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CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

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CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
AULA 1
Pode-se definir um Sistema Financeiro como um conjunto de instituições que são responsáveis pela intermediação do fluxo monetário entre os que poupam e os que investem.
O Sistema Financeiro Nacional divide-se em dois subsistemas: 1. Subsistema Normativo; 2. Subsistema de Intermediação financeira (operativo).
O subsistema normativo tem como função editar normas que definam os parâmetros para a transferência de recursos dos poupadores para os tomadores e supervisionar o funcionamento das instituições e entidades que exercem atividades de intermediação financeira. O subsistema normativo, conforme descrito por Filgueiras (2013) tem como atribuição publicar normas que definam os critérios para a transferência de recursos dos poupadores aos investidores e monitorar o desempenho das instituições e entidades que exercem operações de intermediação financeira. Sua estrutura é composta pelas instituições normativas: Conselho Monetário Nacional (CMN), Banco Central (Bacen), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e outras instituições classificadas como especiais: Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal (CEF). Ao passo que a função do 4 subsistema de intermediação financeira é operacionalizar a transferência de recursos do poupador para o tomador, de acordo com as regras estabelecidas pelas entidades que integram o sistema normativo. A composição do subsistema de intermediação financeira (operativo) é formada pelas instituições financeiras bancárias e não bancárias, instituições que compõem o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, e outras instituições
Como órgão normativo e sem desempenhar atividade executiva, o Conselho Monetário Nacional (CMN) determina as funções e procedimentos de controle para o sistema financeiro nacional, além do exercício legislativo para as instituições financeiras públicas e privadas. As atribuições do CMN referem-se à concepção da política monetária e do crédito, delineando os interesses econômicos e sociais do país. Segundo a Lei n. 9.069/1995, o CMN é composto pelo Ministro do Estado da Fazenda, na qualidade de Presidente, Ministro do Estado de Orçamento e Gestão e o Presidente do Banco Central do Brasil.
O Banco Central é uma autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional (SFN), criado em 1964 por intermédio da Lei n. 4.595, atua como agente responsável do controle da oferta da moeda e do crédito, além da função de executor da política monetária e cambial do país. Define-se também como um banco fiscalizador, banco de penalidades e gestor do SFN. Fiscalizador do mercado financeiro ao estabelecer regras, limites e condutas das instituições. De penalidades ao facultar pela legislação, a intervenção e a liquidação extrajudicial em instituições financeiras. E, por fim, gestor do SFN ao enviar normas e autorizações, fomentando o controle das instituições financeiras e de suas operações.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada pela Lei n. 6.385/1976 e tem a função de regular, controlar e disciplinar a emissão e a distribuição de valores mobiliários, tal como as atividades de instituições e empresas do mercado de capitais.
Conforme definição apresentada pelo BCB (2019), fintechs são empresas inovadoras em mercados financeiros por intermédio da utilização intensa de tecnologia, com capacidade em promover novos modelos de negócios. Operam por meio de plataformas online, disponibilizando serviços digitais transformadores para este setor. Os benefícios das fintechs são o aumento da eficiência e concorrência no mercado de crédito, a rapidez e celeridade nas transações, a diminuição da burocracia no acesso ao crédito, a criação de condições para redução do custo do crédito, a inovação, e o acesso ao Sistema Financeiro Nacional.
Entende-se como taxa de juros o preço do crédito em dimensão temporal. Os juros são a remuneração pela alocação de capital e corresponde ao preço pago pelo sacrifício de poupar. Isto é, o juro é a remuneração exigida por um agente econômico (poupador) ao optar pela prorrogação do consumo, pois transfere seus recursos a outro agente (tomador). É uma relação entre o poder de compra futuro e o poder de compra presente, por conseguinte o valor da taxa de juros é determinado pelas livres operações exercidas no mercado, e não prescrito por questões alheias ao seu domínio. Consequentemente, pode-se dizer que a taxa de juros é o resultado das interações das ações praticadas pelos agentes econômicos, equilibrando as decisões entre consumo e poupança.
A função das Instituições Financeiras é a compra de dinheiro a determinado preço (taxa de captação) e o empréstimo deste ao preço maior que a compra (taxa de aplicação). Este ganho obtido pela compra/venda denominase spread. O spread bancário é o resultado calculado pela diferença entre a taxa de empréstimo (custo do empréstimo) e a taxa paga ao poupador e entre o custo de um empréstimo e a remuneração paga ao poupador. Há inúmeros fatores que definem o spread bancário, destacando-se principalmente a liquidez, risco da operação e garantias oferecidas e maturidade.
Os principais produtos financeiros (ativos e passivos) disponíveis no mercado financeiro são: certificado e recibo de depósito bancário (CDB/RDB), certificado de depósito interfinanceiro (CDI), hot money, desconto de duplicatas e notas promissórias, factoring, commercial papers, caderneta de poupança, crédito direto ao consumidor (CDC), recolhimentos compulsórios, custo da captação bancária, warrants, títulos conversíveis, export notes e títulos públicos.
 Certificado/Recibo de Depósito Bancário (CDB/RDB) – títulos de renda fixa, representativos de depósitos a prazo realizados por pessoas físicas e pessoas jurídicas, e emitidos pelos Bancos Comerciais/Múltiplos, Bancos de Investimentos e Caixas Econômicas. A principal diferença entre CDB e RDB é a possibilidade de transferir o CDB a qualquer momento a outros investidores por endosso nominativo, enquanto o RDB é um título inegociável e intransferível antes de seu vencimento. 
 Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) – títulos que lastreiam as operações realizadas entre os bancos no mercado financeiro. As operações com CDI são geralmente realizadas por um dia, podendo ainda ocorrer transações por prazos maiores.
Uma vez que o risco não possa ser eliminado, é essencial que sejam adotadas medidas para minimizá-lo. Uma eficiente gestão de risco é essencial para a competitividade dos bancos e estabelecimento de suas estratégias de atuação. Assim, a gestão de risco é fundamental para: 1. Identificar a exposição da empresa ao risco e identificar seus aspectos mais frágeis; 2. Minimizar perdas financeiras; 3. Imunizar o capital da empresa. Os riscos financeiros de um banco podem se originar de suas diversas atividades operacionais, tais como créditos concedidos, captações, variações das taxas de juros de mercado, falhas internas e controle, entre outras.
No mercado financeiro, a assimetria informacional traz ineficiência para a atividade econômica por meio de dois problemas: (1) risco moral (moral hazard) e (2) seleção adversa. O risco moral (moral hazard) se refere à possibilidade do tomador de recursos, após a transação efetuada, alterar sua capacidade de pagamento por mudanças inapropriadas em seu comportamento. O risco moral é explicado pela assimetria de informações em uma operação de crédito, quando o agente financeiro possui mais informações sobre sua capacidade de pagamento que a outra parte. Efetivamente, o risco moral emerge após a realização do negócio, pois não há como o principal (instituição doadora de recursos) acompanhar exatamente as ações (comportamento) do agente tomador. Exemplo de risco moral: as companhias de seguro gostariam de saber dos seus segurados sobre os cuidados que tomam para evitarem acidentes com seus veículos segurados. Seleção adversa, também originada pela assimetria de informações, ocorre em uma transação entre as partes em que não há uma concordânciasobre a efetiva qualidade do bem objeto da transação, ocasionando uma queda no preço, ao elevar a taxa de desconto do título, ou reduzir o interesse no ativo. Por conseguinte, devido à seleção adversa, ativos de diferentes qualidades serão negociados no mercado pelo mesmo preço, criando uma ineficiência nas transações. Exemplo de seleção adversa: no momento da compra de ativos, os 23 investidores esperam saber o retorno dos ativos. No mercado financeiro, as consequências da seleção adversa se refletem na dificuldade em distinguir os bons (baixo risco) e maus pagadores (alto risco) previamente em uma operação de financiamento. A teoria da sinalização pode ser utilizada para reduzir (ou eliminar) os problemas gerados pela seleção adversa, desde que a informação (sinal) transmitida seja verdadeira e acurada. A sinalização é efetuada pela parte melhor informada e direcionada para a parte menos informada, visando resolver um conflito de assimetria de informações. Em relação aos riscos financeiros que as instituições financeiras enfrentam atualmente classificam-se em: a. Risco de Variação das Taxas de Juros – exposição da instituição financeira ao risco de variação de taxas de juros quando os prazos entre seus ativos (aplicações) e passivos (captações) são trabalhados de forma desunida; b. Risco de Crédito – possibilidade de inadimplência dos valores a receber (principal e rendimentos e juros) em sua carteira de ativos recebíveis; c. Risco de Mercado – as perdas decorrentes de comportamentos adversos nos índices de inflação, taxas de juros, taxa de câmbio, indicadores de bolsas de valores, preços de commodities, derivativos etc.; d. Risco Operacional – risco de perdas (diretas ou indiretas) determinadas por erros humanos, falhas nos sistemas de informações e computadores, fraudes, eventos externos, entre outras; probabilidade da circunstância de perdas consequentes de eventos externos ou de falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas ou sistemas (Resolução n. 4.557/2017, art. 32); e. Risco de Câmbio ou Risco de Variação Cambial – em caso de aplicação no exterior pode ocorrer a tendência da moeda se desvalorizar em relação à moeda de sua economia, determinando um retorno menor na operação; f. Risco Soberano – em caso de operações em outros países, pode ocorrer restrições pelo país estrangeiro ao impor fluxos de pagamentos externos; g. Risco de Liquidez – disponibilidade imediata de caixa diante demandas dos depositantes e tomadores (titulares de passivos) de uma instituição financeira; e probabilidade da instituição não cumprir com suas obrigações esperadas e inesperadas, correntes e futuras, incluindo as decorrentes de vinculação de garantias, sem afetar suas operações 24 diárias e sem incorrer em perdas significativas (Resolução n. 4.557/2017, art. 37); h. Risco Legal – falta de legislação atualizada e eficiente em relação ao mercado financeiro ou eventual nível de desconhecimento jurídico na realização dos negócios. 
A competência para emissão de normas gerais de contabilidade a serem observadas pelas instituições financeiras é do Conselho Monetário Nacional, sendo que as normas específicas são elaboradas pelo Banco Central do Brasil, por meio do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif), cujos objetivos são: Possibilitar o acompanhamento do Sistema Financeiro; Estabelecer regras, critérios e procedimentos necessários à obtenção e divulgação de dados; Racionalizar a utilização de contas; Uniformizar os registros contábeis dos atos e fatos. A Lei n. 11.941/2009 determina que as instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem observar as disposições da Lei n. 4.595/1964, e os atos normativos dela decorrentes. O ato normativo que rege a contabilização dessas instituições decorrente da Lei n. 4.595/1964 cuja competência inicial era do Conselho Monetário Nacional (CMN) e delegada ao Banco Central (BACEN) foi o próprio Cosif. Assim, percebe-se que a classificação das contas do Cosif é diferente da classificação das contas da Contabilidade Societária.
AULA 2
O arrendamento mercantil, também conhecido como leasing, é uma operação de financiamento que viabiliza o acesso do empresário (arrendatário) a bens de uso necessário ao funcionamento de sua empresa, sem ter que adquiri-los imediatamente. Esta operação é representada por um contrato no qual uma empresa (arrendadora) cede a terceiros (arrendatários) o direito de usar bens de sua propriedade durante um período determinado, o que pode ser visto como uma forma especial de financiamento. Estes bens de uso podem ser imóveis, automóveis, máquinas, equipamentos etc
Essas operações são classificadas em leasing financeiro e leasing operacional. A primeira operação tem como característica essencial o financiamento, com a possibilidade de transferência do bem para o arrendatário no final do prazo do contrato, ao passo que a característica da segunda operação 4 é a locação do bem e a devolução deste à arrendadora ao final do prazo contratado, possibilitando que o bem seja novamente arrendado. Ademais, no leasing operacional, as contraprestações da locação não podem ultrapassar 75% do valor do bem, sendo de responsabilidade da arrendadora todas as despesas de manutenção
Como contabilização do arrendamento mercantil, o arrendatário deve reconhecer o ativo de direito de uso e o passivo de arrendamento na data de início do contrato. Para a mensuração inicial do valor de arrendamento, nesta data de início, o arrendatário deve mensurar o ativo de direito de uso ao custo, o qual deve compreender: (i) o valor da mensuração inicial do passivo de arrendamento; (ii) pagamentos de arrendamento efetuados até a data de início, menos incentivos de arrendamento recebidos; (iii) custos diretos iniciais incorridos pelo arrendatário; e (iv) a estimativa de custos a serem incorridos pelo arrendatário na desmontagem e remoção do ativo subjacente. Ao passo que, no passivo, o arrendatário deve mensurar o arrendamento ao valor presente dos pagamentos do arrendamento que não são efetuados nessa data de início. Retomando a questão sobre as principais vantagens do arrendamento mercantil para uma empresa arrendatária, em síntese podemos considerar que a operação de leasing: possibilita a renovação cíclica dos equipamentos em uso pela arrendatária, atendendo às mudanças econômicas, ao mercado e às exigências de novas tecnologias; reduz o risco da empresa arrendatária, abstendo-se dos custos e das dificuldades do processo de imobilização; proporciona flexibilidade operacional e dinamismo aos recursos financeiros da empresa arrendatária, permitindo que estes sejam disponibilizados para outros investimentos e/ou gestão do capital de giro; possibilita benefício fiscal para as empresas arrendatárias em lucro real, em consequência da dedução das contraprestações do contrato de arrendamento para efeitos de cálculo da provisão para o imposto de renda. Embora a operação de arrendamento mercantil apresente todas essas vantagens ao arrendatário, é importante considerar o leasing como uma opção de financiamento além de outras à disposição das empresas arrendatárias, que requerem sempre uma análise criteriosa de suas condições de utilização.
Conforme definição presente no CPC 06 (R2), arrendador é a entidade que fornece o direito de usar o ativo subjacente por um período de tempo em troca de contraprestação. Na sua visão, o principal objetivo da operação de NPV = 4.902,40 16 arrendamento é a taxa de retorno esperado sobre o capital investido no leasing e, assim, avaliar a viabilidade econômica da operação. Ademais, a análise do arrendador envolve: a definição do desembolso líquido de caixa – valor do equipamento arrendado menos pagamentos de locação feitos antecipadamente; determinar as periódicas entradas de caixa – série de pagamentos pelo uso do ativo deduzidos impostos sobre o rendimento e quaisquer despesas de manutenção que o arrendador deve suportar; estimar o valor residual apósimpostos da propriedade do ativo quando a concessão expirar; e determinar se a taxa de retorno do arrendamento excede o custo de oportunidade do capital do arrendador ou, equivalentemente, se o valor presente líquido da operação de arrendamento excede zero.
A operação de arrendamento desenvolve a possibilidade de boas práticas de governança corporativa, em consequência do reconhecimento da arrendadora pela gestão do ativo, pois este é de sua propriedade. O processo de arrendamento tende a produzir maior transparência, uma vez que a 17 apropriação da depreciação do bem deixa de ser discricionária e passa a ser no resultado. Ademais, o ajuste de taxas, custo de capital e juros da arrendadora se dá por mecanismos de depreciação acelerada, além de proporcionar vantagens. Além disso, o leasing financeiro permite que o arrendador se proteja contra eventuais riscos residuais, por meio da inserção da cláusula de Valor Residual Garantido, ou VRG. Essa cláusula importa na obrigação assumida pelo arrendatário em garantir ao arrendador um valor residual mínimo na operação. No mercado, a prática é estabelecer o VRG equivalente ao risco residual reconhecido na operação, assim, o arrendador não assume risco residual na operação e o arrendatário é compelido a adquirir o bem. O arrendamento mercantil (leasing) é normatizado pelo Conselho Monetário Nacional e controlado e fiscalizado pelo Banco Central do Brasil (Bacen). A Resolução 2.309/96 (Bacen), em seu 1° artigo, determina que as operações de arrendamento mercantil somente podem ser realizadas por pessoas jurídicas que tenham como objeto principal de sua atividade a prática de operações de arrendamento mercantil, pelos bancos múltiplos com carteira de arrendamento mercantil e pelas instituições financeiras que estejam autorizadas a contratar operações de arrendamento com o próprio vendedor do bem ou com pessoas jurídicas a ele coligadas ou interdependentes.
O IFRS 16 (CPC 06 R2), com vigência desde 1° de janeiro de 2019, apresenta definições fundamentais para um íntegro entendimento dessa norma. Arrendamento mercantil (leasing) é “um contrato, ou parte do contrato, que transfere o direito de usar um ativo (ativo subjacente) por um período de tempo em troca de contraprestação” (IFRS, 2019). Arrendador é “a entidade que fornece o direito de usar o ativo subjacente por um período de tempo em troca de contraprestação” e o arrendatário define-se como quem “obtém o direito de usar o ativo subjacente por um período de tempo em troca de contraprestação” (IFRS, 2019). Ao final desse período de tempo pelo uso do ativo, o arrendatário tem a opção de adquirir, devolver ou prorrogar o contrato do ativo.
A definição de arrendamento mercantil financeiro no IAS 17 representa “aquele em que há transferência substancial dos riscos e benefícios inerentes à propriedade de um ativo. . O título de propriedade pode ou não vir a ser transferido” (IFRS, 2019), ao passo que o arrendamento mercantil operacional refere-se a um contrato de aluguel de ativo, “diferente de um arrendamento mercantil financeiro” (IFRS, 2019). Segundo o IAS 17 (CPC 06 R1), o controle do bem pertence ao arrendatário em ambos os casos, porém somente no caso de arrendamento financeiro, o valor do bem arrendado deve ser registrado no ativo imobilizado e a contrapartida no passivo. No entanto, no arrendamento operacional, o arrendatário pode gerenciar o resultado da empresa, postergando o reconhecimento das despesas inerentes à operação e preservando constante seu índice de endividamento, visto que não haverá alterações no valor de seu passivo. Com a vigência da nova norma IFRS 16 (CPC 06 R2), os dois modelos de contabilização do arrendamento entre as duas classificações terminam para a arrendatária. Isto é, todos os arrendamentos, sejam financeiros ou operacionais, serão reconhecidos no balanço patrimonial do arrendatário, havendo registro no ativo pelo uso do bem e registro no passivo para pagamentos futuros – exceção feita somente para contratos com prazo menor que 12 meses ou valor do bem arrendado menor que US$ 5.000,00. As obrigações futuras referentes aos pagamentos do bem arrendado devem ser registradas no passivo pelo valor presente dos pagamentos do arrendamento não efetuados na data da mensuração. Conforme a norma, “os pagamentos do arrendamento devem ser descontados, utilizando a taxa de juros implícita no arrendamento, se essa taxa puder ser determinada imediatamente” (IFRS, 2019). O valor do ativo deve ser registrado pelo valor da mensuração inicial do passivo de arrendamento, os pagamentos de arrendamento devem ser efetuados até a data de mensuração e os custos diretos iniciais devem ser incorridos pelo arrendatário, assim como a estimativa dos gastos necessários para a remoção ou restauração do bem arrendado ao término do contrato.
AULA 3
As operações de concessão de crédito constituem o principal ativo dos bancos e fonte predominante de receita. É a aplicação primordial de uma instituição financeira (IF). Podemos definir uma operação de crédito como um compromisso financeiro contraído entre o consumidor (tomador) e a instituição financeira (credor). Nela, o credor disponibiliza ao tomador recursos financeiros que deverão ser restituídos em determinado prazo com acréscimo de juros e encargos, sob condições previamente contratadas (Niyama; Gomes, 2012). 
O item 1.6.1.2 do Cosif apresenta as classificações das operações de crédito em três modalidades: 5 a) Empréstimos – “são as operações realizadas sem destinação específica ou vínculo à comprovação da aplicação dos recursos”). Podemos citar como exemplos: Crédito Direto ao Consumidor (CDC); CDC consignação (para servidores, aposentados etc.); empréstimos pessoais; empréstimo para capital de giro. Por conseguinte, os empréstimos são operações de crédito nos quais os recursos emprestados são aplicados conforme decisão do tomador, dado que o recurso não está determinado a um fim específico. b) Financiamentos – “são as operações realizadas com destinação específica, vinculadas à comprovação da aplicação dos recursos” (Brasil, 1987). Financiamentos de parques industriais, máquinas e equipamentos, bens de consumo durável, rurais e imobiliários, além de financiamento imobiliário, são alguns exemplos. Diferentemente do empréstimo, o financiamento tem destinação específica. Ademais, essa modalidade exige a comprovação da aplicação dos recursos – registro do imóvel, alienação do imóvel ao banco etc., prestando-se este, até mesmo, como lastro (garantia) da operação. c) Títulos descontados – “são as operações de desconto de títulos” (Brasil, 1987). Incluem-se nesse caso as operações de desconto de títulos (cheques, duplicatas e notas promissórias). Nessa modalidade, o cliente recebe antecipadamente o valor correspondente às suas vendas a prazo. O valor recebido no presente pelo título com vencimento futuro corresponde ao seu valor total, deduzidos as taxas de desconto, o Imposto de Operação Financeira (IOF) e os encargos administrativos. O risco de inadimplência do devedor recai sobre o cedente da operação, ou seja, caso a IF não receber o crédito devido pelo título descontado, o débito será arcado pelo cliente (cedente) que descontou o título.
Em relação aos encargos, estes podem ser definidos em duas modalidades de operações de crédito: • nas operações prefixadas – são previamente determinados, sem estar sujeitos a modificações durante o prazo de vigência contratual; e • nas operações pós-fixadas – são conhecidos após a divulgação periódica da variação do indexador conforme a cláusula de atualização.
Conforme argumenta Ferreira (2013), denominam-se operações passivas as transações financeiras realizadas pelas IFs por meio da captação de recursos entre os agentes econômicos superavitários (poupadores). Os clientes depositam seus recursos nas IFs e, em seguida, esses recursos são utilizados nas operações ativas em forma de funding.
Filgueiras (2013) apresenta as seguintes operações passivas principais das instituições financeiras: • Depósitos à vista (depósitosem conta corrente) – a captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica e distintiva dos bancos múltiplos e comerciais, o que os configura como instituições financeiras monetárias. • Depósitos a prazo – correspondem aos Certificados de Depósito Bancário (CDB) e aos Recibos de Depósito Bancário (RDB). Ao CDB, permite-se transferir por endosso nominativo, possibilitando sua venda a qualquer momento, dentro do prazo contratado; ao RDB, todavia, não é permitida sua transferência, sua revenda e tampouco sua devolução ao banco emissor. • Poupança – produto exclusivo das sociedades de crédito imobiliário, das carteiras imobiliárias dos bancos múltiplos, das associações de poupança e empréstimo e das caixas econômicas. É um investimento popular e tradicional do país, pela simplicidade de aplicação e resgate. • Debêntures – títulos de dívida que constituem direito de crédito ao investidor, o qual terá direito a receber uma remuneração (juros) do emissor e, periodicamente (ou quando do vencimento do título), receberá de volta o valor investido (principal). É uma das formas mais antigas de captação de recursos por meio de títulos, porém a emissão de debêntures não é permitida às instituições financeiras, com exceção das sociedades de arrendamento mercantil. 
AULA 4
Nesse contexto, as normas contábeis brasileiras – CPC 38, CPC 39, CPC 40 e CPC 48 – referentes aos instrumentos financeiros, derivativos e operações de hedge são baseadas nas seguintes normas internacionais (IFRS): a) IAS 32 (CPC 39) – Instrumentos financeiros: apresentação – prescreve os princípios para apresentação e classificação dos instrumentos financeiros. b) IAS 39 (CPC 38) – Instrumentos financeiros: reconhecimento e mensuração – determina os princípios para o reconhecimento e a mensuração dos ativos e passivos financeiros, de derivativos e de alguns contratos de compra e venda de itens não financeiros que podem se encontrar como derivativos (revogada desde 1° janeiro de 2018). c) IFRS 7 (CPC 40) – Instrumentos financeiros: divulgações – estabelece como devem ser apresentadas as notas explicativas sobre instrumentos financeiros nas demonstrações financeiras. d) IFRS 9 (CPC 48) – Instrumentos financeiros: reconhecimento, classificação, mensuração e contabilidade de hedge – substitui IAS 39 (CPC 38), revogada a partir de 1° de janeiro, 2018, estabelecendo princípios para os relatórios financeiros de ativos financeiros e passivos financeiros que devem apresentar informações pertinentes e úteis aos usuários de demonstrações contábeis para sua avaliação dos valores, época e incerteza dos fluxos de caixa futuros da entidade.
Define-se instrumento financeiro como um contrato que impõe uma obrigação contratual a uma entidade (passivo financeiro ou título patrimonial) e que transmite um direito contratual a outra entidade (ativo financeiro). Exemplos de ativo financeiro incluem dinheiro, aplicações bancárias, recebíveis, 6 empréstimos, debêntures, bonds, notes e títulos patrimoniais (equity). No caso de passivo financeiro, podemos elencar contas a pagar, duplicatas a pagar, depósitos recebidos, empréstimos obtidos e títulos de dívida emitidos. Consideram-se títulos patrimoniais: ações, quotas de empresas limitadas, bônus de subscrição e opções de ações emitidas pela própria empresa (Lopes; Galdi; Lima, 2011).
Os instrumentos financeiros não derivativos se dividem em: (i) títulos públicos federais – LTN, LFT e NTN – emitidos com o objetivo de financiar atividade da União (saúde, educação e investimentos em infraestrutura): (ii) títulos de dívida privados – debêntures, notas promissórias, Eurobonds e CDB – emitidos pelas entidades para captação de recursos; (iii) ações (menor parcela do capital social de uma sociedade anônima); e (iv) fundos de investimento que corresponde à aplicação em conjunto de recursos oriundos de pessoas físicas/jurídicas com objetivos em comum.
Derivativos são instrumentos financeiros que têm o valor alterado devido às mudanças nas taxas de juros, de câmbio, de índices de preço, de crédito. Não exigem investimento inicial ou apenas menor do necessário e são liquidados em 7 data futura. Como exemplos, citam-se: contratos a termo, contratos futuros, opções e swaps (Pereira; Mello, 2019). O objetivo fundamental dos derivativos é a proteção oferecida aos agentes econômicos contra os riscos de oscilações de preços, taxas de juros, variações cambiais, em suma, qualquer variação que possa impactar os fluxos de caixa futuros ou o valor presente de seus ativos
Contratos a termo (forward) são acordos de compra e venda de um ativo em determinada data futura, por um preço previamente estabelecido. O objetivo desse contrato é a redução da incerteza sobre o preço futuro das mercadorias negociadas. Normalmente, as partes do contrato são instituições financeiras e clientes ou entre instituições financeiras. O contrato é liquidado no vencimento, quando o short entrega o ativo e recebe do long o valor ao preço estabelecido.
Contratos futuros são acordos de compra e venda de um ativo em determinada data futura, por um preço previamente estabelecido. Diferentemente do contrato a termo, os parâmetros (condições preestabelecidas como quantidade, qualidade, vencimento e local de entrega) dos contratos futuros são padronizados, tornando-os ativos mais negociáveis em bolsa. Apenas um item a ser negociado, o preço. Têm função de proteção de riscos aos produtores/compradores sobre variações de preços e taxas. A posição short corresponde ao vendedor, e a long, ao comprador. Como objetivo, o contrato futuro reduz a incerteza sobre o preço futuro das mercadorias negociadas e também elimina limitações, como a dificuldade de encontrar compradores e vendedores com necessidades opostas e o risco de inadimplência das partes (Galdi; Lopes, 2017; Lopes; Galdi; Lima, 2011).
Swaps são contratos para troca futura de fluxo de caixa ou rentabilidades, nos quais as partes se comprometem a trocar, em data futura, os resultados dos fluxos concordados. Muitos confundem swap com hedge, porém swap é um derivativo que pode ser empregado tanto em operação hedge como para especulação. A análise de swaps é uma prolongação natural do conhecimento sobre contratos futuro e a termo (Hull, 2016). Permite a troca de posições entre agentes, segundo certos índices. Representa um acordo privado de intercâmbio futuro de fluxos de caixa com base em métodos preestabelecidos e possibilita a proteção aos investidores pelos ativos e passivos reais no mercado.
Opções são instrumentos financeiros representados por um contrato que concede o direito de negociar a compra ou a venda de um ativo a um preço futuro determinado; por esse direito, o investidor reconhece antecipadamente um prêmio ao vendedor. O comprador da opção, titular do contrato, tem uma posição “comprada”, ao passo que o vendedor da opção, lançador da opção, tem uma posição “vendida”.
A diferença entre contrato futuro e contrato de opção está no fato de que o primeiro representa a obrigação de compra ou venda no futuro, e o segundo corresponde tão somente ao direito do exercício, sem obrigatoriedade. No contrato futuro, o risco é maior para o investidor em caso de desvalorização do ativo; já no contrato de opção, a perda se limita ao prêmio pago pela opção. Também utilizado para proteção (hedge).
Os instrumentos financeiros devem ser avaliados pelo valor de mercado, no mínimo, por ocasião dos balancetes mensais e balanços, computando-se a valorização ou a desvalorização, em contrapartida à adequada a conta de receita ou despesa, no resultado do período, observadas as particularidades para aquelas contratadas com o objetivo de hedge.

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