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Educação Matemática W BA 01 62 _v 1. 1 2/213 Educação Matemática Autor: Luiz Claudio Valverde Como citar este documento: VALVERDE, Luiz Claudio. Educação Matemática. Valinhos: 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana 06 Assista a suas aulas 22 Unidade 2: Função Social e Política da Matemática 29 Assista a suas aulas 47 Unidade 3: Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático 54 Assista a suas aulas 71 Unidade 4: Os Referencias Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e o Ensino da Matemática 78 Assista a suas aulas 97 2/213 3/2133 Unidade 5: A Matemática no Cotidiano 105 Assista a suas aulas 122 Unidade 6: A Ludicidade no Ensino da Matemática na Educação Infantil 129 Assista a suas aulas 148 Unidade 7: A Diversificação de Materiais Concretos no Ensino da Matemática na Educação Infantil 155 Assista a suas aulas 174 Unidade 8: Planejamento, Conteúdos e Alternativas Metodológicas no Ensino da Matemática na Educação Infantil 181 Assista a suas aulas 204 Sumário Educação Matemática Autor: Luiz Claudio Valverde Como citar este documento: VALVERDE, Luiz Claudio. Educação Matemática. Valinhos: 2016. 4/213 Apresentação da Disciplina A educação matemática, que em alguns países europeus também é chamada de didática matemática, é o estudo das relações de ensino e aprendizado de Matemática, porém induzindo os fatores Pedagógicos e Psicológicos para a construção do conhecimento e do saber matemático. A educação matemática tem de ser vista, não como meios de fazer os educandos alcançarem os conhecimentos prévios, mas também como problematização e reflexão de conhecimentos adquiridos. Não podemos esquecer que o ensino da matemática no início do aprendizado da criança é fundamental, devendo ser de forma clara, dinâmica e criativa para que não se torne um problema de insatisfação, que hoje norteia o seu aprendizado. Neste trabalho, além dos fatores históricos que são fundamentais para seu entendimento, iremos abordar e discutir como é a matemática do dia a dia, fazendo relações, experiências, usando a diversidade de materiais lúdicos e concretos, permitindo ao educador interagir de forma compreensiva, o seu entendimento ao educando. Com isso espera-se que a transmissão do conhecimento, ou seja, do desenvolvimento do raciocínio lógico matemático, não se torne estanque, impedindo que não ocorra a construção dos saberes e competências, para então 5/213 repertoriar as práticas de ensino de forma a ampliar e favorecer as aprendizagens dos alunos de maneira instigante e desafiadora, assim como nos mostra os Parâmetros Curriculares Nacionais: “a matemática pode dar sua contribuição à formação do cidadão ao desenvolver metodologias que enfatizem a construção de estratégias, a comprovação e justificativa de resultados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho coletivo e a autonomia advinda da confiança na própria capacidade para enfrentar desafios”. (PCN, Brasil, 1998). 6/213 Unidade 1 Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana Objetivos 1. Concepção histórica e cronológica da disciplina. 2. A obra de David Hilbert e as mudanças no pensamento de Euclides. 3. O movimento da matemática no Brasil e a influência de grandes filósofos e psicólogos. 4. A era construtivista de Piaget e outros educadores. Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana7/213 Introdução A educação matemática, assim como qualquer outra área da educação mundial, progrediu seguindo direções diferentes em culturas diversas. No começo da década do século XVIII surgem os primeiros manuscritos para a escolarização matemática no Brasil. É interessante sabermos que nas escolas europeias adotava-se “Os Elementos” de Euclides, para ensinar matemática, e, mais tarde, o matemático alemão David Hilbert refaz todo o trabalho de Euclides, fazendo com que a obra se caracterize pela abstração. Neste trabalho iremos sintetizar um pouco essa obra. Paralelo a esta concepção percebeu- se uma prática que se preocupava com a qualificação técnica e profissional, privilegiando uma adaptação às exigências do mercado. Mas, com a nova concepção de ensino-aprendizagem, a matemática apresenta características de que não é uma ciência pronta e acabada, mas sim de que tem história, que se desenvolveu e continua prosperando. Para saber mais Os Elementos de Euclides é um tratado matemático e geométrico que consiste em 13 livros escrito pelo matemático grego Euclides em Alexandria por volta de 300 a.C. Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana8/213 Segundo Fiorentini (1995), no final do século XIX e no início do século XX, já se começava a ter uma preocupação fundamentalista, uma vez que tudo deveria ser justificado, argumentado e demonstrado de forma lógica. Atendendo a esses critérios, a Geometria tinha um lugar de destaque no currículo escolar devido essas Tendência Formalista. Fiorentini (1995) diz que “a matemática a ser ensinada era aquela compreendida através de estruturas, por isso tende-se a reformulação dos próprios currículos visando uma dimensão técnica e em forma”. Segundo Fiorentini (1995), para a tendência Empírico-Ativista, o professor não é mais o centro e sim o aluno, ele é um orientador/mediador da aprendizagem, e o aluno um ser ativo. A ação, a manipulação ou a experimentação são fundamentais e necessárias a aprendizagem. O aluno deveria “descobrir” e “construir” noções já existentes, permitindo assim o desenvolvimento da criatividade e potencialidade individual, mas também no coletivo, uma vez que o trabalho em grupo norteia o desenvolvimento lógico e a divisão de tarefas. Neste caso o papel da matemática é “propiciar o desenrolar da lógica, a rapidez do pensamento, a capacidade de selecionar informações e fazer uso eficaz delas para o desenvolvimento coletivo e individual, fazer do novo algo impulsionador e produtivo” Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana9/213 (MOURA, 20121), pois, para o autor, a “matemática vem favorecer o crescimento integral do ser, dando a ele mecanismos para que possa seguir em frente e ser um construtor da história e não um ser passivo alheio a tudo e a todos”. O modelo matemático privilegiado é a matemática aplicada, com a resolução de problemas, pois o aluno é um ser que aprende fazendo. Porém, para os ativistas, o conhecimento matemático decorre do mundo físico e é extraído pelo homem através dos sentidos. Nessa concepção de ensino e aprendizagem surgem no âmbito científico, 1 MOURA,2012 – Trata-se de artigo sobre O Ensino da Matemática nas Classes de Alfabetização: Como é? Como deveria ser? Publicado em 2012 em <http://www.pedagogia.com.br/ artigos/matematicanaalfabetizacao/>. filosófico e psicológico diversos nomes que enfatizam a aprendizagem matemática como um movimento. Neste movimento serão demonstrados os aspectos da matemática moderna, cheia de regras e fórmulas, mas sem o aspecto das demonstrações, que enfatizou os ideais de Hilbert. Surge nesta situação a nova aprendizagem de Piaget, seguindo o construtivismo, este movimento que torna o aluno mais criativo e desenvolvedor. Em conjunto a isso, seguem as teorias de Delors, com os quatro pilares da educação que norteiam o aprendizado dos dias atuais. Esses e outros conceitos serão tratados com mais detalhes nesta e nas próximas aulas da disciplina. http://www.pedagogia.com.br/artigos/matematicanaalfabetizacao http://www.pedagogia.com.br/artigos/matematicanaalfabetizacao Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana10/213 Espera-se promover oportunidades de reflexão e aprendizado sobreesse modelo de educação e essa forma de disponibilização do conteúdo, pois esse tema é de suma importância para educadores que, sem dúvida, farão uso em suas atividades práticas com o educando. 1. Concepção histórica e cronológica da matemática. Os estudos sobre as sociedades primitivas mostram que as primeiras noções matemáticas e de símbolos numéricos surgiram como forma de mostrar o campo aditivo e multiplicativo como uma solução às diversas situações que os primitivos necessitavam, como alterações da operação de contar progredindo principalmente na civilização urbana com condições econômicas mais evoluídas. Segundo Machado (1989), do princípio até a nossa atualidade, a história da matemática teve períodos que se destacaram, como a egípcia e babilônica, surgidas diretamente do empírico, a partir de 3200 a.C. A egípcia considerada a pioneira, era constituída em sua maioria de receitas, pois os problemas trazidos nos papiros tinham aparência prática e tratavam da distribuição de pão e cerveja, por exemplo. Já as babilônicas eram constituídas de fórmulas, pois tinham o seu próprio sistema decimal, o que deu início naquela época ao uso de fórmulas para calcular o Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana11/213 perímetro de circunferências, áreas, entre outros. Outro método de sistematização que representou a matemática foi o grego, que atingiu seu cume no século III AC. A matemática dos gregos era de caráter dedutivo, com axiomas, proposições, teoremas e demonstrações. Após o período grego, houve o desenvolvimento hindu, e com ele a descoberta da álgebra. Os hindus levaram em consideração os números irracionais e desenvolveram uma álgebra mais liberal, sem preocupações lógicas ou estéticas. A matemática hindu foi transmitida aos árabes, que a absorveram, modificaram, refinaram e aumentaram e somente chegando a Europa, após mais de meio milênio. Foi a partir do século X que a matemática surgiu como um conjunto ordenado de conhecimentos. Naquela época surgiram as descobertas, as construções que originaram a Astronomia e a Física Moderna, com Descartes (1596 – 1650), Leibniz (1646 – 1716), Newton (1642 – 1727) e outros. A matemática só encontrou efetivamente o verdadeiro sentido entre os anos 1890 e 1940, uma vez que até então era baseada na transmissão de explicações, sem contextualização e com a maioria dos exercícios repetitivos, sem criação inédita, levando ao aluno uma ação equivoca e desordenada no contexto sociocultural. Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana12/213 Surge, segundo Canário (1997, p. 69), a relação professor-aluno, que mostra que existe também a necessidade de aprender com o aluno: Reconhecer que a relação professor-aluno impregna a totalidade da ação profissional do professor implica reconhecer, também, que os professores necessariamente aprendem no contato com os alunos, e serão melhores professores quanto maior for sua capacidade para realizar essa aprendizagem. Nessa relação eram utilizados diversos materiais didáticos: trabalho em grupo, jogos, experimentos. A concepção empírico-ativista do processo ensino-aprendizagem que surge no Brasil a partir da década de 1920, emerge no seio do movimento escolanovista, que se apresenta associado ao pragmatismo americano de John Dewey. No âmbito do ensino de matemática, Euclides Roxo e Everaldo Beckheuser seriam os principais representantes dessa corrente de pensamento, segundo Fiorentini (1995). Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana13/213 Passados alguns anos, por volta dos anos 1940 e 1950, surgiram renomados professores que eram conscientes desta corrente, entre eles Melo e Souza (Malba Tahan), Irene Albuquerque, Manoel Jairo Bezerra e Munhoz Maheder. Nos anos 1960 e 1970, iniciou-se o movimento denominado Movimento da Link Sobre a história da matemática em diversas culturas, acesse <http://www. estudantedefilosofia.com.br/conceitos/ matematica.php>. (Acesso em: 20 jul. 2016). Para saber mais Conhecimento “empírico” é uma expressão cujo significado reporta ao conhecimento adquirido por meio da observação. É uma forma de conhecimento resultante do senso comum, por vezes baseado na experiência, sem necessidade de comprovação científica. Matemática Moderna, com os Parâmetros Curriculares Nacionais. 2. A obra de David Hilbert e as mudanças no pensamento de Euclides. Hilbert em sua obra elimina as figuras geométricas e estabelece a axiomática na geometria. O ensino tradicional foi formalizado no ensino de matemática, sendo muito utilizado no século passado http://www.estudantedefilosofia.com.br/conceitos/matematica.php%3e. (Acesso http://www.estudantedefilosofia.com.br/conceitos/matematica.php%3e. (Acesso http://www.estudantedefilosofia.com.br/conceitos/matematica.php%3e. (Acesso Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana14/213 no ensino fundamental e médio, o que difere atualmente do modelo usado, que via de regra argumenta o construtivismo contextualizado. No trabalho de Hilbert, a matemática passou a ser vista como uma ciência exata, sendo que o ensino-aprendizagem se dava pela memorização, e conforme colocado acima, esse método se alterara com a contextualização. 3. O movimento da matemática no Brasil e a influência de grandes filósofos e psicólogos Com o movimento da matemática nasceu a necessidade de modernização do movimento educacional protagonizando uma política econômica que, em conjunto com as áreas das Ciências Naturais, privilegiava o pensamento tecnológico e científico, além de formalizar novos conceitos de aprendizagem. Esse processo ainda levou alguns anos para tomar força no país, visto que havia uma barreira de aceitação pelos educadores da época. Era o ponto de acabar com a decoreba e fazer o aluno começar a raciocinar e a contextualizar. Então, surgiu a Tendência Link Leia sobre a ideia dos pensadores matemáticos, entre eles Hilbert, a respeito da Natureza da Matemática. <http://www. mat.uc.pt/~mat0840/Textos/ponte- etc(2NaturezaMat)%2097.htm>. Acesso em: 28 jul. 2016. http://www.mat.uc.pt/~mat0840/Textos/ponte-etc(2NaturezaMat) 97.htm http://www.mat.uc.pt/~mat0840/Textos/ponte-etc(2NaturezaMat) 97.htm http://www.mat.uc.pt/~mat0840/Textos/ponte-etc(2NaturezaMat) 97.htm Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana15/213 Formalista Moderna, que propôs uma reformulação da estrutura curricular anterior. Segundo Fiorentini (1995), essa tendência procurava os desdobramentos lógico- estruturais, analisando como acabar com a construção cultural e histórica do conteúdo e atualizar a sua estrutura algébrica. Segundo o autor a concepção Formalista Moderna apresentava-se enfatizando a matemática em relação às suas fórmulas, seus aspectos e definições sem a essência do significado epistemológico, preocupava-se com a correta linguagem dos símbolos, enfatizando o lógico sobre o psicológico, a formalidade, sem demonstrar que a matemática tivesse interesses sociais e políticos. Como alguns professores eram contra esse movimento, ainda durante os anos 1970, começou-se a produzir um estilo novo para a disciplina, deixando-a mecânica, cercada de regras e fórmulas práticas, de algoritmos e fundamentação. Formava-se então a nova ideia de deixar a compreensão, reflexão, análise e justificativa das ações aplicadas à aprendizagem. A “aprendizagem” é uma resposta particular adquirida por meio de uma sistematização ou não. Nessa tendência, há a negação da teoria racionalista e da teoria empirista, e afirma que o conhecimento matemático é resultado de uma ação interativa e também reflexiva do homem com a sociedade e o meio ambiente em Unidade 1 • Concepção Históricae Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana16/213 que vive. A construção do construtivismo nos faz pensar nos quatro pilares da educação. Essa preocupação do construtivismo era para fazer o aluno aprender, desenvolver e construir o pensamento lógico-formal, fazendo com que se veja a construção partindo do erro. Conforme podemos perceber, a principal finalidade do ensino da matemática para essa corrente é de natureza formativa. Nessa concepção os conteúdos passam a ter um papel útil, indispensável para a construção das estruturas da inteligência, que de acordo com Fiorentini (1995), o decorrer dessas tendências no Brasil unifica a matemática em uma única disciplina, formulando as diretrizes metodológicas do ensino da matemática. 4. A era construtivista de Piaget e outros educadores. As concepções de Piaget sobre ensino aprendizagem apresenta influências na matemática muito marcantes, saindo de conteúdos simplistas para conteúdos mais complexos. Mudou-se a prática mecânica do movimento da matemática moderna, criando uma nova prática pedagógica voltada à construção de ideias, estruturas, pensamentos lógicos matemáticos e um conceito relativo ao uso das quatro operações. Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana17/213 Nessa tendência analisada por Piaget, segundo Delandes (2013), ele divide em desenvolvimento cognitivo em quatro etapas. A classificação desse desenvolvimento nessas etapas aponta o fato de que toda criança passa por mudanças previsíveis e ordenadamente, significando uma possibilidade de vivência em todos os estágios do desenvolvimento cognitivo. Piaget separa o processo cognitivo inteligente em dois importantes conceitos: “aprendizagem” e “desenvolvimento”. Link Para aprofundar-se as concepções de Piaget acesse: <http://www.psicologiamsn. com/2013/03/as-concepcoes-de- piaget-sobre-aprendizagem-etapas-do- desenvolvimento-cognitivo.html> Para saber mais Segundo Delors, “aprender a conhecer” indica o interesse, a abertura para o conhecimento, que verdadeiramente liberta da ignorância “aprender a fazer” mostra a coragem de executar, de correr riscos, de errar mesmo na busca de acertar “aprender a conviver” traz o desafio da convivência que apresenta o respeito a todos e o exercício de fraternidade como caminho do entendimento e, finalmente, o “aprender a ser”, que talvez seja o mais importante por explicitar o papel do cidadão e o objetivo de viver o aprender. http://www.psicologiamsn.com/2013/03/as-concepcoes-de-piaget-sobre-aprendizagem-etapas-do-desenvolvimento-cognitivo.html http://www.psicologiamsn.com/2013/03/as-concepcoes-de-piaget-sobre-aprendizagem-etapas-do-desenvolvimento-cognitivo.html http://www.psicologiamsn.com/2013/03/as-concepcoes-de-piaget-sobre-aprendizagem-etapas-do-desenvolvimento-cognitivo.html http://www.psicologiamsn.com/2013/03/as-concepcoes-de-piaget-sobre-aprendizagem-etapas-do-desenvolvimento-cognitivo.html Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana18/213 Glossário Epistemológico: ramo da filosofia que se ocupa dos problemas relacionados com o conhecimento humano, refletindo sobre a sua natureza e validade. Pragmático: entre as disciplinas que tratam da interpretação, a Pragmática é relativamente recente, pois surgiu após os trabalhos do filósofo americano Peter Grice com relação à crença de que tudo se explica na relação entre pessoas, quando há boa interpretação do sentido das sentenças. Cognição: refere-se a um conjunto de habilidades cerebrais/mentais necessárias para a obtenção de conhecimento sobre o mundo. Tais habilidades envolvem pensamento, raciocínio, abstração, linguagem, memória, atenção, criatividade, capacidade de resolução de problemas, entre outras funções. Questão reflexão ? para 19/213 Conhecer um pouco da história da matemática é, sem dúvida, um elemento importante, tanto para quem ensina como para quem aprende. Uma razão da importância desse conhecimento é a possibilidade de compreender a matemática como uma criação humana, construída em função de necessidades e preocupações de diferentes culturas, em distintos momentos históricos. Pesquise e reflita sobre essa afirmativa, baseando-se nos estudos feitos durante este tema. 20/213 Considerações Finais • A matemática apresenta características de não ser uma ciência pronta e acabada, mas que tem história, que se desenvolveu e continua prosperando. • Os estudos sobre as sociedades primitivas mostram que as primeiras noções matemáticas e símbolos numéricos surgiram como forma de mostrar o campo aditivo e multiplicativo como uma solução as diversas situações que os primitivos necessitavam. • A “aprendizagem” é uma resposta particular adquirida através de uma sistematização ou não. • As concepções de Piaget sobre ensino e aprendizagem apresenta influências muito marcantes na Matemática, saindo de conteúdos simplistas para conteúdo mais complexos. Unidade 1 • Concepção Histórica e Filosófica da Matemática Enquanto Ciência e Atividade Humana21/213 Referências CANÁRIO, Rui. A escola: o lugar onde os professores aprendem. In: Anais do I Congresso Nacional de Supervisão na Formação. Portugal: Universidade de Aveiro, 1997. DELORS, Jacques (Coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortezo. p. 89 a 102. DESLANDES, Keila. Psicologia: uma introdução a psicologia Cuiabá: EdUFMT, 2006. FIORENTINI, Dario. Alguns modos de ver e conceber o ensino de matemática no Brasil. ZETETIKÉ, Campinas, n. 4, p. 01 – 35, novembro. 1995. FREIRE, Paulo; FAUNDEZ, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. MACHADO, Nilson José. Matemática e língua materna. São Paulo: Cortez, 1989. MOURA, Jonata F. O ensino da matemática nas classes de alfabetização: como é? Como deveria ser? 2012. Disponível em: <http://www.pedagogia.com.br/artigos/ matematicanaalfabetizacao/>. Acesso em: 20 julho 2016. http://www.pedagogia.com.br/artigos/matematicanaalfabetizacao/ http://www.pedagogia.com.br/artigos/matematicanaalfabetizacao/ 22/213 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Concepção histórica e filosófica da matemática enquanto ciência e atividade humana - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/4eb0ac0d10612ad10da2d330b3320675>. Aula 1 - Tema: Concepção histórica e filosófica da matemática enquanto ciência e atividade humana - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/4b8e1a68d2db93d7088a1d099fed5632>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4eb0ac0d10612ad10da2d330b3320675 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4eb0ac0d10612ad10da2d330b3320675 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4eb0ac0d10612ad10da2d330b3320675 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4b8e1a68d2db93d7088a1d099fed5632 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4b8e1a68d2db93d7088a1d099fed5632 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/4b8e1a68d2db93d7088a1d099fed5632 23/213 1. Sobre a história da matemática, segundo Sampaio (2008), ela tem a finalidade ______ nos permitir conhecer os problemas que ___________ a construção do conhecimento matemático e como esses se articulam com conteúdos de ___________________. São válidas a correspondência das lacunas da alternativa: a) de; originaram; matemática. b) de não; terminaram; português. c) só; originaram; todas as disciplinas. d) de; originaram; outras disciplinas. e) apenas; terminaram; a história. Questão 1 24/213 2. Nos povos da antiguidade alguns tiveram a matemáticaavançada para a época. São eles: a) Maias. b) Fenícios. c) Hebreus. d) Chineses. e) Egípcios. Questão 2 25/213 3. A idealização do desenvolvimento na epistemologia genética do ser humano foi: a) Freud. b) Montessori. c) Piaget. d) Hoffman. e) Delors. Questão 3 26/213 4. Os estágios de desenvolvimento, segundo Piaget, são divididos em quatro, em que o estágio de operações formais ou hipotético dedutivas, ocorre na idade dos: a) 0 a 2 anos. b) 2 a 7 anos. c) 7 a 11 anos. d) 11 anos em diante. e) Qualquer idade. Questão 4 27/213 5. Um povo sistematizou a Matemática no século III, sendo esta de caráter dedutivo, com axiomas, proposições entre outros. Esta sistematização foi feita pelo povo: a) Hindu. b) Grego. c) Egípcio. d) Árabe. e) Maia. Questão 5 28/213 Gabarito 1. Resposta: D. A história da matemática tem a finalidade de permite conhecer os problemas que originaram a construção do conhecimento matemático e como esses se articularam com conteúdos de outras disciplinas. 2. Resposta: E. No link citado no material de apoio, os melhores matemáticos da antiguidade, viveram no Egito. 3. Resposta: C. Esse estudo foi desenvolvido por Piaget e seu objetivo foi a mudança de estados de conhecimento. 4. Resposta: D. São quatro os estágios de desenvolvimento de Piaget; sensório, pré-operatório, concreto e formais. Este último ocorre a partir dos 11 anos de idade. 5. Resposta: B. O povo que sistematizou a Matemática foi o grega, que atingiu seu cume no século III a.c. A matemática dos gregos tinha caráter dedutivo, com axiomas, proposições, teoremas e demonstrações. 29/213 Unidade 2 Função Social e Política da Matemática Objetivos 1. Compreender a função social do ensino de matemática. 2. A questão social da cidadania. 3. A função política da matemática. 4. A matemática realista. Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática30/213 Introdução O ensino da matemática sempre foi um desafio aos professores e uma dificuldade real para o estudante. À medida que se avança no ensino da matemática, o professor e o aluno começam um processo de distanciamento do empírico, característico da ciência matemática. É quando o ensino e a aprendizagem da matemática se transformam num problema pedagógico sério e difícil. Tudo indica que a matemática, mesmo sendo uma linguagem essencialmente abstrata, adquire maior sentido para os alunos quando os professores chegam a compreender que a prática social deve ser o ponto de partida e o ponto de chegada de todo conhecimento humano. Em relação à cidadania, a aprendizagem matemática está ligada nas condições da realidade social atual, impondo assim uma visão política e reflexiva. A educação remete de forma inevitável a um tipo de ação associada a conjuntos de direitos econômicos e até políticos, reduzindo a cidadania a formulações retóricas e sem conteúdo. Frigotto e Gentili (2002) dizem que a sociedade contemporânea do século XXI apresentou fortes transformações. O neoliberalismo e a reestruturação produtiva acarretaram aspectos que transformou a sociedade com degradação do trabalho e a produção de mercadorias destrutíveis ao meio ambiente globalizado. Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática31/213 O não envolvimento por parte dos alunos tem sido um fator preocupante para os professores de matemática, de tal forma que em estudos realizados, objetivando diagnosticar e levantar possíveis problemas, verificou-se que falta debate político sobre a educação no interior das escolas, e devido a essa falta de politização da educação, os contornos sociais e políticos da matemática demonstram a falta de interesse e de ação crítica na sociedade como um todo. Não existe argumentação em sala de aula sobre o conteúdo ou para que possamos exemplificá-lo na sociedade e no dia a dia. Link Leia mais sobre politização da educação, artigo editado em março/2011 pela revista ciência hoje. Disponível em: <http://www.cienciahoje. org.br/noticia/v/ler/id/1496/n/mais_ educacao,_menos_politizacao>. Acesso em: 20 out. 2016. http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1496/n/mais_educacao,_menos_politizacao http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1496/n/mais_educacao,_menos_politizacao http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/1496/n/mais_educacao,_menos_politizacao Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática32/213 Fiorentini (1995, p. 4) indaga e alerta que (...) por trás de cada modo de ensinar, esconde-se uma particular concepção de aprendizagem, de ensino, de Matemática e de Educação. O modo de ensinar sofre influência também dos valores e das finalidades que o professor atribui ao ensino da matemática, da forma como concebe a relação professor-aluno e, além disso, da visão que tem de mundo, de sociedade e de homem. Sendo assim, a educação matemática, como forma de constituir a cidadania, deve ser considerada quanto a compreensão e a tomada de decisões diante de questões políticas e sociais, que vão depender da leitura crítica e interpretativa de índices divulgados, portanto, para exercer a cidadania é necessário efetuar cálculos matemáticos básicos, sendo primordial os conhecimentos e instrumentos matemáticos presentes sem qualquer forma codificada, condição inevitável para a interferência na sociedade em que vivemos. Segundo Paulo Freire (2007, p. 26), “o educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão”. Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática33/213 Ao argumentar a fala de Freire, o educador deve ter o compromisso com a formação da criticidade para a cidadania não voltada para a alienação e exclusão. Com esse comprometimento há a necessidade de se pensar a prática das atividades de ensino e aprendizagem de matemática a partir das tendências pedagógicas que referendam os marcos teóricos destacados, possibilitando a relação entre matemática e cidadania, os quais podemos apontar a socioetnocultural e a histórico-crítica. 1. Compreender a função social do ensino de matemática Para compreender um componente fundamental no exercício da profissão e da cidadania, a aprendizagem dos valores empregados, das normas e das diretrizes e estratégias de interação social, há um propósito do currículo escolar com o Para saber mais Socioetnocultural é a tendência que valoriza aspectos socioculturais e tem sua base teórica e prática na etnomatemática. Já a histórico- crítica concebe a matemática como um ser vivo e dinâmico, construído historicamente para atender às necessidades sociais. Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática34/213 objetivo de qualificar as relações entre as pessoas em diferentes contextos sociais. Nesse processo de socialização, acontecem contradições devido às ideias que as próprias crianças podem ter, além de seus valores e interesses, isso porque o próprio ser humano tem a forma diferente de pensar e agir, pois nessa socialização, tanto o professor como a turma fazem parte do contexto. Na base dessa socialização, suas práticas neoliberais fortaleceram a sociedade marcadamente desiguais, possibilitando uma sociedade igualitária, na qual a justiça e a liberdade não poderiam participar de uma construção monopolista de poder econômico. O capitalismo violento e excludente prova essa incapacidade civilizatória. Neste contexto, vale lembrar que na época do império (1827), as “escolas de primeiras letras”, estabeleciam que em todas cidades, vilas e lugares mais populosos, haveria escolas de turmas não seriadas. Link <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/ lei_sn/1824-1899/lei-38398-15-outubro- 1827-566692-publicacaooriginal-90222-pl. html> apresenta a Lei de 1827, criando a escola de primeiras letras. http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-38398-15-outubro-1827-566692-publicacaooriginal-90222-pl.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-38398-15-outubro-1827-566692-publicacaooriginal-90222-pl.htmlhttp://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-38398-15-outubro-1827-566692-publicacaooriginal-90222-pl.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-38398-15-outubro-1827-566692-publicacaooriginal-90222-pl.html Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática35/213 Somente a elite tinha acesso ao sistema escolar, onde neste contexto só poderia ser ensinado ler, escrever, as quatro operações de aritmética, incluindo-se números quebrados, decimais e proporções, noções de geometria prática, em se relacionando a matemática, além de conjunto de saberes a serem trabalhados com as crianças. Um detalhe desse artigo da lei é que somente podiam ter acesso a essas informações os meninos. Porém, hoje, as políticas públicas direcionadas à questão da melhoria da qualidade educacional em escolas multisseriadas estão vinculadas às orientações estabelecidas na LDB 9394/96 (BRASIL, Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996), propondo medidas de adequação da organização escolar, das propostas metodológicas. Para saber mais Na época do Império, era comum o uso do termo “classes” para “escolas”. Infere-se que essas “escolas de primeiras letras” eram multisseriadas, pois, além de terem um rol de conteúdo comum, como se pôde constatar no decorrer do texto, somente no fim do século XIX é que surgiram os Grupos Escolares, momento em que passa a existir a diferenciação por série, similar ao que conhecemos hoje como classe seriada. Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática36/213 2. A questão social da cidadania A Cidadania sempre esteve em todos os movimentos de lutas e conquistas da sociedade, e podemos destacar a questão levantada por Evelina Dagnino (1994, p.107): “Não há uma essência única imanente ao conceito de cidadania”. Nessa afirmação, não se definem e delimitam, mas respondem a conflitos reais vividos pela sociedade em momento histórico. Segundo a autora, este conteúdo e significado estão definidos pela luta política. Ao conhecer alguns conceitos de cidadania que são utilizados como referência, podemos localizar contradições no seu conteúdo, uma vez que, segundo Saviani (2008, p. 191-193) “Cidadão é, pois, aquele que está capacitado a participar da vida da cidade e, extensivamente, da vida da sociedade”. Já para o cientista político italiano Norberto Bobbio, o direito do cidadão está na conversão dos direitos positivos do ser humano. Para ele o termo político da cidadania, significa compromisso ativo, responsabilidade, fazer diferença na sua comunidade, na sua sociedade, no seu país. (Resende, 2001, p. 85). Já nos PCN - MATEMÁTICA. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (1992, P.11), é possível ver a seguinte definição de cidadania como “a compreensão da participação política e social, os direitos e deveres políticos, com solidariedade, Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática37/213 compreensão, cooperação, respeitando-se uns aos outros”. Outro autor que define cidadania de forma diferente é Severino (1994, p. 98), que afirma que “cidadania é uma condição de existência dos homens, considerando, como cidadão efetivamente a existência de bens materiais para sua sustentação e existência social”. Com isso é possível perceber que todo cidadão tem direitos e deveres, cumprindo- se as leis, tendo direito a educação pública e de qualidade e igualdade de acesso. Porém, há de se destacar que a escola por si só não pode garantir a cidadania, mas pode fornecer instrumentos que possibilitem uma sociedade cidadã. Qual relação entre a educação matemática e a cidadania? Para refletir sobre essa relação, Ubiratan D’Ambrósio (2005, p. 27) diz que “a matemática é uma resposta à sobrevivência e à transcendência da existência da espécie”. Essas práticas e teorias colaboram e elaboram decisões e percepções no espaço e no tempo, constituindo modelos e perfazendo a diferença do ser humano com as demais espécies animais. Analisando tal citação, levamos o conhecimento como reflexo da realidade, da integração das características objetivas de uma situação ou de um fato. Isso nos leva a pensar que o conhecimento matemático é uma representação social, por mais objetiva que seja, de relações Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática38/213 sociais que estabelecem uma criação e recriação, independente de que possa ser seu conjunto de fórmulas. Tendo como pressuposto essa ideia de conhecimento e partindo da afirmação de que “se a cognição matemática é uma construção social então é necessário estudar a sua aprendizagem segundo uma perspectiva social” (ABREU, 1995, p. 25- 41) , sendo assim a educação matemática reflete esse posicionamento sendo que, em estatísticas apresentadas, vemos fortemente que a matemática contribui para a exclusão escolar e social de uma comunidade, principalmente, devido ao número elevadíssimo de crianças e de jovens que evadem, mostrando assim que a matemática é um filtro social que foi sendo criado, dimensionando socialmente e politicamente. 3. A função política da matemática O enfoque político dado às ações do processo educativo pode transmitir aos alunos ações inerentes às ações cotidianas de cada um ou para qualquer grupo social. O enfoque político na educação não se trata apenas de candidatar-se a um cargo político, mas também de mostrar que o próprio desejo de ir à escola a pé ou de transporte coletivo é também uma decisão política, determinada por uma série de condições. Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática39/213 Sobre a politização da educação e até mesmo da matemática, Gadotti (2006, p. 148) salienta que “a educação sempre foi política, o que precisamos é ter clareza do projeto político que ela defende, politizando-a”. Portanto, a prática pedagógica aplicada pelo professor contribui para a construção da consciência política e crítica, permitindo a politicidade da educação no dia a dia. Na política, a matemática frequentemente é utilizada como uma forma de ataque ou defesa de situações. Essa arma é denominada, por exemplo, de Estatística, a qual, para qualquer político, é uma ferramenta essencial para interpretação de sua situação perante o eleitorado. Porém, é muito difícil a interpretação dos resultados devido sua dubiedade, como uma importância política. Outro cenário do uso político da matemática é a demonstração gráfica referente ao desemprego, que também pode ser utilizado como uma ferramenta política. Tratam-se de argumentos verdadeiros e objetivos para politizar a estatística, uma forma de impor probabilidades de sucesso, sendo assim mostra-lhes claramente que a matemática nunca foi tão importante no debate e situações políticas como atualmente. Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática40/213 4. A matemática realista O professor Ubiratan D´Ambrósio listou em sua obra (D’AMBROSIO, 1990) alguns motivos para ensinar matemática nas escolas em sua universalidade, uma vez que ela é útil como instrumento da vida e para o trabalho. Ele afirma também que ela é parte de nossas raízes da cultura, do pensamento e como construção formal e da lógica. Já para Hans Freudenthal, a matemática é uma atividade da humanidade, que além de ser um poderoso instrumento de resolução de problemas no dia a dia para as tarefas cotidianas, aparecem em outras atividades profissionais e científicas. Mas a matemática tem muitos aspectos e níveis de complexidade que devemos considerar quando organizamos o seu ensino, passando de atividades recreativas para aplicações práticas, sem perder de vista o que também é uma ciência abstrata, como deve ser tratado no momento apropriado, respeitando desenvolvimento da criança no seu cognitivo. Envolver a criança em situações de práticas matemáticas é apresentá-la na sua sensibilidade, suas experiências pessoais, Link <http://opinarparavancar.blogspot.com. br/2007/04/politizao-da-matemtica.html>. AlexandreLote faz uma analogia estatística da matemática como uma ferramenta política. http://opinarparavancar.blogspot.com.br/2007/04/politizao-da-matemtica.html http://opinarparavancar.blogspot.com.br/2007/04/politizao-da-matemtica.html Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática41/213 no convívio com a família, no seu meio social, que segundo Freudenthal chama de Educação Matemática Realista, levando-a a uma relação humana de conteúdo formal, vivenciando a sua expectativa. Para saber mais Hans Freudenthal (1905-1990) foi o criador da corrente didática conhecida como Educação Matemática Realista. Foi o principal nome da Educação Matemática na segunda metade do século XX. Presidiu vários organismos internacionais. A medalha Freudenthal é uma das principais honrarias dadas pela International Commission on Mathematical Instruction. Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática42/213 Glossário Etnomatemática: surgiu na década de 1970, com base em críticas sociais acerca do ensino tradicional da matemática, como a análise das práticas matemáticas em seus diferentes contextos culturais. Mais adiante, o conceito passou a designar as diferenças culturais nas diferentes formas de conhecimento. Cidadania: a cidadania também pode ser definida como a condição do cidadão, indivíduo que vive de acordo com um conjunto de estatutos pertencentes a uma comunidade politicamente e socialmente articulada. Matemática Realista: Realismo matemático é a crença que há uma realidade regida por princípios matemáticos preexistente à todo observador. https://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Observador Questão reflexão ? para 43/213 A construção e a utilização do conhecimento matemático não são feitas apenas por matemáticos, cientistas ou engenheiros, mas, de formas diferenciadas, por todos os grupos socioculturais que desenvolvem e utilizam as habilidades para contar, localizar, medir. Utilizando-se da pesquisa aos PCN, expresse como os parâmetros contribuem para essa construção. 44/213 Considerações Finais • Com o avanço da matemática, o professor e o aluno iniciam um distanciamento empírico, característico da ciência matemática. • As políticas públicas direcionadas à questão da melhoria da qualidade educacional em escolas multisseriadas estão vinculadas às orientações estabelecidas na LDB 9394/96. • A matemática contribui fortemente para a exclusão escolar e social de uma comunidade. • Os aspectos políticos no uso da matemática atendem a interesses e não a uma compostura de melhoria e absorção da disciplina. • A matemática tem muitos aspectos e níveis de complexidade. Sua praticidade deve estar envolvida tanto no concreto, como no abstrato. Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática45/213 Referências ABREU, Guida . A teoria das representações sociais e a cognição Matemática Quadrante, Lisboa, Vol. 4 , n.º. 1 , 1995: 25 - 41 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 20 out. 2016. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais, 5ª a 8ª séries. – Ministério da Educação e do Desporto, Brasília, 1992, pg.11. DAGNINO, Evelina (org.) Anos 90 – política e sociedade no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 103-115. D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Etnomatemática – Elo entre as tradições e a modernidade. Ed. Autênctica, Belo Horizonte, MG, 2005, pg. 27. FIORENTINI, Dario. Alguns modos de ver e conceber o ensino de matemática no Brasil. Zetetiké: Revista de Educação Matemática, Campinas, n. 4, p. 01 – 35, novembro. 1995. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra, São Paulo, 35ª ed., 2007, pg. 26. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 9.394-1996?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm Unidade 2 • Função Social e Política da Matemática46/213 FRIGOTTO, Gaudêncio; GENTILI, Pablo. A Cidadania Negada: políticas de exclusão na educação e no Trabalho, Ed. Cortez, 2002, São Paulo, SP, pg. 9 e 35. GADOTTI, Moacir. Concepção Dialética da Educação: Um estudo introdutório. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2006. RESENDE, Enio. Chega de ser o País do Futuro: Novos Paradigmas para resolver o Brasil. São Paulo: Mescla Editorial, 2001. SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 10. ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2008. SEVERINO, Antonio Joaquim. Filosofia da Educação: construindo a cidadania. São Paulo, FTD, 1994. 47/213 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Função social e política da matemática - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ f880e7f773c6f8c00adfa19da838dbe9>. Aula 2 - Tema: Função social e política da matemática - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ fb62d1e4c4396e32188efc41108afb71>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/f880e7f773c6f8c00adfa19da838dbe9 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/f880e7f773c6f8c00adfa19da838dbe9 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/f880e7f773c6f8c00adfa19da838dbe9 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/fb62d1e4c4396e32188efc41108afb71 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/fb62d1e4c4396e32188efc41108afb71 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/fb62d1e4c4396e32188efc41108afb71 48/213 1. O ensino da matemática pode acarretar um distanciamento empírico entre o professor e o aluno, transformando num problema pedagógico. Isso a torna difícil. Para corrigir a situação, devemos: a) Usar uma linguagem abstrata. b) Usar uma linguagem concreta. c) Compreender que a prática social é ponto de partida para o conhecimento. d) Não fazer nada. Por ser um problema difícil, não há como corrigi-la. e) Depender de mudanças políticas para sua correção. Questão 1 49/213 2. “Por trás de cada modo de ensinar, esconde-se uma particular concepção de aprendizagem”. Essa afirmação é de: Questão 2 a) Frigotto. b) Fiorentini. c) Freire. d) Dagnino. e) Gadotti. 50/213 3. Segundo Paulo Freire, “o educador democrático não pode negar o dever de, na prática docente, reforçar a capacidade crítica”. Ao argumentar a fala do autor: Questão 3 a) O educador deve ter compromisso com acolhimento para a cidadania. b) O educador deve ter compromisso com a alienação para a cidadania. c) O educador deve ter compromisso com a exclusão para a cidadania. d) O educador deve ter compromisso com a indagação para a cidadania. e) O educador deve ter compromisso com a formação para a cidadania. 51/213 4. Sobre a politização da educação e até mesmo da matemática, Gadotti (2006) salienta que “a educação sempre foi política, o que precisamos é ter clareza do projeto político que ela defende, politizando-a”. Assim sendo, a prática pedagógica: Questão 4 a) Contribui para a desmistificação política e oposta a educação. b) Contribui para a construção da consciência política e construtiva. c) Contribui para a construção e despolitização critica. d) Contribui para a construção da consciência política e crítica. e) Não contribui politicamente na construção da educação. 52/213 5. Para Hans Freudenthal, a Matemática é uma __________ da humanidade, que é um ________ instrumento de _______ de problemas. Questão 5 a) atividade; poderoso; resolução. b) avaliação; temeroso; entendimento. c) hipótese; bom; resolução. d) atividade; poderoso; entendimento e) avaliação; poderoso; resolução. 53/213 Gabarito 1. Resposta: C. Por ser abstrata, tem maior sentido quando o educador compreendeque a pratica social é o ponto de saída e chegada do conhecimento humano. 2. Resposta: B. A frase é do autor Fiorentini. 3. Resposta: E. O educador deve ter o compromisso com a formação da criticidade, para a cidadania não voltada para a alienação e exclusão. 4. Resposta: D. A prática pedagógica aplicada pelo professor contribui para a construção da consciência política e crítica, permitindo a politicidade da educação no dia a dia. 5. Resposta: A. Para Hans Freudenthal, a Matemática é uma atividade da humanidade, que é um poderoso instrumento de resolução de problemas. 54/213 Unidade 3 Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático Objetivos 1. Epistemologia da ciência. 2. Pressupostos do pensamento lógico- matemático. 3. As contribuições de Piaget. Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático55/213 Introdução Falar de pensamento lógico-matemático nos impõe saber que epistemologia significa ciência, conhecimento, e que é o estudo científico que trata dos problemas relacionados com a crença, sua natureza e limitações. É uma palavra que vem do grego e é sobre ela que você irá estudar no primeiro tópico. Epistemologia é a teoria do conhecimento, epistemologia de Piaget não aborda a validade do conhecimento, mas sua origem e desenvolvimento. Ele lida com a gênese e evolução do conhecimento, observando este fato descrevendo sua área de estudo com o termo “epistemologia genética”. (PAPERT, 1980, p. 243). Neste tema serão vistos os significados e as definições do pensamento lógico-matemático, sendo o “pensar” é a base da construção desse conhecimento. Na educação infantil as noções matemáticas estão inseridas em brincadeiras e jogos, na idealização de regras, enfim, tudo que existe no contexto escolar deve ser absorvido e utilizado para criação desse pensamento, desde os conceitos básicos matemáticos até os fundamentos e conceitos numéricos que permeia o cotidiano. Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático56/213 E, para finalizar, será analisado um pouco da história e da contribuição de Jean Piaget na construção do conhecimento lógico-matemático, no qual a sua construção se dá a partir do “pensar” sobre as experiências com os objetos e as situações vivenciadas e utilizadas, a capacidade de desenvolver na criança o seu pensamento, chamado assim de pensamento lógico-matemático. Ele formalizou o conhecimento físico destacando o concreto do abstrato. Entender a construção do conhecimento, implica em diferenças qualitativas e quantitativas. A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe. (PIAGET, 1982. p. 243). As pesquisas de Piaget alteraram significativamente a prática de boa parte dos professores das séries iniciais, entretanto, uma compreensão equivocada desse teórico levou a um grande número de aplicações práticas inadequadas. No livro A criança e o número: Implicações Educacionais da Teoria de Piaget para a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos, de Constance Kamii, a autora se propõe a responder dúvidas referentes à aplicação da pesquisa e da teoria Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático57/213 de Piaget no ensino do número. Quatro tópicos organizam o enfoque proposto pela autora: 1. A natureza do número. 2. Objetivos para ‘ensinar’ número. 3. Princípios de ensino. 4. Situações escolares que o docente pode usar para ‘ensinar’ número. Para saber mais Leia A criança e o número - Implicações Educacionais da Teoria de Piaget para a Atuação Junto a Escolares de 4 a 6 anos, de Constance Kamii – a autora responde dúvidas sobre a aplicação da pesquisa e da teoria de Piaget no ensino do número. Define-se como forma de construtivismo a criação de hábitos de leituras e a compreensão pela criança da escrita imposta no papel com a relação de sua fala, criando assim os tipos de habilidades e competências que norteiam a Educação Infantil e o ciclo I do ensino fundamental. Segundo Maturana (1998, p. 25) “a filosofia do construtivismo pode ser reduzida em uma frase: tudo o que é dito por um observador”. 1. Epistemologia da ciência Epistemologia tem como significado da ciência, conhecimento, é a forma de estudo científico do tratamento de problemas relacionados à criança, que, apesar de Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático58/213 tudo, não é bem problema, pois trata do conhecimento natural, que faz com que o ser humano tenha condição de alcançar o conhecimento total e genuíno e sua origem. Segundo a ciência, a epistemologia estuda a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento, também conhecida como teoria do conhecimento, referenciando a lógica, a filosofia entre outras filosofias da ciência. A epistemologia também pode ser vista como a filosofia da ciência. Ela trata a natureza e a importância do espírito humano. Surgiu com Platão, que opunha a crença ou a opinião do conhecimento, sendo essa crença um ponto de vista subjetivo, que vem a ser, segundo ele, um conjunto de informações que rodeiam e explicam o mundo natural. Ela provoca uma posição empirista de que o conhecimento deve ser baseado na experiência e apreendido durante a vida, e racionalista, que a razão é a fonte do conhecimento e não da experiência. Para saber mais O termo “Epistemologia” vem do grego e pode ser traduzido como “estudo do conhecimento” ou “teoria do conhecimento”. Em termos gerais, portanto, não há diferença entre Epistemologia e Teoria do Conhecimento. É muito comum encontrarmos quem acredita que Epistemologia (ou Teoria do Conhecimento) seja a mesma coisa que Filosofia da Ciência. Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático59/213 2. Pressupostos do pensamento lógico-matemático Os números, segundo Piaget (1976), são precedidos pelos conceitos lógicos. O conceituar um número tem como base a formação e a sistematização da mente na realização das operações de cálculo. As observações dessas operações prontas não são suficientes para elas, pois dependem do educador durante a pré- escola elaborar esses processos. Segundo Kamii (1985), ensinar o número ajuda a criança a colocar todos os tipos de objetos, espécies concretas na relação. Já Rangel (1992), aponta a importância de uma ação intensa sobre os objetos, a quantificação de coleções, que significam para ela a base para o conhecimento lógico-matemático. Nas atividades cotidianas a intervenção do educador, ou a sua intencionalidade pedagógica, é que fara a diferença, contudo para fazer essas intervenções deve ser possível o confrontamento de hipóteses, em que cognitivamente, a partir de uma ação sobre o objeto, estabelecem conexões entre o saber e aquilo que veem como novo, construindo um novo conhecimento, e assim vão conquistando a autonomia intelectual tão esperada. Para Piaget (1976), cabe aos adultos estimular o desenvolvimento autônomo e a intelectualidade da criança quando trocam pontos de vista, seja a interação do aluno ou do professor, que é fundamental. Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático60/213 Porém, na opinião de Marincek (2001), cabe ao professor planejar boas atividades de aprendizagem, usando como exemplo situações cotidianas que envolvam o aluno a trabalhar a essência da matemática e atingindo diversas habilidades para eles resolverem, mesmo porque não é interessante a criança saber antecipadamente as soluções, mas sim ajudá-lo na formalização do resultado, fazendo assim a justificativa de escolhas, argumentação de pontos de vista, e, desta forma, acabar por construir um conhecimentocontextualizado. A contextualização do aprendizado da criança tem sua ampliação, segundo Zabala (2002), como parte das funções sociais do educador dentro da sala de aula. Lá, através do conhecimento cotidiano, a criança adquiri experiência cultural e outras experiências trazidas de seu convívio social, fazendo com que ela construa a consciência de seus atos de forma progressiva, propiciando sua evolução. Dessa forma, o educador servirá como um orientador qualitativo dos processos espontâneos de aprendizagem. Link <http://www.webartigos.com/artigos/a- importancia-da-interdisciplinaridade- e-contextualizacao/13408/>, No artigo, a professora Maria Edmir Maranhão destaca a diferença e importância da interdisciplinaridade e a contextualização. http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-da-interdisciplinaridade-e-contextualizacao/13408/ http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-da-interdisciplinaridade-e-contextualizacao/13408/ http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-da-interdisciplinaridade-e-contextualizacao/13408/ Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático61/213 Já Katia Smolle (2000) diz que é preciso que o educando tenha não somente as habilidades lógicas matemáticas necessária, mas sim oportunidade de ampliar suas competências na linguagem matemática, e outras competências como as corporais, intelectuais entre outras. Concluindo, as brincadeiras infantis, dentro do estudo da matemática, trazem a ideia de número como um modo diferente do convencional. Veremos em um de nossos próximos temas que a ludicidade no ensino da matemática na educação infantil é um modo de obter informações e aquisição de atitudes importantes. Para saber mais Leia Matemática de 0 a 6 anos, de Katia Smolle, onde a autora organiza uma série de atividades para a Educação Infantil para professores aplicarem, em sala de aula, estratégias pedagógicas que exploram uma grande variedade de ideias matemáticas. 3. As contribuições de Piaget Jean Piaget, nasceu na Suíça, em 1896, e faleceu em Genebra, em 1980. Desde criança demonstrou interesse pela natureza, tanto que aos onze anos, publicou um pequeno artigo sobre pássaros albinos. Empregou-se em um Museu de História Natural e estudou Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático62/213 malacologia, publicando vários artigos sobre o assunto e sendo reconhecimento pela comunidade científica. Na adolescência foi influenciado a estudar questões epistemológicas, que o acompanhariam por todo o seu trabalho como pesquisador. Já na vida universitária, iniciou seus estudos em biologia, doutorando-se em malacologia. Foi na psicologia da inteligência que Piaget criou a teoria biológica do conhecimento e epistemológicos, uma vez que a psicologia é a ciência que investiga o comportamento humano, descobrindo que o ser humano aprende seu próprio conhecimento, usando a pesquisa como método experimental. No laboratório de Binet através do trabalho de padronização dos resultados de testes de inteligência, Piaget encontrou um espaço de trabalho onde pôde analisar os resultados dos testes sobre a regularidade das respostas das crianças e o raciocínio delas. Por meio desses testes, Piaget deu início à construção da Teoria da Epistemologia Genética, elaborando um método próprio de pesquisa, o método clínico, e iniciando sistematicamente as investigações sobre o desenvolvimento infantil e a construção da inteligência. De trabalhos com rápida repercussão mundial, ainda jovem, publicou seus primeiros livros, que representavam, na verdade, um esboço da Teoria Epistemológica Genética. Recebeu vários títulos de honoris causa, tendo seu trabalho Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático63/213 replicado em vários países, inclusive no Brasil. Piaget formalizou os conhecimentos físico, social e o lógico-matemático, onde no físico destacou-se as operações concretas e o lógico-matemático para operações abstratas. Porém, as estruturas lógico-matemáticas não são inatas, caracterizando a diferença entre adultos e criança. Para Piaget, a criança apresenta mais ações lógicas do que nas palavras. Essas ações representam o início da construção das operações futuras de inteligência, não acarretando males para o desenvolvimento e deixando claro que existem grandes diferenças entre a lógica verbal e a lógica responsável pelas ações. As lógicas das ações aparecem sempre mais profunda, com mais rapidez, superando as dificuldades encontradas. Dessa forma pode-se notar que a lógica da criança difere da do adulto devido à ausência da “descentralização”, ou seja, da “não conservação”. Ao entender a construção do conhecimento, sempre em interação com o desenvolvimento, Piaget (1995) afirma as diferenças qualitativas entre a forma de pensar da criança e do adulto. Segundo Piaget, a construção da inteligência e do conhecimento é a razão de uma potencialidade que somente é adquirida no decorrer da vida, o que sempre o fascinou. Ao verificar a lógica da criança para descobrir o erro, ele percebeu que ela é alcançada progressivamente e Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático64/213 bem diferente da lógica do adulto, assim “aprendendo a olhar a criança”. Para Piaget, fazer é aprender, é descontruir o que já está pronto, pois as estruturas do pensar, julgar e argumentar resultam de um trabalho permanente de reconstrução. A estabilidade do equilíbrio depende de três aspectos cognitivos, que na matemática chamamos de lógico, geométrico e perpendicularidade e dinamismo. Fazer é compreender, é uma ação de conhecimento autônomo, onde para ele é uma tomada de consciência dependendo dos resultados da ação e mecanismos inconscientes desta ação. Ainda segundo Piaget (1976), a criança transfere a fala ao desenho e a própria construção do nome no papel. É a primeira interação do escrito com o falado, e essa etapa é chamada de silábica-alfabética, agregando letras e montagem da sua hipótese e o início da compreensão da escrita. A um caminho de construção da escrita como objeto de conhecimento individual da criança. Concluímos que o construtivismo apresentado por ele é fundamental para a criação de hábitos de leitura no cotidiano, ajudando a criança a compreender e interagir com a linguagem escrita. O professor reconstrói o caráter social da língua escrita socializando-o nas diferenças formas. Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático65/213 Para Piaget, a criança consegue, através do erro, construir o seu próprio conhecimento, em que segundo Emilia Ferreiro (2015), a criança aprende a ler lendo e a escrever escrevendo. A escola tradicional impedia que a criança desenvolvesse esse processo mecanicamente. Ao brincar com números, a criança relaciona a contagem de objetos, que fazem parte do seu universo, do seu cotidiano, chegando a escola com seu repertório próprio. O pensamento lógico da criança, permite a construção e a percepção da série numérica, utilizada em suas brincadeiras, descobrindo assim a lógica dos números e o entendimento da sequência numérica, fazendo com que a Matemática, ganhe o ritmo em seu universo. Link <http://novaescola.org.br/fundamental-1/ nova-escola-promove-encontro-emilia- ferreiro-telma-weisz-alfabetizacao-753011. shtml>. A reportagem apresenta um papo entre Emilia Ferreiro e Telma Weiz sobre ensinar a ler e escrever. http://novaescola.org.br/fundamental-1/nova-escola-promove-encontro-emilia-ferreiro-telma-weisz-alfabetizacao-753011.shtml http://novaescola.org.br/fundamental-1/nova-escola-promove-encontro-emilia-ferreiro-telma-weisz-alfabetizacao-753011.shtml http://novaescola.org.br/fundamental-1/nova-escola-promove-encontro-emilia-ferreiro-telma-weisz-alfabetizacao-753011.shtml http://novaescola.org.br/fundamental-1/nova-escola-promove-encontro-emilia-ferreiro-telma-weisz-alfabetizacao-753011.shtmlUnidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático66/213 Link <https://www.youtube.com/watch?v=_- mcu4jqjG4> Jean Piaget em Crônicas da Terra, faz uma referência da vida e obra de Piaget, quanto ao pensamento lógico-matemático. https://www.youtube.com/watch?v=_-mcu4jqjG4 https://www.youtube.com/watch?v=_-mcu4jqjG4 Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático67/213 Glossário Contextualização: segundo os PCNEM, tem como característica fundamental, o fato de que todo o conhecimento envolve uma relação entre o sujeito e objeto, ou seja, quando se trabalha o conhecimento de modo contextualizado a escola está retirando a passividade do aluno. Interdisciplinaridade: é definida por especialistas como a interação existente entre duas ou mais disciplinas, desde a simples comunicação de ideias à integração mútua de conceitos diretos da epistemologia entre outros. Malacologia: ramo da biologia que estuda os moluscos. Esses ricos e diversificados animais, que incluem a fisiologia, a taxonomia e a ecologia desses seres vivos, podem ser encontrados no mar, na água doce e na terra. http://www.infoescola.com/biologia/taxonomia/ Questão reflexão ? para 68/213 Jogos de percurso ou trilha Em um tabuleiro, os participantes lançam dados que determinam quantas casas o peão deve percorrer. Como envolve sorte, iguala participantes com diferentes habilidades e desenvolve o conhecimento numérico. Como o “jogo de percurso ou trilha”, para crianças a partir de 5 anos, pode auxiliar na construção dos conhecimentos lógico-matemáticos na Educação Infantil? 69/213 Considerações Finais • Epistemologia é a teoria do conhecimento. Epistemologia de Piaget não aborda a validade do conhecimento, mas sua origem e desenvolvimento. • O construtivismo, apresentado por Piaget, é fundamental para a criação de hábitos de leitura no cotidiano, ajudando a criança a compreender e interagir com a linguagem escrita, o professor reconstrói o caráter social da língua escrita socializando-o nas diferenças formas. • As crianças em geral, quando acessam os bancos escolares, trazem consigo experiências relacionadas a contagem, mesmo sem saber a sequência numérica e ter o raciocínio lógico-matemático. • As brincadeiras infantis trazem a ideia de número como um modo diferente do convencional. A ludicidade no ensino da matemática na educação infantil é um modo de obter informações e aquisição de atitudes importantes. Unidade 3 • Pressupostos Epistemológicos do Pensamento Lógico-Matemático70/213 Referências KAMII, Constance. A criança e o número. São Paulo: Ed. Papirus,1985. PAPERT, S. LOGO: Computadores e Educação. São Paulo: Brasiliense, 1980. MARINCEK, Vânia (coord). Aprender matemática resolvendo problemas. Porto Alegre: Artmed, 2001. MATURANA, H.R. Biologie der Realitat. Frankfurt a.M: Suhrkamp, 1998 PIAGET, Jean. A gênese das estruturas lógicas matemáticas. São Paulo: EPU, 1976. FERREIRO, Emília. Alfabetização em Processo. São Paulo: Cortez, 2015. RANGEL. Ana Cristina. Educação matemática e a construção do número. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. SMOLLE, Kátia Stocco et al. Coleção matemática de 0 a 6 anos. Porto Alegre: Artmed, 2000. ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: Artmed, 2002. 71/213 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Pressupostos epistemológicos do pensamento lógico-matemático - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/1aab379626ac1802179592bd5cf3a60b>. Aula 3 - Tema: Pressupostos epistemológicos do pensamento lógico-matemático - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ a8aad12f4980121f65077ed1be2b7de5>. http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/1aab379626ac1802179592bd5cf3a60b http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/1aab379626ac1802179592bd5cf3a60b http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/1aab379626ac1802179592bd5cf3a60b http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/a8aad12f4980121f65077ed1be2b7de5 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/a8aad12f4980121f65077ed1be2b7de5 http://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/a8aad12f4980121f65077ed1be2b7de5 72/213 1. Epistemologia é a teoria do conhecimento. A epistemologia de _____ não aborda a validade do/a ___________, mas sua/seu _______ e desenvolvimento: a) Piaget; ser; destino. b) Kamii; história; criação. c) Piaget; conhecimento; origem. d) Vygotsky; conhecimento; origem. e) Vygotsky; ser; destino. Questão 1 73/213 2. A filosofia do construtivismo pode ser reduzida em uma frase: “tudo o que é dito por um observador”. Essa afirmação é feita por um grande educador, trata-se de: a) Hilbert. b) Piaget. c) Vygotsky. d) Maturana. e) Emília Ferreiro. Questão 2 74/213 3. Brincadeiras infantis dentro do estudo da matemática trazem a ideia de número como um modo diferente do convencional, pois este processo, traz informações e aquisição de atitudes importantes. Trata-se da/o: a) Concretismo. b) Ludicidade. c) Memorização. d) Cópia. e) Metodologia. Questão 3 75/213 4. Para Piaget, fazer é aprender, é descontruir o que já está pronto, pois as estruturas do pensar, julgar e argumentar resultam de um trabalho permanente de reconstrução. A partir disso, podemos afirmar que: a) A experiência vivida se relaciona ao erro. b) O erro faz parte da aprendizagem. c) O erro não permite que ocorra a aprendizagem. d) A aprendizagem não está relacionada ao erro. e) Somente a experiência vivida, faz parte da aprendizagem. Questão 4 76/213 5. Assistindo ao vídeo, Crônicas da Terra, Piaget afirma que a Matemática é: a) A essência da educação. b) Não é o ritmo do universo. c) O ritmo do universo. d) Não é construtivista. e) Somente se dá pela sequência numérica. Questão 5 77/213 Gabarito 1. Resposta: C. Epistemologia é a teoria do conhecimento. A epistemologia de Piaget não aborda a validade do conhecimento, mas sua origem e desenvolvimento. 2. Resposta: D. Esta frase é de Maturana em sua obra Biologia da realidade. 3. Resposta: B. Ludicidade, que é vista no tema 5, a matemática do dia a dia. 4. Resposta: B. Para Piaget, fazer é aprender, é descontruir o que já está pronto, pois as estruturas do pensar, julgar e argumentar resultam de um trabalho permanente de reconstrução. Dessa forma, podemos afirmar que o erro faz parte da aprendizagem. 5. Resposta: C. É o ritmo do universo. 78/213 Unidade 4 Os Referencias Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e o Ensino da Matemática Objetivos 1. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). 2. Presença da matemática na educação infantil: ideias e práticas correntes. 3. Blocos de conteúdo: números e sistema numérico. 4. Blocos de conteúdo: grandezas e medidas. 5. Blocos de conteúdo: espaço e forma. Unidade 4 • Os Referencias Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e o Ensino da Matemática79/213 Introdução Nesta tema iniciaremos o estudo do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) e o ensino de Matemática. A prática pedagógica nos tem mostrado que o início da aprendizagem de um conhecimento é sempre o mais importante do movimento educacional da criança, pois nele existe a disponibilidade ou não para aprender. A iniciação pode ser responsável pelo desenvolvimento de atitudes frente a aprendizagem que se manifestam numa graduação que vai desde o entusiasmo, curiosidade e busca do conhecimento até a imobilização e o bloqueio da capacidade de aprendê-lo. Se a iniciação a um determinado conhecimento acontecer respeitandoo desenvolvimento da criança e com a criança, ao interagir com a sua atenção, a sua emoção, a sua sensibilidade, é possível que a primeira atitude, a da criatividade, da autodeterminação, passe a ser dominante em todo o processo futuro da aprendizagem. Para o professor, não obstante sua experiência e as teorias que lhe são alcançadas, é sempre um grande desafio aliar à sua prática um modo de ensinar que esteja em sintonia com o movimento natural da criança de querer entender o mundo em que se encontra. Este desafio é ainda maior quando se trata de ensinar matemática. Ciente de que a iniciação matemática é o momento estratégico para a criança desenvolver a base sobre a qual irá se Unidade 4 • Os Referencias Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e o Ensino da Matemática80/213 consolidar a compreensão dos conceitos mais complexos, o professor entende ou é levado a entender que uma base sólida é construída pela quantidade de conceitos que são informados e repetidos pela criança já desde o começo de sua escolarização. Segundo a psicologia, as crianças já nascem com alguns dons matemáticos, pois já faz parte do seu universo. Já na primeira fase da infância envolvem-se com situações de noções numéricas, contagem, quantidade, espaço, como o contar dos dedos, a largada para uma corrida, o repartir algo concreto com os irmãos ou outras crianças, e dessa forma já vão organizando uma identidade referencial de posição, seleção e medidas, que segundo o RCNEI, favorece a elaboração de conhecimentos matemáticos. O ato de fomentar a matemática na criança, é fazê-la contribuir para a sua formação como cidadão-autônomo, expondo suas ideias próprias, argumentando, produzindo o seu próprio conhecimento, aceitando seus erros, buscando a resolução de todos os seus problemas. Em resumo é trabalhá-las não como executoras de instruções, mas ajudando-as a formalizá-las. Unidade 4 • Os Referencias Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e o Ensino da Matemática81/213 Marx e Engels (1984, p. 36) afirmam que: À produção de ideias, de representações, da consciência, está, de início, diretamente entrelaçada com a atividade material e com o intercâmbio material dos homens, como a linguagem da vida real. Desse modo, ao produzirem a sua vida material, os homens produzem, também, valores, crenças, leis, ciência, conhecimento e educação. Nesta perspectiva, as escolas de educação infantil contribuem para a organização dessas informações e estratégias, ajudando as crianças a adquirirem novos conhecimentos matemáticos. Trabalhar as noções matemáticas na educação infantil atende, por um lado, às necessidades das próprias crianças de construírem conhecimentos que incidam nos mais variados domínios do pensamento; por outro, corresponde a uma necessidade social de instrumentalizá-las melhor para viver, participar e compreender um mundo que exige diferentes conhecimentos e habilidades. Nessa situação, o professor funciona como mediador criando zonas de desenvolvimento proximal para a criação dos sentidos e da realidade pela criança. Unidade 4 • Os Referencias Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e o Ensino da Matemática82/213 Para começar a compreendermos melhor esse processo que envolve a matemática na educação infantil, estudaremos algumas ideias e práticas matemáticas na infância. 1. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI O RCNEI compreende uma proposta aberta, flexível e não obrigatória, que tem a finalidade de estruturar as propostas educacionais adequando-as à especificidade e sazonalidade regional do Brasil. Ele teve a participação em âmbito nacional de centenas de especialistas. Para saber mais Zona de desenvolvimento proximal (ZDP) é um conceito central na Psicologia sociocultural ou socio-histórica, formulado originalmente por Vygotsky, na década de 1920. Na explicitação mais difundida, a ZDP é descrita como a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver tarefas de forma independente, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado por desempenhos possíveis, com ajuda de adultos ou de colegas mais avançados ou mais experientes, segundo Maria das Graças de Castro Bregunci (2009). Unidade 4 • Os Referencias Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e o Ensino da Matemática83/213 O documento apresenta as conquistas adquiridas em outros documentos, como o reconhecimento pela própria LDB, denotada pelo MEC. A incorporação no sistema regular da Educação Infantil mostra a sua importância e o reconhecimento do trabalho prévio com a criança, porém a qualidade da ação é ainda um caminho muito difícil a conquistar, uma vez que tem a definição de nortear as perspectivas teóricas no qual os educadores o adotam como psicologizante. Os apontamentos que foram produzidos de 1994 a 1996 pela Coordenação Geral de Educação Infantil (COEDI), do Departamento de Políticas Educacionais, do MEC, conjeturavam o esforço de documentar a realidade enfrentada no país, de que teria de ser feito um Link BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=15547- diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf- 1&Itemid=30192>. Acesso em: 20 out. 2016. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15547-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf-1&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15547-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf-1&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15547-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf-1&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15547-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf-1&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15547-diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf-1&Itemid=30192 Unidade 4 • Os Referencias Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e o Ensino da Matemática84/213 documento que tivesse a fala hegemônica regional, sendo assim que contivesse o respeito e a valorização da pluralidade e multiculturalidade de nossa sociedade. Esse texto apresenta a perspectiva socioconstrutiva, onde a criança é o principal de seu desenvolvimento, na motivação de usar as brincadeiras, como um sistema autônomo e motivado pelo comportamento lúdico, contrastando com a política dos modelos mecanicista da Psicologia. O Referencial tem o propósito de contemplar objetivos a mais para a educação matemática para atender a anseios da sociedade e da própria criança, que ainda está em construção. O Referencial Curricular de 1998 (p. 215) separa os objetivos do ensino da matemática para atender e contemplar os anseios da criança por faixa etária. Para crianças de zero a três anos, a abordagem da matemática tem como finalidade, proporcionar oportunidades para que elas desenvolvam a capacidade de estabelecer aproximações de algumas noções matemáticas presentes no seu dia a dia, (no próximo tema, estaremos dissecando essas noções), como contagem e geometria. Para as crianças de quatro a seis anos, o objetivo é aprofundar e ampliar o trabalho feito na faixa etária de zero a três, garantindo ainda a oportunidade para que sejam capazes de reconhecer e valorizar Unidade 4 • Os Referencias Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e o Ensino da Matemática85/213 os números, as operações numéricas, as contagens orais em seu cotidiano. Com isso, as ideias, as situações-problemas relativas a geometria, a linguagem oral e matemática são formadas, além da capacidade de lidar com situações novas e de conhecimento prévio. 2. Presença da matemática na educação infantil: ideias
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