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3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos 2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos REDISA – Red de Ingeniería de Saneamiento Ambiental ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1 UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE CONCRETO E ARGAMASSA PARA PRODUÇÃO DE CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND Saionara Alexandre da Silva(1) Graduação Tecnologia em construção de Edifícios (IFCE) – Campus Cariri. Elisangela S. Silva Graduação Tecnologia em construção de Edifícios (IFCE) – Campus Cariri. Perboyre Barbosa Alcântara Doutor em Geotecnia (UFPE); Prof. do Instituto Federal do Ceará José Lima de Oliveira Junior Mestre em Engenharia Civil e Ambiental (UFCG); Doutorando em Recursos Naturais (UFCG); Prof. do Instituto Federal do Ceará. Hebert Alyson Clementino Rodrigues Graduação Tecnologia em construção de Edifícios; Técnico em Edificações (IFCE) – Campus Cariri. Endereço(1): Rua da Paz, 692 – Bairro: Pirajá – Cidade: Juazeiro do Norte – Estado: CE - CEP: 63.000-000 – País: Brasil - Tel: +55 (88) 9202-1849 - e-mail: sayo.nara21@hotmail.com RESUMO Há muito tempo vem se discutindo à questão ambiental nas esferas internacional, nacional e local. O crescimento da população, os avanços da indústria e da urbanização contribuíram para um aumento da geração de resíduos que são lançados no meio ambiente. Nesse contexto o desenvolvimento no setor da construção civil gera, não só o aumento do consumo de energia, mas também o de matéria prima consumida, o que leva à conseqüente geração de resíduos provocando um impacto ambiental. Partindo do pressuposto de ser possível reaproveitar o resíduo gerado na atividade da construção civil empreendemos um trabalho de reciclagem de dois dos materiais, que juntos, têm a maior porcentagem de perda no processo de produção da indústria da construção civil: concreto e argamassa. O material utilizado foi coletado em uma construção de grande porte destinada ao funcionamento de uma universidade na cidade de Juazeiro do Norte – CE. Certamente estes materiais seriam depositados na natureza e poderiam ocasionar inúmeros problemas ambientais. Este trabalho trata da reutilização dos resíduos de concreto e argamassa como agregado, para dosagens de concreto. Através de ensaios de caracterização dos resíduos da construção civil: Concreto (25kg de amostra) e argamassa (15kg de amostra), e teste de resistência a compressão, chegou-se a conclusão de que a resistência do concreto com agregados reciclados é aproximadamente 2,7% menor do que a resistência do concreto com agregados convencionais. Desse modo o concreto produzido com agregados reciclados, considerando apenas a resistência a compressão, poderia ser utilizado na construção desde que tomados os devidos cuidados de caracterização física dos resíduos, separação dos materiais e controle tecnológico do concreto produzido. PALAVRAS-CHAVE: Resíduos, Reaproveitamento, Concreto, Construção Civil. INTRODUÇÃO Nas cidades brasileiras a quantidade de entulho gerada nas construções mostra o grande desperdício dos materiais. Esse desperdício é repassado pra toda a sociedade, não só pelo custo final das construções, mas também pelo custo de remoção e tratamento desse entulho. Estima-se que em cidades brasileiras de médio e grande porte, a massa de resíduos gerados varia entre 41% a 70% da massa total de resíduos sólidos urbanos (PINTO, 1999 apud JOHN, AGOPYAN, 2008). Além disto, os resíduos de concreto, de argamassa e de cerâmica vermelha aparecem como os principais constituintes dos resíduos de construção e demolição, representando acima de 70% da massa total. (PINTO et al, 1999 apud CABRAL et al., 2008). No Brasil, estima-se que sejam consumidos anualmente 210 milhões de toneladas de agregados somente para produção de argamassas e concretos, devendo ainda, somar-se o volume utilizado em pavimentações e as perdas, (JONH, 2000 apud CABRAL et al., 2008). Nesse sentido, é necessário tomar consciência da dimensão 3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos 2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos REDISA – Red de Ingeniería de Saneamiento Ambiental ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2 dos impactos que o setor da construção civil causa ao meio ambiente e disponibilizar conhecimentos e informações para as empresas e construtoras, pois os apelos com relação à construção sustentável até o momento ainda não são suficientes para estimular as construtoras a implantarem um sistema de gestão ambiental. Na cidade de Juazeiro do Norte - CE é visível o crescimento do número de obras realizadas a cada ano. Dados da Secretaria de Infra-estrutura do município (SEINE, 2008), apontam que entre anos de 2005 a 2007 houve um acréscimo de 10,65 % no número de construções registradas na referida cidade. Portanto tem crescido também a quantidade de resíduos gerados por essa atividade e a destinação dada para esse resíduo tem se tornado um problema para a população em geral pelo fato de que as áreas de bota-fora e os locais de deposição irregulares estão ligados a degradação de áreas urbanas alterando a paisagem. Estes locais são propícios à proliferação de roedores, insetos peçonhentos (aranhas e escorpiões), e insetos transmissores de endemias, como a dengue. Sendo assim, é importante o estudo de alternativas para reciclagem de resíduos de construção no município de Juazeiro do Norte – CE que já apresenta graves problemas relacionados à deposição irregular dos referidos resíduos. Neste sentido, esta pesquisa tem o objetivo geral de avaliar as características físicas de resíduos de concreto e argamassa da obra de construção da UFC – Campus Cariri (Universidade Federal do Ceará), na cidade de Juazeiro do Norte – CE, e a resistência à compressão do concreto, produzido com os mesmos de forma comparativa com um concreto produzido com agregado convencional. A GERAÇÃO DE ENTULHO NA CONSTRUÇÃO A construção civil é uma das atividades mais antigas que se tem conhecimento e desde os primórdios da humanidade foi executada de forma artesanal, gerando como subproduto grande quantidade de entulho mineral. Tal fato despertou atenção dos construtores já na época da edificação das cidades do império romano e desta época datam os primeiros registros de reutilização de resíduos minerais da construção civil, na produção de novas obras (LEVY, 2008). A resolução nº 307 de 05/07/2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. De acordo com a referida resolução são considerados resíduos de construção civil aqueles provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassas, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. A indústria da construção civil apresenta um índice surpreendentemente alto de perdas, causadas por uma série de fatores tais como falhas ou omissões na elaboração dos projetos e na sua execução, má qualificação da mão de obra, baixa qualidade dos materiais, armazenamento impróprio desses materiais, falta de equipamentos e uso de técnicas inadequadas de construção, falta de planejamento na montagem dos canteiros de obra, falta de acompanhamento técnico na produção e ausência de uma cultura de reaproveitamento e reciclagem dos materiais. A RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL Comparativamente a países de primeiro mundo, no Brasil a discussão sobre a reutilização de resíduos como materiais de construção é ainda pouco difundida, com a possível exceção da intensa reciclagem praticadapelas indústrias do aço cujos resíduos são utilizados na fabricação de cimento Portland e na produção de concretos e argamassas (ANGULO et al, 2001; apud BARDELLA & CAMARINI, 2006). Outro aspecto relevante é que a questão ambiental no Brasil ainda é tratada como sendo um problema de preservação da natureza, particularmente florestas e animais em extinção, deposição em aterros adequadamente controlados e controle da poluição do ar, com o estado exercendo o papel de polícia. A lei federal de crimes ambientais (nº 9.605, 13 Fev. 1998) revela um estado ainda mais voltado a punição das transgressões a legislação ambiental vigente do que em articular os diferentes agentes sociais na redução do impacto ambiental das atividades, mesmo que legais, do desenvolvimento econômico. Um contraponto a esta 3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos 2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos REDISA – Red de Ingeniería de Saneamiento Ambiental ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3 ação predominantemente policial foi a iniciativa pelo Governo do Estado de São Paulo, através da CETESB, de implantação de Câmaras Ambientais setoriais, inclusive de Construção Civil. (ÂNGULO et al., 2001). Uma medida positiva foi a criação do selo verde (Lei do Estado de São Paulo nº10.311), um certificado de qualidade ambiental, a ser conferido pela CETESB, a estabelecimentos sediados no Estado de São Paulo que executem programas de proteção e preservação do meio ambiente, com efetivo cumprimento das normas ambientais. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA CONSTRUÇÃO CIVIL Ao entulho, sempre foi dispensado o mesmo tratamento dado ao lixo. Algo que se deve vender se houver alguém disposto a pagar por ele, ou em caso contrário, paga-se a alguém para levá-lo, sem se preocupar sobre o destino que lhe será dado. Isto sempre foi facilmente resolvido pelos transportadores de resíduos, que acabam lançando o material em locais nem sempre apropriado. Os resíduos de construção e demolição são hoje um grave problema nas principais cidades brasileiras. Uma mentalidade voltada para o desenvolvimento sustentável na construção civil não permite a concepção de que os recursos naturais e os locais de deposição de resíduos são inesgotáveis (ANGULO, 2005; apud BARDELLA & CAMARINI, 2006). Dessa forma, o desperdício de materiais nas construções não se baseia somente na geração de resíduos sólidos, mas também na não reutilização de seus resíduos no processo de construção, desperdiçando o potencial desses materiais (BARDELLA & CAMARINI, 2006). Por exemplo, no Japão, os construtores são obrigados a incluir nos projetos a destinação final do resíduo gerado por suas obras. Ao mesmo tempo, o cidadão é impedido de jogar os rejeitos no primeiro córrego ou terreno baldio que encontrar pela frente, sob risco de ser autuado, pagando pesadas multas pela infração. De acordo com Pinto (2005) as normas técnicas, integradas às políticas públicas, representam importante instrumento para a viabilização do exercício da responsabilidade para os agentes públicos e os geradores de resíduos. Para viabilizar o manejo correto dos resíduos em áreas específicas, foram preparadas as seguintes normas técnicas: NBR 15112, NBR 15113, NBR 15114, NBR 15115 e NBR 15116. PRODUÇÃO DE CONCRETO COM AGREGADO RECICLADO Todos os materiais dos quais o concreto é composto afetam diretamente a sua resistência e o seu desempenho final. Assim, os agregados também são extremamente importantes para a análise criteriosa das propriedades do concreto. Qualquer variação dos materiais componentes do concreto merece um estudo sistemático e isso também se aplica ao agregado reciclado, principalmente quando se pensa que eles correspondem até 80 % de toda mistura (LEITE, 2001). Segundo Levy et al. (apud ÂNGULO, 1998) a resistência à compressão, à tração e à flexão de concretos com agregados reciclados pode ser igual ou até mesmo superior à do concreto original, quando este houver sido preparado com relação água/cimento igual ou inferior à do concreto original. Salem e Burdette (1998; apud Leite, 2001) realizaram estudos comparativos em concretos com agregado graúdo reciclado e miúdo natural, e concretos com ambas as frações naturais e concluíram que a resistência à compressão dos concretos com agregado graúdo reciclado era maior que a do concreto convencional. Os autores atribuíram o melhor comportamento do concreto reciclado à forma mais angular e à textura mais áspera do material reciclado que proporciona melhor aderência e maior travamento entre a pasta de cimento e o agregado, se comparado ao agregado natural. Além disso, outra causa apontada para o melhor desempenho do concreto reciclado foi a maior absorção de água apresentada pelo agregado reciclado, que pode ter ocasionado diminuição da relação a/c do concreto. DI NIRO et al. (1998; apud LEITE, 2001) realizaram misturas de concreto com agregado reciclado utilizando teores de 0, 30, 50, 70 e 100 % de substituição do agregado graúdo natural pelo reciclado e concluíram que quanto maior o teor de substituição utilizado, menor era a resistência à compressão do concreto reciclado. Para 3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos 2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos REDISA – Red de Ingeniería de Saneamiento Ambiental ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4 o traço com 100 % de agregado reciclado a redução foi de cerca de 20 %, enquanto que para a mistura com apenas 30 % de substituição a redução foi de apenas 4 %. MATERIAIS E MÉTODOS As amostras foram obtidas na obra de construção da UFC – Campus Cariri (Universidade Federal do Ceará), na cidade de Juazeiro do Norte – CE. Os resíduos de concreto e argamassa foram coletados diretamente da obra, os resíduos de concreto estavam próximos a betoneira e em locais mais afastados, porém não estavam misturados a outros resíduos, e os resíduos de argamassa foram coletados na base inferior da alvenaria de elevação. Os resíduos de concreto e argamassa na forma de “torrões” de dimensões variadas tiveram que ser reduzidos, a redução foi feita por meio de percussão com ferramentas manuais (martelo e marreta). Para caracterização dos resíduos coletados de concreto e argamassa, foram realizados os seguintes ensaios: 1. Coleta das amostras de resíduos (NBR 7216) 2. Preparação da amostra de resíduos para caracterização (NBR 9941) 3. Composição granulométrica dos agregados (NBR 7217) 4. Teor de materiais pulverulentos (NBR 7219) 5. Determinação da massa específica de agregados miúdos por meio do frasco de chapman (NBR 9776) 6. Absorção e massa especifica de agregados graúdos (NBR 9937) 7. Ensaio de laboratório para determinação da umidade pelo método da estufa (NBR 9939) 8. Inchamento de agregado miúdo (NBR 6467) PREPARO DO CONCRETO Os materiais foram medidos em peso e misturados em uma betoneira de eixo inclinado com capacidade de 150L. O agregado utilizado foi 100% reciclado. Para analisar de forma comparativa a resistência entre o concreto convencional e o concreto produzido com agregados reciclados, o traço do concreto produzido com agregados reciclados foi feito a partir de traço (Tabela 01) de um concreto produzido com agregados convencionais (SILVA, 2009). Tabela 01: Traços Usados para Produção de Concreto Traço com agregados reciclados em peso Traço com agregado convencional em peso 7,17 kg de cimento (CPII Z 32) 7,17 kg de cimento (CPII Z 32) 13,62 kg de agregado miúdo (reciclado) 13,62 kg de agregado miúdo (convencional) 20 kg de agregado graúdo (reciclado) 20 kg de agregado graúdo (convencional) 4,41 kg de água 4,41 kg de água Fator a/c= 0,61 Fator a/c= 0,61 RESISTÊNCIA COMPRESSÃO DO CONCRETO (NBR 5739) Foram moldados 11 corpos de prova com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura (NBR 5738), com o concretoproduzido com agregados reciclados, para o concreto convencional foram moldados 12 corpos de prova. A idade de ruptura (figura 01) foi de 14 e 28. 3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos 2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos REDISA – Red de Ingeniería de Saneamiento Ambiental ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5 Figura 01: Ensaio de Resistência a Compressão do Concreto RESULTADOS CARACTERISTÍCAS DOS AGREGADOS Na Tabela 02 estão indicados os resultados da caracterização dos agregados reciclados e convencionais. Em relação a areia reciclada, o teor de materiais pulverulentos (5,64%) ficou acima do valor estabelecido para a areia (NBR 7219) usada em concreto que é de no máximo 5%. Esse valor elevado de materiais finos já era esperado, tendo em vista que os resíduos são provenientes de argamassa de revestimento, na qual se utilizam areia fina e que muitas vezes contêm teores consideráveis de silte. O que deve ter influenciado também no valor da umidade crítica, indicado na Tabela 02 do agregado reciclado, que foi bem maior do que a umidade crítica da areia convencional indicado na Tabela 03. Tabela 02: Características dos agregados CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS COLETADOS E BENEFICIADOS RES. ARG. RES. CONCR. Areia Reciclada Brita Reciclada Teor de Mat. Pulverulentos 3,91% 0,41% 5,64% 0,24% Massa Específica 2550kg/cm³ 2620kg/cm³ 2550g/cm³ 2620 kg/cm³ Teor de Umidade 0,60% 0,92% 0,31% 0,96% Umidade Crítica - - 9,8% - Tabela 03: Características dos agregados Areia Brita Teor de Mat. Pulverulentos 1,28% 0,90% Massa Específica 2640 kg/m³ 2580 kg/m³ Umidade Crítica 3,20% - CONSISTÊNCIA E RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO DO CONCRETO A consistência do concreto fresco produzido com agregados reciclados determinada pelo abatimento do tronco de cone foi de 20 mm, bem menor do que a consistência do concreto feito com agregados convencionais que foi de 60 mm em média. Para se obter um concreto com as mesmas características de um concreto convencional, seria necessário aumentar o consumo de cimento ou usar aditivos, o que levaria a um aumento nos custos. Considerando-se que foi mantido o mesmo traço, tanto para o concreto produzido com agregados reciclados como para o concreto feito com agregados convencionais. A diferença no valor da consistência ocorreu certamente em decorrência das características do agregado que apresentou uma absorção de água bem superior à do agregado tradicional, devido tanto à sua maior porosidade como um valor de materiais pulverulento muito elevado, contribuindo para a redução do abatimento do tronco de cone. Os corpos de prova foram submersos em água para o processo de cura até completarem a idade de ruptura que foi de 14 e 28 dias. As Tabelas 04 a 06 apresentam os resultados da resistência a compressão do concreto produzido com agregados reciclados e do concreto produzido com agregados convencionais. 3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos 2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos REDISA – Red de Ingeniería de Saneamiento Ambiental ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6 Tabela 04: Resultado da resistência a compressão do concreto produzido com agregados reciclados. RESULTADO DA ANÁLISE DE RUPTURA AOS 14 DIAS NA CURA CP'S Moldagem Idade Ruptura Slump (mm) Resistência (MPa) 1 15/1/2009 14 29/1/2009 20 21,70 2 15/1/2009 14 29/1/2009 20 20,40 3 15/1/2009 14 29/1/2009 20 23,00 4 15/1/2009 14 29/1/2009 20 21,30 5 15/1/2009 14 29/1/2009 20 19,20 MÉDIA= 21,12 VARIÂNCIA = 2,03 DESVIO PADRÃO = 1,42 Os resultados da resistência à compressão aos 28 dias do concreto com agregado reciclado foi em média, 16% superior à resistência aos 14 dias, esse acréscimo pode ser considerado superior ao esperado para concretos convencionais com as mesmas características. Tabela 05: Resultado da ruptura aos 28 dias. Concreto produzido com agregados reciclados. RESULTADO DA ANÁLISE DE RUPTURA AOS 28 DIAS NA CURA CP'S Moldagem Idade Ruptura Slump (mm) Resistência (MPa) 6 15/1/2009 28 12/2/2009 10 22,30 7 15/1/2009 28 12/2/2009 10 24,30 8 15/1/2009 28 12/2/2009 10 26,60 9 15/1/2009 28 12/2/2009 10 25,40 10 15/1/2009 28 12/2/2009 10 23,50 11 15/1/2009 28 12/2/2009 10 25,60 MÉDIA= 24,62 VARIÂNCIA = 2,45 DESVIO PADRÃO = 1,57 Tabela 06: Resultados da resistência à compressão do concreto produzido com agregados convencionais RESULTADO DA ANÁLISE DE RUPTURA AOS 28 DIAS C´PS Moldagem Idade Ruptura Slump (cm) Carga (KN) Resistência (MPa) CC-2B 25/9/2008 28 23/10/2008 6,5 198,2 25,2 CC-2B 25/9/2008 28 23/10/2008 6,5 211,5 26,9 CC-1B 26/9/2008 28 24/10/2008 5,5 192,8 24,6 CC-1B 26/9/2008 28 24/10/2008 5,5 203,1 25,9 CC-1B 26/9/2008 28 24/10/2008 5,5 193,3 24,6 CC-1B 26/9/2008 28 24/10/2008 5,5 174,6 22,2 CC-1B 26/9/2008 28 24/10/2008 5,5 186,1 23,7 CC-2B 26/9/2008 28 24/10/2008 6,5 207,0 26,4 CC-2B 26/9/2008 28 24/10/2008 6,5 195,6 24,9 CC-2B 26/9/2008 28 24/10/2008 6,5 211,4 26,9 CC-2B 26/9/2008 28 24/10/2008 6,5 190,4 24,3 CC-2B 26/9/2008 28 24/10/2008 6,5 224,7 28,6 MÉDIA= 25,30 VARIÂNCIA = 2,90 DESVIO PADRÃO = 1,70 3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos 2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos REDISA – Red de Ingeniería de Saneamiento Ambiental ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7 De acordo com os ensaios realizados de resistência a compressão, o concreto com agregados reciclados apresentou em média resistência 2,69% inferior a resistência do concreto com agregados convencionais, para a idade de 28 dias. CONCLUSÃO Considerando-se os resultados obtidos neste trabalho concluiu–se que utilizando-se o mesmo traço tanto para um concreto produzido de forma convencional como para um concreto produzido com agregados reciclados a resistência média à compressão do concreto produzido com agregados reciclados foi em média, apenas 0,68Mpa inferior ao concreto convencional. Assim o concreto produzido com agregados reciclados, considerando-se tão somente o resultado da resistência à compressão do concreto aos 28 dias, poderia ser utilizado em obras de construção mediante os devidos cuidados de separação dos materiais coletados e controle tecnológico do concreto produzido. Observando-se que os corpos de prova são apenas uma amostra do comportamento de uma estrutura de concreto, é necessário, portanto que outras pesquisas sejam realizadas referentes ao assunto como, por exemplo, um estudo do comportamento de estruturas feitas com concreto produzido com agregados reciclados. Os resíduos usados como agregados apresentaram uma absorção de água bem superior à do agregado tradicional, devido tanto à sua grande porosidade como a maior quantidade de finos existentes neste resíduo. A caracterização dos resíduos mostrou a possibilidade de se trabalhar com granulometrias diferenciadas, ao invés de se ter granulometrias limitadas Permitindo, assim, certa flexibilidade de correções granulométricas que beneficiariam a produção dos concretos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ÂNGULO, S.C., ZORDAN, S.E., VANDERLEY, M. Desenvolvimento sustentável e a reciclagem de resíduos na construção civil. Disponível em: <htttp://www.recilcagem.pcc.usp.br/ftp/artigo%20IV_CT206_2001.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2008. 2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7216 – Amostragem de agregados. Rio de Janeiro, , 1987. 3. _______ NBR 9941 – Redução de amostras de campo para ensaio de laboratório. Rio de Janeiro, 1987. 4. _______ NBR 7217 – Determinação da composição granulométrica do agregado miúdo e graúdo. Rio de Janeiro, 1987. 5. ________ NBR 9776 – Determinação da massa específica de agregados miúdos por meio do Frasco de Chapman. Rio de Janeiro,1987. 6. ________ NBR 9937 – Determinação da absorção e da massa especifica de agregados graúdos. Rio de Janeiro, 1987. 7. ________ NBR 7219 – Teor de materiais pulverulentos. Rio de Janeiro, 1987. 8. ________ NBR 6467 – Determinação do inchamento de agregados miúdos para concreto. Rio de Janeiro, 1987 9. ________NBR 5738 – Concreto: Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro, ano. 10. _______ NBR 7223 – Determinação da consistência pelo tronco de cone Slump test. Rio de Janeiro, 1992. 11. _______ NBR 5739 – Ensaio de Compressão de Corpos-de-Prova Cilíndricos. Rio de Janeiro, 1994. 12. _______ NBR 7211 – Agregado para concreto. Rio de Janeiro, 2005. 13. BARDELLA, P.S., CAMARINI, G. 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Disponível em: <http://www.usp.br/fau/cursos/graduacao/design/disciplinas/aut2512/RESOLUCAO_CONAMA_307.pdf >. Acesso em: 18 mai. 2008 16. JOHN, V.M., AGOPYAN, V. Reciclagem de resíduos da construção. Disponível em: <http://recycled.pcc.usp.br/ftp/CETESB.pdf>. Acesso em: 12 mai. 2008. 17. LEITE, B.M. Avaliação de propriedades mecânicas de concretos produzidos com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição. Disponível em: <http://www.reciclagem.pcc.usp.br/ftp/tese%20Monica%20Leite.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2009 18. LEVY, S.M. Problemas gerados pelo entulho. Disponível em: <http://www.resol.com.br/textos/Problemas%20gerados%20pelo%20Entulho.pdf>. Acesso 30 mai. 2005. 19. PINTO, Tarcisio P. Gestão ambiental de resíduos da construção civil: a experiência do SindusCon-SP. (coordenador). Disponível em: < http://www.gerenciamento.ufba.br/Downloads/Manual_Residuos_Solidos.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2008. 20. SEINFRA - Secretaria municipal de Infra-estrutura. 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