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Relatório Erros Inatos

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Relatório Erros Inatos
Por: A. Fernandes
 Relatório Erros Inatos 
· Defeitos Congênitos da Glicosilação: 
· Cútis Laxa 
· Síndrome Nefrótica
· Defeito de Transporte e Processamento:
· Fibrose Cística 
· Alfa Antitripsina 
Uiraúna, 24 de maio de 2018
 
· Defeitos Congênitos da Glicosilação 
· Cutis laxa
· Genética
 Pode ser hereditária ou adquirida. A forma hereditária pode se subdivididir em quatro aspectos: autossômica dominante ( uma pessoa será afetada se possuir pelo menos um alelo anormal ou mutante, pois este será dominante), recessiva ligado ao x (gene alterado está no cromossomo X, esse tipo de herança tem o padrão recessivo) e autossômicas recessivas que são as mais observadas (são necessários dois genes com defeito, um do pai e um da mãe para que a pessoa tenha a doença).
· Sintomas e Consequências 
 É perceptível inúmeras mazelas com uma amplitude de sintomas na comunidade que fica a depender do conhecimento do profissional da saúde. A doença cútis laxa, por exemplo, tem característica marcante de anomalia no tecido conjuntivo(pele), porém, não é o único caminho(sintoma) para deixar claro a presença da cútis laxa.
 De forma similar, o sintoma mais comum é a pele enrugada, contudo, não há presença de hematomas ou cicatrizes, prosseguindo com inclusão de alterações dos pulmões, assim como dos problemas internos: aneurisma da aorta abdominal, coração crescido, retardo mental, baixa estatura, por exemplo.
 Com essa ideologia, as patologias podem variar dentro de um mesmo caso clínico e de uma mesma família, ou seja, pode ter índices mais severos ou mais simples, enfatizando o envelhecimento precoce como sintoma marcante da mazela.
· Causas
 Tal doença é determinada por uma deformidade no tecido conectivo no qual as fibras elásticas se tornam fragmentadas e desorganizadas, consequentemente há uma redução na elasticidade da pele. Com isso, a mesma tende a ficar com uma aparência solta, enrugada e flácida.
· Diagnóstico
 O diagnóstico de Cútis laxa se faz pela clínica e pela biópsia de pele (histologia) que mostra fibras elásticas fragmentadas, quantidade reduzida e com forma irregular na camada reticular da derme.  Atualmente, com as novas descobertas, o auxílio da genética tem-se utilizado para confirmação do diagnóstico.
 
· Tratamento 
 Não há tratamento específico, mas a cirurgia plástica é indicada em alguns casos. Ela melhora consideravelmente o aspecto em pacientes com Cutis Laxa hereditária, mas não é tão bem-sucedida nos que têm Cutis Laxa adquirida. 
 A cicatrização geralmente não é complicada, mas a frouxidão dermal pode recorrer. As complicações extra cutâneas são tratadas apropriadamente.
 Seu tratamento é feito apenas para tratar os sintomas e prevenir complicações. Essa doença pode ser congênita ou adquirida ao longo da vida.
· Caso Clínico
 O caso clínico, será de uma paciente feminina, com dois anos e nove meses, que obteve a doença de forma hereditária, com pais primos de segundo grau, e que tinha um irmão, falecido com clínica semelhante. O estudo do gene FBLN5, teve grande importância para a afirmação diagnóstica. 
 Os pais da garota, perceberam que ela tinha uma pele mais frouxa, desde os seus sete meses de idade. A garota também já foi internada com um quadro sugestivo de broncopneumonia, e em outra ocasião com enfisema pulmonar devido a dispneia aos esforços. E após os sete meses, ela passou por vários internamentos prévios por: insuficiência respiratória, cistite, bronquiolite e pneumotórax espontâneo. 
 No exame físico, tinha a voz rouca, a pele da face era pendular, com praguejamento e frouxidão, apresentava ectrópio no olho esquerdo e entropia no olho direito. Seu nariz era achatado e a pele do corpo era flácida. No exame pulmonar tinha roncos, retrações subcostais e sibilos difusos. E ela tinha a necessidade de várias correções cirúrgicas.
 O diagnóstico da Cútis Laxa é realizado na clínica ou pela biópsia de pele que irá mostrar as fibras elásticas fragmentadas, reduzidas ou com forma irregular. Durante a última década houve progressos com a pesquisa genética. Foram identificados diferentes padrões de transmissões.
· Síndrome Nefrótica 
· Genética
 Considera-se que a Síndrome Nefrótica é um distúrbio complexo e multifatorial, envolvendo agentes desencadeadores, alterações genéticas e do sistema imune. Alterações genéticas podem aumentar a susceptibilidade à Síndrome Nefrótica ou provocar distúrbios de permeabilidade que se manifestam logo após o nascimento. 
· Sintomas e Consequências 
 Os sintomas iniciais incluem: perda de apetite; sensação de indisposição geral; edema palpebral e edema de tecidos; dor abdominal e urina espumosa.
 O abdômen pode inchar devido a um grande acúmulo de líquido na cavidade abdominal. Surgimento de edemas, já que o líquido que causa o inchaço dos tecidos fica sujeito à força da gravidade e, dessa forma, durante a noite, o líquido acumula-se nas partes superiores do corpo, como as pálpebras e durante o dia, quando a pessoa está sentada ou em pé, o líquido acumula-se nas partes inferiores do corpo, como nos tornozelos. A produção de urina também pode diminuir causando a insuficiência renal, e se ocorrer vazamento de fluído das veias o suprimento de sangue para os rins diminui. Pode haver perda de cálcio dos ossos apresentando deficiência de vitamina D, levando a osteoporose.
 O paciente com Síndrome Nefrótica pode ter alterações como, aumento da incidência de infecções; aumento da existência de tromboses; desnutrição; entre outros.
· Causas 
 A síndrome nefrótica é geralmente causada por danos ao conjunto de pequenos vasos sanguíneos dos rins, chamados de glomérulos. Estes são responsáveis pela filtração do sangue e, uma vez comprometidos, deixam escapar na urina o que devia ter sido mantido no organismo.
 Muitas doenças e condições podem causar um dano aos glomérulos. Veja:
 - Doença de lesões mínimas: essa é a causa mais comum da síndrome nefrótica em crianças e é uma doença um tanto quanto curiosa. Essa desordem resulta em alterações na função renal, mas quando o tecido do rim é examinado sob um microscópio, aparece normal ou, no máximo, com poucos problemas.
- Nefropatia membranosa: este distúrbio renal é o resultado do espessamento das membranas de dentro do glomérulo. A sua causa exata não é conhecida, mas parece estar associada a outras condições médicas, tais como a hepatite B, malária e câncer.
- Doença renal diabética: a diabetes pode levar a danos nos rins e a uma condição conhecida como nefropatia diabética, que afeta, principalmente, os glomérulos.
- Insuficiência cardíaca: o mal funcionamento do coração pode levar à síndrome nefrótica.
· Especialistas 
· Clínico geral
· Nefrologista
· Hematologista
· Endocrinologista
· Metabologista
· Diagnóstico
 O diagnóstico da síndrome nefrótica é feito em duas etapas. A primeira parte consiste na identificação de uma proteinúria excessiva. Exames de urina como o EAS (urina tipo 1) e a urina de 24 horas são as análises mais usadas para identificar e quantificar a perda de proteínas na urina 
 Uma vez identificada a proteinúria nefrótica, o próximo passo é diagnosticar a causa. Nos pacientes com diabetes há muito anos, a causa é óbvia e raramente faz-se necessária uma investigação mais complexa. Já em pacientes previamente sadios, sem doenças conhecidas, a elucidação da origem da proteinúria costuma dar mais trabalho. 
 Exames de sangue, como sorologias para hepatite, HIV e sífilis, e pesquisa de auto anticorpos, como o FAN, (FATOR ANTINUCLEAR), ajudam a direcionar a investigação. Em geral, porém, a biópsia renal acaba sendo necessária para o diagnóstico final, principalmente se a causa for uma glomerulopatia primária.
· Prognóstico 
· Causa da síndrome nefrótica (doenças)· Idade da pessoa
· Tipo de lesão renal
· Grau da lesão renal
· Tratamento 
 O tratamento tem o objetivo de reduzir ou suprimir a perda descontrolada das proteínas urinárias, de forma que a taxa de albumina no sangue retome seus níveis normais e os sintomas sejam reduzidos. Para tanto, é necessário intervir na causa da má filtração do sangue, além de medicamentos que deprimem o sistema imunológico, já que uma parte importante das glomerulonefrites se origina de respostas imunes anormais. 
 Em geral, as medicações hipertensivas, para controlar a pressão arterial, e diuréticas, para equilibrar o volume de líquidos e de sais no organismo, são sempre necessárias, assim como a adoção de dietas com consumo restrito de sódio e de proteínas. Além de procurarem restabelecer a boa filtração, todas essas estratégias terapêuticas visam a evitar maiores danos aos rins. Nos casos em que há obstrução de veias, problemas anatômicos ou tumores, o tratamento tem de ser realizado com intervenções cirúrgicas. 
 Evidentemente, as complicações da proteinúria, como a hipercolesterolemia e a trombose venosa, só para citar algumas, requerem abordagens específicas. Dessa forma, o tratamento da síndrome nefrótica depende da sua causa. Nos pacientes com hepatite, sífilis ou HIV, o tratamento destas infecções costuma melhorar a proteinúria. Como o diabetes é uma doença sem cura, o tratamento da proteinúria nestes casos não costuma ter muito sucesso. 
 Os melhores resultados ocorrem nos pacientes que apresentam glicemia e níveis da pressão arterial controlados. Medicamentos como os inibidores da ECA ou os antagonistas dos receptores de angiotensina II ajudam a reduzir o grau de proteinúria e estão indicados em praticamente todos os pacientes com proteinúria
· Caso Clínico
 Adolescente do sexo feminino, 12 anos, apresentando há uma semana com dores fortes na região do abdômen até o umbigo, edemas em várias partes do corpo e o aparecimento de lesões coceiras e fraqueza. 
 O exame de sumário de urina revelava proteinúria 4+. Exames laboratoriais revelavam hipoalbuminemia, além de hipertrigliceridemia, preenchendo critério para síndrome nefrótica.
 A pesquisa de sorologias se mostrou positiva para sífilis, e outras causas infecciosas foram descartadas, fechando o quadro como sífilis, com acometimento cutâneo e renal. 
 Este caso, apesar de incomum, reforça como, é necessário lembrar que a síndrome nefrótica pode ser oriunda de diversos tipos de doenças. Nesse caso é Síndrome Nefrótica Secundária. 
Referencias Bibliográficas: 
https://fortissima.com.br/2015/11/22/cutis-laxa-conheca-os-sintomas-e-como-diagnosticar-doenca-14749946/
http://actapediatrica.spp.pt/article/viewFile/5106/3873
https://www.tuasaude.com/cutis-laxa/
 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962010000500013
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-%C3%B3sseo-e-conetivo-em-crian%C3%A7as/cutis-laxa
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/sindrome-nefrotica
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-renais-e-urin%C3%A1rios/dist%C3%BArbios-da-filtra%C3%A7%C3%A3o-dos-rins/s%C3%ADndrome-nefr%C3%B3tica
https://www.mdsaude.com/2013/11/sindrome-nefrotica.html
http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/556922/como+e+a+sindrome+nefrotica.htm
https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/291
http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=658
· Defeito de Transporte e Processamento:
· Fibrose Cística 
· Definição
É uma doença genética e hereditária, mais comum em descendentes de europeus.
· Causas
Por ser uma doença hereditária autossômica recessiva, sua principal causa é uma mutação no gene Regulador da Condutância Transmembrana da Fibrose Cística. Esse gene defeituoso faz com o que o nosso corpo produza um líquido denso e pegajoso, conhecido como muco, por isso a doença também é conhecida como mucoviscidose. O acumulo desse muco nas passagens respiratórias do pulmão e do pâncreas acarreta em sérios problemas tais como: má absorção de nutrientes (principalmente proteínas e lipídeos), prolapso retal, cirrose hepática, etc. Além de elevadores níveis de cloro no suor, levando a infecções graves, colocando a vida do paciente em risco. 
· Sintomas
Os sintomas da doença costumam variar de acordo com a idade do paciente. Os recém-nascidos e os mais novos costumam ter sintomas diferentes dos outros pacientes.
Os recém-nascidos têm como principais sintomas:
· Dificuldade para ganhar peso;
· Desidratação sem motivo aparente;
· Secreção que atrapalha o funcionamento do intestino;
· Tosse com secreção.
Pacientes mais velhos apresentam:
· Sinusite crônica;
· Perca de peso;
· Diarreia crônica;
· Desnutrição;
· Diabetes;
· Menos da metade as mulheres com essa doença conseguem engravidar e só 2% do homens conseguem se tornar pais.
· Fatores de Risco
O histórico familiar é o maior fator que pode trazer riscos aos pacientes. Outro fator é a pele branca, que sofre muito mais com a doença do que as outras raças.
A doença por ser autossômica se manifesta tanto nos homens como nas mulheres. Acreditasse que uma a cada cinco pessoas são portadores assintomáticos do gene. A doença é recessiva, isto é, o paciente precisa receber um gene afetado do pai ou da mãe, assim, a criança terá 25% de chance de ter a doença.
· Diagnóstico
Os exames que os médicos costumam ser pedidos para a identificação da fibrose cística são:
· Teste do pezinho;
· Teste do suor;
· Teste genético.
Para os recém-nascidos, o teste do pezinho é indicado. O teste do suor também pode ser feito, mas é muito difícil de ser realizado antes de o bebê completar 3 ou 4 semanas de vida.
O teste do suor é feito para identificar a quantidade de sal no suor pela pilocarpina. Ele pode ser realizado também em crianças e adultos. Com esse teste, é identificado, ainda, o histórico familiar da doença e os sinais clínicos.
Fazer a prova genética também é uma boa opção para saber como a doença surgiu. Devido a doença poder afetar diversos órgãos, outros exames podem ser feitos para identificar a fibrose cística, como:
· Raio-X ou tomografia do tórax;
· Teste de funcionamento dos pulmões;
· Teste de estimulação da secretina;
· Teste de gordura nas fezes;
· Medição da função pancreática;
· Tripsina e quimotripsina nas fezes;
· Série do trato gastrointestinal superior e do intestino delgado
· Tratamento 
A principal função do tratamento é melhorar a qualidade de vida do paciente. Diversos tratamentos podem ser feitos para a fibrose cística. Para as crianças, é fundamental ficar de olho na alimentação para que elas sempre fiquem nutridas.
Como há pacientes com problemas pulmonares por conta da doença, o tratamento é feito com:
· Medicamentos inalados para abrir as vias respiratórias;
· Antibióticos para prevenir e tratar as infecções pulmonares;
· Alta concentração de soluções salinas;
· Substituição de enzima para facilitar a expectoração.
Quando o caso for muito grave, o transplante de pulmão é uma opção.
Para os pacientes com problemas intestinais e nutricionais, podese incluir:
· Enzimas pancreáticas para absorver proteínas e gorduras;
· Dieta rica em proteínas e calorias;
· Utilizar suplementos vitamínicos.
O médico é a pessoa indicada para fazer o seu tratamento corretamente. É indicado não se automedicar e nem interromper o tratamento antes do fim. Alguns medicamentos podem ser indicados pelo especialista:
· Ciprofloxacino;
· Aires;
· Fluimucil.
· Complicações
Se a doença não for tratada corretamente, problemas maiores podem surgir como:
· Diabetes;
· Problemas intestinais;
· Desnutrição;
· Artrite;
· Pneumonia recorrente;
· Pneumotórax;
· Insuficiência cardíaca (lado direito);
· Doença ou insuficiência hepática, cirrose biliar e pancreatite; 
· Expectoração de sangue.
· Expectativa de Vida
No Brasil a expectativa de vida de pacientes com FC é de 19 anos, isso porque a doença não possui cura e é grave. Apesar disso,o SUS oferece tratamento sem custo.
· Convivência com a doença
Apesar da doença não ter cura, o tratamento ajuda a melhorar a qualidade de vida. E, além disso, alguns cuidados podem ser tomados para que ela seja eficaz e a recuperação seja mais ágil:
· Beber muito líquido;
· Fazer exercícios físicos 2 ou 3 vezes na semana;
· Não fumar;
· Evitar fumaça, sujeira, poeira e produtos químicos;
· Limpar ou retirar o muco e secreções das vias respiratórias.
· Prevenções
· Inicio da gravidez.
· Tratamento de fertilização in vitro.
· Ter acesso as células do embrião para identificar o gene da doença antes de sua implantação no útero materno.
· Extrair células para realizar o Diagnóstico Genético Pré-Implantacional (PGD).
· A técnica que permite identificar os embriões livres da mutação genética da Fibrose Cística e transferir ao útero materno aqueles que não são portadores da doença.
· O resultado é o nascimento de bebê com saúde que não será portador de gene, o que permite que seus futuros filhos também não manifestem esta doença grave.
· Alfa Antitripsina
· Introdução
A deficiência de AAT é uma doença genética- transmitida de pais para filhos através de genes. Genes são códigos, ou informações, para as células do corpo responsáveis por olhos azuis, cabelos negros e outras características pessoais. Herdamos nossos genes dos nossos pais - metade por parte maternal e outra metade por parte paterna - portanto nossa cor da pele e outras características são herdadas ou genéticas.
Pessoas com doenças do pulmão decorrente da deficiência de AAT tem 2 genes anormais (1 por parte materna e outro por parte paterna). Os genes anormais mais comum são denominados Z e S.
· Fisiologia AAT
A molécula de AAT é produzida principalmente no fígado( e, em menor quantidade, nos macrófagos e no epitélio brônquico) e, pela circulação, alcança os pulmões, onde vai exercer sua função antielastolitica. A fração circulante da AAT corresponde a cerca de 40% do total corpóreo da proteína; o restante é contraído no compartimento extracelular extravascular, impregnando os tecidos corporais, como os pulmões, onde fará parte do sistema de defesa tecidual contra a elastolise. A AAT é considerada uma proteína de fase aguda, e seus níveis séricos podem estar aumentados em situações de inflamação.
O mecanismo inibitório ocorre por meio de ligação entre a molécula de AAT e aprotease, em um sistema comparável a uma ratoeira armada.No processo de inibição, ocorre a destruição de uma molécula de AAT para cada protease inibida, de modo que existe uma perda de moléculas de AAT.Entretanto, em condições normais, existe um excesso de AAT nos pulmões, o que garante proteção frente à ação elastolitica da elastase neutrofilica. Além de agir como antiprotease, a AAT parece ter importante função anti-inflamatória nos pulmões.
· Fisiopatologia
· Polimerização
 A substituição de ácido glutâmico por lisina na posição 342 do gene SERPINA1 configura a proteína Z. As mudanças conformacionais oriundas dessa mutação predispõem as moléculas a sofrerem um processo de polimerização, irreversível, com consequente acúmulo de polímeros nos hepatócitos. Ainda que esse processo possa ocorrer em condições normais, fatores como altas concentrações de proteína Z, temperaturas elevadas e variações de pH facilitam a polimerização. Como consequência da formação de polímeros, apenas cerca de 15% das moléculas produzidas atingem a circulação, levando à redução dos níveis séricos.
· Doença pulmonar
 Tem-se atribuído o enfisema pulmonar relacionado à deficiência de AAT ao desequilíbrio na relação funcional protease-antiprotease, haja vista que níveis séricos reduzidos de AAT (ou moléculas disfuncionais) são insuficientes para proteger os pulmões da ação elastolítica da elastase neutrofílica e de outras agressões. Portanto, a lesão resultante seria consequência do aumento dos fatores agressores (tabagismo, infecções, eventualmente fatores ocupacionais) e/ou da redução dos mecanismos protetores (notadamente os níveis séricos de AAT), com desvio no equilíbrio em favor da ocorrência de dano pulmonar acelerado.
· Doença hepática
 Diferentemente da doença pulmonar, a hepatopatia relacionada à deficiência de AAT não é causada pela redução dos níveis séricos da enzima, mas pelo acúmulo de polímeros no interior dos hepatócitos. Desse modo, somente os portadores de mutações que resultam em polimerização, como Siiyama, Mmalton e, principalmente, Z, podem apresentar hepatopatia. O mecanismo pelo qual o acúmulo intracelular de polímeros leva à lesão hepática, entretanto, ainda é desconhecido.
· Manifestações Clínicas
 A deficiência de AAT tem sido associada ao desenvolvimento de doença pulmonar, doença hepática e doença em outros órgãos e sistemas, com menor frequência. Praticamente 80% dos pacientes são identificados a partir da investigação de sintomas respiratórios, enquanto, em apenas 3% dos casos, o diagnóstico deve-se à doença hepática. O reconhecimento da deficiência de AAT como causa de doença pulmonar é importante para o pneumologista, já que pode haver grandes retardos entre o início dos sintomas e o diagnóstico. De fato, em muitos pacientes, o reconhecimento de mutações é feito apenas bastante tardiamente e após consultas com diferentes médicos; o intervalo entre o início dos sintomas e a identificação da doença pode ser de 8 anos ou mais.
 O fenótipo mais frequentemente relacionado a manifestações pulmonares (96% dos casos) é o PiZZ, que implica concentrações séricas de AAT de menos de 20% dos valores normais. Contudo, indivíduos heterozigotos portadores da mutação Z (ou de outras mutações mais raras) também podem apresentar risco aumentado de enfisema, dependendo de múltiplos fatores, como tabagismo e exposições ocupacionais e ambientais.
· Função Pulmonar
As alterações espirométricas, A espirometria, ou exame de sopro, mede o volume e a velocidade do ar com o objetivo de diagnosticar doenças pulmonares e respiratórias, consequentes ao enfisema por deficiência de AAT (alfa-anti-tripsina) são as mesmas descritas na DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) de origem tabagística. Na prova de função pulmonar completa, observam-se aumento do volume residual e da capacidade pulmonar total, além de redução da capacidade de difusão do monóxido de carbono. Por efeito de aprisionamento aéreo, os volumes pulmonares medidos por pletismografia são normalmente maiores do que os medidos por métodos baseados em diluição de gás. Alguns pacientes podem ter prova de função pulmonar com variação significativa após uso de broncodilatador. A recomendação atual é para que se realize, na avaliação inicial, prova de função pulmonar completa e gasometria arterial e, no seguimento, espirometria simples anualmente. Pacientes em tratamento com reposição de AAT (alfa-ant-tripsina) merecem avaliações mais frequentes e detalhadas.
· Diagnóstico
 O diagnóstico de deficiência de AAT envolve o reconhecimento de padrões clínicos de doença e a identificação das alterações laboratoriais correspondentes. Em pacientes com alterações clínicas sugestivas de deficiência de AAT (alfa-atri-tripsina) - como enfisema de início precoce, história familiar de enfisema e doença hepática sem causa definida, entre outras. A doença deve fazer parte do diagnóstico diferencial; nessas situações clínicas, e também quando a eletroforese de proteínas séricas demonstrar banda α 1 reduzida ou ausente, deve-se quantificar os níveis séricos de AAT (alfa-atri-tripsina).
Ainda que diferentes concentrações séricas de AAT (alfa-atri-tripsina) possam sugerir determinados fenótipos, evidência de níveis séricos reduzidos ou ausentes de AAT (alfa-atri-tripsina) deve ser seguida por estudo de fenotipagem para identificação das variantes de AAT (alfa-atri-tripsina) (com base na motilidade das moléculas num gradiente isoelétrico de pH13 ) e confirmação do diagnóstico. Atualmente, no Brasil e em outros países, existem programas que oferecem métodos simples para determinação fenotípica por meio de coleta de gotas de sangueem papel filtro seco, que pode ser enviado por correio a um laboratório de referência. Esses métodos diagnósticos podem ser facilmente obtidos junto ao Registro Nacional ou às sociedades locais. Estudos têm demonstrado que a determinação do fenótipo a partir de gotas de sangue em papel filtro seco é factível por ser simples e de baixo custo. 
O diagnóstico de deficiência de AAT (alfa-atri-tripsina), portanto, é confirmado quando níveis séricos reduzidos são encontrados concomitantemente com um fenótipo sabidamente relacionado à doença. O diagnóstico em nível molecular (genotipagem), disponível em laboratórios especializados, é um método de exceção para a confirmação diagnóstica nos casos em que haja discrepância entre os níveis séricos de AAT e o fenótipo identificado; é indicado também para a identificação de variantes raras e para o estudo de novas variantes.
· Tratamento
 Os portadores dessa doença devem receber tratamento usual conforme as principais diretrizes vigentes, incluindo fármacos broncodilatadores, corticosteroides inalatórios (quando indicados), tratamento precoce e adequado. Em geral, os portadores de deficiência de AAT apresentam resposta imunológica normal, e indica-se vacinação (anual contra influenza e a cada 5 anos contra pneumococos). O transplante pulmonar é outra opção cirúrgica para pacientes com doença pulmonar avançada.
· Tratamento Substitutivo da Deficiência de AAT
O tratamento específico atualmente disponível para a doença pulmonar secundária à deficiência de AAT consiste em infusão intravenosa periódica de concentrados da proteína purificados a partir de plasma humano; tal reposição visa a elevar os níveis séricos de AAT e, assim, reconstituir a defesa pulmonar contra a elastólise tecidual. Os efeitos colaterais da infusão, como cefaléia, tontura, náuseas e dispnéia, são, em sua maioria, leves ou moderados. Além disso, a frequência com que esses efeitos ocorrem é bastante baixa. A terapia de reposição tem sido sugerida também para portadores de deficiência de AAT submetidos a transplante pulmonar.
· Novas Perspectivas de Tratamento
O uso da terapia de reposição intravenosa tem sido limitado por alguns fatores, como alto custo, falta de comprovação definitiva de eficácia e inconveniência na administração. Portanto, têm-se buscado outras formas de administração.
Estudos que avaliaram a estimulação da produção endógena de AAT com danazol, não conseguiram demonstrar eficácia clínica. Da mesma forma, terapias voltadas à redução da agressão aos pulmões (antioxidantes) ou à reepitelização pulmonar (ácido transretinóico) não trouxeram benefício aos pacientes.
 Alguns estudos sugerem a via inalatória como forma alternativa de reposição de AAT, com maior facilidade de administração e redução da dose necessária. A deposição pulmonar de partículas aerosolizadas de AAT foi considerada eficaz.
 Terapias genéticas têm também sido alvo de estudos recentes, envolvendo tanto a indução de produção de moléculas normais de AAT quanto a inibição da produção de moléculas mutantes. Com estas terapias Evidenciou-se tanto redução da produção quanto do acúmulo de moléculas no interior dos hepatócitos após 3 semanas.
· Registro Internacional da AAT
The Alpha One International Registry (AIR, Registro Internacional de Alfa-1) foi criado em 1997, sob a tutela da Organização Mundial da Saúde, com os seguintes objetivos: estabelecer uma base de dados internacional com descrição demográfica dos pacientes com deficiência de AAT; promover pesquisa clínica e básica para os portadores e coordenar essa atividade; coletar, avaliar e divulgar informações sobre todos os aspectos da doença; dar suporte e aumentar o conhecimento leigo sobre a deficiência de AAT e estimular a prevenção de progressão da doença e o seu tratamento.
No Brasil, suas atividades tiveram início em 2005,Devem ser incluídos na seção brasileira do registro os pacientes que tenham uma dosagem de AAT abaixo do valor normal, A seção brasileira do registro fornece o kit diagnóstico para determinação do fenótipo, mediante solicitação médica.
Referencias Bibliográficas:
https://minutosaudavel.com.br/fibrose-cistica-o-que-e-sintomas-tratamento-diagnostico-e-mais/
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132008000700012
http://www.hepcentro.com.br/deficiencia_a1.htm

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