Buscar

PPGER-Ante Projeto de Pesquisa UFSB

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA – CAMPUS SOSÍGENES COSTA
Gestão ambiental através dos saberes tradicionais: Um estudo sobre a Reserva da Jaqueira – Porto Seguro (BA)
Anteprojeto de pesquisa apresentado no processo de seleção do PPGER/UFSB com o objetivo de concorrer a uma vaga no Mestrado para o ano de 2019.
Nome do candidato: Leandro Santana Souza 
Porto Seguro
2019
Introdução
A proposta dessa pesquisa tem origem na relação, que cada vez mais se solidifica, através da Licenciatura Intercultural, entre o IFBA/Campus Porto Seguro e as comunidades indígenas localizadas na região do Extremo Sul da Bahia, onde a ciência tenta se aproximar dos conhecimentos tradicionais, sobretudo, os saberes advindos das etnias indígenas que habitam o Extremo Sul da Bahia. Este projeto pretende acompanhar uma tendência de estudos que tende a privilegiar a inclusão dos saberes tradicionais em estudos que se dedicam as questões ambientais; isto é, não utilizar somente do saber produzido na academia como forma de resolver problemas ambientais. Além disso, verificar os procedimentos das escolas indígenas (neste caso, a Escola Indígena Pataxó Jaqueira) nessa questão, como eles abordam essas teorias, o que a ação do Estado pode prejudicar ou beneficiar, e, por fim, de que maneira esses saberes podem influenciar na vida dos moradores da localidade. Essa tendência de estudo é reforçada por Pereira & Diegues (2010, p.38) quando dizem que;
Devido à demanda global a favor da proteção da natureza, juntamente com o crescimento de correntes ambientalistas detentoras de perspectivas diferentes da preservacionista ,as populações tradicionais passaram a ser consideradas importantes como atores responsáveis pela proteção do ambiente natural no qual estão inseridas.
Certamente que essa ideia de utilizar os saberes advindos dos povos tradicionais ainda encontra muita resistência dentro do ambiente acadêmico, isso se deve, em grande parte, pela deficiência na formação de professores e na estrutura curricular das escolas. Por outro lado, a ação genocida do Estado brasileiro, seja no silenciamento desses povos na história e no estudo da História, na transformação de suas culturas em folclore nacional, ou ainda condenando-os a um passado longínquo da História Nacional também contribui para que os conhecimentos indígenas sejam considerados irrelevantes nos ambientes de ensino formal. Os povos indígenas e os seus saberes são oportunamente lembrados nas aulas de História que tratam da “descoberta do Brasil”, da montagem do sistema colonial e, eventualmente, em momentos pontuais da recente História Brasileira .1 Isso são tentativas isoladas por parte de pesquisadores em algumas áreas do conhecimento como, por exemplo, na farmacologia e no meio ambiente, este último é onde se insere o interesse dessa proposição de pesquisa.
Para conhecimento da localidade, a Reserva da Jaqueira foi criada em 1998 pela comunidade indígena Pataxó da Coroa Vermelha, pelas irmãs Nitinauãn , Jandaia e Naiara que sonharam que era possível resgatar o modo tradicional de viver as histórias, os rituais e
[1] https://periodicos.ufrn.br/mneme/article/download/7445/5817/#pdfjs.action=download . Acessado em 22/03/2019
preservar a floresta. Está situada a 12 km do centro de Porto Seguro, em plena Mata Atlântica e ocupa uma área de 827 hectares. Tem como objetivos principais a revitalização da história, do idioma, a afirmação cultural e a preservação do meio ambiente tornando-se um importante 
difusor da cultura pataxó e modelo de turismo sustentável numa aldeia indígena. 
 Local de preservação de cultura e religiosidade , tornou-se símbolo da resistência do povo Pataxó e é respeitado por eles como um lugar sagrado e morada dos espíritos, pois foi habitado pelos seus ancestrais. Visto isso, todos os anos no dia 1º, de agosto a comunidade da Jaqueira comemora o aniversário de fundação da reserva, com o Araguakisã, que significa Dia da Vitória, com rituais, comida e casamentos na forma tradicional. Para o turismo ,há as trilhas onde o visitante conhece as técnicas e instrumentos de caça, a forma de viver dentro de um kijeme (oca), e a degustação de uma iguaria local, o peixe assado ,e ,o Awê.2
 Seguindo até o ano 2000 , com grande expectativa midiática, houve a comemoração pelos 500 anos do chamado “descobrimento do Brasil”, na cidade de Porto Seguro (BA) onde as contradições na organização demonstraram um evento catastrófico, tanto pelos confrontos que houveram contra as manifestações das etnias do território, quanto, por ter mostrado ao mundo como o Brasil trata seus povos indígenas. Consequentemente , os confrontos envolvendo grupos étnicos e até a polícia, alertaram a todos que em Porto Seguro ainda há representantes dos povos que nesse território viviam antes da chegada dos portugueses, e que se emergiram de suas aldeias demonstrando a sua força e resistência, quanto a tentativa de exterminação. Nesse caso, o que ocorreu no ano de 2000 foi nada mais que uma demonstração de um processo que objetiva acabar e excluir os povos indígenas do cotidiano da cidade de Porto Seguro e do país, transformando toda a história de luta em apenas folclore.
 Pouco a pouco , nesta região, os índios foram forçados a participarem, em algum grau, da urbanização, em decorrência do sufocamento de suas áreas ,decorrente do processo em que foi considerado a globalização, e ,consequentemente, a diminuição da capacidade de sobrevivência dentro dos limites de suas reservas. É comum encontrar indígenas comercializando artesanato feito com elementos naturais que são encontrados em suas reservas, fazendo um clima de resistência cultural à novas tendências e costumas, porém, essas mesmas reservas já se encontram debilitadas ambientalmente, ou, por razões de extrema proximidade
com as pessoas da área urbana, estão ocupando outras atividades que a população desta mesma área urbana poderia ter ocupado, como, por exemplo, servirem ao turismo, não raro, de forma caricata ,ou folclórica do que seria sua cultura.
_________________________________________________________________________________________________________________
 [2] O Awê ou Toré é um dos rituais realizados com mais frequência pelo povo Pataxó, e consiste numa reunião em torno de cantos e danças, na busca da união e de forças positivas para a aldeia.
 Pôde-se observar como a figura indígena tem sido voltada para as atrações turísticas da cidade de uma maneira muito amistosa, onde os índios são forçados a se moldarem para se adaptar a esse aspecto, perdendo cada vez mais sua identidade. Por consequência disso, sua importância é voltada somente para questões econômicas, tendo toda sua forma de representação cultural, vendida, seja pelo artesanato ou até mesmo por meio de rituais tradicionais. “Os índios perderam parte do seu território e hoje servem de atrativo turístico” (CERQUEIRA-NETO, 2013 p.260). Nos pontos mais centrais da cidade a figura do colonizador é destacada nos principais pontos históricos da cidade, como no Trevo do Cabral, ou Cidade Histórica .Portanto, de certa forma, os símbolos da colonização presentes na paisagem da cidade parecem ter um caráter de perpetuação de uma eterna submissão, de sempre se lembrar dos invasores como benfeitores. Se essa leitura que se faz pode ser interpretada como radical, por outro lado, também não se pode imaginar que o destaque que esses símbolos possuem no território de Porto Seguro contrariamente a supressão dos primeiros habitantes seja algo posto de forma ingênua.Tudo isso influenciou diretamente nas questões dos saberes tradicionais, pois sistematicamente, cria uma tendência ao enfraquecimento epistemológico, ou seja, pouco a pouco, a figura do índio sempre termina como um elemento a ser observado como algo para agradar ao turismo.Daí surge a urgência e necessidade de preservação do acervo material e cultural indígena. E um passo importante para a manutenção desses saberesé o estudo da Reserva da Jaqueira.
Justificativa
Numa de suas palestras, Boaventura de Sousa Santos disse que se desejarmos ir a lua é necessário buscar o conhecimento dos engenheiros da NASA, mas, se quisermos entender a natureza, o meio ambiente, teríamos que buscar os indígenas. Talvez, aqui se encontre a maior justificativa para essa proposta de pesquisa. Para Diegues et. al. (2000, p.02) “é fundamental realizar o inventário dos conhecimentos, usos e práticas das sociedades tradicionais indígenas e não-indígenas, pois, sem dúvida, elas são os grandes depositários de parte considerável do 
saber sobre a diversidade biológica hoje conhecida pela humanidade”. Assim pode-se fazer um comparativo de como as escolas indígenas ou não tratam esses saberes com o que tem praticado, ou de que forma essa simbiose ,entre as práticas tradicionais e as da academia que se encontram e se projetam . A opção pelo estudo na Reserva da Jaqueira também se justifica também pelo fato de que ela está inserida no roteiro turístico cultural do município, o que a torna um ambiente sensível as transformações que lhes podem ser impostas, sobretudo, se cooptada pela parte perversa da globalização, analisado amiúde nas obras de Milton Santos. 
 Sobre a necessidade de um instituto para a prática dos saberes, ainda há um fator a se discutir ,pois, a educação indígena remete a um tipo de aprendizado que é ancestral e
que não depende da escola para que ocorra, pois essa educação é anterior a escola e ela faz parte da identidade do povo, e cada povo, por sua vez, tem a sua forma de educar, através dos seus rituais e de mecanismos específicos de transmissão dos saberes tradicionais, desta forma ,a oralidade é um dos principais fundamentos da educação indígena, em que a criança aprende observando e ouvindo os mais velhos.3
 Aprende-se fazendo junto com os mais velhos, imitando-os, e colaborando nas atividades do dia-a-dia: caçar, pescar, catar lenha, cuidar dos irmãos mais novos, socar arroz, carregar água, tecer, confeccionar trançados, com suas formas e desenhos. Nas roças, os meninos ajudando no preparo do terreno para o plantio, na colheita. Para exemplificar e comparar realidades indígenas diferentes, sob a perspectiva da educação indígena, pode-se pensar que a educação indígena na Amazônia está sempre associada ao mundo das águas (os rios, igarapés, lagos), assim como a criança indígena do sertão nordestino aprende a lidar com a aridez, mas em ambos os casos o respeito e a solidariedade são aspectos centrais da educação. De forma complementar, Munduruku (2010, p. 55) fala que a educação indígena retrata sobre os costumes e saberes advindos do tradicionalismo religioso, passado de geração em geração. Em uma desses teorias, fala que, ao descobrir os vazios que o corpo possui, a criança indígena não despreza a necessidade de adquirir conhecimentos complementares. Ao contrário, percebe que é importante deleitar-se com eles em um processo de aprendizagem que passa pela leitura do entorno ambiental. 
 Vai compreendendo, assim, que o ambiente a ser observado deixa marcas que orientam seu ser e sua própria vida. Entende que o uso dos sentidos atribui sentido às ações: a leitura das pegadas dos animais, o voo dos pássaros, os sons dos ventos nas árvores, o crepitar do fogo, as vozes da floresta em suas diferentes manifestações .Conscientiza-se que andar pela mata é muito mais que um passeio de distração ou diversão, que subir nas árvores é mais que um exercício físico, que nadar no rio é mais que brincadeira, que produzir seus brinquedos é mais que um desejo de satisfação, que ficar horas confeccionando utensílios e objetos é mais que uma necessidade. A criança entende, aos poucos, que em seu corpo o sentido ganha vida e voz. Contudo, pode se dizer que todos a formas de conhecimento são importantes nesse caso, alinhando a teoria de Mundukuru com Milton Santos , que , por muito faz referências em sua 
[3]https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/10376/1/Edson%20Machado%20de%20Brito.pdf. Acessado em 22/03/2019 
metodologia com a multidisciplinaridade, deixando uma gama de oportunidades para o saber, sem restrições ou preconceitos. Nesse caso, até onde essa metodologia está sendo aplicada na escola indígena da Jaqueira? Como esse estudo poderia auxiliar ou no mínimo analisar as condições do professorado nesse tipo de atuação?
Objetivos
 O objetivo principal dessa proposta de pesquisa é conhecer, descrever e interpretar o funcionamento da gestão ambiental realizada pela etnia Pataxó na Reserva da Jaqueira através da relação dos seus habitantes com o meio ambiente. Outros objetivos são: relatar como acontece a dinâmica da gestão do território dentro da Reserva da Jaqueira, tendo em vista que ela se configura numa das atrações turística de Porto Seguro, analisar o comportamento /rotina da escola indígena local, para entender como os saberes tradicionais são desenvolvidos com os alunos, teorias e práticas desses ensinamentos, e , por fim, verificar como é a relação dessa comunidade com os poderes públicos, no sentido da continuidade da proteção da Reserva.
 Metodologia
 Ainda que cada ciência tenha o seu próprio método, no entanto, isso “não exclui ou impede o intercâmbio dos vários métodos entre as diferentes ciências” (MENDONÇA, 1998, p.40). Dentro dessa perspectiva, Milton Santos (1996, p.19) dirá que “nunca é demais insistir no risco representado por uma ciência social monodisciplinar, desinteressada das relações globais entre os diferentes vetores de que a sociedade é constituída como um todo”. E é por esse caminho, multidisciplinar, alinhado até que a pesquisa será conduzida, tanto no trabalho de campo quanto nas interpretações dos dados coletados, para que justamente fique demonstrado um conjunto de fatores e teorias, que, seguindo uma sequência de trabalhos ,sempre em consonância com o orientador, atingirá um denominador comum ,tanto na dissertação de mestrado ,quanto o aprendizado que esses estudos irão oferecer e contribuir para as sociedades indígena e não-indígena. 
 A tendência é que, quando as instituições estão desenvolvendo estudos sobre os chamados saberes tradicionais indígenas, poderá unir cientistas, conhecedores tradicionais, estudantes-pesquisadores indígenas, ou seja, é inevitável não aplicar a teoria multidisciplinar de Milton Santos. E quando essas pesquisas evidenciam a relevância desses saberes, que, entre outras razões ,vão poder nos ajudar a pensar e criar soluções plausíveis para problemas da atualidade, como por exemplo, desmatamentos, poluições, mudanças climáticas, extinção de animais e plantas. A metodologia vai propor uma reflexão voltada para os saberes indígenas, buscando uma maneira de refletir sobre a riqueza de suas práticas tradicionais que circulavam no âmbito da oralidade na América Portuguesa, registrados por autores estrangeiros pelo Nordeste. 
 Os saberes tradicionais indígenas atuam como uma espécie de rede, e estão articulados a diversos aspectos sociais, políticos, culturais desses grupos, daí já é dispensado uma cultura monodisciplinar . E assim se cria a conceitos que os distanciam do pensamento convencional, que entendemos por ocidental, científico , tendo em vista a visão segmentada da ciência moderna. Os indígenas possuem processos próprios de organização social que determinam suas práticas de uso dos recursos de suas terras. Detentores de saberes particulares, constantemente recriados, acumulados durante milênios e transmitidos através da oralidade, esses saberes tradicionais estão entrelaçados às suas cosmologias, assim como profundamente articulados ao meio ambiente onde vivem. O bem estardos grupos depende dessas relações diretamente estabelecidas com ciclos e processos ecológicos vivenciados desde tempos imemoriáveis, que orientam a vida cotidiana e ritual, em uma interação saudável e equilibrada entre indivíduos, espaço e o cosmo. Se hoje essas pesquisas têm revelado a sofisticação dos processos e práticas indígenas, além dos desafios frente aos novos tempos, muito pouco sabemos sobre os saberes tradicionais dos indígenas que habitavam no Brasil quando os europeus aqui aportaram. É o caso dos antigos Tupi, cujos documentos históricos foram bastante analisados, contudo o tema dos saberes tradicionais ainda é pouco evidenciado no campo da historiografia. Assim, estabelece uma ponte entre diferentes práticas de saberes, destacando a importância das culturas indígenas e de seus conhecimentos para a nossa sociedade. Isso implica um ajustamento dos pensamentos tanto de Mendonça quanto Milton Santos e Munduruku. Uma vez que, será trabalhado as diferenças dos saberes acadêmicos com os tradicionais, toda a linha metodológica será investida na multidisciplinaridade deste estudo.
 Haverá duas formas de trabalho, a de campo e gabinete. No campo será executado um trabalho de registro fotográfico a fim de ilustrar todo o processo que foi documentado seguindo os procedimentos técnicos instruídos pelo orientador. Na sequência , será feita uma imersão no ambiente de pesquisa, isto é, na Reserva da Jaqueira para acompanhar a relação dos Pataxós com o meio ambiente, para assim na prática entender como funciona os saberes tradicionais. Com base desses dados, buscar-se-ão levantamentos de alguns TCCs que a comunidade indígena produzir no IFBA, como forma de aprimoramento de relatórios.
 No gabinete, para, de fato executar a teoria abordada , interpretar os dados coletados em campo ,pois assim, detalha de forma quântica tudo o que ocorreu fora do gabinete. E com esses resultados, o segundo passo que é aprofundar na leitura específica que trata da relação dos indígenas com o meio ambiente , finalizando assim o ciclo de informações do campo e do gabinete.
Resultados esperados
 A ideia é produzir uma pesquisa que coloque em relevo as tecnicas indígenas, que são utilizadas para a conservação ambiental da Reserva da Jaqueira , e ao mesmo tempo, verificar onde a ciência poderá contribuir com esse manejo.Assim, pode-se ter certeza que todo o processo metodológico , com teorias , trabalho de campo/gabinete , e instruções do orientador ,foram executadas de maneira eficaz. No que se refere à formação do estudante, espera-se que o mesmo seja inserido por completo no ambiente de uma pesquisa; entendendo seus procedimentos metodológicos, bem como a sua atuação no desenvolvimento do mesmo, tanto que se concerne ao estudo teórico quanto nas ações do trabalho de campo. Essa sequência de estudos e pesquisas vão ter consequências na aplicabilidade do ensino na escola indígena da Jaqueira, pois, o corpo docente, juntamente com as lideranças indígenas locais, diretamente serão convidados a contribuir e participar dessa pesquisa. Assim, essa proposta se alinha com o objetivo expresso no item primeiro do edital (que se refere público alvo e objetivos) , ao qual está sendo submetida. Outrossim, a produção de um artigo para submissão à revistas indexadas deverá ser o produto final dessa pesquisa. 
Cronograma
 O Cronograma deste anteprojeto será uma tabela que mostra as etapas (ou atividades) distribuídas em um calendário. A intenção é que seja um retrato da cronologia do projeto, que se baseia nas decisões que foram tomadas quando o projeto foi planejado. A elaboração deste cronograma foi baseada no tempo que se vai demorar ao executar cada atividade. Essa estimativa, planejada com o orientador, dependerá de lógica, decisão, condicionantes externos e outros fatores, tais como, recursos, serviços de terceiros, perspectiva de planejamento e fatores incontroláveis.Por fim, este cronograma norteia quais procedimentos e ações que o estudante irá desenvolver, a confirmar a vigência a partir de junho de 2019. Está incluído nele algumas formas de execução deste projeto, como por exemplo, reunião com o orientador para traçar a execução do plano de trabalho, trabalho de campo com coleta dados em órgãos oficiais, análise e interpretação dos dados coletados em campo , produção de artigo , para que haja de fato uma contribuição documentada destes dados coletados e interpretados, e por fim , a Apresentação do Relatório Final. Deixando claro que tudo isso é um esboço das atividades propostas e está sempre aberta para modificações com o possível orientador. Seja nas questões de data, quanto à temática abordada para a sequência de estudos. Segue abaixo uma tabela com os temas propostos e meses de previsão
	Atividades a serem desenvolvidas no ano de 2019
	jun
	jul
	ago
	set
	out
	nov
	dez
	Reunião com o orientador para traçar a execução do plano de trabalho.
	X
	X
	
	
	
	
	
	Pesquisar referências teóricas sobre a história local
	
	X
	X
	
	
	
	
	Trabalho de campo (coleta dados em órgãos oficiais)
	
	
	
	X
	X
	
	
	Relatório Parcial (entrega)
	
	
	
	X
	
	
	
	Trabalho de campo (Reserva da Jaqueira)
	
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	Atividades a serem desenvolvidas no ano de 2020
	jan
	fev
	mar
	abr
	mai
	jun
	jul
	Trabalho em campo (Reserva da Jaqueira)
	
	
	X
	X
	X
	
	
	Analise e interpretação dos dados coletados em campo
	X
	X
	X
	X
	X
	
	
	Produção de artigo
	
	
	X
	X
	X
	X
	
	Apresentação do Relatório Final
	
	
	
	
	
	
	X
Viabilidade de execução
 A pesquisa tem totais condições de ser desenvolvida, pois não há demanda de grandes passivos financeiros como também não exige grandes investimentos em infraestrutura. O deslocamento até a Reserva da Jaqueira para o trabalho de campo poderá ser feito com o carro do estudante , orientador se preferir, ou mesmo via ônibus; e ,quanto a infraestrutura, o IFBA/Campus Porto Seguro dispõe de laboratórios que atendem a necessidade da pesquisa, sejam eles de informática ou o laboratório de Ciências Humanas. Além disso, caso o orientador sinta a necessidade de um estudo mais aprofundado, não está descartada a possibilidade de visitas a outras comunidades, a fim de uma pesquisa mais comparativa.
Referências bibliográficas
BRITO, Edson Machado. A pluralidade étnico-cultural indígena no Brasil: o que a escola tem a ver com isso?– mneme – revista de humanidades
BRITO, Edson Machado. A educação Karipuna do Amapá no contexto da educação escolar indígena diferenciada na aldeia do Espírito Santo. 2012. 184f. Tese (doutorado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
CERQUEIRA-NETO, Sebastião Pinheiro Gonçalves de. Construção geográfica do Extremo Sul da Bahia. Revista Geografia UFPE. Recife, vol.30, nº01, pp. 246-264. 2013.
CERQUEIRA NETO, Sebastião Pinheiro Gonçalves de. Do isolamento regional à globalização: contradições sobre o desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia. Salvador (BA): EDUFBA, 2014.
DIEGUES, Antônio Carlos (org.). Os Saberes Tradicionais e a Biodiversidade no Brasil. Universidade de São Paulo, 2000.
MENDONÇA, Francisco. Geografia física: ciência humana? 6ªed. São Paulo: Contexto, 1998.
MUNDURUKU, Daniel. Sobre tempo e trabalho. In: MUNUDURUKU, Daniel; WAPICHANA, Cristino. Antologia Indígena. Cuiabá: Governo do Estado do Mato Grosso, 2009.
PEREIRA, Bárbara Elisa; DIEGUES, Antônio Carlos. Conhecimento de populações tradicionais como possibilidade de conservação da natureza: uma reflexão sobre a perspectiva da etnoconservação. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 22, p. 37-50, jul./dez. 2010. Editora UFPR.
SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1996.
TAUKANE, Darlene. A educação Kurâ-Bakairi no contexto tradicional. In: MATO GROSSO. Secretaria de Estado da Educação. Urucum, jenipapo e giz: a educação escolar indígena emdebate. Cuiabá: Entrelinhas, 1997. PP. 109-128.

Outros materiais