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FACULDADE DOS GUARARAPES BOA VISTA BACHARELADO EM DIREITO GIOVANE SAMPAIO ROCHA DIREITO PROCESSUAL PENAL ATIVIDADE PRÁTICA RECIFE - PE, MAIO DE 2020 Sentença, latu senso, nada mais é do que o ato judicial que dá fim ao processo, com ou sem julgamento de mérito. A sentença que julga o mérito da causa é conhecida como sentença definitiva, já que nela o magistrado analisou os fatos narrados e seus fundamentos jurídicos. Sentença terminativa é aquela que não julga o mérito, acontece quando o juiz sequer chega a avaliar o que foi pedido na petição inicial. Existem alguns requisitos da sentença, como prevê o art. 381 do CPP, são eles o relatório, a motivação ou fundamentação da decisão e a conclusão final. O relatório nada mais que que um histórico do processo, contendo todos os ato realizados desde o início, possui também as alegações da defesa e da acusação, e o nome das partes que figuram no processo. A motivação, que vem após o relatório, é a fase onde o Magistrado vai apresentar os argumentos que o levou a tomar sua decisão, analisando todos os argumentos trazidos pelas partes, tanto defesa como acusação, do contrário poderá acarretar em nulidade da sentença. Vale lembrar que a motivação das decisões é um princípio constitucional, expresso na Magna Carta, em seu art. 93, XI. E por fim, a conclusão, é a fase da decisão, onde o Juiz apresentará se procede ou não com a ação penal, é a conclusão do pedido, absolvendo ou condenando o réu, e sem esse dispositivo a sentença é inexistente. Deve também nessa última fase constar os artigos aplicados, podendo, com sua falta, haver nulidade. A sentença penal pode ser classificada como condenatória ou absolutória, condenatória quando o juiz reconhece a autoria do réu em relação ao fato típico, decidindo por sua condenação. Será absolutória quando o magistrado julgar improcedente a acusação imputada ao réu, decidindo por sua absolvição. A sentença possui alguns tipos: Executável é aquela que produz efeitos desde o momento de sua prolatação, podendo ser executada de imediato; já a não executável não produz efeitos desde sua prolatação, não podendo ser executada de imediato; suicida quando existe contradição entre a fundamentação e o relatório, sua consequência é a nulidade absoluta; é vazia aquela que não há fundamentação, e autofágica quando é concedido o perdão judicial. Há ainda espécies de sentença, a sentença subjetivamente coletiva, é aquela proferida por um órgão homogêneo; a subjetivamente simples, proferida por um juiz singular e a subjetivamente complexa é proferida por mais de um órgão, como por exemplo a sentença do júri. É relevante, dentro desse tema, discorrer sobre dois institutos muito importantes, a emendatio libelli e a mutatio libelli. De acordo com a emendatio libelli, com previsão no art. 383 do CPP, ocorre quando a denúncia ou a queixa descreve o fato concreto perfeitamente, porém dá a ele uma classificação jurídica diversa. Nesse caso, deverá o Juiz, na hora da sentença, apontar sua correta denominação jurídica. Já a mutatio libelli, como dispõe o art. 384, verificando o Magistrado que o fato que se comprovou com a instrução do processo é diferente daquilo descrito na peça inicial, remeterá o processo ao Ministério Público que deverá aditar a peça inaugural. O documento em análise é uma sentença, uma vez que é um ato judicial que dá fim ao processo, e nesse caso, com decisão de mérito, já que nela o Magistrado analisou os fatos narrados e seus fundamentos jurídicos. Na sentença em estudo há a presença dos elementos essências, ou seja, o relatório, a fundamentação e a conclusão. O nome das partes verifica-se na figura do réu, que configura o polo passivo do processo, o requerido Newton Firmino da Cruz. Já o polo ativo do processo é o Ministério Público de Minas Gerais, na figura de requerente. O fundamento da decisão está presente, visto que o Magistrado julga procedente a punição do réu pelo crime disposto no artigo 299 CP, crime esse de falsidade ideológica. Presentes esses requisitos, a sentença não pode ser considerada nula. Na parte da conclusão da sentença, o Magistrado inicia julgando procedente a punição estatal para o réu, logo em seguida ele começa a dosagem da pena, analisando circunstancias judiciais, como a culpabilidade, onde considera que ele agiu de forma reprovável; os antecedentes, verificando que o réu não possui histórico criminal; a conduta social do indivíduo, a personalidade do agente, os motivos que o levaram a agir de tal forma, as circunstâncias do caso, e as consequências da ação do réu. Por se tratar de uma sentença que condena o réu, podemos classifica-la como sendo do tipo executável, uma vez que produz efeitos desde o momento de sua prolatação. Podemos classificar também como uma sentença condenatória, dado que o juiz reconhece a autoria do réu em relação ao fato típico, decidindo por sua condenação. A sentença é caso de condenação, visto que ficou provado a autoria do réu no crime disposto no art. 299, fixando o Juiz a pena-base privativa de liberdade em dois anos de reclusão e 20 dias multa. Ainda na fase da conclusão, ele observa que não há atenuantes ou agravantes a favor ou contra o réu, mantendo a pena em dois anos de reclusão e pagamento de 20 dias-multa. De acordo com o art. 299, CP, p.ú, observa o Juiz que há causa de aumento de pena, visto que o acusado exercia cargo de funcionário público à época dos fatos. Por conta disso, a pena do acusado foi majorada em 1/6, sendo assim de dois anos e quatro meses de reclusão e pagamento de 23 dias-multa. Foi fixado pelo Magistrado que o inicio da pena de reclusão será cumprida no regime aberto. O juiz considerou que, como o delito ocorreu sem o emprego da força ou grave ameaça, será substituída a pena restritiva de liberdade por duas penas restritivas de direitos, sendo elas prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária. Uma vez que o acusado é primário, diante da ausência de condenação criminal transitada em julgado, o Juiz garantiu ao réu o direito de recorrer a sentença em liberdade. Considerando todos os fatos apresentados e a posteriori analisados, concluo que a sentença em estudo é caso de condenação, visto que ficou provado a autoria do réu no crime disposto no art. 299 código penal, o delito de falsidade ideológica. E dada a sentença final do Magistrado, fica clara a correlação entre o que foi pedido pela acusação e a decisão final do juiz, uma vez que o Magistrado condenou o réu pelo crime que lhe foi imputado na fase da acusação.
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