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MATERNAL A EM: NÃO É UMA CAIXA As férias de inverno voaram, passaram rápido demais e o primeiro dia da volta às aulas chegou para os pequenos, e depois do período de férias é hora de retornar para a rotina da escola, reencontrar os amigos, para explorar, brincar e nos divertirmos muito aprendendo e descobrindo. As crianças da turma do Maternal A, voltaram muito felizes para a escola para mais um semestre brincar, explorar e se divertir muito aprendendo. Foi notável o desenvolvimento dos pequenos em tão pouco tempo, a turma toda cresceu e se desenvolveu, não só no tamanho, mas também na autonomia e maturidade, agora muito mais falantes e curiosos chegaram logo no primeiro dia de aula contando as novidades, aventuras e brincadeiras das férias. Relatório de grupo – 2º semestre/2017 Turma: Maternal A Professora: Jéssica Oliveira Professora auxiliar: Juliana Pertilli Coordenadora: Lucy Rabelo Ramos A turma não cresceu só de tamanho, mas também em numero de amigos, na verdade a turma dobrou de tamanho, foi uma alegria para todo o grupo receber novos amigos que foram acolhidos por todos de forma calorosa e não demorou muito para a brincadeira começar. Logo os novos amigos já se sentiam parte da turma. A chegada de novos amigos na turma foi também uma oportunidade para aprendermos mais com as diferenças e características de cada um. Durante o semestre as crianças aprenderam muito umas com as outras, o que fez com que os vínculos de amizade se fortalecessem cada vez mais, tornando o Maternal A uma turma muito amiga, unida, solidária e com características muito especiais. Segundo GUSSO e SCHUARTZ (2005) “A experiência com o outro de alguma forma influencia diretamente vida da criança. Ao interagir com o meio, a criança torna-se um ser ativo, que constrói estruturas mentais, explora o ambiente, tem autonomia própria, e é capaz de superar desafios para conquistar seu espaço.” (GUSSO e SCHUARTZ, 2005, p. 238) A adaptação dos novos amigos e de todo grupo, aconteceu de forma muito tranquila e natural, respeitando os limites de cada criança e levando em conta cada necessidade individual de forma muito carinhosa e respeitosa. Abrimos nosso espaço para as famílias, para os pais e irmãos permanecerem um pouco com o grupo passando confiança para a criança, fizemos essa transição sem choros, de forma paciente e gradual, o que contribuiu para que em poucos dias o grupo todo estivesse adaptado ao ambiente da escola, para aproveitarmos todo o espaço. Durante a adaptação as crianças puderam brincar e se divertir muito no parque. Esse é um dos momentos da rotina preferido da turma, onde podem se soltar e se movimentar livremente e também aprender, pois a sala de aula da turma do maternal é o espaço onde estivermos. O tempo foi passando rápido e em meio às brincadeiras, curiosidade dos pequenos e acolhimento aos amigos novos a turma foi retornando para o ritmo de trabalho. Na turma do Maternal A é muito importante que se estabeleça uma rotina, neste semestre trouxemos o apoio da rotina visual, com fotos deles mesmo em cada um dos momentos. A rotina fica sempre na altura deles onde eles possam manusear e olhar fazendo uma leitura visual. Esse trabalho é importante para além de estimular a leitura visual e as noções de tempo, deixar as crianças mais tranquilas e menos ansiosas por saberem sobre os acontecimentos. Um dos momentos mais importante e significativo para o grupo como um todo é o momento da roda diária, que pode acontecer em vários espaços, por exemplo, em sala, parque, embaixo das arvores, sentados na grama e na biblioteca. Essa é uma atividade coordenada pela professora, quando organizamos nosso dia e as crianças se situam sobre os acontecimentos diários fazendo a leitura da sequencia das plaquinhas com fotos do grupo em momentos da própria rotina, momento importante também para seguimento do projeto, todo dia uma leitura é realizada, um brinquedo ou jogo é apresentado envolvendo a turma, e crianças podem opinar e expor pensamentos e ideias que muitas vezes contribuem com o desenvolvimento do projeto, além de ser um exercício natural para o controle corporal e memória dos pequenos para Derdyk (2003), “Os educadores são os porta-vozes de uma visão de mundo, transmissores de comportamentos, interferindo direta e ativamente na construção de seres individuais e sociais”. (DERDYK, 2003, p. 15) Na roda diária também temos um momento para cantar, atividade muito apreciada pelas crianças que sempre participam cantando e brincando com os fantoches das músicas. Neste momento também cantamos músicas populares infantis com o apoio dos fantoches, com esse exercício de cantar as crianças desenvolvem a memória e trabalham com a associação das figuras, segundo Diniz e Bem (2006) a música faz parte do trabalho pedagógico na educação infantil, ajuda a acalmar e tranquilizar as crianças, além de integrar os sentimentos como parte do trabalho pedagógico, já Beyer (2006 apud DINIZ; BEN, 2006, p. 5), acredita que a música é também uma forma de organizar as crianças, é uma estratégia dentro da rotina, para fazer as transições entre as atividades. O objetivo do projeto de leitura com a biblioteca no maternal A é proporcionar o contato das crianças com diversos livros adequados para a faixa etária delas, exercitar a leitura visual de imagens, estimular a criatividade, imaginação, o gosto pela leitura e a preservação dos livros. Toda semana fazemos uma visita ao espaço da biblioteca da escola, esse lugar nos enchem os olhos, nos fazem viajar e visitar lugares que sempre quisemos ir. E então é só escolher a história, pegar uma almoçada fofinha, e ler um gostoso livro... Poderiam ficar ali, deitados com os livros um dia inteiro, mas não somos os únicos que gostam da biblioteca, os outros alunos também querem viver imaginando, sonhando pelas viagens que os livros nos levam. Para a diversão não acabar tão rápido, temos a possibilidade de escolher uma história para levar para casa e devolver até o próximo dia de biblioteca. É uma diversão poder levar o livro para ler em casa e dividir esse momento com a família também. Pensando sobre o mundo em que estamos vivendo e os meios cada vez mais rápidos de comunicação, trânsito de informações, facilidades e modernidades, encontramos uma ação em meio a comunicação que os livros nos trazem. E assim contribuiríamos para a transformação de nossas ações considerando o tema do ano da escola; Transformação: Movimento contínuo e permanente. Essa ação no maternal A teve como objetivo fortalecer os vínculos em família e reforçar os momentos de brincadeiras e interações entre pais e filhos. Para isso toda semana junto com o livro escolhido as crianças levaram uma proposta de atividade. A ideia era que a família realizasse a atividade com a criança, e assim teriam um momento juntos. As vezes nos esquecemos que a melhor parte da infância é brincar e muitas vezes nos esquecemos de brincar com nossas crianças. Queríamos que as crianças tivessem boas experiências e vivências significativas, e para tornar esses momentos, por exemplo, a leitura do livro da biblioteca da escola, mais prazerosa, as propostas foram bem dinâmicas levando muito em conta a necessidade de estimulo voltada para a faixa etária e a preferencia dos pequenos também. Com a família eles fizeram desenhos, tiraram muitas fotos, pintaram, colaram folhas, fizeram cabanas, chazinhos, dedoches, máscaras, contaram histórias depois da história, voltaram no tempo, param embaixo das arvores, foram ao parque, fizeram piquenique e olharam para o céu. Foi muita coisa mesmo! O registro final na folha da proposta da atividade era o que menos importava, o que nós queríamos mesmo era a interação, o momento de estar em família, brincando e se divertindo com bem pouco: umlivro que na verdade não é tão pouco assim, é muito! É tão simples e tão grandioso como uma caixa de papelão, que encontramos em um desses passeios a biblioteca. Na verdade encontramos o livro da caixa, na verdade não é uma caixa, sim!!!! Esse é o nome do livro: “Não é uma caixa” de Antoinett Portes, no dia em que demos um “encontrão” neste livro, estávamos assim distraídos, procurando nada de muito especial, por isso costumamos dizer que foi o livro do simpático coelhinho e sua caixa, que não é uma caixa, que nos escolheu na verdade. Lemos varias vezes deitados em roda na biblioteca e todo mundo quis escolher o livro para levar para casa, então decidimos ter para todos nos o livro mais uma semana e deixamos o livro na sala, assim todo mundo podia ver junto. O encantamento foi tão grande que logo tornamos o livro, disparador do nosso projeto. Desde então colecionamos caixas. Caixas não, tesouros! Tesouros em forma de caixas grandes, pequenas e médias, imaginamos e descobrimos o mundo sentados dentro de uma caixa. De acordo com ARIOSI (2012) “A criança dessa faixa etária é vibrante, alegre e espontânea, além de muito curiosa.” (ARIOSI, 2012, p. 130) Quem nunca olhou para uma simples caixa e imaginou infinitas possibilidades para aquele quadrado de papelão pardo? Essa pergunta nos fez pensar sobre os dois mundo que vivemos diariamente: o da infância, onde a imaginação é o que conta e o mundo serio da maturidade. As caixas sempre nos encantam e nos chamam a atenção, imaginamos um mundo inteiro dentro delas, mas à medida que vamos crescendo e nos tornando adultos, rápidos, práticos e ocupados demais para as pequenas coisas, vamos perdendo essa capacidade de imaginar, de brincar de faz de conta e ser feliz com muito pouco, as caixas vão se tornando apenas caixas para pessoas assim. Mas para aquelas poucas que sempre deixam existir um espaço para ser criança, para deixar aflorar essa nossa capacidade de imaginar, nunca perdem a capacidade de voltar a sentir, ainda que por alguns minutinhos, aquele delicioso faz de conta. Levando muito em consideração a idade e necessidade das crianças é muito importante que sejam oferecidas propostas de atividades que diversifiquem as possibilidades de brincar, explorar e sentir, pois contribuem com o desenvolvimento motor da criança. Segundo ARIOSI (2012), “As experiências sensoriais e motoras (concretas) são o alicerce para aprendizagens mais abstratas e subjetivas. O desenvolvimento da criança acontece, por equilibrações majorantes, ou seja, a cada nova aquisição cognitiva, a criança incorpora às estruturas já existentes novos esquemas, sempre no sentido da ampliação dos conhecimentos, porém, marcada por conflitos cognitivos que desencadeiam o processo de aquisição de novas aprendizagens.” (ARIOSI, 2012, p. 131) Entre todas as brincadeiras e aventuras dentro de uma caixa, as que o maternal mais gostou foram as viagens pelo céu, a imensidão azul! Passamos muito tempo olhando para cima das arvores, as nuvens e tudo que passava ali, para encontrar um jeito de transformar nossa caixa em um avião, balão, helicóptero ou numa nuvem fofinha pra passear e olhar a Terra lá de cima. Construímos então, aviões, balões e até uma casa que voa. Envolvidos com as construções foram desenvolvidas diferentes atividades respeitando a faixa etária da turma, sempre em ambientes ou condições convidativas e prazerosas, oferecendo oportunidades onde as crianças possam de forma espontânea criar livremente, explorar diferentes materiais, texturas e possibilidades e assim passamos o semestre viajando pelo céu. Segundo Derdyk (2003), “A criança é um ser em contínuo movimento. Este estado de eterna transformação física, perceptiva, psíquica, emocional e cognitiva promove na criança um espírito curioso, atento, experimental. Seu olhar aventureiro espreita o mundo a ser conquistado. Vive em estado de encantamento diante dos objetos, das pessoas e das situações que a rodeiam”. (DERDYK, 2003, p. 10) E não é que recebemos um convidado muito especial em nossa turma? O coelhinho saiu do livro “Não é uma caixa.” e apareceu na nossa sala, melhor que conhece-lo pessoalmente, foi poder leva-lo para casa junto com o livro, para juntos passar momentos muito divertidos. O coelhinho passou na casa de cada família com o seu livro e uma caixa, cada família contribuiu com um pequeno registro para no final construirmos nosso portfolio coletivo. Durante o semestre desenvolvemos o projeto do desfralde com todo o grupo, mesmo que algumas crianças tenham passado por esse processo no primeiro semestre envolveram-se também com a história “Cocô no trono” de Benoit Charlat e aprenderam sobre noções de higiene pessoal e como se cuidar corporalmente. O desfralde é um processo muito importante no crescimento e amadurecimento das crianças desta faixa etária. Esse projeto acontece durante o ano geralmente quando as crianças do grupo tem por volta de 2 anos e tem como objetivo principal contribuir de maneira facilitadora para que as crianças passem pela transição de fralda para calcinha/cueca da maneira mais natural possível. Durante esse processo o mais importante é perceber o tempo certo para o inicio do desfralde de cada criança, ter paciência e respeitar o ritmo de cada uma. Com uma história lúdica e um personagem fofo sendo desfraldado é muito mais fácil, pois as crianças se identificam e ficam motivadas para conseguir também. As crianças se sentem muito orgulhosas com essa conquista, fazendo “festa” a cada xixi feito na privada, tornando assim o momento do banheiro muito mais divertido e natural. Para abordar todas as áreas de conhecimento e os conteúdos necessários para a faixa etária a turma do maternal A trabalhou muito, diversificando sempre as oportunidades das crianças em se expressarem corporalmente, graficamente, ludicamente e mentalmente o que contribuiu para o amadurecimento e desenvolvimento das crianças, que mantiveram-se interessadas e envolvidas com as brincadeiras, projeto e atividades durante todo o semestre. Segundo o RCNEI (1998) as possibilidades de brincar devem ser diversificadas com materiais, espaços e possibilidades, a fim de desenvolver movimentos e experiências corporais brincar. “[...] as instituições de educação infantil devem favorecer um ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios. Quanto mais rico e desafiador for esse ambiente, mais ele lhes possibilitará a ampliação de conhecimentos acerca de si mesmas, dos outros e do meio em que vivem”. (RCNEI, 1998, p. 15). Durante o semestre realizamos de forma individual e principalmente coletiva, experimentações com diferentes materiais e técnicas como: pintura com diferentes tintas, massinhas, canetinhas, texturas, pinceis grossos e finos, papeis com diferentes tamanhos, pinturas em diferentes posições sempre com novas possibilidades, tornando os momentos significativos, onde cada crianças tivesse a oportunidade de vivenciar, se sujar, sentir e explorar do seu jeito, com a sua individualidade, para Derdyk (2003) existem varias formas de atividades onde o desenho pode se manifestar, com a possibilidade de vários caminhos o desenho não possui uma única definição, não é somente o manejo do lápis sobre uma superfície, mas carregado de significados é um meio de conhecimento, expressão e comunicação. Aproveitamos o trabalho com as caixas para brincar com sucatas, potinhos de iogurte viraram chocalhos e garrafas de água brinquedo sensorial. Muitas de nossas atividades não tiveram como produto final um registro gráfico impresso pela criança em uma folha de papel antes branca, mas resultaram em uma massinha, em que a crianças trabalharam a coordenação motora fina, uma chuva de jornalpicado para trabalhar a habilidade do movimento de pinça ou um pãozinho feito com os amigos, para trabalhar todos os sentidos. Segundo Silva (2011), é importante o desenvolvimento de ações onde as atividades direcionadas e brincadeiras propostas sejam no espaço escolar um instrumento em que as crianças possam se expressar e se comunicar. A turma trabalhou apoiando-se também em recursos pedagógicos como: jogos, cartazes, brinquedos e livros de acordo com os conteúdos programáticos previstos, respeitando a faixa etária das crianças e o ritmo individual de cada um, como a oralidade, coordenação motora fina e grossa, jogo simbólico, noções espaciais e temporais, seriação e socialização. A turma do Maternal A neste semestre vivenciou e descobriu uma porção de coisas significativas que ficaram muito além de qualquer tipo de registro, existem momentos que só podemos sentir. Essas brincadeiras despertaram nossa imaginação e nos conduziram para um mundo de amizades, descobertas e brincadeiras com momentos que fizeram nossa alegria. Voamos muito alto para além das nuvens e o tempo passou, brincamos e fomos muito felizes, com momentos e vivências que guardaremos para sempre dentro dos nossos corações. Uma coisa é certa, ainda que esse grupo de crianças cresça rápido demais, sempre haverá um momento pra voltar a ser criança, para brincar, imaginar, sentir o delicioso faz de conta e nunca, nunca mais verão uma caixa como apenas uma caixa. REFERÊNCIAS ARIOSI, Cinthia Magda Fernandes. O ensino de artes para crianças de creches: experiências sensíveis, sensoriais e criativas. 2012 Disponível em: http://dx.doi.org/10.7867/1809-0354.2014v9n1p127-154 Acessado em: 20 de novembro de 2015 BRASIL. MEC – SEF. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil: conhecimento de mundo. Volume 3, 1998. DERDYK. Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. São Paulo: Scipione, 2003. DINIZ. Lélia Negrini & BEN. Luciana Del. Música na educação infantil: um mapeamento das práticas e necessidades de professoras da rede municipal de ensino de Porto Alegre. In: Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 15, 27-37, set. 2006. Acessado em: 21 de novembro de 2015. GUSSO. Sandra de Fátima Kruger & SCHUARTZ. Maria Antonia. A criança e o lúdico: a importância do “brincar”. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2005/anaisEvento/documentos/com/TCC I057.pdf Acessado em: 20 de novembro de 2015. SILVA. Monalisa Hipoli. Desenho na educação infantil. Barretos, 2011. Disponível em: http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/4467/1/2011_MonalisaHipolitiSilva.pdf Acessado em: 22 de novembro de 2015. http://dx.doi.org/10.7867/1809-0354.2014v9n1p127-154%20Acessado http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2005/anaisEvento/documentos/com/TCCI057.pdf http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2005/anaisEvento/documentos/com/TCCI057.pdf http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/4467/1/2011_MonalisaHipolitiSilva.pdf
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