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No trato gastrintestinal, há secreções neurócrinas (neurotransmissores ou neuromoduladores), endócrinas (hormônios) e exócrinas (mucosa, serosa, hidroeletrolítica – proteção da mucosa). Existem 3 principais pares de glândulas salivares no organismo: • Parótidas: alto conteúdo de H2O, eletrólitos e enzimas • Submandibulares: secreção mista • Sublinguais: secreção mucosa Também temos glândulas salivares menores (orais), que secretam mucina. Funções da Saliva: fonação, gustação, higienização e temperatura (altera a temperatura dos alimentos), digestão (alfa amilase, lipase lingual = glândula de von Ebner), ação bactericida (lactoferrina, lisozima, íons tiocianato, IgA, IgG, IgM, histatina → ação contra fungos), mineralização dos dentes (fosfato de cálcio, flúor, proteínas ricas em prolina, estaterina → lubrificante) e proteção tecidual (fluidos quentes, vômito, protege o esôfago do vômito ácido, fator de crescimento epidérmico para reconstituir a mucosa de alguma lesão, mucina, efeito trófico). As glândulas salivares são mistas, apresentando um sistema de ácinos e um sistema de ductos. Elas secretam 2 tipos de secreção: serosa e mista. A secreção é em torno de 1 a 2 litros por dia; há uma secreção basal (sempre presente) de 0,5 mL/min e, quando há um estímulo, essa secreção aumenta para 10 mL/min. O pH da saliva varia entre 6,5 e 7,0 (neutro – ideal para a ação da alfa amilase salivar). Essas glândulas são intensamente irrigadas → com o aumento do fluxo salivar, são necessários diversos constituintes para essa secreção. A secreção salivar ocorre em 2 fases: • Secreção Primária (amilase, muco, fluido extracelular) o Ocorre nos ácinos o É uma secreção isotônica e apresenta enzimas o Possui fluido extracelular com constituição semelhante ao plasma o À medida que essa secreção isotônica passa pelos ductos, ela sofre modificações na composição e vai formando a secreção secundária • Secreção Secundária o Nos ductos, algumas substâncias são reabsorvidas e outras, secretadas, modificando a composição da saliva – absorção ativa de Na+, absorção passiva de Cl-, secreção ativa de K+, secreção de HCO3 o Hipotônica o Não aumenta o volume (porque o ducto é impermeável à água) No fluxo salivar, a concentração de NaCl é sempre menor que no plasma. Já a concentração de bicarbonato e potássio é sempre maior no fluxo salivar que no plasma. Na medula, há um núcleo salivatório (superior e inferior), que controla os 3 pares de glândulas. A inervação é feita pelos nervos lingual, glossofaríngeo e pelo gânglio simpático submandibular. A secreção salivar é a única que possui controle exclusivamente nervoso. Os impulsos aferentes vêm da língua, dos botões gustativos, e vão até os núcleos salivatórios, estimulando a secreção salivar. A inervação parassimpática é a principal e é feita a partir do nervo glossofaríngeo e do nervo facial → estimula a secreção salivar. A inervação simpática, através do gânglio cervical superior, também estimula os 3 pares de glândulas (mas é menos intensa) → saliva mais viscosa. Quando há estimulação parassimpática e simpática sobre as glândulas salivares, há aumento da secreção, vasodilatação, aumento do metabolismo glandular, crescimento e contração das células mioepiteliais → principalmente, efeito do parassimpático. Outros fatores também atuam no núcleo salivatório, podendo aumentar ou diminuir a secreção salivar. Por exemplo, há os reflexos condicionados (visão, olfação, estímulos psíquicos, estímulos diversos), que ocorrem quando o alimento ainda não está dentro da boca, e que estimulam o núcleo salivatório via nervo vago (liberação de acetilcolina) → estimula as glândulas salivares a produzirem a secreção. Outros fatores que estimulam a secreção salivar são a pressão (colocar o alimento na boca) e os quimiorreceptores orais (gustação). Já o medo, sono, anestesia, ansiedade e desidratação diminuem a secreção salivar. Parassimpático ➔ Acetilcolina e Substância P ➔ Estimula o aumento da concentração de cálcio nas células acinares ➔ Aumenta a condutância iônica, aumentando o fluxo salivar e a secreção proteica acinar ➔ Efeito trófico nas glândulas, aumento da atividade metabólica ➔ Medicamentos psiquiátricos anticolinérgicos provocam boca seca ➔ Falamos que o parassimpático causa vasodilatação, contudo, ele nunca possui efeito direto na vasculatura. Portanto, ele age indiretamente, estimulando as glândulas a liberarem bradicinina, que é uma substância vasodilatadora, ou seja, aumenta o fluxo sanguíneo. Simpático ➔ Norepinefrina (NE) ➔ Receptores beta 1 → predomina secreção enzimática ➔ Receptores alfa 1 → potencializa a ação da acetilcolina o O simpático eleva o fluxo secretor pela contração das células mioepiteliais, aumentando a ação da acetilcolina ➔ Se a estimulação simpática persistir, há uma vasoconstrição (há inervação simpática diretamente nos vasos sanguíneos) e, consequentemente, diminui-se a secreção e o volume (viscoso). Além disso, há aumento do conteúdo de potássio e bicarbonato. Isso ocorre em situações de estresse, medo, excitação e ansiedade. Como resultado, a boca fica seca. Redução na produção de saliva (hipopsialose) Ocorre na xerostomia congênita, na síndrome de Sjogren (atrofia adquirida das glândulas – exocrinopatia autoimune, infiltração linfocitária), no uso de antidepressivos tricíclicos, anti- histamínicos, atropínicos, benzodiazepínicos e betabloqueadores – drogas para tratamento de doenças mentais ou hipertensão, e no diabetes tipo I (neuropatia). Nesses casos, há uma maior propensão a lesões na cavidade oral e ao aparecimento de cáries, pois é perdida a função protetora da saliva na cavidade oral. Sialorreia (ptialismo) Aumento na produção de saliva. É anormal após os 4 anos de idade (até 4 anos, é normal). Ocorre por distúrbios neurológicos, como esclerose amiotrófica lateral (ALS), paralisia cerebral (CP) e doença de Parkinson (PD). Também pode ocorrer por efeito secundário de medicação – uso de clozapina em esquizofrênicos. Como consequência, há problemas de aspiração, ruptura da pele, mau odor e infecção. Modificação da composição da saliva • Fibrose Cística (obstrução dos ductos/canais CFTR): elevação da concentração de Na+, Ca2+ e proteínas • Doença de Addison (insuficiência adrenocortical): elevação na concentração de Na+ • Síndrome de Cushing e Hiperaldosteronismo primário: redução na concentração de Na+ • Diuréticos de alça (Lasix): redução da produção de saliva por redução do LEC Dentro do estômago, há diversas células secretoras de hormônios, sendo características de algumas regiões. Ex.: na região proximal, há, principalmente, células parietais, células D, e enterocromafins; na região do antro, há células G (produzem gastrina) e D (produzem somatostatina). A glândula gástrica (pilórica) possui diversos tipos celulares que secretam as substâncias que fazem parte do suco gástrico. • Células superficiais epiteliais: secretam muco e bicarbonato • Células do pescoço: secretam muco • Células regenerativas: regeneram as células superficiais • Células parietais, principais e endócrinas Todas essas células constituem a glândula gástrica. Seus conteúdos saem através da abertura da glândula para o meio do estômago. O pH da secreção gástrica é extremamente ácido (1,5 a 3,0), e são secretados cerca de 1 a 2L de suco gástrico por dia. • Secreção não-parietal: basal o Baixo volume, solução alcalina, isotônica, íons, mucina, pepsinogênio, lipase gástrica • Secreção parietal (ácida) o HCl e K+ sempre superiores ao plasma, fator intrínseco (essencial para a absorção da vitamina B12 = única função essencial do estômago) Secreção de Ácido Clorídrico (parietal) A célula parietal possui uma característica bem diferente. Ela possui membranas tubo- vesiculares em seu interior, com grande quantidadede bombas de hidrogênio. Quando estimulada, essas membranas se rearranjam nos canalículos, expondo as bombas de H+ → facilita a secreção de H+. Essa secreção é contra o gradiente de concentração. Esse gradiente de concentração é 106 vezes maior que todas as outras células do organismo. Tudo começa com a reação, dentro da célula, de CO2 e água formando ácido carbônico, que se dissocia em bicarbonato e H+. Esse H+ vai para a bomba de hidrogênio e vai ser transportado ativamente para a luz do canalículo. A mesma reação que forma o H+ forma o bicarbonato. O hidrogênio é secretado e o bicarbonato é reabsorvido, indo para a corrente sanguínea. Quando o bicarbonato vai para a corrente sanguínea, ele é trocado por um cloreto, o qual entra na célula e sai dela por um canal. Assim, é liberado um ácido clorídrico. A bomba de H+ faz o transporte ativo de hidrogênio e potássio. Para que ela se mantenha funcionando adequadamente, esse K+ fica reciclando através de um canal de K+ entre a célula e a luz tubular. Então, há a entrada do K+ na célula e depois a saída pelo canal para fazer o funcionamento da bomba. Quando há a secreção de HCl durante o período prandial há uma alcalinização do sangue, porque coloca bicarbonato na corrente sanguínea → alcalinização temporária do sangue durante esse período. Quando para o estímulo da célula parietal, para a alcalinização do sangue. No caso da secreção ácida, a concentração de H+, Cl- e K+ sempre será maior que a do plasma, já a de N+ vai ser menor – em qualquer momento da secreção. É sempre contra o gradiente de concentração também. É necessário o controle da célula parietal → controle nervoso (acetilcolina), parácrino (histamina) e endócrino (gastrina). Acetilcolina, histamina e gastrina estimulam a célula parietal a aumentar a liberação de ácido clorídrico. A ACETILCOLINA, quando liberada, estimula diretamente: • A célula parietal • A célula enterocromafim a liberar histamina • A célula G a liberar gastrina Ela potencializa o efeito das outras duas células. A célula G é estimulada pelo GRP (peptídeo liberador de gastrina – NT liberado pelo vago) e libera GASTRINA, que age diretamente na célula parietal e estimula a célula enterocromafim a liberar histamina. A célula enterocromafim possui receptor para acetilcolina e para gastrina, e por meio da HISTAMINA, também estimula a célula parietal. Com o estímulo da célula parietal, ocorre produção acentuada de ácido → aumenta muito a acidez gástrica. Em um determinado momento, a acidez excessiva inibe a célula parietal a produzir ácido, e estimula a célula D a liberar SOMATOSTATINA. Essa somatostatina provoca inibição da célula parietal (inibe liberação de ácido) e das células enterocromafins, que param de secretar histamina, diminuindo também a estimulação da secreção de ácidos. Com isso, o pH começa a aumentar, retirando o estímulo dos inibidores e retornando a secretar mais ácido, regulando, assim, o pH e a digestão em valores que sejam ideias. Gastrina ➔ Pequena gastrina: liberada pelas células G do antro e do duodeno ➔ Grande gastrina: liberada pelo duodeno (inibe o esvaziamento gástrico, família da CCK → receptor da gastrina é o CCK2) ➔ Os principais estímulos para a liberação da gastrina são a presença de aminoácidos e peptídeos no lúmen e a estimulação do vago através do peptídeo liberador de gastrina ➔ Funções: o Estimula diretamente as células parietais (CCK2) o Regula a síntese e a secreção de histamina o Estimula o crescimento da mucosa do estômago, receptores na zona progenitora das glândulas oxínticas (parietais) o Induz a hiperplasia das células enterocromafins ➔ pH abaixo de 3 provoca a inibição das células G, reduzindo a secreção de gastrina ➔ Síndrome de Zollinger-Ellison: tumor secretor de gastrina, provoca úlceras gástricas e duodenais Somatostatina ➔ Secretada pelas células D do corpo e do antro do estômago ➔ No antro, o pH ácido estimula as células D ➔ As células D do corpo do estômago apresentam regulação neural e hormonal ➔ Inibe a secreção ácida por meio dos seguintes mecanismos: o Inibe as células parietais o Inibe a liberação de histamina pelas células enterocromafins o Inibe a liberação de gastrina pelas células G ➔ O excesso de ácido estimula a liberação de somatostatina, que inibe a secreção ácida Secretina ➔ Secretada pelas células S duodenais quando há ácido no duodeno ➔ Inibe a liberação antral de gastrina ➔ Estimula a liberação de somatostatina ➔ Inibição direta das células parietais ➔ Pode ser liberada por efeitos hormonais ou por reflexos enterogástrico ➔ Faz parte da família GIP e glucagon Fase Cefálica Nessa fase, o alimento ainda não está no estômago. Posso ver o alimento, sentir seu cheiro e até mastigá-lo, mas ele ainda não está no estômago. Por meio da estimulação vagal e liberação de acetilcolina, inicia-se o estímulo para a liberação ácida (estimulação das células parietais, enterocromafins e células G). Fase Gástrica O alimento já está no estômago, ou seja, o pH está alterado. A alteração do pH atua como estímulo para alterar a produção de ácido clorídrico. Já há produtos da digestão de proteínas → outro estímulo para a liberação de gastrina. A distensão do estômago é um estímulo para a liberação de acetilcolina. Nessa fase, todos os componentes estão ativados e em seu máximo de secreção. Desse modo, há um máximo de secreção de HCl, gerando inibição da célula parietal e estimulação das células D, que liberam somatostatina para controlar a secreção ácida (inibe células G, células enterocromafins e células parietais). Portanto, durante a fase gástrica, estão presentes todos os constituintes estimulatórios e inibitórios, modulando a secreção gástrica para que a digestão ocorra sem causar danos. Bebida alcoólica e cafeína estimulam a secreção ácida. Fase Intestinal Fase completamente inibitória da secreção gástrica. O quimo (ácido) está no duodeno, então ocorrem os reflexos enterogástricos (inibitórios). O ácido (pH < 3) no duodeno estimula a liberação de secretina, que inibe a secreção gástrica e o esvaziamento gástrico. A presença de gorduras no duodeno estimula a liberação de GIP e CCK, que diminuem o esvaziamento gástrico. No período interdigestivo, há 10% da secreção máxima (secreção basal). Fatores emocionais aumentam a secreção, ocasionando úlceras pépticas (gástricas) – normalmente, o aumento dessa secreção está ligado às células enterocromafins, por isso, usam-se medicamentos anti- histamínicos. As células principais presentes na glândula gástrica liberam o pepsinogênio, que, na presença do ácido clorídrico, forma a pepsina (enzima ativa, protease). Essa pepsina inicia o processo de digestão das proteínas. Portanto, é necessário que o pH seja extremamente ácido para que ocorra a ativação da pepsina. A secreção e ativação do pepsinogênio é controlada por, basicamente, os mesmos componentes que controlam a secreção ácida = acetilcolina e gastrina → estimulam a secreção de HCl para que a conversão do pepsinogênio seja possível. A pepsina não é essencial para a digestão das proteínas pois, sem ela, há as proteases pancreáticas que dão conta dessa função. O ácido clorídrico e a pepsina são altamente lesivos à mucosa gástrica, sendo necessário um fator de proteção = barreira mucosa gástrica (proteção física e química). A barreira é constituída por uma camada de muco gelatinoso com a presença de bicarbonato. As células epiteliais da mucosa gástrica secretam bicarbonato, que neutraliza o ácido. Essas células também secretam uma grande quantidade das glicoproteínas que formam a mucina → muco gelatinoso = barreira física contra a ação da pepsina. Além da barreira, a integridade da parede depende de diversos outros fatores, como fluxo sanguíneo adequado, presença de fatores de crescimento, fatores de reparação tecidual, mecanismos antioxidantes dascélulas etc. A integridade o TGI superior depende do balanço entre fatores “hostis” (nicotina, gastrina excessiva, antinflamatórios não esteroidais e H. pylori) e “protetores”. Helicobacter Pylori Essa bactéria consegue se desenvolver no meio ácido estomacal porque libera ureases, que são enzimas capazes de neutralizar o ácido, produzindo amônio. Com o desenvolvimento da bactéria no estômago, ocorre a liberação de diversas substâncias que causam danos à mucosa gástrica, rompendo a barreira e expondo o epitélio. O epitélio exposto é mais sensível às ações corrosivas, gerando processos inflamatórios significativos. Essa bactéria causa 80% das gastrites. Produção de amônio = uma das principais causas de citotoxicidade, danifica diretamente as células epiteliais e aumenta a permeabilidade da mucosa → liberação de citocinas (inflamatórias) → fator ativador das plaquetas → rompimento da barreira. ➔ Desenvolvimento de úlceras gástricas pela diminuição do fluxo sanguíneo ➔ Prostaglandinas atuam como fatores de proteção da mucosa por determinarem: o Aumento do fluxo sanguíneo o Aumento da secreção de bicarbonato o Estimulação do reparo e da renovação da mucosa ➔ Quando há um uso prolongado de antinflamatórios não esteroidais, ocorre uma inibição da produção de prostaglandinas por inibir a cicloxigenase, levando ao aparecimento de gastrite e úlceras Bloqueadores da secreção ácida: inibidores da bomba de próton (omeprazol), anti- histamínicos (inibe o receptor H2), anticolinérgicos, antiácidos não absorvíveis (magnésio, bicarbonato de cálcio, alumínio) – pode levar à diarreia osmótica. O pâncreas produz secreção endócrina (ilhotas pancreáticas – insulina e glucagon) e secreção exócrina (ácinos pancreáticos – enzimas e secreção hidroeletrolítica) – glândula mista. Os grânulos de zimogênio são diluídos na secreção hidroeletrolítica que passa pelos ductos pancreáticos, sendo levados até o duodeno. São secretados de 1 a 2L de solução isotônica, de baixa viscosidade e com pH alcalino (8,0 a 8,3). O suco pancreático possui um pH básico, com concentração de sódio e bicarbonato sempre maior que a plasmática. Secreção de Bicarbonato – Ductos Os ductos são responsáveis pela secreção de bicarbonato. Dentro da célula: CO2 e H2O, na presença de anidrase carbônica, são convertidos a HCO3 + H+. O hidrogênio é reabsorvido para o plasma pelo cotransporte com o sódio, e o bicarbonato é secretado para o lúmen por meio do contra- transporte com o cloreto. Esse cloreto está na luz do ducto, entra na célula e depois sai da célula através de um canal de cloreto (CFTR – estimulado pela SECRETINA = aumenta a secreção de bicarbonato). Então ele fica recirculando entre o lúmen e a célula para que ocorra a secreção de bicarbonato. Essa secreção hidroeletrolítica (do bicarbonato) é importante porque o conteúdo proveniente do estômago é extremamente ácido – essa secreção neutraliza o pH e inativa a pepsina, prevenindo danos à mucosa. Além disso, ela aumenta a solubilidade de ácidos graxos e biliares e otimiza o pH para as enzimas. Enzimas Pancreáticas A maior parte das enzimas pancreáticas são proteolíticas (80% da secreção enzimática), mas também há as amilolíticas, nucleases, lipolíticas etc. • Enzimas Proteolíticas: tripsinogênio 1, 2 e 3, proelastase 1 e 2, quimiotripsinogênio, procarboxipeptidase A1 e A2, procarboxipeptidase B1 e B2. Secretadas na forma de grânulos de zimogênio e diluídas na secreção hidroeletrolítica. • Enzimas Lipolíticas: lipase, fosfolipase A2 e lipase pancreática. • Enzimas Amilolíticas: alfa-amilase. • Nucleases: DNAse e RNAse. As enzimas pancreáticas, principalmente as proteases, são secretadas na forma de zimogênio (pró-enzimas), uma forma inativa. Tornam-se ativas apenas quando chegam no intestino delgado. Na borda em escova do intestino delgado, há uma enteropeptidase que ativa o tripsinogênio, formando a tripsina. A tripsina, por sua vez, ativa as demais pró- enzimas e também se autocatalisa. Amilase, ribonuclease, lipases e desoxirribonuclease são secretadas na forma ativa. Ativação das proteases: a primeira a ser ativada é a tripsina, pela enteropeptidase (presente na borda em escova). A tripsina, ativada, ativa as demais enzimas e também se auto-ativa. Elas não podem se ativar no pâncreas para não causar lesão = mecanismo de proteção. A SECRETINA atua nas células dos ductos e aumenta a secreção de bicarbonato. A CCK atua nos ácidos, aumentando a secreção enzimática. A acetilcolina auxilia nas duas secreções → liberada durante a fase cefálica e age nos ductos e nos ácinos, ou seja, potencializa os efeitos da secretina e da CCK. Fase Cefálica A principal fase da secreção pancreática é a intestinal. Na fase cefálica, há os mesmos reflexos da secreção gástrica (ver o alimento, sentir o cheiro do alimento, mastigar) = estimulação vagal. Fase Intestinal Na fase intestinal, há o máximo da secreção pancreática = os produtos da digestão das substâncias já se encontram no duodeno. Já se iniciou a estimulação vagal com a liberação de acetilcolina. A presença de produtos da digestão (de proteínas e gorduras) e do ácido no duodeno estimula a liberação de secretina e CCK, estimulando (junto com a acetilcolina) ductos e ácinos, levando à secreção de enzimas e à secreção hidroeletrolítica. Fenilalanina, metionina, valina e ácidos (esteárico, oleico, palmítico e láurico) são fatores estimulantes para a secreção pancreática. • Refeições líquidas diminuem a secreção pancreática • Refeições calóricas e partículas grandes aumentam a secreção pancreática • Insulina aumenta a secreção de amilase pancreática Insulina Potencializa a resposta da secretina e da CCK, secreção diminuída nos diabéticos. Necessária para manter índices normais de síntese e estoques das enzimas. Obs.: A síntese e a secreção de enzimas digestivas no pâncreas são substancialmente mais do que o necessário para atender às demandas normais. Esteatorreia só ocorre com perda de pelo menos 90% da capacidade exócrina de secreção. ➔ Secreção permanece por várias horas – então é necessário um mecanismo para parar a secreção ➔ Inibidores fisiológicos da secreção pancreática: o Peptídeos pancreáticos - glucagon, PP (polipeptídeo) e SST (somatostatina) o PYY, secretado pelas células ileais (liberado em resposta à presença intraluminal de lipídeos). PYY, e possivelmente GLP-1 (também secretado pelas células ileais), podem atuar como um “freio ileal” para reduzir a secreção pancreática após uma refeição Pancreatite Síndrome clínica resultante de inflamação aguda e autodigestão do pâncreas. Principais fatores que levam à pancreatite: alcoolismo (efeito tóxico às células acinares, inflamação do esfíncter de Oddi e deficiência de oligoelementos (Zn e selênio)) e doenças das vias biliares (enzimas ficam armazenadas no tecido pancreático e se tornam ativas). Sintomas: dor abdominal severa e constante. Fibrose Cística Mutação no gene CF = altera a função do CFTR (canal de cloro). Consequentemente, há decréscimo da secreção de HCO3 e água = secreção proteica espessa → obstrução de ductos → lesão do tecido. Isso provoca deficiência de enzimas = má digestão, baixa absorção. Sintomas: dor abdominal e constipação. Em casos mais graves, provoca insuficiência pulmonar e pancreatite progressiva. Mortalidade – doença pulmonar progressiva. Muco no pulmão = meio de crescimento bacteriano. Pneumonia, excesso de saliva e muco, respiração curta, asma. A função digestiva do fígado é sintetizar e secretar a bile. A bile é sintetizada pelos hepatócitos e, em seguida, é liberada para os canalículos biliares. Posteriormente, chega aos ductos biliares, onde sofre algumas modificações, e, finalmente, chega aos ductos hepáticos (direito e esquerdo → desembocam no ducto comum). A bile é uma secreção continuamente formadapelos hepatócitos, passando pelos ductos biliares e hepáticos e chegando ao duodeno pelo ducto biliar comum. Nos períodos interdigestivos, fica armazenada na vesícula biliar, que apresenta grande capacidade de armazenamento (30 a 60 mL de bile, pode armazenar por até 12 horas). Cerca de 0,5 a 1L de bile são secretados por dia, apresentando um pH entre 7,8 e 8,6 (básico). No período interdigestivo, há um gradiente de pressão que permite a entrada da bile na vesícula biliar. 90% da bile é armazenada e concentrada. No período pós-prandial, a vesícula biliar se esvazia, liberando aproximadamente 80% de seu conteúdo. O esvaziamento é feito em 3 fases: fase cefálica (inicial, concomitante à fase cefálica da digestão pelo estímulo da acetilcolina), fase de esvaziamento rápido e fase de esvaziamento mais lento. A mucosa da vesícula biliar é muito permeável à água e a eletrólitos, possuindo a maior capacidade absortiva por unidade de área entre todos os tecidos do corpo humano. A bile é normalmente concentrada entre 5 e 10 vezes devido à absorção de água e eletrólitos (vias paracelular e transcelular). O epitélio da vesícula biliar também secreta glicoproteínas (mucinas) para proteger a si próprio, impedindo nucleação e cristalização do colesterol, inibindo a formação de cálculos vesiculares. A bile que sai do fígado e a bile armazenada na vesícula apresentam os mesmos constituintes, a diferença se dá pela concentração destes constituintes, que é maior na bile armazenada na vesícula biliar. A bile é formada no hepatócito a partir do colesterol. A 7-alfa-hidroxilase, a partir do colesterol, forma os ácidos biliares primários = ácido cólico e quenodesoxicólico, que vão para o intestino e, pela metabolização de bactérias intestinais, formam os ácidos biliares secundários = ácido desoxicólico e litocólico. Esses ácidos sofrem um processo de conjugação com a glicina, a taurina e sais de sódio, ficando mais solúveis → formam-se os sais biliares. Na bile, há ácidos primários, secundários, conjugados e não conjugados. O ácido litocólico é extremamente tóxico para os humanos, mas sofre sulfatação, perdendo a toxicidade. Os ácidos biliares primários, através da bile, vão para o intestino, onde são convertidos a ácidos biliares secundários. Depois de atuarem em suas funções, os ácidos biliares secundários são reabsorvidos pela circulação portal e voltam para o fígado. Os ácidos biliares são formados nos hepatócitos, mas a bile possui ainda outros constituintes. Esse produto passa para os canalículos, onde há secreção ativa de ácidos biliares, fosfatidilcolina, bilirrubina conjugada e xenobióticos; e passagem passiva de água, glicose, cálcio, glutationa, aminoácidos e ureia. Nos canalículos, os ácidos não conjugados serão conjugados. Em seguida, essas substâncias vão para os ductos biliares, onde há modificação de alguns componentes – absorção ou secreção de água e eletrólitos. Há aumento de volume (pela secreção de água e eletrólitos, principalmente bicarbonato) e aumenta a presença de IgA nos colangiócitos. A secreção hidroeletrolítica (de bicarbonato) se dá pelo estímulo da secretina. A somatostatina tem efeito negativo nessa secreção. Dos ductos biliares, sai a bile formada → pronta para ir para a vesícula biliar ou para o duodeno. A circulação dos sais é necessária porque, se somente a bile sintetizada ou a bile armazenada na vesícula fossem utilizadas para auxiliar no processo de digestão das gorduras, esses sais biliares não seriam suficientes para digerir toda a gordura alimentar. Portanto, para não gastar tanta energia, os sais biliares são reciclados – cada um é reciclado cerca de 3 a 4 vezes. Os sais biliares fazem parte da bile, são lançados no duodeno, exercem seus efeitos na digestão de gorduras e são reabsorvidos no íleo - 90% dos sais são reabsorvidos no íleo pelo cotransporte com o sódio. O restante vai para o cólon, onde são desconjugados pelas bactérias colônicas, ocorrendo reabsorção passiva, e retornam para a circulação portal para compor a síntese de uma nova bile. Os sais biliares são reciclados algumas vezes e, em um determinado momento, são eliminados nas fezes. Então, o organismo sintetiza a mesma quantidade de sais biliares perdida. Os ciclos de sais biliares são de 1 a 3 (até 4) vezes por refeição, totalizando cerca de 6 a 10 ciclos por dia. O organismo é capaz de reabsorver até 30 gramas de ácidos biliares por dia, sendo que somente 0,2 a 0,6g de ácido biliar é eliminada nas fezes a cada dia. Isso permite manter uma concentração intraluminal de ácido biliar – mantida mesmo após a colecistectomia. Controle pelo Fígado ➔ Hepatócitos secretam continuamente: sais biliares, HCO3, pigmentos biliares, produtos de excreção, colesterol e íons. ➔ Substâncias coleréticas aumentam a secreção hepática de bile: o O aumento dos sais biliares no sangue é o principal fator que aumenta a secreção hepática. Isso ocorre porque os sais biliares aumentados na circulação portal serão reciclados para a formação de uma nova bile, aumentando, portanto, a secreção. Além disso, esse aumento de sais biliares inibe uma nova síntese de ácidos biliares (inibe a 7-alfa-hidroxilase). Quando diminuem os sais biliares no sangue portal, ocorre estímulo da síntese de sais biliares e inibição da secreção. o A secretina estimula os ductos, fazendo com que aumente a secreção de bicarbonato. o O glucagon e o VIP estimulam os ductos a secretarem substâncias. ➔ O aumento da síntese provoca interrupção da circulação entero-hepática, por exemplo, quando há administração de medicamentos sequestradores de ácidos biliares. Controle pela Vesícula Biliar ➔ A bile armazenada na vesícula só é liberada durante o processo de digestão, ou seja, na presença do quimo no duodeno. ➔ A presença do quimo no duodeno provoca a liberação de substâncias colagogas, que causam a contração da vesícula biliar: o Colecistocinina (CCK) – principal; liberada na presença de produtos da digestão das gorduras no duodeno. Causa contração da vesícula biliar e relaxamento do esfíncter de Oddi. o Acetilcolina – causa contração da vesícula biliar e relaxamento do esfíncter de Oddi. o Motilina ➔ Somatostatina aumenta a reabsorção de fluido nos ductos e inibe a secreção fluida de bicarbonato nos ductos biliares. 1. Ácidos biliares induzem o fluxo biliar e a secreção hepática de lipídios e fosfolipídios biliares (e colesterol). 2. Papel importante na digestão das gorduras e são essenciais para a absorção intestinal de colesterol e vitaminas lipossolúveis. 3. Desempenham papel complexo na manutenção da homeostase do colesterol. 4. Contribuem para os mecanismos de defesa antimicrobiana do intestino através de ações bacteriostáticas. Colelitíase São cálculos de colesterol, formados a partir de colesterol, sais de cálcio e glicoproteínas de mucina; ou cálculos de pigmento, formados a partir de componentes orgânicos e inorgânicos e bilirrubinato de cálcio – cálculos mais escuros. Trata-se de uma condição presente 2 vezes mais em mulheres, sofrendo impactos de fatores genéticos, ambientais, alimentares etc. Ocorre quando há estase biliar (não há o processo de contração), inflamação do epitélio da vesícula, aumento do colesterol na bile, aumento da reabsorção de água ou aumento da reabsorção de sais biliares. Quando há essas alterações, é perdida a estabilidade entre o colesterol, a lecitina e os sais biliares, gerando desestabilização da molécula de colesterol, o que resulta na perda do fator protetor da mucosa. Isso provoca aumento da formação de cristais, que se precipitam e formam os cálculos vesiculares. Se os cálculos ficarem retidos na vesícula, basta retirá-la. Contudo, eles podem se movimentar, ocorrendo obstrução dos ductos – principalmente, do pancreático → pode levar à pancreatite. A bilirrubina é formada pela destruição do grupo heme da hemoglobina. A partir do grupo heme, forma-sea biliverdina e, em seguida, a bilirrubina. A bilirrubina está presente no plasma e se liga à albumina para ser transportada até o fígado. No fígado, a bilirrubina é conjugada pela enzima UDPD glucoronil transferase, fazendo parte da bile. Quando a bile chega ao intestino, a bilirrubina sofre desconjugação e redução, formando o urobilinogênio. Parte do urobilinogênio será metabolizado para a formação da estercobilina, eliminada nas fezes (dá coloração às fezes). A outra parte do urobilinogênio volta para a circulação portal, fígado e circulação sistêmica, chegando ao rim para a formação da urobilina, que será eliminada na urina (dá coloração à urina). Quando há aumento da bilirrubina no plasma (o normal é menos que 1,2 mg/dL), há o aparecimento de icterícia (bilirrubina plasmática acima de 2,0-2,5 mg/dL). As causas da hiperbilirrubinemia são: • Aumento da produção de bilirrubina por aumento da hemólise • Diminuição da captação da bilirrubina (administração de algumas drogas ou quadros de sepse) • Diminuição da conjugação da bilirrubina (Síndrome de Gilbert, neonatos e sepse) • Diminuição da excreção de bilirrubina → causas intra-hepáticas (vírus, drogas, sepse, tóxicos, doenças autoimunes) e causas extra-hepáticas (cálculos, neoplasias, estenoses). o Em casos de diminuição da excreção, a sintomatologia é bastante característica, com aparecimento de icterícia e ausência de coloração normal das fezes, enquanto que o acúmulo na circulação sistêmica provoca hiperpigmentação da urina. Intestino Delgado Glândulas intestinais: diversos tipos celulares = absortivas, secretoras de muco, enteroendócrinas etc. Criptas intestinais (Lieberkühn): diversos tipos celulares no ápice; na base, há células proliferativas que migram para a superfície e fazem parte da reparação das células superficiais (turnover a cada 3-5 dias). Essas criptas estão presentes ao longo do intestino delgado e produzem uma secreção alcalina (pH = 7-9; 1 a 3 L por dia) → importante porque coloca as substâncias que estão sendo digeridas em contato com as células absortivas da borda em escova, facilitando a absorção. Glândulas de Brünner: entre o piloro e o esfíncter de Oddi; secretam suco alcalino, rico em mucina e HCO3. Função: lubrificar o quimo e proteger a mucosa. Estimulantes da secreção intestinal • Em geral, hormônios do TGI: secretina, acetilcolina, VIP, prostaglandinas, glucagon, GIP • Estímulos táteis ou irritativos Inibidores da secreção intestinal • Simpático • Somatostatina Nos vilos dos enterócitos, há enzimas digestivas (dissacaridases, proteases, lipases), que terminam o processo da digestão das macromoléculas e colocam os produtos da digestão em contato com as células absortivas. Intestino Grosso ➔ Mucosa sem vilosidades ➔ Presença de células absortivas e secretoras ➔ Secreção de K+ ➔ Secreção de muco rico em HCO3 o Barreira alcalina protetora o Proteção contra escoriações pelo bolo fecal o Fator aglutinador de fezes ➔ Enterite (processo inflamatório): causa aumento da secreção aquosa e do muco alcalino para retirar o fator irritante.
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