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TCC SORAYA versão banca

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 RELAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA: CONTEXTUALIZANDO PRÁTICAS E POSSIBILIDADES 
 FARIAS, SORAYA
 RU 438302
 ALVES, VANESSA QUEIROS
RESUMO
A participação da família na vida escolar da criança, tem por objetivo desenvolver um melhor aprendizado, e melhor vivência familiar, contribuindo não apenas para uma vivência formal, mas fazendo com que se torne cidadã. O relacionamento familiar também é muito importante para o bom desempenho da criança na escola e principalmente na vida. O objetivo dessa pesquisa, foi abordar algumas questões que contribuem para que estas duas instituições possam desenvolver um trabalho conjunto em prol do melhor desenvolvimento dos filhos/ estudantes. Cada uma com sua especificidade, mas sabendo articular visões e práticas que podem contribuir para o aprendizado e formação da criança para vivência na comunidade, tanto nos aspectos sociais quanto na trajetória de nível acadêmico.Formar cidadãos críticos e capacitados para encarar as dificuldades que surgem na sociedade e pedir o empenho dos mesmos, determinando assim esta parceria, que neste sentido, vem colaborar para uma educação de forma positiva, salientando o dever e a importância do trabalho em equipe, e apontando alternativas para solução de problemas. A pesquisa é de cunho bibliográfico, onde foram realizados levantamentos de estudos e artigos sobre o tema, e depois analisados e cotejados para que o assunto pudesse ser contextualizado e contribuir para a reflexão coletiva acerca da relação família e escola. Os principais autores utilizados no artigo foram: Ferrari (2018), Polônia; Dessen (2005), Araújo; Oliveira (2010) e Stoltz (2012). Considera-se que o entendimento de possibilidades dessa relação e da delimitação dos papéis de cada uma dessas agências educativas pode contribuir para o aprimoramento dessa articulação nas instituições de ensino, na busca constante pela parceria, com o objetivo de consolidar uma aprendizagem mais colaborativa, participativa e significativa a todos os sujeitos envolvidos processo educativo.
1 INTRODUÇÃO
Tradicionalmente, a família tem sido notada como parte fundamental do sucesso ou fracasso escolar. A busca de uma harmonia entre família e escola deve fazer parte de qualquer trabalho educativo que tem como foco a formação de um indivíduo autônomo. 
Dessa maneira, o objetivo geral desse trabalho foi pensar estratégias para a escola manter pais mais participativos. Com o problema em responder: De que forma seria viável estabelecer uma maior aproximação entre família e escola? A metodologia escolhida foi a pesquisa bibliográfica, com o levantamento de estudos e artigos sobre o tema que pudessem contribuir para a reflexão coletiva entre família e escola e a importante parceria entre essas duas instituições.
No âmbito familiar e no âmbito escolar existem expectativas comuns e também anseios particulares, próprios das especificidades desses espaços. Levando em estima que o ser sensível aprende em todo tempo, nos mais diversos interesses que a vida lhe concede, tendo em consideração uma perspectiva ampla de educação, entende-se que é importante e necessário refletir sobre as possíveis articulações entre esses dois contextos educativos.
A justificativa desse trabalho, nesse sentido, parte do entendimento de que não é possível à escola caminhar sem a participação da família, e se propõe, para tanto, analisar quais seriam as estratégias que influenciariam essa participação e que, de certa forma, poderiam contribuir na educação da criança.
Percebe-se que quando as famílias acompanham assiduamente o aprendizado e o rendimento escolar dos filhos, organizam seus horários de estudo, verificam o dever de casa diariamente, conhecem a professora e frequentam as reuniões escolares, há um desempenho favorável dessas crianças na escola.
Dessa forma, para a abordagem desse tema e reflexão dessas questões, o trabalho está dividido em dois tópicos. No primeiro aborda-se o papel de cada agência educativa no desenvolvimento das crianças. E no segundo item aborda-se possíveis estratégias para fortalecimento da relação família- escola para a construção tanto do conhecimento científico quanto da formação cidadã dos alunos.
2 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA E DA FAMÍLIA: ESPECIFICIDADES DE CADA CONTEXTO
A primeira experiência que o ser humano tem de vivência em comunidade acontece na família, independente da constituição desta.
 A família tem um papel importante na construção de valores éticos e humanitários, na formação de laços de solidariedade e afetividade humana.
De acordo com Polônia; Dessen (2005) o papel principal da família é a socialização das crianças, pois é por meio da instituição familiar que a criança é incluída no mundo cultural, aprende uma língua, costumes, regras de convivência, entre outros aspectos. E nesse sentido, é preciso considerar que o caminho de desenvolvimento desse novo ser humano dependerá muito dos recursos dessa família, não somente econômicos, mas psicológicos, sociais e culturais. Dessa maneira, a família “ é considerada a primeira agência educacional do ser humano e é responsável, principalmente, pela forma com que o sujeito se relaciona com o mundo, a partir de sua localização na estrutura social” (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010, p. 100).
É importante salientar que quando nos referimos ao termo “pais” e ao termo família, estamos falando daqueles que se tornaram responsáveis legais pela criança sendo biológicos ou não, e do entendimento que “ a família é um grupo social especial, caracterizado por intimidade e por relações intergeracionais” (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2010, p.100). Além disso, entende-se também conforme Freddo, que: 
Apego, família e educação constituem os pilares sobre os quais a criança configura sua estrutura emocional, bem como características e peculiaridades importantes de sua personalidade e de seu modo pessoal de estar no mundo. É muito provável que se de certa continuidade entre o apego, o estilo educativo e as estruturas que caracterizam as respectivas famílias. Isso quer dizer que o modo como se configuram as estruturas familiares possivelmente depende do estilo de apego existente entre pais e filhos e do modo como a criança e o adulto se relacionam (FREDDO, 2004, p.56).
Assim os estabelecimentos educacionais, por sua vez, também carecem estar “abertos” a estas novas concepções familiares para que a afinidade, escola-família se estabeleça, ou seja, uma boa analogia, onde o respeito e o não preconceito estejam sempre presentes, para que os estudantes e futuros cidadãos sejam acompanhados e orientados na sua formação.
Ainda considerando o papel da família, independentemente de sua constituição, ela possui certas atribuições imprescindíveis e também legais como esclarece o Art.205, da Constituição Federal de 1988:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 2010, p.42, grifo nosso).
Além disso, os pais têm, segundo o artigo 229, “ o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade” (BRASIL, 2010, p.44).
 
A educação em seu sentido amplo envolve, portanto, a promoção e o desenvolvimento do próprio ser humano, nas funções morais, sociais, físicas, psicológicas, culturais. Porém, entende-se no âmbito social que a família tem um papel fundamental e primordial na formação dos valores e no provimento da criança para que tenha uma condição de vida digna capaz de inseri-la no mundo, seguindo os padrões sociais que são comuns e aceitáveis em nosso contexto cultural.
É interessante também comentar que na constituiçãode nossa Lei de Diretrizes e Bases da educação, o trecho dos deveres no sentido da educação é invertido no texto, sendo pautado, portanto, no artigo 2º que:
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996, p.2, grifo nosso).
Nesse sentido, entende-se que é esperado da família o cumprimento de sua função e que ela tem um papel fundamental e colaborativo para a formação de cidadãos.
 É importante destacar, porém, que é dever não só da família, mas de todos assegurar o direito da criança em um ambiente escolar. É o que pontua o estatuto da criança e do adolescente no seguinte artigo:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990).
Nesse sentido, espera-se do Estado, da escola e da sociedade como um todo, um regime de colaboração para a garantia de direitos das crianças e adolescentes.
 Dessa maneira, a criança durante seu desenvolvimento manterá contato com várias instâncias educativas além de sua família, e uma delas é a escola, nesse caso, um lugar privilegiado no sentido de ofertar uma educação formal, diferente da educação que ela constrói em outros espaços.
Quando à criança entra na escola ela está com base de vida social nos conhecimentos que adquiriu até então, e isto faz com que ela entre no contexto escolar com um alicerce de valores. Porém, existem dois aspectos importantes de salientar, neste sentido, o primeiro deles é o fato que as crianças estão entrando na escola cada vez mais cedo, portanto, é ainda mais importante que escola e família tenham posições e estruturas próximas na educação dessa criança, pois no âmbito da educação infantil existe tanto o processo de cuidar quanto o de educar, e sendo assim, ambas as instituições irão influenciar na formação dessa base de valores. 
 Outro aspecto, é que se percebe, infelizmente, que muitas famílias acabam transferindo sua missão e papel totalmente às escolas, não atuando em regime de colaboração para a construção da cidadania em seus filhos. E a escola, acaba sobrecarregada e muitas vezes não sabendo como lidar com tantas demandas que a sociedade à impõe, pois ainda como instituição específica de construção de conhecimento científico precisa trabalhar com inúmeras outras questões, inclusive todos os aspectos curriculares.
No âmago desta questão, porém, há um fato importante, que é a dificuldade que as famílias estão tendo de organização para que possam acompanhar os filhos, com o advento da vida moderna, as questões tecnológicas e as demandas específicas da sociedade. Muitos pais por excesso de trabalho, falta de estabelecimento de rotina e muitas vezes até de conhecimento, estão deixando tanto à formação de valores do filho de lado, quanto o próprio acompanhamento da vida escolar, que se faz fundamental para o desenvolvimento das crianças. 
Uma entrevista feita pelo Jornal Futura no dia 24/10/2014, por exemplo, diz que de acordo com a realização da última prova Brasil, 99% dos professores acreditam que a falta dos pais/responsável em acompanhar os filhos na escola prejudicou de alguma forma, sendo que 15% dos alunos da 5° serie não conversam com seus pais/responsáveis sobre assuntos relacionados a sala de aula e no 9° ano este número aumenta para 22%, estes números podem aumentar para mais. Nesse sentido, como pontua Ferrari: (2014)
[...] é importante saber que essa relação de presença na educação dos filhos está para além da relação com a escola. É uma relação com o conhecimento, com a ação de ser educado, aprender, conhecer. Os pais que conseguem, mesmo em meio a tantos compromissos, demonstrar a importância do processo educativo para os filhos, já estão contribuindo significativamente para o desenvolvimento deste, (FERRARI 2018).
A percepção desses aspectos, demonstra, portanto, que a escola enquanto agência educativa, que possui conhecimentos mais específicos acerca do desenvolvimento infantil, de organização de tempos e espaços, pode ser promotora e propulsora de uma cultura de envolvimento com os pais. É necessário ir além de um jogo de “ culpados” e buscar alternativas viáveis de orientação, formação e integração com as famílias. Assim, a escola além de beneficiar os estudantes, auxiliará na construção de vínculos importantes entre criança e família e ajudará a si própria, pois a partir de um trabalho de delimitação e articulação de papéis, conseguirá estabelecer seus próprios limites de atuação e compartilhar de forma democrática e justa suas múltiplas tarefas.
Dessa maneira, uma relação entre duas instituições tão importantes como a escolar e a familiar não pode ser estabelecida na forma de autoritarismo em que somente uma das partes está sempre certa e/ou fechada para qualquer diálogo.
Os pais/responsáveis devem buscar o apoio dos profissionais da escola para descobrir a melhor alternativa de ajudar na formação das crianças e adolescente, se abrindo para ouvir opiniões e colaborar com tais e quanto mais participativos, consequentemente melhor é o desempenho dos filhos na escola. Assim como a escola, deve oferecer esse apoio às famílias. Pois, a responsabilidade da educação compete a essas duas agências educativas e, o trabalho em equipe continua sendo o melhor caminho, como salienta Stoltz:
A influência dos pais no aprendizado é muito importante não só pela possibilidade de estes compreenderem a valorizarem a tarefa a ser aprendida e as dificuldades que a criança possa vir a encontrar, mas também por apresentarem a ela os meios para superar suas dificuldades’’. (STOLTZ, 2012, Pg.84.)
Existe um fator também que deve ser pontuado, principalmente na realidade das escolas públicas que é a percepção de que muitos pais não se prontificam em participar nas reuniões, no convívio escolar dos filhos porque são analfabetos e se sentem envergonhados, isso acaba interferindo também nas realizações de atividades que são enviadas para casa. Porém, estes pais por muitas vezes auxiliam os filhos nos estudos, como podem, para não seguir o mesmo exemplo que já viveram no passado, mostram a importância de estudar, receber e construir conhecimentos, para um futuro melhor. Mas nesse sentido, é importante a escola conhecer a realidade dos alunos e o contexto em que vivem, pois, a partir dessa observação é possível propor formas diferenciadas para o envio das tarefas de casa, chamar os pais para conversar e até buscar mecanismos viáveis para auxiliá-los na orientação dos estudos dos filhos.
 Outro aspecto, que observa-se também é que antigamente a uns 20 anos atrás os pais participavam mais da vida escolar dos filhos transformando momentos de entrada e saída em oportunidade para conversar com professores, coordenadores e até mesmo os outros pais sobre o que acontece na sala de aula, porém nos dias de hoje isto está se tornando raridade, a pressa virou exclusividade, os pais/responsáveis estão se apoiando em vans para buscar e levar, outros parentes, cuidadores e até mesmo os irmãos mais velhos que por muitas vezes se tornam responsáveis pela criança o qual também precisa da presença de seus pais para o auxílio na escola.
 Porém, algumas instituições de ensino deixam de realizar a inclusão dos pais/responsáveis neste ambiente causando à exclusão, e isto acontece na maioria das vezes quando a escola limita o espaço em que os pais/responsáveis deixam seus filhos, permitindo que estas crianças entrem nas salas sozinhos, os pais que ainda levam seus filhos, deixam- os no portão e não podem entrar para dentro das mesmas, por muitas vezes isto só é permitido nos primeiros anos do ensino primário. Como querer que os pais/responsáveis participemmais da vida de seus filhos, se as vezes à escola dificulta o acesso? É preciso pensar em alternativas para que os pais não só se sintam bem-vindos no espaço escolar, mas se sintam parte integrante dele. Pois,
Quando a família e a escola mantêm boas relações, as condições para um melhor aprendizado e desenvolvimento das crianças podem ser maximizadas. Assim, pais e professores devem ser estimulados a discutirem e buscarem estratégias conjuntas e específicas ao seu papel, que resultem em novas opções e condições de ajuda mútua. A escola deve reconhecer a importância da colaboração dos pais na história e no projeto escolar dos alunos e auxiliar as famílias a exercerem o seu papel na educação, na evolução e no sucesso profissional dos filhos e, concomitantemente, na transformação da sociedade (POLONIA; DESSEN, 2005, p.304).
Outro aspecto, que se observa na realidade das escolas brasileiras é que há no geral uma tendência de vermos mais participação da família quando a criança está na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I e depois os pais passam a se distanciar da escola, muitas vezes não comparecem nem na entrega de boletins. 
Porém, todas as etapas são importantes e tem suas próprias especificidades. A criança no Ensino Fundamental II que passa pela fase da pré-adolescência e depois o adolescente no Ensino Médio, precisa de apoio e participação, às vezes até maior por parte da família, por toda a questão psicológica, de mudanças em seu corpo, a descoberta de seus gostos e particularidades, os conflitos pelos quais passa. É indispensável a participação dos pais em todas essas etapas. E é claro que é preciso formarmos uma “ cultura” de participação e envolvimento desde a Educação Infantil e que as escolas em todos os seus níveis de ensino possam também proporcionar essa integração e serem abertas à essa articulação com as famílias.
Por isso o papel entre família e escola precisa do trabalho em equipe para construir caminhos para a educação e para vida, as duas têm saberes diferentes, conhecimentos diversificados e ensinam cada uma do seu jeito, mas não podem se esquecer que uma está ligada a outra e juntas podem promover uma educação significativa. 
2.1 RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA: ESTRATÉGIAS E CAMINHOS POSSÍVEIS
A viabilização da participação das famílias na escola tem vários caminhos possíveis, em diferentes aspectos. E o primeiro passo para se promover uma boa relação entre essas duas agências educativas é o entendimento das diferentes vias de abertura que podem ser criadas e a partir disso elaborar planos e metas para que realmente essas práticas funcionem no ambiente escolar. Para tanto aborda-se diferentes aspectos e possibilidades no envolvimento escola- família.
 O primeiro aspecto é a comunicação. Algo fundamental em qualquer relação e interação é que as pessoas possam interagir e tenham abertura para o diálogo. Dessa maneira, não é viável somente enviar bilhetes aos pais via agenda quando é necessário conversar sobre baixo rendimento. Mas criar estratégias de comunicação para que os pais tenham conhecimento do que se passa no ambiente escolar, tanto nos aspectos pedagógicos, quanto nos aspectos administrativos. 
Assim sendo, muitas escolas adotam a agenda escolar, que é um instrumento importante de comunicação, onde pais e escola podem enviar avisos, comunicados diversos. Porém, esse não deve ser o único instrumento. É necessário o cultivo de uma “ cultura de participação dos pais” para que eles também procurem à escola, mesmo quando não são convocados. É possível a equipe pedagógica realizar ligações e instigar os pais para que também liguem na escola quando tem alguma dúvida ou anseio. Pois, muitas das vezes as ligações só são realizadas quando a criança está doente ou se machuca, mas é possível elaborar uma rotina de ligações também para à escola se colocar à disposição das famílias, perguntar se os pais estão conseguindo acompanhar os filhos, se estão com alguma dificuldade e inclusive para avisar sobre reuniões e encontros pedagógicos.
Com o advento de novas formas de comunicação como as redes sociais, muitas escolas estão construindo páginas no facebook e até grupos via whatsaap para enviar avisos, fotos dos alunos realizando atividades escolares e até textos informativos e formativos aos pais. Essas ferramentas são interessantes, pois os pais passam a conhecer melhor o trabalho pedagógico e a própria rotina das instituições. Mas é claro que há um limite, não se deve contar com uma participação somente virtual, é necessário a presença física dos pais. Porém, esses recursos são interessantes, se bem trabalhados e abordados. 
Outro recurso utilizado por algumas escolas é produção de jornais informativos, que podem ser mensais, bimestrais, trimestrais ou semestrais, contendo as principais atividades realizadas pela instituição. Seria uma ferramenta mais interessante ainda se tivesse o envolvimento de pais e alunos para sua preparação, pois valorizaria os diferentes agentes envolvidos no processo educativo, além do trabalho pedagógico da escola.
Além disso, muitos sistemas de ensino têm pensado e começado a construção de aplicativos para sistema android ou app store para que os pais possam conhecer melhor a rotina da escola e saber como está o desenvolvimento da criança. No Estado do Paraná, por exemplo, foi criado recentemente o “ Escola Paraná”, onde os pais podem acompanhar esses aspectos pelo próprio celular. O sistema ainda está sendo aprimorado e divulgado, mas é uma ferramenta interessante para que os pais acompanhem todo o processo, pois muitas vezes só sabem do baixo rendimento do filho quando recebem o boletim ao final do bimestre ou trimestre e nesse caso, não tem como interferir e auxiliar em um resultado já posto.
O segundo aspecto para a participação dos pais é no envolvimento em atividades pedagógicas, sendo uma das alternativas chamar os pais/ responsáveis, para participar de uma atividade lúdica com seus filhos para que assim possam acompanhar o desenvolvimento dos mesmos, que seja apenas alguns minutos, é preciso pais mais presentes na vida de seus filhos, resgatar brincadeiras antigas, brinquedos, heranças que foram deixadas e que se encontram esquecidas, não criar estes momentos somente na escola, mas a própria instituição propor que sejam realizadas no próprio ambiente familiar.
Nas propostas de abertura da instituição, podem-se realizar cursos de alfabetização, capacitação ou mesmo de grupos de discussão com temas que auxiliam os pais com os alunos. Ou seja, muitas atividades podem ser realizadas pela escola em prol dessa articulação com as famílias. Como: feiras do conhecimento, reuniões formativas onde tragam contribuições para os pais, de forma prática, de como podem auxiliar seus filhos nos estudos.
 Trazendo ideias de algum autor, educador, com metodologias de ensino. Realizar palestras com psicólogos e outros profissionais, sobre uso indevido de drogas, bullyng, depressão, limites e regras. Nesse aspecto, é importante pensar na necessidade de cada fase do desenvolvimento, por exemplo na Educação Infantil, trazer as famílias para conversar sobre o desenvolvimento deles, sobre a fase das mordidas, das birras, da construção do pensamento e como os pais podem agir em cada momento. 
Proporcionar momentos em que os pais participem de oficinas juntamente com seus filhos, ajudem a construir algum espaço educativo na escola, ou em algum projeto como horta, jardim sensorial, por exemplo. É preciso usar criatividade e também encontrar parcerias. A escola precisa estar aberta e ser realmente um espaço privilegiado não só de construção de conhecimento, mas um espaço de estabelecimento de relações, de descobertas, de vida e interação com a comunidade. Pois, a instituição que se abre à comunidade, permite que os pais participem mais efetivamente do processo educativo de seus filhos, assim transmitem seus valores e conhecimento.
Dessa forma, é importante considerar também que na proposição dessa participação o elemento mais importante é a qualidade e cada instituiçãodeve conhecer o contexto onde está inserida e as especificidades da comunidade escolar, sendo que 
[...] cada escola, em conjunto com os pais, deve encontrar formar peculiares de relacionamento que sejam compatíveis com a realidade de pais, professores, alunos e direção, a fim de tornar este espaço físico e psicológico um fator de crescimento e de real envolvimento entre todos os segmentos. (POLONIA; DESSEN,2005, p.307-308)
Portanto, a família deve estar sempre aliada aos professores, e demais agentes que fazem parte do processo educativo, para juntos apresentarem um trabalho de envolvimento e cumplicidade nos temas relacionados ao ambiente escolar. Não é tarefa fácil, pois muitas vezes a rotina corrida de pais e da própria instituição acaba deixando esse trabalho de fortalecimento de relações de lado, porém, a família deve sempre acompanhar o desenvolvimento da criança em todo seu processo de aprendizagem, tanto no lar como nas suas atividades da escola. E, por sua vez, a escola tem que se aliar com a família para juntos melhor educar, melhorar cada vez esse laço entre família e escola.
A escola, portanto, também necessita dessa relação de cooperação com a família, pois os professores precisam conhecer as dinâmicas internas e o universo sociocultural vivenciados pelos seus alunos, para que possam respeitá-los, compreendê-los e tenham condições de intervir no providenciar de um desenvolvimento nas expressões de sucesso e não de fracasso diagnosticado. Precisam ainda dessa relação de parceria para poderem também compartilhar com a família os aspectos de conduta do filho: aproveitamento escolar, qualidade na realização das tarefas, relacionamento com professores e colegas, atitudes, valores, respeito às regras (SILVA; SILVA; SOUZA,2013, p.96).
Um terceiro aspecto, bastante importante e infelizmente pouco mencionado é a participação dos pais na gestão democrática da escola. Na atuação efetiva das famílias na construção dos Projetos políticos pedagógicos das instituições e na real participação nas instâncias colegiadas das escolas. Dessa maneira,
[...] os motivos que nos levam a acreditar no princípio de gestão democrática residem no fato de que esse preceito é fundamental para as relações humanas e deve ser pautado pela transparência, tanto na divulgação das informações necessárias ao grupo, com o intuito de que sejam tomadas as melhores decisões, quanto na garantia de que as definições coletivas sejam implementadas. Isso deve ocorrer com o diálogo franco, aberto e responsável de todos os envolvidos e, fundamentalmente, as relações baseadas na alteridade (SOARES, 2014, p.60).
Essa discussão é bastante pertinente, pois envolve um princípio pontuado na própria legislação educacional que prevê a participação de toda a comunidade escolar nas próprias decisões e encaminhamentos das escolas. Soares (2014) enfatiza que gestão democrática não é o mesmo que gestão compartilhada, que é o que se sucede na maioria das instituições, ou seja, uma verdadeira gestão democrática viabiliza mecanismos de participação efetiva dos pais em decisões colegiadas e não só o recebimento de informações previamente definidas pelo diretor da escola. 
O autor ainda pontua que muitas vezes as escolas chamam os pais e alunos para grandes mutirões, arrecadação de prendas, bingos, festas e ação entre amigos, e que esses podem ser elementos que façam parte do ambiente escolar, mas não devem ser o foco da escola, porque a função da escola é levar à comunidade escolar a pensar e construir a melhor educação possível, uma educação que vise a consciência do lugar social de cada um e que almeje a transformação da realidade onde à comunidade está inserida. Ou seja,
é a partir da definição da identidade da escola e das concepções de homem e sociedade pelo coletivo de profissionais que trabalham na escola, com a participação da comunidade, que será possível garantir a unidade pedagógica necessária para que a escola cumpra sua função: socializar o saber historicamente acumulado, oportunizando às camadas populares ( a maioria da população) a compreensão crítica das relações sociais das quais fazem parte.( SOARES,2014, p.7).
 
Nesse contexto, é crucial que as famílias sejam convidadas e instigadas a participar da construção coletiva dos projetos políticos pedagógicos, do conselho escolar, da apmf, das reuniões pedagógicas, enfim que elas saibam para que existe cada órgão colegiado e que realmente sejam criadas estratégias efetivas de ouvir as demandas e anseios da comunidade em prol de maior qualidade na educação.
Nessa perspectiva, a escola precisa também repensar as reuniões pedagógicas que são desenvolvidas com os pais, pois elas se constituem em um importante elemento de participação democrática, como abordado por Soares (2014), a escola não deve só chamar os pais quando os filhos apresentam problemas tanto pedagógicos, quanto comportamentais, mas sim buscar propor estratégias para resolução dos problemas, traçar metas efetivas para o sucesso no processo de ensino- aprendizagem. Sendo assim,
Para que a escola consiga trazer os pais para dentro de seu espaço, é necessária a promoção da participação desse segmento na dinâmica do trabalho pedagógico desenvolvido pela instituição. Além disso, o estabelecimento de ensino deve demonstrar que, de fato, a participação dos pais na vida escolar de seus filhos é fundamental para o processo de ensino – aprendizagem desenvolvido pela escola (SOARES,2014, p.146).
É necessário também que as reuniões pedagógicas sejam bem planejadas para que haja cada vez mais adesão dos pais. Nesse sentido, Soares (2014) pontua algumas questões importantes a serem pensadas pela escola como divulgar a reunião com antecedência, organizar uma pauta, mas também deixar um espaço para promover discussões e ouvir as demandas e sugestões dos pais, realizar em algumas reuniões exibições de vídeos ou dos trabalhos dos alunos, recepcionar bem às famílias, oferecendo um lanche, se possível, entre outros aspectos.
Assim é possível começar a criar uma cultura de participação das famílias no ambiente escolar e ao ouvir e abrir espaço para que as famílias expressem suas opiniões e anseios, eles se sentirão cada vez mais parte do ambiente escolar e perceberão que a presença deles realmente é um elemento importante para a melhoria de qualidade na educação das crianças e no aprimoramento da própria instituição.
Ainda que essa realidade de gestão democrática seja mais aberta nas escolas públicas, é importante que as instituições privadas também criem mecanismos de participação dos pais e principalmente que faça um trabalho de entendimento das famílias, de que a educação não é um produto, ou seja, não se insere em regras de mercado, mas sim é um processo amplo, participativo e democrático. E que necessita da interação e participação de todos para que possa produzir sentido na vida de cada educando. O trabalho com essa concepção se faz necessário, pois infelizmente em algumas instituições privadas, há uma relação hostil de algumas famílias com à escola, como se ela estivesse vendendo um produto e devesse atender as demandas de cada família passando por cima até de princípios e normas do próprio estabelecimento.
Dessa forma, a relação entre a família e a escola para a formação educacional do ser humano deve ser bem planejada e refletida para que realmente se efetive. Formar cidadãos críticos e capacitados de encarar as dificuldades que surgem na sociedade e pedir o empenho dos mesmos, determinando assim esta parceria, que neste sentido, vem a colaborar para uma educação de forma positiva. 
2.2 METODOLOGIA 
A metodologia utilizada neste trabalho foi a pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa, que visa cotejar diferentes visões sobre um assunto e tecer uma análise crítica do conteúdo abordado. Tendo como parâmetro a busca em entender a relação entre família e escola, seus papéis sociais e possíveis formas e possibilidades de parceria para uma relação positiva, que vise construir uma educação significativa e problematizadora.
Apesquisa bibliográfica contribui nesse sentido para a percepção de como o assunto vem sendo tratado, por outros pesquisadores, além disso, conforme salienta, Boccato 
[...] a pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica. Para tanto, é de suma importância que o pesquisador realize um planejamento sistemático do processo de pesquisa, compreendendo desde a definição temática, passando pela construção lógica do trabalho até a decisão da sua forma de comunicação e divulgação (BOCCATO, 2006, p. 266)
A escolha da pesquisa bibliográfica corrobora com a visão de Garcia (2016), segundo o qual, esse tipo de pesquisa envolve uma revisão bibliográfica sobre o tema a ser pesquisado, e também um problema e objetivo bem formulados que estejam em consonância com o material que pretende ser levantado para a construção do trabalho. Cortelazzo e Romanowski (2007) também salientam que esse tipo de pesquisa:
[...]se refere aos estudos investigativos que tem como base fontes de referência tais como livros e periódicos. Seu objetivo é auxiliar na análise e na compreensão de um tema, contribuindo para explicar um problema a partir das inferências teóricas obtidas nas leituras" (CORTELAZZO e ROMANOWSKI, 2007, p. 38)
Esse tipo de pesquisa contribui muito para o debate acerca de um tema, pois traz cotejamentos, comparações e amplia os olhares para diversificados problemas encontrados na realidade social.
O trabalho teve fundamentos em artigos que referendam o objeto de estudo escolhido e livros de autores que contemplam o tema, como dos autores Bocatto (2006), Luck (2001), Soares (2014) e artigos dos autores Ferrari (2018); Polônia e Dessen (2005); Oliveira e Araújo (2010).
Primeiramente foi realizado o levantamento das fontes, junto à biblioteca da faculdade e pesquisas em sites diversos para posteriormente separar os materiais e começar as análises com os dados e informações coletadas.
Dessa forma, buscou-se a contribuição da pesquisa bibliográfica para abordagem de um assunto tão caro para o sucesso do processo educacional no contexto escolar.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização dessa pesquisa foi muito importante para o conhecimento e desenvolvimento enquanto aspecto formativo no curso superior em Pedagogia, foi de grande relevância esse tema, a fundamentação teórica e pesquisas, que foram realizadas sobre esse assunto tão necessário para o direcionamento teórico-prático do trabalho pedagógico.
Perceber e refletir os aspectos educativos e as especificidades de cada agência educativa leva a um conhecimento mais aprofundado para se pensar estratégias e possibilidades na relação escola- família.
 
Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi mostrar o quanto o envolvimento da família com a escola é crucial para o bom desenvolvimento dos estudantes, cada um desempenhando seu papel em promover o desenvolvimento integral do indivíduo e pensar em formas diferenciadas de se construir uma rede de parceria efetiva entre escola e família, pois a educação é uma ação que gera transformações de forma positiva, por isso deve ser bem pensada, repensada e programada dentro não só no contexto escolar como também familiar, pois é a partir dela que o aluno tem consciência de quem é, do seu papel perante a sociedade, por isso a escola não pode e não deve estar sozinha diante desta posição. 
Resgatar valores que a instituição escola-família tem a oferecer, fazer ações e eventos que promovam a participação ativa e constante da família na escola, são estratégias que devem ser aplicadas constantemente e não em eventos isolados.
Educar é uma função de todos, porém ressalta-se que a escola tem um papel na educação formal, na sistematização do conhecimento historicamente elaborado, sendo essa sua principal função, mas também atua em regime de colaboração com as famílias nos aspectos da formação integral do ser humano. Por sua vez, a família é a primeira referência de vivência coletiva da criança e onde ela deve continuar recebendo orientação, cuidado e formação em sua base de valores, pautados na ética, solidariedade e respeito na vivência enquanto ser social.
Dessa maneira, essa pesquisa traz à reflexão sobre essa relação crucial para a consolidação de uma educação mais ativa, dinâmica e democrática, se constituindo também em um convite para que mais trabalhos nessa perspectiva, sejam pensados e produzidos. Pois, se faz cada vez mais necessário o estabelecimento de relações positivas entre as várias instâncias educativas para o melhor desenvolvimento de nossas crianças, tanto nos aspectos do conhecimento científico elaborado, quanto na formação para a cidadania.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, M; OLIVEIRA.C. A relação família – escola: intersecções e desafios. Campinas: Estudos de Psicologia, 2010.
BRASIL, Art. 205. Constituição Federal. Capítulo III. Seção I. Da Educação, da Cultura e do Desporto, 1998.
BRASIL. (Decreto. Lei nº 13.257, de 13 julho de 1990). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm 
BRASIL. Lei nº 9.394. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996. Presidência da República. Brasília, DF
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, Câmera dos Deputados, Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. DOU de 16/07/1990 – ECA. Brasília, DF.
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� Aluna do centro Universitário Internacional Uninter. Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de curso. 1º semestre de 2019.
� Professora orientadora do Centro Universitário Internacional Uninter.

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