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EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO

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EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO 
Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou 
mais Estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço procura 
descobrir qual é o âmbito espacial de aplicação da lei penal brasileira, bem como de 
que forma o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal. 
 
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS: 
1º) PRINCÍPIO DA TERRRITORIALIDADE - aplica-se a lei o país do local do crime. 
2º) PRINCÍPIO DA NACIONALIDAE ATIVA - aplica-se a lei do pais da nacionalidade 
do agente. 
3º) PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA - aplica-se a lei do pais da 
nacionalidade do agente quando ofender um concidadão. 
4º) PRINCÍPIO DA DEFESA (REAL) - aplica-se a lei do pais da nacionalidade do bem 
jurídico lesado. 
5º) PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL - aplica-se a lei do pais onde o agente for 
encontrado (crimes que o Brasil fica obrigado a reprimis por meio de tratados e 
acordos internacionais - ex.: crimes de tortura, genocídio). 
6º) PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO - a lei penal nacional aplica-se aos crimes 
praticados em aeronaves e embarcações privadas, quando no estrangeiro, e aí não 
sejam julgados. 
 
OBS.: a regra no Brasil é o Princípio da Territorialidade, sendo que os demais 
princípios serão aplicados de forma excepcional, conforme art. 5º, caput, CP. 
Assim, aplica-se o Princípio da Territorialidade Relativa ou Temperada. 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
1984) 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro 
onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo 
correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território 
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do 
Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 
 
 
PRINCÍPIO DA 
TERRITORIALIDADE 
PRINCÍPIO DA 
EXTRATERRITORIALIDADE 
PRINCÍPIO DA 
INTRATERRITORIALIDADE 
Local: BR 
Lei: BR 
Art. 5º, CP. 
Local: estrangeiro 
Lei: BR 
Art. 7º, CP. 
Local: BR 
Lei: estrangeira 
Art. 5º, CP. 
Ex: imunidade diplomática 
 
Obs.: o art. 5º adotou o Princípio da Territorialidade temperado pelo Princípio da 
Intraterritorialidade. 
 
INTERVALO (aula 2) 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO ---> P. DA TERRITORIALIDADE ---> TERRIT. NACIONAL 
 
TERRITÓRIO NACIONAL = ESPAÇO FÍSICO + ESPAÇO JURÍDICO 
 (geográfico) (por equiparação - art. 5º, § 1º, CP) 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
1984) 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro 
onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo 
correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território 
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do 
Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
Art. 5º, §§ 1º e 2º - Conclusões: 
1) Quanto aos navios ou às aeronaves brasileiros forem públicos ou estiverem a 
serviço do governo brasileiro, quer se encontrem em território nacional ou 
estrangeiro, são considerados parte do nosso território. 
2) Se privados, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, seguem a lei 
da bandeira que ostentam (Princípio da Bandeira). 
3) Quanto aos navios ou às aeronaves estrangeiros em território brasileiro, desde 
que públicos, não são considerados parte de nosso território. 
Obs.: Embaixadas não são extensão do território que representam, porém são 
invioláveis. 
Obs.: Na dúvida quanto à lei a ser aplicada, deve-se aplicar a lei do agente. 
Caso 1: Navio colombiano público atracado no Porto de Santos pratica tráfico de 
drogas, aplica-se a lei colombiana, o navio colombiano público é extensão do 
território colombiano. 
Caso 2: Agora, se o marinheiro colombiano pratica o crime de tráfico no território 
brasileiro a lei a ser aplicada dependerá se ele estava, ou não a serviço do governo 
colombiano. 
 
LUGAR DO CRIME 
(QUANDO UM CRIME SE CONSIDERA PRATICADO NO TERRITÓRIO NACIONAL) 
SISTEMAS (TEORIAS) DO LUGAR DO CRIME: 
1) TEORIA DA ATIVIDADE: considera lugar do crime aquele em que o agente 
desenvolveu a ação criminosa. 
2) TEORIA DO RESULTADO: considera lugar do crime aquele da produção do 
resultado. 
3) TEORIA DA UBIQUIDADE (MISTA): considera lugar do crime o local da conduta 
ou do resultado. 
Obs.: o Brasil adotou a Teoria da Ubiquidade ou mista, art. 6º, CP. 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo 
ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 
OBS.: se no território brasileiro ocorre somente a preparação do crime, o fato, em 
regra, não interessa ao direito brasileiro, ou seja, para considerar o Brasil lugar do 
crime deve-se considerar pelo menos o início do atos executórios, em regra. 
OBS.: No entanto, há crimes, segundo a doutrina, que o Brasil pune atos 
preparatórios (ex.: crime de associação criminosa). 
 
PASSAGEM INOCENTE 
O Brasil adota a chamada "passagem inocente" (Lei nº 8.617/93), quando o navio 
passa pelo território nacional apenas como passagem necessária para chegar ao 
seu destino (no nosso território não atracará) não se aplica a lei brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no 
mar territorial brasileiro. 
§ 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem 
ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. 
§ 2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida 
em que tais procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos 
por motivos de força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a 
navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave. 
§ 3º Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos 
estabelecidos pelo Governo brasileiro. 
OBS.: os aviões não desfrutam da passagem inocente, apenas os navios. 
 
CRIME À DISTÂNCIA OU DE ESPAÇO MÁXIMO 
Conceito: o delito percorre territórios de países soberanos, gerando conflito 
internacional de jurisdição, quanto ao pais que aplicará a sua lei. 
Solução: art. 6º do CP (Teoria da Ubiquidade). 
ATENÇÃO: não confundir crime à distância com crime plurilocal (ou de espaço 
interno), neste caso o delito percorre diferentes territórios do mesmo pais. Gera um 
conflito interno de competência, quanto ao juiz que aplicará a lei. Solução regra: 
art. 70 do CPP, que adotou a Teoria do Resultado. 
 
EXTRATERRITORIALIDADE 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (PRINC. DA DEFESA OU REAL) 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território,de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída 
pelo Poder Público; (PRINC. DA DEFESA OU REAL) 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (PRINC. DA DEFESA OU 
REAL) 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
CORRENTES: 
1ª) Princípio da Justiça Universal, pois genocídio é um crime que o Brasil se obrigou a 
reprimir; 
2ª) Princípio da Defesa, pois só se aplica a lei brasileira ao genocídio contra brasileiro; 
3ª) Princípio da Nacionalidade Ativa, pois está preocupada com a nacionalidade do 
agente. 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (PRINC. DA JUSTIÇA 
UNIVERSAL) 
b) praticados por brasileiro; (PRINC. DA NACIONALIDADA ATIVA) 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.(PRINC. DA REPRESENTAÇÃO) 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
CORRENTES: 
1ª) Princípio da Nacionalidade Passiva. (Está errada pois só se aplica quando atinge um 
concidadão); 
2ª) Princípio da Defesa ou Real. 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
O inciso I - trabalha com a Extraterritorialidade Incondicionada (§ 1º), pois se 
aplica a lei brasileira ainda que o agente tenha absolvido ou condenado no 
estrangeiro. 
O inciso II - trabalha com a Extraterritorialidade Condicionada (§ 2º), pois se aplica 
a lei brasileira se presentes determinados requisitos. 
O inciso III - trabalha com a Extraterritorialidade Hipercondicionada (§ 3º), pois se 
aplica a lei brasileira se presentes os requisitos do § 2º, mais outros requisitos. 
 
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA 
REQUISITOS DO § 2º (condições cumulativas) 
a) entrar o agente no território nacional 
b) ser o fato punível também no território em que o crime foi praticado 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro o não ter aí comprido a pena 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por motivo, não estar extinta 
a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
CASO: brasileiro que mato americano no território americano.

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