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17 MARIA DA PENHA

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
LEI MARIA DA PENHA (LEI 11.340/2006) 
 
Por Roberto Lobo 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
1 DISPOSIÇÕES GERAIS ................................................................................................................ 4 
1.1 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL E CONVENCIONAL. ......................................................... 4 
1.2 HISTÓRICO NO BRASIL ........................................................................................................ 4 
1.3 NATUREZA DA LEI............................................................................................................... 4 
1.4 OBJETO DA LEI ................................................................................................................... 6 
1.5 AÇÕES AFIRMATIVAS ......................................................................................................... 6 
1.6 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ......................................................................................... 7 
2 DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER ...................................................... 7 
2.1 CONDUTA .......................................................................................................................... 7 
2.2 ÂMBITOS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ................................................................................. 7 
2.3 ELEMENTO SUBJETIVO NA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ............................................................. 9 
2.4 SUJEITOS DA VIOLÊNCIA DOMESTICA E IRRELEVÂNCIA DA ORIENTAÇÃO SEXUAL. ..............10 
2.5 FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA..................................................................................12 
2.5.1 VIOLÊNCIA FÍSICA .......................................................................................................12 
2.5.2 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA ............................................................................................13 
2.5.3 VIOLÊNCIA SEXUAL .....................................................................................................13 
2.5.4 VIOLÊNCIA PATRIMONIAL ...........................................................................................13 
2.5.5 VIOLÊNCIA MORAL .....................................................................................................13 
3 FORMAS DE PREVENÇÃO NA LEI MARIA DA PENHA ..................................................................14 
4 FORMAS DE ASSISTÊNCIA À MULHER .......................................................................................15 
5 DAS MEDIDAS TOMADAS PELO DELEGADO DE POLÍCIA .............................................................21 
6 DOS PROCEDIMENTOS .............................................................................................................25 
7 VEDAÇÃO À APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95 ..................................................................................30 
8 MEDIDAS PROTETIVAS DA LEI 11.340/06 ..................................................................................35 
8.1 NATUREZA JURÍDICA .........................................................................................................35 
8.2 PROCEDIMENTO................................................................................................................35 
9 DEMAIS DISPOSITIVOS .............................................................................................................45 
9.1 DO MINISTÉRIO PÚBLICO ..................................................................................................45 
9.2 DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA..............................................................................................46 
9.3 DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR .............................................................46 
9.4 DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS .............................................................................................46 
9.5 DISPOSIÇÕES FINAIS ..........................................................................................................47 
3 
10 DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO ........................................................................48 
11 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................48 
 
 
 
4 
ATUALIZADO EM 02/03/20201 
LEI MARIA DA PENHA (LEI 11.340/06) 
1 DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
1.1 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL E CONVENCIONAL. 
A Lei n° 11.340/06 foi criada não apenas para atender ao disposto no art. 226, § 8°, da Constituição 
Federal, segundo o qual "o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, 
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações", mas também de modo a dar 
cumprimento a diversos tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil. 
1.2 HISTÓRICO NO BRASIL 
Até 1990, a violência, em geral, tinha um tratamento uniforme, que era basicamente o Código Penal 
(não importa se contra idosos, crianças, mulher, etc). A partir de 1990 começou um “espírito de especialização 
da violência”. Houve a lei 8.069/90 (violência contra criança e adolescente – ECA). No mesmo ano veio a lei 
8.072/90 (Hediondos), 8.078/90 (consumidor), lei 9.099/95, lei 9.455/97, lei 9.503/97, lei 9.605/98, estatuto do 
idoso. As estatísticas justificaram o novo tratamento dessas violências, já que o CP não tratava delas de maneira 
eficiente. 
Apesar do mandamento constitucional do art. 226, § 8°, e dos diversos Tratados Internacionais 
firmados pelo Brasil, a Lei n° 11.340/06 surgiu apenas no ano de 2006, para atender à recomendação da OEA 
decorrente de condenação imposta ao Brasil no caso que ficou conhecido como "Maria da Penha". 
Foi nesse espírito que nasceu a lei 11.340/06, sobre violência doméstica e familiar contra a mulher, 
também se baseando em estatística. 
1.3 NATUREZA DA LEI 
Não se pode dizer que a presente lei tem conteúdo penal, uma vez que ela não prevê tipos penais que 
configurem violência doméstica e familiar contra a mulher. Da mesma forma, o seu conteúdo não tem nenhuma 
norma ligada ao exercício do jus puniendi. Na realidade, esta lei tem conteúdo processual penal (arts. 12, 15, 
18, 19, 20, entre outros), mas, também trata de questões ligadas ao direito civil (arts. 23, 24, 25, ente outros). 
Assim, pode-se dizer que a lei tem conteúdo misto. 
 
 
1 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de 
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, 
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do 
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas 
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos 
eventos anteriormente citados. 
5 
*#ATENÇÃO: Único crime da Lei 11.340/2006 
Ao contrário do que muitos pensam, a Lei Maria da Penha não previa crimes. Este diploma traz uma série de 
disposições processuais e também de direito civil. O art. 24-A, agora inserido coma Lei 13.641, é o único delito 
tipificado na Lei nº 11.340/2006. 
 
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. 
 
As medidas protetivas de urgência da Lei nº 11.340/2006 não são exclusivas do processo penal. Isso significa 
que podem ser aplicadas em processos cíveis, independentemente da existência de inquérito policial ou 
processo criminal contra o suposto agressor. 
A Lei Maria da Penha foi editada com o objetivo de ampliar os mecanismos jurídicos e estatais de proteção da 
mulher vítima de violência doméstica. 
A referida Lei não se preocupa apenas com o viés da punição penal do agressor,sendo voltada também para a 
prevenção da violência, fornecendo, para tanto, instrumentos de natureza civil e administrativa. 
Desse modo, para que a Lei consiga atender seus propósitos de prevenção, é possível que sejam determinadas 
medidas judiciais de natureza não criminal, mesmo porque a resposta penal estatal só é desencadeada depois 
que, concretamente, o ilícito penal é cometido, muitas vezes com consequências irreversíveis, como no caso de 
homicídio ou de lesões corporais graves ou gravíssimas. 
Vale ressaltar que a definição de violência doméstica presente na Lei engloba situações que nem constituem 
crime, como o caso de “sofrimento psicológico”, “dano moral”, “diminuição da autoestima”, “manipulação” etc. 
Assim, fica ainda mais claro que a Lei não tem objetivos exclusivamente penais. 
Foi isso que decidiu o STJ: 
(...) 1. As medidas protetivas previstas na Lei n. 11.340/2006, observados os requisitos específicos para a 
concessão de cada uma, podem ser pleiteadas de forma autônoma para fins de cessação ou de acautelamento 
de violência doméstica contra a mulher, independentemente da existência, presente ou potencial, de processo-
crime ou ação principal contra o suposto agressor. 
2. Nessa hipótese, as medidas de urgência pleiteadas terão natureza de cautelar cível satisfativa, não se exigindo 
instrumentalidade a outro processo cível ou criminal, haja vista que não se busca necessariamente garantir a 
eficácia prática da tutela principal. "O fim das medidas protetivas é proteger direitos fundamentais, evitando a 
continuidade da violência e das situações que a favorecem. Não são, necessariamente, preparatórias de 
qualquer ação judicial. Não visam processos, mas pessoas" (DIAS. Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na 
justiça. 3 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012). (...) 
STJ. 4ª Turma. REsp 1419421/GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/02/2014. 
 
6 
Confirmando essa natureza e a fim de que não houvesse dúvidas quanto à tipificação, o legislador previu 
expressamente que também haverá o crime do art. 24-A se o sujeito descumprir medida protetiva imposta em 
processo cível. 
 
1.4 OBJETO DA LEI 
A lei nº 11.340/2006 positivou no Direito brasileiro a coibição da violência doméstica e familiar contra 
a mulher e disciplinou diversas questões ligadas a essa temática, como a assistência à mulher em situação de 
violência doméstica, as medidas de integração e de prevenção, o atendimento da mulher pela autoridade 
policial e os procedimentos a serem adotados, a competência para o processo e o julgamento de casos que 
envolvam a violência doméstica e familiar contra a mulher, as medidas protetivas de urgência, a atuação do 
Ministério Público, a assistência judiciária e a equipe de atendimento multidisciplinar, além de outras questões. 
Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos 
termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a 
Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a 
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e 
proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. 
São quatro as finalidades, nenhuma com ligação ao Direito Penal. 
• Coibir e Prevenir a Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; 
• Prestar assistência à mulher vítima de violência doméstica e familiar; 
• Proteção para a Mulher Vítima; 
• Criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (não tem nada a ver 
com os Juizados da lei 9.099/95). 
1.5 AÇÕES AFIRMATIVAS 
Conjunto de ações, programas e políticas especiais e temporárias que buscam reduzir ou minimizar os 
efeitos intoleráveis da discriminação em razão de gênero, raça, sexo, religião, deficiência física, ou outro fator 
de desigualdade. Buscam incluir setores marginalizados num patamar satisfatório de oportunidades sociais, 
valendo-se de mecanismos compensatórios. Esses programas de ação afirmativa não se colocam em rota de 
colisão com o princípio da igualdade, potencializando, pelo contrário, expectativas compensatórias e de 
inserção social de parcelas historicamente marginalizadas. Destinam-se, pois, a equacionar distorções arraigadas 
ou minorar-lhes as consequências antissociais. 
Não violam o princípio da igualdade, pois há uma discriminação positiva e não negativa: 
#DEOLHONAJURIS - Inf. 654 do STF - Não há violação do princípio constitucional da igualdade no fato de a Lei n. 
11.340/06 ser voltada apenas à proteção das mulheres. 
7 
1.6 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA - Inf. 825 do STF - Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos 
praticados em violência doméstica. Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em 
situação de violência doméstica. Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva 
ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a 
característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. O STJ e o STF não admitem a aplicação dos 
princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e contravenções praticados com violência ou 
grave ameaça contra a mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale 
ressaltar que o fato de o casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou 
desnecessidade de pena. 
2 DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 
 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou 
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou 
sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram 
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
2.1 CONDUTA 
O legislador discriminou o que configura a violência doméstica e familiar contra a mulher. Nesse 
sentido, abrangeu QUALQUER AÇÃO OU OMISSÃO que possa configurar a morte, a lesão, o sofrimento físico, 
sexual ou psicológico e o dano moral ou patrimonial na mulher em situação de violência doméstica e familiar. 
2.2 ÂMBITOS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
Estabeleceram-se nos incisos os 3 âmbitos onde estará configurada a violência doméstica e familiar 
contra a mulher (BASTA QUE SEJA EM UM DOS 3): 
ÂMBITO DA UNIDADE 
DOMÉSTICA 
ÂMBITO DA FAMÍLIA. QUALQUER RELAÇÃO ÍNTIMA DE 
AFETO 
Espaço de convívio permanente de 
pessoas, COM OU SEM VÍNCULO 
Comunidade formada por 
indivíduos que são ou se 
Em qualquer relação íntima de 
afeto, na qual o agressor conviva 
8 
FAMILIAR, INCLUSIVE AS 
ESPORADICAMENTE AGREGADAS. 
Leva em conta apenas o aspecto 
espacial. Nessa hipótese, o 
importante é que a mulher deve 
fazer parte desse espaço de 
convívio permanente. 
Não se exige o vínculo familiar, o 
que significa dizer que a violência 
doméstica contra a mulher pode 
ocorrer fora dos casos de marido e 
mulher, podendo ser vítima a 
empregada doméstica, por 
exemplo. 
consideram aparentados, unidos 
por laços naturais, por afinidade 
ou por vontade expressa; 
Indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, unidospor laços naturais, por afinidade 
ou por vontade expressa Aqui 
importam os laços, pouco 
importando o lugar, pouco 
importando se há coabitação. 
 
 
ou tenha convivido com a 
ofendida, INDEPENDENTEMENTE 
DE COABITAÇÃO. 
Ao referir-se a qualquer relação 
íntima de afeto, o legislador 
abarcou a necessidade de o 
agressor conviver ou ter convivido 
com a ofendida, 
independentemente de 
coabitação. Na relação íntima de 
afeto, o importante é que haja um 
relacionamento entre duas 
pessoas, seja ele baseado na 
amizade, seja ele baseado em 
qualquer sentimento que um tiver 
pelo outro. É possível namorado e 
namorada, desde que não seja 
uma relação passageira, mas 
íntima. 
 
*#SÚMULA #NOVIDADE: Súmula 600 – STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no 
artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima. 
 
#DEOLHONAJURIS: 
- Inf. 499 do STJ - É possível a aplicação da Lei Maria da Penha para violência praticada por irmão contra irmã, 
ainda que eles nem mais morem sob o mesmo teto. É preciso que a relação existente entre o sujeito ativo e o 
passivo seja analisada em face do caso concreto. No caso julgado, segundo o STJ, o indivíduo se valeu de sua 
autoridade de irmão para subjugar a sua irmã, com o fim de obter para si o controle do dinheiro da pensão. Na 
hipótese, o indivíduo teria ido ao apartamento da sua irmã fazendo várias ameaças de causar-lhe mal injusto e 
grave, além de ter provocado danos materiais em seu carro, causando-lhe sofrimento psicológico e dano moral 
e patrimonial, no intuito de forçá-la a abrir mão do controle da pensão que a mãe de ambos recebe. 
Lei n. 11.340/06: Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher 
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou 
psicológico e dano moral ou patrimonial: 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
9 
A Lei 11.340/06 buscou proteger não só a vítima que coabita com o agressor, mas também aquela que, no 
passado, já tenha convivido no mesmo domicílio, contanto que haja nexo entre a agressão e a relação íntima de 
afeto que já existiu entre os dois. 
 
- Inf. 524 do STJ - Crime praticado por nora contra sogra. É do juizado especial criminal — e não do juizado de 
violência doméstica e familiar contra a mulher — a competência para processar e julgar ação penal referente a 
suposto crime de ameaça (art. 147 do CP) praticado por nora contra sua sogra na hipótese em que não 
estejam presentes os requisitos cumulativos de relação íntima de afeto, motivação de gênero e situação de 
vulnerabilidade. 
 
- Inf. 551 do STJ - Aplicação da Lei Maria da Penha para agressão de filha contra a mãe. É possível a incidência 
da Maria da Penha nas relações entre MÃE e FILHA. O objeto de tutela da Lei é a mulher em situação de 
vulnerabilidade, não só em relação ao cônjuge ou companheiro, mas também qualquer outro familiar ou pessoa 
que conviva com a vítima, independentemente do gênero do agressor. O sujeito ativo do crime pode ser tanto o 
homem como a mulher, desde que esteja presente o estado de vulnerabilidade caracterizado por uma relação 
de poder e submissão. 
 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ A posterior reconciliação entre a vítima e o agressor não é 
fundamento suficiente para afastar a necessidade de fixação do valor mínimo previsto no art. 387, inciso IV, 
do CPP, seja porque não há previsão legal nesse sentido, seja porque compete à própria vítima decidir se irá 
promover a execução ou não do título executivo, sendo vedado ao Poder Judiciário omitir-se na aplicação 
da legislação processual penal que determina a fixação do valor mínimo em favor da ofendida. CPP/Art. 387. 
O juiz, ao proferir sentença condenatória: (...) IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados 
pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; STJ. 6ª Turma. REsp 1.819.504-MS, Rel. 
Min. Laurita Vaz, julgado em 10/09/2019 (Info 657). 
 
2.3 ELEMENTO SUBJETIVO NA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
À primeira vista, considerando-se que o art. 5° e os incisos do art. 7° não estabelecem qualquer 
distinção, poder-se-ia pensar que toda e qualquer infração penal dolosa ou culposa seria capaz de configurar 
violência doméstica e familiar contra a mulher. 
No entanto, se se trata de violência de gênero (art. 5°, caput: “ação ou omissão baseada no gênero”), 
DEVE FICAR EVIDENCIADA A CONSCIÊNCIA E A VONTADE DO AGENTE DE ATINGIR UMA MULHER EM 
SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE, O QUE SOMENTE SERIA POSSÍVEL NA HIPÓTESE DE CRIMES DOLOSOS. 
10 
2.4 SUJEITOS DA VIOLÊNCIA DOMESTICA E IRRELEVÂNCIA DA ORIENTAÇÃO SEXUAL. 
SUJEITO ATIVO - Para a caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher, não é 
necessário que a violência seja perpetrada por pessoas de sexos distintos . O agressor tanto pode ser um 
homem (união heterossexual) como outra mulher (união homoafetiva). Basta atentar para o disposto no art. 5°, 
pú, que prevê que as relações pessoais que autorizam o reconhecimento da violência doméstica e familiar 
contra a mulher independem de orientação sexual. 
Portanto, lésbicas, travestis, transexuais estão ao abrigo da Lei Maria da Penha, quando a violência 
for perpetrada entre pessoas que possuem relações domésticas, familiares e íntimas de afeto. 
Quanto à violência doméstica perpetrada por uma mulher contra outra, a maioria da doutrina 
entende não há como se afastar a aplicação da Lei Maria da Penha, desde que comprovada uma relação de 
hipossuficiência e superioridade. Explico: 
Nas hipóteses de violência doméstica e familiar perpetrada por um homem contra a mulher, para 
Renato Brasileiro, há verdadeira presunção absoluta de vulnerabilidade. A desigualdade entre os gêneros 
feminino e masculino pode ser facilmente constatada, seja pela maior força física do homem, seja pela posição 
de superioridade que geralmente ocupa no seio familiar e social. 
Por outro lado, quando esta mesma violência é perpetrada por uma mulher contra outra no seio de 
uma relação doméstica, familiar ou íntima de afeto, não há falar em presunção absoluta de vulnerabilidade do 
gênero feminino. Trata-se, na verdade, de presunção relativa. Para a configuração da violência doméstica e 
familiar contra a mulher, é indispensável que a vítima esteja em situação de hipossuficiência física ou 
econômica, em condição de vulnerabilidade, enfim, que a infração penal tenha como motivação a opressão à 
mulher. 
Nesse contexto, como já se pronunciou o STJ, "delito contra honra, envolvendo irmãs, não configura 
hipótese de incidência da Lei n° 11.340/06, que tem como objeto a mulher numa perspectiva de gênero e em 
condições de hipossuficiência ou inferioridade física e econômica”. No entanto, se esta mesma violência for 
perpetrada no âmbito de uma união homoafetiva, demonstrando-se que a agressora ocupava uma posição de 
superioridade hierárquica em relação à vítima, que dela dependia economicamente por exercer funções 
meramente domésticas, não se pode descartar a possibilidade de aplicação da Lei Maria da Penha , porquanto 
evidenciada a posição de vulnerabilidade do sujeito passivo. 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA - Inf. 539 - A Lei presume a hipossuficiência da mulher vítima de violência 
doméstica. O fato de a vítima ser figura pública renomada não afasta a competência do Juizado de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso porque a situação de vulnerabilidade 
e de hipossuficiência da mulher, envolvida em relacionamento íntimo de afeto, revela-se ipso facto, sendo 
irrelevante a sua condição pessoal para a aplicação da Lei Maria da Penha. Trata-se de uma presunção da Lei. 
 
11 
SUJEITO PASSIVO - Especificamente em relação ao sujeito passivo da violênciadoméstica e familiar, há 
uma exigência de uma qualidade especial: ser mulher. Portanto, revela-se inviável a aplicação da Lei Maria da 
Penha nas hipóteses de violência contra homens, mesmo quando originadas no ambiente doméstico ou 
familiar. 
 
#ATENÇÃO – Apesar de não poder ser sujeito passivo na lei Maria da Penha, o homem pode ser vítima de 
violência doméstica e familiar, nas situações dos arts. 129, §§ 9, 10 e 11 do CP. 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem 
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, 
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
§ 11. Na hipótese do § 9ºdeste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra 
pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) 
 
#DEOLHONAJURIS - Inf. 501 do STJ – Lesão corporal (qualificadora no caso de violência doméstica) - A 
qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais cometidas contra 
HOMEM no âmbito das relações domésticas. 
 
#OLHAOGANCHO - A lei 11.340/06 somente abrange mulher (violência de gênero), mas é possível aplicar-se as 
medidas de proteção para criança, adolescente, idoso, pessoa portadora de necessidades especiais e enfermo 
(são todos vulneráveis), mesmo que homens. Neste caso, o juiz se valerá do seu poder geral de cautela, na 
forma do artigo 313, inciso III, do CPP. 
 
Coach, é possível a aplicação da Lei Maria da Penha para o transexual? Primeiramente, cumpre 
esclarecer que transexual não se confunde com homossexual, bissexual, intersexual ou mesmo com travesti. O 
transexual é aquele que sofre uma dicotomia físico-psíquica, possuindo um sexo físico distinto de sua 
conformação sexual psicológica. Tem prevalecido que a lei Maria da Penha pode ser aplicada ao transexual. 
 
#ATENÇÃO - Na hipótese de uma mesma agressão ser perpetrada contra vítimas de sexos diferentes, estará 
sujeita à Lei Maria da Penha apenas a violência contra a vítima do sexo feminino. Entretanto, diante da conexão 
probatória entre os dois crimes, é possível a reunião dos processos perante o Juizado de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher. Nesse caso, os institutos despenalizadores da Lei 9.099/95 só poderão ser aplicados 
em relação à infração de menor potencial ofensivo cometida contra a vítima do sexo masculino, vez que não se 
admite a aplicação da Lei n° 9.099/95 aos crimes e contravenções praticados com violência doméstica e familiar 
contra a mulher (Lei n° 11.340/06, art. 41). 
12 
2.5 FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da 
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas 
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e 
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à 
autodeterminação; 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar 
de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a 
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método 
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, 
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição 
parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou 
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. 
 
Percebe-se que a Lei Maria da Penha utiliza o termo "violência" em sentido amplo, abarcando não 
apenas a violência física, como também a violência psicológica, sexual, patrimonial e moral. 
Para o reconhecimento da violência contra a mulher, basta a presença alternativa de um dos incisos 
do art. 7°, em combinação alternativa com um dos âmbitos do art. 5° (âmbito da unidade doméstica, âmbito 
da família ou em qualquer relação íntima de afeto). Logo, a violência doméstica e familiar contra a mulher 
estará configurada tanto quando uma mulher for vítima de violência sexual no âmbito da unidade doméstica, 
quando contra ela for perpetrada violência psicológica numa relação íntima de afeto, por exemplo. 
O art. 7° faz uso da expressão "entre outras", portanto não se trata de um rol taxativo, mas sim 
exemplificativo. Logo, é perfeitamente possível o reconhecimento de outras formas de violência doméstica e 
familiar contra a mulher. Tem-se aí verdadeira hipótese de interpretação analógica. 
2.5.1 VIOLÊNCIA FÍSICA 
Qualquer conduta que ofenda a integridade ou a saúde corporal da vítima. A ofensa à integridade 
corporal é a lesão que afeta órgãos, tecidos ou aspectos externos do corpo, como fraturas, ferimentos, 
equimoses e lesão de um músculo. Podemos citar as diversas espécies de lesão corporal (CP, art. 129), o 
homicídio (CP, art. 121) e até mesmo a contravenção penal de vias de fato (Dec.-Lei n° 3.688/41, art. 21). 
13 
2.5.2 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA 
Qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima da mulher ou que lhe 
prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou controlar suas ações, 
comportamentos, crenças e decisões. Pode causar neuroses, depressão, entre outras, ainda que de forma 
transitória. 
Crimes como o constrangimento ilegal (CP, art. 146), a ameaça (CP, art. 147), e o sequestro e cárcere 
privado (CP, art. 148), podem ser citados como exemplos de infrações penais que materializam essa violência 
psicológica. 
2.5.3 VIOLÊNCIA SEXUAL 
Qualquer conduta ligada à dignidade sexual da mulher de forma não consentida por ela. 
2.5.4 VIOLÊNCIA PATRIMONIAL 
Qualquer conduta ligada aos objetos, instrumentos de trabalho da vítima, bem como seus documentos 
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas 
necessidades. NOTE-SE QUE, MESMO NESSE CASO, CONTINUA A HAVER A INCIDÊNCIA DAS ESCUSAS 
ABSOLUTAS E RELATIVAS PREVISTAS, RESPECTIVAMENTE, NOS ARTS. 181 E 182 DO CÓDIGO PENAL. 
2.5.5 VIOLÊNCIA MORAL 
Consiste na conduta ofensiva à honra da vítima, tendo em vista que ao referir-se a ela o legislador 
elencou os crimes contra a honra: calúnia, difamação ou injúria. 
#ATENÇÃO - A Lei n° 11.340/06 utiliza a expressão "violência moral" com significado distinto daquele 
tradicionalmente utilizado pelo CP. No CP, o termo "violência moral" é utilizado pelo legislador para se referir à 
grave ameaça, ao passo que a Lei Maria da Penha faz uso desse termo para se referir às condutas que 
configurem calúnia, difamação ou injúria, optando pela expressão "violência psicológica" para se referir à 
qualquer espécie de ameaça perpetrada contra a mulher. 
 
Em síntese: 
• Ação ou omissão 
• DOLOSA 
• Sujeito passivo mulher; 
• Prática de violência física, psicológica,sexual, patrimonial ou moral: para fins de incidência 
da Lei Maria da Penha, basta o cometimento de qualquer uma das hipóteses de violência 
previstas nos incisos I a V do art. 7°; 
• No âmbito da unidade doméstica, no âmbito da família, ou em qualquer relação íntima de 
afeto: estas situações em que se presume a maior vulnerabilidade da mulher também são 
14 
alternativas. Logo, para fins de incidência da Lei Maria da Penha, basta a presença de uma 
delas. 
 
3 FORMAS DE PREVENÇÃO NA LEI MARIA DA PENHA 
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um 
conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-
governamentais, tendo por diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de 
segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação; 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de 
gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da violência doméstica e 
familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação 
periódica dos resultados das medidas adotadas; 
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a 
coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o 
estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; 
Já tem MP instaurando ACP contra programas de TV que violam este dispositivo. 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de 
Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a 
mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de 
proteção aos direitos humanos das mulheres; 
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria 
entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a 
implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher; 
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos 
profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça 
ou etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade 
da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; 
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos 
humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a 
mulher. 
Merece destaque o inciso IV que trata da implementação de Delegacias especializadas no atendimento 
à mulher vítima de violência doméstica e familiar. Em alguns locais chamada de DEAM. A vítima deve ser 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm#art1iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm#art3iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm#art221iv
15 
encaminhada a esta Delegacia especializada para que lá seja adequadamente atendida e para que lá sejam 
tomadas todas as providências em relação a essa espécie de delito. 
4 FORMAS DE ASSISTÊNCIA À MULHER 
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e 
conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, 
no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e 
emergencialmente quando for o caso. 
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no 
cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. 
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade 
física e psicológica (aqui incluída a moral, sexual etc): 
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta; 
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis 
meses. 
 
 *#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE O art. 9º, § 2º da Lei Maria da Penha prevê que: O 
juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e 
psicológica, manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até 
seis meses. A competência para determinar essa medida é do Juiz da Vara de Violência Doméstica ou do Juiz do 
Trabalho? Juiz da Vara de Violência Doméstica. O juiz da vara especializada em Violência Doméstica (ou, caso 
não haja na localidade, o juízo criminal) tem competência para apreciar pedido de imposição de medida 
protetiva de manutenção de vínculo trabalhista, por até seis meses, em razão de afastamento do trabalho de 
ofendida decorrente de violência doméstica e familiar. Isso porque o motivo do afastamento não advém da 
relação de trabalho, mas sim da situação emergencial que visa garantir a integridade física, psicológica e 
patrimonial da mulher. Qual é a natureza jurídica desse afastamento? Sobre quem recai o ônus do pagamento? 
A natureza jurídica do afastamento por até seis meses em razão de violência doméstica e familiar é de 
interrupção do contrato de trabalho, incidindo, analogicamente, o auxíliodoença, devendo a empresa se 
responsabilizar pelo pagamento dos quinze primeiros dias, ficando o restante do período a cargo do INSS. STJ. 
6ª Turma. REsp 1.757.775-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/08/2019 (Info 655) 
 
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios 
decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, 
a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) 
e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. 
 
16 
*ATENÇÃO #NOVIDADES LEGISLATIVAS23: 
 
*LEI Nº 13.880, DE 8 DE 0UTUBRO DE 2019: Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da 
Penha), para prever a apreensão de arma de fogo sob posse de agressor em casos de violência doméstica, na 
forma em que especifica. 
 
Art. 1º Os arts. 12 e 18 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), passam a vigorar com as 
seguintes alterações: 
“Art. 12.(...) 
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência, 
juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição responsável pela concessão 
do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do 
Desarmamento); (NR) 
 
“Art. 18. (...) 
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor.” (NR) 
 
*LEI Nº 13.882, DE 8 DE 0UTUBRO DE 2019: Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da 
Penha), para garantir a matrícula dos dependentes da mulher vítima de violência doméstica e familiar em 
instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio. 
Art. 1º 1º Esta Lei altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para garantir a matrícula 
dos dependentes da mulher vítima de violência doméstica e familiar em instituiçãode educação básica mais 
próxima de seu domicílio. 
Art. 2º A Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), passa a vigorar com as seguintes 
alterações: 
“Art. 9º (...) 
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus dependentes 
em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, 
mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de 
violência doméstica e familiar em curso. 
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos conforme o 
disposto no § 4º deste artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos 
órgãos competentes do poder público.” (NR) 
 
2 Para mais comentários, vide: https://www.dizerodireito.com.br/2019/10/lei-138802019-determina-apreensao-
da.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito) 
 
3 https://www.dizerodireito.com.br/2019/10/lei-138822019-garante-matricula-
dos.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito) 
https://www.dizerodireito.com.br/2019/10/lei-138802019-determina-apreensao-da.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito)
https://www.dizerodireito.com.br/2019/10/lei-138802019-determina-apreensao-da.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito)
https://www.dizerodireito.com.br/2019/10/lei-138822019-garante-matricula-dos.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito)
https://www.dizerodireito.com.br/2019/10/lei-138822019-garante-matricula-dos.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+com/rviB+(Dizer+o+Direito)
17 
“Art. 23. (...) 
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do 
seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga.” (NR) 
 
LEI Nº 13.871, DE 17 DE SETEMBRO DE 2019: Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da 
Penha), para dispor sobre a responsabilidade do agressor pelo ressarcimento dos custos relacionados aos 
serviços de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às vítimas de violência doméstica e familiar e 
aos dispositivos de segurança por elas utilizados. 
Art. 9... 
 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou 
patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de 
Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total 
tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados 
ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem os serviços. 
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para o 
monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas terão seus 
custos ressarcidos pelo agressor. 
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de qualquer 
natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade 
de substituição da pena aplicada.” (NR) 
#AJUDAMARCINHO 
NOVO § 4º DO ART. 9 - Ressarcimento dos gastos com os serviços de saúde prestados à mulher 
Quando se fala em ressarcir todos os danos causados, isso significa que o agressor tem o dever, inclusive, de 
pagar ao Sistema Único de Saúde (SUS) as despesas que foram realizadas com os serviços de saúde prestados 
para o total tratamento da vítima em situação de violência doméstica e familiar. 
Ex: custos com cirurgia, com medicamentos, com atendimento de psicóloga etc. 
Assim, mesmo o SUS sendo um serviço oferecido gratuitamente à população, o agressor tem o dever de 
ressarcir os gastos que o poder público teve com isso. 
O legislador entendeu que não é “justo” que toda a coletividade tenha que arcar as despesas que o poder 
público teve com o tratamento da vítima considerando que o responsável por isso foi o agressor. Logo, o Estado 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art9%C2%A74
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art9%C2%A75
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art9%C2%A76
18 
cumpre seu papel e presta toda a assistência à vítima. No entanto, posteriormente, cobra esse valor do real 
causador dos gastos. 
Como se calculará o valor desses tratamentos? Esse ressarcimento será feito de acordo com os valores previstos 
na tabela do SUS. Ex: se a vítima quebrou o braço em decorrência das agressões, o agente terá que pagar os 
custos de um atendimento médico, do gesso, dos exames e demais gastos necessários para o procedimento. 
Fundo de Saúde 
Os recursos arrecadados serão recolhidos ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas unidades de 
saúde que prestarem os serviços. Ex: se a mulher foi atendida em um hospital da rede estadual de saúde, os 
valores pagos pelo agressor irão ser revertidos para o Fundo Estadual de Saúde. Caso não pague 
voluntariamente, o ente que custeou às despesas (União, Estado, DF ou Município) deverá ajuizar ação de 
indenização contra ele o agressor. 
Os gastos que a vítima teve em hospitais particulares, também deverão ser ressarcidos? SIM. No entanto, esse 
não foi o objetivo do novo § 4º. Isso porque nunca houve dúvidas de que o agressor tinha que indenizar as 
despesas que a própria vítima teve que desembolsar. Esse dever decorre das regras ordinárias de 
responsabilidade civil. 
A grande novidade da Lei nº 13.871/2019 foi exigir do causador da agressão os gastos que o Poder Público teve 
com a assistência integral da vítima. 
NOVO § 5º DO ART. 9º - Mecanismos para evitar a aproximação do agressor em relação à vítima 
É comum que o autor da violência doméstica, mesmo já sabendo que as autoridades estão apurando o crime 
praticado, tente procurar novamente a vítima, seja sob a alegação de que quer se desculpar, seja com o objetivo 
declarado de se vingar. 
Justamente por isso a Lei nº 11.340/2006 prevê que poderão ser concedidas medidas protetivas de urgência, 
sendo a mais comum delas a determinação imposta pelo juiz no sentido de que o agressor não deve se 
aproximar da vítima (art. 22, III, “a”). 
O agressor que descumprir essa medida pode ter a prisão preventiva decretada (art. 313, III, do CPP), além de 
responder por novo crime, previsto no art. 24-A da Lei nº 11.340/2006. 
Ocorre que, mesmo com isso tudo, ainda assim são frequentes os casos em que o agressor descumpriu a 
medida imposta, aproximou-se da ofendida buscando uma reconciliação e, como a vítima se recusou, acabou 
sendo morta.Diante desse cenário, percebeu-se que, por se tratarem de crimes passionais, não basta a ameaça 
19 
de sanção. É necessário utilizar a tecnologia para proteger a vítima evitando a aproximação mesmo que o 
agressor tente isso. 
“Botão do pânico”: Um exemplo desse mecanismo de proteção das vítimas de violência doméstica é o chamado 
“botão do pânico”, desenvolvido pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo em conjunto com o Município de 
Vitória (ES) e com o Instituto Nacional de Tecnologia Preventiva (INTP). Trata-se de um equipamento fornecido 
para mulheres que estão sob medida protetiva e que pode ser acionado caso o agressor não mantenha a 
distância mínima determinada na decisão judicial. Assim, se o agressor se aproxima da vítima, esta poderá 
acionar o “botão do pânico” e o equipamento, que conta com um GPS, enviará imediatamente a localização da 
mulher para uma central de monitoramento, de forma que uma equipeda polícia será enviada ao local a fim de 
garantir a segurança da mulher e eventual prisão do agressor. Essa experiência tem sido adotada em outros 
Estados. 
O aparelho também inicia um sistema de gravação do áudio ambiente, que fica armazenado e poderá ser usado, 
judicialmente, contra o agressor. Mais informações: http://www.tjes.jus.br/botao-do-panico-dispositivo-de-
seguranca-que-ajuda-a-proteger-mulheres-vitimas-de-violencia-domestica-completa-6-anos/ 
Tornozeleira eletrônica com dispositivo de aproximação que fica com a mulher 
Outro exemplo de tecnologia preventiva para a proteção da mulher vítima de violência doméstica são as 
tornozeleiras eletrônicas. No entanto, além de o agressor ficar com a tornozeleira, a vítima utiliza também um 
dispositivo por meio do qual se o indivíduo se aproximar da mulher em distância inferior àquela que é 
permitida, a vítima e as autoridades são informadas, podendo assim garantir a sua segurança. 
Ressarcimento dos gastos com esses dispositivos 
Esses dispositivos tecnológicos de proteção preventiva da mulher acarretam despesas, tanto no momento do 
seu desenvolvimento como manutenção. A Lei nº 13.871/2019 acrescenta o § 5º ao art. 9º da Lei Maria da 
Penha prevendo que o agressor terá que ressarcir os custos com tais dispositivos de segurança, caso eles 
tenham que ser empregados para proteção da vítima. 
NOVO § 6º DO ART. 9º 
A Lei nº 13.871/2019 acrescenta o § 6º ao art. 9º com três importantes informações: 
1) O ressarcimento não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus 
dependentes. 
Isso significa que, se o agressor for casado com a vítima ou com ela tiver filhos, o ressarcimento terá que ser 
feito pelo agente com seu patrimônio próprio, não podendo utilizar o dinheiro que seria comum do casal ou dos 
20 
filhos. Ex: João agrediu fisicamente sua esposa Laura; em virtude das agressões, Laura teve que fazer uma 
cirurgia de emergência em um hospital público, para onde foi levada; João terá que ressarcir os custos com o 
atendimento médico e hospitalar feito em Laura; suponhamos que João e Laura, casados em comunhão 
universal de bens, tinham um investimento financeiro de R$ 100 mil; Laura terá direito aos seus R$ 50 mil e João 
pagará o ressarcimento com a sua parte, ou seja, com os seus R$ 50 mil. 
2) O fato de o agressor ter feito o ressarcimento não configura atenuante. 
O art. 65 do Código Penal traz uma lista de circunstâncias atenuantes. O inciso III, “b”, deste artigo prevê o 
seguinte: Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (...) III - ter o agente: b) procurado, por sua 
espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, 
antes do julgamento, reparado o dano; 
O agressor que faz o ressarcimento poderia pretender invocar essa atenuante. Antevendo isso, o legislador 
incluiu no § 6º do art. 9º a proibição de que o juiz utilize o ressarcimento feito pelo agressor como uma 
circunstância atenuante. 
3) O ressarcimento não enseja possibilidade de substituição da pena aplicada. 
O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º do art. 9º não configura pena restritiva de direitos. Assim, o fato de 
o agente ter feito esse ressarcimento não implica qualquer alteração na pena aplicada. Aliás, o art. 17 da Lei nº 
11.340/2006 afirma que “é vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de 
penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o 
pagamento isolado de multa.” 
Nesse sentido: Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou 
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva 
de direitos. 
 
 
Esquematizando: O Juiz 
• Determinará, por prazo certo: 
o Inclusão de mulher em situação de violência doméstica no cadastro de programas 
assistenciais do governo federal, estadual e municipal. 
• Assegurará, para preservar sua integridade 
o ACESSO PRIORITÁRIO A REMOÇÃO, QUANDO SERVIDORA PÚBLICA 
21 
o MANUTENÇÃO DO VÍNCULO TRABALHISTA, ATÉ 6 MESES, QUANDO NECESSÁRIO 
AFASTAMENTO DO LOCAL DE TRABALHO 
5 DAS MEDIDAS TOMADAS PELO DELEGADO DE POLÍCIA 
Atenção cicleiro que estuda para Delegado de Polícia, os próximos artigos são bastante cobrados em 
provas para o cargo: 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, A AUTORIDADE POLICIAL 
deverá, entre outras providências: 
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder 
Judiciário; 
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; 
O encaminhamento ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal decorre da necessidade 
de realização de perícia, para que se forme o conjunto probatório ligado à prova de existência da infração penal, 
nos moldes do art. 158 do Código de Processo Penal ("Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o 
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado") 
III - FORNECER TRANSPORTE (CAI MUITO) para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, 
quando houver risco de vida; 
#CAIUEMPROVA – Para Delegado de São Paulo, em 2011, foi considerada correta a seguinte afirmação: A 
autoridade policial deverá fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, 
quando houver risco de vida. 
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência 
ou do domicílio familiar; 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis. 
Esse rol é exemplificativo, pois o caput fala “entre outras”. 
 
M
ed
id
as
 d
o
 D
el
eg
ad
o Proteção policial
Encaminha ao hosital a 
ofendida
Fornecer transporte a 
local seguro
Acompanhá-la na 
retirada dos pertences
Informá-la dos direitos 
e serviços disponíveis
22 
O art. 12 também elenca medidas que devem ser tomadas pelo Delegado de Polícia: 
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, 
deverá a autoridade policial adotar, DE IMEDIATO, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles 
previstos no Código de Processo Penal: 
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; 
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; 
III - remeter, no prazo de 48 (QUARENTA E OITO) HORAS, expediente apartado ao juiz com o pedido da 
ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; 
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais 
necessários; 
V - ouvir o agressor e as testemunhas; 
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a 
existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele; 
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público. 
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter: 
I - qualificação da ofendida e do agressor; 
II - nome e idade dos dependentes; 
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. 
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de 
todos os documentos disponíveis em posse da ofendida. 
§ 3º SERÃO ADMITIDOS COMO MEIOS DE PROVA OS LAUDOS OU PRONTUÁRIOS MÉDICOS FORNECIDOS POR 
HOSPITAIS e postos de saúde (MITIGA A OBRIGATORIEDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO). 
 
 
*#NOVIDADELEGISLATIVA: Lei nº 13.836, de 4.6.20194 - Acrescenta dispositivo ao art. 12 da Lei nº 11.340, de 7 
de agosto de 2006, para tornar obrigatóriaa informação sobre a condição de pessoa com deficiência da mulher 
vítima de agressão doméstica ou familiar. 
Vejamos: 
Art. 1º Esta Lei acrescenta dispositivo ao art. 12 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, para tornar 
obrigatória a informação sobre a condição de pessoa com deficiência da mulher vítima de agressão doméstica 
ou familiar. 
Art. 2º O § 1º do art. 12 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso 
IV: 
“Art. 12. ................................................................................................... 
 § 1º ........................................................................................................... 
 
4 Para mais informações: https://www.dizerodireito.com.br/2019/06/lei-138362019-delegado-de-policia.html 
23 
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida resultou 
deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. 
 ................................................................................................................” (NR) 
 
Todos os incisos tratam de procedimentos que conduzirão ao esclarecimento da verdade sobre a 
infração penal cometida contra a mulher em situação de violência doméstica e familiar e a respectiva autoria. 
Trata-se de um dispositivo legal redigido nos moldes do art. 6º do Código de Processo Penal. 
No entanto, merece destaque o inciso III, que trata da remessa, pela autoridade policial, no prazo de 
48 horas, de expediente apartado ao Juiz com o pedido da ofendida para a concessão de medidas protetivas de 
urgência (veremos adiante, no artigo 22). 
Note-se que, como o prazo é de 48 horas, ganha relevância a norma contida no inciso V do art. 11, 
uma vez que a ofendida, informada desse direito, poderá requerer à autoridade policial que ela represente ao 
Juiz competente pela decretação dessas medidas de urgência. O prazo é curto e a decisão por parte de ofendida 
deve ser tomada o mais rápido possível. 
#CUIDADO – O delegado não aplica medida protetiva, nem representa por ela. ELE APENAS ENCAMINHA AO 
JUIZ A REPRESENTAÇÃO DA OFENDIDA, NO PRAZO DE 48H. 
 
O parágrafo 3º, que diz que “serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos 
fornecidos por hospitais e postos de saúde” MITIGA A OBRIGATORIEDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO. 
OS PRONTUÁRIOS PODEM SER USADOS TAMBÉM PARA CONVENCIMENTO DO JUIZ EM SENTENÇA 
CONDENATÓRIA. NÃO SÓ PARA RECEBIMENTO DA ACUSATÓRIA E CAUTELARES. 
 
*NOVIDADE LEGISLATIVA: LEI Nº 13.505 DE 8 DE NOVEMBRO DE 2017. 
(ALTERA A MARIA DA PENHA!) 
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar de ter 
atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado, preferencialmente, por servidores do 
sexo feminino. 
Art. 2o A Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), passa a vigorar acrescida dos seguintes 
arts. 10-A, 12-A e 12-B: 
“Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial 
especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente 
capacitados. 
§ 1o A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de violência 
doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: 
I - Salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condição peculiar de 
pessoa em situação de violência doméstica e familiar; 
II - Garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, familiares e 
testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; 
III - Não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, 
cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.505-2017?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art10a
24 
§ 2o Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que 
trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: 
I - A inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos 
próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo 
e à gravidade da violência sofrida; 
II - Quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência doméstica e 
familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; 
III - O depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o 
inquérito.” 
“Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de atendimento à mulher 
em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de 
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de 
equipes especializadas para o atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher.” 
“Art. 12-B. (VETADO). 
§ 1o (VETADO). 
§ 2o (VETADO. 
§ 3o A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à defesa da mulher em situação de 
violência doméstica e familiar e de seus dependentes.” 
 
*#NOVIDADE LEGISLATIVA. LEI 13.827/2019 
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação 
de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, 
domicílio ou local de convivência com a ofendida: 
 I - pela autoridade judicial; 
 II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou 
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento 
da denúncia 
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 
(vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, 
devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente 
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não 
será concedida liberdade provisória ao preso. 
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de urgência. 
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão registradas em banco de dados mantido e 
regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria 
Pública e dos órgãos de segurança pública e de assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das 
medidas protetivas. 
 
 
*#AJUDAMARCINHO. COMPETÊNCIA PARA A CONCESSÃO DA MEDIDA PROTETIVA DE URGÊNCIA 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art12a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art12b
25 
Quem concede a medida protetiva de urgência? 
Em regra, a autoridade judicial (Juiz ou Desembargador). 
Até a edição da Lei nº 13.827/2019, essa regra não tinha exceções. 
A Lei nº 13.827/2019 trouxe uma exceção, permitindo que a medida protetiva de afastamento do lar 
seja concedida pelo Delegado de Polícia se o Município não for sede de comarca ou até mesmo pelo 
policial caso também não haja Delegado de Polícia no momento. 
 
Entendendo a novidade legislativa: 
Verificada a existência de... 
- risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, 
-ou de seus dependentes, 
- o agressor deverá ser imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a 
ofendida. 
 
Quem determina esse afastamento? 
1º) em primeiro lugar, a autoridade judicial. 
2º) se o Município não for sede de comarca: o Delegado de Polícia poderá determinar essa medida. 
3º) se o Município não for sede de comarca e não houver Delegado disponível no momento: o próprio 
policial (civil ou militar) poderá ordenar o afastamento. 
 
Se a medida for concedida por Delegado ou por policial (situações 2 e 3), o Juiz será comunicado no 
prazo máximo de 24 horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida 
aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. 
 
6 DOS PROCEDIMENTOS 
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de 
violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e 
Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o 
estabelecido nesta Lei. 
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com 
competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos 
26 
Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e 
familiar contra a mulher. 
Parágrafo único. Os atos processuais PODERÃO REALIZAR-SE EM HORÁRIO NOTURNO (aquela típica pergunta 
de letra da lei que também cai), conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 
O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher é um órgão fracionário do Poder 
Judiciário que teve a sua criação autorizada por esta lei. Cabe aos Tribunais de Justiça dos Estados a criação 
desse órgão dentro das suas estruturas, de acordo com as normas de organização judiciária da cada Estado. 
O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher tem competência mista, ou seja, cível e 
criminal. Ao mesmo tempo em que se julga o delito praticado em situação de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, praticam-se atos de natureza cível, como a separação judicial, entre outros. 
Ademais, nos locais em que ainda não tiverem sido estruturados os Juizados de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para as causas 
decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: 
- Inf. 654 do STF - Nos locais em que ainda não tiverem sido estruturados os Juizados de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher, às varas criminais acumularão as competências cível e criminal para as causas 
decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher. Esta determinação, que consta no art. 33 da Lei, 
não ofende a competência dos Estados para disciplinarem a organização judiciária local. Segundo o Relator, a Lei 
Maria da Penha não implicou obrigação, mas a FACULDADE de criação dos Juizados de Violência Doméstica 
contra a Mulher. 
 
- Inf. 550 do STJ - Juizado da Violência Doméstica possui competência para executar alimentos por ele fixados. O 
Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher tem competência para julgar a execução de 
alimentos que tenham sido fixados a título de medida protetiva de urgência fundada na Lei Maria da Penha em 
favor de filho do casal em conflito. 
 
- Inf. 572 do STJ - Competência para julgar ação de divórcio advinda de violência suportada por mulher no 
âmbito familiar e doméstico. A extinção de medida protetiva de urgência diante da homologação de acordo 
entre as partes não afasta a competência da Vara Especializada de Violência Doméstica ou Familiar contra a 
Mulher para julgar ação de divórcio fundada na mesma situação de agressividade vivenciada pela vítima e que 
fora distribuída por dependência à medida extinta. 
 
* #IMPORTANTE: A Vara Especializada da Violência Doméstica ou Familiar Contra a Mulher possui competência 
para o julgamento de pedido incidental de natureza civil, relacionado à autorização para viagem ao exterior e 
guarda unilateral do infante, na hipótese em que a causa de pedir de tal pretensão consistir na prática de 
violência doméstica e familiar contra a genitora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.550.166-DF, Rel. Min. Marco Aurélio 
Bellizze, julgado em 21/11/2017 (Info 617). 
27 
 
E se for crime doloso contra a vida? Por tratar-se de competência constitucional, ela deve prevalecer 
sobre a competência determinada na presente lei. Assim, em se tratando de crime doloso contra a vida em 
situação de violência doméstica e familiar, a competência para o processo e o julgamento será do Tribunal do 
Júri. No entanto, o STF abriu uma exceção para a primeira fase do Júri: 
 
#DEOLHONAJURIS - Inf. 748 do STF - Competência para o processamento de crimes dolosos contra a vida 
praticados no contexto de violência doméstica. A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do 
procedimento do júri seja realizada na Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida 
praticados no contexto de violência doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri. 
Apenas o julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. 
 
Esquematizando para memorizar: 
• Juizados de violência doméstica 
o Criados para dar celeridade 
o Pegam crimes ou contravenções em violência doméstica contra a mulher 
o Não podem ser confundidos com juizados comuns (até porque não se aplica a 9099 
quando violência doméstica contra a mulher, como veremos). 
o Funcionam, em regra, perante a JE, com competência cível e criminal (competência 
cumulativa) 
o Podem ser criados pela União, estados e DF (municípios não) 
o Enquanto não forem criados, a lei prevê uma REGRA DE TRANSIÇÃO, PERMITINDO ÀS 
VARAS CRIMINAIS CUMULAREM COMPETÊNCIA CÍVEL E CRIMINAL. 
o SE O CRIME FOR DOLOSO CONTRA A VIDA, O JUIZADO PODE FICAR COMPETENTE NA 
PRIMEIRA FASE, PODENDO PRONUNCIAR, IMPRONUNCIAR, DESCLASSIFICAR (STJ). 
• Atos processuais 
o Poderão realizar-se em horário noturno (CAI MUITO) 
 
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os PROCESSOS CÍVEIS regidos por esta Lei, o Juizado: 
I - do seu domicílio ou de sua residência; 
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; 
III - do domicílio do agressor. 
Cuidado para não cair em pegadinha. Essa opção que a lei deu a vítima, quanto à competência, é para 
processos cíveis!!!! Quanto à competência para julgar os delitos, continuam se aplicando as regras do CPP. 
 
*#NOVIDADELEGISLATIVA. LEI Nº 13.894, DE 29 DE 0UTUBRO DE 2019. #AJUDA MARCINHOO 
Casos mais frequentes de aplicação da Lei Maria da Penha são entre cônjuges ou companheiros 
28 
É certo dizer que as hipóteses mais comuns de violência doméstica envolvem agressões de marido 
contra mulher (casamento) ou de companheiro contra sua companheira (união estável). 
Diante disso, mesmo após as agressões e o início da investigação ou do processo penal, existe uma 
importante situação a ser resolvida: o vínculo conjugal ou de união estável entre agressor e vítima. 
O réu e a vítima ainda estão casados ou viveram em união estável e essa relação jurídica entre eles 
necessita ser juridicamente desfeita ao mesmo tempo em que a mulher precisa retomar a sua vida, curar suas 
feridas físicas e emocionais e seguir em frente. 
Assim, a Lei nº 13.894/2019 buscou facilitar a situação para a vítima e alterou a Lei Maria da Penha 
para prever expressamente, em três dispositivos, que a mulher terá direito à assistência judiciária para propor: 
• ação de divórcio; 
• ação de separação judicial; 
• ação de anulação de casamento; ou 
• ação de dissolução de união estável. 
Vejamos os dispositivos inseridos ou alterados pela Lei nº 13.894/2019 na Lei Mariada Penha: 
 
ALTERAÇÕES DA LEI 13.894/2019 NA LEI MARIA DA PENHA 
Inserção do inciso III do § 2º do art. 9º 
O art. 9º da Lei nº 11.340/2006 prevê que a mulher vítima de violência doméstica deverá receber a 
assistência em diversos âmbitos, recebendo do poder público serviços de saúde, assistência social, segurança 
pública, entre outros. 
A Lei nº 13.894/2019 acrescentou um novo inciso ao § 2º do art. 9º prevendo que, se a vítima e o 
agressor forem casados ou viverem em união estável, a mulher deverá ser encaminhada à assistência judiciária 
para que possa ter a oportunidade de, assim desejando, desvincular-se formalmente do marido/companheiro 
agressor por meio da ação judicial própria: 
Art. 9º (...) 
§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua 
integridade física e psicológica: 
(...) 
III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento 
da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante 
o juízo competente. (Inserido pela Lei nº 13.894/2019) 
Alteração do inciso V do art. 11 
O art. 11 da Lei nº 11.340/2006 prevê algumas providências que o Delegado de Polícia deverá adotar 
ao ter conhecimento da prática de crime de violência doméstica. 
A Lei nº 13.894/2019 alterou o inciso V do art. 11 para dizer que o Delegado de Polícia deverá explicar 
à vítima seus direitos e que um desses direitos é o de ela ter assistência judiciária caso ela queria ajuizar ação de 
divórcio, separação judicial anulação de casamento ou dissolução de união estável. 
29 
Alteração do inciso II do art. 18 
A Lei Maria da Penha estabelece que, se a mulher quiser pedir alguma medida protetiva de urgência, o 
Delegado de Polícia deverá tomar a termo essa declaração, ou seja, transcrever esse pedido e encaminhá-lo ao 
Poder Judiciário. 
Uma dessas medidas protetivas de urgência que a vítima poderá pedir é justamente a assistência 
judiciária (art. 18, II, da Lei nº 11.340/2006). 
A Lei nº 13.894/2019 altera esse inciso II do art. 18 para deixar claro que essa assistência judiciária 
abrange o direito de ajuizar ações de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de 
dissolução de união estável. 
Onde serão propostas essas ações? No próprio Juizado de Violência Doméstica? 
A Lei nº 13.894/2019 pretendia inserir o seguinte artigo na Lei Maria da Penha: 
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável no 
Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a 
pretensão relacionada à partilha de bens. 
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de 
dissolução de união estável, a ação terá preferência no juízo onde estiver. 
 
*#ATENÇÃO Esse dispositivo havia sido vetado pelo Presidente da República. No entanto o Congresso 
Nacional derrubou o veto, tendo sido promulgado pelo presidente Jair Bolsonaro. 
 
Isso significa que o Juizado de Violência Doméstica está proibido de julgar divórcio? 
NÃO. Não significa isso. 
O STJ possui precedente afirmando que a Lei de Organização Judiciária (que é uma lei estadual) pode 
prever que o Juizado de Violência Doméstica tenha competência para julgar divórcio. Assim, mesmo tendo sido 
vetado esse art. 14-A, a Lei de Organização Judiciária poderá prever a competência do Juizado de Violência para 
conhecer e julgar divórcio e dissolução de união estável. 
 
Quem deverá prestar esse serviço de assistência judiciária em favor da mulher? 
Apesar de a Lei nº 13.894/2019 não prever expressamente, esse serviço de assistência judiciária 
deverá ser exercido primordialmente pela Defensoria Pública, que é o órgão público incumbido pela 
Constituição Federal para a assistência jurídica integral e gratuita das pessoas necessitadas, nos termos do art. 
5º, LXXIV c/c o art. 134 da CF/88. 
Vale ressaltar que a interpretação desses dispositivos constitucionais tem evoluído no sentido de que a 
Defensoria Pública tem a missão de atuar não apenas nos casos de necessidade econômica, mas também 
jurídica. Essa é justamente a situação na qual a mulher vítima de violência doméstica pode se encontrar. 
No mesmo sentido é o art. 28 da Lei nº 11.340/2006: 
30 
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços 
de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, 
mediante atendimento específico e humanizado. 
 
Desse modo, essas ações de divórcio, dissolução de união estável etc. devem ser propostas, em regra, 
pela Defensoria Pública, salvo se: 
• em razão do quadro insuficiente do órgão, não for possível, no momento, atender a toda a demanda 
exigida, situação na qual o Estado deverá oferecer núcleos de assistência jurídica, enquanto não for suprida essa 
deficiência; ou 
• caso a vítima prefira ser assistida por advogado de sua escolha. 
 
Assistência judiciária 
A Lei nº 13.894/2019, assim como faz a Lei nº 11.340/2006, utiliza a expressão “assistência judiciária”, 
expressão equivocada considerando essa palavra remete à ideia de assistência (ajuda) apenas para uma atuação 
restrita a atividades que ocorrem no âmbito do Poder Judiciário, ou seja, dá a entender que essa atuação é 
apenas no processo judicial. Isso não é verdade. 
O que a vítima receberá é algo mais amplo. A vítima receberá uma assistência jurídica, que abrange 
não apenas a mera propositura e acompanhamento de ações judiciais, mas também a consultoria e orientação 
jurídicas ou, ainda, a atuação extrajudicial do profissional que assistirá a vítima. 
Desse modo, seria mais adequado que a Lei tivesse utilizado a expressão “assistência jurídica”. 
 
E as ações de alimentos, por que não foram incluídas neste inciso III? 
Porque a concessão de alimentos já estava prevista no art. 22, V e no art. 23, III, da Lei nº 11.340/2006: 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o 
juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas 
de urgência, entre outras: 
(...)V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: 
(...)III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda 
dos filhos e alimentos; 
7 VEDAÇÃO À APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena 
prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. 
 
31 
O art. 41 dispõe que a lei 9.099 é inaplicável aos crimes praticados com violência doméstica e familiar 
contra a mulher, independentemente da pena prevista. 
Esse dispositivo possui dois comandos: 
• As infrações penais praticadas nos moldes dessa lei não se considerarem infrações penais de 
menor potencial ofensivo 
• Evitar a aplicação das medidas despenalizadores 
 
Com efeito, a lei nº 9.099/95 trouxe para a ordem jurídica brasileira 3 medidas despenalizadoras: a 
composição civil dos danos (art. 74); a transação penal (art. 76); e a suspensão condicional do processo (art. 89). 
Todas essas medidas visam a evitar o processo ou evitar uma condenação. Como o legislador deu um 
tratamento mais severo aos crimes praticados no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher, ele 
quis que não fossem aplicadas medidas que permitam uma alternativa ao processo ou que impliquem uma 
alternativa à condenação, que são justamente as medidas despenalizadoras previstas na lei nº 9.099/95. 
 
#DEOLHONAJURIS - Inf. 654 do STF - Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher

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