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FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO (aula 2)

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FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO (aula 2)
SECREÇÕES DO TGI
Os mecanismos básicos de secreção do TGI são:
1. Contato com o alimento (estímulo tátil. Químico e distensão do TGI). É importante em especial para a secreção do muco produzido pelas células mucosas ou caliciformes. 
2. Estimulação Autônoma (SNPS)
3. Estimulação Autônoma (SNS): possui duplo efeito. Estimula a secreção de brando a moderado, mas ao mesmo tempo estimula a vasoconstricção e, como isso, diminui o aporte sanguíneo para às glândulas/células do TGI. Sendo assim, se as glândulas estiverem estimuladas pelo SNPS, a estimulação simpática acarreta em diminuição da secreção.
4. Estimulação por hormônios. Estes hormônios como, por exemplo, a gastrina ou colescitocinina, são secretados em resposta à presença do alimento nas cavidades do TGI.
SECREÇÃO SALIVAR
Há dois tipos de secreção salivar, são eles:
1. Secreção serosa: contém amilase salivar. É produzida quase em sua totalidade pela glândula parótida, mas também pela submandibular e sublingual.
2. Secreção mucosa: contém mucina (lubrifica e protege as superfícies). É produzida pelas glândulas sublingual, submandibular.
Obs.: as pequenas glândulas salivares (glândulas bucais) secretam apenas muco.
A saliva é composta por:
a) Eletrólitos: Em condições normais as concentrações dos íons são: [HCO3-] > [K+] > [Na+] = [Cl-]; em condições em que há o aumento da secreção salivar as concentrações se alteram.
b) Muco
c) Amilase Salivar
d) Lipase Lingual
e) Prolina (protege o esmalte dental contra a erosão)
f) Calicreina (forma bradicinina)
g) Imunoglobulinas
h) Lisosimas (bactericida)
i) Lactoferrina (bacteriostático)
j) Íon Tiocianato (bactericida)
Regulação Nervosa da Secreção Salivar
a) Estímulo Autônomo Parassimpático aumenta a secreção de saliva aquosa e abundante. Nervos Cranianos VII e IX.
A secreção do autônomo parassimpático é ativada pelos seguintes estímulos: presença do alimento na boca, estômago e parte superior do intestino delgado, cheiro do alimento, estímulos táteis na língua e também quando o paciente está com náuseas. 
A secreção do autônomo parassimpático é inibida pela Atropina no receptor Muscarínico e pelo medo, sono e desidratação.
b) Estímulo Autônomo Simpático aumenta fracamente a secreção salivar devido ao efeito vasoconstrictor que possui o SNS. Produz saliva viscosa - Saliva Adrenérgica. Nervos T1, T2 e T3.
Aplicação Clínica
Sialorréia: É a condição clínica na qual o paciente tem um aumento das secreções salivares com perda pelas margens da boca. O tratamento é feito através do uso de drogas anticolinérgicas, tais como a atropina, ou pela ressecção das glândulas salivares, bem como desvio de seus ductos – Procedimento de Wilkie.
Xerostomia: É a condição clínica em que há a diminuição da secreção salivar. Ocorre geralmente devido ao uso de certos medicamentos, síndrome de Sjogren e lesões às glândulas salivares. O tratamento é feito com agonistas muscarínicos, tais como a pilocarpina.
	
SECREÇÃO GÁSTRICA
As secreções gástricas podem ser: exócrinas, endócrinas e parácrinas. São elas:
1. Secreção Exócrina
a) Ácido Clorídrico: É secretado pelas células parietais ou oxínticas.
 Produção e Secreção de HCl:
Dentro das células parietais, moléculas de água se dissociam em íons H+ e OH- por ação da bomba de prótons (H+- K+- ATPase). O íons H+ formados são transportados para o lúmen por ação da bomba de prótons, que faz antiporte com íons K+. O íons OH- juntam-se às moléculas de CO2 e formam HCO3-(reação catalisada pela enzima anidrase carbônica), que é transportado para o sangue e dele retira íons Cl-, que são transportados para o lúmen via transporte simporte de K+ e Cl- e também por difusão facilitada. Forma-se então o HCl.
Obs.: A fim de se criar um gradiente positivo de concentração de íons K+ no interior da célula parietal, além da bomba de prótons que ativamente transporta íons H+ para o lúmen e K+ para a célula, há, também, na membrana basal da célula uma K+ - Na+ - ATPase.
Obs.: A Somatostatina e as Prostaglandinas são inibidores da Bomba de Prótons. 
Aplicação Clínica
Os fármacos Omeprazol e Lansoprazol são inibidores da bomba de prótons.
Modulação da Secreção de HCl
Regulação Parácrina Histamina – Receptor H2.
Regulação Endócrina Gastrina – Receptor G ou CCK2.
Regulação Nervosa Ach – Receptores M1 e M3.Aplicação Clínica
A regulação nervosa pode ser inibida por meio da Vagotomia e de substâncias com efeito atropínico.
A secreção de HCl possui três fases:
1. Fase Cefálica responsável por cerca de 30% da secreção gástrica. Odor, visão, sabor do alimento ou lembrança estimula áreas do hipotálamo e córtex, liberando sinais que chegam ao estômago pelo nervo vago acarretando em aumento da secreção.
2. Fase Gástrica responsável por cerca de 60% da secreção gástrica. Na fase gástrica, a chegada do alimento ao estômago estimula os reflexos vaso-vagais que de volta ao estômago, liberam Ach que estimula a secreção de HCl.
3. Fase intestinal responsável por cerca de 10% da secreção gástrica. A chegada do alimento ao duodeno estimula pequena secreção gástrica devido à pequena quantidade de gastrina liberada pelo duodeno.
Além disso, a chegada do alimento no estômago estimula as Células G a liberarem Gastrina. Esse hormônio chega às Células Semelhantes às Enterocromafins (Céls. ECL) que liberam Histamina. A histamina então estimula as células parietais a secretar HCl.
b) Fator Intrínseco: É secretado pelas células parietais juntamente com a secreção de ácido gástrico. É importante para a absorção de Vitamina B12.
Aplicação Clínica
A destruição das células parietais, o que ocorre na gastrite crônica, gera a acloridria (ausência de secreção de HCl) e também hipovitaminose B12 devido a não secreção do fator intrínseco. A falta de vitamina B12, por sua vez, causa da Anemia Megaloblástica ou Perniciosa, na qual as a hemácias produzidas são imaturas e, portanto grandes e facilmente hemolisadas. O tratamento é feito através da injeção endovenosa da vitamina B12.
c) Muco Alcalino: É produzido e secretado por células mucosas ou caliciformes presentes não só na mucosa gástrica, mas em todo o TGI. O muco secretado serve como proteção da mucosa contra o ataque pelo HCl e atrito do alimento. É uma secreção altamente alcalina. As prostaglandinas e a Ach aumentam a secreção.
d) Pepsinogênio: É secretado pelas células principais ou pépticas. É um zimogênio que se torna ativo em presença de HCl. É uma enzima proteolítica.
Regulação da Secreção de Pepsinogênio
A regulação da secreção de pepsinogênio é influenciada de duas formas: a primeira pela estimulação das células principais pela Ach (+) e pH estomacal. Quanto menor for o pH maior será a secreção de pepsinogênio.
2. Secreção Endócrina
a) Gastrina: É produzida pelas Células G na região do Antro, onde também é secretada.
Aplicação Clínica
A antrectomia é o procedimento cirúrgico de excisão do antro. Foi muito utilizado para o tratamento de pacientes com úlceras.
3. Secreção Parácrina
a) Somatostatina: é produzido pelas células D. Diminui a secreção de hormônios do TGI e, também, insulina e glucagon.
Aplicação Clínica
Úlceras Pépticas
As úlceras pépticas são lesões na mucosa que reveste esôfago – Úlcera Esofágica, estômago – Úlcera Gástrica, ou duodeno – Úlcera Duodenal. 
As úlceras duodenais são cerca de cinco vezes mais comuns do que as úlceras gástricas. Suas lesões raramente estão associadas a câncer. Ocorrem geralmente em pessoas entre 30 e 55 anos.
As úlceras gástricas ocorrem geralmente entre 50 e 70 anos. As lesões possuem alto índice de malignidade. 
Em ambas as patologias a etiologia mais comum é a bactéria Helicobacter pylori, seguida do uso de AINES.
Os anti-inflamatórios não esteroidais, AINES, inibem a enzima COX-1 – enzima que produz as prostaglandinas. Desta forma, há um aumento na produção de HCl além da diminuição da produção de muco. Diante disso, a indústria farmacêutica lançou inibidores seletivos da enzima COX-2, expressa apenas por células envolvidas na inflamação. Noentanto, tais fármacos se demonstraram potencialmente trombogênicos. São eles: celecoxibe e meloxicam.
A bactéria H. pylori inibe a produção de Somatostatina, que assim como as prostaglandinas, diminuem a produção de HCl. Além disso, ela provoca intensa reação inflamatória que gera dano tecidual; tem a capacidade de aumentar a secreção de gastrina. Esta bactéria possui defesas contra os mecanismos de agressão do HCl. Produz a enzima urease que catalisa a conversão de ureia em amônio. Este possui efeito tamponante.
SECREÇÃO PANCREÁTICA
	As secreções pancreáticas são:
1. Secreção Enzimática
A secreção enzimática do pâncreas é rica em enzimas digestivas. São elas:
· Tripsinogênio, quimiotripsinogênio, procarboxipolipetidase - enzimas proteolíticas.
· Amilase pancreática
· Lipase pancreática, colesterol esterase, Fosfolipase - enzimas para a digestão de gorduras.
O suco pancreático é secretado mediante estímulo do parassimpático (Ach) e hormonal, via Colescitocinina.
2. Secreção rica em íons bicarbonato
A secreção de íons bicarbonato pelos tubos das glândulas acinares do pâncreas é estimulada pela Secretina.
3. Secreção Endócrina de Insulina e Glucagon
SECREÇÃO HEPÁTICA
A principal secreção hepática que atua no processo de digestão é a Bile. Esta é importante para a digestão e absorção de gorduras. A bile promove a emulsificação das gorduras e facilita a absorção dos produtos finais da digestão de gorduras pela membrana da mucosa intestinal. 
Além disso, a bile é meio de excreção de diversos produtos do sangue, o principal deles é a bilirrubina. 
A bile é composta por água, eletrólitos e, principalmente, por sais biliares. São eles: bilirrubina, colesterol e lecitina. 
A contração da vesícula biliar e consequente liberação da bile é ocasionada pela colescitocinina (CCK). 
Obs.: o principal estímulo que leva a liberação de CCK é a chegada de alimentos gordurosos no duodeno e jejuno. 
A vesícula biliar também responde a Ach, mas em menor intensidade.
SECREÇÃO DO INTESTINO DELGADO
	As secreções do intestino delgado são:
1. Secreção de muco pelas Glândulas de Brunner Este muco é alcalino e é secretado em resposta à: estímulos táteis ou irritativos da mucosa duodenal; estimulação vagal; Secretina.
2. Secreção de Líquido Aquoso pelas Criptas de LieberKunh tem pH ligeiramente alcalino. 
SECREÇÃO DO INTESTINO GROSSO
A principal secreção do intestino grosso é muco. Este é secretado pela estimulação tátil direta das células que revestem o intestino grosso e por estimulação parassimpática dos nervos pélvicos. 
O muco oferece proteção contra escoriações, atividade de bactérias na massa fecal e, devido ao seu caráter alcalino, contra os ácidos produzidos nas fezes.

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