Buscar

Topicos Especiais em Direito Publico 1

Prévia do material em texto

11
débora f de oliveira pavani ra: b044ba2
processo administrativo
Bauru
2020
 SUMÁRIO
1 PROCESSO ADMINISTRATIVO	3
REFERÊNCIAS	11
3
1 processo administrativo
Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, o Processo Administrativo se evidenciou no Ordenamento Jurídico Brasileiro. A sua importância é baseada no controle das atividades, sistematização das atuações administrativas, legitimação do poder e proximidade entre a administração e os cidadãos (DROMI, 1996).
A área administrativa visa integrar a Ordem Jurídico-Social, com o principal objetivo de viabilizar, através de recursos institucionais, a efetivação de Direitos sociais e individuais. De acordo com Dromi (1996), o Processo Administrativo demonstra para o administrado, o direito e o dever de participação na fiscalização da vontade administrativa. 
A Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 99 aplica as diretrizes gerais do Processo Administrativo e os entes da administração pública direta e indireta. Além disso, a Lei nº 9.784/99 regula o procedimento administrativo no âmbito da administração pública federal.
Art. 1º Esta lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da administração federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da administração.
§ 1º Os preceitos desta lei também se aplicam aos órgãos dos poderes legislativo e judiciário da união, quando no desempenho de função administrativa. 
Incluindo os poderes da união, Legislativo, Executivo e Judiciário, a aplicabilidade do Processo Administrativo é obrigatória na Administração Pública. Órgãos integrantes da estrutura organizacional da Administração Pública são definidos como diretos e indiretos, sendo diretos aqueles que pertencem à estrutura do estado e indiretos os pertencentes às estruturas de sociedade de economia mista, empresas e associações públicas e demais estruturas autarquias. 
Todavia, o Processo Administrativo não restringe suas finalidades a outorga de uma garantia, ainda que sua concepção esteja atrelada a um atributo garantista.
A administração atua de duas formas na organização estatal, direta ou indiretamente. A administração direta agrupa os serviços da estrutura administrativa da presidência da república e dos ministérios, de acordo com o artigo 76 da constituição. É o conjunto de órgãos integrados na estrutura central de cada poder das pessoas políticas, a gestão de serviço público pelas próprias pessoas políticas, aos quais foi atribuída a competência para o exercício, de forma centralizada, das atividades administrativas do estado. 
A administração indireta compreende entidades dotadas de personalidade jurídica própria, como autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações
Portanto, os interesses e a transparência da atuação do processo administrativo irão convergir e emergir entre os interesses individuais, coletivos e difusos. Orientado pela representação administrativa, os princípios constitucionais devem ser observados, pois, incidem consequentemente e igualmente no Processo Administrativo. 
Destacam-se alguns princípios: Legalidade, Publicidade, Moralidade, Razoabilidade, Proporcionalidade, Motivação e Impessoalidade/Imparcialidade. Assim, considerando esses princípios, é viável a ampliação das possibilidades de desempenho da área administrativa. 
Iniciando pelo Princípio da Legalidade, o mesmo diz respeito à instauração dos processos dentro das normas legais, ou seja, requer um embasamento de uma norma legal, sob ameaça de ter um processo invalidado. Adequa-se o interesse público com princípios legais.
Previsto na Constituição Federal de 1988, o Princípio da Legalidade determina em seu art. 37, caput, e nos artigos 5º, incisos II e XXXV e 84, inciso IV:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
[...]
XXXV - A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito;
[...]
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
[...]
IV - Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Inerente aos regimes políticos democráticos, o Princípio da Publicidade tem a abrangência da atuação do estado (FIGUEIREDO, 1995). Aos atos da Administração Pública, é possível ampla divulgação, salvo em casos de sigilo previstos em lei ou de interesse superior da administração. 
Inserido no art. 37, §1º da Constituição Federal de 1988, o Princípio da Publicidade se refere a divulgação de atos, programas, obras, serviços e campanhas de órgãos públicos. A divulgação para o conhecimento público, deve ter caráter educativo, informativo ou de orientação social.
A Publicidade não é um elemento formativo do ato; é um requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo, os atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam para sua exiguidade, quando a lei ou regulamento a exige (MEIRELLES, 2010, p. 96).
A obrigatoriedade para que a Administração Pública seja direta ou indireta, expressa o Princípio da Moralidade, na qual deve-se obedecer a ética, a honestidade, a lealdade e a boa-fé. Embasado no art. 37, caput da Constituição Federal de 1988, pode-se afirmar que o Princípio da Moralidade é um pressuposto de validade de todo o ato da Administração Pública. 
III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo.	
De acordo com os conceitos do Princípio da Moralidade, este princípio está diretamente relacionado aos atos dos cidadãos e ao seu convívio com a comunidade. Em resumo, é preciso que o indivíduo ligado ao Processo Administrativo represente o trabalho com ações éticas, sendo honesto e tendo probidade, além de agir conforme a legalidade.
Tecnicamente, o Princípio da Razoabilidade é o princípio que verifica se os princípios e normas do sistema jurídico foram ou não observados. Tal princípio, impõe coerência a qualquer lei, ato administrativo ou decisão jurisdicional. 
O princípio da razoabilidade ganha, dia a dia, força e relevância no estudo do Direito Administrativo e no exame da atividade administrativa. Sem dúvida, pode ser chamado de princípio da proibição de excesso que, em última análise objetiva aferir a compatibilidade entre os meios e os fins, de modo a evitar restrições desnecessárias ou abusivas por parte da administração, com lesão aos direitos fundamentais (MEIRELLES, 2010, p. 94).
Quando se refere ao Princípio de Proporcionalidade, pode-se dizer que basicamente é o princípio que traz a conciliação do direito formal com o direito material, considerando o conjunto de interesses. Pode ser entendido como uma forma de obter melhor conteúdo nas decisões administrativas.
Atos administrativos são realizados de acordo com alguma motivação, sendo assim, o Princípio da Motivação deve apresentar as razões pela qual uma determinada atitude/decisão foi tomada. A motivação é uma exigência do estado de direito e se refere ao dever de motivação dos atos administrativos. 
Princípio da Impessoalidade é um princípio expresso no Art. 37, caput da Constituição Federal de 1988, que indica e expressa o objetivo do ato do Processo Administrativo de maneira impessoal, consequentemente entrelaçado com o Princípio deIgualdade. 
[...] o princípio estaria relacionado com a finalidade pública que deve nortear toda atividade administrativa. Significa que a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento (DI PIETRO, 2010, p. 67).
Luhman (1980) discute sobre o Processo Administrativo Democrático, salientando-o como um dos meios de concretização do princípio da legitimidade do poder, além da segurança jurídica justa. Seja por iniciativa própria ou de um particular, as atividades do processo administrativo visam alcançar os fins previstos em lei. 
Vale ressaltar que, anteriormente, um termo utilizado era o termo Procedimento Administrativo, utilizado principalmente para expor a diferença entre o processo judicial e a realidade ocorrida perante a Administração Pública. Asseguravam-se garantias no processo judicial que não eram reconhecidas nos procedimentos que transcorriam perante a Administração Pública.
Precedido pelo adjetivo “mero”, frequentemente o termo procedimento, quando tratado como mero procedimento, recusavam-se as garantias. A Constituição de 1988 alterou essa situação ao estabelecer no inciso LV do art. 5º que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
A autonomia administrativa limita-se pela definição constitucional da competência política de cada pessoa federada. Essa competência manifesta-se, fundamentalmente, pela capacidade de auto organizar-se e autogovernar-se segundo suas próprias Constituições e leis que adotarem (art. 25 da Constituição Brasileira de 1988). 
Todavia, a adoção dessa legislação estadual e municipal e, em especial, a que concerne à matéria administrativa - em cuja seara se tem o cuidado legislativo do processo administrativo - tem os seus limites estabelecidos no próprio sistema constitucional, pelo que tudo quanto desborde tais balizas ou transgrida direito fundamental constitucionalmente assegurado é inválido juridicamente. 
Assim, os princípios constitucionais processuais são fundamentos necessários da legislação sobre processo administrativo a serem tomados em consideração e acatados, em sua integralidade material e formal, pelo legislador estadual e municipal.
Conforme os conceitos de Administração Pública, durante anos o direito administrativo manteve seu foco nos atos administrativos. As bases sólidas da Administração Pública também se embasaram na Ordem Jurídica instaurada na Constituição Federal, respeitando os direitos individuais e a separação dos poderes. 
Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da administração pública que, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria. É por meio deles que a administração realiza sua função executiva. Por emanarem do poder público, os atos administrativos diferenciam-se dos atos particulares, em especial pela presunção de legitimidade, imperatividade e auto-executoriedade.
A legitimidade decorre do princípio da legalidade da administração. Ela viabiliza a execução dos atos administrativos, mesmo contendo vícios ou defeitos que os levem à invalidade. Imperatividade é o atributo do ato administrativo de ter seu cumprimento ou execução com força impositiva própria do poder público, obrigando o particular ao fiel atendimento, sob pena de execução forçada.
A auto-executoriedade é um poder que decorre de a necessidade da administração desempenhar sua missão de defesa dos interesses sociais, sem ter que recorrer ao poder judiciário para remover a oposição individual. 
Tais atos, porém, devem ser precedidos de notificação, e em determinados casos, garantir o contraditório e a ampla defesa. Quando revestido de todos os seus requisitos formais e materiais, o ato administrativo é considerado eficaz. São cinco os requisitos necessários à constituição do ato administrativo: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
Quando os atos administrativos não são convenientes, oportunos e legítimos, devem ser desfeitos pela própria administração ou pelo poder judiciário. A invalidação, portanto, pode se dar pela revogação ou anulação dos atos administrativos, figuras que se diferenciam na doutrina.
Assim, a diretriz principal do Direito Administrativo se desconcentra dos atos administrativos para que a importância do mesmo seja ampliada e então se concentre em sua efetividade. Determinaria, então, a Ordem Jurídica que permite o controle sobre a gestão dos atos de Administração Pública, sem retirar a autonomia do Direito Administrativo. 
Como instrumento de ação implantado pela Administração Pública, o Processo Administrativo, garante seus princípios fundamentais na Constituição Federal e tem o seu esboço infraconstitucional firmado pela legislação elaborada pelas diferentes pessoas políticas, cada qual seguindo as diretrizes que melhor se adaptem às suas condições.
A revogação se funda no poder discricionário de que dispõe a administração para rever sua atividade. A possibilidade de revogação é um juízo de conveniência, oportunidade e razoabilidade. Os efeitos dos atos revogados pela administração permanecem válidos ao tempo de sua vigência, quer quanto às partes, quer em relação a terceiros.
Salienta-se que o Processo Administrativo é um instrumento de grande importância para a constatação dos direitos e garantias dos cidadãos e da Administração Pública, conforme as considerações dos princípios obrigatórios e dos procedimentos adotados para obedecer às normas impostas. 
Das várias espécies de Processos Administrativos, podemos extrair diferentes finalidades/objetivos que permeiam estes instrumentos, são esses: Condições de forma do ato administrativo; mecanismos de documentação dos atos praticados pela administração pública; e formas de legitimar a conduta do administrador.
Haverá processo administrativo desde que esse procedimento seja realizado em contraditório e em harmonia com outras garantias processuais, atreladas originariamente ao processo judicial, porém incidentes – por expressa determinação constitucional – na processualidade administrativa (CF, art. 5º, inc. LV).
Além disso, o princípio do devido processo legal e Processo Administrativo prevê a Constituição Federal em seu artigo 5º, LIV e LV que "ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal" e que "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes".
Cidadãos dirigem-se a Administração Pública para requerer direitos em nome próprio ou da coletividade, para noticiar infrações à lei ou, até mesmo, apenas receber informações de interesse particular ou coletivo. Logo, a administração deve responder em decorrência lógica do direito de petição assegurado constitucionalmente pelas alíneas “a” e “b” do inciso XXXIV do art. 5º da Constituição Federal.
O estado democrático de direito pressupõe uma ordem legitimada e legalizada, a procedimentalização do agir da Administração Pública encerra um “método democrático”. Assim, o ordenamento jurídico confere à administração um ônus argumentativo, qual seja, o de justificar e demonstrar a formação de uma “vontade administrativa” em função dos direitos e garantias fundamentais. 
Outros demais princípios aplicáveis ao Processo Administrativo, como princípios gerais do processo; princípios do direito administrativo; princípios específicos do processo administrativo. Assim, os princípios gerais de processo aplicáveis ao processo administrativo são: devido processo legal, contraditório, ampla defesa, juiz natural.
Enquanto os princípios do direito administrativo aplicáveis ao processo administrativo são: legalidade, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade, motivação, igualdade, impessoalidade, publicidade, moralidade, eficiênciae segurança jurídica. Por fim, os princípios específicos do processo administrativo são: inquisitório, oficialidade, verdade material, gratuidade e informalismo. 
Veja-se que esta abordagem contende a ideia de que o “poder” seja o núcleo aglutinante do direito administrativo; rejeitando a adoção de uma perspectiva autoritária, que assenta a base deste ramo jurídico sobre uma força oriunda do alto e imposta aos administrados, com o que hierarquicamente propõe uma visão supeditada na convicção do que é o direito administrativo e seus institutos.
Quanto aos poderes administrativos, eles surgem como instrumentos através dos quais o poder público vai perseguir seu interesse coletivo. Cabe, antes de mais nada, diferenciar os conceitos fundamentais de poder vinculado e poder discricionário.
Poder vinculado é aquele executado em conformidade às delimitações da norma jurídica. O objeto foi previamente tipificado de maneira a permitir um único comportamento possível em face de uma situação. Exemplo típico é a contratação para cargos públicos, onde o administrador só pode fazê-lo mediante concurso público de provas ou de provas e títulos. A conduta do administrador foi programada para determinada situação, previamente pautada pelo legislador.
Poder discricionário é aquele que não foi delimitado pela norma jurídica, permitindo sua prática de acordo com a oportunidade e a conveniência vislumbrada pelo agente. A situação para a prática do ato administrativo discricionário não está prevista objetivamente e, por isto mesmo, inexiste restrição ou delimitação de conduta estipuladas.
A bibliografia internacional de Direito Administrativo não tem, infelizmente, dedicado de modo explícito, a atenção maior ao regime administrativo, considerado em si mesmo, isto é, como ponto nuclear de convergência e articulação de todos os princípios e normas de direito administrativo.
Portanto, embora seja questão assente entre todos os doutrinadores a existência de uma unidade sistemática de princípios e normas que formam em seu todo o Direito Administrativo, incrementar estudos tendentes a determinar, de modo orgânico, quais são abstratamente os princípios básicos que o conformam, como se relacionam entre si e quais os subprincípios que deles derivam, é necessário.
REFERÊNCIAS
DROMI, Roberto. El Procedimiento Administrativo. 1. reimp. Buenos Aires: Ediciones Ciudad Argentina, 1996.
FIGUEIREDO, Marcelo. Probidade Administrativa. São Paulo: Malheiros Editores, 1995.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 36. Ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2010.

Continue navegando