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10 O Tegumento Comum O termo tegumento comum compreende a pele normal com seu revestimento de pelos e uma variedade de glândulas cutâneas, assim como regiões mais especializadas como garras, cascos e cornos. A pele recobre completamente o corpo e se une às membranas mucosas de vários orifícios naturais. Em sua estrutura normal, a pele protege contra agressões e dilacerações superficiais e invasão por micro-organismos, desempenha um papel importante na termorregulação (pág. 357) e, sendo praticamente impermeável à água, previne que o corpo sofra dessecamento (acompanhado pela perda de eletrólitos e outras substâncias vitais); de modo oposto, a pele previne uma captação excessiva de água pelos mamíferos aquáticos. Certas substâncias lipídicas podem penetrar na pele e são utilizadas (na forma de pomadas) como veículos para a administração de medicamentos. A coloração da pele (e pelos) depende parcialmente da presença de grânulos de pigmentos em certos componentes celulares. Esses pigmentos protegem a pele contra a radiação ultravioleta e estão relacionados com a capacidade de refletir o calor solar, que pode aumentar a temperatura corpórea; esses efeitos em parte explicam a razão pela qual a coloração da pele e dos pelos interfere na adaptabilidade dos animais à vida em ambientes ensolarados. A coloração das regiões desprovidas de pelos e não pigmentadas é também afetada em várias formas pelo sangue contido nos vasos que perfundem as camadas profundas dessas regiões; o rubor observado na face dos humanos é o exemplo mais evidente dessa influência, porém a palidez observada em casos de anemia ou choque, a coloração azulada (cianose) que indica ausência de oxigênio e a coloração amarelada (icterícia) são as alterações de maior relevância na veterinária. Alterações de cor muito evidentes, como aquela pela qual o camaleão é amplamente conhecido, não ocorrem em mamíferos, embora se deva mencionar a coloração extravagante na pele da face e do períneo dos mandris machos e de espécies de macacos relacionadas. A ESTRUTURA DA PELE Alguma recapitulação e ampliação do conteúdo exposto previamente (pág. 8) da estrutura básica da pele são agora necessárias. A pele é composta por duas partes: um epitélio superficial (epiderme) e uma camada fibroelástica resistente (derme) que descansa em um estrato de tecido conjuntivo frouxo (tela subcutânea) (Fig. 1-7). A epiderme é continuamente renovada. As células da superfície se desprendem em camadas (p. ex., caspas) ou como pequenas partículas (aquelas da pele humana que respondem por grande quantidade da poeira doméstica), e essa perda é suprida pela divisão celular que acontece na camada mais profunda da pele, seguida pela migração das células filhas em direção à superfície. Enquanto as células epidérmicas acumulam-se superficialmente, elas sofrem uma série de alterações internas que gradualmente causam sua morte, e, quando submetidas às condições ambientais, essas células mortas são incapazes de reagir às várias influências às quais são expostas. A sequência de alterações, que pode ser observada na Figura. 10-1, fornece uma impressão óbvia de estratificação. A camada mais profunda (estrato basal) é intimamente moldada nas irregularidades da derme subjacente e apresenta uma área consideravelmente maior que a área da superfície corporal (Fig 10-1/1). Conforme as células se movem dentro do estrato espinhoso, elas se retraem e se separam, ainda que permaneçam conectadas por pontes intercelulares (desmossomos). Então se inicia o processo de queratinização (cornificação) e, na camada seguinte (estrato granuloso), as células contêm grânulos de queratoialina dispersos (Fig. 10-1/4). Em algumas regiões essa camada é seguida por um estrato lúcido estreito, no qual as células apresentam-se achatadas, já sem seus núcleos e sem os contornos definidos, obtendo uma aparência homogênea proveniente dos grânulos dispersos de forma uniforme. Finalmente, a camada mais externa (estrato córneo; Fig. 10-1/6) consiste em escamas densamente compactadas com proteína fibrosa de queratina, a verdadeira substância córnea, na qual a queratoialina foi transformada. É a queratina que fornece às especializações epidérmicas (p. ex., pelo, casco e corno) sua dureza e sua resistência. Figura 10-1 Estrutura da pele no adulto (Crossmon). A, Pele do flanco de um cão. B, Pele de um coxim exposto ao uso de um gato. Observar a queratinização aumentada e a presença de um estrato lúcido e de papilas dérmicas. 1, derme; 1′, papila dérmica; 2, estrato basal; 3, estrato espinhoso; 4, estrato granuloso; 5, estrato lúcido; 6, estrato córneo. As camadas epidérmicas são espessas e mais evidentemente diferenciadas onde a pele é exposta a uso intenso, como ocorre nos coxins de um cão (Fig. 10-2). Nos locais em que a abrasão é menos grave, como nas regiões recobertas por pelos, a epiderme é muito mais fina, e nem o estrato granuloso nem o estrato lúcido podem ser claramente representados. O espessamento da epiderme depende da taxa mitótica dentro do estrato basal, que é ajustada por uma substância (calõnio epidérmico) que inibe a divisão celular. Apesar de o equilíbrio entre a produção e a perda celular existir para manter uma espessura epidérmica constante, esse balanço pode ser comprometido em algumas circunstâncias. Figura 10-2 Epitélio escamoso estratificado do coxim de um cão; coloração de HE e aumento de 70×. 1, estrato córneo muito espesso. Não há vasos sanguíneos ou linfáticos na epiderme, a qual é nutrida por difusão a partir da derme subjacente. A derme é abundantemente composta por feixes de fibras colágenas, densamente agrupadas, como pode ser demonstrado pelo couro “curtido” (derme curtida). Fibras elásticas, que também estão presentes, proporcionam flexibilidade à pele e são capazes de restaurar sua forma após serem pregueadas ou deformadas. São essas fibras que afastam as margens de uma ferida, tornado-a aberta (Fig. 10-3). Uma tensão crõnica lesiona a estrutura da derme, rompendo os feixes de tecido conjuntivo; o reparo subsequente ocorre usualmente por tecido de cicatrização mais claro que a pele original. Um exemplo fisiológico para esse processo é fornecido por linhas brancas (estrias) na pele do abdome que aparecem após o término da gestação, especialmente em mulheres. Figura 10-3 Incisão cutânea; as fibras elásticas da derme causam a abertura ampla da ferida. 1, fibras elásticas; 2, epiderme; 3, derme. A derme é generosamente vascularizada e inervada. Essa camada também se apresenta invadida por folículos pilosos e glândulas sudoríferas, sebáceas e outras, que crescem a partir da epiderme (Fig. 1-7). A superfície por meio da qual os nutrientes e as substâncias residuais se difundem entre a epiderme e a derme é aumentada pela forma complexa desses componentes. As projeções semelhantes a dedos e cristas (papilas; Fig. 10-1/1′) da derme se ajustam intimamente às depressões recíprocas da epiderme e, em condições normais, a adesão entre as duas estruturas não é facilmente interrompida. Os traumas, como aqueles causados por atrito decorrente da má acomodação dos pés em sapatos ou botas, algumas vezes separam forçosamente essas duas camadas, e o líquido intersticial então se acumula em uma vesícula. A ruptura da vesícula expõe a superfície ferida da derme; normalmente ela é rapidamente recoberta por epitélio que cresce da margem da ferida. As grandes cristas e papilas dérmicas, geralmente desenvolvidas onde o epitélio que as recobrem é mais espesso, são refletidas pelos contornos epidérmicos correspondentes. Essas estruturas são permanentes e individualmente distintas, e fornecem uma forma de identificação, amplamente utilizada nos humanos (impressão digital) e de forma menos comum utilizada em outras espécies (impressão nasal de cães e bovinos; Fig. 10-4). Figura 10-4 A impressão nasal do cão pode ser utilizada para a identificação de um indivíduo. A tela subcutânea consiste em tecido conjuntivo frouxo entremeado por tecido adiposo. Esse tecido varia em quantidadede acordo com a situação e é delgado ou mesmo ausente onde a movimentação é indesejada (p. ex., sobre os lábios, pálpebras e tetos [papilas mamárias]). A tela subcutânea é particularmente amplo em cães e gatos, cuja pele facilmente se desloca, podendo ser segurada em grandes pregas na maior parte do corpo (Fig. 10-5). Nos suínos e humanos, a tela subcutânea contém acúmulos de gordura mais substanciais, mesmo em indivíduos relativamente malnutridos; isso constitui o panículo adiposo familiar no bacon fatiado. Figura 10-5 Pele frouxa no pescoço de um cão. A tela subcutânea ampla permite o deslocamento da pele. A significância clínica dos efeitos da desidratação ou do edema da tela subcutânea já foi mencionada (pág. 9). Os vasos sanguíneos cutâneos surgem daqueles que suprem as fáscias e os músculos superficiais. As artérias formam uma série de redes no interior da derme. A rede mais superficial está alojada na base das papilas e fornece artérias terminais que entram nas papilas para liberar numerosos capilares, dos quais o fluido passa para nutrir as células epidérmicas basais. Outros plexos capilares circundam os folículos pilosos e as glândulas associadas (Fig. 1-7). A variação do fluxo através dos vasos superficiais desempenha um papel importante na regulação da temperatura. Quando a temperatura corpórea se eleva, a vasodilatação promove a perda de calor — diretamente pela radiação superficial e indiretamente pelo auxílio na atividade das glândulas que produzem suor, o qual então evapora. De modo inverso, a constrição dos vasos superficiais ocorre em ambientes frios ou quando a temperatura interna diminui. A regulação do fluxo sanguíneo é em parte alcançada pela abertura ou fechamento de muitas anastomoses que conectam as artérias cutâneas com as veias. Os vasos cutâneos normalmente contêm um volume considerável de sangue, porém muito pode ser redistribuído para a musculatura e órgãos internos após hemorragia ou choque. A pele possui uma inervação sensorial rica. Os nervos acompanham os vasos por meio das fáscias e formam redes no interior da derme. A partir dessas, as fibras dispersam para uma variedade de receptores sensoriais; alguns até mesmo penetram um pouco para dentro da epiderme (Fig. 9-33). Outras fibras (autonõmicas) regulam o calibre dos vasos menores, controlam a atividade das glândulas cutâneas e excitam os músculos eretores dos pelos que se fixam aos folículos pilosos. A epiderme se desenvolve do ectoderma embrionário. Inicialmente, essa é uma única camada de células que se encontram sobre um leito mesenquimal que origina a derme (Fig. 10-6, A). Bem antes do nascimento, as células ectodérmicas começam a proliferar, empurrando novas células em direção à superfície para dar origem a um epitélio estratificado, enquanto as condensações locais crescem no interior do mesênquima como botões epiteliais, dos quais os pelos e as glândulas se diferenciam. No momento do nascimento, a pele dos mamíferos domésticos tem um caráter basicamente adulto, diferentemente da pele de muitos roedores e outros pequenos mamíferos que nascem sem pelos. Figura 10-6 Representação esquemática do desenvolvimento da pele. A, Pele de um embrião em início de desenvolvimento. B, Diferenciação da epiderme e derme. C, Fase mais adiantada da diferenciação da epiderme. D, Diferenciação completa da epiderme e derme. 1, ectoderma; 2, mesoderma (mesênquima); 3, estrato basal primitivo; 4, derme; 5, estrato basal; 6, estrato espinhoso; 7, estrato granuloso; 8, estrato córneo. PELOS O pelo é uma característica dos mamíferos, portanto é diagnóstico da classe. Na maioria das espécies, uma espessa camada de pelos recobre todo o corpo, exceto próximo à boca e a outros orifícios, além das superfícies dos pés e das mãos; em uma minoria, incluindo os suínos domésticos (entretanto não seus ancestrais), a cobertura pilosa é escassa (Fig. 10- 10, E). Individualmente, os pelos apresentam uma variedade de formas, porém apenas três delas precisam ser diferenciadas aqui: lisos, ou mais apropriadamente, rijos, pelos de proteção (ou revestimento) fornecem a “sobrecobertura”; finos, pelos lanosos ondulados constituem uma subcamada (subpelo)”, e fortes pelos táteis de distribuição restrita associados a receptores táteis. Figura 10-10 A-C, Folículos pilosos do cão. A, Folículo piloso simples presente imediatamente após o nascimento. B, Folículo piloso presente durante os primeiros meses pouco depois do nascimento. C, Folículo piloso adulto complexo; o pelo primário apresenta-se rodeado por vários pelos secundários. D, Micrografia eletrõnica de varredura da pele de um canino adulto; observa-se um ou dois folículos sem os pelos (de proteção) primários. E, Pele “nua” de um suíno com pelos primários (cerdas) esparsos e debris na superfície. 1, folículo piloso primário; 2, glândula sebácea; 3, ducto da glândula sudorífera; 4, folículo piloso secundário; 5, músculo eretor do pelo. Os pelos de proteção em sua maior parte situam-se junto à pele e estendem-se uniformemente em intervalos largos, dando à cobertura uma aparência lisa que é interrompida apenas por redemoinhos, cristas e linhas formadas onde diferentes correntes de pelos convergem e se combinam ou divergem umas das outras. A regularidade da disposição é significativa, pois permite o escoamento da chuva, prevenindo o resfriamento que poderia ocorrer se a água pudesse penetrar através dos pelos e alcançar a pele. Ocasionalmente, os animais nascem com um padrão de pelagem alterado, o que pode gravemente prejudicar sua capacidade de suportar o clima severo. Entretanto, assim como com muitas outras características, os criadores têm escolhido promover combinações mutantes que desviam do padrão como atributos de raças específicas, particularmente de cães, gatos e coelhos. Cada pelo cresce de um pequeno orifício ou folículo, do qual ele se projeta acima da superfície da pele. O folículo se desenvolve de um botão ectodérmico que cresce dentro do mesênquima subjacente no estágio embrionário da vida. Além de formar o pelo, o botão se ramifica dando origem às glândulas da pele (Fig. 10-7). A terminação distal do botão forma uma dilatação bulbosa, que é então denteada por uma papila mesenquimal (dérmica) para formar um folículo piloso primitivo. As células epiteliais em contato com a papila se multiplicam, formando uma matriz pilosa; as células produzidas nesse lugar se queratinizam e se combinam para formar um pelo primitivo que cresce através do centro do botão até aparecer acima da epiderme na superfície da pele. Em sua passagem, ele alcança a glândula sebácea que se desenvolve ao lado do folículo, e esse arranjo permite que o pelo receba a cobertura oleosa que é muito importante para a sua saúde. Enquanto o ectoderma se diferencia dessa maneira, o mesoderma também se condensa, de maneira que a fina bainha ao redor da parte embutida do pelo adquire um componente mesodérmico mais externo. Figura 10-7 Representação esquemática do desenvolvimento do pelo e das glândulas sebácea e sudorífera associadas. A, Botão ectodérmico crescendo no mesênquima. B, Diferenciação do botão; aparecem as indicações das glândulas. C, Folículo piloso com as estruturas acessórias. 1, folículo piloso primitivo; 2, papila dérmica; 3, botão da glândula sudorífera; 4, botão da glândula sebácea; 5, bulbo do pelo (matriz pilosa); 6, folículo piloso; 7, raiz do pelo; 8, músculo eretor do pelo; 9, glândula sebácea; 10, glândula sudorífera. No adulto, muitas glândulas se abrem independentemente dos folículos pilosos. Na Figura. 10-8 observam-se as características essenciais; outros textos devem ser consultados para se obter detalhes histológicos. Para o propósito deste livro, é suficiente ressaltar que, na essência, o pelo consiste em uma coluna flexível de células epiteliais intimamente consolidadas e altamente queratinizadas e, consequentemente, mortas. Sua conformação permite a distinção de uma medula ou núcleo, um córtex e uma cutícula “escamosa” externa. As proporções das partes e detalhesde sua composição variam e permitem a determinação microscópica da origem de uma amostra de pelo. Em geral, pelos com medula espessa são lisos e mais quebradiços, enquanto aqueles pelos que apresentam predomínio do córtex são mais fortes e flexíveis. Figura 10-8 Representação esquemática dos três tipos de pelos. A, Pelo de proteção com a medula espessa. B, Pelo de proteção com o córtex espesso e a medula fina. C, Pelo lanoso; córtex ausente. 1, cutícula; 2, córtex; 3, medula. A extremidade proximal do folículo se liga a um minúsculo músculo eretor do pelo que parte de uma fixação próxima às papilas dérmicas (Fig. 10-7/8). A contração desse músculo é involuntária e pode ser estimulada por uma temperatura baixa do ambiente. Tal situação resulta em ereção do pelo de sua postura normalmente oblíqua; quando isso acontece com os pelos em massa, a pelagem espessada aprisiona mais ar e então melhora o isolamento do corpo. Apesar de não ser funcionalmente importante na espécie humana, o efeito é muito mais óbvio em nossa pele relativamente sem pelos quando pequenas elevações aparecem sobre o trajeto dos músculos eretores. Efeito semelhante ocorre durante a reação de luta ou fuga mediada pelo sistema nervoso simpático; a resposta pronunciada dos pelos do pescoço e dorso eriçados fornece ao animal uma aparência ameaçadora. Há muitas variações locais na forma e no desenvolvimento dos pelos de proteção. Exemplos familiares são as cerdas duras e esparsas dos suínos (Fig. 10-10, E), os pelos grossos da crina e cauda dos equinos, os pelos longos da cauda dos bovinos, os tufos do boleto dos equinos e a pelagem da cauda e dos membros de certas raças de cães. As variações locais dependentes dos hormõnios são particularmente evidentes nos humanos, incluindo a barba nos homens e a distribuição sexualmente dimórfica dos pelos no corpo. A calvície como característica do avanço da idade é um problema especialmente observado nos homens. Sua causa é complicada e em parte obscura. A testosterona, que é responsável pelo crescimento da barba e dos pelos mais grossos do corpo, paradoxalmente parece provocar a calvície precoce em indivíduos geneticamente predispostos; uma redução no nível sanguíneo de tiroxina, a qual inicia e controla o crescimento do pelo, também contribui em parte no desenvolvimento da calvície. Os pelos possuem tempo de vida restrito e são descartados mais cedo ou mais tarde. Em humanos essa queda é um processo contínuo que envolve apenas pequena quantidade de pelos por vez; na maioria das outras espécies, a troca é intermitente, está relacionada com a estação do ano e acomete muitos pelos ao mesmo tempo (ainda que nunca sejam tantos pelos que deixem o animal desnudo). A muda sazonal é mais pronunciada nas espécies selvagens, porém mesmo os animais domesticados protegidos de mudanças climáticas mais extremas apresentam um padrão recorrente, com picos na primavera e no outono. A troca é obviamente mais perceptível em animais que não são regularmente escovados para remover os pelos mortos. As informações sobre esse assunto não são abundantes, e a maioria é baseada em observação casual. Isso é particularmente válido no que concerne aos animais de companhia, e os veterinários frequentemente são constrangidos pelas perguntas complexas dos proprietários. Embora pareça haver muita variação, a maioria dos cães tem uma muda de pelo mais intensa na primavera e no outono; a queda de pelos na primavera é mais pronunciada e dura cerca de cinco semanas. Os gatos também mudam de pelo mais pronunciadamente na primavera, mas a muda é seguida por uma perda menos substancial que continua pelo verão e outono; no inverno cessa a queda e a pelagem obtém sua condição plena. Pela mesma razão, as peles com valor comercial são retiradas no inverno, embora o número de peles retiradas venha sendo reduzido, uma vez que o comércio de peles é tratado com crescente repugnância. A reposição sazonal inicia-se com lentidão no crescimento do pelo já existente; embora isso pareça ser condicionado principalmente por uma elevação na temperatura, outros fatores, incluindo a nutrição e o fotoperíodo, também participam em parte. Com o crescimento lento (na então denominada fase catágena), a matriz do pelo e o revestimento da papila se atrofiam (Fig. 10-9, B). Nenhum crescimento ocorre na fase posterior (telógena), quando o folículo, incluindo a papila, encurta, fazendo com que grande parte do pelo seja projetada para cima da pele em simulação do crescimento (Fig. 10-9, D). Quando o crescimento recomeça, o folículo, com sua matriz agora reativada, alonga-se e, enquanto novamente se estende para longe da superfície, ele perde sua força de fixar o pelo que, então, cai. Um pelo de reposição é então formado na fase ativa de crescimento (anágena) que se segue; o novo pelo gradualmente cresce da região mais profunda do folículo até emergir na superfície da pele. Figura 10-9 Fases do ciclo do pelo. A, Folículo piloso totalmente funcional; fase anágena. B, Folículo começando a atrofiar; fase catágena inicial. C, Fase mais adiantada do processo de atrofia do folículo; fase catágena tardia. D, Folículo piloso atrofiado. O pelo apresenta-se deslocado distalmente e uma nova matriz pilosa começa a se formar; fase telógena. E, Estabelecimento da nova matriz pilosa e o novo pelo começa a crescer; fase anágena inicial. 1, folículo piloso; 2, raiz do pelo; 3, glândula sebácea; 4, músculo eretor do pelo; 5, nova matriz pilosa; 6, novo pelo. Os pelos lanosos fornecem uma cobertura macia. Esses pelos são finos, ondulados e, na maioria das espécies, mais curtos e mais numerosos do que os pelos de proteção pelos quais são escondidos. A distinção entre os tipos de fibras de pelos nem sempre é evidente, e existem formas intermediárias que complicam a descrição. O velo dos ovinos apresenta problemas peculiares, assim como interesse óbvio.* Dentre os animais domésticos, é óbvio que a lã não é uma característica exclusiva dos ovinos. As cabras Cashmere e Angorá, os coelhos Angorá e as alpacas também produzem lã de qualidade distinta que é utilizada na produção de fios e tecidos de lã luxuosos. Em muitas espécies, incluindo cães e gatos adultos, vários pelos compartilham uma única abertura do folículo (Fig. 10-10, B- D). O pelo central (primário) é mais longo e de proteção, enquanto os pelos que o circundam (secundários) são mais curtos e macios, fornecendo uma subcobertura e podendo ser designados como pelos lanosos por apresentarem pouca medula. O agrupamento de folículos pilosos apresenta considerável variação interespecífica e intraespecífica. Isso pode ser revelado em produtos preparados de pele animal. O estudo do pergaminho de diferentes períodos tem sido utilizado para traçar a evolução do velo de raças modernas de ovinos a partir de seus ancestrais selvagens. Os fragmentos de manuscritos do mar Morto estão dentre os materiais utilizados. Os pelos tácteis são substancialmente mais grossos e geralmente projetam-se além dos pelos de proteção adjacentes. A maior parte desses pelos é encontrada na face, principalmente no lábio superior e próximo aos olhos, embora outros sejam encontrados dispersos (em um padrão variável de acordo com a espécie) no lábio inferior, no mento e em outras partes da cabeça. O gato, cujos bigodes são particularmente bons exemplos (Fig. 10-11), também possui um agrupamento de pelos semelhantes na região do carpo. Os folículos dos pelos táteis alcançam profundamente a tela subcutânea ou até mesmo os músculos superficiais. Esses pelos são caracterizados pela presença de um seio venoso repleto de sangue e localizado entre as camadas interna e externa da bainha dérmica (Fig. 10-12). As terminações nervosas responsivas à estimulação mecânica estão também contidas no interior da bainha dérmica (Fig. 10-12, A). O estímulo fornecido pela movimentação do pelo é amplificado por um movimento ondulatório no sangue. Os folículos dos pelos táteis aparecem precocemente no desenvolvimento, antes dos pelos da cobertura, e sua aparência emdiferentes estágios fornece um critério útil para determinar a idade do embrião. Figura 10-11 Pelos táteis da cabeça do gato. Os pontos nos lábios correspondem à posição das glândulas circum-orais. As setas apontam os pelos (táteis) bucais. Figura 10-12 A, Representação esquemática de uma secção longitudinal de um folículo de pelo tátil. 1,2, paredes interna e externa do seio sanguíneo; 3, glândula sebácea; 4, raiz do pelo; 5, parede epidérmica do folículo piloso; 6, terminação nervosa na parede do seio sanguíneo; 7, seio sanguíneo; 8, papila dérmica. B, Folículo de pelo tátil de bezerro (Crossmon). 1, epiderme; 2, glândula sebácea; 3, pelo; 4, 5, camada interna e externa da bainha da raiz do pelo; 6, 7, seio sanguíneo trabeculado; 8, camada interna e externa da bainha dérmica; 9, terminação nervosa; 10, trabécula. A pele de cães e gatos apresenta elevações táteis momentâneas (toros táteis) usualmente associados com os pelos de proteção especiais (tilotriz); as raízes desses pelos são circundadas por seios venosos semelhantes àqueles dos verdadeiros pelos táteis, apesar de serem menores. Essas elevações também são sensíveis ao tato (Fig 10-13). Figura 10-13 Pelos tilotriz abaixo (em cima) e acima (embaixo) das elevações táteis (2, 2′). 1, raiz do pelo; 2, 2′, elevações táteis; 3, terminações nervosas associadas com elevações táteis; 4, seio sanguíneo; 5, terminações nervosas associadas com o seio sanguíneo; 6, glândula sebácea. Muitas raças de animais domésticos, tais como os bovinos Holstein e os cães Dálmatas, são imediatamente reconhecidas devido ao seu padrão de pelagem característico. Esses padrões são criados pela distribuição restrita de vários pigmentos: polímeros de melanina variando de preto, passando por marrom e vermelho, a tons mais claros que estão presentes na forma de grânulos* dentro das células da epiderme, folículos pilosos e pelos. Os pigmentos protegem a pele dos danos potenciais da radiação ultravioleta e são desnecessários dentro daquelas regiões epidérmicas que são recobertas por uma camada densa de pelo. Na maioria dos mamíferos, diferente dos seres humanos, a pigmentação da pele é, portanto, restrita a algumas partes expostas que incluem a área modificada associada à região do nariz externo. A pigmentação dessa região pode estar ausente em animais que possuem a cobertura pilosa branca e que obtêm proteção equivalente devido a um estrato córneo espessado. COXINS Os coxins (toros) são as almofadas sobre as quais os animais caminham. Essas estruturas são cobertas por uma epiderme desprovida de pelos e densamente cornificada (Fig. 10-2). A derme não apresenta características especiais e sua maior parte é provida por uma tela subcutânea espessa e resistente, uma mistura de fibras colágenas e elásticas entremeadas com tecido adiposo. Os coxins são mais desenvolvidos nos mamíferos plantígrados (p. ex., ursos), nos quais os coxins digitais, metacárpico (metatársico) e cárpico (társico) estão presentes (Fig. 10-14). Nos digitígrados, como o cão e o gato, apenas os coxins digitais e metacárpico (metatársico) fazem contato com o solo; há um coxim cárpico de uso não óbvio, mas não há o coxim társico correspondente (Fig. 10-15). Figura 10-14 Coxins de um urso: membro torácico (esquerda), membro pélvico (direita). 1, coxins digitais; 2, coxim metacárpico; 3, coxim metatársico; 4, coxins cárpicos; 5, coxim társico fusionado com o coxim metatársico. Figura 10-15 Coxins dos membros torácicos e pélvicos caninos (A, A′) e membro torácico felino (B). 1, coxins digitais; 2, coxim metacárpico; 3, coxim metatársico; 4, coxins cárpicos; 5, glândula cárpica e pelos táteis associados. Nos ungulados, apenas os coxins digitais são funcionais e entram em contato com o solo, geralmente incorporados ao casco, fornecendo as estruturas conhecidas como bulbo nos ruminantes e suínos, e uma estrutura mais complexa nos equinos — a ranilha. Os bulbos dos suínos são moles e mais destacados da sola (ver mais informações adiante); nos ruminantes, os bulbos são mais rígidos, porém menos rígidos do que outras partes do casco (Fig. 10-16/1). Figura 10-16 Superfície palmar da mão de um suíno (esquerda) e de um bovino (direita). 1, bulbo (coxim digital) do casco; 2, sola do casco; 3, parede do casco; 4, casco do dígito acessório; 5, casco rudimentar do dígito vestigial. O coxim digital (toro digital) profundo à ranilha do equino consiste em um ápice e uma base. O ápice encontra-se profundamente à ranilha córnea na superfície do casco que entra em contato com o chão (face palmar ou plantar) (Fig. 10-17/4), enquanto a base auxilia a modelar a face palmar (plantar), formando as elevações nos talões. Essas elevações, os bulbos dos talões (Fig. 10-17/3), não fazem contato com o solo e são cobertos pelo perioplo, que é o tecido córneo mais macio produzido na junção da pele com a parede do casco. O equino, diferentemente dos outros ungulados domésticos, também apresenta coxins metacárpicos (metatársicos) rudimentares (“esporões”; Fig. 10- 17/2) incrustados em um tufo de pelos atrás da articulação do boleto e coxins cárpicos (társicos) vestigiais (castanhas; Fig. 10-17/1′). Figura 10-17 Membro torácico esquerdo (à esquerda) e membro pélvico esquerdo (à direita) do equino, vista caudal. 1, 1′, Castanhas acima do carpo e abaixo do jarrete, respectivamente; 2, esporões; 3, bulbo do telão; 4, ranilha. A tela subcutânea dos coxins dos cães, dos bulbos dos suínos e da ranilha dos equinos possuem glândulas sudoríferas cujos ductos formam canais por meio da derme espessa e cornificada. As secreções dessas glândulas atuam como marcadores territoriais ou de rastro. UNHAS, GARRAS E CASCOS Apesar de essas estruturas que englobam a falange distal parecerem à primeira vista impressionantemente diferentes, elas são de fato basicamente semelhantes. Suas origens, assim como as modificações locais da pele, são refletidas na retenção de camadas da epiderme, derme e tela subcutânea (no entanto, talvez em uma forma altamente alterada). Unhas, garras e cascos possuem como principal função a proteção dos tecidos subjacentes, porém cada estrutura pode ser utilizada para diferentes propósitos, como arranhar, cavar ou como arma. O casco do equino é a estrutura mais complexa e serve para reduzir a concussão do impacto dos pés e das mãos, além de ter uma natureza elástica que auxilia no retorno do sangue ao coração. Na Figura. 10-18, observam-se as correspondências entre esses apêndices, com cada apêndice apresentando três partes: parede, sola e coxim associado. É apenas nos ungulados que o último forma parte da estrutura córnea, a qual corresponde ao bulbo digital dos primatas e ao coxim digital dos carnívoros. Figura 10-18 Representação esquemática de unha, garra e casco. A-C, Secção longitudinal, face palmar e vista frontal de uma ponta de dedo humano. D, E, Secção longitudinal e face palmar de uma garra canina. F, G, Secção longitudinal e face palmar do casco equino. 1, unha (parede); 2, “sola córnea” da unha; 3, bulbo do dedo; 4, parede da garra; 5, “sola” da garra; 6, coxim digital; 7, parede do casco; 8, sola do casco; 9, ranilha. A unha (parede) dos primatas cresce a partir da epiderme e cobre uma dobra curva da derme em sua base. A epiderme abaixo da maior parte da unha produz um pequeno tecido córneo que auxilia na manutenção da adesão enquanto a unha cresce gradualmente no sentido distal. A derme abaixo dessa porção bastante improdutiva da epiderme é reunida em poucas e pequenas pregas longitudinais (lamelas dérmicas) que se interdigitam com as lamelas epidérmicas correspondentes, aumentando o contato dermoepidérmico e reforçando a ligação entre a unha e os tecidos profundos. A epiderme adjacente que recobre a borda livre da unha produz pequena quantidade de “sola córnea” mole (Fig. 10- 18/2). A parede da garra dos carnívoros pode ser comparada à unha que foi lateralmente comprimida e obteve uma borda dorsal curva acentuada. Sua parte proximal e a camada germinativa da qual éderivada apresentam um formato semelhante e estão alojadas com a derme associada dentro da crista unguicular da falange distal de formato distinto (Fig. 10- 18, D). A epiderme profunda à parede é minimamente produtiva. A derme que recobre o processo unguicular se funde ao periósteo e, assim como ocorre com a unha dos primatas, interdigitações longitudinais entre as lamelas dérmicas e epidérmicas ligam fortemente a garra à margem dorsal do osso. O espaço entre as margens livres da parede na superfície abaixo do processo unguicular é preenchido por “sola córnea” escamosa (Fig. 10-18/5). A parede do casco dos equinos é também acentuadamente curva e os lados são agudamente flexionados para formar as denominadas barras (Fig. 10-19, E″/2). O espaço entre as barras é ocupado pela ranilha, a parte do coxim que faz contato com o solo. A sola córnea que ocupa a superfície que entra em contato com o chão entre a parede e a ranilha encontra-se com a parede na junção conhecida como linha branca (zona alba; Fig. 10- 19/5). A parede cresce distalmente da epiderme sobre uma derme* (coronária) saliente composta por diversas papilas direcionadas ao solo. A epiderme que recobre essas papilas produz túbulos córneos que se dirigem distalmente em direção à margem da parede que sustenta o peso do animal. Os túbulos estão incrustados em tecido córneo intertubular menos estruturado formado pela epiderme sobre as regiões interpapilares da derme; a combinação de tipos de tecidos córneo confere ao tecido uma aparência finamente estriada. A epiderme profunda (lamelar) à parede é de novo apenas minimamente produtiva. Ela é organizada como várias centenas de lamelas bem formadas que firmemente interdigitam com um número igual de lamelas dérmicas (pág. 611), ligando a parede à falange distal subjacente. Deve-se recordar que essa é uma ligação viva que permite à parede deslizar de forma gradual em direção ao solo, onde sua borda distal é desgastada. Uma faixa de tecido córneo mole (perioplo) posiciona-se sobre a superfície externa da parede próximo à sua junção com a pele (Fig. 10-21/1). Essa faixa desce com a parede e seca, transformando-se em uma camada protetora lustrosa. A faixa estende-se até a parte posterior do casco, onde cobre o bulbo dos talões e a parte da ranilha. Figura 10-19 Uma interpretação do “desenvolvimento” filogenético das estruturas do casco associadas com a falange distal. A, Uma ponta de dedo humano. B, Porco. C, Rinoceronte. D, Anta. E, Cavalo. 1, unha; 2, parede do casco; 2′, 2″, talão e barra (do cavalo); 3, sola; 4, coxim (bulbo no dedo humano e no casco suíno); 4′, 4″, ranilha e bulbos dos talões (do cavalo); 5, linha branca. Figura 10-21 A, Mão bovina, vista palmar. B, Mão bovina, vista dorsal. O casco (epiderme) foi retirado em um dos dígitos para expor a derme. 1, derme do bulbo; 2, derme da sola; 3, tecido córneo do bulbo; 4, tecido córneo da sola; 5, borda dorsal do casco; 6, face abaxial do casco. O casco dos ruminantes e dos suínos, apesar de ser em princípio semelhante ao casco do cavalo, difere em vários aspectos: a parede é nitidamente curvada para formar uma margem dorsal (semelhante à garra); o coxim (bulbo) é relativamente grande e recobre toda a parte caudal do casco (Fig. 10-19, B/4); a sola entre o bulbo e a parede é pequena, e as lamelas que se interdigitam são menos desenvolvidas (Fig. 10-21/2). Em todas as espécies, períodos de interrupção ou diminuição da produção do casco criam sulcos na parede, paralelos à região de formação na junção com a pele (Fig. 10- 20/2). Figura 10-20 Casco equino. 1, perioplo; 2, anéis indicando crescimento irregular do casco. Informações mais completas acerca dessas especializações são encontradas nos capítulos apropriados. CORNOS Os cornos dos ruminantes domésticos apresentam bases ósseas fornecidas pelos processos cornuais dos ossos frontais. Diferentemente dos chifres dos cervídeos, que caem e são substituídos anualmente, os cornos são permanentes* e crescem de forma contínua após seu aparecimento, logo após o nascimento. A derme apresenta-se firmemente aderida ao processo cornual e possui muitas papilas pequenas que se apresentam inclinadas apicalmente, que asseguram que os cornos se prolonguem, assim como se tornem mais espessos à medida que crescem (Fig. 10-22). A substância córnea assemelha-se àquela que constitui o casco, sendo composta por uma mistura de túbulos e intertúbulos córneos. O tecido córneo (epicera) produzido pela epiderme na base é mole e um pouco transparente, assemelhando-se ao perioplo do casco. Esse tecido atribui ao corno um brilho lustroso. Figura 10-22 Secção longitudinal do corno bovino. 1, seio frontal caudal se estendendo até o corno; 2, processo cornual do osso frontal; 3, periósteo, derme e estrato não cornificado da epiderme combinados; 4, túbulos córneos separados por intertúbulos córneos; 5, túbulos córneos (detalhe); 6, papila dérmica; 7, pelo. Em geral, os cornos são encontrados em ambos os sexos, embora, obviamente, não sejam observados em raças naturalmente mochas, porém os cornos encontrados nos machos usualmente são mais maciços. O formato dos cornos é fortemente característico da raça e reflete a forma e o tamanho do processo cornual. Em bovinos, esses processos são invadidos pelos seios frontais (Fig. 10-22/1), que consequentemente são abertos quando um animal adulto é descornado. A camada externa do corno separa-se do núcleo ósseo por meio de maceração e isso explica a designação zoológica (obsoleta) cavicórneos (animais de cornos ocos), algumas vezes dada aos ruminantes com cornos permanentes. Os ruminantes da família dos cervos (Cervidae) apresentam chifres e são especificamente excluídos desse grupo. Os chifres são robustas protuberâncias do crânio inicialmente recobertas por pele, mas que se tornam expostas quando a pele morre. A pele morta, ou veludo, é removida por meio da fricção do chifre contra árvores e outros objetos. Os processos ósseos perdem seu suprimento de sangue quando descobertos, morrem e se desprendem, deixando o animal relativamente desprotegido até que o novo conjunto de chifres cresça na próxima estação. GLÃNDULAS DA PELE As glândulas da pele se desenvolvem como brotos epidérmicos que invadem o mesoderma subjacente. Geralmente, essas glândulas se desenvolvem a partir de folículos pilosos primitivos e conservam essas conexões; os ductos conduzem a secreção dessas glândulas para os folículos pilosos adultos, a partir dos quais ela é liberada na superfície da pele junto aos pelos projetados. Dois tipos básicos, as glândulas sudoríferas e as sebáceas (Fig. 10-7/9, 10), são distintos, porém cada um deles ocorre em várias subvariedades e em formas definitivamente mais especializadas. AS GLÃNDULAS SEBÁCEAS Essas glândulas produzem uma secreção gordurosa (sebo) que lubrifica e impermeabiliza e pele e a pelagem. Elas também promovem a distribuição do suor, retardam o crescimento bacteriano e, em certas circunstâncias, servem como marcador territorial que é reconhecido por outros animais da espécie. O odor de cão molhado é devido a essas glândulas. Certas substâncias (ferormõnios) presentes nessa secreção são conhecidas por serem sexualmente atrativas; a taxa de produção é controlada por hormõnios esteroides (geralmente, os andrógenos promovem a secreção e os estrógenos retardam a secreção). Uma boa ilustração do efeito seletivo dos andrógenos é observar em humanos adolescentes que apresentam acne em regiões específicas. A secreção oleosa da lã dos ovinos é coletada e processada; conhecida comercialmente como lanolina, é utilizada como uma base para pomadas, em cosméticos e como agente de limpeza em sabões. As secreções de certas glândulas especializadas (p. ex., das glândulas prepuciais do boi almiscarado e das glândulas anais do gato da Algália) têm sido coletadas para ser utilizadas na indústria de perfume. Os principais acúmulos localizados das glândulas sebáceas nos animais domésticos que são de tamanho visível a olho nu estão listados aseguir; vários deles estão relacionados com seios (bolsas) cutâneos. Glândulas Circum-orais (Fig. 10-11) Essas glândulas grandes são observadas nos lábios dos gatos, os quais as utilizam para marcar o seu território. A secreção é depositada diretamente pela fricção que o animal faz com sua cabeça contra um objeto ou agradavelmente no seu proprietário, e, indiretamente, após a transferência ao seu corpo durante seus cuidados de limpeza. Glândulas Cornuais (Fig. 10-23) Essas glândulas de odor ou de cheiro estão presentes em caprinos de ambos os sexos, caudomedialmente à base do corno (ou na região correspondente em animais mochos). Essas glândulas são grandes e muito produtivas na estação de monta; estimuladas pela testosterona, as dos machos produzem uma secreção com odor tão repugnante que alguns proprietários insistem em sua remoção cirúrgica. Figura 10-23 Glândulas cornuais, caudomediais à base dos cornos no caprino. Glândulas do Seio Infraorbital (Fig. 10-24) Essas glândulas estão localizadas em um seio cutâneo rostral ao olho que se abre ventrolateralmente na face dos ovinos. A parede do seio contém glândulas sebáceas e serosas tubulares cuja secreção mista colore a pele quando é liberada. Essas glândulas, que servem como marcadores territoriais, são maiores nos carneiros. Figura 10-24 Seio infraorbital (seta) do ovino. Glândulas Cárpicas (Fig. 10-25) Essas glândulas estão presentes em suínos e nos gatos. Nos suínos, elas circundam várias invaginações cutâneas na face mediopalmar do carpo. São encontradas em ambos os sexos e servem para indicar demarcação territorial; os varrões são conhecidos por fazer um uso particular dessas glândulas quando “marcam” as porcas durante a cópula. Figura 10-25 Glândulas cárpicas (setas) no suíno, vista palmar. A localização das glândulas nos gatos é marcada por um tufo formado por poucos pelos táteis proximais ao coxim do cárpico. A região é evidenciada por espessamento palpável da pele. (Fig. 10-15, B/5) Glândulas do Seio Interdigital (Fig. 10-26) Os seios interdigitais são encontrados nos membros torácicos e pélvicos de ovinos em ambos os sexos. Os seios são invaginações tubulares da pele cujas paredes contêm glândulas sebáceas ramificadas e serosas. A secreção serosa é liberada em um único orifício acima dos cascos e serve como um “marcador de trilha”. Muitas espécies de animais selvagens que vivem em bandos possuem glândulas semelhantes. Figura 10-26 Seio interdigital (1) do ovino e sua abertura (2). Glândulas do Seio Inguinal (Fig. 10-27) Os seios inguinais, encontrados próximos à base do úbere ou do escroto do ovino, contêm tanto as glândulas sebáceas quanto as sudoríferas. A secreção é liberada como uma substância serosa marrom cujo odor pode auxiliar o cordeiro a encontrar o úbere. Figura 10-27 Região inguinal do carneiro. 1, seio inguinal; 2, teto (papila mamária) rudimentar; 3, escroto. Glândulas Prepúciais (Fig. 35-11) Glândulas sebáceas e sudoríferas apócrinas localizadas dentro do prepúcio produzem secreções que se combinam com as células de demarcação para formar uma substância conhecida como esmegma. Essas glândulas são mais desenvolvidas no suíno, no qual as glândulas estão agrupadas dentro de um divertículo dorsal da cavidade prepucial (Fig. 35- 11/5). Sua secreção proporciona o odor característico do suíno. Essas glândulas estão presentes de forma menos desagradável em outras espécies (que não possuem o divertículo). Glândulas da Cauda (Fig. 10-28) Coleções de grandes glândulas sebáceas e serosas estão presentes em uma placa oval localizada na superfície dorsal da cauda de alguns carnívoros. A pele sobre essas glândulas é, muitas vezes, definida por uma pelagem escassa de coloração amarelada. A atividade dessas glândulas é maior durante a estação de acasalamento. A placa está localizada mais proximalmente em gatos, em direção à raiz da cauda, do que em cães (Fig. 10-28). Figura 10-28 Localização das glândulas da cauda no cão. Glândulas Circum-anais (Fig. 10-29) Essas glândulas sebáceas estão restritas à pele perineal de certos carnívoros, incluindo os cães, onde drenam em glândulas sudoríferas especiais (e acredita-se que as influenciem). Provavelmente sua secreção é que desperta a atenção especial à região anal quando os cães se cheiram. Sugere-se que algumas dessas glândulas apresentam função endócrina. Glândulas dos Seios Paranais (Fig. 10-30) Glândulas sebáceas e serosas são encontradas nas paredes dos seios paranais, bolsas cutâneas que se abrem ao lado do ânus dos carnívoros (Fig. 10-29/2). A secreção, que é particularmente repulsiva quanto ao odor, é expelida durante a defecação e, aparentemente, tem a função de demarcação territorial. É bem conhecido que os gambás podem expelir completamente o conteúdo dos sacos para se defender de agressores. Figura 10-29 A, Zona cutânea do canal anal canino. B, Canal anal felino aberto dorsalmente. 1, zona cutânea com glândulas circum-anais formando um anel ao redor do ânus do cão; 2, abertura do seio paranal direito; 3, linha anocutânea; 4, zona colunar; 5, seio paranal direito. Figura 10-30 Exposição do seio paranal direito de um cão. 1, ânus; 2, seio paranal; 3, abertura do ducto excretório do seio paranal (enfatizado; Fig. 10-29, A/2). AS GLÃNDULAS SUDORÍFERAS As glândulas sudoríferas estão dispersas por todo o corpo, mas são um pouco escassas nos carnívoros e suínos. Dois tipos de glândulas são distintos pela histologia dos processos secretórios (provavelmente uma interpretação errõnea). Glândulas sudoríferas apócrinas secretam um conteúdo albuminoso nos folículos pilosos sobre a maior parte do corpo.* Glândulas écrinas secretam um conteúdo mais aquoso diretamente sobre certas regiões glabras ou quase glabras da pele (p. ex., plano nasolabial dos bovinos e coxins dos caninos). A variedade apócrina predomina, e sua secreção e subsequente evaporação são importantes no metabolismo dos sais e na regulação da temperatura corpórea. A secreção é degradada por bactérias, que produzem substâncias que proveem odor corpóreo característico. Acredita-se que o produto da variedade écrina desempenhe um papel menor na regulação da temperatura corpórea. A maioria dos mamíferos possui menos glândulas e sua menos profusamente do que os seres humanos. Entretanto, as impressões podem ser enganosas devido ao suor ser mascarado por uma cobertura pilosa mais abundante. O cavalo é uma exceção evidente à regra geral, pois ele não só transpira abundantemente, como também produz um suor especialmente albuminoso que espuma quando trabalhado pelo movimento da pele e da pelagem (“coberto de espuma”). Certas raças de bovinos também suam visivelmente ao longo do pescoço e sobre os flancos; nessas espécies há diferenças bem estabelecidas quanto ao número, tamanho e distribuição das glândulas entre as raças de clima temperado e tropical. Surpreendentemente, o búfalo asiático possui um número menor de glândulas sudoríferas que os bovinos e recorre a entradas na água como forma de compensação dessa diferença. Entre as espécies domésticas, os cães e gatos suam menos, ainda que a pele de alguns animais de pelos curtos algumas vezes pareça úmida. Glândulas sudoríferas estão presentes nos coxins de cães e gatos. Em cães, afirma-se que a atividade excessiva dessas glândulas pode, em regiões de clima frio, levar à formação de bolas de neve ou gelo nos pelos digitais, o que causa dor no animal durante a caminhada. Com relação a isso, deve-se ter atenção na seleção para a reprodução de cães que puxam trenós. Assim, não deve causar surpresa o fato de que os lobos do Ártico não possuem essas glândulas. AS GLÃNDULAS MAMÁRIAS As glândulas mamárias (mamas) são glândulas sudoríferas muito aumentadas e altamente modificadas, cuja secreção tem por finalidade a alimentação do filhote. O leite modificado (colostro) produzido imediatamente após o parto apresenta um papel adicional na transferência de imunidade passiva ao recém-nascido. Sua importânciavaria entre as espécies. Existe alguma correlação com a natureza da barreira placentária. Cada glândula mamária é uma glândula tubuloalveolar composta, que consiste em unidades secretoras agrupadas em lóbulos definidos por septos de tecido conjuntivo (Fig. 29-48/B). As glândulas mamárias se desenvolvem como botões epiteliais que crescem dentro do mesênquima subjacente a partir de espessamentos ectodérmicos lineares (cristas mamárias). Essas cristas podem se estender do tórax à região inguinal (como ocorre com carnívoros e suínos) ou podem apresentar uma extensão mais limitada, sendo restrita à região axilar (como nos elefantes), ao tórax (como na mulher) ou à região inguinal (como nos ruminantes e equinos). Usualmente, o número de botões que aparece é maior do que o que permanece nos adultos e, enquanto a maioria dos botões extras regride precocemente, alguns persistem, dando origem aos tetos (papilas mamárias) supranumerários. Esses tetos podem ser independentes ou estar ligados a outras glândulas mais desenvolvidas (Fig. 10-33, A/7). Os tetos supranumerários apresentam aparência disforme e, por causa disso, podem interferir na ordenha. Muitas vezes esses tetos são removidos dos úberes de bovinos e caprinos. Figura 10-33 A, Secção sagital do úbere, observando-se as partes glandular e papilar dos seios lactíferos, e os ductos lactíferos preenchidos com látex (quarto cranial, verde; quarto caudal, azul). B, Secção do teto (papila mamária). 1, parênquima da glândula; 2, ductos lactíferos de vários diâmetros; 3, seio lactífero; 3′, parte glandular do seio lactífero; 3″, parte papilar do seio lactífero; 4, ducto papilar; 5, óstio papilar; 6, esfincter papilar; 7, teto supranumerário. A proliferação do mesênquima ao redor do botão dá origem a um teto na superfície corpórea. Um ou mais brotos epidérmicos crescem do botão mamário no interior do tecido conjuntivo do teto e se tornam canalizados por volta do período do nascimento. Cada broto é destinado a formar um sistema de ductos separados com o tecido glandular associado. Quando há apenas um broto, a glândula mamária originada a partir dele apresenta um único sistema de ductos levando a um único óstio no ápice do teto (Fig. 10- 31, A). Figura 10-31 Sistemas de ductos em desenvolvimento crescendo proximalmente a partir da extremidade do teto (papila mamária) fetal. A, Vaca, ovelha e cabra. B, Égua e porca. C, Cadela e gata (apenas quatro brotos primários estão representados). 1, broto primário, que dá origem ao seio lactífero; 2, brotos secundários e terciários, que dão origem aos ductos lactíferos. Quando há mais, por exemplo, dois ou quatro como na ilustração, deverá haver o mesmo número de sistemas de ductos separados, cada qual com sua massa glandular associada e óstio separado. O crescimento dos ductos e do tecido glandular continua após a puberdade e especialmente durante a primeira gestação, formando o aumento de tamanho que impulsiona o teto para longe da parede corpórea. O processo é controlado por uma interação complexa de vários hormõnios da hipófise, dos ovários e de outras glândulas endócrinas. A avaliação de uma das várias unidades formadas ao longo do tronco de uma porca em lactação (Fig. 10-31, B) revela que essa unidade é composta por tecido glandular, o qual está sustentado e envolvido por uma estrutura de tecido fibroso percorrida pelos vasos e nervos mamários. Toda a formação é permeada por tecido adiposo e coberta pela pele. Algumas vezes, como ocorre em ruminantes e equinos, as glândulas mamárias estão posicionadas tão próximas que parecem se fundir em um único complexo consolidado, o úbere. Apesar de as glândulas dos suínos, assim como aquelas encontradas nos cães e gatos, permanecerem separadas mais distintamente, esse termo — úbere — coletivo é algumas vezes utilizado para as porcas também. O número de glândulas mamárias (assim como seus sistemas de ductos) nas espécies domésticas apresenta-se esquematicamente exposto na Figura. 10-32. Figura 10-32 Distribuição das glândulas mamárias em alguns mamíferos. Os pontos indicam o número de orifícios encontrados em cada teto (papila mamária). A, Porca. B, Cadela. C, Gata. D, Mulher. E, Vaca. F, Ovelha e cabra. G, Égua. Uma organização mais detalhada é ilustrada tomando como referência a vaca. O tecido glandular é organizado em lóbulos, cada um com 1 mm ou eventualmente um pouco mais em diâmetro e consistindo em aproximadamente 200 alvéolos. O leite drena para um ducto intralobular que se une a outros ductos intralobulares para formar um ducto interlobular maior (Fig. 10-33/2). Os ductos interlobulares conduzem a um sistema de ductos lactíferos (transportadores de leite) que finalmente conduzem o leite a uma cavidade relativamente grande conhecida como seio lactífero (Fig 10-33/3). Os ductos lactíferos de sucessivas ordens aumentam em diâmetro, porém diminuem em número, de modo que apenas 10 ductos aproximadamente entram no seio. De forma diferente da maioria dos ductos, eles apresentam em alternância partes estreitadas e outras dilatadas; a contração da parede das partes estreitadas retém o leite nas dilatações antes de ele ser “escoado” quando a vaca é ordenhada ou amamenta o filhote. O seio lactífero estende-se no teto ou na papila e é incompletamente dividido em partes glandular e papilar (Fig. 10- 33/3′, 3″) por uma constrição. A parte papilar do seio lactífero é continuada pelo ducto papilar (Fig. 10-33/4), que se abre no ápice da papila onde o óstio é circundado por um esfíncter de musculatura lisa (Fig. 10-33/6). Partes correspondentes podem ser identificadas em outras espécies, incluindo aquelas em que cada glândula contém vários pequenos seios lactíferos, cada qual servido por um sistema separado de ductos e cada um com uma abertura independente. Deve ser ressaltado que as glândulas mamárias são totalmente desenvolvidas e funcionais apenas no auge da lactação, quando se apresentam grandes e com predominância de um tecido glandular amarelo sobre o pálido estroma fibroso. Quando a fêmea desmama seu filhote, iniciam-se as etapas de involução e o parênquima regride (Fig. 29-48, A); o tecido conjuntivo agora forma a massa do órgão. Entretanto, a glândula nunca retorna totalmente ao tamanho que tinha antes da lactação e ela cresce um pouco mais a cada gestação. Os botões mamários também se formam nos embriões machos e persistem até darem origem aos tetos rudimentares encontrados na face ventral do tronco (carnívoros e suínos) ou na face cranial do escroto (ruminantes). Esses tetos são menos comuns em equinos, porém ocasionalmente aparecem ao lado do prepúcio. Por outro lado, em certas espécies, como nos ratos, as glândulas mamárias do macho regridem completamente. * A pelagem de ovinos selvagens e de raças primitivas que ainda sobrevivem exibe uma cobertura externa de pelos de proteção muito grossos e desprovidos de medula, denominados pelos ásperos de lã, que esconde e protege, por facilitar o escoamento da água da chuva, uma subcobertura mais curta de fibras de lã muito finas. O crescimento de ambos os tipos de fibras é restrito sazonalmente e é sucedido por uma muda na primavera, quando a lã trocada forma um emaranhado que eventualmente cai. A lã é obtida diretamente do animal retirado do campo. A evolução do velo do animal sob domesticação tem sido caracterizada pela perda de pigmentação e pela redução na quantidade de pelos ásperos de lã, em parte pela depleção no número de pelos ásperos e em parte pela transformação de uma proporção desses pelos em uma forma mais típica e fina de pelo. A lã agora cresce continuamente e em uma taxa mais rápida, ainda que mostrando uma variação sazonal, e a eliminação da muda de primavera indica a necessidade de tosquia. O crescimento mais rápido resulta em uma fibra de comprimento aumentado na tosquia anual da lã; outras alterações afetam a ondulação da fibra (encrespamento) e introduzem maior diversidade na incidência relativa de fibras de diferentes diâmetros. As variações nesses fatores adquiridos respondempelas características e, portanto, os valores dos velos das diferentes raças. O velo peludo e espesso de algumas raças é mais apropriado para a confecção de tapetes de menor valor, entretanto o velo melhorado de outras raças é adequado para a produção de fios e tecidos mais finos. O peso da lã produzida anualmente também varia muito com a raça, variando de 1,4-9 kg. * Os grânulos de pigmentos são produzidos no interior dos melanócitos, células especializadas de origem da crista neural que são confinadas à camada basal da epiderme e folículos pilosos. Os grânulos se movem para a extremidade dos processos dendríticos dos melanócitos e são liberados do meio intracelular e subsequentemente fagocitados pelas células adjacentes (queratinócitos) em um processo que continua até serem amplamente difundidos. A produção de melanina é influenciada por muitos fatores. Essa produção é dependente da presença de níveis suficientes de zinco (uma deficiência desse mineral resulta na pigmentação reduzida dentre outras anormalidades do pelo) e sua regulação é uma função do hormõnio estimulante de melanócitos (HSM). As alterações na produtividade podem ser intermitentes, resultando em pelo de aparência listrada (coloração aguti) confinada a uma parte da população de melanocitos ou, geralmente, talvez de ocorrência sazonal, como naqueles lagomorfos e mustelídeos que adotam pelagem branca em antecipação à neve do inverno. Uma depressão local da melanogênese é também um sinal de envelhecimento, semelhante aos pelos brancos observados no focinho de cães velhos e na cabeça dos humanos. * Anteriormente, e ocasionalmente, denominada cório. * Singularmente, os cornos das antilocapras americanas são trocados anualmente. * Há importantes diferenças entre as espécies. A distribuição e outras características das glândulas sudoríferas dos humanos (e outros primatas) diferem significativamente.
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