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AULA 2 - SOLUÇÃO PACIFICA DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS

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SOLUÇÃO PACIFICA DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS
A controvérsia internacional é o litígio que envolve Estados e organizações internacionais, que pode se revestir de qualquer natureza (econômica, política, meramente jurídica etc.) e de qualquer grau de gravidade.
A convivência internacional caracteriza-se por aspectos como os seguintes: a inexistência de um poder central mundial, que sempre possa fazer valer as suas deliberações para os Estados soberanos; 
1º - A igualdade jurídica entre os entes estatais, que por isso não contam com capacidade jurídica de impor seus ditames a outros Estados; 
2º - A soberania nacional e 0 princípio da não-intervenção, que limitam as ingerências de poderes externos nos territórios dos entes estatais;
3º - O fato de a sociedade internacional ser marcada pelo fenômeno da coordenação, e não da subordinação.
Primeiramente, tais meios caracterizam-se pelo voluntarismo que marca o Direito Internacional e, nesse sentido, só podem, em regra, ser acionados com o consentimento dos sujeitos envolvidos na controvérsia a ser examinada.
Para resolver seus diferendos, os Estados e os organismos internacionais poderão agir de ofício ou por impulso de outras entidades, como o Conselho de Segurança da ONU, que poderá convidar as partes em uma controvérsia para solucioná-la, com o emprego de meios como os elencados pelo artigo 33 da Carta das Nações Unidas.
Características dos mecanismos de solução pacífica de controvérsias internacionais.
Devem levar em consideração as particularidades da sociedade internacional
Voluntarismo: dependem, para atuar, do consentimento dos Estados
Admite-se o emprego de mecanismos que não recorram ao Direito como critério para a composição do litígio
Devem, sempre que possível, ser preventivos
Devem ser pacíficos
As listas de meios de solução de conflitos internacionais não são exaustivas
Não há hierarquia entre os mecanismos disponíveis
O rol exemplificativo mais notório de mecanismos de solução pacífica de conflitos internacionais consta do artigo 33 da Carta da ONU, que prevê que os sujeitos de Direito das Gentes procurarão, antes de tudo, chegar a uma solução de seus diferendos "por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial, recurso a entidades ou acordos regionais ou a qualquer outro meio pacífico à sua escolha".
Não há hierarquia entre os mecanismos disponíveis, pelo que os interessados poderão escolher livremente dentre as alternativas existentes, podendo indica-los dentro de tratados que prevejam os procedimentos para regular a composição de eventuais litígios entre as partes ou defini-los após a eclosão de um conflito.
Os meios de solução pacífica de controvérsias internacionais podem ser classificados de duas maneiras: do ponto de vista da compulsoriedade das decisões que proferem, são facultativos e obrigatórios; quanto à fundamentação da decisão que ofereça a solução do litígio, são diplomáticos (ou políticos) e jurídicos.
Os mecanismos facultativos são aqueles cuja decisão não é juridicamente vinculante para as partes, ao passo que os obrigatórios geram deliberações que devem ser observadas pelos envolvidos no conflito. Dentre os meios facultativos encontram-se as negociações diplomáticas, os bons ofícios a mediação, a conciliação, as consultas e o inquérito. A arbitragem e os meios judiciais são obrigatórios.
Os meios diplomáticos e políticos não necessariamente envolvem a aplicação de norma jurídica e abrangem os mecanismos facultativos acima mencionados. Os mecanismos jurídicos, por sua vez, envolvem a aplicação do Direito ao caso concreto e incluem os meios obrigatórios. Boa parte da doutrina divide ainda os mecanismos jurídicos em semi-judiciais (arbitragem) e judiciais (cortes e tribunais internacionais).
MEIOS DIPLOMÁTICOS E POLÍTICOS
Os meios diplomáticos e políticos são também conhecidos como "meios não-jurisdicionais", principalmente porque a solução que buscam nem sempre se fundamentará no Direito.
Os meios diplomáticos caracterizam-se pela manutenção de um diálogo entre as partes divergentes, com o intuito de chegar a uma convergência de idéias que permita a maior satisfação possível dos interesses dos envolvidos na contenda.
Os meios políticos, por sua vez, são praticamente idênticos aos diplomáticos, diferenciando-se destes apenas porque as tratativas entre as partes se desenrolam no seio das organizações internacionais e de seus órgãos, a exemplo da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança da ONU.
Os meios diplomáticos e políticos são fundamentalmente seis: negociação, bons ofícios, consultas, mediação, conciliação e inquérito.
NEGOCIAÇÃO
A negociação é o processo pelo qual os Estados estabelecem entendimentos diretos por meio de contatos, na forma oral ou escrita, que podem incluir a exposição e defesa de posicionamentos sobre os conflitos existentes e eventuais concessões mútuas, com vistas a obter uma solução satisfatória para todos os envolvidos.
As negociações podem ser bilaterais ou multilaterais e podem ocorrer dentro ou fora de organizações internacionais ou de grandes reuniões.
A solução atingida pode resultar de transação (concessões recíprocas), da renúncia (abdicação de interesses) e do reconhecimento (admissão da procedência da pretensão da outra parte).
INQUÉRITO
O inquérito, também conhecido como "investigação" ou fact-finding, não é propriamente um meio de solução de conflitos internacionais. Na realidade, consiste em mecanismo voltado a esclarecer fatos conflituosos, preparando o terreno para o eventual estabelecimento de um meio de solução pacífica de controvérsias e, em algumas hipóteses, sugerindo condutas a seguir. Tem, portanto, caráter investigativo e preliminar a outro meio de resolução de conflitos internacionais e é aplicável quando houver situação pendente de esclarecimento, embora seja de emprego facultativo.
Os inquéritos podem ser conduzidos por um único investigador ou por uma comissão de investigadores.
CONSULTAS
As consultas também não são propriamente um meio de solução de controvérsias. Na realidade, consistem em mecanismo por meio do qual Estados e organizações internacionais mantêm contatos preliminares entre si, com vistas a identificar e a estabelecer, com maior precisão, os temas controversos do relacionamento e a preparar o terreno para uma futura negociação.
BONS OFÍCIOS
Os bons ofícios caracterizam-se pela oferta espontânea de um terceiro, normalmente chamado "moderador", para colaborar na solução de controvérsias. Esse terceiro pode ser Estado, um organismo internacional ou uma autoridade, que se limita a aproximar pacificamente os litigantes e a oferecer lugar neutro para a negociação, sem poder ter qualquer interesse na questão nem se intrometer nas tratativas, sendo vedadas a apresentação de posicionamentos a respeito do litígio ou de propostas de solução do conflito. O moderador pode atuar a partir de pedido das próprias partes em conflito ou pode oferecer-se para tal, devendo, neste caso, ser aceito pelos contendores.
MEDIAÇÃO
A mediação é um mecanismo que conta com o envolvimento de um terceiro que, ao contrário do que ocorre nos bons ofícios, não apenas aproxima as partes, mas propõe uma solução pacífica para o conflito, tomando, portanto, parte ativa nas tratativas e tentando influenciar as partes no esforço de resolver o problema.
A mediação termina quando suas atividades chegam a bom termo, encerrando o conflito, ou quando as partes recusam as propostas do mediador. Ao contrário do árbitro, cuja decisão é obrigatória para as partes, o mediador pode ou não ter suas conclusões aceitas pelos litigantes, sem que isso traga consequências jurídicas.
CONCILIAÇÃO
A conciliação é muito semelhante à mediação. Entretanto, caracteriza-se especialmente pela existência não de um mediador, mas de um órgão de mediação, comumente chamado de "comissão de conciliação", com número ímpar de membros e, em geral, formado por representantes das partes em conflito e por pessoas neutras. A comissão de conciliação examina um litígio e, ao final, deveemitir parecer ou relatório, propondo os termos da solução da contenda, que as partes litigantes poderão aceitar ou rejeitar. Portanto, a proposta dos conciliadores não tem força vinculante.
MEIOS SEMI-JUDICIAIS: A ARBITRAGEM INTERNACIONAL
Os meios semi-judiciais são aqueles cujo resultado é uma decisão fundamentada no Direito e juridicamente vinculante para as partes, mas que não é proferida por um órgão jurisdicional permanente.
Até o momento, o único meio semi-judicial é a arbitragem. Os mecanismos semi-judiciais de solução de controvérsias distinguem-se dos meios diplomáticos e políticos principalmente no que concerne à decisão que produzem, que é obrigatória para as partes e fundamentada em norma jurídica. Diferenciam-se, por sua vez, dos meios judiciais, por serem uma solução ad hoc, que emana de órgãos não permanentes. 
Conceito completo, que abrange os principais aspectos do tema, é pronunciado por Guido Soares, que define a arbitragem como "o procedimento de solução de litígios entre os Estados pelo qual os litigantes elegem um árbitro ou um tribunal composto de várias pessoas, em geral escolhidas por sua especialidade na matéria envolvida e portadoras de grandes qualidades de neutralidade e imparcialidade, para dirimir um conflito mais ou menos delimitado pelos litigantes, segundo procedimentos igualmente estabelecidos diretamente por eles, ou fixados pelo(s) árbitro(s), por delegação dos Estados instituidores da arbitragem".
Normalmente, um tribunal arbitral é composto por três membros, dois da nacionalidade de cada uma das partes envolvidas e um terceiro, escolhido de comum acordo pelos litigantes, de nacionalidade diversa. A decisão de submeter uma controvérsia à arbitragem é normalmente feita pelas próprias partes em conflito, por meio da chamada "cláusula compromissória", constante do tratado cujos dispositivos são objeto da contenda ou de tratado geral sobre a matéria, ambos prévios ao litígio e que definem os poderes dos árbitros, o procedimento da arbitragem e outras questões relevantes. Entretanto, nada impede que as partes submetam a lide à arbitragem depois de seu aparecimento a partir de um "compromisso arbitral", feito por meio de outro tratado que estipule suas condições.
Uma vez iniciada a arbitragem, a decisão dos árbitros é obrigatória para as partes e deve ser cumprida de boa-fé, e o descumprimento do laudo arbitral configura ilícito internacional.
MEIOS JUDICIAIS
Os mecanismos judiciais de solução de controvérsias são aqueles que funcionam por meio de órgãos jurisdicionais em regra pré-existentes e permanentes, cuja principal expressão concreta são as cortes e os tribunais internacionais, que atuam em moldes semelhantes a seus congêneres nacionais.
ATENÇÃO: é comum que os Estados, mesmo que sejam partes nos tratados que regulam o funcionamento de cortes internacionais, normalmente não possam ser julgados portais foros se não houver uma manifestação de vontade adicional, referente à aceitação da competência contenciosa do órgão jurisdicional.
CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA
A Corte Internacional de Justiça é o principal órgão jurisdicional da ONU e é competente para conhecer de conflitos entre Estados relativos a qualquer tema de Direito Internacional.
Os magistrados da Corte serão escolhidos não segundo um critério de repartição geográfica ou de nacionalidade, mas sim de representatividade dos principais sistemas jurídicos mundiais. Não poderá haver, porém, mais de um juiz da mesma nacionalidade.
Ao contrário dos órgãos jurisdicionais internos, a CIJ tem competência contenciosa e consultiva. 
No exercício da competência contenciosa, a Corte julga litígios entre Estados, examinando processos que resultam numa sentença e atuando, portanto, de forma semelhante aos órgãos jurisdicionais internos. 
Cabe ressaltar que somente Estados podem ser partes perante a CIJ, a teor do artigo 34, par. 10, do Estatuto da Corte.
Em princípio, apenas aqueles entes estatais que sejam signatários do Estatuto da CIJ podem ser partes em questões perante a Corte. Entretanto, Estados que não sejam signatários do Estatuto ou mesmo partes da ONU também podem ser partes em processos examinados pela CÍJ, dentro de parâmetros a serem estabelecidos pelo Conselho de Segurança.
A Corte poderá examinar todas as controvérsias de ordem jurídica que tenham por objeto: a interpretação de um tratado; qualquer ponto de Direito Internacional; a existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria violação de um compromisso internacional e; d) a natureza ou extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional.
A CIJ não tem competência automática sobre os Estados, não sendo estes, portanto, automaticamente jurisdicionáveis perante a Corte de Haia. Por essa razão, a mera existência de controvérsia relativa à aplicação de norma internacional não autoriza que a Corte examine um litígio entre Estados. Com isso, o ente estatal, ainda que seja parte do Estatuto da CIJ, só pode ser obrigado a se submeter a processo na Corte com seu consentimento.
A sentença é definitiva, inapelável e obrigatória para as partes em litígio e deve ser cumprida de boa-fé, o descumprimento da sentença da CIJ enseja a responsabilidade internacional do violador e a possibilidade de ação do próprio Conselho de Segurança da ONU para garantir sua execução.
MEIOS COERCITIVOS
Os meios coercitivos de solução de controvérsias visam, em tese, a solucionar conflitos internacionais quando fracassaram meios diplomáticos, políticos e jurisdicionais. Na prática, porém, acabam sendo empregados a qualquer momento e segundo os interesses dos Estados. Em todo caso, a atual importância que a sociedade internacional atribui à composição pacífica dos litígios vem levando a que o emprego de tais meios tenha cada vez menos prestígio, pelo menos no campo jurídico.
Os principais meios coercitivos de solução de conflitos internacionais são a retorsão, as represálias, o embargo, o bloqueio, o boicote, o rompimento de relações diplomáticas e as operações militares de organismos internacionais autorizados para tal.
A retorsão é a reação de um Estado equivalente ao ato ou à ameaça de outro ente estatal. Exemplo de retorsão seria o Brasil passar a exigir visto de cidadãos de Estado que começou a demandar visto de brasileiros. É permitido.
As represálias são as ações ilícitas de um Estado contra outro ente estatal que violou seus direitos. São "o ato ilícito com que certo ente estatal pretende penitenciar outro ilícito praticado por seu homólogo"16. São proibidas pelo Direito Internacional.
O embargo é o "seqüestro de navios e cargas de outro Estado que se encontram em portos ou águas territoriais do Estado executor do embargo, em tempo de paz". Não é admitido pelo Direito Internacional.
O bloqueio é o ato pelo qual um Estado emprega suas forças armadas para impedir que um ente estatal mantenha relações comerciais com terceiros. É entendido como um tipo de represália e é, portanto, proibido pelo Direito Internacional, inclusive porque pode causar danos graves para a dignidade das pessoas.
O boicote é a interrupção das ações com outro Estado, especialmente no campo econômico-comercial pode ocorrer diante da violação de uma norma de Direito das Gentes mas, na prática, costuma ter lugar independentemente de fatos do tipo, podendo funcionar especialmente como instrumento político.
O rompimento das relações diplomáticas é o fim do direito de legação, que leva à retirada recíproca dos diplomatas dos dois Estados. Na prática, normalmente também é resposta a conflitos de caráter político, não jurídico.
QUESTOES
A mediação é meio diplomático de resolução de conflitos internacionais e a arbitragem, meio jurídico de solução de tais conflitos.
Tanto a Assembléia Geral quanto o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) são instâncias políticas de solução de conflitos internacionais.

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