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Prof. Me. Roberth Seguins Feitosa Aula 7 – 08.04.2020 UNIVERSIDADE CEUMA DEPARTAMENTO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL II Recurso Extraordinário e Recurso Especial (arts. 1029 a 1041) ✓ Peculiaridades ➢ exigem o prévio esgotamento das instâncias ordinárias ➢ não são vocacionados à correção da injustiça do julgado recorrido ➢ não servem para a mera revisão da matéria de fato ➢ apresentam sistema de admissibilidade desdobrado ou bipartido, com uma fase perante o Tribunal a quo e outra perante o ad quem ➢ os fundamentos específicos de sua admissibilidade estão na CF e não no CPC ➢ a execução que se faça na sua pendência é provisória MANCUSO, 2018 1. Introdução ✓ Características comuns ➢ Exaurimento das vias ordinárias Súmula 281 do STF: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na Justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada”. Súmula 207 do STJ: “É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem”. Consequência do não exaurimento: Se havia algum recurso ordinário, e ele não foi interposto, a decisão terá transitado em julgado, inviabilizando o uso do RE e do REsp. GONÇALVES, 2020 ➢ Causas decididas Acórdãos proferidos no julgamento de apelação e também de agravo de instrumento. Súmula 86 do STJ: “Cabe recurso especial contra acórdão proferido no julgamento de agravo de instrumento”. Vale o mesmo para o Recurso Extraordinário. Cabem contra causas decididas (art. 102, III e art. 105, III, CF). Em qualquer tipo de procedimento jurisdicional (processos de conhecimento, de jurisdição contenciosa ou voluntária e de execução). Não é preciso que o acórdão tenha apreciado o mérito, pois cabem mesmo contra as decisões extintivas. GONÇALVES, 2020 ➢ Interpostos contra decisão de única ou última instância Diferença importante entre o recurso especial e o extraordinário (quanto ao órgão onde tenha sido proferida a decisão atacada): O recurso especial só cabe contra decisões de única ou última instância proferida por tribunais (art. 105, III). Já o recurso extraordinário exige apenas que a causa tenha sido decidida em única ou última instância, sem necessidade de que isso tenha sido feito por um tribunal (art. 102, III). Exemplos: 1 - Recursos no Juizado Especial Cível, apreciados pelo colégio recursal, composto por juízes de primeira instância. Como esse órgão não pode ser qualificado como tribunal, não se admite recurso especial contra suas decisões, mas sim recurso extraordinário 2 – Recurso de embargos infringentes previsto na Lei de Execuções Fiscais (art. 34 da Lei n. 6.830/80). Trata-se de recurso contra a sentença nos embargos à execução de pequeno valor, e que é apreciada em primeira instância, não cabendo depois nenhum outro nas vias ordinárias. Contra ele não se pode admitir o recurso especial, mas apenas o extraordinário. GONÇALVES, 2020 ➢ Não visam rediscutir matéria de fato Fundamentos primários nos arts. 102, III e 105, III, da CF Recursos de fundamentação vinculada e de estrito direito Não se prestam a mera revisão de matéria de fato Súmula 279 do STF: “Para simples reexame da prova não cabe recurso extraordinário”. Súmula 454 do STF: “A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso extraordinário”. Súmula 5 do STJ: “A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso especial”. Súmula 7 do STJ: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial”. GONÇALVES, 2020 ➢ Juízo de admissibilidade dúplice Interpostos no órgão de origem, a quem compete realizar prévio juízo de admissibilidade Com a petição de interposição já devem ser oferecidas as razões do recurso (art. 1.029) Caso se entenda que o acórdão recorrido viola a Constituição e a lei federal, deverão ser apresentados o recurso especial e o extraordinário simultaneamente Se só um deles for interposto, haverá preclusão consumativa para a interposição do outro Haverá, no entanto, duas petições diferentes, cada qual acompanhada das respectivas razões Apresentado o recurso, a parte contrária será intimada para oferecer suas contrarrazões no prazo de 15 dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, a quem competem numerosas providências elencadas no art. 1.030, caput ➢ Matéria constitucional ou federal Não se prestam a corrigir a injustiça do julgado recorrido, pois possuem uma finalidade específica: a)A do extraordinário é preservar e guardar a Constituição Federal de eventuais ofensas a ela perpetradas; b)a do recurso especial, preservar a lei federal e uniformizar sua interpretação “O recorrente, ao acenar com uma violação, pelo julgado recorrido, de um seu direito assegurado constitucionalmente, ou por Lei Federal, permite ao Tribunal que, em provendo o recurso, resolva a situação jurídica individual, ao tempo em que preserva a integridade da ordem jurídica; vistos sob o ângulo do Tribunal, tais recursos permitem à Corte que desempenhe aquela sua alta missão e o fazendo, acabe resolvendo a situação jurídica individual. Todavia, entre essas duas acepções, parece-nos primordial a que sobreleva o aspecto da preservação da inteireza positiva do direito federal – constitucional e comum – e a fixação de sua interpretação”Mancuso GONÇALVES, 2020 2. Requisitos comuns de admissibilidade ao RE e ao REsp ✓ Tempestividade Prazo do art. 1.003. § 5.º: 15 dias ✓ Preparo É exigido preparo para interposição dos recursos excepcionais ✓ Prequestionamento Necessidade de a questão constitucional ou federal ter sido ventilada na decisão recorrida. É exigência que decorre da própria finalidade dos recursos extraordinários. A lei brasileira não regula o prequestionamento. Não há dispositivo constitucional ou legal que o exija expressamente, sendo ele corolário da exigência de causa decidida. ✓ Prequestionamento (continuação) É a jurisprudência do STF e do STJ que o regulamenta. Súmula 98 do STJ: “Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório”. Conquanto a súmula diga respeito ao recurso especial, a mesma regra vale para o extraordinário. O art. 1.025 do CPC atual estabelece que se consideram incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de prequestionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existente erro, omissão, contradição ou obscuridade. Súmula 356 do STF: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento”. 3. Procedimento de interposição e admissão do RE e do Resp Quando interpostos simultaneamente recurso especial e recurso extraordinário contra o mesmo acórdão, será julgado primeiro o recurso especial e, após, os autos serão remetidos ao STF, para julgamento do recurso extraordinário (art. 1.031) 4. REsp ✓ Cabimento Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...) III — julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. 6. RE ✓ Cabimento Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: (...) II — julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;c) julgar valida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. 6. RE ✓ Repercussão geral No RE o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros (art. 102, § 3.º, CF) Quando existir multiplicidade de recursos extraordinários com fundamento em controvérsia idêntica, deve o Presidente do Tribunal de origem dos recursos admitir um ou mais, que sejam representativos da controvérsia, e suspender os demais ate a decisão final do STF. O CPC trouxe uma disciplina mais exaustiva da matéria se comparada ao art. 543-A do Código de 1.973, que delegava parte da regulamentação da matéria ao Regimento Interno do STF (art. 1.035)
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