Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇAS POR TREMATÓDEOS NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS - Nesta apresentação será abordado doenças por helmintos da classe trematoda. Estes conhecidos como trematódeos não muito pouco comuns comparadamente aos helmintos da classe nematoda, e também quanto a classe cestoda. Apesar de serem muito pouco freqüentes nos animais em determinadas regiões, podem ocorrer condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento destes parasitas, levando aos animais que habitam naquela região a ter infestação importante por este tipo de parasita. Distomoníase hepática: Patologia hepática causada por membros dos gêneros Fasciola e Dicrocoelium →hepatite necrótica infecciosa O termo fasciolose ou fasciolíase somente para infestações por Fasciola hepática. Entre as doenças dos trematódeos, alguns dos mais importantes causam lesão em fígado de animais de produção. Essa situação quando inclui a hepatite necrótica pode ser chamada de distomoníase hepática podendo ser causado por fasciola ou dicrocoelium, que são gêneros importantes de trematódeos parasitas. Entre estes o mais comum e que causam maiores prejuízos é a fasciola, especificamente da espécie fasciola hepática. Quando se da infecção dos animais pela fasciola hepática, o termo dado a doença é de fasciolose ou fascioliase. Fasciolose Infestação por Fasciola hepática, caracterizada clinicamente por insuficiência hepática aguda ou crônica Hospedeiros: todas as espécies de vertebrados domésticos, muitos silvestres, e o ser humano H.I. Caramujos (gênero Limnea) Localização → ductos biliares A fasciolose é uma infestação por fasciola hepática, sendo a mais importante dos trematódeos parasitas dos animais. É um parasita capaz de infectar diversos hospedeiros diferentes e entre estes inclui o humano, se tratando de uma zoonose. A doença pode se desenvolver de forma crônica ou aguda causando tipicamente insuficiência hepática. A fasciola hepática é um trematódeo que vive como adulto dentro dos canais biliares, entretanto antes de se estabelecer, amadurecendo totalmente nos canais biliares, estas fasciolas ainda imaturas passam um longo tempo migrando e causando lesões importantes no próprio fígado (parênquima hepático), estas lesões é que geram a doença importante que causam grande perda na produtividade, em particular ovinos e bovinos. Esta doença é chamada de fasciolose. A fasciola hepática inclui diversos hospedeiros, e os mais afetados que tem prejuízos importantes são os ovinos e bovinos, entretanto, ela pode parasitar todas as espécies de vertebrados – domésticos e silvestres, incluindo também o ser humano. Como todo trematódeo, a fasciola hepática usa no seu desenvolvimento um hospedeiro intermediário que é um molusco. Neste caso os moluscos são aquáticos e do gêneo Limnea. A presença da fasciola depende da presença ambiental dos caramujos que são os hospedeiros intermediários. A fasciola é um parasita característica da classe trematoda, que é um formato achatado, com as margens levemente ovaladas e alongado, onde este comprimento pode chegar a mais de 2 cm, e as imaturas que migram pelo fígado são menores. Os espaços que aparecem no interior do corpo da fasciola seriam todo o intestino e suas ramificações. Os trematódeos tem ramificação intestinal, terminando em fundo falso/cego. Onde tudo que é ingerido através da boca, se não é reabsorvido e utilizado pelo parasita, é regurgitado, não existindo ânus ou cloaca neste tipo de parasita. FASCIOLOSE Brasil: Sul do país, Baixada Fluminense, Vale do Paraíba. ocorrência depende da presença dos caramujos hospedeiros intermediários (vivem em margens de pequenos rios e córregos). A doença fasciolose ocorre em ambientes que tem grandes populações do caramujo que é o hospedeiro intermediário, este sendo obrigatório para o desenvolvimento da fasciola hepática. O molusco que é o HI da fasciola hepática, é um caramujo que vive tipicamente em margens de pequenos rios e córregos porque eles vivem em pequenas laminas de água, neste local podem estar presentes estes moluscos permitindo o desenvolvimento da fasciola hepática. Ciclo: Ovos nas fezes do H.D. → miracídio → penetra no H.I. → esporocisto → células germinativas do esporocisto dão origem a rédeas →células germinativas das rédeas dão origem a cercárias → deixam o H.I. e nadam até vegetais ondem encistam →metacercárias →ingeridas pelos H.D.s → penetram parede intestinal → migração → fígado (5 a 6 semanas) → amadurecem nos ductos biliares 1 miracídio pode dar origem a 1000 fascíolas adultas PPP – 3 meses No ciclo da fasciola hepática que é o ciclo típico dos trematódeos, os ovos são levados ao ambiente através das fezes dos hospedeiros vertebrados que estão infectados. Como os adultos vivem em canais biliares, são hermafroditas, estes vão produzir ovos nestes canais biliares, e na passagem da bile por estes canais os ovos são levados até o intestino delgado onde desembocam os canais biliares. Isto faz com que os ovos que caem no intestino acabam saindo para o ambiente junto com as fezes dos hospedeiros parasitados. Estes ovos caindo em água liberam a larva interna que se chama miracídio, que consegue nadar através de seus cílios até encontrar o molusco que é o hospedeiro intermediário, no qual penetra através das partes moles do caramujo. Dentro do caramujo o miracídio, se transforma, se desenvolvendo em uma forma que é chamada de esporocisto. Cada esporocisto vindo de um miracídio tem diversas células que se multiplicam de forma assexuada, dando origem a rédeas dentro do hospedeiro intermediário. Cada rédea formada, que vão ser diversas, a partir de um único esporocisto, também tem células germinativas em seu interior que se multiplicam assexuadamente, que vão formar diversas cercarias. Desta maneira um miracídio dentro do HI da origem a um esporocisto, que da origem a diversas rédeas, dando origem a diversas cercarias. Desta multiplicação um miracídio pode chegar a dar origem até mil cercarias, que a se desenvolverem se tornam fasciolas adultas. Estas cercarias formadas dentro do hospedeiro intermediário que é o caramujo são liberadas através da boca do caramujo. E como este caramujo vive em lâminas de água, estas caem na água. A cercaria possui uma cauda que possibilita que ela nade na água. Tipicamente a cercaria nada até encontrar uma superfície vegetal, onde encontrando este local ela perde a cauda, se encista formando a metacercária na vegetação. Esta metacercária que é uma forma encistada tem que ser ingerida pelo hospedeiro definitivo, e a partir desta ingestão, chegando no intestino ela desencista liberando o trematódeo jovem, chamada de fasciola jovem. Estas fasciolas jovens vão migrar para os ductos biliares, entretanto esta migração não é rápida. A fasciola jovem após se desencistar no intestino do hospedeiro definitivo, vai migrando pelos tecidos até alcançar o fígado, e neste local permanece em torno de 6 semanas migrando através do fígado e se alimentando deste tecido. Somente depois que estas fasciolas jovens entram nos canais biliares e realizar seu amadurecimento onde vão viver como adultos. É nesta fase de migração prolongada do parênquima do fígado pelas fasciolas jovens que ocorrem as lesões de maior impacto para a saúde e produtividade dos animais infectados. Nutrição - jovens histiófagas (céls hepáticas) – se alimentam ao migrar pelo parênquima hepático. - Adultos: sangue e epitélio biliar dentro dos canais biliares. Em relação a nutrição os adultos que vivem nos canais biliares se alimentam de sangue e epitélio biliar. As faciolas adultas tem a cutícula que recobre o corpo cheia de pequenos espinhos, onde a semovimentarem dentro do canal biliar causa pequenas hemorragias. Este sangue produzido é absorvido através da cuticula mas não é o único alimento dos adultos. Os adultos dentro dos canais biliares ingerem pela boca epitélio biliar. As fasciolas jovens quando estão em fase de migração no parênquima hepático são histiofagas ingerindo células hepáticas, e esta alimentação ao migrar pelo fígado causam as lesões de maior impacto da fasciolose. Fasciolose Ovina Forma aguda – ingestão de grande número de metacercárias; condições climáticas altamente favoráveis. ◼ Sintomas em 3 a 8 semanas ◼ Lesões severas no parênquima hepático ◼ Alta mortalidade ◼ hipertermia, dor a palpação do fígado, distensão abdominal e diarréia; ◼ síndrome anemia, inapetência, adinamia ◼ Hipoalbunemia, hiperglobinemia; - A fasciolose doença é tipicamente resultado das lesões pela migração das fasciolas jovens pelo fígado. Os animais que mais são afetados pela doença estão incluídos os ovinos e os bovinos. Nos ovinos a doença fasciolose ela caracteristicamente se desenvolve de forma aguda com lesões graves ocorrendo em pouco tempo, gerando alta mortalidade e prejuízo intenso a produtividade neste período de infecção aguda. Esta forma aguda é a mais comum de se desenvolver nos ovinos e é resultado da ingestão que é típica dos ovinos de uma grande quantidade de metacercárias em um curto período de tempo. Isto ocorre quando estes ovinos são criados em condições climáticas muito favoráveis e que vão provavelmente ter contato constante com uma região ou área intensamente contaminada. Os sinais nos ovinos após ingerir as metacercárias costumam se apresentar entre 3 a 8 semanas, com lesões severas no parênquima hepático. A hipertermia, dor, na palpação do fígado, distensão abdominal e diarréia são uns dos resultados da lesão intensa no fígado destes animais infectados. Ocorre síndrome anemia devido a perda de sangue no fígado pela migração das fasciolas jovens. Além disso, o resultado disto indica inapetência, com isto o emagrecimento pode ocorrer apesar de não ser muito marcado pelo curso muito rápido da doença. A adinamia se apresenta devido a anemia, entre outras características da síndrome apresentada pelos ovinos nesta fasciolose aguda. Pode acontecer também a hipoalbunemia (diminuição da quantidade de albumina) e hiperglobinemia (aumento de anticorpos produzidos pela infecção). Fasciolose Ovina – aguda - Morte em 2 a 3 dias - Evolução mais lenta, perdurando por várias semanas: anemia e caquexia aparentes (edemas); morte em 10 a 18 semanas. Lesões: peritônio e parênquima hepático. Patogenia: ação traumática e ação histiófaga dos vermes imaturos. - A fasciolose típica dos ovinos é a aguda, inclui alta mortalidade que pode ocorrer entre 2 a 3 dias após o inicio dos sinais da doença. Por outro lado pode ocorrer com uma evolução mais lenta perdurando por várias semanas, mas sempre com sinais bastante graves e intensos. Nesta evolução mais lenta os ovinos chegam a apresentar sinais bastante marcados de anemia e podem apresentar caquexia, neste caso a morte é mais demorada e pode chegar de 10 a 18 semanas. As lesões nos ovinos se apresentam em parênquima hepático como forma mais importante e muitas vezes em peritoneo pela migração das fasciolas jovens antes de alcançar o fígado. A patogenia, causa da doença, é a ação traumática e ação histiófaga dos vermes imaturos que são as fasciolas jovens ao migrarem pelo parênquima hepático. Hepatite traumática: - hemorragia peritonial e peritonite - túneis escavados no parênquima hepático - hemorragia intra-parenquimatosa - fístulas hepáticas - O resultado dos ovinos infectados é a hepatite traumática por trauma na migração das fasciolas jovens que vão se movimentando e ingerindo o tecido hepático. O resultado deste trauma é a hemorragia que vai desde o peritoneo, antes de alcançar o fígado as fasciolas jovens as vezes migram a direção ao fígado através do peritoneo e a peritonite pode se estabelecer. No próprio parênquima hepático ocorrem túneis escavados pela migração e alimentação da fasciolas jovens. Nestes locais ocorrem também uma hemorragia que é intra parenquimatosa e muitos destes túneis acabam abrindo em fistulas hepáticas por onde podem escoar sangue pelas hemorragias internas do fígado que podem alcançar o peritoneo. Forma crônica ◼ Menos frequente e menos comum ◼ Sintomas em 1 a 2 meses. ◼ Período de início: eosinifilia, transaminase glutâmica oxalacética alterada, hipoglicemia. ◼ Período de estado: anemia (síndrome anemia), emagrecimento, edemas. ◼ Período terminal: após 4 a 5 meses, caquexia e debilidade extrema, hepatomegalia com icterícia ocasional. - A forma crônica é muito menos comum em ovinos, apesar de ser a forma mais comum dos bovinos. A forma crônica é muito menos freqüente nos ovinos em comparação a forma aguda e os sinais demoram um tempo mais longo para se manifestarem após a infecção por menor quantidade de metacercária, este período pode ser de 1 até 2 meses. Onde os sinais inicialmente se apresentam como eosinofilia, hipoglicemia, e durante o período de migração das larvas é chamado de período de estado onde começa aparecer os sinais de anemia, começa o emagrecimento e muitas vezes ocorrência de edemas na pele dos animais. Após o período de estado, pode evoluir para o período terminal, quando mesmo na evolução crônica ocorre uma infecção mais grave da doença. No período terminal, tipicamente ocorre após um período bastante longo de vários meses, havendo caquexia e debilidade extrema e o fígado já atingiu proporções bastante grandes. Ocasionalmente pode aparecer icterícia nos animais infectados, e muitas vezes neste período terminal a doença evolui para a morte. Fasciolose Ovina – crônica ◼ Mortalidade baixa ◼ Lesões hepáticas muito ligeiras ◼ Cirrose e colangite crônica ◼ Modificações de volume e coloração do fígado, consistência friável ◼ Bile espessa, escurecida, podendo conter cálculos. - Na forma crônica que é incomum nos ovinos, onde a mortalidade é bastante baixa. A lesões são muito menos graves, em menor quantidade, mas mesmo assim pode ocorrer a cirrose. As lesões pela presença e alimentação dos adultos dentro dos canais biliares pode gerar a colangite crônica, o fígado pode ter modificação de volume tornando-se ou hipertrofiado e sua coloração pode estar mais empaledecida , sua consistência se torna mais friável. Todas essas modificações são devidas a migração das fasciolas jovens na fase pré maturidade nos canais biliares. A bile neste caso da fasciolose crônica pode se mostrar modificada/alterada, podendo se apresentar mais espessa, escurecida e eventualmente pode conter cálculos. Esta modificação da bile geralmente é proveniente da estenose dos canais biliares, pela presença e lesões dos adultos, que diminuem então o fluxo de bile produzido para ser levado ao intestino delgado. Com esta diminuição da luz dos canais biliares que é a estenose acaba retendo a bile em grande quantidade que acaba se mostrando alterada e mais concentrada. Fasciolose Ovina – crônica Patogenia: ◼ Migração prolongada fascíolas jovens em fígado – cirrose. ◼ Ação irritativa- espinhos das fascíolas adultas sobre o epitélio biliar. ◼ Ação expoliadora adultos - hematofagismo, absorção de vitaminas, e oligoelementos minerais. ◼ Vias biliares inflamadas colonizadas facilmente por bactérias intestinais. - A patogenia da fasciolose ovina crônica também é pela migração das fasciolas jovens em fígado que podem levar a cirrose. A diferença da aguda é que essa migração vai ser por menor quantidade de fasciolas jovens. A ação irritativa dasfasciolas adultas no epitélio biliar também contribui na fasciolose crônica. A ação expoliadora dos adultos que absorvem sangue, e com isto absorve proteínas e oligoelementos minerais contribuindo para a doença dos ovinos. As vias biliares que é o habitat dos adultos de fasciola hepática mostram-se inflamadas e frequentemente elas são infectadas/ colonizadas por bactérias intestinais. As lesões dos canais biliares permitem a entrada e multiplicação de bactérias que tem acesso do intestino delgado para dentro dos canais biliares do animal infectado. Fasciolose Bovina Semelhante à ovina porém a aguda é rara. - Crônica: fases iguais dos ovinos, evolução mais lenta e menos marcada. Evolução geralmente pouco grave (longevidade breve dos parasitas). - Nos bovinos a doença se desenvolve com as mesmas características. Entretanto, nos bovinos a forma de evolução crônica é a mais comum. Onde a evolução aguda é extremamente rara nos bovinos, e a crônica com as mesmas etapas/sinais dos ovinos, nos bovinos tem uma mortalidade quase 0. Entretanto, apesar da mortalidade baixa, o efeito dessa fasciolose crônica é de queda importante da produtividade dos bovinos, sendo esta o maior motivo de prejuízo da fasciolose em bovinos. A fasciolose bovina então é clinicamente semelhante a ovina, porém, em bovinos a crônica é a que se manifesta na grande maioria dos casos de infecções. Esta vai ter a evolução com as mesmas fases dos ovinos, no entanto, mais lenta e menos marcada. Os parasitas nos bovinos costumam ter um tempo de vida mais curto do que dentro dos ovinos, onde as características do hospedeiro não permitem que os parasitas adultos consigam viver por muito tempo. Com isto, comparadamente, a fasciola hepática vive um tempo como adulto muito mais curto no bovino, que no ovino. Isto contribui para a fasciolose se desenvolver no bovino da forma tipicamente crônica. Maior benignidade em bovinos: 1-aquisição de resistência às superinfestações 2- infestações frequentemente pouco importantes (baixa infestação) 3- pouca longevidade do parasita 4- grande extensão do parênquima hepático Nos bovinos comparados aos ovinos, a fasciolose se desenvolve de forma muito mais benigna e menos grave. Acima estão listados os fatores que contribuem para isso. Os bovinos conseguem ter uma resistência relativa a superinfestações, isto faz com que dificilmente um bovino tenha uma infecção de grande peso em um mesmo período de tempo. As infestações são frequentemente pequenas, isto quer dizer que eles vão ingerindo poucas metacercárias na vegetação, diferente dos ovinos que costumam ingerir grandes quantidades de metacercárias ao mesmo tempo. O que contribui para isto é o hábito de alimentação de folhagem destes diferentes animais. Enquanto os bovinos costumam ingerir somente a parte alta dos capins mais longos, os ovinos tem o habito de ingerir o capim mais baixo, e o capim de forma inteira, até sua base, assim, com este habito é mais freqüente que o ovino vai ingerir metacercárias, comparado ao bovino que ao ingerir somente a parte superior da vegetação pode não ingerir as metacercárias que se fixam mais na região próximo a base da folhagem. Além desses fatores, o tempo de vida mais curto do bovino diminui as lesões causadas para o parasita infestante. E por fim, o próprio tamanho do fígado, que o do bovino é de uma extensão muito maior comparado ao ovino, permitem que o bovino sofra menos com as lesões causadas por trematódeos jovens em migração pelo parênquima hepático. ◼ Cirrose sempre hipertrófica → hepatomegalia ◼ Fígado descolorido, róseo-grisáceo, firme (faca range ao corte) ◼ Colangite canais da face posterior, canais muito dilatados com parede espessada e calcificada ◼ Bile espessada, escura com granulações ◼ Vesícula biliar pode estar hiperplásica - Nos bovinos, a cirrose resultado da migração de fasciolas jovens no fígado é sempre hipertrófica, causando uma hepatomegalia bastante importante. O fígado dos bovinos costuma se mostrar descolorido, pálido, com uma coloração levemente róseo- grisáceo, e ele tem uma consistência firme, onde ao corte a faca faz um barulho de ranger. Nos bovinos a colangite pela presença dos adultos, aparece na face posterior do fígado, onde estes canais ficam bastantte dilatados, com a parede espessada e eventualmente até calcificada. A bile também se apresenta espessada e escura, com granulações, estenose dos canais biliares, e a vesícula biliar pode estar hiperplásica. FASCIOLOSE Prejuízos em ovinos e bovinos: - Alta mortalidade em ovinos. - Controle dos H.I. e a medicação profilática e terapêutica é dispendioso e incorre em fator de risco. - Fígados afetados rejeitados na inspeção. - Produtividade reduzida: 8 a 20% em bovinos, 20 a 39% em ovinos. - Zoonose (infecção de humanos por ingestão de agrião). - Prejuizo em ovinos é a alta mortalidade e em bovinos a baixa produtividade. O controle da fasciolose em ambientes onde ela ocorre com grande incidência, que são os locais típicos de grandes populações do caramujo hospedeiro intermediário, demanda um controle que inclui um tratamento especifico das fasciolas e também muito frequentemente o controle dos moluscos – este custo é incluído como prejuízo da fasciolose. Quanto a medicação, no sentido de antiparasitário ou anti helmitico usado para fasciola hepática é sempre necessário usar um produto que tenha efeito especifico contra trematódeos. Na vermifugação rotineira de ruminantes é muito comum não estar incluído um fármaco com efeito anti trematódeo ou anti fasciola, neste caso vai ser necessário incluir este tipo de tratamento, no tratamento de vermes rotineiramente destes animais, o que implica em um gasto adicional comparado a animais que são criados em ambientes livres de fasciolose. O controle dos moluscos que são hospedeiros intermediários pode ser feito, dificilmente se consegue eliminar totalmente estes do ambiente, mas existem produtos molusquicidas que podem ser aplicados para redução dessas populações de caramujos. Também entre os prejuízos associados a fasciolose é a rejeição e a perda do fígado destes animais no abate que não pode ser usado para a comercialização e sempre quando afetados por fasciola hepática são descartados. Na inspeção do abate de bovinos e ovinos é obrigatório a inspeção dos fígados para verificar a presença ou não de fasciola hepática. Sinais da parasitose ou ver a presença dos parasitas leva a rejeição e descarte total deste órgão. Outro fator de prejuízo importante é a produtividade bastante reduzida. No caso dos ovinos chega a 39% devido a doença se manifestar da forma aguda. Entretanto, a mortalidade acaba se sobrepondo a este prejuízo. Nos casos dos bovinos com a mortalidade baixa, devido a forma mais comum ser a crônica, o prejuízo maior é a de produtividade destes animais infectados, que chegam a 20% no ganho de peso e na produção de leite. Além de todos estes fatores, não pode esquecer que a fasciolose se trata de zoonose, não existe infecção direta dos animais para os humanos, mas a presença da infestação nos animais mantém o ambiente contaminado por ovos, e depois, por cercarias que formam metacercárias. A infecção dos humanos costuma ser por ingestão de verduras como agrião contendo metacercárias. Epidemiologia: ◼ Comum em áreas pantanosas e terras com numerosos córregos pequenos com grandes áreas com águas superficiais e áreas com irrigação freqüente – formando constantemente estes pequenos córregos de escoamento de água favorecem a presença do caramujo/ molusco que é o hospedeiro intermediário. Diagnóstico: ovos nas fezes, lesões hepáticas característica à necropsia.Controle: ◼ -boa nutrição dos hospedeiros; ◼ -tratamento anti-helmíntico dos H.D. e molusquicidas nos pastos para os H.I.s; ◼ -limpeza das margens de córregos e reservatórios de água; ◼ -não permitir acesso dos animais à vegetação destas áreas; ◼ -separação de ovinos e bovinos; - O diagnóstico da infestação é feito nos vertebrados principalmente por pesquisa de ovos nas fezes. Os ovos de trematódeos são bastante densos, assim, na pesquisa dá-se preferência a técnica de sedimentação de ovos para busca destes, que podem ser identificados pelo formato característico, onde se identifica em um dos pólos do ovo a estrutura que se abre para liberar a larva interna que é o miracídio. Também contribui muito para o diagnóstico a observação de lesões hepáticas que são vistos no abate dos animais, e a avaliação post mortem na necropsia. - Para o controle da doença e do parasita uma boa nutrição dos hospedeiros para minimizar os prejuízos relacionados a presenã dos parasitas é essencial. Para o tratamento é usado anti helmíntico que pode ser rotineiro e profilático, nos animais também pode ser usado para o controle, mas para isso sempre se deve atentar para o uso de fármacos que tenha efeito contra trematódeos. Os molusquicidas podem ser usados ou ser feita a limpeza manual da margem de córregos e reservatórios de água em relação aos molucos que são os hospedeiros intermediários. Evitar a presença de animais em locais onde possam ingerir metacercárias pode ser feito, então evitando estes ao acesso a locais próximo a águas onde existem populações de moluscos. Também no controle da fasciolose, é sempre indicado separar ovinos de bovinos. Onde os bovinos acabam causando uma contaminação do ambiente e por terem mortalidade baixa e muito frequentemente infecção subclinica, sem sinais muito característicos evidentes, eles acabam causando a contaminação ambiental que levam a infecção de ovinos que vão apresentar alta mortalidade pela infecção por este trematódeo. Doenças por Trematódeos gênero Dicrocoelium H.D. – ovinos, bovinos, cervídeos e coelhos H.I. – 1o caramujos terrestres 2o formigas marrons (gênero Formica) Localização – ductos biliares e vesícula biliar. - Outro trematódeo parasita de ruminantes de certa importância é o do gênero Dicrocoelium, existem diversas espécies e todos muito semelhantes. Todos parasitam com hospedeiro definitivo ovinos e bovinos, mas também podem parasitar silvestres como cervídeos e também coelhos e lebres. O dicrocoelium é um trematódeo que também parasita ductos biliares como a fasciola hepática, mas além de invadir ductos biliares, pode invadir a vesícula biliar, sendo este local onde vivem como adultos. Ele tem como hospedeiro intermediário um caramujo que são moluscos terrestres, que vivem em ambientes, não necessariamente, na margem de água. Eles necessitam de grande umidade ambiental, mas não precisam estar próximos a lâminas de água como margens de rios ou riachos. Além de se desenvolverem nos caramujos terrestres, existe no ciclo de desenvolvimento a participação de um segundo hospedeiro intermediário, onde não ocorre desenvolvimento de trematódeo, mas auxilia ele a se desenvolver, que seriam várias espécies de formigas marrons. Dicrocoelium Morfologia: típica dos trematódeos, menos de 1 cm comprimento, lanceolado e transparente, cutícula desprovida de espinhos. - Ele é um trematódeo, não parasita humanos, portanto, não causam uma zoonose. O dicrocoelium é menor que a fasciola hepática, mas tem o formato com as características morfologicas típicas dos trematódeos – achatado, com as margens levemente ovaladas, possuindo de comprimento menos de 1 cm. É bastante estreito e tem a cutícula desprovida de espinhos. Ciclo: Ovo ingerido pelo 1o H.I. → 2 gerações de esporocistos → cercárias → expelidas em massas → grumos ingeridos pelo 2o H.I. → metacercárias → ingestão do H.I. pelo H.D. → metacercárias eclodem no I.D. → migração dos jovens para os ductos biliares do H.D. (não ocorre migração parenquimatosa). PPP – 10 a 12 semanas. - O ciclo de dicrocoelium começa com os adultos vivendo nos ductos biliares dos hospedeiros vertebrados, em particular o ovino e o bovino. Com a produção de ovos por estes adultos, os ovos são lançados com a bile no intestino delgado e são levados ao ambiente através das fezes dos animais infectados. Estes ovos no ambiente são ingeridos pelos moluscos terrestres que são os hospedeiros intermediários. Dentro destes moluscos que ingerem os ovos, os miracidios que são as larvas dos ovos vão se desenvolver passando por duas gerações de esporocistos, lembrando que cada esporocisto contem internamente várias células germinativas, onde cada célula vai produzir um novo esporocisto, onde isto ocorre em duas etapas. Após estas duas gerações são formadas diversas cercarias que são expelidas em massas pela boca do caramujo. Estes grumos de cercarias no ambiente seco não vão nadar, mas são ingeridos por formigas que vivem no ambiente, e ao ingerirem estas cercarias, forma-se a metacercária, que é a forma encistada dentro das formigas. Os hospedeiros definitivos ao pastejarem acabam ingerindo estas formigas contendo metacercárias internas. Estas desencistam dentro do intestino delgado do hospedeiro definitivo que ingeriu a formiga, e o trematódeo jovem migra diretamente para os ductos biliares, para isto passam migrando pelo parênquima hepático, mas não faz isto de forma demorada, indo diretamente para os ductos biliares, e desta maneira, não causando lesões extensas no parênquima como ocorre para fasciola. Patogenia: infecções pesadas fibrose dos ductos biliares. Epidemiologia: os H.I.s não dependem de água; ovos sobrevivem por meses. Controle: difícil – depende quase inteiramente de tratamento anti-helmíntico regular. - A patogenia do dicrocoelium, como não tem uma fase migratória longa, ela se limita a lesões nos ductos biliares onde vivem os adultos. Quando ocorre grande concentração e grande quantidade de adultos de dicrocoelium nestes ductos biliares pode ocorrer fibrose destes. Esta fibrose resulta na doença associado ao parasitismo por dicrocoelium. No caso deste trematódeo, do hospedeiro intermediário ser um molusco terrestre e não aquático, a distribuição do parasita é muito mais ampla que os trematódeos como exemplo fasciola hepática que estão associados em seu desenvolvimento a lâminas de água. Os ovos produzidos e liberados nas fezes dos animais infectados pelos adultos podem sobreviver por muitos meses no ambiente seco, como na pastagem. Desta maneira, ocorre uma dificuldade muito grande de evitar a infecção dos animais, sendo que as formigas são extremamente comuns nestes ambientes e com a presença dos moluscos que também vivem neste ambiente ocorre facilmente a infecção destes animais. O controle se torna desta maneira, bastante difícil, sendo a única maneira de realizar controle o tratamento anti helmíntico dos animais infectados pelos adultos. Lembrando que no tratamento anti helmíntico de trematódeos é necessário sempre a escolha de um vermífugo/fármaco que tenha efeito especifico contra este tipo de parasita da classe trematódea. Paranfistomíase (ou paranfistomose) a.e.: trematódeos da família Paramphistomidae (Paramphistomum spp) causa severa enterite: Fase intestinal da paranfistomíase é doença comum de bovinos e, em menor escala, de ovinos. - Outro trematódeo comum em algumas regiões é o Paramphistomum, existem várias espécies diferentes, todas com o mesmo ciclo e os mesmos hospedeiros. A doença com infecção associada a Paramphistomum pode ser chamado de paranfistomiase ou paranfistomose, estre trematódeo tem comohabitat, onde vivem os adultos, o rúmen e habitualmente o reticulo nos animais que são especificamente os ruminantes. Entretanto, o parasita na fase adulta não é capaz de causar lesões que gerem doenças, sendo considerado apatogenico. Doença associada a este parasita, esta relacionado ao período quando o parasita ainda é imaturo, onde ele passa algumas semanas fixado no duodeno dos animais, antes de migrar para o rúmen, é nesta fase, chamada de fixação intestinal do parasita que ocorre a inflamação/ enterite que é a causa da doença conhecido como paranfistomiase. Esta doença é considerada bastante comum em bovinos que vivem em áreas alagadiças e em menor escala em ovinos. Paranfistomíase H.D. – ruminantes. H.I. – caramujos aquáticos (Planorbis e Bulinus). Localização – adultos no rúmem e retículo e imaturos no duodeno. Morfologia – atípica: cônicos com 1 cm comprimento, coloração rósea. - O hospedeiro definitivo seriam os ruminantes, em particular bovinos e bubalinos, sendo estes os mais afetados pela parasitose. Os hospedeiros intermediários são sempre os caramujos aquáticos. Os adultos dos parasitas vivem no rúmen e reticulo, entretanto, antes de se fixarem neste local, passam um tempo fixados no duodeno. Estes trematódeos apesarem de terem um formato semelhante ao trematódeo típico, não possuem um corpo achatado, tendo um corpo espesso, o que da a ele um aspecto semelhante a um pequeno feijão. O comprimento dos adultos é em torno de 1 cm, e eles podem ter em vida coloração levemente roseado. Ciclo: - no ambiente e no H.I. idêntico a Fasciola - após ingestão de vegetais com metacercárias, jovens trematódeos se fixam no duodeno por 6 semanas para depois migrarem para os pré estômagos e amadurecerem. - O ciclo ocorre igual o da fasciola hepática, havendo mudança somente dos hospedeiros envolvidos, onde os principais são bovinos e bubalinos e os hospedeiros intermediários são moluscos aquáticos, entretanto, de espécies diferentes dos hospedeiros intermediários da fasciola hepática. No restante, o ciclo de desenvolvimento ocorre de maneira idêntica ao da fasciola hepática. Os hospedeiros parasitados irão se infectar por ingestão de metacercárias na vegetação. Após a ingestão das metacercárias ocorre o desencistamento dos trematódeos ainda jovens. Estes jovens trematódeos vão se fixar logo em seguida do desencistamento no duodeno onde permanecem fixados por até 6 semanas, somente após este período que migram para o rúmen e ocorre o amadurecimento se tornando adultos maduros capazes de se reproduzirem. Patogenia: totalmente associada à fase intestinal e altas infestações – irritação e erosões na mucosa duodenal; enterite aguda com edema, hemorragia e ulceração; adultos apatogênicos mesmo em altas infestações (comensal). - A patogenia da doença esta totalmente associada com esta fase de fixação duodenal dos parasitas jovens e quando em grande quantidade nesta fase. Essa fixação de grande quantidade de trematódeos jovens em duodeno causa irritação com a formação importante de ulcerações/erosões na mucosa do duodeno. O resultado é uma enterite aguda, com edema intestinal, pontos hemorrágicos de sangramento e erosão e ulceração. Após esta fase os trematódeos migrando para o rúmen, se tornam totalmente apatogênicos, onde o animal parasitado deixa de apresentar sinais clínicos e passa a ser um infectado assintomático portador de adultos que liberam ovos em suas fezes. Sinais clínicos: ❖ Diarreia fétida persistente; sede intensa (desidratação) e anorexia, debilitação e depressão; hemorragias retais após esforço para defecação; edema submaxilar e mucosas pálidas. ❖ Bovinos são mais comumente afetados com mortalidade de até 96% (90% em ovinos) em infecções agudas - morte após 15 a 20 dias dos primeiros sintomas. - Na fase intestinal, as lesões intestinais – enterite, geram o quadro clinico da paranfistomíase, se tratando de diarréia que costuma ser persistente com odor fétido, por este motivo ocorre uma desidratação importante do animal infectado e frequentemente anorexia com debilitação e depressão dos infectados. Podem ocorrer sangramento retal com hemorragia após esforço para defecação devido a enterite causada pela fixação duodenal dos parasitas jovens. Com esta debilitação, anorexia e depressão, além da perda de sangue, pode ocorrer edema submaxilar e mucosas pálidas como sinal de síndrome anemia. Comparando os animais domésticos parasitados, os bovinos e bubalinos são muito mais afetados que os ovinos que também são hospedeiros, podendo ser parasitados. E as infecções agudas destes bovinos ocorre até 96% de mortalidade, sendo que esta morte sempre é devido pela gravidade da enterite e costuma ocorrer em 15-20 dias após o inicio dos sinais mostrando ser uma doença bastante rápida e aguda. Diagnóstico: Fase intestinal com sintomas: não há produção de ovos e formas jovens são pequenos e podem passar desapercebidos à necropsia; suspeita pelos sintomas em animais susceptíveis vivendo em local com condições propícias; histórico; ovos em fezes de outros animais conviventes (exame de sedimentação). - O diagnóstico da paranfistomíase esta associado a doença clinica, onde a doença intestinal – devido a fase intestinal do parasita – faz com que o animal apresentando os sinais clínicos ele não vai eliminar nas fezes os ovos, porque as causas das lesões que geram doença são os imaturos, e estes não são capazes de produzir ovos. Pós mortem a análise na forma de necropsia pode mostrar a presença das formas jovens bem pequenas fixadas no duodeno. Entretanto, eles são bastante pequenos e pela coloração clara muitas vezes passa desapercebidos na avaliação intestinal. A suspeita da doença muitas vezes é em animais susceptíveis que vivem em locais onde existem condições propicias e o molusco hospedeiro intermediário. O histórico do rebanho de doença intestinal em animais jovens leva a suspeita, porém, a confirmação da parasitose costuma ser somente em animais assintomáticos que são os animais portadores do parasita. Como todo ovo de trematódeo, os ovos de paranfistomum são bastante densos e pesados, e a técnica preferencial para a pesquisa de ovos em fezes é a técnica de sedimentação. Epidemiologia: dependente de coleções permanentes de água (caramujos); surtos em bovinos jovens (1 ano de idade), mas ovinos e caprinos por toda a vida; surtos durante final do verão, outono e início do inverno. Controle: impedir acesso dos animais aos locais de habitat dos moluscos; uso de molusquicidas e drenagem de regiões alagadas; tratamento periódico contra trematóides adultos. - Em relação a epidemiologia, a paranfistomíase é uma doença comum em bovinos e bubalinos que vivem em regiões com grandes coleções permanentes de água, onde vivem o caramujo que é o hospedeiro intermediário. Nessas regiões é muito comum surtos da doença em bovinos jovens que são os que se infectam no inicio da sua vida. Os ovinos e caprinos podem mostrar doença em qualquer período da vida e os surtos costumam aumentar ou aparecer em períodos onde ocorre uma maior umidade ambiental, favorecendo o aumento da população dos caramujos que são hospedeiros intermediários (final de verão, outono e inicio do inverno). Para o controle da doença é importante impedir o acesso dos animais aos locais onde vivem os moluscos para evitar a ingestão de vegetação onde pode ter a presença de metacercárias. O uso de molusquicidas, drenagem de regiões alagadas para diminuir a população de moluscos também é indicado. Também o tratamento periódico, profilático contra o trematódeo adultos, é indicado mesmo em animais assintomáticos, pois a infecção nestescasos faz a contaminação ambiental pela liberação de ovos, que pode gerar infecções de outros animais, que vão apresentar a doença. Este tratamento deve sempre levar em consideração o uso de anti helmiticos com efeito especifico contra trematódeos. Doenças por Trematódeos Esquistossomose Zoonose causada por trematódeos do gênero Schistosoma. No homem doença grave e debilitante; doença semelhante nos animais que podem atuar como reservatórios de infecção para o homem. - O schistosoma é um gênero de trematódeo que possui diversas espécies que pode causar doença, muitas vezes diversa, de acordo com a espécie. No Brasil existe uma única espécie de de Schistosoma que é o mansoni, que causa uma doença conhecida como esquistossomose. Esta doença não tem muita importância nos animais, entretanto, esta doença é uma zoonose – sendo importante em humanos, tendo grande número de casos no Brasil, esta doença leva a uma diminuição importante da qualidade de vida e da força de trabalho dos infectados, a pessoa se torna debilitada. Como é uma zoonose, os animais infectados, mesmo não sofrendo os efeitos como doença, eles acabam exercendo papel de reservatórios de infecção para o homem. Agente etiológico: Schistosoma bovis – ruminantes Schistosoma mattheei – ruminantes e homem Schistosoma japonicum – homem e maioria dos animais domésticos Schistosoma mansoni – homem e animais silvestres (única sp no Brasil) Esquistossomose - Schistosoma mansoni H.D. – todos os mamíferos domésticos (importante em ovinos e bovinos). H.I. – caramujos aquáticos – Biomphalaria sp. Habitat: veias mesentéricas. Nutrição: sangue pela boca, carboidratos e aminoácidos pelo tegumento. - A esquitossomose no Brasil é sempre pelo Schistosoma mansoni, esta espécie de trematódeo tem como hospedeiro definitivo além do humano, os mamíferos domésticos, sendo os mais importantes que pode ocorrer prejuízos, os bovinos e ovinos. Como todo trematódeo, no ciclo do Schistosoma mansoni existe um hospedeiro intermediário que é um molusco aquático. Estes caramujos vivem em águas tipicamente não muito rasas, onde acabam aparecendo em grandes populações em margens de lagos, lagoas e muitas vezes rios maiores. No hospedeiro definitivo os adultos vivem em veias mesentéricas, no qual irrigam a parede dos intestinos. Estes parasitas se nutrem de sangue através da boca, mas assim como outros trematódeos absorvem através da cuticula substancias como carboidratos e aminoácidos. Esquistossomose ◼ Endêmica em todo o mundo – entretanto em algumas regiões devido a população grande do molusco, tem maior quantidade de infectados. ◼ Brasil: 6 a 8 milhões de pessoas portadores. ◼ Longevidade dos vermes adultos 5 a 6 anos dentro dos hospedeiros; estimada vida de 30 anos dentro de humanos. ◼ Oviposição de fêmeas em período fértil: 300 ovos/dia – esta característica se torna muito importante considerando a patogenia da doença, porque apesar desse parasita ser um trematódeo, ele tem os sexos separados, ou seja, há diferenciação dos adultos em machos e fêmeas. As fêmeas são as produtoras de ovos, e são os ovos que geram as lesões que causa a doença, portanto, uma quantidade maior de ovos produzidos é o que vai levar a lesões mais importantes e com isto doença nos infectados. Esta oviposição se mantem diariamente por um período bastante longo da fertilidade da fêmea. E quando estas se tornam mais velhas, apesar de vivas dentro do hospedeiro diminuem muito a produção de ovos, e isto pode fazer com que as lesões se tornem em menor quantidade e pode haver também uma diminuição dos sinais clínicos apresentados pela pessoa infectada, sendo esta a evolução crônica da doença. Morfologia: atípica; sexos separados, macho achatado com 2 cm comprimento, fêmea quase cilíndrica, mais fina e longa, inserida em sulco do corpo do macho, curvado para dentro; esbranquiçados; cercárias com cauda bifurcada. Ciclo: Fêmeas nas veias do H.D. depositam ovos em vênulas → penetram até submucosa intestinal → luz intestinal → eliminados nas fezes → eclodem na água → miracídios penetram em caramujos → esporocisto direto para cercárias no H.I. → cercárias na água penetram pela pele do H.D. → perdem cauda → circulação → coração → pulmões → circulação sistêmica → fígado amadurecem → veias mesentéricas. *1 miracídio pode originar 100.000 cercárias. - O ciclo é muito semelhante ao da fasciola hepática, no entanto, existem duas diferenças bastante importantes – primeira é a localização ou habitat onde vivem os adultos e em segundo lugar é o fato em que a infecção dos hospedeiros definitivos ser através de cercarias que penetram através da pele destes hospedeiros. No ciclo não há a fase de metacercária como nos outros trematódeos. Neste ciclo, portanto, os adultos machos e fêmeas vivem dentro de veias mesentéricas que são intestinais, no momento da oviposição as fêmeas se movimentam em direção as vênulas mais finas possíveis, neste momento elas já estão dentro da parede intestinal,nessa penetração dentro de pequenas vênulas mesentéricas elas depositam os ovos que atravessam a parede dos vasos e do intestino caindo na luz intestinal, neste momento que ocorre a resposta inflamatória do tecido da parede intestinal causando a formação de granulomas, e são estas lesões que geram doença associada a parasitose. Os ovos dentro do intestino, são eliminados para o ambiente junto com as fezes deste hospedeiro definitivo infestado. Estes ovos vão liberar as larvas internas que são os miracidios quando caem na água, e estes miracidios vão nadar até encontrar os hospedeiros intermediários e penetram nas partes moles destes caramujos aquáticos. Dentro do caramujo o miracidio forma esporocistos que possui células germinativas internas e dão origem as cercarias, onde para este ciclo não existe a fase de rédia. Estas múltiplas cercarias formadas dentro do caramujo são eliminadas pela boca do caramujo e caem na água onde vive este hospedeiro intermediário. Estas cercarias com sua cauda bifurcada vão nadar até encontrar pele de hospedeiros definitivos, então estes para serem infectados tem que estar dentro da água onde estão as cercarias. Estas cercarias são capazes de penetrar através da pele integra e ao fazer esta infecção percutânea ao passar pela pele, perdem a cauda já se apresentando como trematódeo adulto imaturo ou trematódeo jovem. Ao atravessarem a pele entram na circulação onde vão migrar primeiramente para o fígado, onde neste local vão amadurecer, formar os pares e encaminharem para as veias mesentéricas onde vivem toda a sua vida. Dentro do caramujo existe a fase onde ocorre uma multiplicação, onde um miracidio pode dar origem até cem mil cercarias, que ao alcançarem o HD podem formar cem mil adultos. Para a cercaria entrar na pele a pessoa tem que estar com esta na água, e esta penetração pode causar dermatite, também conhecida como dermatite dos nadadores, quando esta ocorre no corpo todo. Esquistossomose Infecção: percutânea (cercárias são formas infestantes) ou raramente oral (penetração na mucosa). Patogenia: resposta inflamatória e granulomatosa à deposição de ovos nas veias e a infiltração na mucosa intestinal (70% dos ovos morrem nos tecidos). Sintomas: mais importante e grave em ovinos do que em bovinos;diarréia sanguinolenta e mucosa, sede, emaciação e anorexia; morte em infecções maciças; sintomas geralmente desaparecem com a evolução; anemia e hipoalbunemia em ovinos. - A infecção é sempre percutânea, sendo que a forma infectante é a cercaria. Se ocorrer ingestão de água contendo cercarias pode ocorrer a infecção oral, onde elas não são deglutidas, elas penetram na mucosae acaba tendo o mesmo efeito que penetrar pela epiderme. Na patogenia da doença as lesões que causam sinais clínicos seria aquela resposta inflamatória pela formação de granulomas no intestino devido a presença de ovos que atravessam este tecido. Estes ovos na parede das veias, infiltrados na mucosa intestinal geram esta resposta granulomatosa que muitas vezes encapsula, até 70% dos ovos produzidos dentro destes granulomas, os outros 30% que conseguem atravessar o tecido e cair na luz intestinal são os eliminados para o ambiente. Estas lesões intestinais na forma de granulomas é que causam os sinais clínicos, nos bovinos e ovinos ocorre o mesmo tipo de resultado clinico do que nos humanos. Esta doença apresenta sinais como diarréia devido as lesões de parede intestinal, ela costuma ter a característica de ser sanguinolenta e bastante mucosa, podendo ser crônica leve ou intermitente. Isto gera uma desidratação com sede intensa, emaciação e anorexia. Pode ocorrer morte em infecções maciças, entretanto a mortalidade e a letalidade da doença é considerada bastante baixa, sendo a doença crônica a mais comum. Os sinais costumam desaparecer com a evolução da infestação, porque a fertilidade das fêmeas diminui com a idade, diminuindo a quantidade de ovos produzidos e consequentemente os sinais clínicos. Os ovinos geram anemia e hipoalbuminemia devido a esquistossomose. Necropsia: Lesões hemorrágicas acentuadas na mucosa intestinal; com evolução parede acinzentada, espessada e edematosa; fígado com granulomas e fibrose portal. - As lesões pelo S. mansoni são tipicamente intestinais, entretanto o fígado também pode mostrar ser afetado pela passagem dos adultos e as vezes portais. Essa reação tecidual que ocorre no fígado, pode ser por granulomas, e na veia porta pode haver fibrose. Estas lesões costumam ser principalmente no intestino – hemorrágicas e acentuadas, a parede intestinal pode se apresentar acinzentada, espessada e edematosa. Diagnóstico: sintomas associados ao histórico e acesso à fontes naturais; ovos nas fezes e no sangue e muco das fezes; esquistossomas nas veias mesentéricas à necropsia. Epidemiologia: dependente da água para infecção do H.I. e do H.D. Controle: idêntico a Fasciola e Paramphistomum; no caso do homem saneamento básico e evitar contato com águas passíveis de contaminação por cercarias. - O diagnostico baseia-se muito frequentemente na pesquisa de ovos nas fezes, lembrando que ovos de trematódeos são sempre densos e é sempre indicado uma técnica – coproparasitológico por sedimentação. A suspeita diagnóstica vem de acordo com os sinais, mas sempre estes associados ao local que vivem os animais ou pessoas, o histórico daqueles que vivem na região. O acesso a fonte natural onde vivem os caranguejos e pode ocorrer a infecção pela pele são essenciais para o diagnóstico da esquistossomose. Os ovos podem estar presentes e serem visualizados em fezes, mas também muitas vezes no sangue e muco que é eliminado. Na necropsia os parasitas adultos podem ser vistos quando se pesquisa as veias mesentéricas. A esquistossomose é uma doença totalmente dependente de água, onde vivem os hospedeiros intermediários (caramujos aquáticos). Além disso, a infecção somente ocorre através da água, dependendo do contato da pele com a água onde estão presentes as cercarias. O controle da doença pode ser feito igual para fasciola e paramphistomum, com o uso de molusquicidas, evitando o contato dos animais com áreas que tem as cercarias e também através do uso de anti helmínticos que tem eficácia contra trematódeos. No caso dos humanos o controle inclui saneamento básico e também evitar o contato com águas onde pode estar presente as cercarias evitando ter contato da pele com esta água e evitando a ingestão desta também. Esquistossomose humana: ◼ sinônimo – Bilharziose ou barriga d’água. ◼ juntamente com ancilostomose e filariose são helmintoses mais importantes. ◼ S.japonicum (também em animais domésticos), S.mansoni, S.haematobium (esquistossomose urinária), S.mekongi e S.intercalatum. ◼ transmissão por contato com águas contaminadas com cercarias. ◼ “dermatite dos nadadores” – cercárias na pele com eritema, edema, pápulas e dor.
Compartilhar