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Abdome Agudo Inflamatório OBJETIVOS · Identificar os aspectos relevantes no diagnóstico da apendicite aguda · Identificar os aspectos relevantes no diagnóstico de apendicite aguda na infância · Identificar os aspectos relevantes no diagnóstico da diverticulite aguda · Identificar os aspectos relevantes no diagnóstico da colecistite aguda de acordo com o Tokyo Guidelines · Identificar os aspectos relevantes no diagnóstico de colecistite aguda na infância · Identificar os aspectos relevantes no diagnóstico da peritonite APENDICITE AGUDA · Algo obstrui o lúmen do apêndice vermiforme → ocorre hiperproliferação bacteriana secundária a obstrução → inflamação do apêndice → isquemia e perfuração, em casos mais avançados · Obstrução da luz proximal por bandas fibrosas, hiperplasia linfoide, fecalitos, cálculos ou parasitas há muito tempo vem sendo considerada a principal causa da apendicite aguda. · A obstrução luminar resulta, inicialmente, em aumento da contração apendicular com vasodilatação e aumento da secreção mucosa, havendo proliferação bacteriana, o que inicia o processo inflamatório agudo · O aumento da pressão intraluminar, a diminuição da drenagem linfática, vasodilatação e transudação resultam em agravamento do edema de parede apendicular, ocorrendo, a seguir, oclusão venosa e arterial apendicular · A obstrução do lúmen faz gerar a hiperplasia linfoide · Há compressão dos vasos sanguíneos secundário a hiperplasia → baixa quantidade de O2 → gera isquemia · A piora da isquemia da parede apendicular e a presença de infecção resultam em gangrena apendicular, que, dada a pressão intra-apendicular aumentada, pode provocar rotura apendicular e extravasamento de secreção para a cavidade abdominal, estabelecendo-se bloqueios intestinais e plastrões e, na ausência desses, peritonite generalizada · A posição do apêndice pode gerar alterações no sintoma do paciente · A inflamação do apêndice pode gerar peritonite localizada que pode se agravar em uma evolução desfavorável · Normalmente, o quadro inicia com desconforto vago no meio do abdome ou periumbilical, seguido por náusea, anorexia e indigestão · A dor é contínua, mas não intensa, com cólica leve ocasional · Manifestações clínicas · Desconforto em mesogastro ou periumbilical · Desconforto abdominal generalizado que com o tempo se concentra no quadrante inferior direito · Náusea, anorexia e indigestão · Dor desloca-se para quadrante inferior direito · Piora quando se movimenta, caminha ou tosse · Indivíduos na fase inicial de apendicite (não perfurada) não têm aparência enferma (não tem sinais de toxemia) – sensibilidade dolorosa localizada sobre o ponto de McBurney é a base do diagnóstico · Uma regra que ajuda muito nos casos atípicos é nunca colocar a apendicite abaixo do segundo lugar no diagnóstico diferencial de dor abdominal aguda em indivíduo previamente saudável – principalmente se for adulto jovem · Exame físico · Algum grau de defesa abdominal · Dor a descompressão súbita ou sensibilidade dolorosa à percussão · A administração de analgésicos opióides não afeta a acurácia do exame físico · Exames laboratoriais · Contagem de leucócito na maioria das vezes (90%) é acima de 10.000 · 3/4 dos pacientes a contagem diferencial mostra mais de 75% de neutrófilos · EAS: poucos leucócitos e hemácias e ocasionalmente hematúria franca · Apendicite retrocecal ou pélvica · Pode confundir com infecção urinária · Exame de urina é normal na maioria · HIV apresenta a mesma síndrome que pacientes saudáveis, mas com contagem de leucócitos normal · Exames de imagem · Rx raramente ajuda no diagnóstico · TC do abdome: pacientes com quadro clínico e exames laboratoriais não característicos · Quando não há sinais de inflamação, a TC tem valor importante para confirmar ou descartar · TC é o exame que ajuda no diagnóstico – exame de escolha · Não necessita de contraste por VO · Se TC positiva → indicação para apendicectomia · USG: menos confiável do que as da TC · Diagnóstico é clinico na maioria das vezes · O diagnóstico de apendicite aguda pode ser difícil em pacientes nos extremos etários da vida, e nesses grupos o diagnóstico frequentemente é tardio · Lactentes apresentam apenas letargia, irritabilidade e anorexia nas fases iniciais, mas podem evoluir com vômitos, febre e dor à medida que a doença progride · Os idosos podem não apresentar qualquer um dos sintomas clássicos, embora a evolução da apendicite seja mais virulenta nessa faixa etária · Casos duvidosos: observar por 6h ou mais · Uma característica da doença é ter piora gradativa com o decorrer do tempo · Apendicite na gravidez é o quadro cirúrgico não obstétrico mais comum na gestação · A apresentação é com sensibilidade dolorosa à palpação em quadrante inferior direito e leucocitose · Laparoscopia é bem tolerada tanto pela gestante quanto pelo feto · TC e RM são altamente específicas · Escore de Alvarado · 99% de sensibilidade de apendicite · Baseado em 3 sintomas, 3 sinas e 2 achados laboratoriais · 5-6: compatível com apendicite → observação · 7-8: maior probabilidade de apendicite · Laparotomia pode ser indicada · 9-10: alta probabilidade da doença → abordagem cirúrgica · Diagnóstico diferencial · DIPA (doença inflamatória pélvica aguda) – mulheres · Ureterolitíase · Diverticulite · Complicações · Perfuração – dor mais intensa e febre mais alta (em média, 38,3ºC) · É raro que haja perfuração em menos de 12h · Peritonite · A peritonite localizada resulta de perfuração microscópica de um apêndice gangrenoso · A peritonite generalizada na maioria dos casos implica perfuração macroscópica para o interior da cavidade peritoneal · Aumento da sensibilidade à palpação e da rigidez da parede, distensão abdominal e íleo adinâmico são evidentes nesses pacientes · Febre alta e toxemia grave assinalam a progressão desse quadro catastrófico · Abcesso · Se for encontrado um abscesso, o tratamento preconizado é aspiração percutânea guiada por imagem · Pileflebite – acometimento hepático associado · Calafrios, febre alta, icterícia de baixo grau e, tardiamente, abscesso hepático são os sinais característicos dessa grave, porém, felizmente, rara condição · Indicam-se cirurgia imediata e terapia antimicrobiana · Tratamento · É cirúrgico · Antibiótico de amplo espectro (Ceftriaxona) · Cirurgia aberta ou videolaparoscopia · Se maior que 5 dias, costuma se fazer cirurgia aberta · Pacientes submetidos à apendicectomia laparoscópica apresentam menos dor pós-operatória e 1 dia a menos de internação · Prevenção · Não há estratégia preventiva efetiva para a apendicite · No passado, era comum realizar apendicectomia incidental em jovens no curso de uma cirurgia abdominal por outro motivo – desde que a exposição fosse adequada e não houvesse qualquer contraindicação específica · Não há consenso nesses casos, com alguns cirurgiões preferindo remover o apêndice, enquanto outros optam por deixá-lo no local · Nas crianças, não há necessidade de retirar o apêndice quando há diagnóstico incidental de apendicolito APENDICITE AGUDA NA INFÂNCIA · Principal causa de cirurgia abdominal na criança · A possibilidade de diagnóstico deverá sempre ser considerada diante de queixa por dor abdominal · É mais frequente após os 4 anos de idade, atingindo o pico máximo de incidência entre 8 e 12 anos e no adulto jovem · As apendicites em crianças de pouca idade são de diagnóstico mais difícil · Manifestações clínicas · Dor epigástrica ou periumbilical · Vômitos · Febre · Dor na fossa ilíaca direita · Eliminações diarreicas – pode ser frequente, principalmente nos casos de apendicites pélvicas ou já avançadas, com abscessos – pode confundir o diagnóstico · Exame físico · Buscam-se sinais de processo inflamatório peritoneal localizado em fossa ilíaca direita, no ponto descrito por McBurney, ou hipogástrio · Muitas vezes, ao simples movimento de tossir ou andar ou mesmo à trepidação da maca, a criança revela o ponto de maior intensidade da dor em fossa ilíaca direita · A ausculta do abdome revelará ruídos hidroaéreos diminuídos na sua frequência ecom timbre pouco aumentado, não sendo rara, no entanto, a presença de ruídos hidroaéreos em número aumentado · O hemograma pode revelar leucocitose, mas o achado de leucograma normal não é incomum · Exame de imagem · Radiológico · Sinais indiretos, como borramento da gordura pré-peritoneal, apagamento do psoas direito, escoliose antálgica dextrocôncava, níveis hidroaéreos localizados em fossa ilíaca direita ou hipogástrio e presença de fecalito apendicular · USG · Pode revelar a presença de processo inflamatório apendicular em algumas circunstâncias, bem como de líquido ou abscessos intracavitários · Diagnóstico diferencial · Gastroenterocolites · Adenite mesentérica · Litíase urinária · Infecção do trato urinário · Pneumonia de base · Anexite · Diverticulite de Meckel · Pielonefrite · Torção de epíplon · Crises de falcização · Tratamento · O tratamento é cirúrgico, resumido por apendicectomia e tratamento das complicações sépticas abdominais ou do bloqueio estabelecido, e complementado pelo uso de antibióticos contra anaeróbios, dada a flora apendicular, e Gram-negativos, em casos de sepse abdominal DIVERTICULITE AGUDA · É diferente da doença diverticular · Diverticulite é uma das complicações possíveis de quem tem doença diverticular · Pessoa vive com isso, mas não há nenhuma repercussão ou complicação desse tipo de doença · A diverticulite ocorre quando há inflamação dos divertículos · Na maioria das vezes, a doença diverticular é assintomática · Quando há sintomas, na maioria das vezes, é sangramento e, em menor parte, inflamação · A diverticulite aguda decorre de perfuração micro ou macro de um divertículo, resultando em reação inflamatória · Cólon sigmoide é o local mais comum de diverticulite (95%) · A gravidade da doença varia desde inflamação leve restrita a um segmento da parede intestinal (microperfuração) até peritonite fecal (macroperfuração) · Na maioria das vezes o tratamento da diverticulite é simples – 75% é não complicado · A diverticulite complicada ocorre em 25% dos pacientes e corresponde à perfuração macroscópica com evolução para abscesso, peritonite, estenose ou fístula · Média de idade é 62 anos · Manifestações clínicas · Classicamente se apresentam com dor e plenitude localizadas no quadrante inferior esquerdo · "Apendicite aguda" no quadrante inferior esquerdo · Constipação, diarreia ou ambas · Mudanças do hábito intestinal são comuns · Febre baixa · Distensão abdominal leve · Sensibilidade dolorosa à palpação do quadrante inferior esquerdo · É possível haver massa palpável secundária à inflamação · Leucocitose é comum · É possível haver obstrução de intestino delgado se uma alça intestinal ficar presa no processo inflamatório · A perfuração livre de um divertículo pode resultar em peritonite generalizada · Episódios recorrentes de diverticulite podem produzir sintomas leves até que ocorra uma complicação, como estenose ou fístula, que obrigue o paciente a procurar atenção médica · A recorrência em intervalo de 1 a 10 anos é em torno de 40% · A evolução da diverticulite pode ser insidiosa, particularmente em idosos · Dor abdominal vaga associada a abscesso, ou com infecções urinárias recorrentes em razão de fístula colovesical · Se houver massa palpável e sinais de obstrução do intestino grosso, o diagnóstico diferencial com carcinoma do colo esquerdo deve ser lembrado · Exames de imagem · TC abdome e pelve com contraste intravenoso: modalidade inicial preferencial · Não há indicação de colonoscopia para avaliação de paciente que se apresente com sinais e sintomas e imagens sugestivas · Se for decidido que a endoscopia se faz necessária para a condução adequada do caso, deve-se dar preferência a exame tardio, após a atenuação do processo inflamatório. Se houver urgência, recomenda-se sigmoidoscopia com baixa insuflação em detrimento da colonoscopia para reduzir o risco de perfuração · A classificação de Hinchey foi desenvolvida como auxiliar na tomada de decisões clínicas para pacientes com doença complicada e para padronização de laudos radiológicos · Diagnóstico diferencial · Apendicite · Carcinoma colônico perfurado · Obstrução com estrangulamento · Isquemia do colo · Doença de Crohn · Colite infecciosa · DIPA – gravidez tubária e abscesso tubo-ovariano · Complicações · Perfuração livre · Abscesso · Fístula · Obstrução · Tratamento · De acordo com a classificação de Hinchey · Hinchey 0 e 1a · Dieta líquida clara · Ciprofloxacino e Metroinidazol · Hinchey 1b · Repouso intestinal · Líquidos intravenosos · Terapia antimicrobiana sistêmica de amplo espectro · Betalactâmico/inibidor da betalactamase, carbapenêmico, ou a combinação de fluoroquinolona e metronidazol · Dieta pobre em resíduos e depois dieta rica em fibras · Mesalazina: reduziu os sintomas e a recorrência · Há indicação de repetir a TC ou de intervir quando os pacientes não melhoram ou apresentam deterioração do quadro clínico após 48 horas do início do tratamento clínico · Hinchey II · Conduta intervencionista · Drenagem percutânea · Abscesso maiores (maior que 3cm) · Intervenção cirúrgica definitiva de forma eletiva · Hinchey III e IV · As prioridades na cirurgia de urgência são: · Controlar sepse · Ressecar o tecido doente · Restabelecer o transito intestinal, nessa ordem de importância · Dentre as várias opções cirúrgicas · Cirurgia em 2 tempos (com colostomia e drenagem na primeira etapa) · Cirurgia de Hartmann · Ressecção com anastomose primária com ou sem estomia de proteção · Lavagem da cavidade pela via laparoscópica com reabordagem eletiva # foi demonstrado que evitar nozes, pipoca e sementes não reduz o risco de diverticulite e, portanto, não há necessidade de orientar os pacientes nesse sentido. # II em diante precisa retirar o cólon. # II, III e IV vai ter abordagem cirúrgica em algum momento. # aproximadamente 80% dos pacientes com diverticulite aguda não complicada (Hinchey 0 e Ia) podem ser tratados em regime ambulatorial. # qualquer paciente necessitará de tratamento hospitalar se houver dor significativa, impossibilidade de alimentação por via oral ou evidência de doença sistêmica grave. # abscessos maiores (> 3 cm) têm menor probabilidade de responderem ao tratamento conservador e devem ser drenados, se possível por via percutânea. · Acompanhamento · Recomenda-se realizar colonoscopia de 6 a 8 semanas após a resolução dos sintomas e antes de ressecção cirúrgica eletiva para afastar outra doença subjacente, como intestino irritável e câncer COLECISTITE AGUDA – TOKYO GUIDELINES · Sintoma: dor abdomina no QSD, as vezes associada a dor referida na região escapular direita CRITÉRIO DIAGNÓSTICO A) Sinais locais de inflamação: · Sinal de Murphy positivo – parada súbita da respiração profunda enquanto matém comprimido o ponto cístico · Defesa, dor ou massa palpável no quadrante superior direito B) Sinais sistêmicos de inflamação: · Febre · Elevação do PCR · Leucocitose C) Exames de imagem: · Espessamento da parede da vesícula biliar ≥ 0,5 cm · Distensão da vesícula biliar · Líquido perivesicular · Presença de traves dentro do líquido · Sinal de Murphy ultrassonográfico (dor que ocorre quando a sonda é empurrada sobre a vesícula biliar) · Imagem de detritos ecogênicos · Imagem de gás # Suspeita diagnóstica: 1 item A + 1 item B. # Diagnóstico definitivo: 1 item A + 1 item B + C. # Deve-se excluir hepatite agudam outras doenças abdominais agudas e colecistite crônica. GRAU DE SEVERIDADE # Deve ser feito dentro de 24 horas após o diagnostico e repetido a cada 24-48 horas. · Grau I (leve): · Não tem critério para Graus II e III · Pode também ser definido como colecistite aguda em pacientes saudáveis, sem disfunção orgânica e com leves alterações inflamatórias na vesícula biliar, tornando a colecistectomia um procedimento seguro e com pouco riso · Grau II (moderado): · Está associada a qualquer uma das seguintes condições (pelo menos 1 um): · Leucocitose (> 18.000/mm3) · Palpação de massa no QSD · Duração dos sintomas > 72h* · Locais de inflamação local marcado (colecistite gangrenosa, abscessoperivesicular, abscesso hepático, coleperitônio, colecistite enfisematosa) *A laparoscopia deve ser realizada dentro de 96h do início da colecisite aguda. · Grau III (grave) · A colecistite aguda grau III está associada a qualquer disfunção dos seguintes órgãos/sistemas (pelo menos 1 um): · Disfunção cardiovascular: hipotensão requerendo tratamento com dopamina ≥ 5μg/Kg/min, ou qualquer dose de norepinefrina · Disfunção neurológica: diminuição do nível de consciência · Disfunção respiratória: relação PaO2/ FiO2 < 300 · Disfunção renal: oligúria, creatinina > 2.0mg/dl · Disfunção hepática: INR > 1,5 · Disfunção hematológica: contagem de plaquetas < 100.000/mm3 # A radiografia simples de abdome pode revelar alguns sinais indiretos: presença de ar na parede vesicular e existência de cálculos radiopacos. # A ultrassonografia (USG) de abdome é o exame de primeira escolha por ser pouco invasivo, amplamente disponível, e boa sensibilidade e especificidade. A presença do sinal de Murphy ecográfico, espessamento da parede vesicular, distensão vesicular, cálculo impactado, coleção pericolecística, edema da parede vesicular, caracteriza o processo inflamatório agudo da vesícula biliar. # A tomografia computorizada e a ressonância nuclear magnética também ajudam na identificação de alterações mal diagnosticadas pelo USG. Se há mais de um sinal de gravidade a TC é recomenda para identificar a colecistite complicada e para melhor direcionar o tratamento. # Fazer: USG. Caso necessário, solicitar TC e HIDA (exame de excreção de radionuclídeos). TRATAMENTO · Depois de estabelecer o diagnóstico e a severidade da colecistite aguda, o tratamento será baseado no grau de severidade e nos fatores de risco do paciente, usando os escores ASA (American Association of anestesistas) e CCI (Índice de Comorbidade de Charlson) · ASA desenvolvida por anestesiologistas, determina o estado de saúde do paciente antes da cirurgia · CCI relaciona o índice de mortalidade a longo prazo com a comorbidades do paciente. Cada categoria de doença recebe uma pontuação (1–6). À medida que o escore aumenta, a taxa de mortalidade prevista também se eleva · O Tokyo Guidelines 2018 sugere o uso desses escores juntos para avaliar a condição do paciente depois de ter estabelecido o diagnóstico da colecistite aguda e decidir se é necessário uma colecistectomia precoce, tardia ou mesmo, outra modalidade de tratamento # ASA II doenças leves sem limitações funcionais. Ex.: tabagista, uso de bebidas alcoólicas socialmente, grávidas, obesidade (30< IMC < 40), doença pulmonar leve, DM controlado. # ASA III limitações funcionais, com uma ou mais doença severas. Ex.: DM pouco descompensado, DPOC, obesidade mórbida (IMC > 40), hepatite ativa, alcoólatra, pessoa com marcapasso, redução de fração de ejeção, DRC com diálise, criança prematura, historia (> 3meses) de AVC, IM, stents. # ASA IV ex.: história (< 3meses) de IM, AVC, stent, presença de isquemia cardíaca ou disfunção severa em valva, redução severa na fração de ejeção, sepse, DRC que falta a diálise. # ASA V ex.: ruptura de aneurisma torácica/abdominal, trauma massivo, HIC, disfunção orgânica múltipla. · O tratamento da colecistite aguda deve começar através reposição volêmica, correção de distúrbios hidroeletrolíticos e monitorização de sinais vitais (respiratório e hemodinâmica), além de analgesia e antibioticoterapia dirigida para os agentes patogênicos mais frequentes · No entanto, o tratamento definitivo de eleição é a colecistectomia laparoscópica com colangiografia intra-operatória, no prazo ideal de até 72 horas após o início da sintomatologia, se as condições clínicas do doente forem favoráveis, isto é, doentes ASA ≤ 2 e (CCI) ≤ 5. Caso contrário, deverá ser realizada drenagem biliar percutânea por meio de colecistostomia ecoguiada # A laparoscopia é mais indicada que a colecistectomia aberta. · Tratamento de acordo com o grau de severidade: · Grau I: colecistectomia laparoscópica (Lap-C) precoce se escores CCI e ASA sugerirem que o paciente consegue suportar a cirurgia (baixo risco cirúrgico). Se o paciente não consegue suportar a cirurgia, tratamento conservador deve ser realizado primeiro, para posteriormente programar a cirurgia (tardia) como tratamento definitivo · Realizar Lap-C precoce dentro dos 7 primeiros dias, mas com preferência nas primeiras 72 horas · Tto conservador: se não há melhora clinica ou há piora dentro de 24 horas, reconsiderar Lap-C se de 7 dias desde o início do sintoma ou drenagem biliar · Grau II: idealmente a laparoscopia deve ser feita precocemente se escores CCI e ASA sugerirem que o paciente consegue suportar a cirurgia, e se o paciente estiver em um centro cirúrgico avançado. Contudo, deve tomar cuidado para evitar lesão durante a cirurgia, devido ao processo inflamatório vigente, devendo considerar conversão para colecistectomia aberta ou subtotal dependendo dos achados. Caso não haja condições clinicas do paciente para o tratamento cirúrgico, tratamento conservador e drenagem biliar devem ser considerados · Realizar Lap-C precoce se paciente encontra-se em boas condições clinicas · Caso contrário, realizar drenagem biliar precoce ou Lap-C tardia · Grau III: o grau de disfunção orgânica deve ser determinada e deve-se corrigir a disfunção orgânica, dar suporte clinico e administração de antimicrobianos. Médicos devem investigar fatores preditivos, como recuperação rápida de disfunção circulatória ou renal após tto iniciado e escores CCI ou ASA. Se paciente com condições cirúrgicas, realizar colecistectomia laparoscópica. Se for decidido que o paciente não pode suportar a cirurgia, tratamento conservador deve ser feito. Drenagem biliar pode ser considerada se não for possível controlar a inflamação da vesícula biliar · Em pacientes sem resposta ao tratamento clínico ou com alto risco cirúrgico a drenagem biliar percutânea trans-hepática guiada por exame de imagem, deve ser realizada precocemente # Obs.: Graus II e III solicitar cultura de sangue ou de bile, ou ambos. # Qual fator de risco deve adiar a cirurgia? - Grau I e II escores de CCI ≥ 6 e ASA ≥ 3 - Grau III fatores preditivos negativos de disfunção neurológica, disfunção respiratória e icterícia concomitante. Escores CCI ≥ 4 e ASA ≥3 indicando que o paciente talvez não suporte a cirurgia # Palavras de Paulo ATB, analgesia e jejum. Baixo risco cirúrgico: Lap-C. Alto risco cirúrgico: observação e reavaliação dentro de 24-48h para avaliar a evolução. A depender, se tiver alto risco cirúrgico a ATB já resolve. Se alto risco e ATB não for suficiente para reverter o quadro, Lap-C. # Palavras de Paulo ATB e suporte geral: - ASA ≤ 2 abordagem precoce - Risco cirúrgico elevado: iniciar com ATB e 2-3 meses depois: cirurgia eletiva - Se o quadro só piorou: indicar drenagem da vesícula biliar o mais precoce possível COLECISTITE AGUDA NA INFÂNCIA · Embora mais rara do que no adulto, a colecistite aguda vem apresentando incidência crescente na população infantojuvenil, seeja por incremento na incidência de fatores predisponentes, como dislipidemias e doenças hemolíticas, seja pelo progresso dos métodos diagnósticos · Manifestam-se, nas crianças, colecistites agudas alitiásicas; colecistites associadas a uso estendido de nutrição parenteral prolongada, antibioticoterapia, processos infecciosos como salmonelose e leptospirose; e a colecistite aguda por áscaris, sendo crescente a associação a dislipidemias. Devem ser lembrados os pacientes com doenças hematológicas e frequentes quadros de hemólise, resultando em colecistopatia litiásica · As colecistites alitiásicas ocorrem comumente em associação com doenças graves, como sepsis, queimaduras e politraumatismos · O quadro clínico é semelhante ao do adulto. A busca de antecedentes pessoais e familiares pode contribuir com o diagnóstico · A ultrassonografia é o método de eleição para diagnóstico · A colecistectomia e a exploração radiológica das vias biliares estão indicadas aos casos em que haja litíase · Em casos de colecistectomiasalitiásicas, colecistites após uso de antibióticos e nutrição parenteral prolongada, propõe-se o tratamento clínico, com a resolução da grande maioria dos casos Referências bibliográficas utilizadas: · CURRENT Cirurgia: Diagnóstico e Tratamento. 14ª edição. Capítulo 28: Apêndice · CURRENT Cirurgia: Diagnóstico e Tratamento. 14ª edição. Capítulo 30: Intestino Grosso · Guia de Cirurgia: Urgências e Emergências. Capítulo 13: Abdome Agudo na Infância · Tokyo Guidelines 2018: flowchart for the management of acute cholecystitis · Aplicativo TG18