NBR 15270/17 que estabelece critérios de 
produção, qualidade e resistência. Os blocos de vedação são de paredes menos espessas, 
resistência menor e se destinam única e somente à vedação de ambientes. Há o hábito de utilizá-
los em construções baixas como coadjuvantes no sistema estrutural, o que é errado. Suas peças 
possuem muitas deformações pelo seu processo de produção. Também há o desvio das medidas 
padrão fazendo com que um bloco de vedação raramente seja totalmente em esquadro e 
semelhante a outro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Autor. 
Ilustrações de avaliação de blocos cerâmicos 
 
Fonte: NBR 15270/17, 2017 
Os blocos estruturais, por sua vez, são rigorosamente produzidos, aceitam cargas mais altas, são 
parte do sistema estrutural e possuem dimensões precisas dentro de desvios muito pequenos. 
Bloco Cerâmico furos redondos 
 
Fonte: http://www.ceramicakaspary.com.br/web/produtos/blocos-ceramicos-tijolos Acesso: out. 2018 
 
 
 
 
 
http://www.ceramicakaspary.com.br/web/produtos/blocos-ceramicos-tijolos
Bloco Cerâmico furo quadrado 
 
Fonte: http://www.ceramicakaspary.com.br/web/produtos/blocos-ceramicos-tijolos Acesso: out. 2018 
 
Bloco de laje pré fabricado 
 
 
 
Fonte: http://www.ceramicasalema.com.br/blocos-para-laje/ Acesso: out. 2018 
 
Bloco deformado Blocos de vedação deformados 
 
 
Fonte: 
https://dedemontalvao.blogspot.com/2012/09/prefei
Fonte: 
http://engenheirofabioremy.blogspot.com/2010/07/tij
http://www.ceramicakaspary.com.br/web/produtos/blocos-ceramicos-tijolos
http://www.ceramicasalema.com.br/blocos-para-laje/
https://dedemontalvao.blogspot.com/2012/09/prefeitura-de-jeremoabo-sinonimo-de.html
http://engenheirofabioremy.blogspot.com/2010/07/tijolos-ceramicos-x-qualidade-um-grave.html
tura-de-jeremoabo-sinonimo-de.html Acesso: out. 
2018 
olos-ceramicos-x-qualidade-um-grave.html Acesso: 
out. 2018 
 
Diferentemente do que aparece muitas vezes na internet, os blocos de vedação não devem ser 
assentados com tipos de cimento cola(argamassa polimérica) a menos que sejam produzidos 
com dimensões perfeitas. A confusão acontece porque há a utilização de colas especiais para 
assentamento de blocos estruturais que, como já foi dito, possuem dimensões padronizadas e 
formato preciso. Antecipando que o mercado de blocos cerâmicos de vedação seja melhorado, 
surgiu a norma NBR 16590/17 que estabelece critérios para este tipo de argamassa de 
assentamento. A argamassa polimérica, entretanto, é rígida e não aceita deformação, sendo 
assim, qualquer esforço sobre o bloco não será compensado como acontece com a argamassa 
comum e a parede apresentará trincas. 
 
Erros frequentes no assentamento de blocos cerâmicos 
 
 
 
Na imagem pode-se verificar 2 erros que estão acontecendo com frequência: 1 – Assentamento de bloco de vedação 
irregulares com cimento cola ou as chamadas argamassas poliméricas; 2 – não fechamento com argamassa entre os 
blocos assentados. Fonte: https://blogdaengenharia.com/tag/blocos-ceramicos/ Acesso: out. 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://dedemontalvao.blogspot.com/2012/09/prefeitura-de-jeremoabo-sinonimo-de.html
http://engenheirofabioremy.blogspot.com/2010/07/tijolos-ceramicos-x-qualidade-um-grave.html
https://blogdaengenharia.com/tag/blocos-ceramicos/
Assentamento correto de blocos de vedação 
 
 
Fonte: http://engenhariacivilunesc.blogspot.com/2010/11/ Acesso: out. 2018 
 
 
Blocos estruturais 
 
Um bloco estrutural, como o próprio nome diz, possui a capacidade de resistência às cargas de 
compressão o que o faz participar da estrutura de uma edificação. Desta maneira, não podem 
ser cortados e nem removidos sem estudo de reforço estrutural. O assentamento deste tipo de 
bloco é com os furos posicionados na vertical, enquanto os blocos de vedação são assentados 
na posição com os furos na horizontal. Para garantir a perfeição dos blocos, a massa é 
especialmente elaborada e os blocos são formados por prensagem em formas. 
 
Existem diversos tipos de blocos cerâmicos estruturais 
 
Fonte: http://equipedeobra17.pini.com.br/construcao-reforma/37/blocos-ceramicos-220703-1.aspx Acesso: out. 
2018 
 
http://engenhariacivilunesc.blogspot.com/2010/11/
http://equipedeobra17.pini.com.br/construcao-reforma/37/blocos-ceramicos-220703-1.aspx
Antes da montagem da edificação com blocos estruturais, é necessário ter em mãos o projeto 
executivo de hidráulica e elétrica que será embutido. Na Europa, por causa das exigências de 
conforto térmico, existem blocos mais espessos assegurando maior isolamento térmico. 
 
Assentamento típico europeu de blocos cerâmicos 
 
Fonte: http://www.hms.civil.uminho.pt/events/paredes2011/37_54.pdf Acesso: out. 2018 
 
 
Telhas cerâmicas 
 
As telhas cerâmicas são produzidas com a mesma massa dos blocos estruturais e passam por 
prensagem para ganhar forma. As telhas podem ser em diversos formatos e assumem diversas 
cores naturais de acordo com a argila utilizada. Há também as telhas esmaltadas que ganham 
brilho e uma gama enorme de cores. 
 
Exemplos de telhas cerâmicas 
 
 
Fonte: http://www.ceramicatelhassalinas.com/noticia/Telhas-Ceramicas--Tipos-e-Caracteristicas,-Passo-a-Passo--
Telhas-Ceramicas--Tipos-e-Caracteristicas,-Passo-a-Passo--/8/ Acesso: out. 2018 
 
 
 
 
http://www.hms.civil.uminho.pt/events/paredes2011/37_54.pdf
http://www.ceramicatelhassalinas.com/noticia/Telhas-Ceramicas--Tipos-e-Caracteristicas,-Passo-a-Passo--Telhas-Ceramicas--Tipos-e-Caracteristicas,-Passo-a-Passo--/8/
http://www.ceramicatelhassalinas.com/noticia/Telhas-Ceramicas--Tipos-e-Caracteristicas,-Passo-a-Passo--Telhas-Ceramicas--Tipos-e-Caracteristicas,-Passo-a-Passo--/8/
Cobogós 
 
Os elementos Cobogós1 são muito utilizados como divisão de ambientes, mantendo ventilação 
e parcial obstrução de visão. Não podem ser utilizados como elemento estrutural e são 
assentados com pouca argamassa, normalmente de cimento branco. Os processos de produção 
são de dois tipos: o primeiro semelhante aos blocos e telhas onde são formatados por 
prensagem; o segundo por utilização de Barbotina, massa espacial que necessita processo 
industrial mais elaborado. 
 
Exemplos de cobogó contemporâneo 
 
Fonte: http://www.soreparos.com.br/blog/cobogo/ Acesso: out. 2018 
 
Barbotina 
 
“Pasta de argila ou de outra pasta cerâmica que se utiliza para unir as partes de uma peça em 
estado cru ou mole, durante a modelação e depois do esvaziamento. Também se usa em peças 
moldadas. Prepara-se a argila ou pasta cerâmica seca e triturada, dissolvida em água. Também 
se denomina Lambugem.” (VIGUÉ, J. e CHAVARRIA, J.; 1997) 
 
A Barbotina é muito importante para a indústria contemporânea. Todas as louças sanitárias 
utilizam o processo de barbotina e formas para produção. 
 
Vaso de Barbotina Produção de Vaso Sanitário 
 
Fonte: (VIGUÉ, J. e CHAVARRIA, J.;1997) Fonte: 
http://equipedeobra17.pini.com.br/construcao-
reforma/34/artigo211873-1.aspx Acesso:out. 18 
 
1 Essa denominação refere-se às iniciais dos engenheiros que idealizaram os elementos vazados na 
década de 1930, a saber: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis. 
http://www.soreparos.com.br/blog/cobogo/
http://equipedeobra17.pini.com.br/construcao-reforma/34/artigo211873-1.aspx
http://equipedeobra17.pini.com.br/construcao-reforma/34/artigo211873-1.aspx
 
 
A parte esmaltada (brilhante) da cerâmica é realizada por pintura de material silicoso que 
derreterá na inserção ao forno e formará um vidrado por toda a superfície. 
 
Video Youtube sobre produção artesanal de peças de barbotina - Disponível: 
https://www.youtube.com/watch?v=MCEzOxnnWwY&start_radio=1&list=RDMCEzOxnnWwY&
t=41 Acesso: 10/18 
 
Azulejos Cerâmicos 
 
Os azulejos foram trazidos para o Brasil pelos portugueses e espanhóis que possuem grande 
tradição no uso destes acabamentos. Quando da chegada de D. João VI, artesãos, especialistas 
em produção de azulejos vieram para cá, tornando disseminado pelo país. 
A tradição portuguesa ainda é presente e obras novas resgatam a tradição nas terras Lusitanas. 
 
Pinturas tradicionais em azulejo 
 
 
Fonte: http://amilcar-ferreira.blogspot.com/p/pastorais.html Acesso: out. 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=MCEzOxnnWwY&start_radio=1&list=RDMCEzOxnnWwY&t=41
https://www.youtube.com/watch?v=MCEzOxnnWwY&start_radio=1&list=RDMCEzOxnnWwY&t=41
http://amilcar-ferreira.blogspot.com/p/pastorais.html
 
Obra da artista Joana Vasconcelos no Centro de Porto, Portugal 
 
 
Fonte: 
https://rr.sapo.pt/noticia/74170/explosao_de_cor_no_porto_joana_vasconcelos_veste_edificio_com_oito_mil_azu
lejos Acesso: 10/18 
 
“As peças pintadas à mão sempre foram um desafio e dependiam de muita pesquisa sobre a 
produção de cores. Na realidade, as cores nascem de pinturas com óxidos que ao queimar em 
forno adquirem tons de acordo com a mistura e temperatura de queima. 
 
Os principais óxidos são: 
 
Antimônio – Muito venenoso – produz amarelo a 900°C. 
Cobalto – produz azul em vários tons – 1000°C-1040°C. 
Cobre – produz cores verdes e turquesa. 
Cromo – produz cores verdes, com chumbo produz cores vermelhas ou laranjas, com cálcio 
produz rosa-claro, com zinco produz castanho e, com titânio, castanhos escuros – 930°C-950°C. 
Ferro – com chumbo produz dourado (pirita), com álcalis produz bege. 
Manganês – com chumbo produz púrpura, violeta e castanho, com cobalto produz preto – 
1000°C-1040°C. 
Níquel – com zinco produz azul, com bário produz cor café, com magnésio produz verde. 
Vanádio – amarelos pálidos e alaranjados”. (VIGUÉ, J. e CHAVARRIA, J.;1997) 
 
Posto isso, percebe-se que a produção de peças multicoloridas incorre em várias queimas em 
diferentes temperaturas. Cada passagem pelo forno é uma situação de perigo de trinca da peça. 
É este um dos grandes fatores que valorizam as peças antigas chinesas. Para que uma 
sobrevivesse à várias queimas, centenas eram perdidas. 
 
Cabe ressaltarque os LADRILHOS HIDRÁULICOS NÃO SÃO CERÂMICA. São feitos com cimento 
colorido. 
 
 
 
 
https://rr.sapo.pt/noticia/74170/explosao_de_cor_no_porto_joana_vasconcelos_veste_edificio_com_oito_mil_azulejos
https://rr.sapo.pt/noticia/74170/explosao_de_cor_no_porto_joana_vasconcelos_veste_edificio_com_oito_mil_azulejos
Cerâmica de Revestimento 
 
A cerâmica de revestimento é um material muito utilizado como acabamento superficial 
de pisos e paredes. Nasceu do desenvolvimento dos azulejos que foram melhorados 
para resistir à abrasão. Algumas cerâmicas de revestimento já são centenárias como o 
chamado vermelhão: cerâmica simples, sem desenhos e sem brilho espelhado. 
O arquiteto Gaudì explorou bastante os azulejos de revestimento não se deixando 
intimidar pelas formas orgânicas de seu trabalho. Utilizou cacos para poder aplicar em 
formas redondas. 
 
Parque Güel, de Antoni Gaudi; Telhado da casa do porteiro 
 
 
Fonte: (ZEBSTER, 1993) 
 
Nos dias de hoje temos cerâmicas, grês e porcelanatos como formas de revestimento. 
A cerâmica comum é calcinada a aproximadamente 1000°C e é composta por massa de 
argila bem avermelhada, contendo bastante óxido de ferro. 
O Grês é uma evolução da cerâmica que utiliza uma argila mais rica em alumínio 
(refratária) e feldspatos (subprodutos da transformação de rocha). A qualidade dos grês 
está em alta compactação e baixo índice de vazios, permitindo um material rígido e de 
pouca permeabilidade. 
O Porcelanato é uma evolução do grês e possui uma permeabilidade próxima de zero. 
As dimensões são as mais variadas existindo desde quadradas com 15x15cm à 
retangulares maiores que um metro nas suas dimensões. 
Com a evolução dos revestimentos, também houve a necessidade de classificá-los de 
modo que pudessem ser corretamente utilizados. A norma NBR 13817/97 trata de várias 
classificações que ajudam na escolha dos revestimentos cerâmicos. 
Critérios de avaliação: 
1) Tipo de superfície - Esmaltados e não esmaltados. 
2) Método de fabricação (prensado, extrudado, entre outros). 
3) Grupos de absorção de água. 
4) Classe de resistência à abrasão superficial – PEI. 
5) Classe de limpabilidade - resistência ao manchamento. 
6) Classe de resistência ao ataque de agentes químicos, segundo diferentes níveis de 
concentração. 
7) Aspecto superficial ou análise visual. 
 
Cada uma destas classificações tem implicações diretas no uso do revestimento. 
 
1 - Tipos de Superfície 
 
Um revestimento cerâmico pode ser esmaltado ou não esmaltado. 
Quando não esmaltado é uma superfície que não recebeu camada vitrificada e para ficar 
brilhante necessita de polimento após a fabricação – Caso de alguns porcelanatos, por exemplo. 
Já a cerâmica esmaltada recebe uma camada vitrificada que lhe confere maior resistência à 
abrasão, lembrando que a escala Mohs de materiais como areia e quartzo é 7 e da cerâmica sem 
proteção é de 3 a 4. 
 
Porcelanato brilhante esmaltado 
 
 
Fonte: https://archtrends.com/blog/porcelanatos-brilhantes/ Acesso: out. 2018. 
 
Portanto, uma cerâmica sem esmaltação é susceptível a riscos com maior facilidade o que faz 
com que porcelanatos muito brilhantes tenham que ter cuidados especiais. 
Nas especificações da caixa devem estar os seguintes códigos: 
a) Esmaltadas (GLAZED) ou GL 
b) Não esmaltadas (UNGLAZED) ou UGL 
 
2 - Método de Fabricação 
 
Existem dois métodos bem difundidos de fabricação que são: 
Tipo A - Extrusão – Processo que lembra um macarrão sendo produzido em que a massa é 
passada por num molde que lhe confere a forma. Este processo, entretanto, direciona as 
partículas do material no sentido da extrusão, causando possíveis defeitos. 
Tipo B - Prensagem – A massa cerâmica é formatada por prensa, eliminando vazios causados por 
ar incorporado e não permitindo que haja direcionamento de defeitos nas peças. Estas peças 
são, normalmente, mais rígidas e mais homogêneas. 
https://archtrends.com/blog/porcelanatos-brilhantes/
Tipo C – Outro tipo de produção. 
 
3- Grupo de absorção de água 
 
A absorção de água, apesar de não ser levada em conta (muitas vezes por desconhecimento), é 
um dos dados mais importantes sobre a cerâmica. 
O raciocínio a ser utilizado com relação à taxa de absorção de água é o seguinte: 
Quanto mais poroso é o material, mais água absorverá e, consequentemente, quanto mais 
poros, menos resistência mecânica. 
Também podemos inferir que quanto mais poros, menos queimada foi a peça, pois não houve 
o “derretimento” dos compostos de silício vitrificando o material. 
Se a peça foi menos queimada, também podemos inferir que ela está mais próxima de uma 
argila e ocorrerão reações de expansão milimétricas quando encharcadas. 
O porcelanato tem grande estabilidade dimensional e resistência por ser muito bem prensado 
e queimado tornando-o passível de instalação sem juntas quando retificado. 
 
 
Grupos Absorção de água 
em % 
Ia 0 a 0,5 
Ib 0,5 à 3,0 
IIa 3,0 à 6,0 
IIb 6,0 à 10,0 
III Acima de 10,0 
 
Na apresentação da especificação de um revestimento cerâmico utiliza-se a composição de 
Método de fabricação com a Taxa de absorção de água. Exemplo: AIla = Método extrudado e 
taxa de absorção de 3,0 a 6,0 %. 
 
4 – Resistência à abrasão superficial – PEI 
 
O método PEI de classificação de resistência de cerâmicas à abrasão nasceu do Porcelan 
Enamel Institute, criado em 1930, que regulamentou pela primeira vez as normas de 
avaliação. (Disponível: http://www.porcelainenamel.com/ Acesso: out. 2018) 
Utiliza-se um maquinário que faz o lixamento das peças em vários ciclos (número de 
voltas programado da lixa) e permite verificar o desgaste em cada Classe de abrasão. 
 
Classe de abrasão 
 
Estágios de Abrasão 
Nº de Ciclos para visualização 
Classe de abrasão 
100 PEI 0 
150 PEI 1 
600 PEI 2 
750, 1500 PEI 3 
2100, 6000, 12000 PEI 4 
Acima de 12000 PEI 5 
 
Fonte: Cerâmica Cecrisa/Portinari, 2012 
 
 
http://www.porcelainenamel.com/
Abrasímetro de rochas e cerâmicas do Catálogo de produtos Contenco 
 
 
 
Fonte: 
https://www.contenco.com.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=37&Itemid=50&mosmsg=Est
%EF%BF%BD+tentando+acessar+apartir+de+um+dom%EF%BF%BDnio+n%EF%BF%BDo+autorizado.+%28www.goog
le.com%29 Acesso: out. 2018. 
 
Observando o número de ciclos para visualização de manchamento, temos 3 estágios 
(PEI 0, 1 e 2) que possuem somente um número de ciclos para determinação de cada 
um. 
Quando observamos os PEI 3, 4 e 5, temos vários ciclos para uma mesma classificação. 
Isso confunde o consumidor pelo fato de não estar determinado na caixa do produto 
qual ciclo foi utilizado. Alguns produtos PEI 4, por exemplo, podem ser quase 6 vezes 
mais resistentes que outros de mesma classificação. 
 
A recomendação feita por fabricantes para o uso das cerâmicas é a seguinte: 
 
Classe de 
Abrasão 
Local de Uso Recomendado pela CECRISA 
PEI 0 Paredes. 
PEI 1 Banheiros e quartos residenciais. 
PEI 2 Dependências residenciais sem ligação com áreas externas. 
PEI 3 Todas as dependências residenciais. 
PEI 4 Todas as dependências residenciais e ambientes comerciais de tráfego médio. 
PEI 5 Todas as dependências residenciais e ambientes comerciais 
de tráfego intenso. 
Fonte: Cerâmica Cecrisa/Portinari, 2012. 
 
 
Há pouco tempo surgiu outra classificação que confundiu mais ainda o consumidor – A 
classificação por Classe de Uso. Entendendo que o Uso 1 = PEI 0 e assim por diante, podemos 
transformar esta tabela em relação direta entre as duas classificações só acrescentando o Uso 
PP que seria o porcelanato técnico, um material com uma taxa de absorção menor ou igual a 
0,1%. 
 
 
https://www.contenco.com.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=37&Itemid=50&mosmsg=Est%EF%BF%BD+tentando+acessar+apartir+de+um+dom%EF%BF%BDnio+n%EF%BF%BDo+autorizado.+%28www.google.com%29
https://www.contenco.com.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=37&Itemid=50&mosmsg=Est%EF%BF%BD+tentando+acessar+apartir+de+um+dom%EF%BF%BDnio+n%EF%BF%BDo+autorizado.+%28www.google.com%29
https://www.contenco.com.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=37&Itemid=50&mosmsg=Est%EF%BF%BD+tentando+acessar+apartir+de+um+dom%EF%BF%BDnio+n%EF%BF%BDo+autorizado.+%28www.google.com%29Outro tipo de classificação por Classe de uso 
 
 
Fonte: http://www.ceramicaportinari.com.br/produtos/dicas-faq/especificacao/ Acesso: out. 2018 
 
5 - Classes de Limpabilidade 
 
A classificação de limpabilidade é referente à facilidade de remoção de manchas e os 
tipos de produtos necessários para esta limpeza. 
 
Classe de Limpabilidade Remoção de mancha 
Classe 5 Máxima facilidade de remoção de manchas. 
Classe 4 Mancha removível com produto de limpeza fraco. 
Classe 3 Mancha removível com produto de limpeza forte. 
Classe 2 Mancha removível com ácido clorídrico, hidróxido de potássio 
e tricloroetoleno. 
Classe 1 Impossibilidade de remoção de mancha. 
Fonte: Cerâmica Cecrisa/Portinari, 2012. 
 
6 – Resistência ao ataque de agentes químicos 
 
A limpabilidade acaba sendo impedida muitas vezes pela incapacidade de uso de 
agentes químicos agressivos ao material cerâmico. 
 
Agentes Químicos Alta (A) Média (B) Baixa (C) 
Ácidos Alta concentração (H) HA HB HC 
Álcalis Baixa Concentração (L) LA LB LC 
Produtos domésticos e de piscina A B C 
Fonte: Cerâmica Cecrisa/Portinari, 2012. 
 
7 - Classes quanto ao aspecto superficial ou análise visual 
 
“A NBR 13.817/1997, classifica os revestimentos cerâmicos como produto de primeira qualidade 
quando 95% das peças examinadas, ou mais, não apresentarem defeitos visíveis na distância 
padrão de observação (1,00m +/-0,05m de distância de um painel de 1m² preparado por outra 
pessoa).” (CERÂMICA CECRISA/PORTINARI, 2012). 
 
http://www.ceramicaportinari.com.br/produtos/dicas-faq/especificacao/
A análise mais apropriada é a utilização de luz natural sobre a peça e posicionamento da mesma 
como será instalada no local, ou seja, se em piso, a peça precisa estar colocada na posição 
horizontal e verificada com luz na posição real. Quando instalada em paredes, deverá ser 
verificada com luz natural e na posição vertical. 
Quando for feita a análise de peças de um mesmo lote justapostas, devemos posicionar de 
acordo com a seta de indicação localizada no tardoz da peça (o verso da peça) de modo a 
minimizar os possíveis defeitos de processo de produção. 
O brilho da peça também é importante, pois mostra possíveis defeitos de superfície. 
 
 
 
Referências 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15270: Componentes cerâmicos - Blocos 
e tijolos para alvenaria, Parte 1 e 2, 26p. 2017 
 
______. NBR 16590: Composto polimérico para assentamento de alvenaria de vedação 
Parte 1 e 2, 6p. 2017 
 
______. NBR 13817: Placas cerâmicas para revestimento – Classificação, 3p., 1997. 
 
CALLISTER JR., Willian D. ; RETHWISCH, David G. . Ciência e engenharia de materiais: uma nova 
introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 817 p. v. 1. 
 
DIAS, António Baio. Uma breve retrospectiva de soluções de paredes e elementos cerâmicos, 
IN: Paredes divisórias: passado, presente e futuro. Minho: Universidade do Minho, 2011. p. 37-
53. 
 
DURIEX, Philippe; RETAILLIAU, François (ed.) Enciclopédia da construção. São Paulo: Hemus, 
1979. v.2 
 
GOITIA, F. C. et al. História geral da arte: Arquitetura. Espanha: Del Prado, 1995. v.1 
 
IBRACON - Instituto Brasileiro do Concreto. Materiais de construção civil e princípios de ciência 
e engenharia de materiais. São Paulo: Geraldo C. Isaia, 2017, 1723p. vol. 1 e 2. 
 
VIGUÉ, J.; CHAVARRIA, J. A cerâmica. Barcelona: Parramon, 1997. 192p. 
 
 
Referência de imagens na sequência de aparecimento: 
 
Clay Plastiline – Ainda presente na indústria automobilística para mockup e prototipagem de 
veículos – Disponível - 
http://www.garieinternational.com.sg/clay/shop/products/fimo/efa_clay_vw_02.jpg Acesso: 
out. 2018 
Tijolos secos ao Sol – Disponível - https://consuelocabreu.wordpress.com/tag/olaria/ Acesso: 
out. 2018 
Bloco Cerâmico furos redondos – Disponível: 
http://www.ceramicakaspary.com.br/web/produtos/blocos-ceramicos-tijolos Acesso: out. 
2018 
http://www.garieinternational.com.sg/clay/shop/products/fimo/efa_clay_vw_02.jpg
https://consuelocabreu.wordpress.com/tag/olaria/
http://www.ceramicakaspary.com.br/web/produtos/blocos-ceramicos-tijolos
Bloco Cerâmico furo quadrado - Disponível: 
http://www.ceramicakaspary.com.br/web/produtos/blocos-ceramicos-tijolos Acesso: out. 
2018 
Bloco de laje pré-fabricado – Disponível: http://www.ceramicasalema.com.br/blocos-para-
laje/ Acesso: out. 2018 
 
Bloco deformado – Disponível: https://dedemontalvao.blogspot.com/2012/09/prefeitura-de-
jeremoabo-sinonimo-de.html Acesso: out. 2018 
Blocos de vedação deformados – Disponível: 
http://engenheirofabioremy.blogspot.com/2010/07/tijolos-ceramicos-x-qualidade-um-
grave.html Acesso: out. 2018 
 
 
http://www.ceramicakaspary.com.br/web/produtos/blocos-ceramicos-tijolos
http://www.ceramicasalema.com.br/blocos-para-laje/
http://www.ceramicasalema.com.br/blocos-para-laje/
https://dedemontalvao.blogspot.com/2012/09/prefeitura-de-jeremoabo-sinonimo-de.html
https://dedemontalvao.blogspot.com/2012/09/prefeitura-de-jeremoabo-sinonimo-de.html
http://engenheirofabioremy.blogspot.com/2010/07/tijolos-ceramicos-x-qualidade-um-grave.html
http://engenheirofabioremy.blogspot.com/2010/07/tijolos-ceramicos-x-qualidade-um-grave.html

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