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RESENHA GUERRA PARTICULAR

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aNALISE DO DOCUMENTARIO “NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR”
Analise do documentário “NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR” um documentário brasileiro, finalizado em 1999 e produzido pelo cineasta João Moreira Salles e pela produtora Katia Lund. E em conjunto foi utilizado os textos “AS FACES DA VIOLÊNCIA” por Bock (2008) e “ADOLECENTES EM CONFLITO COM A LEI: UMA REVISÃO DOS FATORES DE RISCO PARA A CONDUTA INFRACIONAL” por Gallo e Williams (2005).
 vILA VELHA – ES
2018
O documentário já se destaca pelo seu nome que caracteriza o cotidiano dos morros periféricos com Rio como protagonistas de guerras. Rodrigo Pimentel representando a polícia nomeia como guerra, uma guerra corpo a corpo, que você mora do lado dela.
O documentário divido em ponto de vista de diferentes lados dessa guerra, sendo personagens:
· A polícia;
· O morador;
· Membros do tráfico;
· E estudiosos, que realizam analises.
Os moradores das comunidades, envolvidos ou não ao tráfico ressaltam sobre a ineficiência do estado dentro da comunidade e da falta de oportunidade (seja de emprego, escola...).
Nesse momento que precisamos refletir sobre as várias violências retratadas, já que a mesma não emana apenas do tráfico, mas também do lado "bom". A violência é um sintoma social que possui sua produção co determinada por fatores históricos, econômicos, sociais, culturais, demográficos, psicológicos, etc. 
A desigualdade social e todos os elementos vinculados a ela, como: poder de compra (que configura no jovem que quer se afirmar no seu grupo social uma necessidade de ter coisas "da moda"), acesso a direitos básicos de saúde, educação e lazer de qualidade, entre outros, é um fator propiciador da violência. Quando essa violência é associada a camada mais pobre da sociedade, que na realidade do Rio de Janeiro se encontra nas favelas, a essa população pobre fica ainda mais vulnerável. 
Além da desigualdade social, o surgimento da violência no cenário retratado também se deve à deterioração e inacessibilidade de valores éticos, dignidade, justiça, solidariedade que teoricamente deveria partir do sistema burocrático de governo, mas o mesmo não alcança essas áreas e deixa uma população desamparada. 
Retomando o documentário, vale ressaltar que os jovens da comunidade periférica (na grande maioria) admiram o movimento e os chefes dele por serem pessoas que reagem a violência do sistema (Estado) contra a sociedade, e que, nas primeiras organizações criminosas da comunidade havia um tipo de "motivo social", já que tentava suprir algumas necessidades da população ao modo da mesma já não criminalizar aquilo que lhe faz bem (também em partes, já que existem moradores que lutam para que seus filhos não sintam influência positiva de bens conseguidos por meio de tráfico de drogas e morte).
Além da admiração também existem as dificuldades em ter um emprego licito, já que negros e moradores da favela são rotulados pela violência até mesmo quando querem ser pessoas "de bem" e quando existem oportunidades elas são limitadas a subempregos e de baixos salários, que ao serem comparados aos salários do tráfico são claramente menos vantajosos, segue um exemplo desse comparativo: 
"Por que eu vou trabalhar pra ganhar de 100 real. ... Quero comprar um tênis Mizuno e tá 200 e tantos real, se eu trabalhar (de maneira honesta) eu não vou conseguir comprar. Eu tenho é que assaltar mesmo!"  -Relato de condenado sob custódia.
Agora abrangendo a realidade do polícia, e porque o seu trabalho não é eficaz. Porque "prender "bandidos" não é o bastante?" para a polícia do rio, já que o número de menores apreendidos, detentos e mortos durante confronto é gigantesco e o número de pessoas no tráfico não cai de maneira proporcional à essas baixas, na verdade só aumenta. E os "substitutos" são cada vez mais novos. A polícia se vê ineficaz e "cansada" (palavras do policial entrevistado) de subir o morro, matar e ver colegas morrendo por armas ilegais na mão de crianças e adolescentes que não têm medo da morte ou da prisão, que até mesmo entende que matar um policial te dará status dentro da hierarquia do tráfico. Além disso, o fato dos policiais saberem que outros policiais de "alto escalão" usam de corrupção para tirar vantagens e dessa maneira alimentam a criminalidade, seja acobertando um transporte de drogas, seja executando um traficante rival. 
Quando o especialista revela que o problema do crime não está no brasil, ele revela uma realidade ainda não abordada no documentário, já que a proibição da produção de armamento impactaria na violência do mundo todo. Além do mais, o militar é submetido a subir o morro com uma pistola e entrar em combate direto com criminosos carregando automáticas de uso restrito.
Cabe concluir que esse documentário poderia ter sido filmado hoje e a situação seria apenas modernizada por drones, armas e rádios trabalhando em favor do tráfico. A polícia deixar de ser corrupta ainda é algo que não vale a pena, ou seja, a polícia serve de peão (analogia ao jogo de xadrez, já que seu sacrifício ocorre em prol da proteção do rei) seja para os chefes do tráfico ou para chefes de Estado. 
A mudança pode ser feita por meio de um conjunto de incentivo à educação, lazer, moradia digna, empregos dentro e fora das comunidades, esporte e cultura, para que essa parte da população deixa de ser excluída e tratada com invisível é que possam traçar horizontes de vida fora do tráfico, porém de condições boas. Hoje o morador da periferia ainda tem que escolher entre ser "pobre e honesto" ou "ser rico e traficante", quando as opções deixarem de ser essas as escolhas consequentemente mudarão.

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