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CAPÍTULO XVII SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS 1. CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS Como em todos os âmbitos da vida humana, também há conflitos de interesses dentro da sociedade internacional. A controvérsia internacional é, tecnicamente, o litígio que envolve Estados e organizações internacionais, que pode se revestir de qualquer natureza (econômica, política, meramente jurídica etc.) e de qualquer grau de gravidade. Na esfera nacional, o Estado é o encarregado, cm última instância, de providenciar a adequada composição de interesses em confronto por meio de suas leis e de seus órgãos competentes, para o que conta com um poder soberano, capaz de impor aos membros da sociedade nacional as suas determinações, se preciso for. Entretanto, os conflitos que ocorrem na seara internacional não podem, via de regra, ser solucionados da mesma maneira, o que se deve, fundamcntalmente, à forma pela qual a sociedade internacional está organizada do ponto de vista jurídico. Com efeito, a convivência internacional caracteriza-se por aspectos como os seguintes: a inexistência de um poder central mundial, que sempre possa fazer valer as suas deliberações para os Estados soberanos; a igual dade jurídica en tre os entes estatais, que por isso n ão c o n tam cotn capacidade jurídica de impor seus ditames a o u tro s Estados; a soberania nacional e o princípio da não in te rvenção , que limitam as ingerências de poderes ex tem os nos territórios dos entes estatais; c o fato de a sociedade internacional ser marcada pelo fenômeno da coordenação, e não da subordinação. Com isso, emerge a necessidade de conceber meios de solução de controvérsias interna cionais que levem em conta as particularidades da sociedade internacional. 1.1. Mecanismos de solução de controvérsias internacionais: características Os meios de solução de controvérsias internacionais são os instrumentos voltados a promover a composição dos litígios na sociedade internacional. Primeiramente, tais meios caracterizam-se pelo voluntarismo que marca o Direito Interna cional e, nesse sentido, só podem, cm regra, ser acionados com o consentimento dos sujeitos envolvidos na controvérsia a ser examinada. Como é sabido, muitos fatores conduzem a dinâmica das relações internacionais, a maioria dos quais alheios ao universo jurídico, como a economia e a política. Nesse sentido, o próprio DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO - Paulo Henrique Gonçalves Portela620__ Direito Internacional admite a possibilidade de que os mecanismos de solução de controvérsias internacionais considerem alternativas de solução dos litígios que não recorram ao universo jurídico, como os meios diplomáticos c políticos, desde que não violem princípios básicos do Direito das Gentes. Entretanto, ainda que muitos fatores possam conduzir as relações internacionais, a exemplo do poderio militar, os meios de solução de controvérsias internacionais devem ser pacíficos, à luz do princípio de que não é permitido o uso da força nas relações internacionais, e do fato de que a composição pacífica dos conflitos é um dos objetivos dos Estados membros das Nações Unidas. Com isso, a guerra não c entendida como meio lícito de resolução de litígios internacionais, salvo nas h ipóteses permitidas pelo Direito das Gentes, que se restringem à legítima defesa ou ao inicrcsse da comunidade internacional em m a n te r ou re s ta u ra r a paz. Os mecanismos de solução de con trovérsias internacionais deverão também, quando possível, scr preventivos, como afinna Soares, para quem tais meios são “instrumentos elabo rados pelos Estados c regulados pelo Direito Internacional Público, para colocar fim a uma situação de conflito de interesses e até mesmo com a finalidade de prevenir a eclosão de uma situação que possa degenerar numa oposição definida e formalizada em polos opostos”.1 Pai a resolver seus diferendos, os Estados e os organismos internacionais poderão agir de ofício ou por impulso de outras entidades, como o Conselho de Segurança da ONU, que poderá convidar as partes cm uma controvérsia para solucioná-la, com o emprego de meios como os elencados pelo artigo 33 da Carta das Nações Unidas. Quadro 1, Características dos mecanismos de solução pacífica de controvérsias internacionais • D e v e m le v a r e m c o n s id e r a ç ã o a s p a r t i c u l a r id a d e s d a s o c ie d a d e in te rn a c io n a l • V o lu n tu r ism o : d e p e n d e m , p a ra a tu a r , d o c o n s e n t im e n to d o s E s ta d o s • A d m ite -s e o e m p re g o d e m e c a n is m o s q u e n ã o re c o r ra m a o D ire i to c o m o c r i t é r io p a ra a c o m p o s i ç ã o d o litíg io • D e v e m , s e m p r e q u e p o s s ív e l, s e r p r e v e n t iv o s • As l is ta s d e m e io s d e s o lu ç ã o d e c o n f l i to s in te r n a c io n a is n ã o s ã o e x a u s t iv a s • N ão h á h ie r a r q u ia e n t r e o s m e c a n is m o s d is p o n ív e is 2 . M EIOS DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS: O ARTIGO 33 DA CARTA DA ONU O rol mais notório de mecanismos de solução pacífica de conflitos internacionais co n sta do artigo 33 da Carta da ONU, que prevê que os sujeitos de Direito das Gentes procurarão, an tes de tudo, chegar a uma solução de seus diferendos “por negociação, inquérito , mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial, recurso a entidades ou acordos regionais ou a qual - quer o u tro meio pacífico à sua escolha”. A lista em apreço não é, porém, exaustiva e, nesse sentido, não exclui ou tro s meios de solução de controvérsias que permitam alcançar a resolução de u m a lide, desde que pacíficos. A OEA, por exemplo, inclui nesses mecanismos os “bons ofícios” e os “especialmente combi nados, em qualquer m o m en to , pelas partes” (Carta da OEA, arts. 25 e 26). 1 . SOARES, Guido Fernando S ilva. C u rs o d e d ir e i to in te r n a c io n a l p ú b lic o , p. 16 3 . Cap.XVII • SOLUÇÃO PACIFICA DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS Não há hierarquia en tre os mecanismos disponíveis, pelo que os interessados poderão escolher livremente dentre as alternativas existentes, podendo indicá-los dentro de tratados que prevejam os procedimentos para regular a composição de eventuais litígios en tre as p artes ou defini-los após a eclosão de um conflito. Os meios de solução pacífica de controvérsias internacionais podem ser classificados de duas maneiras: do ponto de vista da compulsoriedade das decisões que proferem, são facul tativos e obrigatórios; quanto à fundamentação da decisão que ofereça a solução do litígio, são diplomáticos (ou políticos) e jurídicos.2 Os mecanismos facultativos são aqueles cuja decisão não é juridicamente vinculante para as partes, ao passo que os obrigatórios geram deliberações que devem ser observadas pelos envolvidos no conflito. Dentre os meios facultativos encontram-se as negociações diplomá ticas, os bons ofícios a mediação, a conciliação, as consultas e o inquérito. A arbitragem e os meios judiciais são obrigatórios. Os meios diplomáticos e políticos não necessariamente envolvem a aplicação de norma jurídica e abrangem os mecanismos facultativos acima mencionados. Os mecanismos jurí dicos, por sua vez, envolvem a aplicação do Direito ao caso concreto e incluem os meios obrigatórios. Boa parte da doutrina divide ainda os mecanismos jurídicos em semijudiciais (arbitragem) e judiciais (cortes e tribunais internacionais). Quadro 2. Classificação dos mecanismos de solução de controvérsias internacionais QUANTO À COMPULSORIEDADE DE SUAS DECISÕES QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO • O b r ig a tó r io s • F a c u lta t iv o s • D ip lo m á tic o s e p o lí t ic o s : n ã o ju r i s d ic io n a is • J u r is d ic io n a is / ju r íd ic o s ( s e m iju d ic ia is e ju d ic ia is ) 3. MEIOS DIPLOMÁTICOS E POLÍTICOS Os meios diplomáticos c políticos são também conhecidos como “meios não jurisdi- cionais”,principalmente porque a solução que buscam nem sempre se fundamentará no Direito. Os meios diplomáticos caracterizam-se pela manutenção de um diálogo entre as partes divergentes, com o intuito de chegar a uma convergência de idéias que permita a maior satisfação possível dos interesses dos envolvidos na contenda. Os meios políticos, por sua vez, são praticamente idênticos aos diplomáticos, dife renciando-se destes apenas porque as tratativas entre as partes se desenrolam no seio das organizações internacionais e de seus órgãos, a exemplo da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança da ONU. Os meios diplomáticos e políticos são fundamentalmente seis: negociação, bons ofícios, consultas, mediação, conciliação e inquérito. Bregalda inclui também os “serviços amistosos". 2. N o m e s m o s e n t id o : SOARES, C u id o F e r n a n d o S ilv a . Curso de d ire ito in te rn a c io n a l p ú b lico , p . 1 6 4 . DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO - Paulo Henrique Gonçalves Portela pelo qual o Estado indica um diplomata para negociar a solução de uma controvérsia, sem maior aspecto ofícial3. 3.1. Negociação A negociação é o processo pelo qual os Estados estabelecem entendimentos diretos por meio de contatos, na forma oral ou escrita, que podem incluir a exposição e defesa de posi cionamentos sobre os conflitos existentes e eventuais concessões m ú tu as, com vistas a obter uma solução satisfatória para todos os envolvidos. As negociações podem ser bilaterais ou multilaterais e podem ocorrer dentro ou fora de organizações internacionais ou de grandes reuniões. Em geral, são anteriores ao emprego de outros meios de solução de conflitos, mas nada impede que ocorram em momento diverso. Normalmente, envolvem funcionários especializados em matéria internacional, os diplomatas, bem como outros funcionários públicos e, eventualmente, representantes de entes privados, desde que o tema da negociação seja de seu interesse. Em regra, as negociações não se revestem de maior formalidade, seguindo a proccssualís- tica estabelecida para cada caso. Em todo caso, Amaral Júnior lembra que já existem tratados voltados a pautar o funcionamento das negociações internacionais, estabelecendo prazos para sua conclusão e consequências para o comportamento das partes.4 É o que ocorre dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC), quando as negociações voltadas a resolver conflitos relativos ao comércio internacional devem chegar ao fim dentro de certo prazo, após o qual a parte reclamante poderá requerer a instalação de um painel (panei), que examinará o conflito, com vistas a resolvê-lo. A solução atingida pode resultar de transação (concessões recíprocas), da renúncia (abdicação de interesses) e do reconhecimento (admissão da procedência da pretensão da outra parte).5 3.2. Inquérito O inquérito, também conhecido como “investigação'’ oufactfinding,6 não é propriamente um meio de solução de conflitos internacionais. Na realidade, consiste em mecanismo voltado a esclarecer fatos conflituosos, preparando o te rre n o para o eventual estabelecimento de um meio de solução pacífica de controvérsias e, em algumas hipóteses, sugerindo condutas a seguir.7 Tem, portanto, cará te r investigativo e preliminar a o u tro meio de resolução de conflitos internacionais e é aplicável quando houver situação pendente de esclarecimento, embora seja de emprego facultativo. Os inquéritos podem scr conduzidos por um único investigador ou por uma comissão de investigadores, que normalmente são especialistas técnicos em determinada matéria, não 3 . BREGALDA, G u s ta v o . Direito internacional público e direito internacional privado, p . 1 0 L 4 . AM ARAL JÚ N IO R , A lb e r to d o . Manual do candidato; d i r e i to I n te r n a c io n a l , p . 3 0 0 . 5 . AM ARAL JÚ N IO R , A lb e r to d o . Manual do candidato: d i r e i to I n te rn a c io n a l , p . 1 0 0 . 6 . BREGALDA, G u s ta v o . Direito internacional público e direito internacional privado, p . 1 0 4 . 7. N e s s e s e n t i d o : SOARES, G u id o F e rn a n d o S ilva . Curso de direito internacional público, p . 167 . Cap.xvn • SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS 623 se lhes exigindo imparcialidade.8 Quando nascem dentro de organizações internacionais, normalmente obedecem ao que estiver disposto a respeito nos tratados que regulam a ativi dade da entidade. Podem ser regidos também pelos próprios acordos, cujas normas sejam objeto do inquérito. 3.3 . Consultas As consultas também náo são propriamente um meio de solução de controvérsias. Na realidade, consistem em mecanismo por meio do qual Estados e organizações internacionais mantêm contatos preliminares entre si, com vistas a identificar c a estabelecer, com maior precisão, os temas controversos do relacionamento e a preparar o terreno para uma futura negociação. 3 .4 . Bons ofícios Os bons ofícios caracterizam-se pela oferta espontânea de um terceiro, normalmente chamado “moderador”, para colaborar tia solução de c o n t r o v é r s i a s . Esse terceiro pode ser Estado, um organismo internacional ou uma autoridade, que se limita a aproximar pacifica- m e n t e os litigantes e a oferecer lugar n e u t r o para a negociação, sem poder t e r qualquer i n t e r e s s e na questão nem se intrometer nas tratativas, sendo vedadas a apresentação de posicionamentos a respeito do litígio ou de propostas de solução do conflito. O moderador pode a t u a r a partir de pedido das próprias partes em conflito ou pode oferecer-se para tal, devendo, n e s t e caso, ser aceito pelos contendores. 3.5. M ediação A mediação é um mecanismo que conta com o envolvimento de um terceiro que, ao contrário do que ocorre nos bons ofícios, não apenas aproxima as partes, mas propõe uma solução pacífica para o conflito, tomando, portanto, parte ativa nas tratativas e tentando influenciar as partes no esforço de resolver o problema. O mediador pode ser pessoa natural, Estado ou organismo internacional, apontado ou aceito pelos envolvidos na co n tro v é rs ia com iundamento cm compromisso anterior ou a partir da vontade dos litigantes, expressa dentro de um conflito já em curso. A propósito, a mediação pode ser facultativa o u , quando estiver prevista em tratado, obrigatória. Pode também ser oferecida ou solicitada e, ainda, ser individual ou coletiva, dependendo do número de mediadores.9 Por fim, o mediador poderá ser rejeitado pelas partes o u recusar o encargo. A mediação t e r m i n a quando suas atividades chegam a bom t e r m o , encerrando o conflito, ou quando as p a r t e s recusam as propostas do mediador. Ao c o n t r á r i o do árbitro, cuja decisão é obrigatória para as partes, o mediador pode ou não t e r suas conclusões aceitas pelos litigantes, sem que isso t r a g a consequências jurídicas. 8. AMARAL J Ú NIOR, Alberto do. M a n u a l do ca n d id a to : direito internacional, p. 301. 9 . BREGALDA, G u s ta v o . D ire ito in te rn a c io n a l p ú b lic o e d ire ito in te rn a c io n a l p r iv a d o , p . 1 02 . 624 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO - Paulo Henrique Gonçalves Portela 3.6. Conciliação A conciliação é muito semelhante à mediação. Entretanto, caracteriza-se especialmente pela existência não de um mediador, mas de um órgão de mediação, comumente chamado de “comissão de conciliação”, com número ímpar de membros e, em geral, fonnado por representantes das partes cm conflito e por pessoas neu tras. A comissão de conciliação examina um litígio c, ao final, deve emitir parecer ou rela tório, propondo os t e r m o s da solução da contenda, que as partes litigantes poderão aceitar o u rejeitar. Portanto, a proposta dos conciliadores não t e m força vinculante. 4. MEIOS SEMIJUDICIAIS: A ARBITRAGEM INTERNACIONAL Os meios semijudiciais são aqueles cu jo resultado é uma decisão fundamentada no Direito e juridicamente vinculante para as partes, mas que não é proferidapor um órgão jurisdicional permanente- Até o momento, o único meio semijudicial é a arbitragem. Os mecanismos semijudiciais de solução de controvérsias distinguem-se dos meios diplo máticos e políticos principalmente no que concerne à decisão que produzem, que é obrigatória para as partes e fundamentada em norma jurídica. Diferenciam-se, por sua vez, dos meios judiciais, por serem uma solução cidhoc, que emana de órgãos não permanentes. Entretanto, Bregalda elenca a arbitragem entre os meios jurisdicionais10. No presente capítulo, examinaremos apenas a arbitragem internacional que envolva Estados e organizações internacionais. Na Parte II, Capítulo VI, estudaremos a arbitragem em conflitos e n t e s pmudos cuja relação tenha conexão internacional. 4.1. N oções gerais: o s árbitros, o processo e o laudo arbitrai A arbitragem é prática antiga, que já era encontrada, por exemplo, no Egito Antigo, no Império Romano e nas ações do Papado, na Idade Média. Foi também empregada pelo Brasil, dentro do esforço de definição das fronteiras nacionais, levado a cabo pelo Barão do Rio Branco no final do século XIX e no início do século XX. Entretanto, a arbitragem vem adquirindo crescente prestígio na atualidade como meio de solução de controvérsias alternativo ao Judiciário, do qual sc distingue especialmente pela maior celeridade e pela atenção aos aspectos técnicos envolvidos nos litígios. Com isso, é cada vez mais empregada nos âmbitos internacional e interno. Em linhas gerais, a arbitragem internacional é um mecanismo de solução de controvérsias que funciona por meio de um órgão arbitrai, composto por árbitros de um ou mais Estados, com notória especialidade na matéria envolvida e cuja decisão tem caráter vinculante. Conceito completo, que abrange os principais aspectos do tema, é pronunciado por Guido Soares, que define a arbitragem como “o procedimento de solução de litígios entre os Estados 10 . BREGALDA, G ustavo. D ir e i to in te r n a c io n a l p ú b l ic o e d ir e i to in te r n a c io n a l p r iv a d o , p. 10 5 -10 6 . Cap. XVII • SOLUÇÃO PACIFICA DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS pelo qual o s litigantes elegem um árbitro ou um tribunal c o m p o s t o de v á r i a s pessoas, em geral escolhidas por sua especialidade na m a t é r i a envolvida e portadoras de grandes qualidades de neutralidade e imparcialidade, para dirimir um conflito mais o u m e n o s delimitado pelos litigantes, segundo procedimentos igualmente estabelecidos diretamente por eles, ou fixados pelo(s) árbitro(s), por delegação dos Estados instituidores da arbitragem”11. Normalmente, um tribunal arbitrai é composto por três membros, dois da nacionalidade de cada uma das partes envolvidas e um terceiro, escolhido de comum acordo pelos litigantes, de nacionalidade diversa. A decisão de submeter uma c o n t r o v é r s i a à arbitragem é normalmente feita pelas próprias p a r t e s em conflito, por meio da chamada “cláusula compromissória”, constante do tratado cujos dispositivos são objeto da contenda ou de tratado geral sobre a matéria, ambos prévios ao litígio e que definem os poderes dos árbitros, o procedimento da arbitragem e o u t r a s q u e s t õ e s relevantes. Entretanto, nada impede que a s partes submetam a lide à arbitragem depois de s e u aparecimento a partir de um “compromisso arbitrai”, feito por meio de o u t r o tratado que estipule suas condições. Os Estados não estão, p o r t a n t o , obrigados a s e submeterem ao procedimento arbitrai, o que só a c o n t e c e r á a partir de s u a vontade. Entretanto, uma v e z iniciada a arbitragem, a decisão dos árbitros c obrigatória para as p a r t e s e deve s e r cumprida de boa-fé, e o descumprimento do laudo arbitrai configura ilícito internacional. Os árbitros devem contar com poderes predeterminados, estabelecidos pelos litigantes dentro da cláusula compromissória ou do compromisso arbitrai. Em regra, em caso de obscu ridade ou de omissão, os árbitros podem definir as regras do processo de arbitragem em que atuarão e interpretar os textos relativos à sua competência. Cabe ressaltar que os árbitros não são simples mandatários ou prepostos das partes, embora não possam extrapolar suas competências e interpretar extensivamente as normas relativas aos respectivos mandatos. Em qualquer caso, porém, o parâmetro de atuação dos árbitros é jurídico, não lhes cabendo cumprir o papel de mediadores ou de conciliadores, exercer bons ofícios ou proferir reco mendações de teor político. O documento escrito que formaliza a decisão dos árbitros é o laudo ou s e n t e n ç a arbitrai que, como afirmamos anteriormente, é obrigatório e deve ser cumprido de boa-fé pelas p a r t e s , nos t e r m o s do princípio pada sunt servanda. Normalmente, não cabe recurso do laudo arbitrai, que é, desse modo, definitivo, o que não exclui, porém, a recorribilidade da s e n t e n ç a arbitrai em alguns âmbitos, como uo Mercosul, que acolhe a possibilidade de reexame do caso pelo Tribunal Permanente de Revisão. A arbitragem tem caráter adhoc. Nesse sentido, no momento em que é proferido o laudo, cessam as funções dos árbitros e a jurisdição do tribunal arbitrai, que não podem mais inter ferir no caso nem para obrigar ao cumprimento da decisão proferida. O caráter temporário dos foros arbitrais, que encerram suas atividades quando decidem acerca dos litígios que examinam, opõe-se à permanência dos órgãos jurisdicionais internacionais, que continuam a atuar após tomar uma decisão. Em todo caso, nada impede que os árbitros estejam vinculados 11. SOARES, Guido Fernando Silva. Curso de direito internacional público, p. 171. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO - Paulo Henrique Gonçalves Portela a uma instituição permanente especializada em arbitragem, com procedimentos próprios e listas de árbitros disponíveis para os interessados, como a Corte Pennanente de Arbitragem da Haia. Por fim, dentre os tratados e instrumentos gerais sobre arbitragem válidos para o Brasil encontramos: o Protocolo relativo a Cláusulas de Arbitragem (Decreto 21.187, de 23/03/1932); a Convenção sobre o Reconhecimento e a Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras (Convenção de Nova Iorque de 1958 - Decreto 4.311, de 23/07/2002); a Convenção Interame- ricana sobre Arbitragem Comercial Internacional (Convenção do Panamá de 1975 - Decreto 1.902, de 09/05/1996); e o Acordo sobre Arbitragem Comercial Internacional do Mercosul (Acordo de Buenos Aires - Decreto 4.719, de 04/06/2003). MEIOS JUDICIAIS Os mecanismos judiciais de solução de controvérsias são aqueles que funcionam por meio de órgãos jurisdicionais em regra pré-existentes e permanentes, cuja principal expressão concreta são as cortes e os tribunais intemacionais, que atuam em moldes semelhantes a seus congêneres nacionais. Em linhas gerais, concepções antigas de soberania, ciosas da intervenção externa nos assuntos dos Estados, constituem óbice evidente para tomar viáveis iniciativas voltadas a criar órgãos jurisdicionais internacionais capazes dc efetivamente influenciar as relações internacio nais. Com isso, a prática revela que ainda são relativamente poucas as cortes internacionais, as quais contam, ademais, com poderes muito limitados. Entretanto, a maior complexidade da vida internacional vem demonstrando a impor tância de que existam órgãos jurisdicionais efetivamente capazes de contribuir para a maior estabilidade da vida internacional por meio do exercício da atividade de dirimir conflitos. Com isso, começaram a aparecer tribunais internacionais, dentre os quais destacamos a Corte Internacional de Justiça (CIJX a Corte Interamericana de Direitos Humanos, a Corte Européia de Direitos Humanos e o Tribunal Penal Internacional (TPI). Em todo caso, no atual estágio do desenvolvimento da sociedade internacional, a maioria das cortes internacionais só pode atuar com o consentimento expresso dos Estados, eviden ciadoquando estes criam tais órgãos, por meio de tratados, e/ou quando o ente estatal concorda em se submeter a processo nesses foros, o que ocorre por disposição de ato inter nacional, em cada conflito específico ou em decorrência da adoção de cláusulas de aceitação de competência contenciosa, a partir das quais o Estado fica sujeito a ser réu em processos em tribunais internacionais, ainda que contra sua vontade. Os meios jurisdicionais de solução de controvérsias internacionais diferenciam-se, portanto, dos juizes e tribunais nacionais, aos quais todas as pessoas que se encontram em um Estado devem sempre se submeter, ainda que contra a sua vontade. ATENÇÃO: é c o m u m q u e o s E s ta d o s , m e s m o q u e s e ja m p a r t e s n o s t r a t a d o s q u e re g u la m o f u n c io n a m e n to d e c o r t e s i n te r n a c io n a i s , n o r m a lm e n te n ã o p o s s a m s e r ju lg a d o s p o r t a i s f o r o s s e n ã o h o u v e r u m a m a n i f e s ta ç ã o d e v o n ta d e a d ic io n a l , r e f e r e n t e à a c e i t a ç ã o d a c o m p e tê n c ia c o n te n c io s a d o ó r g ã o ju r is d ic io n a l . Cap. XVII . SOLUÇÃO PACtFICA DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS Os tribunais internacionais nomialmente são criados por tratados, que regulam seu funcionamento c suas hipóteses de atuação. Em geral, são dotados de certo grau de insti tucionalização e são permanentes, embora também haja tribunais aá hoc, voltados a julgar apenas pessoas e entidades envolvidas com situações específicas, como é o caso do Tribunal Penal Internacional para os Crimes Cometidos em Ruanda, que encerrará suas atividades tão logo examine todos os a t o s cometidos durante o s conflitos ocorridos naquele país em 1994 e que sejam de sua alçada. Tradicionalmente, os tribunais internacionais aceitavam como partes apenas Estados soberanos. Entretanto, já há tribunais que aceitam indivíduos como réus, como é o caso do Tribunal Penal Internacional (TPI). A Corte Européia de Direitos Humanos, por sua vez, aceita que casos sejam a ela submetidos por indivíduos, grupos de indivíduos ou organizações não governamentais. Por fim, tribunais como a Corte Européia dc Direitos Humanos e a Corte Interamericana dc Direitos Humanos aceitam a participação de terceiros como amicus curiae. | ATENÇÃO: é c o m u m q u e c o r t e s c o n s t i tu c io n a i s , c o r t e s s u p r e m a s o u t r i b u n a i s e ju iz e s d e E s ta d o s s o b e r a n o s ] | t a m b é m e x a m in e m q u e s t õ e s e n v o lv e n d o n o r m a s d e D ire ito In te rn a c io n a l . E n t r e ta n to , t a i s q u e s t õ e s r e f e r e m - s e i à a p l ic a ç ã o d o D ire i to d a s G e n te s d e n t r o d o s r e s p e c t iv o s t e r r i tó r io s , n ã o a c o n t r o v é r s ia s in te rn a c io n a i s e , n e s s e 1 i s e n t id o , n ã o s e p o d e a f i r m a r q u e t a i s c o r t e s e t r i b u n a i s c o n s t i tu e m m e c a n is m o s d e s o lu ç ã o d e c o n t r o v é r s ia s i in te r n a c io n a i s . t 5.1. Corte Internacional d e Justiça A Corte Internacional de JustÍÇa (CIJ) foi criada em 1945 c sucedeu a Corte Perma nente de Justiça Internacional (CPJI), que funcionou entre 1922 e 1946. É sediada na Haia (Holanda). A C1J é o principal órgão jurisdicional da O N U e é competente para conhecer de conflitos entre Estados relativos a qualquer tema de Direito Internacional. r - ----— — — — — — — — — — — ----------- — — — — -------— — -------- ------------------------------------------------------------------------------------------ ---------- - t I i [ ATENÇÃO: p o r s e r o p r in c ip a l ó r g ã o ju r is d ic io n a l d a s N a ç õ e s U n id a s , a CIJ n ã o é o ú n ic o tr ib u n a l q u e p o d e e x is t i r [ | d e n t r o d a O N U , n o S is te m a d a s N a ç õ e s U n id a s o u n a o r d e m in te rn a c io n a l , n ã o e x c lu in d o , p o r t a n t o , a c r ia ç ã o j i c o f u n c io n a m e n to d c o u t r a s c o r t e s in te rn a c io n a i s . t i i l. —---------------— — - - —---------------------_____ ------------------------------------------------------------------------------- — — —----------------------------------- -------------------------------J A Ç IJ é regida pelo Estatuto da Corte Internacional de Justiça (Estatuto da CIJ)- que é uma mera adaptação do Estatuto da C PJ I e do qual devem fazer parte todos os Estados membros da CIJ- A C IJ e formada por quinze juizes, eleitos pela Assembleia-Geral e pelo Conselho de Segurança da ONU, em votação na qual não pode haver veto, para mandatos de nove anos, com direito a reeleição. Deverão ser eleitos sem atenção à sua nacionalidade, dentre pessoas que gozem de alta consideração moral e possuam as condições exigidas em seus respectivos países para o desempenho das mais altas funções judiciárias ou que sejam jurisconsultos de reconhecida competência em direito internacional. Serão também escolhidos não segundo um critério de repartição geográfica ou de nacionalidade, mas sim de representatividade dos principais sistemas jurídicos mundiais. Os juizes da mesma nacionalidade de qualquer das partes num processo conservam o direito de funcionar numa questão julgada pela Corte. Nesse caso, qualquer outra parte no DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO - Paulo Henrique Gonçalves Portela processo poderá escolher uma pessoa para funcionar como juiz ad hoc Essa pessoa deverá, de preferência, ser escolhida dentre os que figuram entre os candidatos a juiz permanente da CIJ e será investido em suas funções independentemente de votação da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança da O N U .12 Cabe destacar que os juizes que tenham a mesma nacionalidade de qualquer das partes, embora conservem o direito de funcionar numa questão julgada pela Corte, podem declarar-se ou ser declarados impedidos de julgar uma causa, de acordo com o artigo 24 do Estatuto da CIJ-13 Os juizes devem gozar de alta consideração moral. Devem também possuir n o tó ria competência em Direito Internacional ou reunir condições de ocupar as mais altas funções no Judiciário dos respectivos Estados. Devem ser independentes, não atuando como repre sentantes de qualquer en te estatal e, nesse sentido, para que possam exercer livremente suas funções, gozam de imunidades diplomáticas e são inamovíveis, só podendo ser destituídos de suas funções por ato da própria Corte. Ao contrário dos órgãos jurisdicionais internos, a CIJ tem competência contenciosa e consultiva. No exercício da com petência, contenciosa, a Corte julga litígios en tre Estados, examinando processos que resultam n u m a sen tença e atuando, p o rta n to , de forma semelhante aos órgãos jurisdicionais in te rnos. Cabe ressaltar que so m en te Estados podem ser p arte s p e ra n te a CIJ. a teo r do artigo 34, par. Io, do Estatuto da Corte. Em princípio, apenas aqueles entes estatais que sejam signatários do Estatuto da C IJ podem ser partes em questões perante a Corte. Entretanto, Estados que não sejam signatários do Estatuto ou mesmo partes da O N U também podem scr partes em processos examinados pela CIJ, dentro de parâmetros a serem estabelecidos pelo Conselho de Segurança. Cabe acrescentar que tais entes estatais entram em processos na Corte cm condições de igualdade com as demais partes no processo. j ATENÇÃO: e m v is ta d e t o d o o e x p o s to , p e s s o a s n a tu r a i s , e m p r e s a s e O N G s n ã o p o d e m s e r p a r t e s n a CIJ, n e m j j c o m o a u t o r e s n e m c o m o ré u s . A d e m a is , s e g u n d o o E s ta tu to d a CIJ, o r g a n is m o s in te rn a c io n a i s t a m p o u c o p o d e m i s e r p a n e s n a C o r te . P o r ta n t o , s ó E s ta d o s p o d e m s e r p a r t e s e m p r o c e s s o sn a C o r te . No campo da competência consultiva, a CIJ emite pareceres que, a teor do artigo 96 da Carta das Nações Unidas e do artigo 65 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, podem scr solicitados apenas pela Assembleia-Geral e pelo Conselho de Segurança da ONU, bem coino por outros órgãos das Nações Unidas e entidades especializadas que forem, em qualquer época, devidamente autorizados pela Assembléia Geral da entidade. Atualmente, podem solicitar pareceres à CIJ, além da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Conselho Econômico e Social da O N U (ECOSOC), o Conselho de Tutela, o Comitê Interino da Assembléia Geral das Nações Unidas, a Orga nização Internacional do Trabalho (OIT), a Organização para a Agricultura e Alimentação 12. A r e s p e i t o , v e r o s a r t i g o s 4 , 5 e 3 1 d o E s t a tu to d a CIJ. I 3 . O im p e d im e n to re g u la d o p e lo a r t ig o 2 4 d o E s t a tu to d a CIJ a p l ic a - s e a q u a lq u e r d o s ju iz e s d a C o r te , in d e p e n d e m t e m e n t e d e e s t a r e m o u n ã o ju lg a n d o p r o c e s s o s d o s E s ta d o s d e s u a s n a c io n a l id a d e s . Cap. XVII • SOLUÇÃO PACIFICA DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS da O N U (FAO), a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Banco Mundial (BIRD), a Corpo ração Financeira Internacional (IFC), a Associação de Desenvolvimento Internacional (IDA), 0 Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização para a Aviação Civil Internacional (ICAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (IFAD), a União Interna cional de Telecomunicações (UIT), a Organização Meteorológica Internacional (WMO), a Organização Marítima Internacional (IMO), a Organização Internacional da Propriedade Intelectual (WIPO), a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e a Agência Internacional de Energia Atômica (A1EA).14 ! ATEN ÇÃ O : a C a r ta d a O N U e o E s ta tu to d a CIJ n ã o a u to r iz a m o s E s ta d o s a s o l ic i ta r e m p a r e c e r e s à C o r te .1 : A competência rationae materiae da CIJ abrange todas as questões que as partes lhe submetam, bem como todos os assuntos especialmente previstos na Carta das Nações Unidas ou em tratados e convenções em vigor. De maneira mais específica, a Corte poderá examinar todas as controvérsias dc ordem jurídica que tenham por objeto: a interpretação de um tratado; qualquer ponto de Direito Internacional; a existência dc qualquer fato que, se verificado, constituiría violação de um compromisso internacional e; d) a natureza ou extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional. Acompanhando a regra geral referente aos órgãos jurisdicionais internacionais, a CIJ não tem competência automática sobre os Estados, não sendo estes, portanto, automaticamente jurisdicionáveis perante a Corte da Haia. Por essa razão, a mera existência de controvérsia relativa à aplicação dc norma internacional ou o fato de os Estados integrarem a Organização das Nações Unidas (ONU) não autorizam que a Corte examine um litígio entre Estados. Com isso, o ente estatal, ainda que seja parte do Estatuto da CIJ, só pode ser obrigado a sc submeter a processo na Corte com seu consentimento. A respeito, a doutrina entende que o Estado pode expressar sua anuência de ser réu perante a CIJ por meio das seguintes possibilidades: previsão em tratado de submissão à Corte de u m conflito relativo à aplicação do respectivo ato internacional; decisão voluntária das partes envolvidas em um litígio de submetê-lo à Corte, por meio de um acordo denomi nado “compromisso”, e; aceitação, pelo Estado, da competência da CIJ para decidir acerca de processo contra si proposto por o u tro Estado. O artigo 36 do Estatuto da C IJ estabelece, como meio de aceitar a competência conten ciosa da Corte, a aceitação da “cláusula facultativa de jurisdição obrigatória’’15da CIJ, ato a partir do qual o Estado fica sujeito a ser réu em qualquer processo na Corte, independente mente de novo consentimento posterior. 14. A l i s ta e r a a p r e ç o fo i r e t i r a d a d o s í t io d a CIJ, n o link < h t t p : / / w w w . i c j - c i j . o r g / j u r i s d i c t i o n / i n d e x . p h p ? p l = 5 & p 2 = 2 & p 3 = l> (e m in g lê s ) . A c e s s o e m : 2 4 /0 2 /2 0 1 7 . 15 . A c lá u s u la f a c u l ta t iv a d e ju r i s d iç ã o c o n te n c io s a d a C o r te é t a m b é m c o n h e c id a c o m o "C lá u su la R au l F e rn a n d e s " , e m h o m e n a g e m a o d ip lo m a ta b r a s i le i r o q u e p a r t i c ip o u d o s t r a b a l h o s p r e p a r a t ó r i o s d e e l a b o r a ç ã o d o E s ta tu to d a C o r te P e r m a n e n te d e J u s t iç a In te rn a c io n a l (CPJI), ó r g ã o ju r i s d ic io n a l in te r n a c io n a l q u e fo i s u c e d id o p e la C o r te In te rn a c io n a l d e J u s t iç a . http://www.icj-cij.org/jurisdiction/index.php?pl=5&p2=2&p3=l http://www.icj-cij.org/jurisdiction/index.php?pl=5&p2=2&p3=l DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO - Paulo Henrique Gonçalves Portela t | ATENÇÃO: c a b e d e s t a c a r q u e o E s ta tu to d a CIJ n ã o e x c lu i q u e a C o r te e x a m in e u ra litíg io q u a n d o is so e s t i v e r [ i p r e v is to e m t r a t a d o o u q u a n d o E s ta d o s e m c o n f li to , e m c a s o s e s p e c íf ic o s , d e c id a m s u b m e t e r a s c o n t r o v é r s ia s 1 i e n t r e si à C o r te I n te rn a c io n a l d e J u s t iç a . De maneira mais detalhada, o ente estatal pode, em qualquer momento, declarar que reconhecem como obrigatória, ipso facto e sem acordo especial adicional, em relação a qualquer outro Estado que aceite a mesma obrigação, a jurisdição da Corte em todas as controvérsias de ordem jurdica que tenham por objeto fato de competência da CIJ- A declaração de acei tação da cláusula facultativa de jurisdição obrigatória poderá ser feita pura e simplesmente ou sob condição de reciprocidade da parte de vários ou de certos Estados ou, ainda, por prazo determinado. — — — “ — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — —• __ i ! ATENÇÃO: o B rasil a in d a n ã o a c e i ta a c lá u s u la f a c u l ta t iv a d e ju r i s d iç ã o o b r ig a tó r ia d a CU.[____ __ i O processo na Corte Internacional de Justiça é regulado pelos artigos 39 a 64 de seu Estatuto. A respeito, é importante inicialmcnte destacar que as línguas oficiais da Corte são o francês e o inglês. Nesse sentido, o processo empregará um desses dois idiomas, de acordo com o que for avençado entre as partes, e a sentença será proferida na mesma língua em que sc efetuar todo o processo. Na falta de acordo a respeito do idioma que deva ser empregado, cada parte deverá, em suas alegações, usar a língua que preferir, dentre francês e inglês, e a sentença será proferida em ambos os idiomas. Neste caso, a Corte determinará qual dos dois textos fará fé. Por fim, a pedido de uma das partes, a Corte poderá autorizá-la a usar uma língua que não seja o francês ou o inglês. As questões serão submetidas à Corte Internacional de JustÍÇa> conforme o caso, por notificação do acordo especial entre as partes para apresentar o caso à Corte ou por meio de petição escrita, dirigida ao Escrivão. Em qualquer dos casos, o objeto da controvérsia e as partes deverão ser indicados. O Escrivão deverá comunicar imediatamente a petição a todos os interessados. Deverá também notificar os Membros das Nações Unidas, por intermédio do Secretário-Geral, e quaisquer outros Estados com direito a comparecer perante a Corte. O processo é publico, salvo quando as partes requeiram que o feito sejaapreciado em segredo de justiça. Dentro do processo, a Corte pode ainda indicar medidas cautelares, de caráter provi sório, que devam ser tomadas para preservar os direitos de cada parte se as circunstâncias o exigirem. Poderá também tomar decisões sobre o andamento do processo, a forma e o tempo em que cada parte terminará suas alegações e tomará todas as medidas relacionadas com a apresentação das provas. Poderá, por fim, ainda antes do início da audiência, intimar os agentes a apresentarem qualquer documento ou a lornecerem quaisquer explicações, e, em qualquer momento, confiar a qualquer indivíduo, companhia, repartição, comissão ou outra organização, à sua escolha, a tarefa de proceder a um inquérito ou a uma perícia. O processo na Corte Internacional de Justiça compreende uma fase escrita e uma oral. A etapa escrita compreenderá a comunicação à Corte e às partes de memórias, contramemórias Cap. XVII . SOLUÇÃO PACIFICA DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS e, se necessário, réplicas assim como quaisquer peças e documentos em apoio das mesmas. A etapa oral inclui a audiência, pela Corte, de testemunhas, peritos, agentes,16 consultores e advogados. Os debates serão dirigidos pelo Presidente da Corte, ou, no impedimento deste, pelo Vice-Presidente. Se ambos estiverem impossibilitados de presidir os trabalhos, o mais antigo dos juizes presentes ocupará a presidência. Ao final, a deliberação acerca da sentença é feita por maioria de votos dos Magistrados da Corte, admitindo-se opiniões dissidentes, no todo ou em parte. A propósito, se a sentença não representar, no todo ou em parte, a opinião unânime dos juizes, qualquer um deles terá direito de lhe juntar a exposição de sua opinião individual Cabe destacar que ‘As delibe rações da Corte serão tomadas privadamente e permanecerão secretas” (Estatuto da Corte, art. 54, par. 3). Lembramos que, no exercício de suas atividades, a Corte poderá recorrer a qualquer fonte de Direito Internacional, mormente aquelas indicadas no artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça- que são as seguintes: r — — — — — — — — — — — — — “ — — — — — — — — — — — — — — “ — — — — — — — — — l • as convenções internacionais (tratados), qncr gerais, quer .especiais, que estabeleçam regras expressamente , reconhecidas pelos Estados litigantes; ' 1 . 1 | • o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; ! • os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; | • as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar [ j para a determinação das regras de direito: valem como referência tanto as decisões judiciárias nacionais como 1 | aquelas de outros tribunais internacionais. J NOTA: a Corte poderá também decidir uma questão pela equidade (ex aequo et bonu), se as partes com isto J [ concordarem k _ — _ — —-------------------------------------— — — — — ~ — —-------------------------------------------------------------------------------------------------—----------— > - — — —-------------------------— — — J A sentença é definitiva, inapelável e obrigatória para as partes em litígio e deve ser cumprida de boa-fé, seguindo também os termos do artigo 94, par. Io, da Carta da ONU, segundo o qual “Cada Membro das Nações Unidas se compromete a conformar-se com a decisão da Corte Internacional de Justiça em qualquer caso em que for parte”. Com isso, o descumprimento da sentença da CIJ enseja a responsabilidade internacional do violador e a possibilidade de ação do próprio Conselho de Segurança da O N U para garantir sna execução, seja por meio de recomendações, seja por outras medidas (Carta das Nações Unidas, art. 94, par. 2o). Apesar de a sentença ser inapelável, são admitidos pedidos de esclarecimento. É possível, também, a revisão da sentença, mas apenas até dez anos depois de ter sido proferida a decisão judicial e diante de fato novo, “susceptível de exercer influência decisiva, o qual, na ocasião de scr proferida a sentença, era desconhecido da Corte c também da parte que solicita a revisão, contanto que tal desconhecimento não tenha sido devido à negligência”17. 16 . A r e s p e i t o d o s a g e n t e s , o a r t ig o 4 2 d o E s ta tu to d a C o r te r e z a q u e e s t e s s e r ã o o s r e p r e s e n t a n t e s d o s E s ta d o s n o p r o c e s s o , q u e t e r ã o a a s s i s tê n c ia d e c o n s u l t o r e s ou a d v o g a d o s . T o d o s g o z a r ã o d o s p r iv i lé g io s e im u n id a d e s n e c e s s á r io s a o l iv re e x e r c íc io d a s r e s p e c t iv a s f u n ç õ e s . 17. A r e s p e i t o d a r e v is ã o d a s e n t e n ç a d a C o r te In te rn a c io n a l d e J u s t iç a , v e r o a r t i g o 6 1 d o E s ta tu to d a CXT. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO - Paulo Henrique Gonçalves Portela Cabe destacar que a sentença da Corte Internacional de Justiça não é um pronunciamento de validade erga omnes\ sua decisão só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão . Em princípio, os pareceres não são vinculantes, embora possam vir a sê-lo, caso as partes que o solicitem assim o convencionem. Por fim, cabe destacar que, não havendo ainda um tribunal internacional de direitos humanos, nada impede que a C IJ examine questões envolvendo a aplicação de tratados voltados a proteger a dignidade humana. Entretanto, lembramos que somente o Estado, não um indivíduo, um organismo internacional ou uma ON G, pode acionar a C IJ para que e s ta decida acerca da aplicação de um tratado nessa matéria, e so m e n te o Estado pode ser julgado na C U acerca de questões envolvendo a aplicação de acordos interna cionais em matéria de direitos humanos. 5.2. Outros tribunais Há outras cortes internacionais importantes ora em funcionamento, às quais os Estados podem recorrer, “em virtude de acordos já vigentes ou que possam ser concluídos no futuro-’ (Carta da ONU, art. 95). A seguir, mencionamos brevemente algumas delas, em rol não exaustivo. O Tribunal Penal Internacional (TPI) foi criado em 1998 pelo Tratado de Roma e começou a funcionar em 2003. É competente para julgar indivíduos envolvidos em atos cujo combate é prioritário para a comunidade internacional, como crim es de guerra, de genocídio e de agressão, bem como os chamados crimes co n tra a humanidade.18 A Corte Européia de Direitos Humanos (CEDH) é competente para velar pela obser vância dos direitos fundamentais dos cidadãos europeus, garantidos pela Convenção Européia de Direitos Humanos e por atos correlatos. Foi criada em 1959, tem sede em Estrasburgo (França) e é um órgão do Conselho da Europa, não da União Européia (UE), embora exerça influência significativa no universo comunitário. A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) é um dos principais órgãos do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.19 Na U nião Européia, há o Tribunal de Justiça, e no MERCOSUL encon tram os o Tribunal Permanente de Revisão20. O Tribunal Internacional do Direito do Mar, criado pela Convenção de Montego Bay e com sede em Hamburgo (Alemanha), é co m p eten te para aplicar as normas desse tratado, desde que com a aceitação dos Estados envolvidos n o litígio, nos te rm os do artigo 287, par. 1, da Convenção de Montego Bay21. 18 . P o r s u a e s p e c i f i c id a d e , e x a m in a m o s o TPI n o C a p í tu lo XV d e s t a P a r t e I. 19 . P e la im p o r tâ n c ia d o t e m a , e x a m in a r e m o s e s s e f o r o n o C a p í tu lo IV d a P a r te III d e s t a o b r a . 2 0 . A m b o s f o r o s s e r ã o a n a l i s a d o s n o C a p í tu lo II d a P a r te IV d e s lo liv ro . 2 1 . O a r t ig o 2 8 7 , p a r . 1, d a C o n v e n ç ã o d e M o n te g o B ay t e m o s s e g u in t e s t e r m o s : E sc o lh a d o p r o c e d im e n to1 - U m E s ta d o a o a s s in a r OU ratificar a presente C o n v e n ç ã o OU a ela a d e r i r , o u em qualquer m o m e n to u l te r io r , p o d e e s c o lh e r l iv r e m e n te , p o r m e io d e d e c l a r a ç ã o e s c r i t a , u m o u m a is d o s s e g u in t e s m e io s p a r a a s o lu ç ã o d a s c o n t r o v é r s ia s r e la t iv a s à i n t e r p r e t a ç ã o o u a p l ic a ç ã o d a p r e s e n t e C o n v e n ç ã o : C ap, XVII . SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS 633 6 . M EIOS COERCITIVOS O s meios coercitivos de solução de controvérsias visam, em tese, a solucionar conflitos internacionais quando fracassaram meios diplomáticos, políticos e jurisdicionais. Na prática, porém, acabam sendo empregados a qualquer m o m e n to e segundo os interesses dos Estados. Em todo caso, a atual importância que a sociedade internacional atribui à composição pacífica dos litígios vem levando a que o emprego de tais meios tenha cada vez menos prestígio, pelo menos no campo jurídico. Os principais meios coercitivos de solução de conflitos internacionais são a retorsão, as represálias, o embargo, o bloqueio, o boicote, o rompimento de relações diplomáticas e as operações militares de organismos internacionais autorizados para tal. A retorsão c a reação de um Estado equivalente ao ato o u à ameaça de ou tro ente estatal. É admitida pelo Direito Internacional, ainda que normalmente seja u m ato “pouco amistoso”.22 Exemplo de retorsão seria o Brasil passar a exigir visto de cidadãos de Estado que começou a demandar visto de brasileiros. As represálias são as ações ilícitas de um Estado co n tra o u tro en te estatal que violou seus direitos. São “o ato ilícito com que certo en te estatal pretende penitenciar o u tro ilícito prati cado por seu homólogo”. Para Rezek, as represálias são proibidas pelo Direito Internacional23. Entretanto, Valério Mazzuoli defende que apenas as represálias que envolvam o emprego da força são efetivamente proibidas pelo Direito das Gentes. Acrescenta Mazzuoli que as represálias permitidas “devem ser proporcionais ao fato ilícito sofrido, devendo suspender-se no m o m en to em que o dano tiver sido reparado ou no m o m e n to em que a responsabilidade internacional do Estado tiver sido reconhecida”.24 O embargo é o “sequestro de navios e cargas de outro Estado que se en c o n tram em portos ou águas territoriais do Estado executor do embargo, em tempo de paz”.25 Não é admitido pelo Direito Internacional, O bloqueio c o ato pelo qual um Estado emprega suas forças armadas para impedir que um ente estatal mantenha relações comerciais com terceiros. É entendido como um tipo de represália c é, portanto, proibido pelo Direito Internacional, inclusive porque pode causar danos graves para a dignidade das pessoas. O boicote é a interrupção das relações com o u tro Estado, especialmente n o campo económico-comercial. Pode ocorrer diante da violação de uma norma de Direito das Gentes, mas, n a prática, co s tu m a ter lugar independentemente de fatos do tipo, podendo funcionar especialmente como instrumento político. a) O T rib u n a l I n te rn a c io n a l d o D ire i to d o M ar, e s t a b e l e c id o d e c o n f o m t id a d e c o m o a n e x o VI; b) 0 T r ib u n a l I n te rn a c io n a l d e J u s t iç a ; c) U m t r i b u n a l a rb i t r a i c o n s t i tu íd o d e c o n f o r m id a d e c o m o a n e x o VII; d ) U m t r i b u n a l a rb i t r a i e s p e c ia l c o n s t i t u íd o d e c o n f o r m i d a d e c o m o a n e x o VIII, p a r a u m a o u m a is d a s c a t e g o r ia s d e c o n t r o v é r s ia s e s p e c i f i c a d a s n o r e f e r id o a n e x o . 2 2 . REZEK, F ra n c is c o . Direito internacional público, p . 3 7 4 . 2 3 . REZEK, F ra n c is c o . Direito internacional público, p . 3 7 4 . 2 4 . MAZZUOLT, V a lé r io . Curso de direito internacional público, p . 1 18 2 -1 1 8 3 . 2 5 . BREGALDA, G u s ta v o . Direito internacional público e direito internacional privado, p . 1 07 . 634 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO - Paulo Henrique Gonçalves Portela O rompimento das relações diplomáticas ó o fim do direito de legação, que leva à retirada recíproca dos diplomatas dos dois Estados. Na prática, normalmente também é resposta a conflitos de caráte r político, não jurídico. Os artigos 41 e 42 da Carta da O N U citam, como possibilidades adicionais de solução coercitiva de conflitos internacionais, a interrupção parcial ou total das relações econômicas e das operações dos meios de comunicação e de transportes e o emprego de forças militares, medidas cuja aplicação é competência do Conselho de Segurança e que são, evidentemente, lícitas à luz do Direito das Gentes. Quadro 3. Meios coercitivos de solução de controvérsias internacionais MEIOS COERCITIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS INTERNACIONAIS • Retorsão • Boicote • Represália • Rompimento de relações diplomáticas • Embargo • Interrupção das relações econômicas, das comunicações e dos transportes • Bloqueio • Ação militar 7. QUADROS SINÓTICOS ADICIONAIS Q u a d r o 4 . M o d a l i d a d e s d e m e io s d e s o lu ç ã o d e c o n t r o v é r s i a s i n t e r n a c io n a i s D ip lo m á t ic o s • Negociação • Inquérito • Consultas • Bons ofícios • Mediação • Conciliação P o lí t ic o s Meios diplomáticos, quando empregados dentro de organizações internacionais S e m iju d ic ia is Arbitragem J u d ic ia is Cortes e tribunais internacionais Q u a d r o 5. A C o r te I n te r n a c io n a l de Justiça R e g u l a m e n ta ç ã o • E s t a tu to d a CIJ C a r a c te r í s t i c a s • É u m ó r g ã o ju r i s d ie io n a l • E o p r in c ip a l ( n ã o n e c e s s a r i a m e n te o ú n ic o ) ó r g ã o ju r is d ie io n a l d a ONU M a g is t r a d o s • Q u in z e , e l e i t o s p a r a u m m a n d a t o d e n o v e a n o s , c o m d i r e i t o a r e e le iç ã o • E le i to s p e la A s s e m b lé i a - G e r a l e p e l o C o n s e lh o d e S e g u r a n ç a d a O N U , s e m d i r e i t o a v e t o • E le ito s s e g u n d o u m c r i t é r io d e r e p r e s e n ta t i v id a d e d o s p r in c ip a is s i s t e m a s ju r íd ic o s d o m u n d o • O juiz n ã o é r e p r e s e n t a n t e d o E s ta d o , m a s p o d e ju lg a r u m a c a u s a e n v o lv e n d o s e u E s ta d o ; n e s l e c a s o , o o u t r o E s ta d o p a r t e p o d e in d ic a r u m ju iz ad hoc. • N ã o p o d e h a v e r m a is d e d o is ju iz e s d a m e s m a n a c io n a l id a d e Cap. XVII ■ SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS Quadro 5. A Corte Internacional de Justiça Competências • Contenciosa: julgamento de processos envolvendo Estados • Consultiva: emissão de pareceres a pedido da Assembleia-Geral, do pelo Conselho de Segurança da ONU e de outras entidades e órgãos de organismos do Sistema das Nações Unidas • Só Estados podem ser partes em processos, mas não podem solicitar pareceres Submissão do Estado à competência da Corte • Previsão em ato internacional • Compromisso • Aceitação de ser réu quando processado • Aceitação da cláusula facultativa de jurisdição contenciosa Obrigatoriedade das decisões da Corte • Sentença: obrigatória, executável pelo Conselho de Segurança • Parecer: obrigatório quando os interessados o determinarem • A sentença é irrecorrível 8. QUESTÕES Julgue os seguintes itens, respondendo "certo" ou "errado": 1. (TRF 5a R egião-Ju iz-2007 ) A mediação é meio diplomático de resolução de conflitos internacionais, e a arbitragem, meio jurídico de solução de tais conflitos. 2. (TRF 5a Região-Juiz-2007) Tanto a Assembléia Geral quanto o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) são instâncias políticas de solução de conflitos internacionais.3. (IRBr - 2013 - ADAPTADA) Ao tornar-se signatário da Carta de São Francisco, o Estado coobriga-se, também, à jurisdição da Corte Internacional de Justiça. 4. (TRF 3a Região -Ju iz - 8 a Concurso-ADAPTADA) Acerca da arbitragem, é correto afirmar-se que: a) a arbitragem internacional pode ser definida como a via judiciária mais adequada, através da Corte Per manente de Arbitragem de Haia, para a solução pacífica de litígios internacionais. b) o árbitro internacional é membro permanente do foro arbitrai, e sua escolha há de considerar os Estados litigantes envolvidos na disputa, e a existência de um tratado gerai de arbitragem. c) proferida a sentença arbitrai, esta tem efeito "erga omnes", e é sempre definitiva, e sua execução, após julgamento dos recursos, deverá ser processada perante a Corte Permanente de Arbitragem. d) a sentença arbitrai é, em regra, definitiva, nos termos do tratado geral de arbitragem, cabendo às partes envolvidas o cumprimento da decisão, sob pena de incidirem em ato ilícito, observado o princípio do "pactum suntservanda". 5. (BACEN - Procurador - 2006) No âmbito da Corte Internacional de Justiça, é cláusula facultativa de jurisdição obrigatória a que: a) Permite ao Estado membro da ONU decidir se adere ou não ao Estatuto da Corte. b) Uma vez aceito pelo Estado parte no Estatuto, garante a jurisdição da Corte em todos os conflitos inter nacionais que envolvam aquele Estado, verificada a reciprocidade. c) Uma vez aceito pelo Estado parte no Estatuto, garante a jurisdição da Corte em todos os conflitos inter nacionais que envolvam aquele Estado, independentemente de reciprocidade. d) Possibilita ao estado membro da ONU a opção, no caso concreto, de se submeter à jurisdição da Corte. e) Garante ao Estado parte no Estatuto ampla imunidade de jurisdição ratione materiae. 6. (TRF —Ia R egião-Ju iz-2009) Considerando que a Assembleia-Geral da ONU tenha solicitado parecer consultivo à Corte Internacional de Justiça a respeito da utilização de armas químicas em conflitos inter nacionais, assinale a opção correta:
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