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Língua espanhola

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FACULDADE INTEGRADA DE GOIÁS 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA
POLO: BREVES-PA
EMANOEL NAZARENO JUNIOR
MARIA EFIGÊNIA LIMA DE SOUZA
O ENSINO DO ESPANHOL POR MEIO DO GÊNERO POESIA
BREVES- PARÁ
2018
EMANUEL NAZARENO JUNIOR
MARIA EFIGÊNIA LIMA DE SOUZA
O ENSINO DO ESPANHOL POR MEIO DO GÊNERO POESIA
 (
Artigo para conclusão do curso de Especialização em Ensino de Língua Espanhola.
, orientado pela Msc. Diones Leão.
)
BREVES- PARÁ
2018
Resumo
Sabe-se que o Espanhol é a segunda língua mais falada em todo o mundo e que a procura por seu aprendizado está cada vez mais forte no Brasil, haja vista que a língua espanhola se assimila com a língua portuguesa. Além disso, o uso da língua espanhola é de suma importância para a comunicação social, pois o mundo globalizado está em constante crescimento e saber uma segunda língua nos ajuda a acompanhar essas transformações. O ensino de espanhol pode aproximar culturas e melhorar a conversação entre eles. Então por este motivo, este trabalho tem por objetivo apontar o uso da poesia como metodologia pedagógica para o ensino da língua espanhola na escola brasileira, visando despertar o interesse do aluno pelo habito da leitura de textos da língua espanhola e também utilizar nas práticas de conversação do seu dia- a-dia, ampliando seu conhecimento de mundo. Para realização deste trabalho utilizaremos textos de Araujo (2015), Brito (2014) e Souza (2008).
Palavras- chave: Língua Espanhola; Literatura Espanhola; Poesia e Lei 11.161/2005.
 
Introdução
No ensino de línguas estrangeiras nas escolas é comum vermos a dificuldade do aluno em absorver o conhecimento dado pelo professor, pois a falta de interação, de conversação e interpretação na língua alvo, bem como de aplicação de conteúdo extra-classe. Ou seja, o professor não cria uma nova metodologia de aprendizagem e é sempre aquele estudo sobre a gramática x tradução, o que acaba se tornando um ensino muito tradicionalista, não correspondendo com a nova realidade 
Em um mundo onde a língua é fundamental para a comunicação, descobrimos que o espanhol é a segunda língua mais falada entre as comunicações internacionais, são mais de 500 milhões em todo o planeta. Em se tratando do Brasil, a língua espanhola vem conquistando seu espaço como opção para um segundo idioma. A procura pelo aprendizado da língua espanhola entre os brasileiros se dá pelo crescente avanço da globalização, a comunicação sofre constante transformação a cada dia e é necessário se adequar ao meio para não se isolar. Como embasamento teórico será utilizado Araujo (2015), Souza (2008) e Brito (2014).
Neste contexto, este trabalho tem por objetivo apontar o uso da poesia como método pedagógico para o ensino aprendizagem da língua espanhola. Promovendo assim ao aluno o hábito da leitura de textos em espanhol, e levando-o a utilizar este idioma nas práticas de conversação e leitura por meio da poesia. Além disso, mostrar uma visão geral da língua e da cultura espanhola, permitindo a inclusão social e a ampliação do conhecimento de mundo por parte dos alunos. 
Sendo assim, no primeiro momento abordaremos um panorama sobre a História do ensino da língua espanhola nas escolas a partir da implantação da Lei 11.161 de 2005, discutindo a respeito sobre a importância da língua espanhola em nosso país, após a criação do Mercosul.
Em um segundo momento, mostraremos a literatura como parte cultural da sociedade em geral, discutindo a respeito da participação da língua e da literatura no meio cultural de uma sociedade.
E para finalizar abordaremos o uso da poesia como método pedagógico para o ensino aprendizagem da língua espanhol, mostrando assim que a literatura pode ser usada como ferramenta para o aprendizado de uma segunda língua.
1. A Língua Espanhola no Brasil
O espanhol é a segunda língua mais falada em todo o mundo, são mais de 400 milhões de usuários. A procura pelo aprendizado do espanhol ocorre devido ao crescimento acelerado das tecnologias voltadas para a comunicação, haja vista que isto aproxima nações, culturas e até mesmo política. O crescimento das empresas nacionais e internacionais influencia no mercado de trabalho, exigindo assim o espanhol e reconhecendo- o como segunda língua. Contudo podemos observar também que a ampliação das relações político-comerciais, como o Mercosul (Mercado Comum do Sul), é um dos principais motivos da valorização da língua espanhola no país.
Silva (2009, p. 5) afirma que:
Esse crescimento constante (e mundial) do interesse pelo idioma é motivado pelo fato de essa língua ter se tornado, sobretudo a partir da última década do século XX, em uma das línguas mais importantes da atualidade. A razão da rápida e bem fundamentada difusão do idioma se dá por sua potente demografia bem como pelos investimentos direcionados à sua divulgação como, por exemplo, a criação do Instituto Cervantes com sede em mais de 70 países (SILVA, 2009 apud BERALTO; RETONDO, 2014)
O Instituto Cervantes facilitou a difusão da língua espanhola pelo mundo no século XX, disseminando a cultura espanhola, com trabalhos voltados para o ensino desse idioma. Com isto, o espanhol se tornou um precioso instrumento de comunicação pelo mundo, e despertando interesses dos brasileiros pelo ensino do idioma.
Sendo assim, partindo deste pressuposto vemos que a língua espanhola é a preferência dos brasileiros como opção para um segundo idioma e por que não dizer para um primeiro, pois a similaridade com nossa língua mãe, faz com que a procura pelo espanhol seja cada dia maior, como afirma Moreira (2016, p.3)
Segundo Fernández (2005), muitos imigrantes chegaram ao Brasil com o intuito de recomeçar a vida após a crise econômica da época:
[...] mais de quatro milhões de imigrantes, dos quais 12% eram espanhóis... ocuparam as terras das regiões Sul e Sudeste em consequência das graves crises econômicas que acometiam a Espanha desde meados do século XIX (FERNÁNDEZ, 2005, p.6 apud SOUZA; OLIVEIRA, 2013)
Esta crise ao qual Fernández fala refere-se às dificuldades econômicas causadas em grande parte por epidemias agrícolas, que prejudicaram a agricultura dos camponeses espanhóis. Depois desta fatalidade, o governo espanhol resolveu averiguar os países que poderiam oferecer melhores condições a cidadãos seus que emigrassem, segundo Belloto (1992, p.7)
A emigração espanhola acontece desde a colonização do Brasil, contudo os espanhóis procuraram cada vez mais expandir sua cultura para terras brasileiras. E com isto, o saber de sua língua como ferramenta de comunicação tornou-se algo desejável para nós brasileiros. Além do mais, diversos fatores contribuíram significativamente para o aumento da procura da língua espanhola como uma segunda língua, como afirma Araujo (2015), 
Um dos fatores contribuintes por esse crescimento foi a expansão das relações comerciais entre Brasil e países Latino Americanos falantes de Espanhol. Outro fator importante seria a chegada de diversas empresas e instituições espanholas ao Brasil, e um terceiro fator relevante seria o peso da cultura espanhola que impulsionaram e incentivaram o mercado de ensino dessa língua. (ARAUJO, 2015 p.3).
Vemos que com o surgimento de empresas comerciais a partir das relações comercias entre o Brasil e países latino americanos; que falam espanhol, a busca dos brasileiros para o aprendizado da língua espanhola teve um crescimento significativo, pois para adentrar ao mercado de trabalho é exigido ter uma segunda língua como referencia.
A partir desta perspectiva, o ensino da língua espanhola já prescreve há muitos anos, haja vista está previsto na legislação educacional desde 1942, quando o então Ministro Gustavo Capanema com o intuito de criar um conjunto de medidas para reestruturação da educação nacional, incluindo o estudo de línguas clássicas (Latim e Grego) e modernas (Inglês, Francês e Espanhol) e pela primeira vez, inseriu a língua espanhola no Ensino Médio, como afirma Araujo (2015, p.4).
Além disso, Araujo (2015, p.5) afirma tambémque em 1961, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação retira a obrigatoriedade do ensino de Língua Espanhola, deixando que a os conselheiros estaduais da educação opte pela inclusão das línguas clássicas e modernas nos currículos.
A inclusão da língua espanhola nas escolas publica e privada do Brasil tornou-se uma meta a ser alcançada, pois a comunidade espanhola estava em fase de crescimento acelerado. Sendo assim, 
em 1996, a nova LDB apenas menciona que seria incluída uma língua moderna como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda em caráter optativo, dentro das possibilidades da instituição e, sendo o inglês uma língua de grande prestígio internacional, manteve garantida sua ocupação em primeiro lugar. Em segundo lugar ficaria o espanhol, em função de sua importância para o país, uma vez que se encontrava em plena atividade através da criação do MERCOSUL. (BERALTO; RETONDO, 2014 p, 3)
A nova LDB incluiu o ensino de línguas estrangeiras nas escolas publicas e privadas do Brasil, no entanto, a língua inglesa teria prioridade na comunidade escolar. Porém, a língua espanhola ganhou destaque em algumas instituições de ensino devido a sua importância naquele momento, haja vista que a preocupação do governo Brasileiro era a criação do Mercosul.
Diante disso, a partir dos anos 90 a língua espanhola ganhou seu espaço na educação, pois Montañez (2013, p.11) afirma que após diversas mudanças na legislação educacional, o ensino de Espanhol tornou-se obrigatório nas escolas públicas e privadas de Ensino Médio em todo o território nacional, graças à Lei Federal nº. 11.161 de 05 de Agosto de 2005.
Além disso, 
de 1958 até a atualidade foram apresentados 15 projetos de lei versando sobre o ensino de espanhol no Brasil, os quais justificavam a sua obrigatoriedade em nome da “integração econômica, social, política e cultural dos povos da América Latina, preceituado na Constituição Federal em seu artigo 4º inciso XI e em seu parágrafo único” (BARROS, 2001, p.2 apud LISBOA, 2009) 
Por conseguinte, com a obrigatoriedade da língua espanhola a partir da lei 11.161/05, foi possível observar que a falta de professores para lecionar espanhol nas escolas era grande. Segundo Lisboa (2009), 
no meio acadêmico, especialmente no âmbito de formação de professores de espanhol, surgiram diversas manifestações contrárias a própria lei enquanto política lingüística e principalmente quanto à planificação colocada em andamento. Em alguns estados brasileiros como São Paulo, projetos de formação de professores on-line foram implantados em parceria com instituições espanholas para atender a um déficit − superestimado, talvez – de profissionais no mercado. (LISBOA, 2009, p.8).
Considerando esta nota, poderíamos chegar a conclusão que as universidades brasileiras deveriam estar preparadas para suprir a demanda de novos professores, contudo, em 2009, o Cadastro das instituições de Educação Superior- MEC afirmou que existiam maus de 367 cursos de espanhol nas universidades do Brasil, porém a maioria desses cursos pertencia aos Estados do sul do país. (Montañez, 2013, p.5)
De Acordo com Souza (2016, p. 4) desde a inclusão da língua espanhola no sistema educacional brasileiro, o governo brasileiro tem investido na formação de professores, abrindo vagas em licenciatura em língua espanhola na universidade e oferecendo a capacitação daqueles que já exerciam a profissão sem a qualificação adequada. 
Uma pesquisa de campo preliminar revela que o ensino do espanhol começa a encaminhar, tendo já a implantação no sistema educativo, outras não. Segundo dados do Inep, do Ministério da Educação, há no país 12.7 mil professores do idioma, para cerca de 8 milhões de alunos que cursam o ensino médio, de acordo com Souza (2016, p.7)
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2005) afirma que, “o domínio de uma Língua Estrangeira se constitui em mais uma possibilidade de ampliação do universo cultural do aluno, possibilitando-lhe o acesso e a apropriação de conhecimentos de outras culturas”. Em outras palavras, o estudo da língua espanhola nas escolas e universidades é essencial para a construção de uma política de idioma voltada para uma postura plurilingüística e pluricultural e não a um quadro em que um idioma hegemônico domina o currículo” (SCHMITZ, 2008 p.9 apud Montañez, 2013).
Sendo assim, para que haja um aprendizado de qualidade, é necessário que as instituições educativas foquem suas em metodologias de ensino, melhorando a elaboração de materiais didáticos para um ensino eficiente de língua espanhola. Talvez isto faça com que o aluno não se restrinja a decorar um sistema de regras e códigos gramaticais da língua espanhola, mas aprendê-la para um melhor aproveitamento da interação dos sujeitos entre si e de suas culturas. (PADILLA, 2010, p.10).
Por conseguinte, podemos afirmar que a língua espanhola é importante para nossa sociedade, pois desde a sua inclusão no sistema educacional a língua se tornou algo prioritário para muito jovens brasileiros, pois além de aproximar culturas ela nos qualifica como pessoa para atingirmos as expectativas no mercado de trabalho.
2. A Literatura Como Componente Cultural
Do ponto de vista antropológico, o termo cultura está associado a diversas formas de manifestação artística ou técnica da humanidade, seria um complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade. Em outras palavras seria uma forma de organização da sociedade.
No que diz Souza (2008, p.11) a respeito de cultura, o desenvolvimento cultural traz consigo a dimensão qualitativa da vida social e econômica, possibilitando ao ser humano a capacidade de aprender comunicar as suas experiências. Além disso, para a “Declaração do México” (1986), “a cultura é o fundamento necessário para o desenvolvimento autêntico”. Hoje se busca uma qualidade de vida também cultural, pois a cultura é relevante na interação dos indivíduos com as comunidades. (Souza, 2008, p.31).
O estudo da cultura é fundamental enquanto agente de integração, através da formação de padrões de comunicação, de interacção, da criação de valores, normas, e esquemas cognitivos de interpretação da realidade. A cultura deixa de ser vista como mais uma variável que a organização detinha. A cultura começa a ser entendida como um fenómeno activo, através do qual os sujeitos criam e recriam os seus ambientes. (NASCIMENTO, 2009, p.9)
Nessa perspectiva, para Brito (2012, p.2), a língua e a cultura vão unidas, haja vista que é impossível “dominar” uma língua sem “dominar” a cultura. Em outras palavras, Paganini (2014, p.4) afirma que a língua como instrumento de comunicação entre os indivíduos carrega também a representação cultural, no sentido que engloba outros elementos, a expressão literária.
A literatura, como uma expressão artística, é a arte das palavras. Como uma manifestação de sentimentos, sensações, impressões e como a expressão lírica de um artista da palavra e do desenho, ela provoca deleite e trás um trabalho poético com as palavras, com as figuras de linguagem e com as imagens. (PARREIRAS, 2009, p.22).
A literatura em si é algo mágico, que transcende em nosso ser diversos sentimentos, nos aproximando de sensações de bem estar com o mundo ao qual vivemos, a literatura pode nos proporcionar novos conhecimentos a respeito de diversos assuntos. A expansão de conhecimento também é uma maneira de se sentir bem consigo mesmo. Ver o mundo com outros olhos, a partir da literatura, nos faz entender que a vida nem sempre é do jeito que vivemos. 
Todavia, a literatura está presente em todas as épocas, dos mais variados contextos históricos, porém ainda é acessada por poucos devido à dificuldade das classes mais populares conhecerem a literatura canônica em si.
Para Paganini (2014, p. 5), a dissociação entre língua e cultura é uma das problemáticas que precisa ser desmitificada. A literatura é apenas um dos domínios do idioma, é um dos conhecimentos culturais quese faz necessário à competência global da língua. Além do mais, a literatura faz parte do tesouro cultural de toda comunidade lingüística (Brito 2012, p,1).
Por meio da História, descobrimos que na Idade Média, mais precisamente na Europa, os romances e as poesias eram lidas ou declamadas para o povo, nas praças públicas, pequenas vilas nos capitéis das catedrais. Por outro lado a literatura escrita foi objeto de um extraordinário progresso lingüístico. A consolidação da língua espanhola deveu-se muito aos grandes escritores medievais e renascentistas. Através de seus escritos a língua espanhola foi fossilizando-se e constituindo-se como marca da cultura hispânica, como afirma Brito (2012, p,1).
Assim sendo, os textos literários possibilitam a realização de leituras dos princípios defendidos pela nação ao almejar uma direção para os verdadeiros valores da nacionalidade, visto que expõem as diversas transformações políticas e sociais vivenciadas por uma sociedade. (SANTOS, 2008, p. 12).
As Escritoras Amarilha (2013) e Zilberman (2008) chamam a atenção que nas rotinas vivenciadas no ambiente escolar, podemos testemunhar a contribuição que a leitura proporciona para a efetiva transformação do espaço educativo e do indivíduo, principalmente no que se refere à participação do aluno através da literatura e, da sua inserção social e cultural nesse processo experiencial em sala de aula.(apud ARAUJO; FREITAS et.al 2013).
Segundo Vygotsky (2002, p.34) a aquisição da linguagem é um conhecimento construído em contato com a prática social mediada pela coletividade e interação, ou seja, é importante que haja interação entre o indivíduo, a troca de saberes e cultura muitas vezes facilita no aprendizado da língua estrangeira. 
A literatura é importante não só para o meio escolar, mas também para o meio social em si, misturar a língua com a literatura é um meio de interagir com o individuo, pois segundo Santos (2015),
a literatura é de fundamental importância na construção histórica e social da humanidade. Logo, não devemos tela apenas como um passatempo. Temos que saber aproveitar o conhecimento que é disponibilizado por ela de maneira consciente, tendo em vista que o conhecimento literário tem a capacidade de renovar os aspectos culturais de acordo com cada geração. (SANTOS, 2008, p.4)
A partir dessa perspectiva, podemos entender que a literatura torna-se importante para a construção social, pois é a partir dela que conhecemos a nossa história. Sendo assim, podemos observar que a língua e literatura estão entrelaçadas na cultura social do homem, haja vista que ambas são meios de interação social do individuo, então é essencial trabalharmos na fusão de literatura com a língua, pois a cultura está em nosso dia- a- dia.
3. Língua Espanhola x Literatura: O Uso do Gênero Poesia como Método de Ensino
Com a implantação da língua espanhola no currículo escolar, podemos observar nas escolas brasileiras o tradicionalismo no ensino da língua, ao qual o professor apenas trabalha a gramática e algumas frases de conversação em espanhol, levando- o para a memorização ou o famoso “decoreba”. Contudo, as aulas deveriam ir muito além quando nos referimos ao ensino de línguas.
O uso da língua é considera um código e que o interlocutor deve decodificar os sinais lingüísticos expresso pelo locutor, em virtude disso, somos nós que precisamos manusear a linguagem como forma de comunicação interacionista, pois é por este meio que acontece a aproximação entre os indivíduos. 
Segundo Yamakawa (2012, p. 5), as aulas que mantêm seu foco somente em descrições sistemáticas de língua fracassam em formar alunos capazes de utilizar a língua de forma completa e interagir socialmente (apud LIMA; LAGO, 2013). Em outras palavras, muitas vezes a memorização não é o melhor método de ensino para línguas, pois o individuo acaba se prendendo naquilo que foi-lhe ensinado.
O ensino de língua estrangeira nas escolas ajudaria no aprendizado do aluno, capacitando-os a compreensão e habilidades na pronuncia e escrita da língua, permitindo-lhes um acesso mais amplo no meio social, como afirma Brasil (2000),
Torna-se, pois, fundamental, conferir ao ensino escolar de Línguas Estrangeiras um caráter que, além de capacitar aluno a compreender e a produzir enunciados corretos no novo idioma, propicie ao aprendiz a possibilidade de atingir um nível de competência linguística capaz de permitir-lhe acesso a informações de vários tipos, ao mesmo tempo em que contribuía para a sua formação geral enquanto cidadão. (BRASIL, 2000, p. 26).
Para isso, necessitamos de objetivos claros e precisos, a fim de que possamos alcançá-los. O processo de ensino-aprendizagem de língua envolve diversos elementos, os quais devem ser levados em conta no momento de elaboração do plano de aula, tais como, os objetivos, os conteúdos, as estratégias didáticas, a seleção de materiais e recursos a serem utilizados. (PADILLA, 2010, p.7)
Segundo Lima e Lago (2013, p.8) o texto literário é capaz de tornar o aluno mais crítico/reflexivo e totalmente capaz de produzir enunciados e estabelecer significados em diferentes contextos. A literatura não é apenas de textos retratando o amor, religião ou natureza, a literatura muitas vezes trás a realidade do individuo tornando-se um fator interessante para ser trabalhado.
A literatura é uma ciência ampla, que pode ser trabalhada de diversas formas, pois Serrani (2005, p.6) justifica a utilização de literatura “pelo princípio de que quanto mais amplo o leque de gêneros discursivos trabalhados, mais amplo será o desenvolvimento da capacidade textual discursiva”, ou seja, é interessante trabalharmos gêneros diversos no ensino de língua espanhola, pois assim podemos ver as habilidades de compreensão do aluno. (apud PADILLA, 2010).
Como já citado, os textos literários procuram sempre extrair emoções do seu leitor, convidando- o a adentrar no imaginário. Para Lazar (2004, p. 21) o uso do texto literário em sala de aula cria situações em que o aluno é convidado a expressar seus sentimentos e opiniões acerca da obra trabalhada, estimulando-o, assim, a produzir enunciados utilizando da língua alvo (LAZAR, 2004 apud LIMA; LAGO, 2013), Além disso, textos literários possuem temas mais complexos (religião, sociedade, natureza e entre outros), tornando-se assim, um desafio para o aluno.
Para Filho (2003), 
O texto literário é um objeto de linguagem ao qual se associa uma representação de realidades físicas, sociais e emocionais mediatizadas pelas palavras da língua na configuração de um objeto estético. O texto repercute em nós na medida em que revele emoções profundas, coincidentes com as que em nós se abriguem como seres sociais. O artista da palavra, copartícipe da nossa humanidade, incorpora elementos dessa dimensão que nos são culturalmente comuns. (FILHO, 2003 p.21 apud PADILLA, 2010).
Na literatura podemos trabalhar diversos tipos de texto, dos contos aos romances, porém, a poesia ainda é um dos gêneros menos contemplados na sala de aula. Isso provém da idéia que a poesia possui uma linguagem mais rebuscada e sua estrutura é um pouco complexa para ser apresentadas nas séries iniciais ou para adolescentes de ensino médio. (PINHEIRO, 2012 p.12 apud ARAUJO; NETO, 2014).
Contudo poderíamos selecionar a poesia como suporte método pedagógico haja visto que é um gênero pouco usado na sala de aula, mas que contem Conforme Silva (2014), 
o gênero poesia/poema é pouco veiculado no meio discente e, quando trabalhado na escola, ocorre muitas vezes de forma acessória ou para trabalhar regras gramaticais e estruturas do poema, mera contagem e classificação de estrofes, versos e sílabas poéticas, então, questiona-se a necessidade de trabalhar o texto poético como instrumento de formação de leitores, forma de comunicação e formação humana e cultural, bem como, a necessidade de superar o culto a tradição escrita e às regras gramaticais como os principais fundamentos do ensino da Língua Estrangeira. (SILVA, 2014, p.6).
Por conseguinte, a poesia vai além de regras,segundo Silva e Jesus (2011 p.9), os poemas revelam representações, conexões, manifestações das mais variadas formas, relacionadas à cultura popular em subgêneros poéticos com ritmos e rimas, com o prazer e o encantamento que a poesia oral nos evoca.
No ensino de língua espanhola, trazer a poesia para a sala de aula pode ser um desafio para o professor, pois é um assunto complexo devido a sua estrutura, regras e linguagem. Contudo, nos professores podemos trabalhar a poesia de maneira simples, trazendo apenas a leitura e apreciação do poema. 
Para Silva (2014, p.5) é importante que o trabalho com poesia se revele ao educando como forma elaborada de comunicação e construção da linguagem em língua estrangeira e ao mesmo tempo como um instrumento de aproximação humana.
Sendo assim, para que o professor trabalhe a literatura na sala de aula, é importante que mostre aos seus alunos os principais escritores da literatura hispânica, abordando suas biografias e textos literários e então colocar em pratica sua metodologia. Segundo Sacristán & Gómez (2000),
A função do professor/a será facilitar o surgimento do contexto de compreensão comum e trazer instrumentos procedentes [...] para enriquecer esse espaço de conhecimento compartilhado, mas nunca substituir o processo de construção dialética desse espaço, impondo suas próprias representações ou cerceando as possibilidades de negociação aberta de todos e cada um dos elementos que compõem o contexto de compreensão comum. (SACRISTÁN; GÓMEZ, 2000 p.13 apud PADILLA, 2010). 
Um método para se trabalhar a poesia no ensino de língua espanhola é por meio da leitura. E para que haja interesse na disciplina entre os alunos é por meio do incentivo do professor. A leitura e essencial para o entendimento e compreensão do individuo.
E para que haja esta dinâmica entre leitor e texto é necessário um planejamento por parte do professor, ou seja, ele será o mediador do texto literário e leitor. Em virtude disto, o professor deve realizar um planejamento para a sala de aula, ou seja, ele deve organizar sua aula, com teorias simples e praticas. 
Segundo 
É preciso levar em conta que a poesia é um gênero de texto que merece destaque no seu estudo, uma vez que exige do leitor uma carga de compreensão mais complexa devido as suas qualidades estéticas e literárias. Com isso, cabe ao professor criar condições para a manifestação desse tipo de texto nas suas aulas, de modo que o aluno possa despertar para o gosto de ler. (PADILLA 2010, p.14),
Em outras palavras, não basta só o aluno ler, ele tem que compreender o que leu, pois a poesia é um texto, muitas vezes complexo que exige atenção e compreensão. Freire (2008, p.34) diz que “Quando aprendemos a ler e a escrever, o importante é aprender também a pensar certo. [...] Devemos pensar sobre a nossa vida diária. [...] Aprender a ler e escrever não é decorar de palavras para depois repeti-los.” (apud URSINIO, 2010).
Sendo assim, a utilização da poesia como método pedagógico para o ensino de língua espanhola deve ser positivo, pois devemos trabalhar a leitura de textos em espanhol, criando uma aproximação entre o aluno e textos poéticos hispânicos, deixando um pouco de lado o tradicionalismo de ensino. É muito comum vermos professores de línguas trabalhando com os alunos a memorização da gramática e traduções de frases feitas. Contudo, podemos modificar este abolir este tradicionalismo e criar novos métodos pedagógicos para despertar o interesse do aluno pelo idioma. 
4. Considerações Finais
Após a lei 11.161/2005, a língua espanhola adentrou no ensino básico brasileiro como uma segunda língua a ser aprendida pelo individuo. Contudo, para que se aprenda a língua estrangeira, é necessário que haja professores adeptos a ensinar de maneira simples, abordando novos métodos de ensino pedagógico.
Sendo assim, no primeiro ponto abordado neste trabalho, pudemos destacar a implantação da língua espanhola no currículo escolar, sob a lei 11. 161/2005, que torna obrigatória o ensino de língua espanhola no ensino médio. Contudo, após a obrigatoriedade, foi de suma importância qualificar os professores nos primeiros anos do decreto. O ensino de língua espanhola nas escolas básicas foi essencial para a melhoria no currículo do aluno, pois saber uma segunda língua estava se tornando algo necessário para a vida pessoal do individuo.
Por meio da literatura, podemos interagir com a língua e com a cultura do próximo, ou seja, é por meio da literatura que muitas vezes conhecemos culturas de sociedades desconhecidas. A literatura é um dos conhecimentos culturais que se faz necessário à competência global da língua. Além do mais, a literatura faz parte do tesouro cultural de toda comunidade lingüística
E para finalizar, alguns apontamentos a respeito da utilização do gênero poesia como método pedagógico para o ensino de língua espanhola. A leitura de poesia espanhola em sala de aula vai além da memorização da gramática e palavras soltas, o aluno pode desfrutar das diversas sensações que a literatura pode proporcionar. Com isto é interessante que o professor procure outros meios de ensinar utilizando diversos gêneros textuais em sala de aula. Assim, desperta o interesse no aluno no ensino de línguas. 
Referências bibliográficas
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