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EA D 3 Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino 1. OBJETIVOS • Discutir a importância dos objetivos, conteúdos, procedi- mentos e avaliação para as aulas de Educação Física. • Apresentar alguns métodos e técnicas de ensino. 2. CONTEÚDOS • Componentes do processo didático: objetivos, conteúdos, procedimentos e avaliação. • Sugestões de Filmes. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 1) Utilize o Esquema de conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste Caderno de referência de con- teúdo. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu de- sempenho. © Fundamentos da Educação Física Escolar124 2) Lembre-se de que apresentaremos apenas alguns mé- todos e técnicas de ensino. Pesquise em livros ou na In- ternet outras técnicas e, se encontrar algo interessante, disponibilize tal informação para seus colegas na Lista. Lembre-se de que você é protagonista do processo edu- cativo. 3) Faça anotações de todas as suas dúvidas, não deixe ne- nhuma para trás, tente solucioná-las por meio do nosso sistema de interatividade ou diretamente com o seu tu- tor. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE No estudo da unidade anterior, você foi subsidiado com con- teúdos dos três documentos que contribuíram para o avanço da Educação Física escolar: Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCN), Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (PCN) e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCN+). Partindo, portanto, do estudo desses documentos, vimos que a disciplina de Educação Física permite a utilização de variadas metodologias de ensino. Nas aulas, o professor pode simultaneamente trabalhar os aspectos teóricos e práticos dos conteúdos, bem como desenvol- ver atitudes perante os diferentes aspectos desenvolvidos durante as atividades. Na Educação Física escolar, por conta de sua trajetória his- tórica, a preocupação da maioria dos professores centraliza-se no desenvolvimento de conteúdos de ordem procedimental. Ou seja, não há uma preocupação com a dimensão atitudinal e conceitual dos conteúdos. Os professores preocupam-se com o "saber fazer", ou seja, eles se preocupam em ensinar o aluno a jogar queimada, basque- tebol, futebol, pular corda etc. O foco da aula está nos procedi- mentos. 125 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino No entanto, juntamente com esses procedimentos, o profes- sor deve trabalhar outras questões que envolvem as atitudes e os conceitos como, por exemplo: conhecer a história de cada modali- dade que será praticada, quais as relações dessas atividades com a produção da mídia, quais os benefícios de tais práticas, reconhecer quais valores estão por trás de cada atividade, criar atitudes de respeito etc. Outro ponto a ser destacado refere-se aos componentes do processo didático: objetivos, conteúdos, procedimentos e avalia- ção. Muitos professores focam o seu trabalho na seleção de con- teúdos, pois acreditam que se os conteúdos forem selecionados corretamente, a aula transcorrerá de forma tranquila e eficiente. Porém, o processo didático não envolve apenas os conteúdos, ele também é formado pelos objetivos, procedimentos e avaliação. O que os professores precisam entender é que antes de se- lecionar bons conteúdos ele precisa ter claro o que se pretende alcançar com aquela aula, ou seja, quais são os seus objetivos. A formulação dos objetivos dá segurança ao professor, pois orienta sua atuação pedagógica, ajudando-o na seleção de meios mais adequados para realizar o seu trabalho. Portanto, esta unidade abordará temas relacionados aos princípios dos métodos e técnicas de ensino. Vamos iniciar o nosso estudo? 5. COMPONENTES DO PROCESSO DIDÁTICO: OBJETI VOS, CONTEÚDOS, PROCEDIMENTOS E AVALIAÇÃO Antes de iniciarmos esse tópico, é importante ressaltar que o planejamento não deve ser considerado uma mera obrigação bu- rocrática. Pelo contrário, o planejamento é um processo ativo e di- nâmico que envolve certas operações mentais, como analisar, re- fletir, prever, selecionar, definir, estruturar, organizar, criar e agir. © Fundamentos da Educação Física Escolar126 Por isso, o professor, ao planejar uma aula, deve ter em men- te que essa aula não pode ser estática e rígida. Além disso, para que um plano seja considerado adequado, deve apresentar, se- gundo Haidt (2002, p. 104-105), as seguintes características: a-) Coerência e unidade – É a conexão entre objetivos e meios, pois os meios devem ser adequados para atingir os objetivos propostos. No que se refere ao plano didático, trata-se da convergência, da correlação entre os objetivos, os conteúdos, os procedimentos de ensino e aprendizagem e as formas de avaliação. b-) Continuidade e seqüência – É a previsão do trabalho de forma integrada do começo ao fim, garantindo a relação existente entre as várias atividades. c-) Flexibilidade – É a possibilidade de reajustar o plano, adaptando- -o às situações não previstas. O plano deve satisfazer os interesses e as necessidades dos alunos, sem afastar-se dos pontos essenciais a serem desenvolvidos. Isto quer dizer que o plano "deve permitir a inserção sobre a marcha, de temas ocasionais, subtemas não pre- cisos e questões que enriquecem os conteúdos por desenvolver, bem como permitir alteração – restrição ou supressão – dos ele- mentos previstos de acordo com as necessidades e/ou interesses dos alunos". d-) Objetividade e funcionalidade – Consiste em levar em conta a análise das condições da realidade, adequando o plano ao tempo, aos recursos disponíveis e às características da clientela (possibi- lidades, necessidades e interesses dos alunos). Assim, os conhe- cimentos a serem trabalhados e assimilados devem atender aos interesses e necessidades dos alunos de forma funcional, efetiva e prática. e-) Precisão e clareza - O plano deve apresentar uma linguagem simples e clara: os enunciados devem ser exatos e as indicações precisas, pois não podem ser objeto de dupla interpretação. Um bom plano é resultado de um bom planejamento. O pla- no de aula articula-se com o planejamento. O planejamento, por sua vez, baseia-se no Projeto Político-pedagógico da escola. Portanto, ao elaborar uma aula, o professor precisa conhe- cer o Projeto Político-pedagógico da escola, elaborar um bom pla- nejamento e estar atento a todos os componentes do processo didático: objetivos, conteúdos, procedimentos e avaliação. 127 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino Com o passar do tempo, muitos professores acabam deixan- do de lado a elaboração do plano de aula e passam a confiar na sua capacidade de improvisação. Porém, mesmo para um professor experiente, é impossível chegar para trabalhar sem antes planejar a aula. Esse é um dos grandes equívocos do professor: acreditar que os anos de carreira docente são suficientes para ministrar uma boa aula. Para garantir a qualidade e a eficiência das aulas ministradas é imprescindível planejar! Então, vamos conhecer um pouco mais desses componentes do processo didático! 6. OBJETIVOS Objetivo, segundo Piletti (1987, p. 65), "é a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da nossa atividade". Podemos compreender a importância dos objetivos de ensi- no lendo esta fábula criada por Robert Mager: Certa vez um Cavalo-Marinho pegou suas economias e saiu em busca de fortuna. Não havia andado muito, quando encontrou uma Águia que lhe disse: - Bom amigo. Para onde você vai? - Vou em busca de fortuna, respondeu o Cavalo-Marinho com mui- to orgulho. - Está com sorte, disse a águia. _ Pela metade do seu dinheiro deixo que leve esta asa, para que possa chegar mais rápido. - Que bom!, disse o Cavalo-Marinho. Pagou-lhe, colocou a asa e saiu como um raio. Logo encontrou uma Esponja, que lhe disse: - Bom amigo. Para onde vai com tanta pressa? - Vou em busca de fortuna, respondeu o Cavalo-Marinho. - Está com sorte, disse a Esponja. Vendo-lhe estatábua de propul- são a jato por muito pouco dinheiro, para que chegue mais rápido. Foi assim que o Cavalo-Marinho pagou o resto do seu dinheiro pela tábua e sulcou os mares com velocidade quintuplicada. De repente encontrou um Tubarão que lhe disse: © Fundamentos da Educação Física Escolar128 - Para onde vai, meu bom amigo? - Vou em busca de fortuna, respondeu o Cavalo-Marinho. - Está com sorte! Se tomar este atalho, disse o Tubarão apontando para a sua imensa boca, ganhará muito tempo. - Está bem, eu lhe agradeço muito! – disse o Cavalo-Marinho, e se lançou ao interior do Tubarão, sendo devorado. (MAGER, Robert. A formulação de Objetivos de Ensino. Prefácio. Porto Alegre: Globo, 1983) Segundo Mager (1983), a moral desta fábula é a seguinte: Se você não tem certeza de para onde vai, pode acabar indo para onde não pretendia. Por isso, o professor precisa ter bem claro quais são os seus objetivos. Muitos professores acreditam que, ao elaborarem um plano de aula, o fundamental é selecionar conteúdos adequados. É claro que os conteúdos são importantes para o bom desenvolvimento de qualquer atividade, porém, antes de qualquer coisa é preciso saber definir os objetivos. O conteúdo trabalhado nas aulas de Educação Física nada mais é do que o instrumento utilizado pelo professor para atingir os objetivos. Ou seja, não adianta selecionar os mais interessantes e diversificados conteúdos se o professor não souber qual é o ob- jetivo daquelas atividades. Os objetivos traçados pelo professor precisam estar relacio- nados com o Projeto Político-pedagógico (PPP) da escola. Portan- to, antes de elaborarmos um plano de aula, é preciso conhecer e refletir sobre o tipo de aluno que está descrito no PPP da escola. É importante esclarecer que o Projeto Político-pedagógico é construído e vivenciado por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. É uma ação intencional e um compromisso definido, coletivamente, pela comunidade escolar (pais, professo- res, direção e funcionários). 129 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino Podemos dizer que o Projeto Político-pedagógico de cada es- cola é definido pelas questões políticas e pelas ações educativas. Isso significa que o PPP articula o compromisso social e político aos interesses da comunidade, bem como define ações educativas visando efetivar a intenção escolar que é formar cidadãos. Por isso, o professor de Educação Física precisa definir seus objetivos com base no que está descrito no PPP, para que a sua prática pedagógica não se torne "vazia" e sem significado tanto para os alunos quanto para as metas presentes no contexto esco- lar. Além disso, o professor deve estar sempre bem atualizado sobre os acontecimentos da escola e as novas propostas curricula- res, visando compartilhar o seu conhecimento para somar e acres- centar junto com a comunidade escolar. 7. CONTEÚDOS Podemos dizer que, normalmente, o termo conteúdo é uti- lizado para expressar aquilo que se deve aprender. Por exemplo: qual o conteúdo que vai cair na prova de Geografia? Contrapondo essa ideia de conteúdo, Zabala (1998, p. 30) diz que Devemos nos desprender desta leitura restrita do termo "conteú- do" e entendê-lo como tudo quanto se tem que aprender para al- cançar determinados objetivos que não apenas abrangem as capa- cidades cognitivas, como também incluem as demais capacidades. Deste modo, os conteúdos de aprendizagem não se reduzem uni- camente às contribuições das disciplinas ou matérias tradicionais. Portanto, também serão conteúdos de aprendizagem todos aque- les que possibilitem o desenvolvimento das capacidades motoras, afetivas, de relação interpessoal e de inserção social. Zabala (1998) agrupa os conteúdos em três categorias: con- ceituais, procedimentais e atitudinais. © Fundamentos da Educação Física Escolar130 Os conteúdos conceituais abrangem os fatos, conceitos e princípios. Por conteúdos factuais se entende o conhecimento de fatos, acontecimentos, situações, como, por exemplo, a idade de uma pessoa, a localização de uma montanha etc. Já os princípios e os conceitos referem-se a termos abstratos. São exemplos de conceitos: densidade, mamífero, impressionismo, demografia, po- tência etc. São exemplos de princípios: leis ou regras como a de Arquimedes, as que relacionam demografia e território etc. Os conteúdos procedimentais incluem, entre outras coisas, as regras, as técnicas, os métodos, as destrezas ou habilidades, as estratégias, os procedimentos, como, por exemplo: saltar, correr, chutar, recortar, desenhar etc. Os conteúdos atitudinais englobam uma série de conteúdos que podemos agrupar em valores, atitudes e normas. Entendemos por valores os princípios ou as ideias éticas que permitem às pes- soas emitirem um juízo sobre as condutas e seu sentido como, por exemplo, a solidariedade, o respeito, a liberdade etc. As atitudes são as formas como cada pessoa realiza sua conduta de acordo com os valores determinados. São exemplos de atitudes: cooperar com o grupo, ajudar os colegas, respeitar o meio ambiente etc. Já as normas são padrões ou regras de comportamento que devemos seguir em determinadas situações que obrigam os membros de um grupo, ou seja, as normas indicam o que pode se fazer e o que não pode se fazer neste grupo. Dessa forma, Zabala (1998) afirma que compreender os dife- rentes tipos de conteúdos podem nos servir de instrumentos para definir as diferentes posições sobre o papel que deve ter o ensino. Portanto, em um ensino que propõe a formação integral do alu- no, os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais estarão presentes de forma equilibrada. É importante ressaltar que ao classificarmos os conteúdos como conceituais, procedimentais e atitudinais estamos tratando, na realidade, de dimensões dos conteúdos, e não de conteúdos diferentes. 131 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino Se você pudesse observar as aulas dos professores de Educa- ção Física atuantes em escolas públicas, durante o ano letivo, quais conteúdos você acredita que seriam ministrados? A Educação Física, ao longo da história, priorizou os conteú- dos procedimentais. Hoje, infelizmente, a falta de tradição da área mostra que ainda muitos professores de Educação Física estão pre- ocupados apenas com o "saber-fazer". Por isso, em suas aulas é enfatizada a dimensão procedimental dos conteúdos. Segundo Darido (2005, p. 76): O papel da Educação Física ultrapassa o ensinar esporte, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas, expressivas e conhecimento so- bre o corpo para todos, em seus fundamentos e técnicas (dimensão procedimental), mas inclui também os seus valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os alunos devem ter nas e para as atividades corporais (dimensão atitudinal). E, finalmente, busca garantir o di- reito do aluno de saber por que ele está realizando esse ou aquele movimento, isto é, quais conceitos estão ligados àqueles procedi- mentos (dimensão conceitual). A preocupação do professor de Educação Física não pode estar focada apenas nos conteúdos procedimentais, mas também nos conteúdos atitudinais e conceituais, buscando ultrapassar essa visão "exclusivamente prática" das aulas de Educação Física e caminhar para um ensino de qualidade. 8. PROCEDIMENTOS DE ENSINO O ensino transforma-se o tempo todo, por isso, se o profes- sor quer despertar a vontade de aprender dos alunos, ele deverá diversificar os seus métodos e técnicas de ensino. Existem professores que utilizam o mesmo caderno de ano- tações e ministram as atividades da mesma forma há mais de vinte anos. Será que esses professores conseguem motivar os alunos? Com certeza, não! © Fundamentos da Educação Física Escolar132 Os alunos de hoje são muito diferentes dos alunos das déca- das passadas. Com os avanços tecnológicos, eles têm acesso muito rápido a todas as informações e acontecimentos domundo todo. Por isso, a escola deve estar sempre se atualizando e acompanhan- do as mudanças ocorridas na sociedade. No caso das aulas de Educação Física, é comum vermos um número grande de alunos pedindo dispensa dessa disciplina. E o principal fator que leva os alunos a tomarem essa atitude é a falta de motivação. Por isso, o professor deve utilizar tudo o que estiver ao seu alcance para inovar as suas aulas, visando garantir ao aluno um aprendizado completo e motivante. O papel do professor é um aspecto fundamental para me- lhoria da qualidade de ensino. Ou seja, o professor de Educação Física não pode ser visto como um mero executor de atividades e planejamentos elaborados por terceiro. Ao contrário, o professor de Educação Física deve atuar de forma crítica, reflexiva, autôno- ma e criativa. A disciplina de Educação Física é a única que todos acreditam que podem opinar e dar sugestões. Isso se deve, principalmente, ao fato de as aulas de Educação Física ocorrerem em um espaço aberto. Todos vigiam o professor de Educação Física e dão os seus palpites na sala dos professores ou nas reuniões pedagógicas. Quem está de fora não sabe o que está acontecendo real- mente na aula e, por isso, acaba tendo uma visão distorcida das aulas de Educação Física. Para evitar qualquer tipo de constrangimento ou estresse, o professor precisa se posicionar de forma ativa e crítica diante de todos os comentários maliciosos que tendem a depreciar as aulas de Educação Física, bem como planejar e ministrar aulas diferen- ciadas. 133 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino A postura do professor diante dos conteúdos e métodos de Educação Física deve ser a de um pesquisador incansável, procu- rando sempre inovar as suas aulas. No processo de ensino-aprendizagem, depois de decidirmos os objetivos e selecionarmos os conteúdos, é necessário escolher- mos os procedimentos de ensino. De acordo com Turra apud Haidt (2002, p. 143), são conside- rados procedimentos de ensino Ações, processos ou comportamentos planejados pelo professor, para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos ou fenô- menos que lhes possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos. Portanto, os procedimentos de ensino dizem respeito às for- mas de intervenção do professor, ou seja, os procedimentos en- globam as ações a serem realizadas pelo professor e pelos alunos durante toda a aula. Ao escolher os seus procedimentos de ensino, o professor irá traçar o caminho para atingir os seus objetivos. Por isso, a es- colha desses procedimentos deverá ser feita de forma consciente e deverá considerar, como critérios de seleção, os seguintes aspec- tos básicos: a-) adequação aos objetivos estabelecidos para o ensino e a apren- dizagem; b-) a natureza do conteúdo a ser ensinado e o tipo de aprendiza- gem a efetivar-se; c-) as características dos alunos, como, por exemplo, sua faixa etá- ria, o nível de desenvolvimento mental, o grau de interesse, suas expectativas de aprendizagem; d-) as condições físicas e o tempo disponíveis (HAIDT, 2002, p. 145). Os objetivos, mais uma vez, tornam-se o ponto-chave para uma boa aula, ou seja, o primeiro passo na escolha dos procedi- mentos de ensino é adequá-los aos objetivos estabelecidos. © Fundamentos da Educação Física Escolar134 Os passos seguintes referem-se à adequação dos procedi- mentos de ensino aos conteúdos que serão desenvolvidos, às ca- racterísticas dos alunos, às condições de infraestrutura, ao tempo disponível etc. Portanto, com base nesses critérios, o professor irá definir como será a sua aula. Por exemplo: o professor iniciará a aula com um alongamento. Esse alongamento será feito em duplas. Em se- guida, o professor dividirá a turma em duas equipes e explicará a dinâmica do jogo "Rouba-Bandeira". Essa atividade terá duração de 25 minutos. Na sequência, o professor pedirá para os alunos formarem um círculo. A brincadeira ministrada será "Batata-Quen- te". O professor explicará a atividade e entregará uma bola de bor- racha para um aluno que iniciará a brincadeira. Ao término dessa atividade, o professor pedirá para os alunos ficarem sentados, em círculo, e abrirá uma roda de discussões para que os alunos pos- sam comentar os aspectos positivos e negativos de cada atividade. Para finalizar a aula, o professor fará a chamada e os alunos volta- rão para a sala. O exemplo anterior mostra que os procedimentos de ensino devem conter o maior número de informações possíveis. Quan- to mais detalhes forem descritos, mais claro ficarão as ações do professor e, consequentemente, o aluno terá um comportamento mais ativo durante a aula. Os procedimentos de ensino não podem ser tratados como uma "camisa de força", ao contrário, os professores devem utilizar os procedimentos de ensino visando traçar a sequência didática de sua aula, bem como oferecer aos alunos as mais diversas expe- riências de aprendizagem. Por isso, esses procedimentos precisam ser adequados aos imprevistos ocorridos durante a execução das atividades. O professor precisa ter uma postura crítica antes, durante e após a aula, ou seja, a prática pedagógica deve ser uma contínua reflexão. 135 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino Os professores podem utilizar os mais diversos procedimen- tos de ensino, por isso, a seguir, apresentaremos alguns desses procedimentos para que o professor de Educação Física possa di- versificar a sua aula. Aula expositiva A aula expositiva consiste na apresentação oral de um as- sunto. Até alguns anos atrás, era muito raro os professores de Edu- cação Física utilizarem a aula expositiva como um procedimento de ensino. Atualmente, mesmo de forma lenta, está havendo uma adesão maior a esse tipo de aula. A aula expositiva pode ser usada, de acordo com Haidt (2002, p. 155), nas seguintes situações a-) quando há necessidade de transmitir informações e conheci- mentos seguindo uma estrutura lógica e com economia de tempo. b-) para introduzir um novo conteúdo, apresentado e esclarecen- do os conceitos básicos da unidade e dando uma visão global do assunto. c-) para fazer uma síntese do conteúdo abordado numa unidade, dando uma visão globalizada e sintética do assunto. Estudo dirigido Ainda segundo Haidt (2002, p. 159), o estudo dirigido "con- siste em fazer o aluno estudar um assunto a partir de um roteiro elaborado pelo professor". Esse estudo dirigido pode acontecer de várias maneiras como, por exemplo: ler um texto e depois responder às perguntas; observar fatos e objetos para fazer anotações com base em um ro- teiro; vivenciar certas atividades e depois fazer um relatório etc. O estudo dirigido também é muito pouco utilizado nas aulas de Educação Física, porém, seria um procedimento muito interes- sante para que os alunos pudessem reforçar os temas abordados pelo professor durante as aulas práticas. © Fundamentos da Educação Física Escolar136 Dramatização A dramatização consiste "[...] na representação, pelos alu- nos, de um fato ou fenômeno, de forma espontânea ou planejada" (HAIDT, 2002, p. 179). Essa é uma atividade que envolve a criação, a criatividade e expressa sentimentos e emoções. Por meio da dramatização é possível motivar os alunos e fazê-los se interessarem pelo conteú- do planejado. A Educação Física deveria trabalhar mais com as dramatiza- ções em suas aulas, pois a expressão corporal e dramática faz par- te dos conteúdos dessa disciplina. Trabalho em grupo O trabalho em grupo envolve a interação de vários alunos. Esse procedimento de ensino é importante, pois permite a troca de ideias, possibilita a cooperação e cria oportunidade para o diá- logo entre os alunos (HAIDT, 2002). É possível realizar trabalhos em grupo nas aulas de Educação Física? Com certeza é possível realizar trabalhos em grupo nas aulas de Educação Física. Esses trabalhos podem ser práticos ou teóricos,como, por exemplo, apresentar um seminário sobre a importância da prática de atividade física, modificar as regras de um jogo, reali- zar uma pesquisa sobre as brincadeiras das crianças em diferentes épocas, elaborar um painel com figuras que representam uma boa alimentação etc. Grupos de cochicho Essa dinâmica acontece da seguinte forma: o professor di- vide a turma em duplas e apresenta uma tarefa ou problema. As duplas terão um certo período para trocar informações sobre o assunto. Em seguida, cada dupla apresentará as suas conclusões (HAIDT, 2002). 137 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino Por exemplo, o professor de Educação Física apresenta o se- guinte problema: elabore uma forma criativa de atravessar a qua- dra, de um lado para o outro, junto com o colega, e apoiando no chão apenas duas mãos e dois pés. Estudo do meio Essa técnica permite que o aluno conheça de forma direta aquilo que está sendo estudado. Para a realização dessa técnica, o professor pode se utilizar de entrevistas, excursões e visitas (HAI- DT, 2002). É importante ressaltar que o "estudo do meio" não pode ser visto como um simples passeio. Pelo contrário, esse procedimento deve ser utilizado de forma sistematizada, com começo, meio e fim. Além disso, o estudo do meio pode abranger várias discipli- nas, tornando-o mais rico e significativo. O professor de Educação Física, por exemplo, ao trabalhar com atividades rítmicas e expressivas, poderá programar uma visi- ta ao teatro para assistir um espetáculo de dança. Outra possibili- dade seria levar os alunos para conhecerem a rotina diária de um bailarino profissional. Solução de problemas O método de solução de problemas, como afirma Haidt (2002, p. 209) Consiste em apresentar ao aluno uma situação problemática para que ele proponha uma solução satisfatória, utilizando os conheci- mentos de que já dispõe ou buscando novas informações através da pesquisa. Esse método enfatiza o raciocínio e a reflexão do aluno, pois, ao encontrar uma solução para o problema apresentado pelo pro- fessor, ele ficará incentivado a refletir mais sobre o assunto. © Fundamentos da Educação Física Escolar138 A resolução de problema poderá ser feita de forma individu- al ou coletiva, tudo dependerá do objetivo do professor. O impor- tante é selecionar problemas desafiadores e significativos para o aluno. Por exemplo, o professor de Educação Física poderá lançar a seguinte questão: muitos atletas se especializam em determi- nados esportes desde muito pequenos. Qual é a idade ideal para iniciar-se nos esportes? Trabalho com sucatas Uma das queixas constantes dos professores de Educação Fí- sica refere-se à falta de materiais. Portanto, realizar trabalhos com sucatas seria uma alternativa para minimizar esse problema. Ao considerarmos que todos os materiais são reaproveitáveis e, se utilizarmos a nossa criatividade, poderemos obter ótimos re- sultados pedagógicos, produzindo, assim, diferentes brinquedos, jogos e materiais pedagógicos. Participar do processo de construção do brinquedo com su- cata garante o envolvimento dos alunos e, ao mesmo tempo, agu- ça a sua criatividade, atenção e raciocínio. São exemplos de brinquedos com sucatas: 139 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino Vai e vem Figura 1 Vai e Vem. Dado Figura 2 Dado. © Fundamentos da Educação Física Escolar140 Jogo de varetas Figura 3 Jogo de Varetas. Boliche Figura 4 Boliche. 141 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino Peteca Figura 5 Peteca. Bilboquê Figura 6 Bilboquê. © Fundamentos da Educação Física Escolar142 Pé de lata Figura 7 Pé de lata. Música A música é um importante procedimento didático, principalmen- te, na Educação Infantil e nas séries inicias do Ensino Fundamental. Segundo Brito (2003, p. 35) A criança é um ser "brincante" e, brincando, faz música, pois assim se relaciona com o mundo que descobre a cada dia. Fazendo mú- sica, ela, metaforicamente, "transforma-se em sons", num perma- nente exercício: receptiva e curiosa, a criança pesquisa materiais sonoros, "descobre instrumentos", inventa e imita motivos melódi- cos e rítmicos e ouve com prazer a música de todos os povos. Por isso, o professor de Educação Física deve utilizar a música com maior frequência, pois o importante não é desenvolver uma espetacular coreografia e nem ensaiar para um grande espetáculo. Trabalhar a música nas aulas de Educação Física significa cantar, dançar, se expressar, brincar, enfim, descobrir sons e movimentos. Advogado do diabo O objetivo dessa dinâmica é trabalhar a argumentação dos alunos. Para tanto, o professor deverá escolher um tema polêmico. 143 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino Por exemplo: é correto um jogador famoso, que é exemplo para muitas crianças, ser garoto propaganda de bebidas alcoólicas? Em seguida, a turma deverá ser dividida de acordo com os seguintes papéis: réu, promotor de justiça, juiz de direito, advoga- dos, jurados, testemunhas etc. Cada aluno deverá estudar o caso e planejar a sua fala de acordo com o papel que está representando. Para finalizar a ativi- dade, os jurados deverão apresentar o veredicto final. Estudos de casos Segundo Haidt (2002, p. 195) O estudo de casos é uma técnica que consiste em apresentar aos alunos uma situação real, dentro do assunto estudado, para que analisem e, se for necessário, proponham alternativas de solução. É uma forma de os alunos aplicarem os conhecimentos teóricos a situações práticas. O estudo de casos pode ser apresentado em forma de texto, artigo de jornal, documentário, filme etc. Essa técnica oferece con- dições para que o aluno execute a sua atitude crítica e a tomada de decisões. Na área de Educação Física existe inúmeros filmes e artigos que podem ser utilizados no estudo de caso. A seguir, serão apre- sentados alguns filmes para que você, futuro professor, possa ade- quá-los a sua realidade escolar e aos seus objetivos. Menina de Ouro Sinopse: Frankie Dunn (Clint Eastwood) passou a vida nos ringues, tendo agenciado e treinado grandes boxeadores. Frankie costuma passar aos lutadores com quem trabalha a mesma lição que segue para a sua vida: antes de tudo, se proteja. Magoado com o afastamento de sua fi lha, Frankie é uma pessoa fechada e que apenas se relaciona com Scrap (Morgan Freeman), seu único amigo, que cuida também de seu ginásio. Até que surge em sua vida Maggie Fitzgerald (Hilary Swank), uma jovem determinada que possui um dom ainda não lapidado para lutar boxe. Maggie quer que Frankie a treine, mas ele não aceita treinar mulheres e, além do mais, © Fundamentos da Educação Física Escolar144 acredita que ela esteja velha demais para iniciar uma carreira no boxe. Apesar da negativa de Frankie, Maggie decide treinar diariamente no ginásio. Ela recebe o apoio de Scrap, que a encoraja a seguir adiante. Vencido pela determinação de Maggie, Frankie enfi m aceita ser seu treinador. Imagem e texto disponíveis em: <http://www.adorocinema.com/fi lmes/menina-de-ouro/>. Acesso em: 6 jul. 2010. Vem Dançar Sinopse: o dramático fi lme "Vem Dançar" inspirado na histó- ria real de Pierre Dulaine, conta a trama do professor e com- petidor que ensina dança de salão como voluntário a um gru- po variado de alunos do ensino médio de uma área carente do centro de Nova York, mantidos de castigo. A princípio, os alunos estão desconfi ados quanto a Dulaine, principalmente, quando descobrem que ele está ali para ensiná-los a dançar, mas seu comprometimento e dedicação inabaláveis pouco a pouco os inspiram a abraçar o programa. Na verdade, eles chegam a levar a idéia a um passo adiante, combinando a dança clássica de Dulaine com o estilo e a música hip hop, criando uma fusão única e cheiade energia. Quando Dulaine se torna um mentor para seus alunos, muitos dos quais não tiveram muito pelo que lutar em suas vidas, ele os motiva a aprimorar suas habilidades para uma competição de dança de salão de muito prestígio da cidade e, em troca, eles compartilham valiosas lições sobre orgulho, respeito e honra. O ator Antonio Banderas (de A lenda do Zorro e Era uma vez no México) encarna o professor de dança Pierre Dulaine que, além de mostrar que é um ótimo ator, também é um ótimo dançarino. Com uma excelente equipe técnica e, claro, o ótimo ator Antonio Banderas, recomen- do o longa-Metragem "Vem dançar" que, não parece ser apenas "mais" um fi lme de dança, e sim um fi lme que conta uma história real, dramática, emocionante e "apaixonante", além de mostrar a força de vontade de um homem que luta por uma sociedade melhor como voluntário em uma área carente de Nova York. Quem sabe o fi lme não sensibiliza e "cria" novos voluntários que lutem por uma sociedade melhor que o nosso Brasil tanto precisa? Imagem e texto disponíveis em: <http://www.cranik.com/vemdancar.html>. Aces- so em: 6 jul. 2010. Treino para a Vida Sinopse: a história real e inspiradora de um treinador que de- cide mostrar os diversos aspectos dos valores de uma vida ao suspender seu time campeão por causa do desempenho acadêmico dos atletas. Dessa forma, Ken Carter recebe elo- gios e críticas, além de muita pressão para levar o time de volta às quadras. É aí que ele deve superar os obstáculos de seu ambiente e mostrar aos jovens um futuro que vai além de gangues, prisão e até mesmo do basquete. Imagem e texto disponíveis em: <http://www.interfi lmes.com/ fi lme_15628_Coach.Carter.Treino.para.a.Vida-(Coach.Car- ter).html>. Acesso em: 6 jul. 2010. 145 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino Para sempre vencedor Sinopse: Rick Penning vive sua vida da mesma forma que joga rugby: rápida, forte e intensamente. Quando ele vai pa- rar na prisão devido a um acidente de trânsito, conhece Mar- cus Tate, que lhe oferece a chance de voltar a jogar pelo seu antigo time rival. Relutante, Rick decide entrar para o time e deve passar por uma forte rotina de treinamentos e duras nor- mas de conduta impostas pelo novo treinador. Rick então pre- cisa enfrentar uma grande prova de fogo ao ter que enfrentar o atual time campeão que é treinado justamente pelo seu pai. Imagem e texto disponíveis em: <http://www.interfi lmes.com/ fi lme_22416_Para.Sempre.Vencedor-(Forever.Strong).html>. Acesso em: 6 jul. 2010. Escola da Vida Sinopse: há um novo professor na cidade, e ele está promo- vendo um verdadeiro pandemônio na Fallbrook Middle School. Ele é atraente, simpático e informal. Os alunos amam o Sr. D (Ryan Reynolds, de Horror em Amitvville). Os professores tam- bém o admiram... com exceção de Matt Warner (David Paymer, de Em Boa Companhia), o ansioso professor de biologia, que sonha em ganhar o prêmio de Professor do Ano. Seu pai Stor- min Norman (John Astin, de Os Espíritos), foi Professor do Ano durante 43 temporadas seguidas, e Matt está determinado a fazer deste o seu ano. Mas com o Sr. D (Michael D' Ângelo) em cena, Warner vê sua chance escapar. Ele não consegue competir com quem até seu próprio fi lho admira. Mas há um segredo que pode mudar o jogo. O diretor William Dear faz uma ponta como um astronauta. Imagem e texto disponíveis em: <http://www.interfi lmes.com/fi lme_15831_Esco- la.da.Vida-(School.of.Life).html>. Acesso em: 6 jul. 2010. Ao Mestre com Carinho Sinopse: um jovem professor enfrenta alunos indisciplinados, neste fi lme clássico que refl etiu alguns dos problemas e me- dos dos adolescentes dos anos 60. Sidney Poitier tem uma de suas melhores atuações como Mark Thackeray, um enge- nheiro desempregado que resolve dar aulas em Londres, no bairro operário de East End. A classe, liderada por Denham (Christian Roberts), Pámela (Judy Geeson) e Bárbara (Lulu, que também canta a canção título) estão determinados a des- truir Thackeray como fi zeram com seu predecessor, ao que- brar-lhe o espírito. Mas Thackeray acostumado à hostilidade enfrenta o desafi o tratando os alunos como jovens adultos que breve estarão se sustentando por conta própria. Quando recebe um convite para voltar a engenharia, Thackeray deve decidir se pretende continuar. Imagem e texto disponíveis em: <http://www.interfi lmes.com/fi lme_19840_ Ao.Mestre.Com.Carinho-(To.Sir.with.Love).html>. Acesso em: 6 jul. 2010. © Fundamentos da Educação Física Escolar146 O Clube do Imperador Sinopse: William Hundert (Kevin Kline) é um professor da St. Benedict's, uma escola preparatória para rapazes muito exclusiva que recebe como alunos a nata da sociedade americana. Lá Hundert dá lições de moral para serem aprendidas, através dos estudos fi losófi cos gregos e romanos. Hundert está apaixonado por falar para os seus alunos que "o caráter de um homem é o seu destino" e se esforça para impressioná-los sobre a importância de uma atitude correta. Repentinamente algo perturba esta rotina com a chegada de Sedgewick Bell (Emile Hirsch), o fi lho de um infl uente senador. Sedgewick entra em choque com as posições de Hundert, que questiona a importância daquilo que é ensinado. Mas, apesar desta rebeldia, Hundert considera Sedgewick bem inteligente e acha que pode colocá-lo no caminho certo, chegando mesmo a colocá-lo na fi nal do Senhor Julio César, um concurso sobre Roma Antiga. Mas Sedgewick trai esta confi ança arrumando um jeito de trapacear. Imagem e texto disponíveis em: <http://www.adorocinema.com/fi lmes/emperors- -club/>. Acesso em: 6 jul. 2010. Vermelho como o Céu Sinopse: saga de um garoto cego durante os anos 70. Ele luta contra tudo e todos para alcançar seus sonhos e sua liberdade. Mirco (Luca Capriotti) é um jovem toscano de dez anos apaixonado por cinema, que perde a visão após um acidente. Uma vez que a escola pública não aceitou como uma criança normal, é enviado para um instituto de defi cien- tes visuais em Gênova. Lá, descobre um velho gravador e passa a criar histórias sonoras. Baseado na história real de Mirco Mencacci, um renomado editor de som da indústria ci- nematográfi ca italiana. Imagem e texto disponíveis em: <http://www.interfi lmes.com/ fi lme_17175_Vermelho.como.o.Ceu-(Rosso.come.il.Cielo).html>. Acesso em: 6 jul. 2010. Do Luto à Luta Sinopse: documentário que focaliza as defi ciências, mas também as potencialidades da Síndrome de Down, proble- ma genético que atinge cerca de 8 mil bebês a cada ano no Brasil. A Síndrome de Down é sem dúvida um problema, mas as soluções são bem mais simples do que se imagina, principalmente, quando deixamos de lado os preconceitos e estigmas sociais. Imagem e texto disponíveis em: <http://www.defi ciente- ciente.com.br/2010/05/sugestao-cultural-fi lme-do-luto-luta. html>. Acesso em: 6 jul. 2010. 147 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino Castelos de Gelo Sinopse: este adorado sucesso adolescente do cinema, estre- lado por Robby Benson e Lynn-Holly Johnson, está de volta em sua clássica combinação de amor triunfante e tragédia. Aléxis "Lexie" Winston (Johnson) é uma bela adolescente que parece destinada à vitória na patinação artística nos Jogos Olímpicos. Encorajada por sua técnica Beulah (soberbamente interpretada por Colleen Dewhurst), Lexie esforça-se para ser a melhor. Seu pai (Tom Skerritt) tem seus receios, mas Lexie consegue ser classifi cada para as fi nais. Logo quando chega ao topo, Lexie sofre um horrível acidente. Com o amor e o apoio de seu namorado de infância, Nick Peterson (Benson), Lexie transforma seu infortúnio pessoal em uma vitória comovente. Abrilhantado pela trilha musical envolvente de Marvin Hamlisch e a canção tema de Melissa Manchester, "Throu- gh the Eyes of Love", Castelos de Gelo é um inspirado drama que fala fundo ao coração. Imagem e texto disponíveis em: <http://www.interfi lmes.com/filme_20016_Caste- los.de.Gelo-(Ice.Castles).html>. Acesso em: 6 jul. 2010. Os filmes sugeridos são muito importantes para orientar os professores em atividades mais dinâmicas e, também, para melho- rar a relação professor-aluno. 9. AVALIAÇÃO A avaliação é uma tarefa necessária e permanente do traba- lho docente que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Segundo Libâneo (1994, p. 195) Através dela, os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias. A avaliação é uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos. Como o professor saberá se conseguiu alcançar os seus obje- tivos se ele não fizer nenhum tipo de avaliação? A avaliação é muito mais do que atribuir notas aos alunos. Avaliar significa refletir sobre todo o processo de ensino e apren- dizagem visando auxiliar o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. © Fundamentos da Educação Física Escolar148 Portanto, avaliar é coisa séria. O professor não pode simples- mente atribuir notas aos alunos de acordo com a sua frequência nas aulas. Esse pode ser apenas um item a ser avaliado, porém, não pode e não deve ser o único fator de avaliação utilizado pelo professor de Educação Física. Sabemos que o aluno só reprova na disciplina de Educação Física se não tiver 75% de presença nas aulas. Porém, mais uma vez, vale ressaltar que o processo de avaliação é importante para que o professor possa verificar a qualidade da sua prática pedagó- gica, bem como analisar os seus pontos falhos. Ou seja, por meio da avaliação, o professor poderá questio- nar-se: será que os meus objetivos estão suficientemente claros? Estou conseguindo adequar os conteúdos às necessidades dos alu- nos? Os métodos e procedimentos de ensino estão adequados? Estou dando atenção àqueles alunos que possuem mais dificulda- des? Estou conseguindo diversificar as minhas aulas? etc. De acordo com os PCNs (BRASIL, 2001), as fases da avaliação são: diagnóstica, formativa e somativa. • A avaliação diagnóstica ou inicial fornecerá dados para a elaboração dos objetivos, conteúdos e procedimentos que serão utilizados durante o ano letivo a partir da con- sideração dos conhecimentos prévios dos alunos: o que sabem fazer? Como podem aprender? Quais experiências eles têm? Quais são os seus interesses? etc. • A avaliação formativa ou concomitante ocorre junto ao processo de ensino e aprendizagem, fornecendo dados importantes para que o professor possa "ajustar" as suas ações educativas, podendo dar continuidade ao que foi programado ou alterá-lo de acordo com as necessidades dos alunos. • A avaliação somativa é realizada visando avaliar o final de um processo de aquisição de um determinado conteúdo. É por meio da avaliação somativa que o professor irá apu- 149 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino rar os resultados obtidos em relação às competências tra- balhadas durante as suas aulas e os objetivos previstos. Por isso, avaliação desse ser um processo contínuo e siste- mático. O professor não deve avaliar os alunos apenas quando precisa fechar as notas dos bimestres. A avaliação deve ocorrer ao longo do processo de ensino e aprendizagem para que o professor possa replanejar e reorientar os seus próximos passos. Existem muitos instrumentos de avaliação em Educação Físi- ca. Por exemplo, podemos avaliar observando as habilidades dos alunos, pedindo para os alunos fazerem uma autoavaliação ou aplicando uma prova. Habilidades Ao avaliar as habilidades dos alunos, podemos atribuir con- ceitos de acordo com os seguintes itens: envolvimento, sociabi- lidade e conhecimento. O envolvimento do aluno engloba o em- penho, interesse, criatividade e perseverança. Já a sociabilidade refere-se à organização, cooperação, solidariedade e coletividade. Por isso, o professor deverá observar se o aluno coopera com os colegas durante as vivências, como ele lida com as suas limitações e com as limitações dos colegas, de que forma ele atua dentro do grupo etc. No caso do conhecimento, o professor deverá avaliar a capa- cidade do aluno de interpretar, contextualizar, identificar, analisar e executar. Ou seja, o professor irá avaliar o desempenho propria- mente dito do aluno tanto nas atividades quanto na organização destas. O aluno apropriou-se dos conteúdos trabalhados durante as aulas? Autoavaliação A autoavaliação é muito importante no processo de ensino e aprendizagem, pois é por meio dela que o aluno irá refletir sobre o seu desempenho nas aulas. Esse "exame de consciência" nos faz © Fundamentos da Educação Física Escolar150 olhar as coisas que estão ao nosso redor de uma outra forma, e isso nos faz crescer como pessoa. Segundo Haidt (2002), se o aluno for bem orientado, ele é capaz de dizer quais são os seus pontos fortes, quais as suas difi- culdades, o que ele aprendeu e em que aspectos precisa melhorar. Algumas vezes, o professor atribui uma nota baixa ao aluno e ele não dá nenhuma importância àquela nota. Porém, quando o aluno é questionado sobre o seu comportamento e o seu apren- dizado nas aulas e pedimos para ele atribuir uma nota para si mesmo, a sua participação no processo de aprendizagem torna-se mais amplo e ativo. Além disso, de acordo com Haidt (2002, p. 300) "a auto-ava- liação tem uma função pedagógica, pois a consciência dos próprios avanços, limites e necessidades é a melhor forma de conduzir ao aperfeiçoamento". Por essas razões, o professor deve incentivar a participação do aluno na avaliação do seu próprio processo de aprendizagem. Os alunos não estão acostumados a realizarem autoavalia- ções nas aulas de Educação Física, por isso, talvez no início esse instrumento avaliativo não forneça todas as informações que o professor espera obter. Porém, assim como toda a habilidade, a capacidade de se autoavaliar é suscetível de desenvolvimento pela prática constante. O professor de Educação Física poderá elaborar uma ficha para que o aluno possa atribuir conceitos, como, por exemplo, Ótimo (O), Bom (B) ou Precisa Melhorar (PM). Nessa ficha, serão apresentadas questões referentes à presença, à participação, ao interesse, à cooperação etc. Essas questões irão ajudar o aluno a se autoavaliar e pode- rão ser planejadas pelo professor de acordo com as necessidades da turma. Ou seja, se o professor está tendo problemas em relação ao relacionamento dos alunos durante as atividades, o teor das 151 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino perguntas girará em torno do relacionamento com os colegas, da cooperação nas dinâmicas em grupos, do comportamento durante as atividades etc. Prova Escrita ou Oral Tanto as provas escritas como as provas orais são muito pou- co utilizadas nas aulas de Educação Física. Por isso, quando o pro- fessor resolve aplicar esse tipo de prova, os alunos ficam assusta- dos e/ou revoltados com a situação. No entanto, o que impede o professor de Educação Física utilizar esse tipo de instrumento de avaliação? O professor pode e deve utilizar avaliações escritas ou orais em suas aulas. Tudo depende do seu objetivo! O professor poderá levantar questões referentes aos conteú- dos trabalhados em suas aulas e pedir para cada aluno apresentar um seminário sobre esses conteúdos. Ou então, poderá realizar uma roda de discussão e avaliar a capacidade argumentativa de cada aluno sobre determinado tema. Em relação à prova escrita, o professor de Educação Física poderá elaborar questões sobre as atividades e textos trabalhos durante o bimestre. Por exemplo: na brincadeira Jo Ken Po: • Pedra ganha _____________________ • Papel ganha ______________________ • Tesoura ganha ____________________ O professor também poderá elaborarquestões dissertativas visando avaliar a capacidade reflexiva dos alunos, por exemplo: em sua opinião, ser magro (a) é sinônimo de ser saudável? Explique. Esses exemplos mostram que é possível aplicar provas escri- tas na disciplina de Educação Física. O importante é mesclar, du- rante o ano letivo, diferentes instrumentos de avaliação. © Fundamentos da Educação Física Escolar152 O propósito da avaliação não é detectar o sucesso ou o fra- casso dos alunos para classificá-los como bons ou ruins. O objetivo da avaliação é verificar as dificuldades dos alunos para que as in- tervenções aconteçam de forma mais adequada e possam atingir níveis cada vez mais complexos de aprendizagem. 10. TEXTOS COMPLEMENTARES Para completar o estudo desta unidade, serão apresentados como considerações finais trechos do artigo de Eliana Audi, inti- tulado Objetivos Educacionais (1979 apud HAIDT, 2002) visando ressaltar a importância dos objetivos de ensino. Sejam eles evidentes ou não, assumidos ou não, os objetivos estão por trás de qualquer decisão ou ação pedagógica. Mesmo que nun- ca tivéssemos pensado formalmente neles, ainda assim estariam subjacentes à nossa conduta. Torná-los explícitos é, portanto, o pri- meiro momento da reflexão do educador. É na verdade, o primeiro compromisso explícito que ele assume com o educando. A seleção de objetivos é, em si, uma atividade que retira o professor da condição de um tarefeiro alienado e o coloca no papel de defi- nidor de uma realidade que ele mesmo constrói, dentro dos limites de sua sala de aula e cujos reflexos, para a realidade externa, serão garantidos através de cada um dos seus alunos. Por esse motivo, é o seu primeiro compromisso explícito. É a ocasião em que ele de- termina o que é prioritário, relevante, irrelevante, dispensável, útil ou inútil. Daí se constituir num momento que remete o professor para além da ação mecânica de pregador de informações. Explicitar os objetivos, além de permitir que as experiências sejam dirigidas e selecionadas, de modo a garantir condições mais ade- quadas de aprendizagem e avaliação, responde ao professor mais ansioso, sua dúvida cotidiana: "Mas, afinal, o que faço eu aqui?" Neste primeiro momento de reflexão, a descrição dos objetivos pode se mostrar uma resposta angustiante, limitada e distante da formação do homem, com a qual cada educador, consciente ou in- consciente, está comprometido. Isto, usualmente, ocorre porque os objetivos descrevem um conjunto de respostas, muitas vezes, tão restrito e de caráter tão mecânico que aparentemente a pró- pria dimensão humana se perde. Entretanto, mesmo nesse tipo de situação a formação do aluno está se processando. Os objetivos podem não refletir esta formação e, por isso mesmo, se revelam 153 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino limitados. O que ocorre, nesse caso, é que os objetivos estão implí- citos. O tempo todo, em seu convívio com o aluno, o professor está valorizando determinado tipo de comportamento, dando modelos de conduta e mesmo, através das experiências que planeja, desen- volvendo um conjunto de habilidades. Em última análise, ele estará promovendo algumas características pessoais do aluno, que serão responsáveis pelas suas possibilida- des e limitações. Nessa medida, é que a explicitação dos objetivos se constitui no primeiro compromisso efetivo assumido pelo professor. (...) Enfim, o professor deveria olhar para cada um de seus objetivos e se perguntar: qual a relevância disto para nosso aluno? Não há nada mais compatível com suas expectativas e necessidades que deva substituir este objetivo? Levei o meu aluno em conta ao sele- cionar este objetivo? Na verdade, os critérios utilizados para estabelecer as prioridades, em termos de objetivos educacionais, revelam os valores e metas com os quais o educador se comprometeu enquanto profissional e enquanto pessoa. Uma vez que o objetivo descreve o que está por trás da ação, por- que indica a intenção subjacente à conduta do planejador e espe- cifica o produto desta ação, ele não deveria, por conseqüência, ser vago, impreciso ou nebuloso (...) (HAIDT, 2002, p. 123-124). 11. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta unidade, ou seja, a importância do planejamento e os componen- tes do processo didático. A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar seu desempenho. Se você encontrar dificuldade em respondê-las, procure revisar os conteúdos estuda- dos para saná-las. Este é um momento impar para você fazer uma revisão desta unidade. Lembre-se de que no ensino a distância a construção do conhecimento se dá de forma cooperativa e colabo- rativa, portanto compartilhe com seus colegas suas descobertas. 1) Após ler os procedimentos de ensino apresentados nes- ta unidade, em sua opinião, qual deles o professor de © Fundamentos da Educação Física Escolar154 Educação Física teria mais dificuldade em aplicá-lo? Jus- tifique. 2) Quais são os componentes do processo didático? 3) Com base nas discussões sobre a importância do plane- jamento, elabore um plano de aula contendo todos os componentes do processo didático. 4) Escolha e assista a um dos filmes sugeridos e faça uma reflexão sobre a prática pedagógica do professor. 5) O que você entende por avaliação? Cite alguns exemplos. 6) A autoavaliação é muito importante no processo de en- sino e aprendizagem, pois é por meio dela que o aluno irá refletir sobre o seu desempenho nas aulas. Então, faça uma autoavaliação sobre o seu desempenho nesse Caderno de Referência de Conteúdo: estou realizando as leituras indicadas? Estou compartilhando informações com os colegas? Estou acessando frequentemente o am- biente virtual? Estou respeitando o prazo de entrega das atividades? Após essa autoavaliação atribua uma nota de 0 a 10 ao seu desempenho e faça uma análise sobre as contribuições dessa autoavaliação para o seu cresci- mento pessoal. 12. CONSIDERAÇÕES Chegamos ao término da terceira e última unidade de Fun- damentos da Educação Física Escolar. Nesta unidade conhecemos alguns métodos e técnicas de ensino, bem como a importância dos objetivos, conteúdos, proce- dimentos e avaliação para as aulas de Educação Física. Nosso estudo encerra-se aqui, mas não nosso diálogo. Você, ao optar pela Educação a Distância, tem, além de todos seus co- legas de curso, seu tutor para contar. Sempre que necessitar de nossa ajuda, não tenha receio em nos contatar. Esperamos que os conhecimentos adquiridos possam ter contribuído para a sua formação como educador físico. 155 Claretiano - Centro Universitário © U3 – Princípios dos Métodos e Técnicas de Ensino 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física. Secretaria da Educação Fundamental. 3. ed. Brasília: MEC/SEF, 2001. BRITO, Teca A. Música na educação infantil: propostas para a formação integral da criança. São Paulo: Peirópolis, 2003. DARIDO, Suraya C. Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. HAIDT, Regina C. C. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática, 2002. LIBÂNEO, José C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. MAGER, Robert. A formulação de objetivos de ensino. Porto Alegre: Globo, 1983. PILETTI, Claudino. Didática Geral. 8. ed. São Paulo: Ática, 1987. ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução de Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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