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1 Aplicação da Lógica Fuzzy em um Modelo para Hierarquização de Produtos e Serviços – Caso da Polibrasil S.A. Autoria: Harvey José Santos Ribeiro Cosenza, Lamounier Erthal Villela, Jesus Domech Moré, João Batista Brillo de Carvalho RESUMO Este artigo tem como objetivo apresentar o estudo de caso da Polibrasil S.A que adaptou o modelo COPPETEC/COSENZA, de localização industrial para um modelo multicriterioso de hierarquização de produtos e serviços. O modelo adaptado considerou através da lógica fuzzy os conjuntos de fatores condicionantes da demanda, da oferta dos produtos e serviços dos segmentos do mercado de polipropileno no Brasil. Deste modo os perfis de demanda e oferta foram cotejados, através das percepções, em valores escalonados por meio da análise matemática. Como resultado, obteve-se as hierarquizações, que apontam oportunidades de negócios para cada segmento do mercado estudado. A aplicação do modelo apresentado favorece o desenvolvimento de um sistema de escolha consistente sobre as melhores alternativas econômicas de transações comerciais. Dessa forma, as empresas podem integrar esse sistema de hierarquização de produtos e serviços às estratégias de mercado, possibilitando aumentar a satisfação dos clientes atuais e conquistar novos, elevando com isso, a participação de mercado, o diferencial competitivo e a rentabilidade do negócio. 1 INTRODUÇÃO O objetivo deste artigo é demonstrar como um modelo de hierarquização, apoiado na lógica fuzzy, pode ser utilizada nas pesquisas de mercado e na criação de estratégias empresariais. Como questão norteadora da pesquisa, sugere-se que, entender as percepções dos indivíduos quanto aos fatores condicionantes de uma dada demanda, são fundamentais para a produção de bens e serviços customizados. Tais percepções requerem de lógicas de compreensão que superam a linearidade classicamente utilizada. Hoje não se podem suprimir aspectos qualitativos de difícil compreensão, primordiais nos estudos de mercado (GODET, 1993). A lógica fuzzy estende a aplicação do conceito de matemática do definido para o indefinido permitindo representar melhor os conceitos vagos e incertos, bem como servir de base para modelagens qualitativas que lidam com variáveis lingüísticas compreendendo expressões verbais que sintetizam os pensamentos, os sentimentos e as emoções. As percepções e valores dos clientes são vagas, incertas (interesses na compra, satisfação, indicações); e as percepções dos empresários que também são ambíguas (novos produtos, inovações, novos mercados). Na sociedade do conhecimento os grandes números de produção e o consumo de massa, típicos do regime de produção fordista, não são mais suficientes, é preciso segmentar os mercados e conhecer suas características e especificidades (KOTLER; KELLER, 2006; GRÖNROOS, 2003). Justifica-se a pesquisa em demonstrar o desenvolvimento das etapas e a aplicação empírica do modelo, utilizado para compreender a complexidade de situações tal o caso da analise de mercado da Polibrasil. Esta empresa é pioneira na fabricação de polipropileno no Brasil e na América Latina. Ela divide o mercado brasileiro com a BRASKEM, do Grupo Odebrecht e com a Ipiranga. O polipropileno é uma resina termoplástica com larga aplicação nas indústrias de embalagem, automobilística, têxtil, de móveis e de brinquedos, tendo como principal matéria-prima no processo de fabricação o propeno, derivado da nafta petroquímica. O artigo se estrutura do seguinte modo: na primeira parte, apresenta-se no referencial teórico, os conceitos de lógica fuzzy, tratando incertezas, ambigüidades, informações vagas, 2 complexidade e situações nebulosas como determinantes na administração da informação. Também são apresentados os aspectos principais do modelo COPPETC/COSENZA e a sua adaptação para hierarquização de produtos e serviços. Os conceitos de segmentação, posicionamento e hierarquização foram também ressaltados a fim de elucidar os objetivos do modelo. Na segunda parte, apresenta-se os aspectos metodológicos descrevendo o modelo de hierarquização, as etapas e os respectivos resultados da aplicação. Os dados primários foram obtidos através de entrevistas com especialistas tanto da Polibrasil como das empresas consumidoras de seus produtos. Comentam-se os resultados da aplicação e por fim, apresentam-se conclusões sobre o modelo. 2 REFERENCIAL TEÓRICO – PARALELO ENTRE LÓGICA FUZZY E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES PARA ESTRATÉGIAS DE MERCADO 2.1 A LÓGICA FUZZY Tradicionalmente, as pesquisas de mercado seguem o paradigma positivista estatístico. Para este, a realidade é única e fragmentável. Atualmente, pesquisadores pós-modernos buscam abordagens interpretativas. A realidade para eles é mental e percebida. Quando se consegue quantificar as necessidades de um determinado cliente, também se revelam mais claramente as oportunidades de negócios e de que forma as empresas que o atendem devem proceder para satisfazê-lo. O que ocorre mais comumente é que, as empresas se baseiam na experiência de seus profissionais, no histórico do relacionamento com os clientes e até mesmo em estratégias gerais de ação, a fim de estabelecer essa quantificação e acabam ofertando mais do que o cliente precisa, ou menos do que ele espera. Em ambos os casos não se obtêm a satisfação plena das necessidades. Entretanto, traçar com exatidão esse quadro das necessidades nas relações de negócios entre clientes e empresas fornecedoras de produtos e serviços, obtendo-se uma “fotografia” que espelhe a realidade, é possível, e até mesmo bastante simples, com o auxílio da metodologia de quantificação de incertezas, denominada como lógica fuzzy. Cabe destacar que o conceito de diferenciação de produtos e serviços sob medida tem sido largamente utilizado na definição de estratégias empresariais. Todavia, tem sido um enorme desafio para as empresas identificar e principalmente, quantificar com precisão os impactos operacionais dessas estratégias, tendo em vista a variedade e a complexidade dos produtos e serviços requeridos por seus clientes. Os princípios da lógica formal contribuem para explicar como funciona o pensamento racional. Segundo Parsaye e Chignell (1988), a lógica formal está diretamente ligada a comportamentos humanos irracionais, nos levando a crer que ela oferece um balanceamento à esses comportamentos. Os sentimentos, as percepções, as emoções, os interesses na compra e a satisfação podem se considerar como variáveis lingüísticas que formam parte das pesquisas qualitativas. Praticamente todos os seres humanos, de alguma forma, já tiveram contato com a denominada lógica convencional ou booleana. Neste tipo de lógica, uma certa afirmação ou é verdadeira ou é falsa. Nada existe entre o verdadeiro e o falso, ou seja, é a chamada lógica binária, e.g., chover, não chover, luz acesa ou apagada. Este princípio de verdadeiro ou falso foi formulado por Aristóteles, filósofo grego (384-322 a.C). Naturalmente, em certos casos, afirmações envolvendo somente verdadeiro ou falso não fazem o menor sentido. Por exemplo, considere a afirmação “Marcos é muito alto, pois possui 1 m e 93 cm de altura”. Marcos ser alto é uma afirmação totalmente verdadeira ou totalmente falsa? Provavelmente nenhuma delas. A mesma dúvida ocorre ao se afirmar que uma pessoa é totalmente inteligente ou totalmente ignorante, rica ou pobre, bonita ou feia, rápida ou lenta, gorda ou magra, etc. A modelagem booleana se utiliza da dicotomia – uma afirmação é verdadeira ou falsa, um 3 elemento pertence ou não pertence a um conjunto, nada se caracterizando como relativo, com ausência total de ambigüidades. A álgebra binária aparentemente não escapa da pressuposição de que as estruturas e parâmetros dos modelos têm valores inquestionáveis. Este, na realidade, é umerro encontrado na maioria dos modelos matemáticos que, quanto mais complexos, menos têm a ver com a realidade empírica. A álgebra binária, por sua vez, no tratamento dos atributos e de suas características utiliza, também, variáveis lingüísticas, tal como na lógica fuzzy, esta, sem dúvida o melhor instrumento de modelagem qualitativa. A relevância da modelagem booleana se verifica nas operações parciais com elementos de identidade binomial. Uma situação pode ser pontual e ter implicações com reações de intensidades variadas. As expressões verbais sintetizam o pensamento e as emoções e, mesmo não se revestindo da total riqueza dos sentimentos, são mais abrangentes do que a linguagem lógica. Fazendo uma analogia, em marketing, existem alguns fatores que condicionam a demanda de um produto ou serviço. Fatores como preço, qualidade, agilidade do atendimento, imagem institucional e outros condicionam a venda de um produto ou serviço. Todos eles são subjetivos, intangíveis, complexos, cheios de incertezas e, na criação de estratégias, é importante saber mensurá-los em graus de importância para um determinado segmento. Em 1965, o Professor Lotfi Zadeh formalizou o que, anos depois vinha a ser uma das maiores revoluções no setor matemático: a Lógica fuzzy ou Lógica Nebulosa ou Lógica difusa. Esta teoria trata dos conjuntos não totalmente verdadeiros nem tampouco dos totalmente falsos. Em outras palavras, a lógica fuzzy deve ser vista como uma teoria matemática formal para a representação de incertezas. Essa lógica não convencional desenvolveu-se em vários campos da ciência como na Engenharia, Robótica, Administração, Economia, Medicina, etc. Pode-se afirmar que a lógica fuzzy tem sido fundamental para a consecução de projetos de sistemas especialistas e um importante suporte para tomadas de decisão, em vários segmentos do conhecimento humano. Como todo conceito revolucionário, enfrentou resistências das mais variadas, principalmente das correntes mais conservadoras do mundo acadêmico, que fizeram com que este paradigma percorresse, como tantos outros, o trinômio CETICISMO, OPOSIÇÃO, ACEITAÇÃO. Ficou provado, anos mais tarde, que, apesar das resistências, a metodologia de analise fuzzy funciona e, além disso, oferece excelente relação custo x benefício. Suas aplicações são diversas, tais como em aparelhos eletrodomésticos, sistemas de freios, sistemas de controles de guindastes, sistemas de formação de preços, controle de anestesia, sistemas de tomada de decisão, etc. sendo hoje em dia, bastante difundida no meio acadêmico e empresarial, como uma ferramenta utilizada para os processos de tomada de decisão. Por exemplo, como analisado neste artigo, a elaboração de uma estratégia de marketing depende de muitos fatores que agregam complexidade e incertezas ao sistema estudado. Tais fatores serão avaliada pelas atitudes e comportamentos subjetivos do grupo de empresas consumidoras da Polibrasil S/A. A abordagem do presente modelo baseia-se no conceito de conjunto difuso definido por Zadeh (1965). Um conjunto difuso é um conjunto definido num universo de elementos através de uma função de pertinência, cujos valores se incluem no intervalo fechado [0,1], entendida como o significado do conceito definidor de conjunto. A função de pertinência expressa a compatibilidade do termo que denomina o conjunto com o seu significado. Nesta abordagem é utilizada para análise das incertezas, imprecisões e vaguezas principalmente relacionadas com o pensamento explícito e a lingüística humana. O principio de incompatibilidade apresentado por Zadeh (1973) proposiciona que, quando a complexidade de um sistema excede um certo limite, torna-se impossível descrever o comportamento do sistema de forma precisa e determinística, explicitando a fragilidade da lógica formal. Os conceitos básicos dos conjuntos fuzzy (fuzzy sets) (ZADEH, 1965), tiveram como finalidade 4 processar as informações subjetivas, de natureza vaga e incerta da linguagem natural. Na matemática básica, os conceitos subjetivos são impossíveis de serem modelados. A teoria clássica de conjunto é baseada na lógica binária onde um elemento adquire somente dois estados bem definidos: pertence ou não pertence, assim como os conceitos de sim e não, bom ou ruim, verdadeiro ou falso e preto ou branco são substituídos por conceitos onde existem tanto as verdades parciais quanto as falsidades parciais (GIGCH e PIPINO,1980), captando a essência da teoria da lógica fuzzy. Basicamente utilizada para mapear modelos qualitativos de tomadas de decisão e para métodos de representação imprecisa (BELCHIOR, 1997), o sistema de lógica fuzzy tem apoiado e obtido sucesso em várias decisões, contribuindo na diminuição da distância entre os modelos matemáticos, aplicados na Engenharia e na Matemática e suas possíveis aplicações na Administração e em outras áreas. Como exemplo, podemos citar aplicações em processos de orçamento (KAUFMANN e GUPTA, 1989), em pesquisas de mercado e em técnicas de entrevistas (GUERRERO, LAZZARI e MACHADO, 1999), na avaliação de atividades e desenvolvimento de novos produtos (WANG, 1999), em sistema de análise de crédito (SYAUH, HSIEH e LEE, 2001), em otimização de fluxo de caixa (TURTLE, BECTOR e GILL,1994), em Avaliação Pós-Ocupação (RHEINGANTZ, 2000), etc. Hsu, Wu e Tien (1998), apresentaram um modelo que versa sobre o envolvimento do cliente no mercado experimental através da aplicação de lógica fuzzy. A segmentação de mercados, previsões, decisões e estratégias em uma empresa, aplicando a lógica fuzzy e a teoria da afinidade, é também abordado por Lazzari. Kaufmann e Aluja em 1992. 2.2 O MODELO Concebido originalmente, o modelo COPPETEC/COSENZA, (1981) para estudos de localização industrial, de análise hierárquica é, basicamente, uma operação com matrizes e fundamenta-se no confronto entre o nível de demanda e oferta de fatores de localização. O estudo foi dedicado a adaptar o modelo COPPETEC/COSENZA, um programa de informações que permite hierarquizar de forma multicriteriosa vocações industriais de áreas geográficas, para aplicá-lo à hierarquização de produtos e serviços dentro de três empresas da Polibrasil, por meio do confronto direto entre o perfil de demanda dos clientes e o perfil de oferta das empresas. O desenvolvimento de modelos para hierarquizar potencialidades de forma multicriteriosa parte da real necessidade de transformar informações organizadas metodologicamente em um instrumento operacional eficiente de apoio à decisão. Introduz as noções básicas para avaliação de alternativas de estratégias usando conjuntos fuzzy. Aplicando-se o modelo COPPETEC/COSENZA ao ambiente empresarial, torna-se possível cotejar a demanda proveniente das necessidades dos clientes e a oferta de produtos e serviços disponíveis nas empresas. Verificando-se a demanda dos clientes, obtém-se o perfil de demanda, caracterizado pela demanda por produtos e serviços relativa a cada segmento de mercado. Analogamente, verificando-se de forma pormenorizada a oferta de produtos e serviços nas empresas, obtém-se o perfil de oferta. Estes perfis são, então, cotejados por meio de uma análise matemática que emprega operações matriciais, cujo resultado é expresso na forma de uma matriz de índices que traduz as oportunidades do negócio para cada segmento de mercado. O esquema do modelo é demonstrado na Figura 1, a seguir: 5 Figura 1 - Modelo de Hierarquização de Produtos e Serviços Fonte: Brillo (2000 p.25) 2.3 ANÁLISE DE INFORMAÇÕES PARA ESTRATÉGIAS DE MERCADO Os conceitos de estratégias empresariais evoluem, segundo Mintzberg, Ahltrand e Lampel (2000), de formais a emergentes, devido as transformações e a rapidez das mudanças sócio-técnica-econômicas.Os estrategistas visam continuamente avaliar comportamentos futuros, a fim de antecipar suas ações, neste caso adotam postura pró-ativa (GODET, 1993). Segundo Dornelas (2004), a estratégia pode ser definida como a ciência de planejar e dirigir operações em grande escala, especificamente no sentido de manobrar as forças para as mais vantajosas posições antes de agir. Uma estratégia de mercado errada pode destruir uma empresa/produto antes mesmo de ser implementada, independente da qualidade do produto ser alta ou não. A estratégia de vendas está relacionada diretamente com a estratégia de mercado da empresa e procura estabelecer a maneira como irá vender o produto, com a finalidade de converter em ações as estratégias estabelecidas. Kotler (1998) explica que, até recentemente, as empresas de serviços seguiam as empresas industriais com relação ao uso do marketing. No entanto os modelos utilizados por empresas fordistas, não mais se adequam às constantes mutações das demandas de mercado, sejam estas industriais ou de serviços. O processo de marketing consiste na análise de oportunidades, desenvolvimento de estratégias, planejamento de programas e administração do esforço de marketing . Para Porter (1986), estratégia é criar uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividades. Se houvesse apenas uma única posição legal, não haveria necessidade de estratégia. As empresas enfrentariam um imperativo simples – ganhar a corrida para descobrir e se apropriar da posição única. A essência do posicionamento estratégico consiste em escolher atividades diferentes daquelas dos concorrentes. Se os mesmos conjuntos de atividades fossem os melhores para produzir todas as variedades de produto para satisfazer a todas as necessidades e para ter acesso a totalidades dos clientes, as empresas simplesmente se alterariam entre eles e a eficácia operacional determinaria o desempenho. Qual seja o ambiente que a empresa se encontre, conhecer este ambiente é fundamental para as estratégias de marketing. Se tal ambiente é mutante, mutantes deverão ser as estratégias, porém a complexidade de analise nem sempre é ou pode ser compreendida pelos atores empresariais. Daí a necessidade de utilização de instrumentos de pesquisas e metodologias tal como a de lógica fuzzy para poder dentre os segmentos específicos de mercado ampliar os graus de conhecimento sobre o comportamento dos consumidores, fornecedores, etc. É necessário que a empresa desenvolva uma estratégia de diferenciação e posicionamento para o mercado-alvo. A utilização de ferramentas de decisão se faz necessária ao longo dos estágios do processo de desenvolvimento e em seu ciclo de vida. A estratégia consiste em um plano de batalha derivado dos elementos de marketing, finanças e produção. OFERTA DE PRODUTOS E SERVIÇOS PELAS EMPRESAS SEGMENTOS DE MERCADO PRODUTOS E SERVIÇOS DEMANDADOS PELO MERCADO PERFIL DE OFERTA PERFIL DE DEMANDA ANÁLISE MATEMÁTICA OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO 6 Para a estratégia mercadológica existem cinco importantes conceitos estratégicos: a segmentação do mercado, o posicionamento de marketing, a estratégia de penetração nos mercados, a estratégia de composto de marketing e a estratégia de época. Estas três últimas estratégias são os objetivos do modelo de hierarquização que demonstramos neste artigo. Cabe no entanto, elucidar tópicos sobre segmentação e posicionamento, fundamentais, como premissas para hierarquização. 2.3.1 A Segmentação de Mercado Os economistas clássicos usam o termo mercado para se referirem a um grupo de compradores e vendedores que transacionam em torno de um produto ou classe de produtos. Já os economistas institucionalistas (BOYER, THÉRET, 1995) consideram o mercado como instituições, plenas em culturas, tradições, forças, atores e valores sociais etc. Logo, o mercado é visto como uma instituição e para conhecê-lo não é suficiente processar apenas os dados quantitativos. Os estudos de mercado requerem então conhecimento das necessidades e dos sentimentos dos consumidores. A Americam Marketing Association (1995, apud KOTLER, 1998, p. 31), define mercado como: “todos os consumidores potenciais que compartilham de uma necessidade ou de um desejo específico e estão dispostos e habilitados para fazer uma troca que satisfaça essa necessidade ou desejo”. Na literatura, tipicamente, mercados são apresentados da seguinte forma: a) potencial,é o conjunto de consumidores que manifestam nível de interesse suficiente por uma oferta definida; b) disponível, é o conjunto de consumidores que tem interesse, renda e acesso a determinada oferta; c) disponível qualificado, é o conjunto de consumidores que tem interesse, renda, acesso e qualificação para determinada oferta; d) alvo, mercado disponível qualificado que a empresa decide atingir; e) penetrado, é o conjunto de consumidores que já compraram o produto da empresa. A partir destes conceitos, os profissionais de marketing utilizam de instrumentos para poder avaliar as demandas de mercado e da empresa, buscando quantificá-las. O modelo de hierarquização aqui apresentado tem como objetivo quantificar variáveis qualitativas das demandas de mercados, já penetrados e disponíveis, pois estes são os alvos da Polibrasil. A segmentação representa um esforço para o aumento da precisão do alvo da empresa, ou seja, de seu posicionamento. Ela pode ser adotada em quatro níveis: segmentos, nichos, áreas locais e indivíduos. Quadro1: Etapas para segmentação, definição e posicionamento do mercado alvo Segmentação de mercado Mercado alvo Posicionamento do mercado 1– identificação das variáveis de segmentação. 2– desenvolvimento de perfis. - avaliação da atratividade de cada segmento. - seleção do segmento. - identificação do posicionamento possíveis para cada segmento. - Seleção, desenvolvimento dos conceitos de posicionamento envolvido. Fonte: Adaptado a partir de Kotler (1998) Definidos os segmentos, a empresa deve examinar dois fatores: os objetivos e os recursos das empresas. Após a identificação dos segmentos e mercados-alvo, a estratégia de marketing será diferenciar e posicionar seus produtos/idéias no mercado, a fim de obter 7 vantagens competitivas. O modelo de hierarquização, então, terá estes objetivos na elaboração das estratégias de marketing. Segundo Kotler (1998, p.254), diferenciação “é o ato de desenvolver um conjunto de diferenças significativas para distinguir a oferta da empresa das ofertas concorrentes”. A diferenciação está intimamente ligada à capacidade de inovar de uma empresa, criando por período de tempos “concorrência monopolista” ou “quase-monopólios”. Esta vantagem é mantida até que o seu “produto diferenciado” seja copiado ou substituído por outro com maior valor agregado para os consumidores. A fim de diferenciar o produto, as empresas necessitam de informações acuradas sobre o seu mercado, tal como será descrito mais abaixo, quando diferenciamos os perfis da oferta e da demanda de produtos. 2.3.2 O Posicionamento Posicionamento é o ato de desenvolver a oferta e a imagem da empresa, de maneira que ocupem uma posição competitiva, distintiva e significativa nas mentes dos consumidores- alvo. Para adotar a estratégia de posicionamento, a empresa deve decidir quantos e que diferenças irá promover a seus consumidores-alvo. Os posicionamentos “número um”, mais comumente promovidos são: melhor qualidade, melhores serviços, preço mais baixo, melhor valor, mais seguro, mais veloz, mais customizado. A utilização da lógica fuzzy em marketing é percebida em suas aplicações e teorias, onde percepção de consumidores e especialistas são traduzidas para valores determinísticos, segundo Nakamura (1995), em modelosde avaliação de publicidade e propaganda com medidas fuzzy, em projeções de demanda por produtos e, no que diz respeito ao pensamento e comportamento humano, na construção de imagem em publicidade e propaganda. O modelo de hierarquização, abaixo descrito, permitirá uma análise do posicionamento dos clientes-alvo da Polibrasil nas suas estratégias de marketing. 2.3.3 Hierarquização de Produtos e Serviços A hierarquização de produtos e serviços transformou-se em poderoso instrumento estratégico de marketing, visto que lida com um processo consistente de escolha dirigida entre as mais rentáveis formas de comercialização dos produtos e serviços, ampliando o potencial de ganho nas margens de venda. Foi essa a estratégia adotada na pesquisa como ponto de partida para solucionar o problema. Ao longo de dois anos o trabalho implicou transportar uma teoria já amplamente desenvolvida e comprovadamente eficaz no campo da localização industrial para o ambiente empresarial e, mais especificamente, para o campo das relações entre clientes e fornecedores. 3 METODOLOGIA 3.1 DESCRIÇÃO DO MODELO Após o desenvolvimento do modelo teórico, a segunda parte da pesquisa foi dedicada a comprovar a viabilidade da aplicação na prática, mediante uma pesquisa de campo que foi realizada na Polibrasil e se desenvolveu em três níveis. No primeiro, procurou-se identificar por meio de vários estudos de mercado disponíveis na empresa os fatores condicionantes de demanda e oferta, específicos do mercado de polipropileno no Brasil. No segundo nível foram coletados dados primários a partir de entrevista com um especialista da área comercial da empresa. Esses dados foram introduzidos na composição das matrizes primárias do modelo na forma de teste piloto. Os resultados do teste foram submetidos ao especialista, que os considerou satisfatórios. Por fim, no terceiro nível foram coletados dados mais precisos de mercado, contando-se dessa vez, com a participação da equipe de especialistas responsáveis 8 pelo plano anual de marketing da empresa. O resultado final foi satisfatório, sendo o modelo inserido no contexto de formulação das estratégias de mercado da empresa para o ano 2000. Na pesquisa pode-se acompanhar a aplicação do modelo matemático composto por operações matriciais ao mercado de polipropileno no Brasil, o qual confronta o perfil de demanda dos diversos segmentos de mercado com o perfil de oferta das empresas que competem no mercado nacional. O modelo consiste na comparação de duas matrizes, a matriz de demanda, do tipo h x n, onde h = número de segmentos de mercado e n = número de fatores condicionantes na venda; e a matriz de oferta, do tipo n x m, onde n = número de fatores condicionantes e m = número de empresas. É utilizada uma escala de atributos para demanda, onde A = crucial, B = relevante, C = reduzida e D= irrelevante. Para escala de atributos para oferta, adota-se A = excelente, B = adequada, C = reduzida e D = inexistente. A comparação segue a lógica de um produto matricial. Entretanto, ao invés de operar cada produto (aij x bjk), foram comparados seus valores segundo uma tabela de cotejo, para determinação de parcelas do somatório do elemento (cik), obtendo-se assim os resultados utilizados na montagem da matriz de oportunidades de negócio. Os índices desta matriz apontam três possibilidades. Quando ele é idêntico a um (dik = 1), isso indica que a empresa (k) atende a demanda no nível requerido pelo segmento de mercado. Quando o índice é menor que um (dik < 1) sabe-se que pelo menos um dos fatores demandados pelo segmento de mercado não foi atendido. Por fim, quando o índice é maior que um (dik > 1), isso significa que a empresa oferece mais condições do que as demandadas pelo segmento de mercado. Além disso, há outros dois índices. Um deles, denominado Zk, indica como a empresa (k) atende ao conjunto dos segmentos de mercado. O outro (Ti) mostra o comportamento da demanda dos segmentos de mercado. As matrizes que compõem o modelo são ilustradas na Figura 3, a seguir: Fig. 3 Matrizes do Modelo de Hierarquização de Produtos e Serviços Matriz D = C x E Fonte: adaptado de Brillo (2000). Matriz A (h x n) - Perfil de Demanda do Mercado Matriz B (n x m) - Perfil de Oferta da Empresa Fatores Condicionantes Tabela de Cotejo = A B = C Matriz C (h x m) - Oportunidade de Negócio A B C D A 1 0 0 0 Segmentos B 1 + 1/n 1 0 0 de Mercado Demanda C 1 + 2/n 1 + 1/n 1 0 D 1 + 3/n 1 + 2/n 1 + 1/n 1 Matriz Diagonal E (h x h) Matriz D (h x m) - Índice de Oportunidade de Negócio Ti 1/n 0 0 0 dik dik dik 0 1/n 0 0 Segmentos dik dik dik 0 0 1/n 0 de Mercado dik dik dik 0 0 0 1/n Zk Segmentos de Mercado Segmento de Mercado Segmentos de Mercado Empresas Fatores Condicionantes Empresas Oferta Empresas ⊗ Valores possíveis do elemento aij : A, B, C, D Valores possíveis do elemento bjk : A, B, C, D Valores possíveis do elemento cik : Tabela de Cotejo 9 3.2 APLICAÇÃO DO MODELO – ETAPAS E RESULTADOS Etapa l - Determinar quais são os segmentos de mercado de interesse no mercado de polipropileno. Consideram-se os seguintes segmentos de mercado: Injeção - Caixa de Bateria, Compostos, Cosméticos/Alimentício, Eletrodomésticos, Móveis, Seringas Descartáveis e Utilidades Domésticas; Filme - Blow, BOPP e Cast; Fios e Fibras – BCF e CF, Fibra e Não Tecido; Extrusão – Chapas Lisas e Corrugados, Tampas de Bebidas e Termoformagem; Ráfia; e Sopro – Água Mineral e Sopro Geral. Etapa 2 - Determinar quais são os fatores condicionantes da demanda Consideram-se: • Preço/Condições Comerciais (1): Incluem-se nessa categoria, além do preço, toda ágama de condições de venda demandadas pelo mercado que sejam claramente quantificadas financeiramente, como descontos, venda consignada, prazo de pagamento, financiamento, etc. • Qualidade do Produto (2): Abrange todas as demandas referentes aos fatores vinculados à qualidade do produto de modo a permitir um rendimento ótimo do mesmo nos processos produtivos dos clientes, onde estes favorecem aqueles produtos que oferecem principalmente mais qualidade em termos de desempenho, conformidade e características inovadoras. • Assistência Técnica (3): Este fator diz respeito às diversas formas de assistência técnica requerida pelos clientes, desde a permanência fixa de técnicos da empresa até visitas programadas ou sob chamada. • Desenvolvimento de Produto (4): Nesta categoria estão abarcados todos os fatores ligados à capacidade da empresa de desenvolver produtos na medida exata da necessidade dos clientes, no tempo certo e a preço compatível. • Logística (Nível de Serviço) (5): Esta classe se refere aos fatores condicionantes da demanda de serviços de logística compreendendo todos os elementos utilizados, desde a embalagem do produto até a utilização deste no processo produtivo, como embalagem sob medida, transporte de produtos normal ou com hora marcada, controle do estoque no cliente para reposição automática, etc. • Empresa Global (6): Reflete a demanda dos clientes sobre a amplitude de atuação da empresa, compreendendo as operações na região, no mercado nacional e internacional. • Agilidade no Atendimento (7): Trata-se da capacidade de atendimento às necessidades dos clientes relacionadas aos produtos e serviços comercializados. A agilidade no atendimento se verifica mais facilmente por meio da qualidade percebida pelos clientes na prestação de serviço. • Postura de Parceria (8): Esta categoria abrange os fatores de relacionamento entre as partes ao longo do tempo, compreendendo a consistência das atitudes da empresa com os clientes independentemente das circunstâncias do momento. • Tecnologia de Processo/Produção (9): Esta classede fator diz respeito à capacidade tecnológica da empresa no desenvolvimento de processo e na melhoria continua da produção. Trata-se da utilização adequada das máquinas, equipamentos e dispositivos no processo de produção para transformar materiais e informações, de forma a atingir os objetivos estratégicos de produção da empresa e agregar valor para os clientes. • Imagem Institucional (10): Este fator diz respeito aos elementos que consolidam a boa imagem da empresa no mercado, podendo influenciar a retenção e a atração de clientes. 10 Etapa 3 - Criar a Matriz de demanda. Esta matriz relaciona a demanda por segmentos de mercado expressa através do conjunto de fatores condicionantes. Esta matriz formaliza os níveis de exigência de desempenho cabíveis a cada segmento de mercado. Os valores atribuídos a cada um dos elementos da matriz são classificados em função da demanda percebida por um especialista da empresa, empregando uma escala de 4 valores: (A) Crucial: ausência do fator inviabiliza o êxito da venda, caracterizando uma expectativa que deve ser prioritariamente atendida; (B) Condicionante: ausência do fator compromete o êxito da venda, mas não o inviabiliza, caracterizando uma expectativa que deve ser atendida com alguma prioridade; (C) Pouco Condicionante: ausência do fator não compromete o êxito da venda, mas torna- o menos atrativo, caracterizando uma expectativa sem prioridade, por ser apenas desejável; (D) Irrelevante: ausência do fator não compromete/influencia o êxito da venda caracterizando uma expectativa que não é demandada. Os resultados da entrevista feita ao especialista da Polibrasil se refletem na matriz da Tabela 1, a seguir. Tabela 1.- MATRIZ A - DEMANDA DO MERCADO SEGMENTOS DO MERCADO FATORES CONDICIONTES DE DEMANDA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Caixa de bateria A B B A B A A B B C Compostos A C C B B A A C A C Cosméticos B B B A B A B A B C INJEÇÃO Eletrod. A B A B A A A A B C Móveis A B B B C B B C B C Seringas desc. C A B B B A B B B C UD B B B A B B C C B C Blow B B B A B B C C B C FILM BOPP A B B C C C C C C C Cast B A A A A B B A A C BCF e CF B A B B A B B A A C FIOS e FIBRAS Fibra A C C C B C B C C C Não Tecido B A A B A A B A A C Ch. Lisas e C. C B B B C C C C B C EXTRUSÃO Tampas Bebidas A B A A A A A B B C Termoformagem A B B C A C A B B C RÁFIA Ráfia A B B C B C C C C C Água Mineral C C C B C C C C C C SOPRO Sopro Geral B C B C C C C C C C Classificação: A – Crucial; B – Condicionante (relevante); C – Pouco Condicionante (reduzida); D – Irrelevante (inexpressiva) Fonte : Elaboração própria 11 Etapa 4 - Criar a matriz de oferta. Esta matriz relaciona disponibilidade dos dez fatores condicionantes com três empresas consideradas no estudo pertencentes à Polibrasil, ou seja, apresenta a oferta dos mesmos fatores condicionantes descritos anteriormente, neste caso compondo a oferta das empresas que competem no mercado nacional. Os valores aqui são obtidos a partir da opinião de uma equipe de especialistas responsáveis pelo plano anual de marketing da empresa. Estes valores estão enquadrados numa escala de 4 valores: (A) Excelente: encontrado em condições plenas de atendimento à demanda, caracterizando uma situação privilegiada; (B) Adequada: fator encontrado em condições desejáveis de atendimento à demanda, caracterizando uma situação de normalidade; (C) Reduzida: fator encontrado em condições pouco aceitáveis de atendimento à demanda, caracterizando uma situação de precariedade; (D) Inexistente: fator encontrado em pequena intensidade ou não é encontrado, caracterizando uma situação de escassez. Tabela 2.- MATRIZ B - OFERTA DA INDÚSTRIA FATORES UNIDADES INDUSTRIAIS CONDICIONANTES EMPRESA 1 EMPRESA 2 EMPRESA 3 1 B B B 2 B A B 3 B B C 4 B A C 5 B B B 6 B C C 7 C C B 8 B C B 9 B A B 10 B C B Classificação: A – Excelente; B – Adequada; C –Reduzida; D – Inexistente. Fonte: Elaboração própria Etapa 5 – Cotejo entre as matrizes de demanda e oferta. A comparação segue a lógica de um produto matricial, só que em vez de operar cada produto aij x bjk, foram comparados seus valores segundo a tabela de cotejo (Tab. 3) e (Tab. 4) para determinação de parcelas do somatório do elemento cik, obtendo-se assim os valores utilizados na montagem da matriz resultado C (Oportunidades do negócio) (Tab. 5). 12 Tabela 3 - TABELA DE COTEJO OFERTA MATRIZ B DEMANDA Excelente Adequada Reduzida Inexistente MATRIZ A A B C D Crucial A 1 0 0 0 Condicionante (Relevante) B 1 + 1/n 1 0 0 Pouco Condicionante (Reduzida) C 1 + 2/n 1 + 1/n 1 0 Irrelevante (Inexpressiva) D 1 + 3/n 1 + 2/n 1 + 1/n 1 No. de Fatores Condicionantes n = 10 Fonte: Elaboração própria Como resultante da operação matricial de cotejo (aij x bjk) entre as matrizes de demanda e oferta obtemos a Tabela 4. Na medida em que a oferta tende a ser menor que a demanda, o valor cotejado tende a 0, e quando a oferta tende a ser superior à demanda, este valor tende a 1 + x/n. Este operador considera a possibilidade de determinada empresa/segmento de mercado ofertar mais ou menos produtos e/ou serviços do que os demandados pelo mercado. Tabela 4 - FATORES DE DEMANDA E OFERTA OFERTA MATRIZ B DEMANDA Excelente Adequada Reduzida Inexistente MATRIZ A A B C D Crucial A 1,0 0,0 0,0 0,0 Condicionante (Relevante) B 1,1 1,0 0,0 0,0 Pouco Condicionante (Reduzida) C 1,2 1,1 1,0 0,0 Irrelevante (Inexpressiva) D 1,3 1,2 1,1 1,0 Fonte: Elaboração própria Etapa 6 - Obtenção da matriz de oportunidades de negócios. A matriz C (Oportunidades de negócios) obtida é efetivamente multiplicada pela matriz E (DIAGONAL), de tamanho h x h, onde h é o número de segmentos de mercado (Tab. 5). Para a composição da matriz E os elementos da diagonal assumem o valor 1/n, onde n é o número de segmentos de mercado. 13 Tabela 5 - MATRIZ C – OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS SEGMENTOS DO MERCADO UNIDADES INDUSTRIAIS EMPRESA 1 EMPRESA 2 EMPRESA 3 Caixa de bateria 6,1 6,2 5,1 Compostos 6,4 7,4 5,3 Cosméticos 6,1 7,2 6,1 INJEÇÃO Eletrod. 4,1 4,3 3,1 Móveis 8,3 7,4 6,3 Seringas desc. 7,2 7,3 6,2 UD 9,2 9,2 7,3 Blow 10,6 10,6 9,5 FILM BOPP 2,1 4 2,1 Cast 9,2 9,2 6,3 BCF e CF 5,1 6,1 3,1 FIOS e FIBRAS Fibra 8,7 8,7 9,4 Não Tecido 3,1 5,1 3,1 Ch. Lisas e C. 10,5 10,5 8,5 EXTRUSÃO Tampas Bebidas 4,1 4,2 4,1 Termoformagem 7,3 6,4 6,1 RÁFIA Ráfia 9,5 9,5 8,4 Água Mineral 10,8 10,8 9,7 SOPRO Sopro Geral 9,6 10,7 9,6 Fonte: Elaboração própria Etapa 7 - Obtenção dos Índices de Oportunidade do Negócio. Para se obter os Índices de Oportunidade do Negócio efetua-se o produto ordinário das matrizes C e E. O resultado é então expresso na forma de uma matriz D (INDICES DE OPORTUNIDADE DO NEGÓCIO) mostrada na Tabela 6. Na tabela percebe-se o desempenho da empresa nos diversos segmentos de mercado. Quanto menor for o valor, significa que estamos na presença de uma oferta do fator k, mas insuficiente para atender a demanda i, requerida pelo conjunto de segmentos de mercado. Seu valor é proporcionalmente reduzido quanto maior for o número de fatores presentes com baixo nível de oferta k, que foram fortemente demandados por i. Com a matriz de índice de oportunidades de negócios, pronta, pode-se também pesquisar como o conjunto das empresas, individualmente, atendem o conjunto dos segmentos de mercado, considerados na análise. Basta efetuar o somatório das colunas da matriz D então dividi-lo pelo númerode segmentos de mercado, conforme fórmula abaixo: ∑= i ikk dhZ )1( k=1,2,...n Analogamente, podemos descobrir o comportamento da demanda (Ti) dos Segmentos de Mercado estudados, através do somatório das linhas da matriz D e dividindo-o pelo número m de empresas, como vemos a seguir: ∑= i iki dmT )1( i=1,2,..h 14 Tabela 6 - MATRIZ D – ÍNDICE DE OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS (Matriz C/n, onde n = 10) SEGMENTOS DO MERCADO UNIDADES INDUSTRIAIS MÉDIA EMPRESA 1 EMPRESA 2 EMPRESA 3 TI Caixa de bateria 0,61 0,62 0,51 0,58 Compostos 0,64 0,74 0,53 0,64 Cosméticos 0,61 0,72 0,61 0,65 INJEÇÃO Eletrod. 0,41 0,43 0,31 0,38 Móveis 0,83 0,74 0,63 0,73 Seringas desc. 0,72 0,73 0,62 0,69 UD 0,92 0,92 0,73 0,86 Blow 1,06 1,06 0,95 1,02 FILM BOPP 0,21 0,4 0,21 0,27 Cast 0,92 0,92 0,63 0,82 BCF e CF 0,51 0,61 0,31 0,48 FIOS e FIBRAS Fibra 0,87 0,87 0,94 0,89 Não Tecido 0,31 0,51 0,31 0,38 Ch. Lisas e C. 1,05 1,05 0,85 0,98 EXTRUSÃO Tampas Bebidas 0,41 0,42 0,41 0,41 Termoformagem 0,73 0,64 0,61 0,66 RÁFIA Ráfia 0,95 0,95 0,84 0,91 Água Mineral 1,08 1,08 0,97 1,04 SOPRO Sopro Geral 0,96 1,07 0,96 1,00 MÉDIA 0,73 0,76 0,63 0,71 Média Zk = Média Ti = 0,71 Fonte: Elaboração própria Quanto aos resultados, conclui-se por meio de análise dos Índices de Oportunidades de Negócios, que a Empresa 2 é a que atende melhor individualmente o conjunto desses Seguimentos (Índice Zk = 0,76). Analogamente analisando-se o comportamento da demanda dos seguimentos de mercado, por meio do Índice Ti, verifica-se que os seguimentos de Eletrodomésticos, BOPP, Não-Tecido e Tampas de Bebidas estão entre aqueles cuja demanda é significativamente superior ao conjunto dos fatores de oferta das empresas (Índice Ti < 0,5), representando as melhores oportunidades de investimento. Já os seguimentos de Filme Blow, Água Mineral e Sopro Geral, estão entre os seguimentos mais bem cobertos pelo conjunto das empresas (Índice Ti > 1). 4 CONCLUSÃO No caso específico deste estudo, o modelo permite quantificar, tanto quanto possível os impactos da demanda e da oferta de produtos e serviços, contribuindo para mensurar os impactos operacionais do posicionamento das empresas frente à variedade e complexidade dos produtos e serviços requeridos pelos clientes, permitindo a definição mais precisa de estratégias de diferenciação para cada segmento de mercado. A aplicação do modelo apresentado neste estudo favorece o desenvolvimento de um sistema de escolha consistente sobre as melhores alternativas econômicas de transações comerciais com os clientes, podendo transformar-se num diferencial competitivo. Dessa 15 forma, as empresas podem integrar esse sistema de hierarquização de produtos e serviços às estratégias de marketing, possibilitando aumentar a satisfação dos clientes atuais e conquistar novos, elevando com isso, a participação de mercado e a rentabilidade do negócio. O estudo pode contribuir também para nortear as políticas de investimento das empresas, valendo-se do conhecimento do conjunto de fatores de demanda dos produtos e serviços do mercado e dos fatores de oferta no âmbito da empresa, bem como a comparação com as empresas concorrentes. A pesquisa resultou em um modelo inédito, cientificamente fundamentado e flexível o bastante para ser aplicado com sucesso em qualquer segmento empresarial. A Polibrasil saiu à frente e o empregou na elaboração do seu plano de mercado, orientando suas estratégias por esse modelo, com aceitação e resultados positivos. 5 REFERÊNCIAS BOOLE, G. 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