Questões da Pandemia de Covid-19 em relação com o Processo Civil

Prévia do material em texto

DUQUE DE CAXIAS – UNIGRANRIO 
PROFESSOR: REFAEL PALACIOS 
ALUNO: RENATO LOURENÇO GOES - 2212384 
TRABALHO DE PROCESSO CIVIL – 2º INSTRUMENTO DA 1ª AVALIAÇÃO 
I - RESUMO 
 A pandemia da Covid-19 é uma doença que está a se espalhar por 
várias partes do mundo de maneira simultânea, havendo uma transmissão rápida. 
Isso quer dizer que, em vários países e continentes, essa mesma doença está 
afetando a população, a qual está infectando-se por meio de outras pessoas que 
vivem na mesma região. 
 Diante disso, medidas de contensão no Brasil estão sendo adotadas 
com o objetivo de conter o crescimento progressivo desta doença. Portanto, ao 
analisar outros países que estão no seu ápice na pandemia de COVID-19, busca 
que não ocorra um colapso do sistema de saúde brasileiro, com isso, foram e 
estão colocando em prática decisões para a diminuição da curva de infecção e 
resguardar o DIREITO À VIDA, 
 O impacto em diversos setores é evidente, assim, no âmbito 
processual, para que não tenha efeito irreversível fora criado, a fim de garantir a 
justiça e a efetividade, medidas para a garantia de direitos através de decretos, 
medidas, resoluções e entre outros para viabilizar o acesso à justiça e afins. 
 Com isso, através da preocupação dos magistrados da possibilidade 
do período de isolamento e calamidade pública de haver uma enxurrada de 
processos judiciais, causando colapso do sistema, cria-se medidas para a 
adaptação neste momento de exceção. 
II – DO IMPACTO DIRETO NO DIREITO PROCESSUAL CIVIL DURANTE O 
ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA 
 A pandemia que assola o Brasil é visível em muitas áreas, com isso, 
destaca-se o processo civil que houveram medidas, resoluções e outras decisões 
que buscam a adaptação neste período de calamidade pública. Assim, há a 
resolução 313 do Conselho Nacional de Justiça, que determinou, em todo o País a 
suspensão de determinados prazos processuais até 30.04.20. 
 A Resolução buscou criar um regime de plantão extraordinário no 
Poder Judiciário. Com o objetivo de uniformizar a suspensão do trabalho presencial 
de magistrados, servidores, estagiários e colaboradores nas unidades judiciárias 
de todo país. Advogados, partes, membros do Ministério Público e interessados 
deverão ter disponibilizado atendimento remoto pelos meios tecnológicos 
disponíveis para que não tenha um impacto ainda maior. 
 A medida teve um valor importante, uma vez que a suspensão do 
expediente forense gera insegurança jurídica e potenciais prejuízos à tutela de 
direitos fundamentais. Atos normativos prevendo suspensão de prazo também 
foram exagerados por Tribunais de Justiça, Tribunais Regionais Federais e por 
Tribunais Superiores, mas é importante perceber o papel representado pela 
Resolução 313 do Conselho Nacional de Justiça, evitando a insegurança jurídica. 
 Entretanto, destaca-se que os processos que são urgentes não serão 
objeto de suspensão, uma vez que poderia estar violando direitos que poderiam se 
perder com a suspensão, de acordo com a Resolução 313. 
 Já na parte de prazos de prescrição e decadência segue fluindo 
normalmente, uma vez que não houve apresentação de interrupção da mesma. 
Com isso, a parte interessada, perto de prescrever, por exemplo, deverá apresentar 
o ajuizamento da medida judicial. 
 A suspensão dos prazos até 30 de abril não impede a prática de ato 
processual necessário à preservação de direitos urgentes. Com isso, a suspensão 
interfere na atividade estritamente jurisdicional dos órgãos judiciários, assim, o CNJ 
visou evitar excessiva variedade de regras sobre o tema inédito de pandemia. 
 Vale destacar que é suspensão, assim, os prazos que estavam em 
curso antes da determinação serão retomados do ponto em que estavam. 
 Assim, as medidas tomadas possuem o objetivo de auxiliar e proteger 
evitando a perda de direitos. A suspensão dos prazos deve ter a duração 
necessária para que as partes que compõem o processo possam enfrentar o 
período de calamidade da melhor forma e adaptar-se até que se possa ser 
praticado novamente ao ser regularizada a situação dentro do país. 
III – DO DIREITO FUNDAMENTAL 
III.1 – DA SEGURANÇA JURÍDICA 
 A segurança jurídica tem o objetivo de manter a ordem no 
ordenamento brasileiro e garantir a estabilidade dos atos e procedimentos 
realizados no judiciário. Entretanto, diante do surto do COVID-19 é possível 
observar que em determinadas situações, por necessidade de evitar situações mais 
trágicas, fora preciso realizar, por exemplo, a suspensão de prazos de 
determinados casos. 
III.2 – DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 
 Base de todos os processos legas regidos pelo ordenamento 
brasileiro prevê que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o 
devido processo legal. Com isso, no período de calamidade pública enfatiza que 
demandas urgentes não serão afetadas, nos casos de prescrição e decadência a 
parte interessada deverá ingressar no judiciário para não haver a perda do direito 
e as demais medidas deverá analisar a norma que rege o direito que tem interesse. 
III.3 – DA CELERIDADE 
 A celeridade, em alguns casos, haverá a sua dilatação devido a 
medidas tomadas. Esse direito que prevê a todos a duração razoável do processo 
e os meios que garantam a celeridade da sua tramitação. 
IV.4 – DA EFETIVIDADE DO PROCESSO 
 Nenhum processo deixará de efetuar seus efeitos, apenas terá de se 
adequar a situações que são previstas em decisões, assim a efetividade do 
processo tem como objetivo a capacidade de produzir efeitos, estimulando o 
judiciário a proferir decisões que sejam efetivas as partes. 
IV – DA ADAPTAÇÃO NO PERÍODO DE CALAMIDADE PÚBLICA. 
MODIFICAÇÃO DA MATÉRIA DURANTE E APÓS A CRISE 
 A paralisação total dos atos processuais e administrativos em todo o 
Judiciário traria efeitos nocivos irreversíveis para a sociedade brasileira que 
necessita do acesso a este direito. Com isso, fora criado, a fim de garantir a justiça 
e a efetividade, medidas para a garantia de direitos através da Resolução 313, CNJ 
diante dos artigos 6º e o 5º no seu parágrafo único, prevêem: 
Art. 5º Ficam suspensos os prazos processuais a contar da 
publicação desta Resolução, até o dia 30 de abril de 2020. 
Parágrafo único. A suspensão prevista no caput não obsta a 
prática de ato processual necessário à preservação de direitos e 
de natureza urgente, respeitado o disposto no artigo 4o desta 
Resolução. 
Art. 6º Os tribunais poderão disciplinar o trabalho remoto de 
magistrados, servidores e colaboradores para realização de 
expedientes internos, como elaboração de decisões e 
sentenças, minutas, sessões virtuais e atividades 
administrativas. 
 Diante disso, não impede decisões, especialmente sentenças e 
acórdãos em processos já instruídos, sessões de julgamento online, e todos os atos 
processuais visando dar duração razoável e efetividade ao procedimento, incluindo 
a homologação da autocomposição entre às partes. 
 Assim, destaca-se a garantia da apreciação de determinadas 
matérias previstas no artigo 4º da resolução 313 do CNJ, que inclui, nos seus 
incisos, um rol exemplificativo das matérias. 
 A preocupação dos magistrados de que haja uma enxurrada de 
processos judiciais é grande, podendo causar um colapso do sistema no fim do 
período de isolamento e da calamidade pública. Segundo Anastasia “O objetivo da 
norma foi tentar dar um contorno mais cirúrgico possível para evitar uma avalanche 
de processos e dar uma uniformidade às decisões judiciais, para que um juiz de 
direito Brasil afora possa ter uma orientação legal para ajudá-lo nesses casos. Esse 
projeto não modifica leis, só interfere nos prazos” 
 Refere-se a um projeto de lei que flexibiliza as relações jurídicas de 
direito privado até o fim de outubro, em virtude da pandemia do novo Coronavírus. 
O Projeto de Lei 1.179/2020 altera prazos para aplicações da lei. 
 O objetivo é criar regras transitórias que, em alguns casos, 
suspendamtemporariamente algumas exigências legais. Questões administrativas, 
de natureza falimentar, tributárias ou de recuperação empresarial não foram 
incluídas, devendo ser tratadas por outros projetos em andamento no Congresso 
Nacional. 
 O projeto é extenso, dividido em 12 capítulos, que fazem alterações 
em diferentes normas, incluindo Código Civil, Código de Defesa do Consumidor, 
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais e Lei do Inquilinato. 
De acordo PL 1.179/20 fica exemplificado algumas situações em: 
A - PRAZOS 
 Suspende até 30 de outubro de 2020 o prazo de prescrição de 
processos em trâmite na Justiça. 
 Adia para janeiro de 2021 a vigência da Lei Geral de Proteção 
de Dados (LGPD), com multas e sanções válidas somente a partir de 
agosto de 2021. 
B - TRANSPORTE DE CARGA 
 Caberá ao Contran editar normas que prevejam medidas 
excepcionais de flexibilização do cumprimento dos artigos 99 e 100 do 
Código de Trânsito Brasileiro, que proíbem o excesso de peso. A norma 
editada terá validade somente durante o período de calamidade pública. 
C - CONSUMO 
 Suspende até 30 de outubro de 2020 o Direito de 
Arrependimento previsto no Código de Defesa do Consumidor. A 
suspensão é válida para entrega domiciliar (delivery) de medicamentos e 
comida. 
 O direito do consumidor de desistir do produto, caso apresente 
algum defeito está mantido. 
D - ALUGUEL 
 Impede a concessão de liminar para desocupação de imóvel 
urbano nas ações de despejo até 30 de outubro de 2020. A proibição só é 
válida para ações protocoladas a partir de 20 de março. 
 Inicialmente o projeto previa que se o inquilino fosse demitido ou 
tivesse o salário reduzido por causa da pandemia poderia atrasar o 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm
https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/109755/lei-do-inquilinato-lei-8245-91
pagamento do aluguel. O trecho foi retirado pela relatora Simone Tebet 
(MDB-MS). 
E - CONDOMÍNIO 
 Permite a realização de assembleias virtuais. 
 Restringe a utilização de áreas comuns. 
 Restringe ou proíbe a realização de reuniões, festas, uso do 
estacionamento por terceiros. 
 Permite obras de natureza estrutural e de benfeitorias 
necessárias. 
F - CONTRATOS 
 Exclui aumento da inflação, variação cambial, desvalorização ou 
substituição do padrão monetário dos fatos imprevisíveis que podem 
suscitar revisão de contratos. Essa regra não vale para revisão contratual 
previstas no Código de Defesa do Consumidor e na lei de locações de 
imóveis urbanos (Lei 8.245, de 1991). 
G - FAMÍLIA 
 Estende o prazo de abertura e de conclusão de inventários e 
partilhas. 
 Quem não pagar pensão alimentícia cumprirá prisão domiciliar. 
H - REGIME SOCIETÁRIO 
 Assembleias e reuniões em sociedades comerciais poderão ser 
virtuais. 
 Caso as autoridades sanitárias locais permitam, as reuniões 
podem ser presenciais. 
 Permite a antecipação de dividendos e outros proventos. 
I - PENSÃO ALIMENTÍCIA 
 Até 30 de outubro de 2020, a prisão civil por dívida alimentícia 
deverá ser cumprida exclusivamente sob a modalidade domiciliar, sem 
prejuízo da exigibilidade das respectivas obrigações. 
J - USUCAPIÃO 
 Suspendem-se os prazos de aquisição para a propriedade 
imobiliária ou mobiliária, nas diversas espécies de usucapião, a partir da 
vigência desta lei até 30 de outubro de 2020. 
K - APLICATIVOS 
 Empresas de transporte por aplicativo terão de reduzir 15% do 
lucro sobre o valor da corrida durante o período da pandemia. 
 Destaca-se que essas foram algumas alterações em diferentes 
normas, incluindo o direito processual civil, que buscou a adaptação durante o 
período de calamidade pública. Não há um tempo estimado para que este período 
de paralisação termine, uma vez que a China já vem sofrendo com este surto desde 
outubro de 2019. 
 Assim, em meio as incertezas, a crise do Coronavírus terá efeitos 
perenes sobre a forma de trabalhar, uma vez que esta crise está afetando 
empresas dos mais diversos tamanhos e setores. Haverá um novo período de 
adaptação em todos os setores do país, uma vez que a economia estará sofrendo 
os impactos, a justiça com o crescimento da demanda, legislativo com a edição/ 
criação de ordenamentos, dentre muitos outros que foram afetados nesse período. 
 De certa forma, todos os instrumentos utilizados até o momento, 
buscam o não atolamento do judiciário quando a crise, decorrente do COVID-19, 
cessar. Vale ressaltar que muitas medidas foram tomadas, à exemplo da 
suspensão de determinados prazos judiciais, a fim de não violar o direito das 
pessoas. 
 Por fim, todas as medidas cabíveis, buscam, de certa forma, 
assegurar o direito do cidadão ao buscar o seu acesso à justiça, à vida, a segurança 
jurídica e entre outros e, também, a busca do meio mais viável para que não tenha 
um colapso total do sistema Jurídico brasileiro no fim desse período de calamidade 
pública como fora decretando através DECRETO LEGISLATIVO Nº 6, DE 2020. 
V - FONTES 
1. Agência Senado; 
2. https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2020-04/senado-aprova-
projeto-que-muda-regras-durante-pandemia 
https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2020-04/senado-aprova-projeto-que-muda-regras-durante-pandemia
https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2020-04/senado-aprova-projeto-que-muda-regras-durante-pandemia
3. https://www.conjur.com.br/2020-abr-05/direitos-fundamentais-direitos-
fundamentais-tempos-pandemia-ii 
4. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/portaria/DLG6-2020.htm 
5. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm 
6. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9873.htm 
7. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm 
8. https://www.conjur.com.br/dl/resolucao-313-19-marco-2020-cnj-cnj.pdf 
https://www.conjur.com.br/2020-abr-05/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-tempos-pandemia-ii
https://www.conjur.com.br/2020-abr-05/direitos-fundamentais-direitos-fundamentais-tempos-pandemia-ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/portaria/DLG6-2020.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9873.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm
https://www.conjur.com.br/dl/resolucao-313-19-marco-2020-cnj-cnj.pdf